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Tecnologia e Produção: Milho Safrinha e Culturas de Inverno - 2008

4 Fases de Desenvolvimento da
Cultura do Milho
Martin Weismann1

Definição da Densidade do grão

Definição do
Tamanho da Espiga R2

Definição do
Número de Fileiras
R3
Definição de
Produção Potencial

R4

R5

R6
VE V1 V3 V7 V10 VT R1 R6
Estágios Fenológicos da Cultura do Milho

0 01 02 04 06 08 09 a 10 12 24 36 48 55
Semanas após a emergência Dias após a polinização

Figura 4.1.: Fenologia do milho: estádios de desenvolvimento da cultura. Adaptado de FANCELLI (1986) e Iowa
State University Extension (1993).

4.1. Introdução

Com o aumento gradativo do nível uma planta durante seu ciclo está em torno de
tecnológico para a produção de milho, adubação, 600 mm (Aldrich et al., 1982). Dois dias de
defensivos, tratos culturais e híbridos, devemos, estresse hídrico no florescimento diminuem o
mediante essas tecnologias, entender a rendimento em mais de 20 %, quatro a oito dias
importância e as fases críticas desta cultura, diminuem em mais de 50%. O efeito de falta de
podendo-se planejar melhor a época de água, associado à produção de grãos, é
semeadura para os diferentes tipos de híbridos, particularmente importante em três estádios de
assim como suas necessidades, maximizando o desenvolvimento da planta: a) iniciação floral e
potencial produtivo. desenvolvimento da inflorescência, quando o
O milho é cultivado em regiões cuja número potencial de grãos é determinado; b)
precipitação varia de 300 a 5.000 mm anuais, período de fertilização, quando o potencial de
sendo que a quantidade de água consumida por produção é fixado, nesta fase, a presença da água

1
Eng.º Agr.º (CREA 9183/D-MS).

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também é importante para evitar a desidratação relacionado à fotossíntese, onde o estresse


do grão de pólen e garantir o desenvolvimento e a resulta na menor produção de carboidratos, o que
penetração do tubo polínico; c) enchimento de implica em menor volume de matéria seca nos
grãos, quando ocorre o aumento na deposição de grãos (Magalhães et al., 1995).
matéria seca, o qual está intimamente

4.2. Germinação e emergência

Essa fase é de fato uma das mais for limitante, determina a taxa de crescimento do
importantes para o sucesso de uma lavoura de mesocótilo. A baixa temperatura do solo no
milho, pois é nela que se determina o primeiro e plantio geralmente restringe a absorção de
um dos mais importantes fatores de rendimento, nutrientes e causa lentidão no crescimento. Esse
que é o número de plantas por hectare. Isso se dá fato pode ser parcialmente superado por uma
porque o milho tem baixa capacidade de aplicação de certa quantidade de fertilizante no
compensação de falhas no número e na sulco de plantio, ao lado ou abaixo da semente.
distribuição de plantas. O fato de uma germinação lenta
A emergência ocorre entre 4 e 5 dias predispõe a semente e a plântula a uma menor
após semeadura em condições adequadas de resistência a condições adversas do ambiente,
temperatura e umidade do solo. A emergência bem como ao ataque de patógenos,
das plântulas depende de uma estrutura situada principalmente fungos do gênero Fusarium,
entre a semente e o primeiro nó, denominada Rhizoctonia, Phytium e Macrophomina.
mesocótilo. A temperatura do solo, se a água não

4.3. Estádio V3 a V5

O estádio V3, três folhas completamente


desenvolvidas (Figura 4.2.), ocorre aproximadamente
duas semanas após a emergência. Nesse estádio, o
ponto de crescimento da planta ainda encontra-se
abaixo da superfície do solo e a planta ainda possui
pouco caule formado (Figura 4.3).
É neste estádio que a planta começa a formar
e a definir a quantidade de folhas e espigas que
eventualmente irá produzir. De certa forma, podemos
dizer que é o período em que a planta estabelece o
número máximo de grãos, ou então, é a definição do
potencial produtivo. No estádio V5 (cinco folhas
Figura 4.2.: Estádio V3, três folhas completamente
completamente desenvolvidas) já pode-se ver, de forma desenvolvidas (Ritchie et al., 1993).
microscópica, a iniciação do pendão na extremidade do
caule, logo abaixo da superfície do solo.
Como o ponto de crescimento ainda se
encontra abaixo da superfície do solo nestes estádios,
baixas temperaturas do solo podem aumentar o tempo
entre um estádio e outro, alongando o ciclo da cultura,
podendo aumentar o número total de folhas, atrasar a
formação do pendão e diminuir a disponibilidade de
nutrientes para a planta.
Como a planta está em pleno
desenvolvimento, o controle de plantas daninhas é de
fundamental importância para reduzir a competição por Figura 4.3.: Planta no estádio V3, mostrando o ponto
água, luz e nutrientes. de crescimento abaixo da superfície do solo. (Ritchie
et al., 1993).

