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PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA PROJETO DE

CONSULTORIA DE PESQUISA DE MERCADO: ESTUDO DE


CASO DE EMPRESA AMBIENTAL CONTRATANTE

Tatielle Menolli Longhini (UFMG) tatielle.longhini@gmail.com


José Nilton Longhini (FGV) mjn_8@hotmail.com
Rafaela Campos da Silva (ITA) rcampos@ita.br
Cybelle Menolli Longhini (UESC) belle_longhini@yahoo.com.br

Resumo: O presente trabalho tem por finalidade a proposta de metodologia de gestão de


processos de projetos por uma empresa de consultoria a uma empresa ambiental contratante.
Trata-se da execução de um trabalho de pesquisa de mercado encomendada por sócios que
desejam a implementação de empreendimento na área de análises químicas, físicas e
biológicas de água na região do extremo Sul da Bahia. Devido às peculiaridades do serviço
prestado em atividades de consultoria, como a alocação de recursos – físicos, econômicos,
humanos -, além do tempo de realização do projeto e às condições contratuais firmadas entre
contratante e contratado, há uma carência em se estabelecer uma base metodológica para
que a mesma seja desenvolvida. Assim, objetiva-se nesse trabalho consolidar, por meio de um
estudo de caso, os aspectos de gerenciamento de projetos essenciais à execução de atividades
de consultoria, à compreensão das principais questões e os problemas relacionados à
implementação e gestão deste tipo de projeto em um laboratório de análises químicas, físicas
e biológicas de fluidos e matérias-primas.
Palavras-chave: serviço de consultoria; gestão de projetos; pesquisa de mercado; proposta
de metodologia.

1 Introdução
Define-se projeto como o alinhamento de atividades intelectuais básicas, tais como
análise, síntese, previsão, avaliação e decisão. A partir delas, dada sua organização e objetivo
de execução, conduz-se a características e resultados distintos. De acordo com o PMBOK
(2000) é designado, de maneira geral, como um empreendimento temporário feito para criar
um produto ou serviço único.
O desenvolvimento de um projeto de qualidade depende dos procedimentos
metodológicos bem implementados, assim como a capacitação da equipe envolvida para
realiza-lo e a disponibilidade de informações. Para PMI (2004), a qualidade é definida como o
grau de satisfação dos clientes pertinente às características inerentes. Em adição, PMI (2004)
afirma também que verificar a origem de falhas e desenvolver procedimentos que permitam a
otimização da tomada de decisão e avaliação de evolução do projeto.
Segundo Oliveira (2006) a consultoria empresarial é uma atividade cujo processo
mantém-se interativo com os fatores de mudança externos à empresa. Assim, ações de
consultoria servem de base para auxiliar administradores e profissionais responsáveis pela
tomada de decisões da empresa e colocação no mercado de maneira adequada às condições de
atuação visualizadas. Paralelamente, Pinto e Slevin (1983) destacam a relevância do ambiente
que contorna o processo de gestão de projetos; isso por que parte-se do princípio de que um
projeto bem sucedido deve contemplar os seguintes critérios: tempo, custo, eficácia e
satisfação do cliente.
Slack et. al (1999) afirmam que a melhoria contínua das operações agrega maior
competitividade à organização; tomando como base as lições aprendidas e desenvolvidas,
cabe a organização mapear o conhecimento atrelado a cada componente, além de identificar
competências e torná-las acessíveis ao restante dos envolvidos no projeto. Mediante tal
levantamento de dados, promulgam-se linhas de desenvolvimento na área de Gestão de
Processos em paralelo com planos de Gerenciamento de Projetos. Slack et. al (1999) prediz
que o desenvolvimento e a implementação de processos é fundamental para a definição dos
processos-chave, metas, objetivos e indicadores de desempenho, além de possibilitar o
conhecimento aprofundado de todas as operações envolvidas para a execução de um serviço.
