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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula

(ISEUNA)

Curso de Licenciatura em Engenharia Mecânica

FUGAS DE ÁGUA NOS CANAIS DE ABASTECIMENTO NO BAIRRO DA ZONA


MILITAR

Airôn Pedro Mugela

Nampula, 2021
Airôn Pedro Mugela

Fugas de Água nos Canais de Abastecimento no Bairro da Zona Militar

Trabalho científico apresentado ao Instituto Superior de


Estudos Universitários de Nampula - ISEUNA,
Universidade Politécnica Á POLITECNICA, como
exigência parcial para a obtenção do grau de
Licenciatura em Engenharia Mecânica

Tutor: Engº. Romão Magule

Nampula, 2021

i
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à toda minha família.

―Em memória do meu Pai Pedro Manuel


Mugela‖

ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus pelo dom da vida e pela capacidade intelectual que me concedeu. Agradeço
comummente à toda minha família e à minha mãe em particular, pelo incansável apoio, amor
e paciência.

Agradeço ao ISEUNA por via da Faculdade de Engenharias pela organização estrutural que
permitiu com que vastas gamas de conhecimento fossem adquiridas e apreendidas com
utilidade infinita.

Gratidão também vai aos meus colegas da Faculdade de Engenharia da Universidade


Politécnica pela convivência social e partilha de conhecimentos.

Por fim, obrigado aos meus amigos pelo apoio incondicional em momentos cruciais da vida.

iii
Fugas de Água nos Canais de Abastecimento no Bairro da Zona Militar

Autor: Airôn Pedro Mugela

Tutor: Engº. Romão Magule

Parecer do Tutor:
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iv
DECLARAÇÃO
Eu, Airôn Pedro Mugela declaro por minha honra que o presente trabalho de conclusão de
curso é autêntico, resultado do trabalho por mim realizado, através de uma investigação
pessoal sob orientação de um supervisor. Obedece todas as regras metodológicas universais e
específicas que se encontram em vigor na Universidade Politécnica. Por fim declaro que
todas as fontes consultadas estão devidamente citadas no texto e mencionadas nas referências
bibliográficas, e que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer Grau académico.

Nampula, Novembro de 2021

Autor

___________________________________________

(Airôn Pedro Mugela)

v
RESUMO
Nem sempre que se abastece água para uma certa região chega com a mesma qualidade a qual foi
disponibilizada pela empresa distribuidora, a redução da qualidade é devido as fugas que ocorrem durante o
percurso em toda sua extensão, porém com maior frequência nas redes que a distribuem. Os principais factores
dessas fugas, são pressões elevadas, variações de pressão, mão-de-obra inadequados e em algumas ocasiões
deve-se às vandalizações. Sendo que dificilmente é possível anulá-las, pode-se amenizar. Daí que, este trabalho
busca descortinar as causas das fugas recorrentes na rede de abastecimento do bairro Zona Militar, este que é um
bairro do Município da cidade de Nampula e cujo objectivo do trabalho é amenizar as actuais fugas registadas e
as possíveis futuras fugas. Foram feitos os diagnósticos, o redimensionamento da rede actual e foram notadas as
prováveis causas das fugas e propôs-se as possíveis soluções. Quanto aos resultados do dimensionamento com o
software Epanet pode-se inferir que há elevadas pressões e existe um certo trecho com velocidade superior face
ao recomendado, devido o tamanho do seu diâmetro nominal e sugeriu-se que fosse substituído para um maior.
aquando do trabalho de campo notou-se a variação de pressões, vandalizações, má qualidade da mão-de-obra e
exposição dos tubos, sugeriu-se assim possíveis intervenções para ultrapassar esses causadores das fugas.

Palavras-chave: Água, fuga de água, rede de abastecimento

vi
ABSTRACT
It’s not always, that water is supplied to a certain region, it arrives with the same quality as that provided by the
distribution company, the reduction in quality is due to leaks that occur during the entire length of the route, but
more frequently in the networks that distribute it. . The main factors of these leaks are high pressures, pressure
variations, inadequate workmanship and sometimes due to vandalization. Since it is hardly possible to cancel
them, but you can alleviate them. However, this work seeks to unveil the causes of frequently recurring leaks in
the supply network of the Zona Militar neighborhood, this is a neighborhood in the city of Nampula and the
objective of this work is to mitigate the current leaks recorded and possible future leaks. Diagnoses and resizing
of the current network were carried out and probable causes of leaks were noted and possible solutions were
proposed. As for the sizing results with the Epanet software, they indicate that there are high pressures and there
is a certain stretch with a speed higher than recommended due to the size of its nominal diameter, and it was
suggested that it be replaced by a larger one. As for the work in the field, it was noted the variation in pressure,
vandalization, poor quality of labor and exposure of the tubes, it was also suggested possible interventions to
overcome these causes of leaks.

Keywords: Water, water leakage, supply network

vii
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA.......................................................................................................................ii

AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... iii

DECLARAÇÃO ....................................................................................................................... v

RESUMO ................................................................................................................................. vi

ABSTRACT ............................................................................................................................vii

ÍNDICE DE APÊNDICES ....................................................................................................xii

ÍNDICE DE ANEXO .............................................................................................................xii

ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................................ xiii

ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS .............................................................................. xiv

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS .................................................................... xv

EPÍGRAFE ...........................................................................................................................xvii

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

Delimitação do tema .............................................................................................................. 3

Objecto de estudo ................................................................................................................... 3

Definição do problema ........................................................................................................... 3

Justificativa ............................................................................................................................ 3

Objectivos .............................................................................................................................. 4

Objectivo geral ................................................................................................................... 4

Objectivos específicos ....................................................................................................... 4

Hipóteses ................................................................................................................................ 4

CAPÍTULO I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 5

1.1. Históricos de Saneamento ........................................................................................... 5

1.2. Sistema de Abastecimento de Água (SAA) ................................................................ 5

1.2.1. Unidades que compõem um sistema de abastecimento de água .......................... 6

1.2.2. Manancial ............................................................................................................. 6

viii
1.2.3. Captação ............................................................................................................... 7

1.2.4. Adução ................................................................................................................. 8

1.2.5. Sistema elevatório ................................................................................................ 8

1.2.6. Tratamento (ETA) ................................................................................................ 9

1.2.7. Reservatórios...................................................................................................... 10

1.2.8. Redes de Distribuição de Água .......................................................................... 11

1.3. Abastecimento de água na cidade de Nampula ......................................................... 12

1.4. Parâmetros hidráulicos .............................................................................................. 12

1.4.1. Vazão ................................................................................................................. 13

1.4.2. Equação da continuidade ................................................................................... 13

1.4.3. Equação da energia de Bernoulli ....................................................................... 14

1.4.4. Perda de carga .................................................................................................... 15

1.4.5. Equação de Hazen-Williams .............................................................................. 16

1.5. Vazamentos ............................................................................................................... 17

1.5.1. Extravasamentos ................................................................................................ 18

1.5.2. Causas que geram vazamento ............................................................................ 19

1.5.3. Índices de Perda ................................................................................................. 19

1.6. Sistemas de Simulação Hidráulica (Epanet) ............................................................. 20

CAPÍTULO II. ASPECTO METODOLÓGICO ................................................................ 22

2.1. Localização geográfica do bairro de estudo (Zona Militar) ...................................... 22

2.2. Caracterização da cidade de Nampula ...................................................................... 22

2.3. Tipo de investigação.................................................................................................. 23

2.4. Participantes .............................................................................................................. 23

2.5. Instrumentos .............................................................................................................. 23

2.6. Procedimentos ........................................................................................................... 23

2.6.1. Procedimentos para análise do sistema de transporte de água ........................... 23

2.6.2. Procedimentos para o dimensionamento e análise hídrico ................................ 24

ix
CAPÍTULO III. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................ 25

3.1. Caracterização da localidade ..................................................................................... 25

3.2. Apresentação da empresa fornecedora de água da cidade de Nampula .................... 26

3.3. Sistema geral de abastecimento de água ................................................................... 26

3.4. Processo de abastecimento de água para Zona Militar ............................................. 29

3.4.1. Estacão de tratamento de água (ETA), estacão de bombagem inicial (EBO) e


estacão 29

3.4.2. Estacão de bombagem 2 (EB2) .......................................................................... 30

3.4.3. Estacão de bombagem 3 (EB3) .......................................................................... 30

3.5. Caracterização da rede de abastecimento de água para Zona Militar ....................... 32

3.5.1. Estação de abastecimento .................................................................................. 32

3.5.2. Canais de transporte de água (tubos de transporte) ........................................... 32

3.6. Situação actual de aproveitamento de água na Zona Militar .................................... 35

3.7. Vazamentos ............................................................................................................... 36

CAPÍTULO IV. ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................ 38

4.1. Análise de conservação de massa.............................................................................. 38

4.1.1. Consumo per capita............................................................................................ 38

4.1.2. Análise de vazão ................................................................................................ 39

4.1.3. Análise de perda de volume ............................................................................... 40

4.1.4. Análise económica ............................................................................................. 43

4.1.5. Dimensionamento hidráulico ............................................................................. 44

4.2. SÍNTESE PARA ACÇÕES DE CONTROLO E REDUÇÃO DAS FUGAS E


POSSÍVEIS CAUSAS ......................................................................................................... 45

4.2.1. As possíveis causas das fugas ............................................................................ 45

4.2.2. Acções de controlo e redução das fugas ............................................................ 46

CAPÍTULO V. CONCLUSÕES ........................................................................................... 47

5.1. Sugestões ................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 48


x
Manuais, Regulamentos e Trabalhos Científicos................................................................. 49

Endereços electrónicos......................................................................................................... 50

APÊNDICES .......................................................................................................................... 51

ANEXO ................................................................................................................................... 57

xi
ÍNDICE DE APÊNDICES
APÊNDICE A. PLANTA DA REDE DE ABASTECIMENTO DA ZONA MILITAR
(Canal Principal) ...................................................................................................................... 52
APÊNDICE B. PLANTA DA REDE DE ABASTECIMENTO DA ZONA MILITAR (Rede
de Distribuição) ........................................................................................................................ 52
APÊNDICE C. TABELA DOS RESULTADOS DIMENSIONADOS DE TRECHO 1 A
TRECHO 2............................................................................................................................... 52
APÊNDICE D. TABELA DOS RESULTADOS DIMENSIONADOS DE TRECHO 23 A
TRECHO 41............................................................................................................................. 53
APÊNDICE E. TABELA DOS RESULTADOS DIMENSIONADOS DE TRECHO 44 A
TRECHO 52............................................................................................................................. 54