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4.4. Estádio V6 a V8

É nessa fase, com seis a oito folhas desenvolvidas


(Figura 4.4), conhecida como estádio do “cartucho”, em que o
ponto de crescimento e o pendão já estão acima do nível do solo
(Figura 4.5 e 4.6) e o colmo está iniciando um período de
alongação acelerada. O sistema radicular nodal (fasciculado) está
em pleno funcionamento e em crescimento. A disponibilidade de
nutrientes, especialmente de nitrogênio, é muito importante
nessa fase, pois aqui se inicia a época de maior demanda desse
elemento pela planta.
O aparecimento de eventuais perfilhos pode ocorrer
nessa fase, esses perfilhos estão diretamente ligados à base
genética do híbrido, ao estado nutricional da planta, ao
espaçamento adotado, ao ataque de pragas e às alterações Figura 4.4.: Estádio de seis folhas completa-
mente desenvolvidas. (Ritchie et al., 1993).
bruscas de temperatura (baixa ou alta). Mas são poucas as
evidências que provam uma influência negativa na produção.
O estádio de V8 se caracteriza pela queda das primeiras
folhas e a planta define o número de fileiras de grãos nas espigas.
É durante este estádio que a planta apresenta a máxima
tolerância ao excesso de chuvas. No entanto, encharcamento
por períodos de tempo maior que cinco dias poderá acarretar
prejuízos consideráveis e irreversíveis.
O estresse hídrico nessa fase pode inibir a alongação
das células em desenvolvimento,
afetando o comprimento dos
internódios do caule, com isso
Figura 4.5.: Planta no estádio V6, mostrando
diminui a sua capacidade de o ponto de crescimento acima da superfície
armazenagem de açúcares no do solo (Ritchie et al., 1993).
colmo. O déficit de água também
vai resultar em colmos mais finos,
plantas de menor porte e menor área foliar.
Queda de 10 a 25% na produtividade podem ocorrer se neste
período a distribuição total das folhas for afetada mediante a ocorrência de
granizo, geada, ataque severo de pragas e doenças ou por algum outro
motivo.
É nessa fase em que a característica de “cartucho”, associada a
Figura 4.6.: Pendão ampliado um período seco, confere à cultura elevada suscetibilidade ao ataque da
de uma planta de milho em lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), exigindo constante vigilância.
estádio V7 (Ritchie et al., 1993).

4.5. Estádio V9 a V10

Se nesse estágio fizermos uma dissecação da


planta, muitas espigas já são visíveis (Figura 3.7). Todo nó
da planta tem potencial para produzir uma espiga, exceto os
últimos 6 a 8 nós abaixo do pendão. Assim, uma planta de
milho teria potencial para produzir várias espigas, porém,
apenas uma ou duas conseguem completar o crescimento
(caráter prolífico).
Nesse estágio, ocorre alta taxa de desenvolvi- Figura 4.7.: Estádio V9, mostrando detalhes de
mento de órgãos florais. O pendão inicia um rápido várias espigas potenciais (Ritchie et al., 1993).

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desenvolvimento e o caule continua alongando. A milho inicia um rápido e contínuo crescimento,


elongação do caule ocorre através dos entrenós. com acumulação de nutrientes e peso seco, os
Após o estádio V10, o tempo de passagem de um quais continuarão até os estádios reprodutivos.
estádio foliar para outro vai encurtar, de quatro Há uma grande demanda no suprimento de água e
dias cada, para dois ou três dias. nutrientes para satisfazer as necessidades da
Próximo ao estádio V10, a planta de planta.