No contexto de pesquisa de mercado, segundo Kotler (2000) há uma dependência da
definição dos interesses dos stakeholders do projeto – governo, acionistas, investidores,
mercado consumidor, fornecedores e credores – para estabelecimento das bases do projeto.
Além disso, para configurá-lo da maneira correta convém realizar a análise de estratégia,
financeira, contábil e prospectiva do negócio a fim de estipular o retorno do projeto, bem
como os cenários pertinentes de atuação de mercado (Kotler, 2000).
O presente trabalho intenciona, portanto, propor um procedimento metodológico de
gestão de projeto para a realização de uma pesquisa de mercado encomendada por um
laboratório de análises químicas, físicas e biológicas de fluidos e matérias-primas da região do
extremo sul da Bahia. Isso por que como a ação de empresas de consultoria encontram-se
voltadas para realização de projetos e a implementação de uma proposta metodológica
apresenta-se como uma alternativa viável. Especialmente por envolverem em seu
desenvolvimento pessoas e a rotatividade da equipe poder representar uma perda considerável
ao projeto.
1.1 Problema de Pesquisa
Diante do que foi supracitado, define-se como problema de pesquisa do presente
trabalho:
“Qual o procedimento metodológico para realização de projeto de pesquisa de mercado a
empresa ambiental contratante?”.
1.2 Objetivos
Propor procedimento metodológico para realização de projeto de pesquisa de mercado
efetuado pela empresa de consultoria em decorrência requisitos de projeto solicitados pela
empresa ambiental contratante.

1.3. Justificativa
Rabechini Jr et al. (1996) destacam em seus estudos que empresas brasileiras
mostram-se que poucas apresentam um modelo de gerenciamento do processo de projetos.
Além disso, ressalta-se que a inteligência é tida como o principal ativo organizacional no
cenário competitivo pós-industrial (HANDY, 2000). Corrobora-se com o que Kanter (1998) e
Emmit (2007) afirmam ao apontar que o engajamento das pessoas aos objetivos corporativos
está intrinsicamente ligado aos desafios e a criatividade de maneira que se possa investir
esforço físico e mental para solucioná-los.
A realização da pesquisa de mercado é uma diretriz da tomada de decisão de
empreendimentos, especialmente no contexto atual, caracterizado pela velocidade de mudança
de conjuntura de mercado (KOTLER, 2000). A partir disso, decorre-se o planejamento
estratégico da organização, segmentando-se o mercado pela cadeia de suprimentos
requisitada, assim como as necessidades do público alvo. Permite-se, por fim, a delimitação
de processos de atuação, acompanhamento, controle e avaliação de resultados (KOTLER,
2000).
De acordo Frame (1999), seus estudos evidenciaram sete importantes elementos para a
qualidade do gerenciamento de projeto: procedimentos claros e bem desenvolvidos;
acessibilidade à informação, recursos em qualidade e quantidade diferente, possibilidades de
capacitação, conhecimento comum dos objetivos da organização, cultura voltada à melhoria
contínua e a institucionalização do gerenciamento de projetos.
A modelagem é um procedimento metodológico onde se verificam os recursos
alocados, as informações e os dados, e suas interações – evidenciando os pensamentos e as
abordagens necessárias para a resolução dos problemas das empresas (EMMITT, 2007). Com
a visão global do projeto e seus respectivos processos, faz-se possível a definição de
parâmetros de qualidade, bem como a transparência em seu modo de execução e
sistematização, voltando-se a maior qualidade de realização (TZORTZOPOULUS, 1999).
Assim, de um modo geral, assume-se que a documentação de processos facilita a condição de
comunicação, análise, síntese, tomada de decisão ou controle.
2. Referencial Teórico
2.1. Gestão de Projetos e Estrutura
O conceito de projetos tem sido discutido evoluído ao longo dos últimos anos. De
acordo com a norma ISO 10006 (1997), projeto é definido como uma consolidação de
atividades coordenadas e controladas através de datas de início e término, sendo um processo
único e para alcance de requisitos específicos, sob limitações de tempo, custo e recursos, e
envolvem geralmente elevados riscos para que o propósito seja alcançado (PMBOK, 2000;
TUMAN, 1983). acrescentam ainda que os projetos são decorrentes da execução de
estratégias organizacionais e fornecem uma filosofia quando se deseja fazer mudanças nas
organizações. (CLELAND et al, 2002; SOTILLE et al, 2007).