ÍNDICE DE ANEXO
ANEXO A. REGULAMENTO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE DISTRIBUIÇÃO DE
ÁGUA E DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DE MOÇAMBIQUE ...................... 58

xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Croqui de sistema de abastecimento de água ............................................................. 6
Figura 2. Tipos de reservatórios............................................................................................... 10
Figura 3. Tipos de redes de distribuição de água ..................................................................... 11
Figura 4. Linha de energia e linha piezométrica ...................................................................... 15
Figura 5. Tipos de vazamento em redes de distribuição de água............................................. 18
Figura 6. Localização geográfica da cidade de Nampula ........................................................ 22
Figura 7. Vista aérea do local de estudo (limitada a linha vermelha) ...................................... 25
Figura 8. Sistema principal das condutas de abastecimento (FIPAG) ..................................... 27
Figura 9. Mapa com ductos de abastecimento da cidade de Nampula .................................... 28
Figura 10. Processo de captação da água bruta........................................................................ 29
Figura 11. Processo de elevação da água tratada da EB1 ........................................................ 30
Figura 12. Bombagem elevatória de água para reservatório elevado ...................................... 31
Figura 13. Reservatório elevado (torre para distribuição aos consumidores) .......................... 31
Figura 14. Estacão de bombagem 3 EB3 (estação de abastecimento da zona militar) ............ 32
Figura 15. Mapa com a rede de abastecimento da Zona Militar .............................................. 33
Figura 16. Rede de distribuição da Zona Militar com os devidos diâmetros nominais ........... 34
Figura 17. Ilustração de alguns vazamentos expostos ............................................................. 36
Figura 18. Ilustração de alguns vazamentos não expostos ...................................................... 37
Figura 19. Contador de volume hidráulico domiciliário .......................................................... 41
Figura 20. Apresentação da velocidade de escoamento dentro da rede da Zona Militar......... 45

xiii
ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELAS

Tabela 1. Coeficiente de rugosidade (c) para a equação de Hazen-Williams .......................... 17


Tabela 2. Causas e ocorrências de vazamento de água ............................................................ 19
Tabela 3. Capacidades da bombas e reservatórios das estações .............................................. 28
Tabela 4. Características das tubulações .................................................................................. 34
Tabela 5. Situação actual de aproveitamento de água na Zona Militar ................................... 35
Tabela 6. Estimativa de consumo diário .................................................................................. 39

GRÁFICOS

Gráfico 1. Beneficentes de água por fonte ............................................................................... 36


Gráfico 2. Volume disponibilizado, real e perdido em [m3] .................................................... 42
Gráfico 3. Volume disponível e perdido em percentagem ...................................................... 42
Gráfico 4. Valor monetário estimado, activo e em prejuízo em [MT] .................................... 43

xiv
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

– Perda de carga total

– Variação de tempo

– Carga de pressão (m)

– Carga de energia cinética (m)

– Área

– Coeficientes de rugosidade

CO2 – Dióxido de carbono

– Diâmetro do tubo

DN – Dimensão Nominal

EB0, 1, 2, 3, 4 – Estação de bombeamento 0,1,2,3,4

EN8 – Estrada Nacional 8

ETA – Estação de Tratamento de Água

FIPAG – Fundo de Investimento e de Património de Abastecimento de Água

h – 24 horas em um dia

– Energia total (m)

H1, 2, 3 – Hipóteses 1, 2, 3

H2S - Hidróxido de enxofre

INAE – Instituto Nacional de Actividades Económicas

– Perda de carga unitária

xv
k1 – coeficiente do dia de maior consumo (1,2)

k2 – coeficiente da hora de maior consumo (1,5)

– Comprimento

MT – Metical

P – População abastecida

PEU – Plano de Estrutura Urbana

PVC – Polyvinyl chloride (Policloreto de venil)

q – Consumo per capita

– Vazão

Q – Vazão máxima diária (m³/h)

- Vazão em litros

- Vazão máxima diária registada (m³/h)

t – Tempo (s)

– Velocidade

– Volume

V – Volume (l)

– Volume disponibilizado

– Volume médio registado

– Volume perdido

– Volume real

– Energia potencial (m)

xvi
EPÍGRAFE

“Toda profissão é grande quando exercida


com grandeza”.
J. JOFREY

xvii
INTRODUÇÃO
Desde as civilizações mais antigas de que se tenha relatos, é possível notar-se a importância
da água, do respeito e toda simbologia que ela representa para evolução de toda humanidade.
É possível notar que com o crescimento da população ao longo do tempo, foi preciso que
surgissem soluções para atender a demanda e higiene necessárias para que a água mantivesse
sua qualidade (Silva, 1998). A questão de qualidade e da quantidade correcta de água é
primordial para o desenvolvimento do ser humano, principalmente em relação a saúde e bem-
estar.

A água é uma substância extremamente importante para os seres humanos e os seres vivos em
geral, as demais tarefas realizadas no nosso quotidiano, seja elas industriais ou domésticas,
está lá presente o precioso recurso hídrico (água).

Embora a Terra tenha a maior parte de sua superfície coberta por água, não significa que se
trate de um bem inesgotável. Para Victorino (2007), toda a água existente no planeta
constitui-se de dois tipos, a água doce presente nos rios, lagos e subterrâneo e a água salgada,
que compõe os mares e oceanos. Desse total, somente 2,8% são de água doce, sendo que
apenas 0,029% representam as águas superficiais, presentes em rios e lagos, que estão
directamente disponíveis, pois os outros 2,771% de água doce, somam as águas congeladas
nas calotas polares, assim como as águas subterrâneas de difícil acesso, e por fim, as águas
evaporadas na atmosfera.

Outro factor que deveria ter atenção maior é o saneamento que, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde, (2013), se define pelo conjunto de acções realizadas em determinado local
para que os habitantes tenham uma vida e saúde melhores, e controla todos os factores que
atingem o meio físico do homem, e que tem o poder de exercer diversos efeitos nocivos sobre
o bem-estar físico, mental e social da população.

Dentro do município da cidade de Nampula tem se notado o desperdício deste líquido perante
nas vias de abastecimento, principalmente no bairro da Zona Militar, que é o nosso bairro de
estudo.

Olhando o quão importante é este recurso, e diante do desperdício que é notado dentro
daquele bairro, faz-se necessário o desenvolvimento deste estudo, através deste vai se
procurar saber as possíveis causas da fuga durante o transporte deste até os pontos de
consumo, para assegurar que este recurso chegue de forma mais segura, com menos

1
desperdício e riscos de contaminação, promovendo saúde, conforto e qualidade de vida para
os moradores.

2
Delimitação do tema

O presente trabalho pretende efectuar o estudo de Fugas de Água nos Canais de


Abastecimento no Bairro da Zona Militar, um bairro do município da cidade de Nampula.

Objecto de estudo
De acordo com MARCONI E LAKATOS (2007:103), objecto de estudo ― é aquele que se
pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar de modo geral‖. Neste caso concreto, o
objecto de estudo será a fuga de água (vazamento).

Definição do problema
Segundo MARCONI E LAKATOS (2002:26), problema ― é a dificuldade teórica de prática
no conhecimento de alguma coisa de real importância, a qual se deve encontrar uma solução‖.

Uma boa parte da população do bairro da Zona Militar usa água fornecida pela empresa
FIPAG. E nem todas as vezes os utentes têm a oportunidade de usufruir este recurso hídrico
(água) em suas residências, mas isto não é por falta de bombeamento da fonte, este problema
na maioria das vezes é devido o vazamento (fuga) nos seus canais de abastecimento durante o
percurso.

Sendo assim, o problema da pesquisa coloca-se de forma seguinte: Quais são os métodos
eficazes para encadear as fugas de água no bairro Zona Militar?

Justificativa
A população do bairro Zona Militar queixa-se do alagamento das suas ruas e como se não
bastasse, enquanto as ruas estão sendo invadidas pelas águas das fugas (dos tubos de
abastecimento) em suas residências não jorra sequer uma gota de água (nas torneiras),
fenómeno este, que faz-se sentir num período em que os leitos dos rios estão em bons níveis
de caudal de água.

Ecologicamente o bom uso e conservação da água é de mera importância; e, olhando para o


âmbito económico, à cada gota de água que se perde nas fugas recorrentes nas tubagens,

3
constitui um prejuízo não só para a empresa fornecedora, como também para os moradores
que tanto precisam deste recurso hídrico tão valioso.

A preocupação em minizar/estancar o problema em alusão, surge no intuito de o pesquisador


querer aliviar o sofrimento daquela população, derivada à falta de água, assim como, da
empresa fornecedora, motivos estes que impulsionaram-no à escolha deste tema.

Objectivos
Sobre objectivo, BELLO (2005:21), diz que ―determina o que se pretende atingir com a
realização do trabalho‖.

Objectivo geral
Constitui objectivo geral desta pesquisa: Eliminar as actuais fugas de água ocorrente nos
canais de abastecimento do bairro da Zona Militar, assim como as posteriores ocorrências das
mesmas fugas.

Objectivos específicos
 Analisar o sistema de transporte de água para a Zona Militar;
 Dimensionar a quantidade de água com base na demanda consumidora.

Hipóteses
A pesquisa partiu do pressuposto de que o bairro Zona Militar regista as fugas de água nos
canais de abastecimento, e para a realização desta pesquisa avançaram-se as seguintes
hipóteses:

H1. A substituição dos tubos velhos de abastecimento, podem evitar as possíveis rachaduras
inesperadas;

H2. A redução da quantidade de água abastecida, pode aliviar a sobrecarga nas tubulações;

H3. O aumento da distancia de profundidade de alojamentos dos tubos, pode evitar a


exposição dos mesmos perante a erosão provocada pela atmosfera, homem e meios de
transporte, (os tubos expostos aumentam a possibilidade de ruptura).

4
CAPÍTULO I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Históricos de Saneamento


Ao longo da história, desde os povos mais antigos até os tempos actuais, a falta de higiene e o
uso inadequado da água para consumo causaram epidemias que chegaram a dizimar alguns
povos. O saneamento sempre esteve ligado a transmissão de doenças, por isso que com o
passar do tempo, quando do aumento da população e consequentemente com o aumento da
geração de resíduos foi necessário começar a pensar em soluções capazes de controlar estas
situações (RIBEIRO; ROOKE, 2010).

Os primeiros povos a desenvolverem técnicas sofisticadas para captação, adução, condução,


armazenagem e purificação de água que se tem registos encontrados em gravuras e inscrições
em túmulos são os egípcios que, de acordo com Canivatto (1992), armazenavam água por um
ano para que a sujeira ficasse depositada no fundo do recipiente de armazenamento,
prevenindo assim várias doenças, mesmo sem saber exactamente que elas eram transmitidas
pelos microrganismos patogénicos presentes na água. Pessoas que consumissem água directa
dos efluentes, suja ou não processada acabavam ficando mais sujeitos a contrair alguma
doença. A partir destes processos de purificação japoneses e chineses passaram também a
passar a água por tiras de tecidos, que funcionavam como filtro para remover impurezas.

1.2. Sistema de Abastecimento de Água (SAA)


Conforme define Gomes (2004) sistema de abastecimento de água (SAA) envolve tudo que
leva água para fins de consumo, seja doméstico, industrial ou público, sendo que vai desde o
conjunto de equipamentos, envolvendo todas as obras de execução e manutenção, bem como
todos os serviços voltados para o suprimento de água. Heller (2006) conceitua que o
abastecimento de água, abrange de uma forma ampla ao saneamento, e está directamente
ligado a questão de controle sobre o bem-estar físico, mental ou social do homem.

