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BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Prefácio
A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) criada através do
Decreto nº 49/98, de 22 de Setembro, é uma instituição do Es-
tado com o papel de organizar e manter o mercado secun-
dário centralizado de valores mobiliário, que almeja tornar-se
uma praça financeira de referência na oferta de produtos e
serviços no mercado de capitais.

Apesar dos resultados positivos nos 20 anos de existência da


BVM, temos consciência que persistem alguns desafios de re-
levo, em especial a necessidade de aumentar o número de
empresas cotadas em Bolsa, o incremento dos seus principais
indicadores de crescimento, nomeadamente a capitalização
bolsista do mercado, o volume de negócios, a liquidez do mer-
cado, o número de títulos cotados e registados na Central de
Valores Mobiliários (CVM).

É com referência a estes desafios que a BVM tem conduzido


vários estudos em busca de soluções adequadas para o perfil
das empresas moçambicanas, procurando garantir uma Bolsa
inclusiva, para todos os segmentos de empresas e de investido-
res. O número de empresas cotadas na BVM em 20 anos nove
empresas, sendo que apenas uma no segmento de mercado
para Pequenas e Médias Empresas – PME’s), leva-nos a reflectir
cada vez mais na necessidade de se adoptar na BVM, novas
alternativas para o crescimento dos Mercados Oficiais da Bol-
sa1.

1 Mercado de Cotações Oficiais (MCO) e Segundo Mercado

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

O presente estudo, vem por um lado reforçar a necessidade


da abertura da BVM para uma parceria estreita com orga-
nizações como a Confederação das Associações Económi-
cas de Moçambique (CTA), o Instituto para a Promoção das
Pequenas e Média Empresas (IPEME) e o Instituto de Gestão
das Participações do Estado (IGEPE), que são entidades cuja
missão é o desenvolvimento do sector empresarial, e por outro
lado, para a participação de instituições de relevo para a for-
tificação das empresas nos aspectos organizacionais, que é o
caso da Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique
(OCAM) e o Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de
Moçambique (ISCAM).

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


Salim Cripton Valá
PCA da BVM

Mensagem do Presidente do
Conselho de Administração da Bolsa
de Valores de Moçambique
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

TERCEIRO MERCADO DE
BOLSA:
Uma ferramenta para
ampliar a intervenção da
BVM no Mercado Bolsista
Durante muito tempo, as Bolsas de Valores se revestiram de
uma natureza misteriosa, com uma percepção de aventura
no qual “só participavam no jogo” os grandes magnatas das
finanças, indivíduos especializados no assunto e especuladores
com poucos escrúpulos. As pessoas comuns, pouco familiari-
zadas com a maneira como as Bolsas operam, recebiam infor-
mações distorcidas, tendenciosas ou enviesadas de romancis-
ta ou roteiristas de cinema. Como resultado disso, as Bolsas de
Valores passaram a ser encaradas como locais onde ocorrem
grandes perdas ou ganhos, como nos casinos.

Essa visão negativa das Bolsa de Valores, que prevaleceu por


muito tempo, não impediu que, na actualidade, elas voltas-
sem a ocupar um lugar de relevo no contexto económico,
como local onde se gerenciam capitais, formatando opera-
ções financeiras e assumindo sua dupla função como canali-
zadoras da poupança e como instrumentos de financiamento
empresarial. Ademais, pela sua natureza e função, as Bolsas de
Valores se assumem como o “verdadeiro barómetro da econo-
mia”, elemento dinamizador das próprias empresas, promotor
da boa governação corporativa e factor de estímulo ao em-
preendedorismo.

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BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Com o advento da globalização, as economias passaram a ser


mais interligadas, diminuindo consideravelmente suas barreiras
alfandegárias, formando blocos económicos e expondo-se
mais aos agentes económicos. Além desses fenómenos, a fra-
gilidade dos sistemas económicos que não aplicam os funda-
mentos macroeconómicos cria condições para a emergência
de crises económico-financeiras, que abalam as economias
dos países, em particular os menos desenvolvidos e não indus-
trializados como o nosso. A globalização apresenta também
riscos em função de três factores a saber: (i) intercomunica-
ção instantânea, que aumenta a volatilidade dos capitais;
(ii) a interligação do sistema financeiro internacional, e; (iii) os
novos agentes financiadores, que estão fora do controle dos
bancos centrais (Piketty, 2014; Stiglitz, 2002 & Krugman, 2006)2. É
preciso olhar para a globalização “não apenas como um mal
a evitar”, mas como algo que trás vantagens para os países
que melhor a usam para o seu crescimento e desenvolvimento
económico, e encarar os riscos económicos como uma linha
determinante que sinaliza que caminho percorrer para “evitar
cair na armadilha sempre presente da competição económi-
ca global, onde há ganhadores e perdedores”.

Movidas pela globalização, associada ao imparável avanço


tecnológico, as Bolsa de Valores vivem um período de gran-
des transformações, uma clara transição paradigmática, não
apenas ditada pelo movimento de fusões, aquisições e inte-
grações de algumas Bolsas, mas igualmente pelo reconheci-
mento de que é crescentemente importante que cada país e
sistema económico possa usar mais a Bolsa de Valores como
instrumento de financiamento, promoção da poupança e in-

2 Piketty, Thomas (2014). O Capital no Século XXI. Ro de Janeiro: Intrínseca; Stiglitz,


Joseph (2002). Globalização: A grande desilusão. Lisboa: Terramar, e; Krugman,
Paul (2006). A Desintegração Americana: EUA perdem o rumo do século XXI. Rio de
Janeiro: Editora Record;

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vestimento seguro, credível e rentável, para as empresas e os


investidores.

É nessa esteira que a Bolsa de Valores de Moçambique (BVM),


depois de completar 20 anos de funcionamento, e baseado
num estudo profundo que foi levado a cabo entre 2018 e 2019,
e em articulação com os seus parceiros estratégicos (CTA,
IGEPE, ATM, IPEME, OCAM e ISCAM), achou ser oportuno e de
grande acuidade para o mercado bolsista, a criação do Ter-
ceiro Mercado.

Gostaríamos de realçar que este novo mercado resultou da


demanda de parte do sector empresarial moçambicano, tem
o respaldo nas boas práticas internacionais e encontra enqua-
dramento da regulamentação vigente sobre o mercado de
capitais. É uma reforma no modo de reposicionar a BVM no
xadrez do sistema financeiro moçambicano, e um mecanismo
eficaz de aproximar mais a energia, o talento e o espírito em-
preendedor dos moçambicanos para o mercado de capitais.

Optar por este caminho significa que temos consciência do


nosso percurso institucional e das suas vicissitudes, encaramos
com seriedade e realismo o facto do contexto económico ser
ainda adverso e vestido de incertezas, mas encaramos os de-
safios com frontalidade, e identificando neles oportunidades
para fazer as coisas de outra forma e socorrendo-nos de novas
abordagens e enfoques. Esta mudança que abraçamos mos-
tra que, perante os constrangimentos e gargalos concretos,
optamos por adoptar uma atitude firme, não titubeante nem
revestida de medidas paliativas.

A saúde, capitalização bolsista, liquidez do mercado e o volu-


me de negócios de uma Bolsa de Valores é vital para a econo-
mia e o sistema financeiro do país. Apesar da BVM ter ultrapas-
sado em muito a meta constante no Programa Quinquenal do
Governo 2015-19, em que a métrica de capitalização bolsista

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BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

passaria de 6 para 8% do PIB do país, e de até o dia 27 de No-


vembro de 2019 este indicador se situar em 11,4% e estarem
cotadas na BVM 10 empresas, ainda estamos insatisfeitos quer
com a capitalização bolsista em % do PIB, quer com o número
de empresas listadas na BVM.

Ainda durante o presente ano, criamos o Índice da BVM, uma


inovação importante para ajudar as empresas e investidores
a ter acesso à mais informação e a usá-la na tomada de de-
cisões económicas. As movimentações nos índices de Bolsa
passaram a integrar o ritmo do dia a dia e, num futuro breve,
pretendemos apresentar em tempo real em diversos canais de
comunicação e para a imprensa especializada.