Adiciona-se a isso a expectativa de desempenho e a designação de tarefas bem
delimitadas, de modo que se faça entendível, portanto, o conhecimento de gerenciamento de
projetos, bem como a necessidade de aprimoramento na administração de suas nove áreas
distintas - integração, escopo, prazos, custos, recursos humanos, aquisições, qualidade, riscos,
comunicação do empreendimento (TUMAN, 1983). PMBOK (2000) introduz ainda a
necessidade de atendimento de interesses dos stakeholders – interessados no projeto -, a fim
de que quatro condicionantes de sucesso sejam atendidas - tempo, custo, eficácia e satisfação
do cliente.
Pinto e Sleven (1983) relatam em seu trabalho que existem evidências empíricas que
explicitam os fatores críticos de sucessos de um empreendimento. Estes são mais observados
através da interpretação da missão do projeto, do suporte gerencial, do planejamento, do
cliente consultor e das questões de administração do pessoal, das tarefas técnicas, do aceito do
cliente, do monitoramento, das comunicações e da gerência conciliadora (PINTO &
SLEVEN, 1983).
Emmitt (2007) introduz que o mapeamento do processo de projeto, ou mesmo sua
modelagem, é condição fundamental para a especificação das fases do projeto e explicitar a
maturidade inerente. Paralelamente, Tzortzopoulus (1999) afirma os benefícios da modelagem
de processos, devido a possibilidade de visualização do sequenciamento de atividades e a
visualização do encadeamento de atividades, recursos e tempos atribuídos para a execução de
tarefas – o que permite a evidenciação de pontos de melhoria e diminuição de perdas e gastos.
O desenvolvimento estrutural é um fator importante para a determinação do sucesso
ou fracasso de um projeto. Isso por que, de acordo com Patah e Carvalho (2002), a estrutura
organizacional estabelece a alocação das pessoas nas organizações, o que influencia
diretamente a execução dos projetos planejados. Além disso, os executivos perceberam que a
dinamicidade das organizações encontra-se relacionada com a capacidade de resposta às
tendências de mercado e, dentro desse quadro, a estrutura organizacional diz muito sobre a
flexibilidade em adaptar-se (KERZNER, 2002).
2.2. Serviço de Consultoria
De acordo com Oliveira (2006), a consultoria empresarial é tratada como um processo
interativo com agentes de mudanças externos em que a empresa, ao ser contratada, admite a
responsabilidade de assessorar executivos e profissionais da empresa contratante à tomada de
decisões sem possuir, necessariamente, o controle direto da situação. Como a empresa
contratada não tem obrigação de conhecer o negócio da empresa que a contratou, o primeiro
passo é compreender suas atividades estratégicas, táticas e operacionais, e como se dá sua
atuação no negócio como um todo (SLACK et al.., 1999). Ainda de acordo com Oliveira
(2006), o conhecimento entre ambas as partes deve efetivar uma parceria integrada entre o
funcionamento do negócio em si e os mecanismos e ferramentas administrativa, afim de que
se busque solução para a empresa-cliente.
A fim de que o problema seja mitigado, o consultor deve ter pleno entendimento
acerca da problemática selecionada a ser solucionada. O diagnóstico situacional – figura 1 -
promove a delimitação das causas reais das problemáticas do cliente (OLIVEIRA, 2006). A
descrição do produto da consultoria, assim, depende dos requisitos estipulados a partir das
condições contratuais; com o produto especificado, direciona-se melhor o processo de
negociação e a compreensão da demanda contratada (SLACK et al.., 1999).