Segundo Tsutiya (2008), factores como o porte da cidade, sua topografia e sua posição em
relação à mananciais podem influenciar directamente na viabilidade da concepção dos
sistemas de abastecimento de água, e estes aspectos condicionantes devem ser previstos já no
dimensionamento prévio de um SAA para que sejam definidos os parâmetros de execução do
projecto adaptados ao que exige o local. Outro factor que deve ter uma análise necessária são
as questões de ampliação de rede e da demanda que ela pode atingir futuramente, sendo que

5
na maioria dos casos as redes são planejadas para períodos aproximados de 10 a 30 anos
(AZEVEDO NETO et al., 1998).

1.2.1. Unidades que compõem um sistema de abastecimento de água


Uma rede de distribuição de água deve primar por itens básicos como qualidade, quantidade,
pressão e continuidade. Para que a água possa chegar tratada aos consumidores é preciso que
ela passe por várias etapas, sendo que na maioria das situações os sistemas são constituídos
por mananciais, captação, estação elevatória, adutora, estação de tratamento de água (ETA),
reservatório e pela rede de distribuição conforme mostrado na Figura 1.

FIGURA 1. Croqui de sistema de abastecimento de água

Fonte: Tsutiya, (2005)

1.2.2. Manancial
É o corpo de água superficial ou subterrâneo que oferece todas as condições satisfatórias para
a retirada e para o fornecimento de água do ponto de vista sanitário e económico, devendo
oferecer vazão suficiente para atender a demanda de projecto, mesmo nos períodos de
estiagem (TSUTIYA, 2006).

Azevedo Netto e Fernández y Fernández (2017) informam que, quanto à sua classificação, os
mananciais se dividem em dois principais grupos: o subterrâneo, que se entende como todo

6
aquele cuja água provenha do subsolo, através de galerias, fontes, poços, etc. e o superficial,
disponível em córregos, lagos, rios, represas, etc.

Segundo Tsutiya (2006), ao seleccionar o manancial, deve-se realizar todo um levantamento,


analisando os possíveis mananciais da região, que sozinhos ou agrupados apresentem
condições satisfatórias para atender a demanda máxima, observando-se o horizonte de
projecto. Para escolha correcta dos mananciais, devem ser observados os seguintes factores: a
quantidade e a qualidade da água, a distância entre o manancial e os pontos de consumo, bem
como se o manancial permite a instalação dos equipamentos de captação.

Nem sempre a água bruta disponível nos mananciais atende aos requisitos mínimos de
potabilidade, principalmente as águas superficiais, o que torna necessário a colecta de
amostras para exames físico-químico e bacteriológico. Essa análise se faz necessária para
avaliar os custos com o tratamento dessa água, pois estes valores são repassados ao
consumidor e se muito elevados pode inviabilizar a utilização do manancial.

1.2.3. Captação
A captação é o conjunto de obras, equipamentos e acessórios instalados junto ao manancial
com a finalidade de abastecer o sistema. Para a elaboração do projecto de captação de águas
superficiais, deve-se realizar uma análise das condições locais do manancial para a
implantação das obras, levando-se em consideração os métodos construtivos necessários para
a instalação dos equipamentos que irão compor o sistema, inclusive os custos com
desapropriações e a disponibilidade de energia eléctrica para alimentar as bombas da estação
elevatória (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ Y FERNÁNDEZ, 2017).

Em sistemas de captação de águas superficiais, é comum a construção de barragens para


regularizar a vazão do sistema. Para tanto, faz-se necessário o estudo hidrológico da bacia , e,
assim, conhecer a variação do nível de água do manancial. O estudo hidrológico também
avalia o período de retorno de enchentes, tendo em vista a prevenção com problemas de
inundações (TSUTIYA, 2006).

7
1.2.4. Adução
A adução é a canalização responsável pelo transporte de água entre as várias etapas do
sistema. Para Tsutiya (2006: p. 155), ―[...] adutoras são canalizações do sistema de
abastecimento de água que conduzem a água para as unidades que precedem a rede de
distribuição‖. Esse transporte ocorre por meio de bombeamento ou por gravidade,
dependendo da concepção adoptada, levando-se em conta a topografia do terreno.

As adutoras e subadutoras se classificam de duas formas: quanto à natureza da água


transportada, que pode ser denominada de água bruta e água tratada, ou em função da energia
utilizada para realizar o transporte da água, denominada de adutora por gravidade, recalque ou
mista (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ Y FERNÁNDEZ, 2017).

O dimensionamento das adutoras depende da vazão de projecto, que varia em função de


factores como a população, o consumo per capita, mas, sobretudo, varia principalmente em
relação à sua posição no sistema de abastecimento de água (TSUTIYA, 2006). Dessa forma, a
equação 4 sofre algumas alterações dependendo da posição da adutora. Nas etapas em que
estão a montante da rede de distribuição, o coeficiente pode ser dispensado, em sistemas
destinados a abastecer regiões com indústrias ou qualquer outro tipo de consumo especial,
este deve ser somado à equação 4, assim como as etapas que antecedem a estação de
tratamento devem levar em conta o consumo da Estação de Tratamento de Água (ETA).

1.2.5. Sistema elevatório


Um sistema elevatório é formado pelo conjunto de bombas, tubulações e acessórios, montado
com a finalidade de aplicar energia a um líquido (como a água, por exemplo) e assim
transportá-lo de uma cota inferior para uma cota superior (PORTO, 2006).

Um sistema elevatório, ou recalque, é composto basicamente por três partes, a sucção, que é
formada pela tubulação e pelos acessórios que ligam a bomba ao líquido que será recalcado; o
próprio conjunto elevatório, composto pelas bombas e seus respectivos motores, que
normalmente são movidos à electricidade; e a tubulação de recalque, destinada a conduzir o
líquido até o ponto a que se destina (PORTO, 2006).

Quanto ao conjunto motor bomba, quando o nível da lâmina de água a ser recalcada estiver
acima do eixo da bomba, diz-se que a instalação é com rotor afogado, quando o nível da
lâmina de água está abaixo, nesse caso é rotor não afogado. Nas instalações com rotor não

8
afogado, muito cuidado deve-se ter para evitar o efeito da cavitação, que consiste no aumento
excessivo da pressão no sistema, atingindo a pressão de vapor do líquido, cujo efeito provoca
bolhas de ar que estouram no conjunto, comprometendo seriamente o funcionamento e até
mesmo a integridade do equipamento. ―A cavitação, uma vez estabelecida em uma instalação
de recalque, acarreta queda de rendimento da bomba, ruídos, vibrações e erosão, o que pode
levar até ao colapso do equipamento.‖ (PORTO, 2006: p. 154).

1.2.6. Tratamento (ETA)


Segundo Azevedo Netto e Fernández y Fernández (2017), as águas dos mananciais quase
sempre não atendem os padrões de potabilidade para o consume humano do ponto de vista
físico-químico e microbiológico, necessitando de tratamento para adequá-las aos padrões
exigidos. Este tratamento é realizado em estruturas denominadas Estações de Tratamento de
Água (ETAs).

Na estação de tratamento da água (ETA), a água passa por diversas etapas, tornando-a
potável. A quantidade de etapas depende da qualidade da água bruta. Conforme Azevedo
Netto e Fernández y Fernández (2017), as ETAs convencionais são constituídas por diversas
unidades, sendo que as principais são: o micro peneiramento, para a remoção de sólidos em
suspensão na água; a aeração para a remoção de gases dissolvidos como o dióxido de carbono
e hidróxido de enxofre , a coagulação e a floculação, que consistem em aglutinar
as partículas finas em suspensão, deixando-as com uma consistência gelatinosa, como flocos,
onde serão removidos na etapa de sedimentação/decantação, para, em seguida, passar por
camadas porosas (normalmente areia), a fim de reter as impurezas remanescentes, para então
seguir para etapa de desinfecção, que é uma medida de correcção, sendo o material
empregado, em 99% dos casos, o cloro.

Para Azevedo Netto e Fernández y Fernández (2017), deve-se ter a ressalva de que nem
sempre são necessárias todas essas etapas, pois vai depender da qualidade da água do
manancial e dos riscos de contaminação do mesmo. Em geral, as águas dos mananciais
superficiais são mais vulneráveis. Nos mananciais subterrâneos, por sua vez, as camadas do
solo já servem como filtros para reter boa parte das impurezas, por esta razão não necessita de
todas essas etapas, bastando, na maioria das vezes, adicionar uma quantidade adequada de
cloro, no seu armazenamento, para garantir a sua potabilidade.

9
1.2.7. Reservatórios
Dentro de um sistema de abastecimento de água, a reservação tem como principais objectivos
garantir o fornecimento de água nas etapas posteriores ao reservatório, pelo tempo mínimo
possível, em casos de eventuais manutenções nas etapas a montante, assim como regular a
pressão nas etapas a jusante. Precisa também manter o fornecimento de água nos horários de
maior consumo, garantindo o abastecimento no sistema, em que se faça necessário o
desligamento das bombas de recalque no horário de ponta, pois a tarifa de energia cobrada
nesses horários é mais elevada (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ Y FERNÁNDEZ, 2017).

Os reservatórios devem ser instalados, aproveitando-se ao máximo a topografia do terreno, de


maneira que ele possa cumprir as exigências mínimas de pressão e vazão na rede. Podem ser
construídos elevados, enterrados, semienterrados ou apoiados no terreno, a montante ou a
jusante da rede de distribuição. Quanto ao formato, não há nenhuma recomendação
construtiva, fica a critério do projectista, desde que mantenha a qualidade da água e que o
volume seja suficiente para atender a demanda (TSUTIYA, 2006).

FIGURA 2. Tipos de reservatórios

Fonte: Adaptado pelo autor, 2021

Azevedo Netto e Fernández y Fernández (2017) afirmam que, para o correcto


dimensionamento de um reservatório, a demanda de consumo diário é o principal factor,
considerando o horizonte de projecto no dia de maior consumo, levando-se em consideração
também outros factores, tais como: a reserva de incêndio, situações emergenciais como
reparos nas etapas anteriores a reservação, horários de maior consumo, etc.

10
Tsutiya (2006) também afirma que, para reservatórios elevados, é comum adoptar-se valores
entre 10% e 20% do volume total diário, devido aos custos para a construção desses
reservatórios.

1.2.8. Redes de Distribuição de Água


Azevedo Netto (1991) define as redes de distribuição de água como a unidade do sistema que
é responsável por conduzir a água até os locais de consumo, sendo constituída por tubulações
e peças especiais com o objectivo de garantir o abastecimento de quem a consome de forma
segura, tendo as pressões, a quantidade e a qualidade recomendadas por normativas.

Conforme complementa Tsutiya (2006), estas redes formadas pelas tubulações e peças, que
transportam a água potável até o consumo devem ser adequadas e seguir as recomendações
exigidas pela norma regulamentadora vigente que é NBR 12218 (ABNT, 1994).

Existem dois tipos de canalizações que formam uma rede de distribuição, que são a rede
principal, também denominada de canalização mestra ou conduto de tronco, que tem maior
diâmetro por questões de pressão e quantidade transportada e leva a água para os condutos
secundários. As redes secundárias têm por objectivo distribuir a água que vem da rede
principal até os pontos de consumo sendo que estas têm o diâmetro menor pois transportam
menos água (Azevedo Netto, 1998).