Para a grande maioria das pessoas, o investimento nas Bolsas


de Valores resume-se, em grande parte, à aquisição de acções
de grandes empresas, concentrando os esforços nas maiores
companhias porque estas são fáceis de seguir e porque, deste
modo, a escolha de empresas e acções torna-se mais fácil. As
acções de elevada capitalização são, de facto, mais fáceis
de encontrar, mas os números indicam-nos que, na verdade,
o investimento em acções de empresas mais pequenas gera
lucros muito maiores a longo prazo. A experiência do merca-
do de capitais moçambicano ensina que as grandes corpo-
rações, grosso modo, são avessas a usar a Bolsa de Valores,
enquanto que as PME´s têm apetência de usar a Bolsa, mas
muitas delas não reúnem os requisitos de acesso e admissão.

David Stevenson (2014), autor do livro ”Secrets of Wealthy


People: 50 Techniques to Get Rich”, faz a seguinte pergunta
retórica: Quem vingará neste terreno de jogo tão desigual,
a “startup” dinâmica e cheia de ideias excelentes mas com
acesso difícil ao capital ou a empresa maior, com accionistas
que conhecem o mercado, uma linha de crédito aberta no
banco e acesso aos mercados obrigacionistas? O acesso das

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Pequenas e Médias Empresas (PME´s) ao crédito caiu a pique


em todo o mundo desenvolvido, e até na China, desde a crise
financeira global de 2008-09. Contudo, o acesso ao capital por
parte das maiores empresas, tem sido mais fácil do que nunca,
em que essas empresas têm acesso a enormes empréstimos
concedidos por investidores, com juros relativamente baixos.

O que Stevenson quer dizer é que vivemos num mundo que


concede vantagens estruturais gigantescas às maiores empre-
sas, e por isso recomenda que o grande grito capitalista da
nossa era deve ser que as empresas com elevado potencial
hoje, serão as futuras empresas bem-sucedidas do amanhã.
Foi esse grito que a BVM ouviu, “arregaçou as mangas” e, com
os seus parceiros estratégicas, trouxe ao mercado esta inova-
ção que, acredito, vai dinamizar e espevitar o mercado bolsis-
ta moçambicano.

Na verdade, não é um simples detalhe que da lista das 100


Maiores Empresas Moçambicanas, apenas 4 estejam cotadas
na BVM! É esse cenário que pretendemos alterar, com medi-
das ousadas e transformativas como esta de criação do Ter-
ceiro Mercado de Bolsa.

O PCA da BVM

Salim Cripton Valá


Maputo, 27 de Novembro de 2019

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Lista de abreviaturas
AltX JSE Alternative Stock Exchange
ASEA African Securities Exchanges Association
ATM Autoridade Tributaria de Moçambique
BVM Bolsa de Valores de Moçambique
CDM Cervejas de Moçambique
CMH Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos
CMVM Código de Mercado de Valores Mobiliários
CoSSE Committee of SADC Stock Exchanges
CTA Confederação das Associações Económicas de Moçambique
CVM Central de Valores Mobiliários
EMOSE Empresa Moçambicana de Seguros
HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa
IGEPE Instituto de Gestão das Participações do Estado
IoD Instituto de Directores
IPEME Instituto para a Promoção das Pequenas e Média Empresas
ISCAM Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique
JSE Johannesburg Stock Exchange
MATAMA Matadouro de Manhiça
MCO Mercado de Cotações Oficiais
MEF Ministério de Economia e Finanças
MIC Ministério de Industria e Comércio
OCAM Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique
OECD Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
PE-BVM Plano Estratégico da Bolsa de Valores de Moçambique
PME’s Pequenas e Médias Empresas
S.A Sociedade Anonima
SPEED+ Supporting the Policy Environment for Economic Development
WFE World Federation of Exchanges
FSDMoc Financial Sector Deepening Moçambique

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Lista de Quadros
Quadro 1.
Requisitos para admissão a cotação na BVM ................. 25

Quadro 2.
Características do potencial de empresas para
adesão à BVM ....................................................................... 26

Quadro 3.
Empresas cotadas na BVM .................................................. 30

Quadro 4.
Princípio do AltX (Mercado alternativo da JSE)................ 34

Quadro 5.
Bolsas de Valores de África e Mercados Alternativos..... 37

Quadro 6.
Artigo 56 (Mercados de Bolsa)............................................. 43

Quadro 7.
Regulamento do Terceiro Mercado................................... 45

Quadro 8.
Ecossistema de suporte as PME’s no Mercado Bolsista... 51

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Quadro 9.
Instituições parceiras da BVM .............................................. 53

Quadro 10.
Estratégia de implementação............................................. 55

Quadro 11.
Requisitos de admissão à cotação no
Terceiro Mercado................................................................... 57

Lista de Gráficos
Gráfico 1.
Razões para não adesão à BVM (% da amostra
observada)...................................................................................................................... 29

Gráfico 2.
Maturidade da empresa Vs Entrada na Bolsa........................... 36

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BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Índice

1
Introdução..................................................................... 17
1.1. Contextualização ......................................................................................... 18
1.2. Dilema do mercado moçambicano ....................................... 19

2
Desenvolvimento de mercados
alternativos.................................................................... 23
2.1. Especificidades do mercado moçambicano................. 24
2.2. Desafios das empresas para o acesso à Bolsa............... 30
2.3. Experiências internacionais ................................................................ 32

3
O Terceiro Mercado da Bolsa de
Valores de Moçambique...................... 40
3.1. Conceito ................................................................................................................ 41
3.2. Objectivo................................................................................................................ 41
3.3. Público-alvo ........................................................................................................ 42
3.4. Suporte legal ..................................................................................................... 42

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BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

4
Mecanismo de implementação
do Terceiro Mercado................................... 44
4.1. Regulamento..................................................................................................... 45
4.2. Ecossistema operacional do Terceiro Mercado .......... 49
4.3. Parcerias ................................................................................................................ 52

5
Procedimentos de adesão ao
Terceiro Mercado ............................................. 56
5.1. Requisitos ............................................................................................................... 57
5.2. Taxas............................................................................................................................ 57

6 Considerações finais..................................... 58

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BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

7 Referências Bibliográficas..................... 62

Ficha Técnica............................................................ 65

Informações Úteis............................................... 67

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


1.
Introdução
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1.1. Contextualização
A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) pretende promover
a criação de um “Terceiro Mercado” destinado a transaccio-
nar acções de um segmento específico de empresas, que não
reúnam, no momento da admissão à cotação, os requisitos
actualmente exigidos para o “Mercado de Cotações Oficiais”
ou “Segundo Mercado”, os dois mercados existentes na BVM,
mas que demonstrem ter potencial de preencherem tais requi-
sitos num horizonte temporal razoável.

A oportunidade desta iniciativa surge na sequência da obser-


vação das actuais características do mercado bolsista, que
momentaneamente caracteriza-se ainda por um reduzido nú-
mero de empresas com acções nele cotadas. De facto, en-
quanto que o crescimento do mercado obrigacionista em bol-
sa tem sido expressivo, o mercado accionista não perspectiva
a curto prazo uma tendência de expansão em consonância
com o universo de empresas ao nível nacional.

Ao longo dos 20 (vinte) anos de actividade efectiva da BVM,


várias foram as iniciativas levadas a cabo pela BVM para a
dinamização do mercado accionista: (i) o relaxamento dos re-
quisitos à cotação com a criação do Segundo Mercado em
2009, e; (ii) as contínuas campanhas de divulgação e sensibi-
lização do mercado. Todavia, a realidade mostra-nos que o
mercado de acções na BVM está ainda longe do desejável,
onde durante 20 anos foram admitidas à cotação 10 empre-
sas.

A dinamização do mercado de valores mobiliários e da BVM,


no sentido de um maior alargamento da base de acesso das
empresas ao mercado exige, de momento, a adopção de um
outro nível de incentivos, de iniciativa da própria BVM, enquan-
to gestora do mercado e com poderes regulamentares para o

18 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

efeito, direccionados à própria empresa, enquanto elemento


fundamental para o crescimento do mercado.

Face a este cenário, urge a necessidade de tomada de pro-


vidências complementares e extraordinárias, que estimulem o
efectivo aumento de empresas cotadas na BVM.