De acordo com Oliveira (2006), o consultor deve demonstrar a empresa que o
contratou - através de um bom relacionamento contratante-contratado – conhecer acerca dos
problemas delatados pelo cliente. Além disso, deve visualizar as problemáticas mediante a
ótica do cliente, e identificar a relação e as contradições entre os problemas relatados
(OLIVEIRA, 2006). O conhecimento em potencial dos consultores é o principal ativo das
empresas de consultoria, que buscam reciclar seus entendimentos específicos através de
continuar programas de treinamento (SLACK et al., 1999). Após a realização do diagnóstico
situacional, Oliveira (2006) prediz que se necessita realizar os questionamentos corretos à
empresa contratante para identificar os problemas recorrentes e definir o escopo do projeto –
através de relatório, anotações, conclusões e outras importantes informações.
2.3. Pesquisa de Mercado
Ao se formalizar projetos mediante a obtenção de dados específicos a solução de um
problema – direcionados a serviços e produtos - desenvolve-se a pesquisa de mercado
(SAMARA, BARROS, 2002). Paralelamente, Aaker, Kumar e Day (2007) definem que a
pesquisa de mercado condiciona apoio à tomada de decisão, ao disponibilizar informações
relevantes e peculiares ao empreendimento, condicionado a elaboração de estratégia coerente
às necessidades da empresa. O processo decisório é resultante de informações e dados únicos
para a formalização estratégica da organização, e requisita um sistema de inteligência para tal,
de modo que o risco associado a decisão seja minimizado (AAKER, KUMAR, DAY, 2007)
É importante salientar a diferença entre pesquisa de mercado e pesquisa de marketing,
haja visto que o primeiro é focado em identificar e organizar dados e informações a respeito
de um mercado em específico, ao passo em que o segundo é mais abrangente ao analisar
dados empíricos, tornando-se mais sistemático e objetivo às oportunidades associadas ao
marketing de serviços/produtos (DUTRA, SOUZA, 2002; SÂMARA, BARROS, 2002) .
Freitas e Moscarola (2002) designam pesquisa de maneira mais generalizada como obtenção,
estudo e extração de informações internas e externas às organizações que são pertinentes.
3. Metodologia
Segundo Goode e Hatt (1969), o Método do Estudo de Caso não se trata de uma
técnica em específico, uma vez que se trata muito mais de um procedimento de organização
dos dados sociais intuindo a preservação do caráter unitário do objeto social em estudo. Além
disso, Bonoma (1985) o classifica como uma técnica pedagógica e geradora de insights
mediante a realização de pesquisas exploratórias, especialmente no setor de administração de
empresas. Ressalta-se que pesquisas desenvolvidas nesse setor não se caracterizam
necessariamente como uma pesquisa propriamente dita, mas sim um instrumento pedagógico
e de consultoria empresarial (BONOMA, 1985).
Paralelamente, Gil (2002) preconiza que o estudo de caso é profundo e intenso em um
ou poucos objetos de forma que possibilita conhecimento amplo e pormenorizado do mesmo.
Yin (2005) complementa que se trata de mecanismo de investigação que mantém
características significativas dos objetos reais de pesquisa, ao passo em que se aprofunda na
ocorrência dos fenômenos observados e possui baixo controle sobre os eventos.
O presente estudo tem como finalidade a realização do levantamento de requisitos
necessário para o desenvolvimento do projeto de análise de viabilidade, frente a atuação no
mercado de análises ambientais, biológicas e químicas na região do extremo sul da Bahia.
Pleiteia-se a definição dos procedimentos utilizados para a análise de viabilidade de
implementação do empreendimento a fim de que se possibilite a análise de investimento,
levantamento de cenários de atuação, portfolio de produtos, pesquisa de mercado e avaliação
de localidade do empreendimento. Ou seja, trata-se da definição de diretrizes de
gerenciamento de projeto para a prestação de serviço de consultoria – sendo este uma
pesquisa de mercado contratada por um laboratório de análises químicas e biológicas de
efluentes, para a expansão de mercado e filiais.
4. Análise de Resultados
4.1. Estudo de Caso: Descrição da Empresa Contratante
A empresa contratante deseja implementar um empreendimento na região do extremo
sul da Bahia na área de análises químicas, físicas e biológicas de fluidos e matérias-primas.