Araújo Prince (2006) define estas redes de acordo com o traçado dos seus condutos,
caracterizando-as como redes ramificadas, malhadas e mista.

FIGURA 3. Tipos de redes de distribuição de água

Fonte: Adaptado pelo autor, 2021

 Rede ramificada – São as redes com traçados em forma de ―grelha ou espinha de


peixe‖, usada em áreas mais lineares onde as ruas não estão conectadas entre si, por
questões como os traçados urbanos e a topografia por exemplo.

11
 Rede malhada – São as redes com traçados em forma de blocos ou anéis que podem
ser abastecidas por mais caminhos permitindo interrupções para manutenção sem
alterar o consumo de água. Este tipo de rede é comum em vias que formam malhas
viárias.
 Rede mista – São as redes com a combinação de traçados da rede ramificada e rede
malhada.

1.3. Abastecimento de água na cidade de Nampula


Nos últimos anos, a cidade de Nampula recebeu um grande impulso no aumento da
capacidade do sistema de água canalizada. Anteriormente a 2011, o sistema de água
canalizada servia, no máximo, 250000 pessoas através de uma rede que podia abastecer
diariamente até 20.000 metros cúbicos de água. A The Millennium Challenge Corporation
através da sua filial em Moçambique financiou obras que ocorreram de Setembro de 2011 a
Dezembro de 2013, tendo reabilitado a existente estação de tratamento de água e reconstruído
uma estação elevada de bombagem de água, duplicando grosso modo, a capacidade do
sistema para 40000 metros cúbicos de água, por dia. As obras também ampliaram a rede em
14000 metros e permitiram adicionais 5000 metros cúbicos de água armazenada num
reservatório elevado térreo.

O actual sistema de água canalizada pode potencialmente abastecer 500000 clientes, e uma
continuada expansão da rede de abastecimento pode, em breve, assinalar o fim dos poços e de
outras fontes de água subterrânea, na cidade de Nampula.

1.4. Parâmetros hidráulicos


Redes ramificadas são bastante utilizadas para atender o fornecimento de água em pequenas
localidades e em sistemas de irrigação. Para o correcto dimensionamento de uma rede de
abastecimento de água do tipo ramificada, é necessário conhecer conceitos básicos da
hidráulica e suas respectivas equações, inerentes a este tipo de sistema. Para que se possa dar
continuidade a este estudo, tais conhecimentos são indispensáveis.

12
1.4.1. Vazão
A vazão ( ) pode ser compreendida como a quantidade de massa, de determinado fluido, que
passa por um ponto em um dado tempo, em outras palavras vazão é o volume ( ), dividido
pela variação de tempo ( ) a ser considerado, conforme mostra a equação 1.

( ) (1)

Onde é:

– Vazão

– Volume

– Variação de tempo

Outra maneira de se determinar a vazão é através da equação 2, onde se define a mesma como
o produto entre a velocidade ( ) e a área ( ) da secção do conduto por onde atravessa o
fluido.

( ) (2)

Onde é:

– Velocidade

– Área

1.4.2. Equação da continuidade


Segundo Coelho e Baptista (2014), a equação da continuidade é uma consequência do
princípio de conservação da massa, pois a mesma não pode ser destruída ou mesmo criada,
apenas transformada, ou seja, a vazão que entra em um lado do tubo, obrigatoriamente, será a
mesma vazão que irá sair do outro lado deste tubo. Em outras palavras, pode-se dizer que a
massa do líquido não se perde dentro do tubo, ela será sempre a mesma durante o escoamento,
como demonstra a equação 3 e 4.

( ) (3)

( ) (4)

13
1.4.3. Equação da energia de Bernoulli
Assim como a equação da continuidade é uma consequência da conservação da massa, a
equação de Bernoulli é uma consequência da conservação de energia. A energia disponível
em um dado ponto é composta pelo somatório de três cargas de energia por unidade de peso.
Como mostra a equação 5.

( ) (5)

Onde é:

– Energia total (m)

– Carga de pressão (m)

– Energia potencial (m)

– Carga de energia cinética (m)

A forma geral de expressar a energia disponível em dois pontos de um conduto, dado um


fluido incompressível em regime permanente, é apresentada na equação 6 e 7.

( ) (6)

( ) (7)

Da equação 7, pode-se deduzir que a energia disponível no ponto 1 é igual a energia


disponível no ponto 2, mais a perda de carga ( ) entre os pontos 1 e 2.

Segundo Porto (2006), levando-se em conta que cada parcela de energia tem como unidade de
medida o metro, admite-se então uma interpretação geométrica do sistema, de efeito bastante
prático para compreensão. Conforme ilustra a figura 4.

14
FIGURA 4. Linha de energia e linha piezométrica

Fonte: Guia da Engenharia (2019)

Em sistemas como adutoras e redes de distribuição, normalmente despreza-se a parcela ( ),

que corresponde à carga de energia cinética, levando-se em conta somente a soma das
parcelas ( ), denominado cota piezométrica, que pode ser compreendida como o nível

alcançado pelo líquido dentro da tubulação, se instalados piezômetros ao longo do percurso,


ao qual representa a energia potencial do líquido actuando no sistema devido ao efeito da
gravidade.

1.4.4. Perda de carga


Para Coelho e Baptista (2014), a perda de carga é a parcela de energia perdida durante o
escoamento em forma de calor, devido ao atrito do líquido com a parede do conduto, ou pela
mudança interna de energia no próprio líquido, devido à viscosidade, turbulência, etc. Sendo
que esta energia, uma vez perdida, não pode mais ser recuperada em forma de energia cinética
ou potencial.

De acordo com Coelho e Baptista (2014), além da energia perdida ao longo da tubulação,
denominada perda de carga contínua, há também aquela que se perde nas conexões, nas
curvas, nos registos e etc., as chamadas perdas de carga localizadas, que se somam às
contínuas para formar a perda de carga total.

15
Em algumas instalações, como as prediais, a perda de carga localizada é mais considerável
que a contínua, devido à enorme quantidade de curvas e conexões, o que não ocorre em
instalações de grandes dimensões, como as adutoras e redes de distribuição, onde o
comprimento e o diâmetro das tubulações são relativamente bem maiores do que em
instalações hidros sanitárias. Nestes casos, as perdas de carga localizadas podem ser
desconsideradas para efeito de cálculo (COELHO; BAPTISTA, 2014).

O escoamento é a principal condição para que haja perda de carga, que também depende de
outros factores, tais como: a viscosidade e o regime de escoamento do líquido, como das
dimensões e do material. A equação geral da perda de carga é mostrada abaixo, através da
equação 8, onde a perda de carga unitária ( ) que ocorre em cada metro de tubo é a razão entre
a perda de carga total ( ) dividida pelo comprimento ( ) deste tubo, medida normalmente
em m/m.

( ) (8)

Onde é:

– Perda de carga unitária

– Perda de carga total

– Comprimento

1.4.5. Equação de Hazen-Williams


Segundo Porto (2006), das equações empíricas desenvolvidas ao longo da história, a de
Hazen-Williams é a que mais tem aceitação entre os profissionais, devido ao sucesso dos
resultados obtidos. De acordo com Coelho e Baptista (2014), a equação de Hazen-Williams é
bastante empregada para a determinação da perda de carga em condutos destinados somente
ao transporte de água, e com diâmetro mínimo de 50mm. O coeficiente de perda de carga ( )
depende do material que foi empregado na fabricação do conduto, pois leva em consideração
a sua rugosidade, que entrará em atrito com a água durante o escoamento. A tabela 1
apresenta o coeficiente de perda de carga em função do material do conduto. A equação 9
apresenta a fórmula de Hazen-Williams.

16
( ) (9)

Onde é:

– Coeficientes de rugosidade

– Diâmetro do tubo

TABELA 1. Coeficiente de rugosidade (c) para a equação de Hazen-Williams

Material Coeficiente de rugosidade


Aço corrugado (chapa ondulada) 60
Aço com juntas lock-bar, sem serviço 90
Aço rebitado, tubos novos 110
Aço soldado, tubos novos 130
Aço soldado, com revestimento especial 130
Concreto, bom acabamento 130
Ferro fundido, novos 130
Ferro fundido, usados 90
Madeiras em Aduelas 120
Aço com juntas lock-bar, tubos novos 130
Aço galvanizado 125
Aço rebitado, em uso 85
Aço soldado, em uso 90
Cobre 130
Concreto, acabamento comum 120
Ferro fundido, após 15-20 anos de uso 100
Ferro fundido, Revestido de cimento 130
Tubos extrudados, P.V.C. 150

Fonte: Porto (2006).

1.5. Vazamentos
Vazamentos são forma mais comum de perda de água, sendo que as redes de distribuição e os
ramais prediais são os pontos de maior volume de perda nas estruturas de abastecimento.
Lambert (2000, apud GIROL, 2008) classifica os vazamentos em três tipos principais, os
inerentes, não-visíveis e visíveis conforme a Figura 5.

17
FIGURA 5. Tipos de vazamento em redes de distribuição de água

Fonte: Gonçalves (1998)

 Vazamentos inerentes: representam cerca de 25% dos vazamentos, que não podem
ser detectados por equipamentos de acústica e não são visíveis.
 Vazamentos não-visíveis: representam cerca de 30% dos vazamentos, não podem ser
detectados visualmente e não afloram na superfície, sendo mais difícil sua localização.
Sua duração depende das frequências em que acontecem suas pesquisas, e suas vazões
são moderadas;
 Vazamentos visíveis: representam cerca de 45% dos vazamentos, são facilmente
detectados pois afloram na superfície devido às suas altas vazões combinadas com
curtas durações.

As grandes perdas físicas de acordo com Tardelli Filho (2006), acontecem quando se tem o
aumento de pressão na rede de distribuição, ocasionando o aumento da vazão dos pontos de
vazamento e a alta frequência gerada podendo causar danos à tubulação.

1.5.1. Extravasamentos
Extravasamentos acontecem na maioria das vezes devido ao excesso de carregamento, e
geralmente acontecem em períodos nocturnos pela falta de dispositivos de alerta e falhas de
controlo de operação nos equipamentos existentes. Tardelli Filho (2006) ainda cita que os
reservatórios possuem extravasadores que destinam a água excessiva colectada para redes de
drenagem pluvial ou outro local destinado, e estes volumes geralmente não são contabilizados
nos cálculos de vazão.