4.6. Estádio V12

Inicia-se o período que pode ser considerado o mais crítico para


a produção, estendendo-se até o V17. O número de óvulos (grãos em
potencial) em cada espiga, assim como o tamanho da espiga, é definido
em V12 (Figura 4.8), quando ocorre perda de duas a quatro folhas basais.
No estádio V8, a planta já tem estabelecido o número de fileiras
de grãos na espiga, no entanto, a determinação do número de grãos por
fileira só será definida cerca de uma semana antes do florescimento, em
torno do estádio V17.
No estádio V12, a planta já está com cerca de 85 a 90% de sua
área total, e pode-se observar o início do desenvolvimento das raízes
adventícias (“esporões”).
Devido ao número de óvulos e ao tamanho da espiga serem
definidos nessa fase, a deficiência de umidade ou nutrientes podem
reduzir seriamente o número potencial de sementes, assim como o
tamanho das espigas a serem colhidas. Esses dois fatores estão
relacionados ao tempo disponível para o seu estabelecimento, esse
período corresponde ao estádio de V10 a V17. Dessa forma, os híbridos Figura 4.8.: Espiga de uma planta
no estádio V12 com o número de
de ciclo mais precoce, geralmente nesses estádios possuem um período fileiras de grãos já definidos.
de tempo mais curto para estabelecer o número de grãos e o tamanho da (Ritchie et al, 1993).
espiga, sendo assim, geralmente esses híbridos têm espigas menores que
os híbridos mais tardios.
O potencial desses dois fatores de produção está também relacionado com o período de tempo
disponível para o estabelecimento deles, o qual corresponde ao período de V10 a V17. Uma maneira de se
compensar essa desvantagem seria aumentar a densidade de plantio de híbridos mais precoces.

4.7. Estádio V15 a V17

Esse estádio representa a continuação florescimento vai causar grande redução na


do período mais importante e crucial para o produção de grãos. Porém, a maior redução na
desenvolvimento da planta, em termos de fixação produção poderá ocorrer com déficit hídrico na
do rendimento. Desse ponto em diante, um novo emissão dos estilos-estigmas (início de R1). Isso é
estádio foliar ocorre a cada um ou dois dias. verdadeiro também para outros tipos de estresse
Estilos-estigmas (“cabelos”) iniciam o como deficiência de nutrientes, alta temperatura
crescimento nas espigas. ou granizo. No caso de irrigação, o período de
Estresse de água no período de duas quatro semanas em torno do florescimento é o
semanas antes até duas semanas após o mais importante.

4.8. Estádio V18

Nesse estádio, a planta encontra-se hídrico, o desenvolvimento do óvulo e da espiga é


aproximadamente há uma semana do mais afetado do que o desenvolvimento do
florescimento e a espiga continua com um pendão. Se o estresse for severo, ele pode atrasar
desenvolvimento acelerado. Em caso de estresse a emissão do “cabelo” até a liberação do pólen

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terminar, ou seja, se caso algum óvulo emitir o estresse, porém, tendem a render mais que os
“cabelo”, após a emissão do pólen, não será prolíficos em condições não estressantes. Os
fertilizado e não formará o grão de milho, prolíficos, por sua vez, tendem a apresentar
afetando assim o rendimento. rendimentos mais estáveis em condições
Híbridos não prolíficos produzirão cada variáveis de estresse, uma vez que o
vez menos grãos com o aumento da exposição ao desenvolvimento da espiga é menos inibido pelo
estresse.

4.9. Pendoamento, VT

O início desse estádio caracteriza-se quando o último


ramo do pendão (inflorescência masculina) está completamente
visível e os “cabelos” não tenham ainda emergido da espiga. A
emissão do pendão acontece dois a quatro dias antes da exposição
dos “cabelos”. De 10 a 12 dias após o aparecimento do pendão,
cerca de 70% das espigas apresentam exposição dos cabelos. O
período de liberação do pólen estende-se por uma a duas semanas.
Durante esse tempo, cada "cabelo" individual deve emergir e ser
polinizado para resultar num grão. Espigas sem grãos na
extremidade podem ocorrer pelo fato do tempo decorrente entre VT
e R1 variar consideravelmente, dependendo do híbrido e das
condições ambientais. Essa variação gera a perda do sincronismo
entre a emissão dos grãos de pólen e a receptividade dos “cabelos”
da espiga, aumentando o percentual de espigas sem grãos nas
extremidades. Geralmente a liberação do pólen ocorre nos finais das
manhãs e no início das noites, período em que as temperaturas são
mais amenas. Neste período, em que a planta atingiu o máximo de
desenvolvimento e crescimento, o estresse hídrico e temperaturas
elevadas (acima de 35 ºC) podem reduzir drasticamente a
produção, por dessecar tanto o grão de pólen como os “cabelos” da
espiga. O excesso de água pode contribuir para a inviabilidade dos
grãos de pólen.
Nos estádios de VT a R1, a planta de milho é mais
vulnerável às intempéries da natureza que qualquer outro período,
devido ao pendão e todas as folhas estarem completamente
Figura 4.9.: Início da fase de pendoa-
expostas. Remoção de folha nesse estádio por certo resultará em mento (VT) (Ritchie et al., 1993).
perdas na colheita.