Pretende-se o desenvolvimento de um laboratório que realize um diagnóstico preciso e
confiável, mediante ensaios físico-químicos e microbiológicos com intuito de analisar: (i)
Água; (ii) Fármacos/Cosméticos/Produtos de Higiene; (iii) Efluentes; (iv) Alimentos; (v) Ar;
(vi) Swab.
A solicitação inicial de análise do projeto foi feita na cidade de Eunápolis-BA,
pretendendo abranger atendimento aos municípios de Itabuna, Ilhéus, Canavieiras, Belmonte,
Porto Seguro, Vitória da Conquista, Santo André e Santa Cruz de Cabrália, todos situados do
estado da Bahia. Tal abrangência se dá pela perspectiva de prestação de serviço e pela
abrangência do portfólio de atuação a qual se deseja oferecer.
Em função dos serviços que se deseja prestar, a empresa contratante do projeto relatou a
empresa de consultoria que inicialmente projeta alcançar a rede clientes – (i) Laboratório de
Análises; (ii) Rede Hoteleira; (iii) Setor de pesca; (iv) Setor de Carcinicultura; (v) Indústria;
(vi) Residências; (vii) Fazendas e (viii) Estabelecimentos. Definiu assim, pois acredita que
sua abrangência de serviços é capaz de atendê-los de maneira completa.
4.2. Serviço da empresa de consultoria contratada
Frente às demandas e requisitos entregues pela empresa solicitante do projeto, a
empresa de consultoria contratada alocou dois engenheiros de produção para desenhar o
modelo de negócio, analisar a posição estratégica a ser adotada para a realização da pesquisa
de mercado frente ao contexto de concorrência, localização do empreendimento e portfólio de
produtos, além da própria análise financeira, para que aponte a viabilidade econômica do
projeto. O projeto possui como período de desenvolvimento o prazo de 2 (dois) meses e
atestará a viabilidade de execução. Por motivos confidenciais, os preços associados a
prestação do serviço de consultoria não são revelados no presente trabalho.
A estratificação das análises para a execução do projeto de pesquisa de mercado
compõe uma necessidade para levantamento de dados e informações prévias para a montagem
de modelo de negócio, caso se ateste a viabilidade do projeto. Tais características configuram
as peculiaridades de atuação do setor na região avaliada, bem como a possibilidade de se
consolidar uma colocação estratégica e competitiva frente aos concorrentes e às necessidades
dos clientes levantados.
4.2.1. Análise de Concorrência
A realização da análise de concorrência perpassa em si as avaliações dos produtos
oferecidos, dos clientes potenciais, das estratégias de promoção de produtos e pela análise da
praça de comercialização – demonstra-se na figura 1. Tratam-se de condicionantes
fundamentais para que se visualize as características de atuação no setor desejado. Ressalta-se
que produto, como foi designado no desenvolvimento dos diagramas, refere-se a prestação de
serviço e a realização das análises solicitadas por parte dos clientes.
FIGURA 1 – Análise de concorrência – Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Fonte: elaborado pelos atores.
Um dos importantes fatores para a designação da análise de concorrência compete a
visualização dos produtos oferecidos no mercado existente, de modo que sejam identificados
os players do setor, o market share de vendas que transcorre a avaliação de preços respectivos
aos produtos oferecidos. A partir desse levantamento, permite-se a classificação por
prioridades de produtos por margem de lucro associada, de forma que se condicione e
visualize a localidade de vendas expressivas a rentabilidade e lucratividade do negócio.
Além disso, a percepção dos clientes potenciais essencial para atestar a viabilidade do
negócio. Levantar as empresas potenciais de requisição do produto e segmenta-las por
demandas – tipo de produto, volume, periodicidade e empresas que já prestam o serviço a elas
–, de maneira que as classifique por localidade e tipos de demandas a fim de que se formule o
modelo estratégico de prestação de serviço.