18
1.5.2. Causas que geram vazamento
Os vazamentos acabam sendo bastante comuns em redes de abastecimento de água. Baseado
em Sabesp (2005), os itens mais recorrentes dos vazamentos de água são mostrados na tabela
a seguir:

TABELA 2. Causas e ocorrências de vazamento de água

Vazamentos e Vazamentos em adutoras e Vazamentos em ramais


extravasamentos em redes
reservatórios
 Deficiência ou  Pressões elevadas;  Pressões elevadas;
inexistência de automação  Variação da pressão  Transientes hidráulicos;
de bombeamento e (intermitências, perdas ∙  Variação da pressão;
controle de nível de Transientes hidráulicos; ∙  Má qualidade de materiais
reservatórios; Falhas estruturais; de carga dos componentes dos
 Falhas estruturais; elevadas, etc.); sistemas;
 Controle operacional  Transientes hidráulicos;  Má qualidade da mão-de-
ineficiente;  Má qualidade de materiais obra utilizada na implantação
 Equipamento de controlo dos componentes dos e manutenção dos sistemas;
de nível inadequado; sistemas;  Inadequação do ferrule;
 Registos de descarga  Má qualidade da mão-de-  Falhas de operação;
defeituosos; obra utilizada na  Intervenção de terceiros;
 Falta ou má de definição implantação e manutenção  Corrosividade da água e do
de níveis operacionais. dos sistemas; solo;
 Falhas de operação;  Intensidade de tráfego;
 Intervenção de terceiros;  Inexistência de política de
 Corrosividade da água e do detecção de vazamentos não
solo; visíveis;
 Intensidade de tráfego;  Deficiência no reaterro dos
 Inexistência de política de ramais;
detecção de vazamentos não  Falhas de manutenção.
visíveis;
 Deficiência de projecto;
 Instabilidade do solo.

Fonte: Sabesp (2005).

1.5.3. Índices de Perda


Os índices de perda são a forma de avaliar os volumes perdidos, e também comparar seus
resultados com outros sistemas de abastecimento. O principal factor que se exige destes
índices é que sejam confiáveis para que quem gerência e mantém uma rede possa tomar as
decisões correctas no sentido de redução e controle de perdas (Miranda, 2002).

19
Conforme Tardelli Filho (2006) estes indicadores podem ser:

 Indicador Percentual: que relaciona o volume total de perdas (reais ou físicas) com o
volume de água disponibilizado ao sistema em bases anuais. Esta forma de calcular os
índices é a mais utilizada e de mais fácil compreensão;
 Índice de Perdas por Extensão de Rede: que relaciona o volume total de perdas anuais
com o comprimento da rede de distribuição. Este índice distribui as perdas ao longo da
extensão de rede, e pode apresentar altos valores quando tiver uma alta ocupação
urbana;
 Índice de Perdas por Ramal: que relaciona o volume total de perdas anuais com o
número médio de ramais existentes. Este indicador tem por foco os ramais e acaba
dependente da densidade dos ramais existentes, então existem ressalvas pois não
considera a pressão operacional do sistema como uma variável na comparação do seu
desempenho, que acaba influenciando o comportamento de perdas reais;
 Índice Estrutural de Perdas: é o índice mais actual para avaliar sistemas de perdas, e
também compara sistemas distintos. A relação é dada por um número dimensional
obtido da relação do nível actual de perdas e do nível mínimo de perdas esperado pelo
sistema que se caracterizam como perdas inevitáveis.

1.6. Sistemas de Simulação Hidráulica (Epanet)


O Epanet é um software, criado pela Enviromental Protection Agency (EPA) dos Estados
Unidos, simulador hidráulico e de qualidade da água, que permite ao usuário simular o
comportamento hidráulico estático e dinâmico em redes de distribuição de água pressurizadas.
Por ser gratuito e por ser bastante analisado, testado, e também por apresentar dados
confiáveis, o Epanet é um programa bastante utilizado (Rossman, 2000).

Gomes (2004) afirma que partindo dos dados topográficos (medidas de comprimento, e cotas
dos nós de rede) e das características que compõem a rede (tipo de material, espessuras das
tubulações e demanda dos nós) se obtém os valores de perda de carga, vazão e velocidade em
cada um dos trechos simulados, como também a pressão e carga hidráulica em cada nó ao
longo do percurso. Para cálculos de perda de carga, o programa apresenta três possibilidades,
que são as equações de Hazen-Williams, de Chezy-Manning e de Darcy-Weisbach.

20
Além disto, Gomes (2004) ainda aponta os principais conjuntos de ferramentas de cálculo
para a simulação hidráulica do Epanet:

 Calcula a energia necessária e bombeamento, incluindo seus custos;


 Inclui as perdas de carga em curvas, reduções, ampliações, entre outros;
 Modela a relação entre pressão e vazão efluente dos dispositivos emissores;
 Modela reservatórios de água em diversos níveis e com formas geométricas variadas;
 Modela vários tipos de válvulas, incluindo as de seccionamento, retenção, vazão e
reguladoras de pressão;
 Não há um número limite de componentes da rede para análise;
 Possibilita a simulação em vários formatos de regras de operação do sistema;
 Possibilita estabelecer várias categorias de consumo nos nós, cada uma com sua
variação com o tempo;
 Simula bombas, com funcionamento de velocidade fixa ou também variável.

21
CAPÍTULO II. ASPECTO METODOLÓGICO
Neste capítulo foram descritos todos os métodos usados para elaboração do projecto,
incluindo instrumentos, procedimentos, e população afecta nesta.

2.1. Localização geográfica do bairro de estudo (Zona Militar)


A Zona Militar é um bairro situado na cidade de Nampula, um bairro ladeado pelos bairros
seguintes: Muawereaca à sul, bairro central (Rua das Flore) à norte, à Este faz fronteira com o
Bairro Muahivire e no seu lado Oeste pelo bairro Muatala. E a cidade de Nampula está
localizada na capital administrativa da província de Nampula, sendo o maior centro urbano da
região norte do país. Situa-se no centro da província de Nampula, entre 15º 01'35" e 15º
13'15" de latitude Sul e entre 39º 10' 0" e 39º 23' 28" de Longitude Este e as altitudes rondam
entre os 390 a 400 metros, acima do nível do mar. Em geral, o relevo da região forma uma
espécie de escadaria composto de três degraus.

FIGURA 6. Localização geográfica da cidade de Nampula

Fonte: INE, 2010.

2.2. Caracterização da cidade de Nampula


As características da vegetação actual dos ecossistemas urbanos, naturais e agrícolas,
principalmente de subsistência ocupam cada um, uma certa percentagem da estrutura
ecológica da Cidade.

Assim, em quase toda a cidade, os ecossistemas naturais têm sido transformados pelas
actividades humanas, restando fragmentos das vegetações originais apenas nas áreas
montanhosas.

22
As áreas não habitadas são actualmente preenchidas por campos agrícolas ou vegetação
secundária, essencialmente arbustiva ou formações herbáceas (capinzais) com árvores
dispersas e com uma cobertura de capim. O extracto lenhoso é dominado por árvores de fruta,
essencialmente cajueiros e mangueiras, e mosaicos de matagal e arbustos.

2.3. Tipo de investigação


O projecto de pesquisa adoptou a pesquisa de campo, abordagem quantitativa e quanto ao
procedimento, recorreu-se ao estudo de caso.

2.4. Participantes
O universo da pesquisa é constituído por Chefes de quarteirões do bairro Zona Militar, um
Gestor de Projectos da FIPAG Nampula e um Técnico responsável pelo bombeamento da
FIPAG – EB3.

A escolha destes respondentes deveu-se à necessidade de obter informação fiável e


consistente.

2.5. Instrumentos
Na pesquisa em questão, utilizou-se entrevistas semiestruturadas, pesquisa documental como
formas de colecta de dados e foi usada a estratégia de análise de conteúdo.

2.6. Procedimentos
2.6.1. Procedimentos para análise do sistema de transporte de água
Através do trabalho do campo, nesta etapa avaliou-se o tipo e qualidade dos tubos usados para
abastecimento de água no bairro da Zona Militar, altura de queda de água, distância de
percurso do líquido, a partir da estação 3 (EB3) até na Zona Militar, através dos documentos
projectivos e entrevista do Gestor de Projectos da FIPAG.

23
2.6.2. Procedimentos para o dimensionamento e análise hídrico
Para este procedimento foi analisada a pressão de abastecimento, o fluxo de água nas
tubulações principais e das derivadas. Para a recolha de dados nesta etapa foi através dos
documentos e manuais fornecidos pela empresa de abastecimento de água (FIPAG), entrevista
ao técnico responsável de bombeamento e aos chefes de quarteirões. Foi analisada também a
potência relativa de partida e recolha de dados no campo através dos dispositivos de registos
de volume de água (contador é o nome vulgar).

24
CAPÍTULO III. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1. Caracterização da localidade


A Comunidade da Zona Militar possui área em planta de aproximadamente 29.970 hectares,
que se instala dentro de dois bairro entre Muatala e Muahivire. A topografia da comunidade é
caracterizada por dois pontos, entre o ponto mais alto e o mais baixo possui cotas em relação
ao nível do mar de 390 metros e 400 metros.

FIGURA 7. Vista aérea do local de estudo (limitada a linha vermelha)

Fonte: Airbus Landsat, CNES 2021

A comunidade é considerada como aglomerado subnormal na sua forma de ocupação segundo


CENSO 2010, tendo construções que em média possuem gabaritos máximos de 9 metros. O
tipo de ocupação é em sua grande maioria domiciliar, sendo os comércios minoria na
localidade, estando dispersos de forma a atender as necessidades básicas da população:
mercadinhos, salões cabeleireiros mercearias e dentre outros.

25
A rede de canalização domiciliária de água possui diâmetros despadronizados e em períodos
de verão a falta de água é constante.

Existe rede colectora de esgoto sanitário, porém seu funcionamento é deficitário devido a má
utilização por parte dos moradores que ainda possuem certos hábitos prejudiciais a rede
colectora de esgoto.

Quanto ao solo, é considerado moderadamente drenado, de textura média e relativamente


arenoso. Amarelo claro e castanho, evidenciando propriedades eutróficas. Conteúdo de argila
moderado a abaixo (12-18%) na cobertura vegetal e nos subsolos. Podendo ser pouco
profundo e neste caso, um solo mais sensível.

3.2. Apresentação da empresa fornecedora de água da cidade de Nampula


FIPAG (Fundo de Investimento e de Património de Abastecimento de Água) é a empresa
responsável para o fornecimento do sistema de abastecimento de água potável de forma
qualitativa, quantitativa e segura conforme os parâmetros legais.

O FIPAG é uma agência governamental nacional criada com a missão de representar o Estado
na gestão do património, assim como no Programa de Investimento Público dos Sistemas de
Abastecimento de Água, na promoção do seu desenvolvimento e sustentabilidade económica
e no acompanhamento da gestão delegada dos sistemas de abastecimento de água a
operadores privados. E tem os seus escritórios centrais em Maputo.

3.3. Sistema geral de abastecimento de água


Segundo, Relatório do PEU (2019), A cidade de Nampula fica localizada na bacia do rio
Monapo e possui diversos riachos atravessando a sua área, de uma forma radial a partir do
centro da cidade para a periferia. Os bairros existentes desenvolvem-se entre as planícies de
cheias destes cursos de água sendo definidos por elas, e também ao longo das estradas
principais (EN8, 232, 239, e 501), e secundárias. O facto da maior parte destes bairros
periféricos serem informais, dificulta enormemente o fornecimento de serviços básicos à
população residente nos mesmos.