1.2. Dilema do mercado moçambicano


Os requisitos existentes para admissão à cotação na BVM, quer
no Mercado de Cotações Oficiais (MCO) quer no Segundo
Mercado, são os mais básicos quando comparados com os
requisitos exigidos nas demais Bolsas da Região. Estes requisitos
adoptados em Moçambique, garantem o normal funciona-
mento do Mercado Bolsista, por essa razão o seu cumprimento
é obrigatório para ambos os mercados.

A negociação de títulos listados na Bolsa de Valores de Mo-


çambique pode ocorrer no Mercado de Cotações Oficiais
(MCO) para grandes empresas, ou no Segundo Mercado para
as PME’s. Qualquer empresa que pretenda cotar-se no MCO
deve ter um valor de capitais proprios mínimo de 16 milhões
de Meticais, 15% das acções a cotar em Bolsa disperso pelo
público e 2 anos de contas auditadas. Para o Segundo Mer-
cado, um valor de capitais próprios no mínimo de 4 milhões de
meticais, 5% das acções a cotar em bolsa dispersas pelo pú-
blico e pelo menos 9 meses de contas auditadas. As Empresas
cotadas são obrigadas a produzir um prospecto no momento
de admissão e a publicar relatórios anuais de contas e de de-
sempenho. Os requisitos para o Segundo Mercado são mais
brandos, mas apenas uma empresa está cotada desde que
este mercado foi criado em 2009 (BVM, 2019).

O baixo número de empresas listadas na BVM, não é sinal de


que o mercado não tenha potencial de desenvolvimento. A

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 19


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

BVM em parceria com a Confederação das Associações Eco-


nómicas de Moçambique (CTA), tem um mapeamento de
empresas com grande potencial para aderir à Bolsa, contudo,
não observam a totalidade dos requisitos. A barreira à admis-
são destas empresas, muitas vezes associa-se a ausência de
dispersão3 das acções pelo público e contas não auditadas
no momento de pedido de admissão. Algumas das grandes
empresas são empresas públicas e precisam ser reestruturadas
antes de serem privatizadas e cotadas. (PE-BVM, 2019)

Esse abismo entre o número potencial e o real tem-se mostra-


do um desafio de difícil resolução para a BVM e também para
as empresas, sobretudo as PME’s, cuja necessidade de finan-
ciamento torna-se bem patente com a crise financeira global.
Com a dificuldade no acesso ao credito bancário, o Mercado
Bolsista mostrou-se alternativa viável para as PME’s.

As PME’s constituem um segmento muito importante da eco-


nomia em Moçambique, por ser a principal força motriz do
crescimento do emprego na economia do país. O desenvol-
vimento do país está ligado ao fortalecimento e melhoria do
sector privado, onde as PME’s desempenham um papel im-
portante.

Nos últimos anos, governos ao nível mundial têm tomado várias


medidas para incrementar a listagem de empresas nas Bolsas.
As medidas mais comuns visam:

reduzir / aligeirar os requisitos de admissão;

reduzir os custos associados com a admissão;

3 Presume-se existir uma dispersão suficiente quando as acções que forem objecto
do pedido de admissão à cotação se encontrarem dispersas pelo público numa
percentagem não inferior a 15% do capital social subscrito e representado por essa
categoria de acções ou, na sua falta, um número não inferior a 250.000 acções.
Considera-se que com esta dispersão haja maior probabilidade de ocorrência de
negócio.

20 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

fornecer suporte de várias naturezas às emitentes;

adoptar incentivos fiscais de vários tipos, tanto para as


emitentes como para os investidores; e,

criar um segmento de mercado bolsista para empresas


com características específicas.

A vontade das empresas em se admitir à cotação na BVM, e


o facto de o não conseguirem por não cumprirem com a to-
talidade dos requisitos exigidos, e o tempo eventualmente ne-
cessário para que os consigam obter, pode levar a que parte
dessas empresas percam o seu interesse no mercado bolsista,
ou que o tempo para concluir esses processos vá muito para
além dos objectivos de curto e médio prazos estabelecidos
pela BVM.

A dificuldade das empresas nacionais em atender a essas


exigências é um dos motivos que fazem com que Moçambi-
que tenha um número muito reduzido de empresas listadas na
BVM, sendo 8 (oito) empresas no MCO e apenas 1 (uma) no
Segundo Mercado, que é o segmento de mercado da BVM
para as PME’s, contrariando as estatísticas que mostram que as
PME’s representam cerca de 98,7% do número total 26.624 de
empresas registradas em Moçambique (MIC, 2016).

A World Federation of Exchanges (WFE4, 2016) reconhece a


importância de se garantir que as PME’s tenham acesso ao
financiamento do mercado de capitais. No seu estudo intitu-
lado “SME Financing and Equity Markets”, identificou barreiras
e oportunidades para melhorar o acesso ao financiamento do
mercado de acções, tendo feito as seguintes constatações:

4 O WFE (Federação Mundial de Bolsas)

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 21


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

a decisão das empresas cotarem-se nas Bolsas estende-se


além do desejo de conseguir financiamento;

as empresas tomam os requisitos de acesso e de manu-


tenção na Bolsa como onerosos;

os investidores valorizam informações de melhor qualida-


de sobre as PME’s; e,

todas as entidades atribuem importância à liquidez do


mercado secundário das acções das empresas.

Com base nestas constatações, o WFE dentre várias recomen-


dações destaca-se:

flexibilidade das bolsas em ajustar o Mercado em função


das especificidades existentes no mercado; e,

melhorar a qualidade das informações disponíveis.

Para Currie e Newitt (2014), o processo de admissão à cota-


ção e a respectiva manutenção em Bolsa pode ser oneroso,
demorado, e podem actuar como um desincentivo para as
empresas ingressarem no mercado bolsista. As empresas valori-
zam o apoio e a assistência no cumprimento de seus requisitos.

O estudo avalia o papel das Bolsas no sustento financeiro das


empresas, sobretudo das PME’s, fortalecendo assim a neces-
sidade de em Moçambique repensar-se em mecanismos de
apoio e assistência às empresas, para permitir uma massiva
participação no mercado bolsista.

22 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


Desenvolvimento
de Mercados
Alternativos
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

2.1. Especificidades do mercado


moçambicano
Em economias dinâmicas como a nossa, novas empresas de
pequena dimensão são constantemente formadas e muitas
delas terão a capacidade de se tornar grandes empresas.
Assim, à medida que as empresas crescem e necessitam de
financiamento externo (quer por via de crédito bancário ou
por via da Bolsa), espera-se que observem normas de transpa-
rência progressivamente mais elevadas e apliquem padrões
de contabilidade universalmente aceites, só assim podem des-
pertar interesse para o mercado Bolsista (SPEED+, 2017).

A BVM constituí uma alternativa de financiamento às PME’s,


existindo um mercado de bolsa vocacionado para as PME’s
designado por “Segundo Mercado”, onde as condições de
acesso são mais flexíveis do que as condições exigidas para
o acesso ao “Mercado das Cotações Oficiais”, mercado este
direccionado para as grandes empresas.

Tendo em conta a importância das PME’s no desenvolvimento


sustentável da economia, este segmento do mercado bolsista
foi aprovado pelo Decreto – Lei nº 4/2009, de 2 de Junho, e
tem como finalidade tornar mais acessível o acesso daquelas
entidades ao Mercado de Capitais, para assim conseguirem
financiar as suas necessidades de investimento a custos de
capital mais baixo comparativamente a outras alternativas de
financiamento existentes em Moçambique.

O Segundo Mercado, destinado à transacção de valores mo-


biliários emitidos por PME’s, estrutura-se com base nas especi-
ficidades deste importante segmento do tecido empresarial,
havendo para este mercado uma redução das exigências es-
tabelecidas para o acesso ao MCO, designadamente quan-
to às condições de admissão à cotação e permanência no
mercado, quanto às informações a fornecer às autoridades

24 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

competentes e ao público, e quanto aos encargos de admis-


são e manutenção da cotação, conforme o estabelecido no
Código do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e regula-
mentação complementar.