4.10. Estádio R1, embonecamento e polinização

A partir do momento em que os estilos-


estigmas “cabelo” estão fora da espiga, inicia-se este
estádio de “embonecamento”. A polinização ocorre
quando o grão de pólen liberado é capturado por um dos
estilos-estigmas (Figura 3.10). O número de óvulos que
será fertilizado é determinado nesse estádio. Óvulos não
fertilizados evidentemente não produzirão grãos.
Estresses nesse estádio, principalmente o
hídrico, causam baixa polinização e baixa granação da
espiga, já que, como foi dito, a seca causa a dessecação
tanto dos grãos de pólen como dos “cabelos” das
espigas. Também não se deve descuidar de ataques de Figura 4.10.: Estilos-estigmas (“cabelo”) da espiga do
lagarta-da-espiga, que se alimentam dos “cabelos”. milho (Ritchie et al., 1993).

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Devendo-se fazer o controle de pragas que envolvidos no processo, tais como teor de água,
possam vir a atacar as espigas. A absorção de temperatura do ar, ponto de contato e
potássio nessa fase está completa, enquanto comprimento do estilo-estigma. Assim, o número
nitrogênio e fósforo continuam sendo absorvidos. de óvulos fertilizados apresenta estreita
A liberação do grão de pólen pode correlação com o estado nutricional da planta,
iniciar ao amanhecer, estendendo-se até o meio- com a temperatura, bem como com a condição de
dia. No entanto, esse processo raramente exige umidade contida no solo e no ar.
mais de quatro horas para sua complementação. Dessa forma, fica evidente a
Ainda sob condições favoráveis, o grão de pólen fundamental importância do ambiente nessa
pode permanecer viável por até 24 horas. Sua etapa do desenvolvimento. Devendo-se fazer de
longevidade, entretanto, pode ser reduzida forma criteriosa a escolha do híbrido a ser
quando submetido à baixa umidade e altas plantado e a sua ideal época de semeadura,
temperaturas. procurando garantir condições climáticas
A fertilização do óvulo pelo grão de favoráveis na época em que a planta atingir este
pólen ocorre de 12 a 36 horas após a polinização, estádio.
período esse variável em função de alguns fatores

4.11. Estádio R2

Nesta fase os grãos apresentam-se e P continuam sendo absorvidos e a realocação


brancos na aparência externa e com aspectos de desses nutrientes das partes vegetativas para a
uma bolha d'água (Figura 4.11). O endosperma, espiga tem início. A umidade é de 85% nos grãos.
portanto, está com uma coloração clara, assim
como o seu conteúdo, que é basicamente um
fluído, cuja composição são açúcares. A espiga
está próxima de atingir seu tamanho máximo. Os
estilos-estigmas, tendo completado sua função
no florescimento, estão agora escurecidos e
começando a secar.
A acumulação de amido inicia-se nesse
estádio, com os grãos experimentando um
Figura 4.11.: Estádio R2, os grãos apresentam aspecto de
período de rápida acumulação de matéria seca. N bolha d'água.

4.12. Estádio R3

Esta é a fase de grão-leitoso, onde a


planta define a densidade de grãos, há rápido
acúmulo de matéria seca com cerca de 80% de
umidade. Esta fase de grão leitoso inicia-se
aproximadamente entre 12 a 15 dias após a
polinização. O grão apresenta-se com uma
aparência amarela, e no seu interior, com um
fluído de cor leitosa. Esses grãos são formados
por açúcares provenientes da translocação dos
fotoassimilados presentes nas folhas e colmos. A
eficiência dessa translocação, além de ser
Figura 4.12.: Fase R3 de grão-leitoso.
importante para a produção, é extremamente
dependente de água. afetar a produção. Esse estresse afeta a
Embora menos crítico que na fase fotossíntese, que ainda é imprescindível,
anterior, um estresse hídrico nessa fase pode disponibilizando teores de sólidos solúveis

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necessários para a evolução do processo de Na verdade, os estádios de desenvol-


formação de grãos. Em termos gerais, considera- vimento da planta de milho para o consumo
se importante o caráter condicionador de verde, em "R3" ou "Grão leitoso" (Figura 3.12)
produção, como a extensão da área foliar que não diferenciam-se do desenvolvimento da planta
permanece fisiologicamente ativa após a para consumo de grãos secos. Essa fase é crítica
emergência da espiga, daí a importância de para o consumo do milho verde, pois representa a
híbridos com boa sanidade foliar. época de colheita.