26
FIGURA 8. Sistema principal das condutas de abastecimento (FIPAG)

Fonte: Adaptado pelo autor

O abastecimento de água à cidade de Nampula faz se a partir da barragem localizada no rio


Monapo, a cerca de 12 km a norte da cidade, a qual foi construída em 1958, melhorada e
expandida em 2013, para aumento da sua capacidade nominal. Esta barragem de gravidade,
em betão, tem uma capacidade de 4 de armazenamento sendo capaz de abastecer
24,000 de água por dia, com uma fiabilidade de 98%, ao longo de todo o ano.

Segundo a fonte acima citada, a bombagem de água da barragem faz-se a partir de uma
estação de elevação (EB0) na albufeira da barragem, com o auxílio de dois grupos de
bombagem, um com 5 bombas de capacidade nominal de 3150 e outro com 4 bombas
de capacidade nominal de 1360 . A água é conduzida até às 2 estações de tratamento de
água localizadas junto a barragem (construídas em 1958 e 2013 respectivamente), possuindo
cada uma delas uma capacidade nominal de tratamento de 20,000 por dia. É efectuado um
tratamento convencional que inclui a adição e mistura de produtos químicos, coagulação,
floculação, sedimentação e filtragem através de filtros rápidos de areia.

Após o tratamento, a água é bombeada pela estação bombagem existente nesta ETA, a EB1
que possui 4 electrobombas de 830 cada (2 de reserva), eleva a água até ao centro
distribuidor EB2. A água tratada é transportada através de três condutas adutoras, 2 antigas de
400 mm (Fibra de Cimento e PVC) e 1 de 600 mm (DN) instalada nas últimas obras de
reabilitação e expansão da rede, com uma capacidade total de transporte de cerca de
40,000 . Por sua vez, o centro distribuidor EB2, alimenta os 3 centros distribuidores EB3 e
EB4 e EB5 localizados na cidade de Nampula e que fornecem água por gravidade à rede de
distribuição existente, que alimenta os diversos bairros.

27
TABELA 3. Capacidades da bombas e reservatórios das estações

Estação Quantidade de Capacidade de Capacidade dos


bombas bombagem reservatórios
EB0 (Albufeira 9 em dois grupos 5 3150
da barragem) 4 1360
EB1 4 em dois grupos 2 1660 Elevado -
2 1660 Semi-enterrado 39000
EB2 4 Elevado -
Enterrado 7000
EB3 3 2160 Elevado 300
Enterrado 10000
EB4 3 2160 Elevado 300
Enterrado 300
EB5 - - Elevado -
Semi-enterrado 5000
Fonte: Manual de FIPAG, 2013)

FIGURA 9. Mapa com ductos de abastecimento da cidade de Nampula

Fonte: Autor (gerado pelo google herth, 2021)

28
3.4. Processo de abastecimento de água para Zona Militar

3.4.1. Estacão de tratamento de água (ETA), estacão de bombagem inicial (EBO) e


estacão de bombagem secundária (EB1)

Esta estacão começa com o processo de captação da água bruta, composta por comandos
eléctricos, gerador de emergência de corrente eléctrica, tubulações, equipamentos industrias, 5
bombas submersíveis dentro do poço em que cada uma tem capacidade de captar 630 /h e 4
bombas de emergência fora do poço em que cada tem a capacidade de captar 350 /h, sendo
captados 41107 por dia de água bruta para o respectivo tratamento.

Depois de tratamento, a água é conservada em um reservatório semi-enterrado á um volume


de 39000 , onde faz-se o bombeamento para EB2, as 4 bombas com capacidade de bombear
830 cada uma delas são responsáveis de elevar este recurso para estação de bombagem
2 (EB2).

FIGURA 10. Processo de captação da água bruta

Fonte: Imagem captada pelo autor, 2021

29
FIGURA 11. Processo de elevação da água tratada da EB1

Fonte: Imagem captada pelo autor, 2021

3.4.2. Estacão de bombagem 2 (EB2)

Nesta estação intermediária é onde se faz o armazenamento da água recebida da EB1 de uma
forma transitória, tratamento de água com dosagem química com o hipoclorito de cálcio -
(Cloro) composta por comandos eléctricos, gerador de emergência de corrente eléctrica,
tubulações, 4 bombas de alta elevação em que cada uma tem capacidade de elevar 750 /h
fazendo o bombeamento de alta pressão para estacões de bombagens: EB3 recebe
12661 /dia, EB4 recebe 9243 /dia, e EB5 recebe 16380 /dia para as devidas
distribuições nas redes de abastecimento de água.

3.4.3. Estacão de bombagem 3 (EB3)

Esta estação faz o armazenamento da água que recebe da EB2 e um centro distribuidor,
tratamento de água com dosagem química com o hipoclorito de cálcio (Cloro) composta por
30
comandos eléctricos, gerador de emergência de corrente eléctrica, tubulações, 3 bombas de
elevação em que cada uma tem capacidade de elevar 720 //h fazendo o bombeamento para
o reservatório elevado e recebe 12661 /dia da EB2.

FIGURA 12. Bombagem elevatória de água para reservatório elevado

Fonte: Imagem captada pelo autor, 2021

FIGURA 13. Reservatório elevado (torre para distribuição aos consumidores)

Fonte: Imagem captada pelo autor, 2021

31
3.5. Caracterização da rede de abastecimento de água para Zona Militar
3.5.1. Estação de abastecimento
De acordo com informação do FIPAG o bairro Zona Militar recebe água da estação de
bombeamento 3 (EB3), a partir de um reservatório elevado à uma altura de 27 metros. Com
base no levantamento topográfico o ponto de instalação da EB3 dista uma diferença
altimétrica de 400m acima do nível do mar.

Olhando para os dados da tabela 2 esta estação é composta por um reservatório aterrado com
capacidade de armazenar 10000m3 de água, duas bombas que eleva a água para o reservatório
elevado com capacidade de armazenar 300m3 de água.

Segundo os dados de FIPAG esta estação abastece água potável a Zona Militar num horário
único, das 11h a19h, uma carga horária de 8 horas de tempo de abastecimento.

FIGURA 14. Estacão de bombagem 3 EB3 (estação de abastecimento da zona militar)

Fonte: Adaptado pelo autor, 2021

3.5.2. Canais de transporte de água (tubos de transporte)


O transporte de água para a Zona Militar é feito a partir de um reservatório elevado na EB3; a
água transportada circula num sistema de rede mista, desde a rede abastecimento principal até
a rede de abastecimento secundária, este canal dista 6396m do seu comprimento de extensão.

A rede compõe cinco secções, sendo:

32
A primeira secção – o tubo da primeira secção é de 27m de altura, 300mm de do seu diâmetro
e o material de fabricação é fibra de cimento. Este tubo instala-se na secção entre o
reservatório elevado até ao aterro;

Segunda secção – a secção do tubo de fibra de cimento, com 1915m do seu comprimento de
extensão, diâmetro de 300mm, este canal é aterrado com uma profundidade de 1,5m.

Terceira secção – a secção do tubo de aço galvanizado, com 1706m do seu comprimento de
extensão, diâmetro de 200mm, este canal é aterrado com uma profundidade de 1,5m.

Quarta secção – é a parte da secção ramificada do tubo principal a partir da academia militar
até a terceira rua das residências militares, em direcção ao campo Madjedje, este tubo conta
com um diâmetro de 110mm, comprimento de 1430m de extensão, o material de fabrico é
PVC.

Quinta secção – esta secção que será derivada para os tubos de uso final (será derivada para os
tubos de 50mm, 30mm e até 25mm, uso não ordenado como explicado anteriormente), secção
conta com diâmetro de 75mm, 1318m de extensão do seu comprimento e o material de
fabrico dos tubos é o PVC.

FIGURA 15. Mapa com a rede de abastecimento da Zona Militar

Fonte: Adaptado pelo autor (Dados de Airbus Landsat e FIPAG), 2021

33
TABELA 4. Características das tubulações

Secção 1 Secção 2 Secção 3 Secção 4 Secção 5


Comprimento 27m 1915m 1706m 1430m 1318m
Diâmetro 300mm 300mm 200mm 110mm 75mm
Material Fibra de cimento Fibra de cimento Aço galvanizado PVC PVC
Fonte: Manual de FIPAG, 2013

FIGURA 16. Rede de distribuição da Zona Militar com os devidos diâmetros nominais

Fonte: Gerado do software Epanet do próprio autor (dados FIPAG), 2021

34
3.6. Situação actual de aproveitamento de água na Zona Militar
Este bairro é considerado como uma área desordenada, uma área urbanizável residencial não
planeada de alta densidade (>60hab/ha), assim havendo dificuldades de abrangimento a
todos moradores a rede de abastecimento de água potável.

Segundo CENSO (2019), o bairro conta com 1436 torneiras, sendo 8 fontanários, 617 dentro
de casa e 811 no quintal e total de demanda beneficente de água potável fornecida pela
FIPAG na Zona Militar está estimada a 1312 habitantes.

Os estudos feitos pela INAE (2019), mostra que no bairro da Zona Militar, 202 habitantes se
beneficiam de torneiras dentro de casa, 101 se beneficiam água das torneiras da fontenária,
457 se beneficiam de água da torneira do seu próprio quintal e 552 no quintal do vizinho. As
informações serão mais claras através da tabela abaixo.

TABELA 5. Situação actual de aproveitamento de água na Zona Militar

Torneiras Torneiras da Torneiras do seu Torneiras no


dentro de casa fontenária próprio quintal quintal do vizinho
Demanda beneficente 202 101 457 552

Torneiras operacionais 83 3 800 -

Torneiras inoperacionais 534 5 11 -

Total de torneiras 617 8 811 -

Total global de torneiras 886


operacionais
Total global de torneiras 550
inoperacionais
Total global de torneiras 1436

Fonte: Autor, 2021

Foi estimada de 2004 até 2024 a uma população de 5174, com base o projecto de
dimensionamento da rede de distribuição de água de FIPAG (2004).

35
GRÁFICO 1. Beneficentes de água por fonte

7%
6% Torneiras dentro de
casa
Torneiras da fontenária
47%
Torneira do seu próprio
quintal
40%
Torneira no quintal do
vizinho

Fonte: Autor, 2021

3.7. Vazamentos
Foram identificados 17 pontos com vazamentos visíveis, sendo alguns vazamentos expostos
ao ar livre, assim como ilustrados na figura 17.

FIGURA 17. Ilustração de alguns vazamentos expostos

Fonte: Autor, 2021

36
Há ainda vazamentos visíveis não expostos, que foram detectados pelo afloramento do fluido
na superfície, figura 18.

FIGURA 18. Ilustração de alguns vazamentos não expostos

Fonte: Autor, 2021

Por falta de equipamentos adequados, não foi possível detectar outros tipos de vazamentos,
como vazamentos não visíveis e vazamentos inerentes, esses tipos de vazamentos não podem
ser detectados visualmente e nem por equipamentos de acústica. Pois acredita-se que esses
vazamentos não detectáveis visualmente ocorrem também naquele local.

37
CAPÍTULO IV. ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1. Análise de conservação de massa


Devido os vazamentos nos canais de distribuição (redes e ramais) há uma perca de
rendimento muito elevado, em inúmeras vezes dificulta a chegada do líquido aos
consumidores, regista-se baixas pressões que dificulta o percurso e aproveitamento em
alturas, (um prédio de três piso que se encontra e chuveiros). Portanto os moradores são
obrigados a instalação de bombas hidráulicas para o auxílio.