Em 2015, as condições de acesso para o referido mercado fo-


ram revistas, adequando-as ainda mais às especificidades das
PME’s, tendo sido reduzidos os requisitos de natureza quantita-
tiva, de forma a potenciar o alargamento da base de PME’s
em bolsa, sem que tal implicasse diminuição da qualidade
da informação prestada às autoridades competentes e aos
investidores, nem prejudicar a regularidade do funcionamento
do mercado e a adequação dos preços que nele se formam,
conforme se pode observar no quadro abaixo:

Quadro 1. Requisitos para admissão a cotação na BVM

Requisitos de admissão à cotação na Bolsa de Valores de Moçambique

Valor Requisitos de Admissão à Mercado de cotações oficiais Segundo Mercado


Mobiliário Cotação na Bolsa Grandes Empresas PME’s

Capitalização Bolsista (CB) CB ou CP ≥ MZN


CB ou CP ≥ MZN 16.000,00
ou Capitais Próprios (CP) 4.000,00
Últimos 2 anos, auditados e
Relatório e Contas Mínimo de 9 meses
ACÇÕES publicados
Mínimo de 15% do Capital
Mínimo de 5% do
Dispersão pelo Público social, ou dispersão de 250.000
capital Social
acções

Fonte: BVM

Apesar deste relaxamento nos requisitos, e a real manifestação


de interesse da adesão à BVM por partes das empresas, o dile-
ma persiste, ora vejamos:

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 25


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Quadro 2. Características do potencial de empresas para adesão


à BVM

>80% DE EMPRESAS SÃO PMEs


Enfrentam dificuldades
no financiamento 1
PROBLEMAS DE ORGANIZAÇÃO
Estrutura da empresa e
documental não adequada
para adesão à BVM
2
tradicional

3
FALTA DE APOIO

4
Não existe um serviço
de apoio especializado GRANDES EMPRESAS
para estas empresas
Avessas ao Mercado
de Capitais

1. O grosso do tecido empresarial é composto por PME’s –


na sua maioria, não apresentam uma estrutura adequada
aos requisitos de admissão à cotação na BVM. Os actuais
mercados de bolsa, não são adequados para acomodar
as necessidades das PME’s.

“Os principais factores críticos de sucesso para o mercado


de PME’s não estão necessariamente alinhados aos do
principal comité de admissão à cotação. Os mercados
das PME’s têm as suas especificidades e a experiência
mostra que o principal factor crítico de sucesso para as
PME’s é a oferta de produtos alternativos às PME’s para fa-
cilitar o financiamento a curto prazo das PME’s e o apoio
das PME’s pelos grupos consultivos” (PE-BVM, 2019).

2. Estrutura e composição das empresas – As PME’s, na sua


maioria, apresentam estrutura organizacional familiar típi-

26 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

ca de pequenos negócios. Praticamente é dominante a


falta de práticas de boa governação corporativa.

“As PME’s precisam de recursos externos para serem


cotadas em mercados públicos. As PME’s moçambi-
canas carecem de recursos financeiros e humanos
para estarem cotadas nos mercados públicos por
conta própria. Uma oferta pública inicial implicaria
dezenas de milhões de meticais nos custos de ban-
ca de investimento para a PME. Para além disso,
existem ainda requisitos regulamentares e de pres-
tação de relatórios que representam mais um fardo
para as PME’s. Uma falta geral de conhecimento
sobre os benefícios e possibilidades de cotar títulos
em mercados públicos desencoraja ainda mais as
actividades das PME’s nos mercados públicos” (PE-
-BVM, 2019).

3. Incubadoras ou unidades de apoio as emitentes – As em-


presas que solicitam admissão à cotação na BVM, contam
apenas com o apoio das instituições financeiras (Bancos)
e está condicionado a um custo, que se mostra elevado
para as emitentes.

“A falta de um Conselho Consultivo, uma estrutura de


apoio as PME’s, constitui também um grande entra-
ve a participação destes no Mercado Bolsista. Um
grupo consultivo externo ajudaria na educação de
investidores, bem como na promoção da participa-
ção de PME’s na bolsa” (PE-BVM, 2019).

4. Aversão à BVM – As grandes empresas nacionais ou a


operar no território nacional, muitas vezes distanciam-se

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 27


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

dos serviços da BVM, optando por outros mecanismos de


financiamento.

“As grandes empresas geralmente são as mais ade-


quadas para cotar numa bolsa de valores. Em Mo-
çambique, a maioria das grandes empresas são
propriedade estatal ou controladas por grupos mul-
tinacionais estrangeiros. As empresas estatais (pú-
blicas) poderiam eventualmente ser privatizadas e
cotadas na bolsa; no entanto, primeiro precisam ser
reestruturadas para se tornarem mais lucrativas an-
tes de poderem ser cotadas e esse processo levaria
pelo menos três anos. Muitas grandes empresas são
maioritariamente pertencentes a grupos globais que
já estão cotados no exterior, desestimulando a cota-
ção no mercado local” (PE-BVM, 2019).

Estas especificidades levaram a BVM a identificar outros me-


canismos, tendo em conta o público-alvo dominado pelas
PME’s que não apresentam características adequadas para
uma adesão imediata aos actuais mercados oficiais da BVM,
nomeadamente o MCO e o Segundo Mercado.

28 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Gráfico 1. Razões para não adesão à BVM (% da amostra observada)

Taxas associadas aos intermediários 1

Não querem alterar a estrutura societária da


empresa 1

Não precisam, talvez no futuro 3

Não compete a empresa decidir 4

A política da empresa não permite 5

Não querem perder controle da empresa para


7
novos accionistas

Não precisam de grandes montantes


de investimento
8

Estrutura societária não apropriada 14

Propriedade familiar/não preferência pelo


16
financiamento

através da BVM
Não tem necessidade/tem capital suficiente 41

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Fonte: BVM, 2017

O gráfico acima mostra os resultados de uma pesquisa condu-


zida pela British Business Bank (2014), que apresenta resultados
similares aos obtidos no PE-BVM, mostrando que em Moçambi-
que, a maioria das grandes empresas (Sociedades Anónimas)
são propriedade estatal ou controladas por grupos multinacio-
nais estrangeiros, e parte considerável são sociedades limitadas.

Estes resultados vêm reforçar ainda mais a hipótese de que


o grosso de empresas nacionais apresentam especificidades
não adequadas para uma adesão imediata à BVM.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 29


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Quadro 3. Empresas cotadas na BVM5

Segmento de Mercado
Valor Mobiliário Ano de
Cotado Admissão Mercado de cotações oficiais Segundo Mercado
Grandes Empresas PME’s
2001 CDM, S.A
2009 CMH, S.A
2012 CETA – Engenharia e Construção, S.A
2013 EMOSE, SA
2017 Matama, S.A1
ACÇÕES
2017 Zero Investimento, S.A
2018 Touch Publicidade, S.A
2019 Arco Investimento, S.A
2019 Hidroeléctrica de Cahora Bassa, S.A
2019 Arko Companhia de Seguros S.A

Fonte: BVM, 2019

O Segundo Mercado da BVM precisa ser dinamizado. De acor-


do com a “African Securities Exchanges Association” (ASEA),
no continente africano as PME’s criaram cerca de 80% do em-
prega e contribuíram para o desenvolvimento de uma nova
classe média.

2.2. Desafios das empresas para o acesso à


Bolsa
As PME’s que pretendem cotar títulos na BVM enfrentam os
mesmos requisitos que as grandes empresas, mas apenas
possuem requisitos de capital mais baixos. As PME’s conside-
ram que os custos do cumprimento dos requisitos são dema-
siado complexos ou os custos demasiado onerosos. Segundo
Amihud, Mendelson e Pedersen (2005), os custos de acesso
ao financiamento através da Bolsa, bem como outros custos

5 Informação até Novembro de 2019.

30 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

directos e indirectos associados em ser uma empresa cotada


na bolsa, podem ser subentendidos como “custo de capital”
(ou o preço a que os investidores estão dispostos a fornecer os
fundos desejados).

Para o caso de Moçambique as empresas incorrem aos se-


guintes custos directos associados ao processo de admissão
à Bolsa:

custos de preparação para a admissão à cotação - do-


cumentação, alteração no estatuto jurídico, preparação
de documentos relevantes;

custos de taxas de intermediação e consultoria inicial e


contínuas;

custos de taxas de auditorias inicial e contínuas; e,

custos de taxas de admissão e manutenção na Bolsa.

Os custos indirectos e mais intangíveis incluem:

estabelecimento de estruturas de governação necessá-


rias;

custo de oportunidade do tempo gasto na preparação


do processo;

perda/diminuição do controle da empresa;

escrutínio público associado a maior visibilidade pública


(prestação de contas); e,

Volatilidade do valor da empresa.