A promoção de produtos condiz às estratégias de inserção e visibilidade de produtos
no mercado. Para tal, o levantamento dos produtos existentes no mercado, juntamente com a
análise das estratégias de marketing utilizadas a cada produto, permite uma avaliação
qualitativa e criteriosa das ações de marketing mais efetivas a divulgação e colocação do
produto no canal de venda. A praça de comercialização compete à avaliação da estratificação
de produtos por localidade analisada. Consolida a identificação de volume de vendas
projetado, bem como a avaliação de demandas e exigências por localização.
4.2.2. Análise de Localização
Para a análise de localização do empreendimento – figura 2 -, faz-se necessário o
levantamento de fornecedores, de clientes, custos e aspectos qualitativos de avaliação. Tais
predicativos condicionam a avaliação de localização otimizada do empreendimento conforme
às necessidades da sua cadeia de suprimentos e a análise dos especialistas e interessados pelo
projeto.

FIGURA 2 – Análise de localização - Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Fonte: elaborado pelos atores.
Para a análise de fornecedores, necessita-se que a empresa se mantenha coesa com sua
necessidade periódica de matérias-primas e comparar com a capacidade de entrega associada
a cada fornecedor levantado. Alinhar essas condicionantes com variáveis de preço, qualidade
e volume requisitado são essenciais para a estruturação de uma estratégia a competitiva que
atenda ao modelo de negócio a ser desenvolvido ao projeto.
Já para a análise de clientes compete ao projeto identificar potenciais empresas
solicitantes de produtos e serviços na localidade que se definiu, de modo que sejam
estratificadas conforme tipo de serviço solicitado, volume de pedido e custos associados a
transação e deslocamento. Dessa forma, tenta-se montar um modelo estratégico de negócio
que priorize a adaptação do empreendimento frente aos requisitos e necessidades do projeto.
A análise de custos constitui uma etapa fundamental, pois condiciona uma vantagem
estratégica seja no ganho de mercado por preços, ou por aumentar as margens de contribuição
do negócio. Para isso, faz-se importante o levantamento de custos de transação e aquisição de
matérias-primas, volume de pedidos e tempo de realização do serviço.
Quanto aos aspectos qualitativos, identifica-se que o mesmo serve de apoio a tomada de
decisão e sustentação das avaliações anteriores realizadas. Reflete-se a opinião especialista a
respeito de qualificação de mão-de-obra, dos aspectos geográficos, da capacidade de
estruturação, dos critérios regulamentares e possibilidade de atuação junto ao seu mercado
consumidor.
4.2.3. Portfólio de Produtos
Para a análise de portfólio de produtos necessita-se da estratificação de clientes, dos
cenários de atuação e da análise de contratos – figura 3. Trata-se do modelo e da plataforma
de produtos que virá a ser oferecida diante das necessidades e requisitos levantados dos
clientes.

Figura 3 – Portfólio de Produtos - Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Fonte: elaborado pelos atores.
A estratificação de clientes é a primeira etapa referente ao desenvolvimento do
portfólio de produtos que será oferecida após a realização do projeto de análise de
investimento. A partir da localização e identificação de empresas-clientes em potencial,
visualiza-se os tipos de produto solicitados, a projeção de volumes demandados por empresa-
cliente, a identificação de empresa com maior nível de solicitação e a análise de margem de
lucro associada a cada prática a ser executada pela empresa contratante do projeto na
execução do empreendimento.
Já a análise de cenários de atuação compreende os levantamentos a curto, médio e
longo prazo diante de perspectivas otimistas, realistas e pessimistas que configurem a
avaliação de viabilização do projeto diante das fases de iniciação, crescimento e maturidade.
Permite a montagem de cenários diferenciados frente aquilo que se oferece e se exerce no
mercado, e permite a empresa contratante estabelecer suas metas e objetivos na ampliação e
consolidação do seu portfólio de produtos.
A análise de contratos apresenta os requisitos explicitados pelas empresas-clientes para que se
utilize o serviço e o produto comercializado. Neste quesito são levantadas as oportunidades de
contrato existentes no mercado e a forma de pleitear, ao longo do horizonte de tempo, a ser
admitida.