Para analisar-se a perdas de rendimento, irá se dimensionar a rede para conhecer-se a vazão
ideal e medir-se a vazão directamente nos consumidores para conhecer-se a vazão real.

4.1.1. Consumo per capita


Para o correcto dimensionamento de um sistema de abastecimento de água, o primeiro passo é
conhecer a vazão de projecto (FIPAG), pois esta é uma das principais grandezas dentro de um
sistema de abastecimento, haja vista que grande parte de seus componentes são
dimensionados de acordo com a sua determinação.

A vazão de projecto pode ser compreendida como o volume de água por unidade de tempo,
suficiente para atender a determinada localidade e é estimada levando-se em conta vários
factores que o projectista precisa estar atento durante a concepção do projecto (TSUTIYA,
2006).

A tabela 6 estima o consumo diário para cada tipo de consumidor. Esses dados foram gerados
com base a estimativa da empresa fornecedora de água (FIPAG).

Nos centros comerciais como mercados e mercearias, os comerciantes não aderem à água de
uma fonte ligada directamente da rede para os centros comerciais, eles usam a água
proveniente do seu próprio quintal através de um recipiente.

Torneiras instaladas nas creches, centros religiosos, garagens e lavandarias são consideradas
como torneiras do seu próprio quintal.

38
TABELA 6. Estimativa de consumo diário

Tipo de construção Consumo médio (litros/dia


Torneiras dentro de casa 150 "per capita"
Torneiras da fontenária 100 "per capita"
Torneiras do seu próprio quintal 120 "per capita"

Fonte: Autor, 2021

4.1.2. Análise de vazão


A análise de vazão feita, foi com base a comparação do registo do maior consumo diário em
duas de torneiras dentro de casa, duas de torneiras do seu próprio quintal e registo feito numa
fontenária.

Cálculo de vazão máxima diária consumida (estimada e registadas), conforme as Equações 10


e 11.

Vazão máxima horária estimada

( ) (10)

Vazão máxima diária registada

( ) (11)

Qrg - Vazão máxima diária registada (m³/h);

Q – Vazão máxima diária (m³/h);

V – Volume (l)

t – Tempo (s)

P – População abastecida;

q – Consumo per capita;

h – 24 horas em um dia;

k1 – coeficiente do dia de maior consumo (1, 2);

39
k2 – coeficiente da hora de maior consumo (1, 5);

Estimativa da vazão de torneiras dentro de casa

Vazão registado de torneiras dentro de casa

( ) (12)

Estimativa da vazão de torneiras da fontenária

Estimativa da vazão de torneiras do seu próprio quintal

4.1.3. Análise de perda de volume


É determinado o volume disponibilizado para Zona Militar, pela equação:

Onde é

– Volume disponibilizado

– Tempo de abastecimento

Por tanto,

O ― ‖ é o vazão de consumo máximo em [ ]

Seguidamente determina-se o volume real pela equação:

40
Onde é

– Volume real

– Volume médio registado

O ― ‖ é a media do volume do consumo máximo e consumo mínimo, estes valores


foram registados com base os contadores de volume hidráulico domiciliários figura 19.

FIGURA 19. Contador de volume hidráulico domiciliário

Fonte: Autor, 2021

Portanto,

Volume perdido será:

41
GRÁFICO 2. Volume disponibilizado, real e perdido em [m3]

129100,8
140000,0

120000,0
90790,4
100000,0

80000,0

60000,0 38310,4

40000,0

20000,0

0,0
Volume Volume real Volume perdido
disponibilizado

Fonte: Autor, 2021

GRÁFICO 3. Volume disponível e perdido em percentagem [%]

30%

Volume real
Volume perdido

70%

Fonte: Autor, 2021

42
Na rede de abastecimento da Zona Militar está sendo perdido 30% de volume de água
diariamente.

4.1.4. Análise económica


Com base a informação da FIPAG, no Departamento Comercial, a cada lm3 de volume de
água é comercializada por 24,61 [MT].

Com esses dados disponíveis, analisou-se qual é o valor monetário que está sendo perdido
diariamente dentro desta rede de abastecimento de água.

Valor monetário estimado:

Valor monetário activo :

Valor monetário em prejuízo:

Ou simplesmente poderia ser pela equação:

GRÁFICO 4. Valor monetário estimado, activo e em prejuízo em [MT]

3500000
3177170,688
3000000

2500000 2234351,774

2000000

1500000
942818,944
1000000

500000

0
Valor monetário Valor monetário Valor monetário em
estimado activo prejuízo

Fonte: Autor, 2021

43
No Bairro da Zona Militar avalia-se uma perda em valores monetários, aproximadamente
942818,944 meticais, consequentemente de vazamentos hidráulicos da rede de abastecimento
local.

4.1.5. Dimensionamento hidráulico


Fez-se um dimensionamento hidráulico da rede a partir do reservatório até a rede de consumo
domiciliário do bairro, para verificar-se as causas das fugas hidráulicas frequente naquele
local.

O dimensionamento baseou-se aos dados da rede existente e seguidamente fez-se a calibração


dos dados obtidos com as limitações da legislação do Regulamento dos Sistemas Públicos
de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais de Moçambique, (Versão
actualizada em Novembro de 2000), artigo 24. O título do artigo será apresentado no anexo 1:

Os dados geométricos e cinemáticos obtidos a partir do dimensionado são apresentados na


tabela dos apêndices 3 a 5, excepto a velocidade de escoamento, que foi gerado a partir do
software Epanet e será apresentada na figura a seguir.

44
FIGURA 20. Apresentação da velocidade de escoamento dentro da rede da Zona Militar

Fonte: Autor, 2021

4.2. SÍNTESE PARA ACÇÕES DE CONTROLO E REDUÇÃO DAS FUGAS E


POSSÍVEIS CAUSAS
4.2.1. As possíveis causas das fugas
i. Durante o dimensionamento foi notado o excesso de velocidade na tubulação do
trecho 14 quanto o recomendado, isso provoca a sobrecarga dos conectores de
seccionamento;
ii. Há exposição das tubulações provocadas pela intensidade de tráfego;
iii. Má qualidade da mão-de-obra utilizada na manutenção dos sistemas;
iv. Variação de pressão provocada pelo mau funcionamento dos acessórios;
v. Altas pressões;
vi. Vandalização e roubo de água em hidrates ou em quaisquer pontos dos sistemas de
redes de distribuição.

45
4.2.2. Acções de controlo e redução das fugas
Solução 1. O tubo do trecho 14 tem um diâmetro de 200mm, sugeria-se que fosse substituído
para uma tubulação de 300mm.

Solução 2. A instalação das tubulações nas extremidades das vias de tráfego seria uma óptima
solução, quando for uma área de alta erosão e nos cruzamentos (tubos - vias de tráfego)
sugeria-se que aumentassem a altura de profundidade do aterro.

Solução 3. A supervisão das obras durante a manutenção por um especialista ou contratação


da mão-de-obra experiente.

Solução 4. Substituição dos acessórios que apresentam uma mão desempenho, por estar
aplicado em longo tempo já apresentam defeito consequentemente da corrosividade da água e
do solo.

Solução 5. Substituição dos controladores de pressão, a leitura e controlo de pressão é


necessário que seja preciso.

Solução 6. Intensificação da fiscalização da área e sensibilização a colaboração dos


moradores a denunciar roubos e vandalizações.

46
CAPÍTULO V. CONCLUSÕES
O abastecimento de água com uma boa qualidade é um dos assuntos que tem que ser debatido
principalmente na cidade de Nampula, porque o problema de vazamento (fuga de água) é
notado em vários bairros deste município e é provável que este problema seja enfrentado em
todo território nacional. Com isso pede-se a intervenção das empresas fornecedoras, assim
como as comunidades a darem o seu contributo para ultrapassar-se este fenómeno, visto que,
além da ausência de água nas nossas torneiras, as águas vazadas alagam as nossas ruas
podendo por em riscos a nossa saúde.

Não é propositadamente que a população do bairro da Zona Militar preocupa-se em fazer


perfurações de poços subterrâneos, instalação de bombas hidráulicas para auxilia-lo a
elevação de água ou então a utilização das águas do rio para satisfazer suas necessidades. Este
bairro apresenta grandes défices no abastecimento de água.

Após um trabalho de campo árduo pelo bairro em estudo, a visita da empresa fornecedora de
água potável FIPAG e o dimensionamento realizado neste trabalho (redimensionamento da
rede existente usando o software Epanet), chegou-se a resultados satisfatórios. Visto que já se
fez o levantamento das causas das fugas e sugestão das intervenções que devem ser feitas para
as possíveis soluções.

Tal facto é de grande relevância para este trabalho, já que grande parte da população do bairro
em estudo lamenta pela falta de água nas suas torneiras a fraca pressão para realização dos
seus haveres quotidianos, além desta ausências que abala o bairro, a fuga deste liquido
compromete a saúde humana e a paisagem original do bairro.

5.1. Sugestões
 Os dados colectados em relação a população do local de estudo não foram dados
precisos, para estipular-se o tamanho total baseou-se pela quantidade de casas e achou-
se o produto de quatro pessoas por cada casa. Portanto sugere-se dados mais precisos
para os próximos trabalhos.
 Quanto a determinação de perdas de cargas desprezou-se dos coeficientes de
rugosidade dos acessórios (válvulas, joelhos, Tês e entre outros) que fazem parte da
rede. Para os próximos trabalhos sugere-se que incluam os coeficientes de rugosidade
destes acessórios para determinar as perdas de cargas.

47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO N. (1998). Manual de Hidráulica. 8ª. ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda.

AZEVEDO N.; FERNÁNDEZ, Y. (2017). Manual de Hidráulica. 9. ed. São Paulo: Blucher.

BAPTISTA, B.; COELHO, P. (2014). Fundamentos de Engenharia Hidráulica. 3. ed. Belo


Horizonte: Editora UFMG.

BELLO, J. L. P (2005). Metodologia Cientifica, uva, Rio de Janeiro.

COELHO, T.; LOUREIRO, D.; ALEGRE, H. (2006). Modelação e análise de sistemas de


abastecimento de água. Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR) e Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

GOMES, P. (2004). Sistemas de Abastecimento de Água: Dimensionamento Econômico e


Operação de Redes Elevatórias. 2a Edição. Editora Universitária / UFPB.

LAMBERT, A. (2000). A review of performance indicators for real losses from water supply
systems. AQUA/IWA.

MACHADO,N. (2011). Notas de aula da matéria Abastecimento de Água. Matéria


ministrada.

MARCONI, A. LAKATOS, M. (2008). Metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo:


Atlas.

NETO, M. (1998). Manual de Hidráulica. 8a edição. Editora: Edgard Blücher Ltda. São
Paulo.

ROSSMAN, A. EPANET 2. (2000). Users manual. U. S. Environmental Protection Agency,


Cincinnati, Ohio. Tradução e Adaptação pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Lisboa, Portugal.

SABESP. Apostila do Curso de Perdas. São Paulo: SABESP, 2005

TARDELLI FILHO, J. (2006). Controle e Redução de Perdas. In: TSUTIYA, MILTON T.