Muitos desses custos não dependem da dimensão da empre-


sa. Além disso, uma vez que as PME’s são geralmente mais jo-
vens, menos organizadas e com menos garantias em relação
as grandes empresas, estes custos são susceptíveis de ser rela-
tivamente mais onerosos para as PME’s (Moritz, Block e Heinz,
2016).

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 31


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Para além dos custos, as empresas enfrentam dificuldades


em obter serviços associados a preparação dos processos de
admissão à cotação na Bolsa, nomeadamente: bancos de
subscrição, empresas de auditoria, consultores jurídicos, entre
outros, etc. As empresas que prestam estes serviços, não são
incentivadas a apoiar as PME’s por serem economicamente
menos atraentes.

Um dos requisitos mais dispendiosos para as emitentes é o re-


quisito de apresentar demonstrações financeiras auditadas
por um auditor independente certificado. As referidas audi-
torias são geralmente muito dispendiosas, e podem constituir
uma parcela significativa do valor de financiamento procura-
do pela PME (PE-BVM, 2019).

Estes desafios também pressionam a BVM a definir outros me-


canismos de mercado para facilitação das PME’s no processo
de adesão ao mercado Bolsista.

A ASEA acredita que, com o compromisso das Bolsas de Va-


lores da África de desempenhar um papel mais activo na
promoção do crescimento económico, é imperativo que as
Bolsas de Valores dos países membros estabeleçam os critérios
necessários para atrair investimentos e convencer as empresas
a cotarem-se e permanecer cotadas nas suas bolsas (ASEA,
2019).

2.3. Experiências internacionais


A crise financeira internacional levantou grandes dificuldades
ao financiamento das empresas por todo o mundo, sobretudo
das PME’s. Havendo limitação ao acesso ao crédito bancário, a
única alternativa barata de financiamento era via Bolsa de Va-
lores, na qual os requisitos para admissão não são de fácil cum-
primento para muitas empresas, destacando-se as PME’s. Esta
situação levou com que as Bolsas de Valores pensassem em

32 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

mercados alternativos nas bolsas, como é o caso de Espanha,


com o Mercado Alternativo de Renta Fija (MARF) da Bolsa de
Madrid, e o ALTX, mercado alternativo ao JSE da África do Sul.

A. Brasil

A BM&FBovespa possui vários segmentos de mercado, dife-


renciados entre si, pelas exigências específicas relacionadas
à divulgação de informações (financeiras ou não), à estrutura
societária, à estrutura accionista, ao percentual de acções em
circulação e aos aspectos de governança corporativa. São
mercados diferenciados da BM&FBovespa os seguintes: (i) Tra-
dicional; (ii) Nível 1; (iii) Nível 2; (iv) Novo Mercado e (v) Bovespa
Mais.

A maioria das empresas escolhe o Novo Mercado para se


listar, mas o Bovespa Mais é um segmento específico para o
acesso gradativo de pequenas empresas. No caso desse mer-
cado de acesso, as empresas buscam aumentar sua exposi-
ção junto ao mercado, construindo um histórico de relaciona-
mento com investidores. Neste mercado, as empresas têm até
07 (sete) anos para que atinjam até 25% de acções em livre
circulação no mercado (dispersão).

O Bovespa Mais, representa uma possibilidade de adaptação


gradual à nova condição de uma empresa com capital aber-
to, permitindo que ela adquira a confiança e desperte o inte-
resse dos investidores.

B. África do Sul

Na África do Sul, introduziram um mercado preparatório para


empresas que aspiram ingressar no mercado principal da Bolsa
de Valores de Johannesburg (JSE), e como resultado já estão
cotadas na AltX 53 empresas, com aspiração para ascender
ao JSE.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 33


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

O AltX é uma bolsa catalisadora para o crescimento das PME’s


na África do Sul. “Tornar acções de empresas apetecíveis para
o mercado regular da JSE”, é dos princípios que mais destaca-
-se nesta Bolsa Alternativa (AltX), como incubadora de empre-
sas, conforme mostra o quadro abaixo.

Quadro 4. Princípio do AltX (Mercado alternativo da JSE)

Fonte: https://www.jse.co.za/capital/altx

C. Outras experiências de mercados alternativos

A ideia de mercado de acesso teve seu nascimento na Ingla-


terra, em 1995, com o lançamento do chamado “Alternative
Investment Market” (AIM). Na França, em 1996, foi estabele-
cido o“Nouveau Marché”, com requisitos de entrada mais
relaxados que os do segmento tradicional da Bolsa de Paris.
Também em 1996 nasceu a EASDAQ, na Bélgica, aberta a em-
presas de tecnologia de toda a Europa. Em 1997, a novida-
de foi adoptada na Alemanha “Neuer Markt” e na Holanda
“Niewe Markt”.

34 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Em 1998, diversas bolsas menores, como as de Zurique (Suíça),


Copenhague (Dinamarca) e Estocolmo (Suécia), formaram
uma aliança denominada Euro.nm, que as unia ao Neuer
Markt na Alemanha e ao Nouveau Marché na França, numa
primeira tentativa de formar uma bolsa pan-européia e a Eu-
ronext Group, que promove mercados accionista às PME’s e
facilita o acesso aos mercados financeiros.

Na Ásia surgiram: “ChiNext e a SME Board da Shenzhen Sto-


ck Market” na China, “KOSDAQ e KONEX” na Korea, “China’s
Growth Entreprise Market (HK GEM)” em Hong Kong, o “Market
for Alternative Investment” na Thailand, e “SME Exchange e
NSE India Emerge” na Bolsa de Valores de Bombay na Índia.
A Tokyo Stock Exchange (TSE) está a aprimorar o “Welcoming
Market”.

D. Resultados de desenvolvimento de mercados alternativos

Os mercados de acções são, em grande medida, dinamizados


por PME’s em crescimento. De 2000 a 2015, nos países mem-
bros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OECD6), a percentagem de empresas com me-
nos de 3 anos de existência desde a sua fundação, tem sido
consistentemente superior à percentagem de empresas com
mais de 15 anos de existência, conforme ilustrado no gráfico 2.
(Iota e Wehinger, 2016)

6 Países Membros: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coreia do


Sul, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, Estónia, Finlândia,
França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Letónia,
Lituânia, Luxemburgo, México, Nova Zelândia, Noruega, Polónia, Portugal, Reino
Unido, República Checa, Suécia, Suíça e Turquia.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 35


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Gráfico 2. Maturidade da empresa Vs Entrada na Bolsa

Fonte: OECD, 2016

36 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Quadro 5. Bolsas de Valores de África e Mercados Alternativos

Fonte: ASEA, 2019

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 37


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

A ASEA no seu estudo “Capital raising opportunities for small


and medium enterprises (SMEs) on Stock Exchanges in África”,
constata que as Bolsas em África apresentam assimetrias de
desenvolvimento, tanto nos principais mercados, como em
mercados alternativos.

Estas diferenças, sobretudo nos mercados alternativos, são ori-


ginadas pelo fundamento da criação do mesmo. Por exemplo
o AltX, mercado alternativo da JSE, foi criado como um mer-
cado preparatório e transitório para que as empresas que não
reúnam condições para o ingresso no JSE aderissem e se orga-
nizassem estando cotadas no AltX.

Este princípio abriu portas para muitas empresas organizarem-


-se estando já sob escrutínio público. Contrariamente ao Se-
gundo Mercado em Moçambique, em que os requisitos dife-
rem do MCO apenas em termos quantitativos, o que constitui
um entrave para muitas das PME’s em Moçambique.

A criação de um mercado de acesso / transitório / incubação


/ indução / sem cotações / “welcome market”, nada mais é
que, em seu contexto mais puro, uma forma de inserção das
pequenas e médias empresas no mercado de capitais. O seu
objectivo é aprimorar o ambiente regulatório, para que todas
as empresas tenham a oportunidade de ingressar no mercado
de capitais e se financiarem por meio de emissões públicas de
acções.

Dado os desafios que as PME’s enfrentam para tirar partido das


oportunidades de angariação de capital que se encontram
nos mercados de capitais, é intenção da ASEA trabalhar em
conjunto com as bolsas dos países membros para desenvol-
ver soluções que promovam as perspectivas das empresas em
financiar-se pelo Mercado de Capitais e impulsionar o desen-
volvimento económico.