4.2.4. Análise Financeira
A análise financeira – figura 4 - é a cerne da avaliação quantitativa de viabilidade de
projeto, uma vez que dá um indicativo de retorno ao investimento realizado – desejável como
finalidade de justificar o esforço financeiro empreendido. Para tal, viabilizaram-se a análise
de cenários, os investimentos iniciais e as projeções financeiras em si.

Figura 4 – Análise financeira - Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Fonte: elaborado pelos atores.
A análise de cenários de atuação compreende os levantamentos ao longo dos
horizontes de tempo perante diferentes perspectivas de evolução e fases de maturidade. Dessa
maneira, estruturam-se diferentes cenários de atuação, que permite a empresa contratante do
serviço situar-se frente aos seus objetivos e metas de atuação ao longo dos anos.
A análise de investimentos necessários contempla o levantamento de equipamentos e
utensílios necessários ao estabelecimento da estrutura física do negócio. Por isso inclui-se os
custos de instalação, de fornecedores – levantamento de orçamento segundo requisitos de
equipamentos, e suas respectivas relações custo-benefício -, de mão-de-obra, capital de giro
para a viabilização da saúde do empreendimento e de linhas de crédito e financiamento –
segundo tempo de carência, taxa de juros, valor e tempo de pagamento.
Após todos os levantamentos precedentes, finalmente executam-se as projeções
financeiras. Para tal, desenvolvem-se os fluxos de caixa de entradas e saídas, determina-se os
períodos de tempos às diferentes fases de maturidade e etapas no horizonte de tempo afim de
que se analise a viabilidade através do método VPL e TIR, adequando-se às tendências
verificadas no setor.
Realizados todos os procedimentos relatados e apresentados, o serviço de consultoria
conseguiu extrair a realidade de atuação do setor, frente à região a qual se deseja implementar
o negócio, e atestar a viabilidade de implementação do negócio conforme o projeto
desenvolvido. Para tal, todas as localidades listadas e os serviços propostos a serem realizados
por parte da empresa-contratante do estudo serão implementados e desenvolvidos. Além
disso, os dados e informações coletadas possibilitaram a compreensão e consolidação do
modelo estratégico no negócio.
5. Considerações Finais
O desenvolvimento de projetos de consultoria requisita controle em todo o processo a fim
de que a execução seja coesa com o planejamento e com o os requisitos estipulados pelas
empresas-contratantes do serviço. Não se pode afastar em momento algum dessas
condicionantes, e deve-se avaliar se os requisitos estipulados correspondem à realidade
observada ou venha corresponder uma atuação condizente como o modelo de negócio
construído.
Devido à dificuldade de execução de projetos sob tais características, bem como a
necessidade de adaptação e adequação a diferentes cenários e necessidades levantadas,
empresas prestados de tais serviços devem ser flexíveis em conhecimento e alocação de
recursos para a execução. Nesse quesito, adiciona-se a capacidade de designação financeira,
dos recursos humanos e o tempo de realização do pleito.
Em função disso, o desenvolvimento de metodologia própria, bem como a documentação
de procedimentos para a execução do projeto tornam-se opções indispensáveis a uma empresa
que se presta a realização de serviços de consultoria. Os procedimentos executados para a
empresa contratante do projeto – o laboratório de análises químicas, microbiológicas e físico-
químicas de fluidos e matérias-primas – contemplaram a o estudo de viabilidade de
implementação do empreendimento. Possibilitou-se, também, a designação do modelo de
negócio a ser trabalhado de forma a apresentar um diferencial frente as demais empresas
atuantes no setor.
Conclui-se que envolver-se no estabelecimento de metodologias e procedimentos de
conduta possibilita a perpetuação de conhecimento a demais projetos que virão a ser
executados por uma empresa de consultoria. Permite também a melhoria contínua dos
procedimentos adotados como forma de viabilizar melhor critérios de alocação de recursos e
de tempo para a implementação e designação de projetos.

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