ET al. Abastecimento de Água. 3a ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e
Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2006. P 457-525.

48
TSUTIYA, T. (2006). Abastecimento de água. 3ª Edição. Departamento de Engenharia
Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo-SP.

Manuais, Regulamentos e Trabalhos Científicos


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12212 – Projeto
de poço para a captação de água subterrânea. 1992.

BOLETIM DA REPÚBLICA, (2018) - I SÉRIE — Número 207. Publicação oficial da


República de Moçambique.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, (2013)

Proposta de Dimensionamento de um Sistema de Abastecimento de Água para o Bairro de


Algodoal no Município de Abaetetuba – Pará; RESAG (2017).

REGULAMENTO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E DE


DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DE MOÇAMBIQUE.

REVISÃO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL DO PROJECTO DE


REABILITAÇÃO E EXPANSÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA A
CIDADE DE NACALA - Maputo, 2020.

RIBEIRO, W; ROOKE, S. (2010). Saneamento Básico e sua relação com o meio ambiente e
saúde pública. 28f. Monografia (Especialização em Análise Ambiental) – Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.

SILVA, E. (1998). Os cursos da água na história: simbologia, moralidade e a gestão de


recursos hídricos. Tese de Doutoramento. Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação
Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 1998.

UTILIZANDO A RIQUEZA DOS RECURSOS NATURAIS PARA MELHORAR O


ACESSO À ÁGUA E SANEAMENTO EM MOÇAMBIQUE: 2013– 2015 Programa da
Austrália para a Pesquisa em Desenvolvimento.

49
Endereços electrónicos
<http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/ranking/2016/tabela-das-100-cidades.pdf>.
Acesso em 05/07/2021.

<http://www4.fsanet.com.br/revista/index.php/fsa/article/viewFile/308/122>. Acesso em:


18/07/2021.

50
APÊNDICES
APÊNDICE A. PLANTA DA REDE DE ABASTECIMENTO DA ZONA MILITAR (CANAL PRINCIPAL)

52
APÊNDICE B. PLANTA DA REDE DE ABASTECIMENTO DA ZONA MILITAR (REDE DE DISTRIBUIÇÃO)

52
APÊNDICE C. TABELA DOS RESULTADOS DIMENSIONADOS DE TRECHO 1 A TRECHO 2

Cota topográfica Cota piezométrica


Vazão [l/s] [m] [m]
Identificação
Perda
do trecho Perda de
Comprimento Diâmetro de carga
carga Pressão
[m]]] [mm] total
Jusante Marcha Montante unitária Montante Jusante Montante Jusante [mca]
tb1 27 43.7 0.27 43.97 300 0.00142 0.03834 400 400 427 426.962 26.962
tb2 275 43.7 2.75 46.45 300 0.00157 0.43175 400 402 426.962 426.530 24.530
tb3 425 43.7 4.25 47.95 300 0.00166 0.7055 402 406 426.530 425.824 19.824
tb4 400 43.7 4 47.7 300 0.00165 0.66 406 405 425.824 425.164 20.164
tb5 445 43.7 4.45 48.15 300 0.00168 0.7476 405 409 425.164 424.417 15.417
tb6 220 43.7 2.2 45.9 300 0.00153 0.3366 409 400 424.417 424.080 24.080
tb7 30 43.7 0.3 44 300 0.00142 0.0426 400 400 424.080 424.038 24.038
tb8 120 43.7 1.2 44.9 300 0.00147 0.1764 400 400 424.038 423.861 23.861
tb9 70 15.6 0.7 16.3 200 0.00163 0.1141 400 400 424.080 423.966 23.966
tb10 70 12.48 0.7 13.18 200 0.00102 0.0714 400 400 423.966 423.895 23.895
tb11 275 28.1 2.75 30.85 200 0.00531 1.46025 400 399 423.861 422.401 23.401
tb12 225 3.12 2.25 5.37 200 0.000209 0.047025 400 398 423.966 423.919 25.919
tb13 102 12.48 1.02 13.5 200 0.00111 0.11322 400 398 423.919 423.806 25.806
tb14 80 12.48 0.8 13.28 110 0.015 1.2 398 399 423.806 422.606 23.606
tb15 50 5.15 0.5 5.65 110 0.00042 0.021 399 399 422.606 422.585 23.585
tb16 30 7.33 0.3 7.63 110 0.00565 0.1695 399 397 422.606 422.436 25.436
tb17 30 3.12 0.3 3.42 110 0.00128 0.0384 397 395 422.436 422.398 27.398
tb18 70 3.12 0.7 3.82 110 0.00573 0.4011 398 393 423.919 423.518 30.518
tb19 120 3.12 1.2 4.32 110 0.00197 0.2364 399 393 422.401 422.165 29.165
tb20 55 3.12 0.55 3.67 110 0.00146 0.0803 393 393 423.518 423.438 30.438
tb22 100 3.12 1 4.12 75 0.011 1.1 393 390 423.438 422.338 32.338
APÊNDICE D. TABELA DOS RESULTADOS DIMENSIONADOS DE TRECHO 23 A TRECHO 41

Cota topográfica Cota piezométrica


Vazão [l/s] [m] [m]

Identificação
Perda de Perda
do trecho
Comprimento Diâmetro de
carga
[m]]] [mm] carga Pressão
unitária
Jusante Marcha Montante Montante Jusante Montante Jusante [mca]
tb23 120 3.12 1.2 4.32 75 0.01275 1.53 393 390 422.165 420.635 30.635
tb24 80 24.98 0.8 25.78 200 0.00381 0.3048 399 396 420.635 422.096 26.096
tb25 80 24.98 0.8 25.78 200 0.00381 0.3048 396 392 422.096 421.791 29.791
tb26 242 18.74 2.42 21.16 200 0.00264 0.63888 392 390 421.791 421.153 31.153
tb27 85 6.24 0.85 7.09 110 0.00493 0.41905 392 392 421.153 421.372 29.372
tb28 30 6.24 0.3 6.54 110 0.00301 0.0903 392 390 421.372 421.282 31.282
tb29 60 3.12 0.6 3.72 75 0.00967 0.5802 390 390 421.282 420.702 30.702
tb30 50 3.12 0.5 3.62 75 0.00919 0.4595 390 390 420.702 420.823 30.823
tb31 80 3.12 0.8 3.92 110 0.00165 0.132 390 390 420.823 421.021 31.021
tb32 90 3.12 0.9 4.02 75 0.01116 1.0044 390 390 421.021 420.016 30.016
tb33 215 15.62 2.15 17.77 200 0.00191 0.41065 390 392 420.016 420.742 28.742
tb34 90 3.14 0.9 4.04 75 0.01116 1.0044 392 390 420.742 419.737 29.737
tb35 80 12.48 0.8 13.28 200 0.00111 0.0888 392 392 419.737 420.653 28.653
tb36 37 9.36 0.37 9.73 200 0.00062 0.02294 392 392 420.653 420.630 28.630
tb37 60 3.12 0.6 3.72 75 0.00967 0.5802 392 391 420.630 420.073 29.073
tb38 107 6.24 1.07 7.31 200 0.00037 0.03959 392 392 420.073 420.591 28.591
tb39 60 3.12 0.6 3.72 75 0.00967 0.5802 392 391 420.591 420.050 29.050
tb40 40 3.12 0.4 3.52 75 0.00873 0.3492 392 391 420.050 420.241 29.241
tb41 130 3.12 1.3 4.42 200 0.00014 0.0182 392 394 420.241 420.223 26.223
tb42 125 3.12 1.25 4.37 110 0.00201 0.25125 394 394 420.223 419.972 25.972
tb43 63 3.12 0.63 3.75 75 0.00981 0.61803 394 390 419.972 419.354 29.354
APÊNDICE E. TABELA DOS RESULTADOS DIMENSIONADOS DE TRECHO 44 A TRECHO 52

Cota topográfica Cota piezométrica


Vazão [l/s] [m] [m]
Identificação
Perda
do trecho Perda de
Comprimento Diâmetro de carga
carga
[m]]] [mm] total
Jusante Marcha Montante unitária Montante Jusante Montante Jusante Pressão [mca]
tb44 190 5.15 1.9 7.05 110 0.00048 0.0912 399 400 422.585 422.494 22.494
tb45 80 2.03 0.8 2.83 110 0.0009 0.072 400 400 422.494 422.422 22.422
tb46 75 3.12 0.75 3.87 75 0.0104 0.78 400 400 422.422 421.714 21.714
tb47 70 3.12 0.7 3.82 110 0.00157 0.1099 400 399 421.714 422.312 23.312
tb48 80 3.12 0.8 3.92 75 0.0106 0.848 399 398 422.312 421.464 23.464
tb49 280 4.21 2.8 7.01 110 0.00483 1.3524 397 399 421.464 421.084 22.084
tb50 55 1.09 0.55 1.64 75 0.00215 0.11825 399 400 421.084 420.965 20.965
tb51 200 3.12 2 5.12 75 0.0174 3.48 399 394 420.965 417.604 23.604
tb52 210 3.12 2.1 5.22 75 0.0181 3.801 395 390 417.604 422.398 32.398
ANEXO
ANEXO A. REGULAMENTO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE DISTRIBUIÇÃO DE
ÁGUA E DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DE MOÇAMBIQUE

“Dimensionamento hidráulico”

1. O dimensionamento hidráulico da rede de adução e distribuição deve ter em atenção a


necessidade de minimizar os custos globais do sistema, incluindo custos de primeiro
investimento e custos de exploração e garantindo o nível de serviço pretendido.
2. A minimização dos custos deve ser conseguida através de uma combinação criteriosa
de diâmetros, observando-se as seguintes regras:
a) a velocidade de escoamento para o caudal de ponta no horizonte do projecto não
deve exceder, por razões de estabilidade, de flutuações de consumo e de regimes
transitórios, o valor calculado pela expressão:
V = 0,127 D0,4

Onde V é a velocidade limite (m/s) e D o diâmetro interno da tubagem (mm);

b) a velocidade de escoamento para caudal de ponta no ano de início de exploração


do sistema não deve ser inferior a 0,30 m/s por razões sanitárias e nas condutas
onde não seja possível verificar este limite devem prever-se dispositivos
adequados para descarga periódica e postos de cloragem suplementares;
c) a pressão máxima, estática ou de serviço, em qualquer ponto de utilização não
deve ultrapassar os 600 kPa, medida ao nível do solo;
d) por razões de conforto para os utentes e de segurança do equipamento, não é
aceitável que a flutuação de pressões ao longo do dia e em qualquer local de
consumo exceda 300 kPa grande flutuação de pressões em cada nó do sistema,
impondo-se uma variação máxima ao longo do dia de 300 kPa;
e) excluindo a ocorrência de situações excepcionais, a pressão de serviço na rede de
distribuição pública ao nível do arruamento não deve em caso algum ser inferior a:
 nos fontanários: 60 kPa;
 nas torneiras de quintal: 30 kPa
 no ramal de ligação de edifícios com ligação domiciliária: 150 kPa (suficiente
para abastecer sem sistema de bombeamento um edifício de três pisos)‖

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