38 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Por essa razão, a criação de um Terceiro Mercado na BVM,


constitui uma estratégia convergente com a pretensão da
ASEA e das várias empresas Moçambicanas, manifestada
tambem pela CTA, IGEPE e o IPEME.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 39


3.
O Terceiro Mercado
da Bolsa de Valores
de Moçambique
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

3.1. Conceito
O Terceiro Mercado (mercado preparatório ou transitório) é
um segmento de mercado da BVM, que constitui alternativa
ao Mercado de Cotações Oficiais e ao Segundo Mercado,
com um único objectivo de incubar/induzir/preparar as em-
presas para ingressar no Mercado de Cotações Oficiais ou no
Segundo Mercado.

Este mercado destina-se a transaccionar acções em relação


às quais não se verifica o requisito da dispersão no momento
do pedido de admissão à cotação, em conformidade com a
alínea f) do número 1 do artigo 60 do Código do Mercado de
Valores Mobiliários.

As entidades com acções admitidas à cotação no Terceiro


Mercado ficam obrigadas a promover a respectiva dispersão
pelo público através de vendas dirigidas ou não, por opera-
dores de bolsa, num horizonte temporal que não poderá ser
superior a 2 (dois) anos.

3.2. Objectivo
A criação de mais um mercado, “Terceiro Mercado”, constitui
uma ferramenta estratégica para estimular/preparar as em-
presas nacionais a aderirem ao Mercado Bolsista. O Terceiro
Mercado funciona como um mercado de indução/prepara-
ção ou mesmo mercado transitório para o acesso aos merca-
dos oficiais da BVM (Mercado de Cotação Oficiais e o Segun-
do Mercado).

Com este segmento de mercado, a Bolsa de Valores de Mo-


çambique estará a disponibilizar um mecanismo de inclusão
e universalização dos Serviços públicos prestados pela BVM,
visando simultaneamente potenciar a boa Governação cor-
porativa e empoderar as empresas e os investidores.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 41


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

3.3. Público-alvo
Para além dos mercados de “Cotações Oficiais” e “Segundo
Mercado”, a criação do “Terceiro Mercado” consiste funda-
mentalmente numa plataforma que permite aproveitar seg-
mentos de empresas que tenham potencial para se admitir
na BVM, mas que no momento do pedido de admissão não
reúnam alguns requisitos exigidos no mercado de “Cotações
Oficiais” ou no “Segundo Mercado”.

Este mercado pode ser acedido por pequenas ou grandes


empresas, desde que tenham a pretensão de organizar-se
para cumprir de forma cumulativa os requisitos de admissão
exigidos para ascender aos Mercados oficiais da BVM.

3.4 Suporte legal


Esta iniciativa encontra paralelismo com a generalidade dos
mercados regionais e internacionais e constitui uma excelen-
te ferramenta no apoio as empresas com baixa capitalização
bolsista e insuficiente dispersão accionista, estimulando de for-
ma significativa a entrada em bolsa das chamadas “startups”.

O fundamento legal para a criação, pela BVM, de um outro


mercado, distinto dos mercados de “Cotações Oficiais” e “Se-
gundo Mercado”, está estabelecido no artigo 56 do CMVM,
aprovado pelo Decreto-Lei nº 4/2009, de 24 de Julho, que pas-
samos a citar:

42 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Quadro 6. Artigo 56 (Mercados de Bolsa)

Artigo 56
(Mercados de bolsa)

1. Na bolsa de valores existirá obrigatoriamente um “Mer-


cado de Cotações Oficiais” e um “Segundo Mercado”

2. Poderão ser criados pela bolsa de valores outros mer-


cados, baseados, seja na diferente natureza das enti-
dades emitentes dos valores a admitir nesses mercados,
nomeadamente o seu perfil empresarial, seja na espe-
cificidade técnica dos tipos dos valores a transaccio-
nar, seja ainda na diversidade dos tipos de operações
a realizar ou das modalidades de liquidação de opera-
ções a executar.

3. Os regulamentos necessários ao funcionamento dos


mercados previstos nos números precedentes, bem
como as suas alterações, serão elaborados pela bolsa
de valores.

De referir que, para além deste dispositivo, nos termos


da alínea a) do número 1 do Regulamento Interno da
Bolsa de Valores de Moçambique, aprovado pelo De-
creto nº 45/07, de 30 de Outubro, compete ao Conse-
lho de Administração da BVM adoptar todas as provi-
dências necessárias ao bom funcionamento da Bolsa e
à defesa da legalidade e da integridade do mercado,
visando a salvaguarda do interesse público e a protec-
ção dos interesses dos investidores.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 43


4.
Mecanismo de
implementação do
Terceiro Mercado
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

4.1. Regulamento

Quadro 7. Regulamento do Terceiro Mercado

REGULAMENTO nº 04/2019
De 12 de Setembro

TERCEIRO MERCADO

Nos termos dos números 2 e 3 do artigo 56 do Código


do Mercado de Valores Mobiliários, aprovado pelo De-
creto-Lei nº 4/2009, de 24 de Julho, a Bolsa de Valores
de Moçambique determina:

Artigo 1
Objecto

É criado o Terceiro Mercado na Bolsa de Valores de Mo-


çambique.

Artigo 2
Âmbito

O Terceiro Mercado destina-se a transacção de ac-


ções em relação às quais não se verifica o requisito da
dispersão no momento do pedido de admissão à cota-
ção, em conformidade com a alínea f) do número 1 do
artigo 60 do Código do Mercado de Valores Mobiliários.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 45


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Artigo 3
Admissão à cotação

1. A admissão de acções à cotação no Terceiro Mercado


será concedida antes de verificada a dispersão míni-
ma exigida nos termos do artigo anterior, e depende
de apresentação de requerimento por parte da enti-
dade emitente, de sua iniciativa, ou a solicitação dos
detentores de parcela não inferior a 10% dos valores em
causa ou de operador de bolsa.

2. A admissão à cotação de acções no Terceiro Mercado


está dependente da publicação de um prospecto de
admissão ao qual é aplicável, com as devidas adapta-
ções, o estabelecido nas informações preliminares e os
capítulos 1 a 6 no Anexo C do Regulamento nº1/GPCA-
BVM/2010, de 27 de Maio.

3. A instrução documental para a admissão à cotação


de acções no Terceiro Mercado seguirá os termos do
Anexo A do Regulamento nº 1/GPCABVM/2010, de 27
de Maio, com a excepção dos números 5 e 10.

Artigo 4
Taxa

Pela admissão e manutenção à cotação no Terceiro


Mercado será devida uma taxa de admissão em con-
formidade com o artigo 100 do Código do Mercado de
Valores Mobiliários. Igualmente serão cobradas taxas
de registo de Valores Mobiliários, nos termos do anexo
do Diploma Ministerial n.º 130/2013 de 04 de Setembro.

46 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Artigo 5
Dispersão

1. As entidades com acções admitidas à cotação no Ter-


ceiro Mercado ficam obrigadas a promover a respecti-
va dispersão pelo público.

2. Para efeitos do disposto no número anterior, a dispersão


das acções admitidas à cotação será efectuada atra-
vés de vendas dirigidas ou não, por operadores de bol-
sa, num horizonte temporal que não poderá ser superior
a dois anos.

3. Quando a venda for dirigida a um universo indetermi-


nado de investidores, a organização e execução da
operação seguirão os termos de uma oferta pública de
venda, em conformidade com o aviso n.º 4/GGB/99.

4. Concluída a operação de dispersão, a Bolsa de Valo-


res de Moçambique verificará o bom cumprimento das
obrigações inerentes as operações e promoverá oficio-
samente a passagem das acções para o mercado de
cotações oficiais ou segundo mercado, consoante os
requisitos exigidos para a admissão à cotação nestes
mercados.

5. A titulo excepcional, o prazo referido no número 2 do


presente artigo poderá ser prorrogado por mais um
ano, desde que devidamente fundamentado pela en-
tidade emitente.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 47


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

6. Terminado o prazo estabelecido nos pontos 2 e 5 do


presente artigo, sem que a entidade tenha conseguido
alcançar os níveis de dispersão mínimos para a sua pas-
sagem para um dos mercados referidos anteriormente,
será imediatamente excluída do mercado bolsista.