4.13. Estádio R4, grão pastoso

Esse estádio é alcançado com cerca de porcentagem de grãos leves e pequenos, o que
20 a 25 dias após a emissão dos estilos-estigmas, comprometeria definitivamente a produção.
os grãos continuam desenvolvendo-se
rapidamente e acumulando amido. O fluído
interno dos grãos passa de um estado leitoso para
uma consistência pastosa (Figura 3.13).
Os grãos encontram-se com cerca de
70% de umidade e já acumularam cerca da
metade do peso que eles atingirão na maturidade.
A ocorrência de adversidades climáticas, Figura 4.13.: Estádio R4, grão pastoso (Ritchie et al., 1993).
sobretudo falta de água, resultará numa maior

4.14. Estádio R5, formação de dente

Esse período é caracterizado pelo


aparecimento de uma concavidade na parte
superior do grão, comumente designada de
"dente", coincide normalmente com o 36o dia
após o princípio da polinização (Figura 4.14).
Nessa etapa, os grãos encontram-se em fase de
transição do estado pastoso para o farináceo. A Figura 4.15.: Estádio R5, aparecimento da linha do leite
(Ritchie et al., 1993).
divisão desses estádios é feita pela chamada linha
divisória do amido ou linha de leite. Essa linha
aparece logo após a formação do dente e, com a grãos.
maturação, vem avançando em direção à base do Estresse ambiental nessa fase pode
grão. Devido à acumulação do amido, acima da antecipar o aparecimento da formação da camada
linha é duro e abaixo é macio (Figura 4.15). preta, indicadora da maturidade fisiológica. A
Alguns genótipos do tipo "duro" não redução na produção, nesse caso, seria
formam dente, daí, nos referidos materiais, ser relacionada ao peso dos grãos e não ao número de
mais difícil notar este estádio, podendo apenas grãos. Os grãos nesse estádio apresentam-se
relacioná-lo ao aumento gradativo da dureza dos com cerca de 55% de umidade.
Materiais destinados à silagem devem
ser colhidos nesse estádio, pois as plantas
apresentam em torno de 33 a 37% de matéria
seca. Quando se colhe o milho nesta fase, apesar
dele apresentar um decréscimo na produção de
matéria verde, obtém-se significativo aumento na
produção de matéria seca por área, e decréscimo
nas perdas de armazenamento, pela diminuição
Figura 4.14.: Estádio R5, aparecimento da
concavidade na parte superior do grão do efluente, e aumento significativo no consumo
(Ritchie et al., 1993). voluntário da silagem produzida.

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4.15. Estádio R6

Esse é o estádio de maturação


fisiológica, onde todos os grãos na espiga
alcançam o máximo peso seco e vigor, ocorre
cerca de 50 a 60 dias após a polinização. A linha
do amido já avançou até a espiga e a camada
preta já foi formada. Essa camada preta ocorre
progressivamente da ponta da espiga para a base
(Figura 4.16). Nesse estádio, além da paralisação
total do acúmulo de matéria seca nos grãos,
acontece também o início do processo de Figura 4.16.: Estádio R6, grão com maturidade
fisiológica, completamente formado e
senescência natural das folhas das plantas, as “desmamado” da planta-mãe (Ritchie et al., 1993).
quais gradativamente começam a perder a sua
coloração verde característica. que interfere notadamente na destinação do
O ponto de maturidade fisiológica milho em qualquer segmento da cadeia de
caracteriza o momento ideal para a colheita, ou consumo. A ocorrência de grãos ardidos está
ponto de máxima produção, com 30 a 38% de diretamente relacionada ao híbrido de milho e ao
umidade, podendo variar entre híbridos. No nível de empalhamento a que estão submetidas
entanto, o grão não está ainda em condições de as suas espigas. Ainda de forma indireta, a
ser colhido e armazenado com segurança, uma presença de pragas, adubações desequilibradas e
vez que deveria estar com 13 a 15% de umidade período chuvoso no final do ciclo, atraso na
para evitar problemas com a armazenagem. Com colheita e incidência de algumas doenças podem
cerca de 18 a 25% de umidade, a colheita já pode influir no incremento do número de grãos ardidos.
acontecer, desde que o produto colhido seja A partir do momento da formação da
submetido a uma secagem artificial antes de ser camada preta, que nada mais é do que a
armazenado. obstrução dos vasos, rompe-se o elo de ligação
A qualidade dos grãos produzidos pode da planta-mãe e o fruto, passando o mesmo a
ser avaliada pela percentagem de grãos ardidos, apresentar vida independente.

4.16. Referências bibliográficas

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