Artigo 6
Informações a prestar

1. As informações a prestar à Bolsa de Valores de Moçam-


bique e ao mercado pelas entidades com acções ad-
mitidas no Terceiro Mercado são idênticas às que são
devidas pelas entidades emitentes de valores mobiliá-
rios admitidos nos mercados de cotações oficiais e se-
gundo mercado.

2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, as entida-


des com acções admitidas no Terceiro Mercado, pres-
tarão à Bolsa de Valores de Moçambique, numa base
semestral, um relatório evidenciando a evolução da
situação da sociedade.

3. A falta de prestação de informação pelas entidades,


nos termos dos pontos anteriores, é motivo para a sua
exclusão do Terceiro Mercado.

48 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Artigo 7
Regime das transacções

São aplicáveis às transacções executadas no Terceiro


Mercado os sistemas de negociação, compensação,
liquidação e difusão de informação aplicáveis às tran-
sacções executadas nos mercados de cotações ofi-
ciais e segundo mercado.

Artigo 8
Omissões

Em tudo o que for omisso no presente regulamento,


aplicar-se-á o previsto no Código do Mercado de Va-
lores Mobiliários, no Regulamento de Admissão à Cota-
ção, no Regulamento da Central de Valores Mobiliários
e demais legislação aplicável.

4.2. Ecossistema operacional do Terceiro


Mercado
Para o ajuste dos mercados alternativos ao nível da ASEA, fo-
ram definidos factores chaves a considerar, nomeadamente:

Desenvolver programas de educação normalizados, em


parceria com instituições académicas, para preparar as
PME’s para a listagem nas bolsas de valores. Os programas
devem centrar-se na governação, na gestão dos riscos e
na formação dos Administradores.

A BVM já põe em prática esta recomendação, tendo


assinando Memorandos de Entendimento com várias

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 49


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

instituições de ensino, na qual destacamos o ISCAM.


Igualmente a BVM tem aprovado e em implementa-
ção, um Programa de Educação Financeira, onde
tem como público alvo, os empresários, investidores,
classes profissionais, dirigentes e quadros do Estado,
intervenientes no mercado de capitais e a popula-
ção em geral.

Parcerias com organizações incubadoras para promover


o desenvolvimento das PME’s.

Neste domínio, a BVM conta com o contributo de


diversas instituições ligadas ao sistema económico e
financeiro em Moçambique, em particular o MEF, o
Banco de Moçambique, os Operadores de Bolsa e
outros intervenientes no mercado de capitais. Igual-
mente, a BVM conta com parceiros estratégicos
como a CTA, OCAM, IPEME, IoD, FSDmoc, IGEPE, en-
tre outros

Este estudo, constata que as instituições-chaves para a cria-


ção de um ecossistema para o desenvolvimento do mercado
bolsista, já existe e de certa forma já cooperam com a BVM,
faltando apenas institucionalizar um ecossistema específico
para a materialização do Terceiro Mercado.

A ASEA, no seu estudo intitulado “Capital Raising Opportunities


For Small And Medium Enterprises (SMEs) On Stock Exchanges
In África”, apresenta um ecossistema para a oferta de acções
das PME’s. Tal ecossistema consiste em bancos de investimen-
to, bancos especializados em SME, analistas de pesquisa, ven-
das, correctores, criadores de mercado, consultores jurídicos e
financeiros, contabilistas, auditores, e outros profissionais que
prestam serviços auxiliares especificamente direccionados às
PME’s. (Quadro 8)

50 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Quadro 8. Ecossistema de suporte as PME’s no Mercado Bolsista

Fonte: OECD Secretariat.

Os Ecossistemas podem ser desenvolvidos e ajustados ao mo-


delo do Mercado local de Bolsa (Iota e Wehinger, 2016).

Para o caso da BVM, o ecossistema pode ser montado de for-


ma faseada, sendo que a primeira fase consiste em atrair mais
empresas para a BVM, alargando assim o leque de empresas
cotadas e, consequentemente, outros intervenientes do ecos-
sistema irão naturalmente surgir e engrenar automaticamente
na estrutura funcional do Ecossistema.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 51


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

4.3. Parcerias
O acesso a programas de apoio ao crescimento das PME’s é
fundamental. A ASEA, recomenda que os países tenham pro-
gramas governamentais e iniciativas privadas, dentro de um
ecossistema para apoiar as empresas a aderirem as Bolsas nos
respectivos países.

A ASEA no seu estudo sobre “Capital raising opportunities for


Small and Medium Enterprises (SMEs) on Stock Exchanges In
Africa”, mostra que é crucial que os países membros tenham
programas de apoio ao crescimento das PME’s na perspecti-
va de financiamento de longo prazo, por via do mercado de
capitais.

Ao nível global, temos como exemplo destas iniciativas, a ELITE


Growth, que é uma plataforma internacional que reúne em-
presas, consultores, investidores e partes interessadas que têm
interesse em apoiar as PME’s; e, a Deutsche Börse Venture Ne-
twork, que é o programa desenhado para conectar empresas
em crescimento com investidores profissionais.

Em cada mercado, forma parcerias com instituições locais


para atingir seus objectivos. O programa Elite destina-se a aju-
dar as empresas a preparar e a estruturar-se para a próxima
fase de crescimento através do acesso a oportunidades de
financiamento à longo prazo.

A materialização deste projecto está sujeita a assinatura de um


Memorando de Entendimento visando assegurar as condições
apropriadas para que a BVM e os seus parceiros possam imple-
mentar esse novo Mercado, através de um ecossistema que
induz e facilita a participação de empresas na Bolsa.

Ao longo dos anos, a BVM estabeleceu parcerias com institui-


ções cuja actividade esteja relacionada com matérias de inte-
resse do Mercado de Capitais e Bolsa de Valores, desde con-

52 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

vénios até Memorando de Entendimento, na qual destaca-se:


a CTA, IPEME, ISCAM e OCAM. Com estas parcerias, e dado o
papel destas instituições no Mercado de Capitais, a BVM en-
contra aqui uma oportunidade para formar um ecossistema
de suporte à implementação do Terceiro Mercado.

A ausência de um ecossistema que possa atender às necessi-


dades específicas das PME’s pode ser um impedimento para
o funcionamento e o aprofundamento dos mercados de ac-
ções e reduzir a disposição dessas empresas de listar comple-
tamente (Iota e Wehinger, 2016).

Resumidamente, para este primeiro objectivo, o ecossistema


de apoio as PME’s, pode centrar-se na BVM, CTA, IPEME, IGEPE,
OCAM, ISCAM e ATM, conforme consta no Quadro 9.

Quadro 9. Instituições parceiras da BVM

ENTIDADE RESPONSABILIDADE
Gerir e regular o funcionamento do Terceiro
Mercado;
Bolsa de Valores Garantir o cumprimento dos requisitos de admis-
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE
de Moçambique são e manutenção no Terceiro Mercado; e,
(BVM) Proceder à monitoria do cumprimento do requi-
sito de dispersão para a ascensão aos merca-
dos de cotação oficial da BVM.
Sensibilizar as empresas à cotar-se em Bolsa;
Confederação Promover a adopção de boa governação nas
das Associações empresas filiadas; e,
Económicas de Providenciar, para os seus associados, informa-
Moçambique ção sobre o mercado de valores mobiliários e
(CTA) mecanismos de investimento na Bolsa de Valo-
res.

Instituto de Ges- Sensibilizar as empresas sub a sua gestão a co-


tão das Participa- tar-se em Bolsa; e,
ções do Estado Garantir práticas de boa governação nas em-
(IGEPE) presas participadas e públicas.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 53


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Fornecer informação relevante e assessoria


Autoridade Tribu- para que mais empresas moçambicanas pos-
tária de Moçam- sam cotar-se em Bolsa; e,
bique (AT) Consciencializar as empresas para a sua forma-
lização e cotação na Bolsa.

Sensibilizar as empresas (PME’s) a cotar-se em


Instituto para a Bolsa;
Promoção das Garantir práticas de boa governação nas em-
Pequenas e presas de pequena e média dimensão; e,
Médias Empresas Capacitar as empresas a fornecer informação
(IPEME) sobre como usar os produtos de mercados de
capitais e os serviços da BVM.
Assessorar e prestar assistência às empresas nas
Ordem dos técnicas de organização de contas e auditoria;
Contabilistas e e,
Auditores de
Moçambique Disponibilizar informação às empresas sobre as
(OCAM) oportunidades de financiar-se via Bolsa e investir
em títulos cotados na BVM.
Capacitar as empresas nas matérias sobre con-
Instituto Superior tabilidade e auditoria; e,
de Contabilida-
de e Auditoria Providenciar assistência técnica as empresas in-
de Moçambique teressadas em admitir-se no Terceiro Mercado, e
(ISCAM) divulgar os mercados de Bolsa junto da comuni-
dade académica do ISCAM.

O Mercado de acções para PME’s precisam de ser apoiados


por um ecossistema saudável dedicado a criar condições
para que as PME’s abram o seu capital ao público e que as
suportem no mercado secundário (Iota e Wehinger, 2016).

54 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Quadro 10. Estratégia de implementação

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 55


5.
Procedimentos de
adesão ao Terceiro
Mercado
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

5.1. Requisitos

Quadro 11. Requisitos de admissão à cotação no Terceiro Mercado

Mercado de Segundo Terceiro


Tipo de Requisitos Requisitos de Admissão Cotações Daciais Mercado Mercado
Conformidade da Estatutos, Registo da Empresa, NUIT

01
Sim
Empresa

Legal Conformidade das Registo das Acções da Empresa


Sim
Acções na CVM

Capit. Bolsista previsível 16 Milhões MT 4 Milhões MT (7

02
ou Valor de Capitais (28 Milhões MT) Milhões MT)
Próprios Prazo
2 Ano
Financeiro Publicação de Contas 2 Anos 9 Meses
Auditadas
Acções Livremente Estatutos sem Direitos de Prefe-
Sim
03 Transmissíveis rência

Mercado Dispersão Accionista 15% das Acções 5% das Acções Prazo


a cotar na BVM a cotar na BVM 2 Ano

Fonte: BVM, 2019

A instrução documental para a admissão à cotação de ac-


ções no Terceiro Mercado seguirá os termos do Anexo A do
Regulamento nº 1/GPCABVM/2010, de 27 de Maio, com a ex-
cepção dos números 5 e 10.

5.2. Taxas
A admissão à cotação, está sujeita aos seguintes custos às emi-
tentes:
(i) Taxa de Admissão 0.05% sobre o valor nominal do Capital
Social admitido a cotação;
(ii) Taxa de Manutenção 0.01% (anual) sobre o valor nomi-
nal do Capital Social admitido a cotação; e,
(iii) Taxas da CVM nos termos do Artigo 22 (precário) do Di-
ploma Ministerial no. 130/2013, de 4 de Setembro.
Fonte: BVM, 2019

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 57


6.
Considerações
Finais
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

A criação do Terceiro Mercado da BVM, resulta da auscul-


tação permanente que a instituição faz ao mercado, da
demanda por soluções inovativas, adaptáveis à situação
concreta do sector empresarial moçambicano, do enqua-
dramento no quadro regulador nacional e no alinhamento
com as boas práticas internacionais. Com esta iniciativa a
BVM tem oportunidade de ser parte da solução do problema
económico que o país atravessa e que impacta no desenvol-
vimento das empresas, no nível de emprego, e na qualidade
de vida dos moçambicanos.

O baixo número de participantes não é sinal de que o mer-


cado não tenha potencial de desenvolvimento. A BVM tem
um mapeamento de mais de 40 empresas com grande poten-
cial para aderir à Bolsa, dos quais 28 são para este segmento
de mercado (por um período de 02 (dois) anos). Muitas des-
tas empresas apresentam somente problemas de dispersão, e
que pode ser conseguido em operações de Bolsa, estando já
cotadas.

Esse abismo entre o número potencial e o real tem-se mostra-


do um desafio de difícil alcance para a BVM e também para
as empresas. Conforme exposto, outros países criaram outras
Bolsas como solução para permitir que todo o potencial de
empresas tenha acesso ao Mercado de Capitais. Em Moçam-
bique, a solução deve passar pela BVM, uma vez que nem o
Governo ou o sector privado aventa a possibilidade de criar
uma outra Bolsa de Valores para acomodar o universo do po-
tencial de empresas existentes e que não reúna, no momento
da admissão em Bolsa, o requisito da dispersão.

A solução passa pela criação de um mercado de acesso, ou


mercado de indução. Um Terceiro Mercado, cujo papel é or-
ganizar as empresas para a ascensão aos Mercados oficiais da
BVM. Este Mercado é preparatório, por essa razão, até grandes

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 59


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

empresas podem aderir e organizarem-se para ascender ao


MCO.

A adopção do Terceiro Mercado da BVM, tem várias externali-


dades positivas para a economia, podendo contribuir para: (i)
a consolidação do rigor e padronização da organização das
contas ao nível das empresas, garantindo deste modo uma
base para a colecta de imposto mais fiável para a ATM e re-
dução de fuga ao fisco; (ii) a práticas de gestão mais transpa-
rentes nas empresas cotadas, devido ao escrutínio público; e,
(iii) potenciamento da CTA, IPEME e do IGEPE, como organi-
zações que actuam na promoção do sector empresarial em
Moçambique.

A existência de instituições como ISCAM e OCAM, com voca-


ção para apoiar as empresas nas matérias que neste momen-
to constituem o constrangimento, bem como outros Memo-
randos de Entendimento existente na BVM, constituem pontos
fortes para o estabelecimento de um ecossistema inicial para
a incubação das empresas no Terceiro Mercado.

O ecossistema para a implementação do Terceiro Mercado


(BVM, CTA, ATM, IPEME, OCAM e ISCAM) terá como principal
foco, proporcionar assessoria, assistência técnica e capacita-
ção em todos os assuntos que afectam a operação de ad-
missão e manutenção das empresas no Terceiro Mercado,
garantindo: (i) apropriação legal dos instrumentos regulamen-
tares do Mercado de Capitais; (ii) o cumprimento dos requisi-
tos para a migração para os principais mercados da BVM; (iii)
a observância da governação corporativa, com o objectivo
de aumentar a atractividade da empresa; (iv) o acesso a um
conjunto de habilidades mais sofisticados de organização em-
presarial; e, (v) capacitação técnica e gerencial.

É igualmente imperioso que o ecossistema para a implemen-


tação do Terceiro Mercado garanta que as empresas inte-

60 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

rajam com consultores, investidores institucionais, instituições


governamentais, especialistas do sector, operadores de bolsa,
bancos de investimentos, entre outros, porque a cooperação
e capacitação são vectores-chave para o sucesso do Terceiro
Mercado.

Ao aprovar-se este segmento de mercado (Terceiro Merca-


do) para indução/preparação de empresas para o Segundo
Mercado e MCO, a BVM estará a cumprir a sua missão de or-
ganizar, gerir e manter o mercado secundário centralizado de
Valores Mobiliários em Moçambique.

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 61


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BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

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64 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


Ficha Técnica
BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

TÍTULO
Terceiro Mercado: Alternativa para o crescimento dos merca-
dos oficiais de Bolsa

COORDENAÇÃO GERAL
Bolsa de Valores de Moçambique (BVM)

COORDENAÇÃO TÉCNICA
Direcção de Operações
Amorim Pery

ASSESSORIA TÉCNICA
Assessoria Jurídica
João Pedro Matsinhe

Assessoria de Mercado
João Pedro Rodrigues.

PARCEIROS
Confederação das Associações Económicas de Moçambique
(CTA);

Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE);

Autoridade Tributária de Moçambique (AT);

Instituto para Promoção de Pequenas e Médias Empresas (IPE-


ME);

Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambi-


que (ISCAM); e,

Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique (OCAM).

66 TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa


BOLSA DE VALORES DE MOÇAMBIQUE

Informações
Úteis
Bolsa de Valores de Moçambique
Avenida 25 de Setembro, Nº 1230, 5º andar - Bloco 5,
do Prédio 33 Andares
Maputo - Moçambique
Contactos
Fixo: (+258) 21-308826/7/8
Fax: (+258) 21-310559
Mail: bvm@bvm.co.mz
Website: www.bvm.co.mz
Linha Verde BVM: 800 44 55

TERCEIRO MERCADO: Alternativa para o Crescimento dos Mercados Oficiais de Bolsa 67

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