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Filosofar é preciso!

Muitas vezes, a filosofia examina cren- acontece sempre do passado para o


ças que quase todos aceitam acri�ca- futuro, ou será que faz sen�do pensar
mente a maior parte do tempo. Ao que o passado pode ser influenciado
examinarmos as nossas crenças, muitas pelo futuro? Por que razão é a natureza
delas revelam fundamentos firmes; regular? Será que o mundo pressupõe
mas algumas não. O estudo da filosofia um Criador? E, se pressupõe, será que
não só nos ajuda a pensar claramente podemos compreender por que razão
sobre os nossos preconceitos, como ele (ou ela ou eles) o criou?
ajuda a clarificar de forma precisa
aquilo em que acreditamos. Por isso, a Por fim, eis algumas perguntas sobre
filosofia se caracteriza por realizar nós e o mundo: Como podemos ter a
certas perguntas que as demais áreas certeza de que o mundo é realmente
do saber não realizam.1 como pensamos que é? O que é o
conhecimento e que quan�dade de co-
Eis algumas perguntas que qualquer nhecimento temos? O que faz de uma
um de nós pode fazer sobre nós área de inves�gação uma ciência? (Será
mesmos: O que sou eu? O que é a cons- a psicanálise uma ciência? E a econo-
ciência. Será que eu posso sobreviver à mia?) Como conhecemos os objetos
morte do meu corpo? Será que posso abstratos, como os números? Como
ter a certeza de que as experiências e conhecemos os valores e os deveres?
sensações das outras pessoas são como Como podemos saber se as nossas
as minhas? Se eu não posso par�lhar as opiniões são obje�vas ou apenas subje-
experiências das outras pessoas, será �vas?
que posso comunicar com elas? Será
que agimos sempre em função do Jerome Stolnitz, na obra A esthetics and
nosso interesse próprio? Será que sou Philosophy of Art Criticism, disse que se
uma espécie de fantoche, programado �vesse de escolher uma só
para fazer as coisas que penso fazer em palavra para descrever a função e “es-
função do meu livre-arbítrio? pírito” da filosofia, seria crí�ca. Mas o
significado desta palavra não deve ser
Eis algumas perguntas sobre o mundo: mal entendida. Quo�dianamente, esta
Por que razão há algo e não o nada? palavra tem geralmente um significado
Qual a diferença entre o passado e o mais estrito do que o que tenho em
futuro? Por que razão a causalidade mente. Quando dizemos, quo�diana-

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Os textos do nosso curso são excertos, paráfrases e citações de inúmeras obras de Filosofia que eu li e pesqui-
sei durante os meus anos de estudo e de inúmeros cursos que eu realizei. São textos que eu fui construindo e
que serviram de base para os meus estudos e agora espero que eles lhe auxiliem também, como me auxiliaram.
Por isso, você poderá usá-los, ampliando-os e, assim, construir a sua história de vida intelectual na filosofia.
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Filosofar é preciso!

mente, que “somos crí�cos rela�va- período histórico em que viveram,


mente àquela pessoa”, queremos geral- �veram uma crença de um �po ou
mente dizer que lhe encontramos outro sobre cada uma destas questões.
defeitos. A filosofia não é “crí�ca” neste Se o estudante pensar durante uns mo-
sen�do. Não se trata da procura rabu- mentos, descobrirá que isto é verdade
genta de defeitos; não é “sempre a também rela�vamente a si próprio, por
deitar abaixo”, como as pessoas com mais que as suas crenças sejam vagas
maus temperamentos que todos co- ou inseguras. Mas não podemos com-
nhecemos. Ao invés, a filosofia é “crí�- preender a importância das crenças
ca” num sen�do mais lato. estudadas pela filosofia até considerar-
mos o significado das crenças em geral.
Neste sen�do, a filosofia examina algo As crenças não são como que outras
para determinar os seus pontos fortes e tantas coisas nas prateleiras dos nossos
fracos. A inves�gação crí�ca ocupa-se armazéns intelectuais, geralmente sem
tanto das virtudes como dos defeitos do qualquer uso, mas a que ocasional-
que estuda. Ora, o que estuda a filoso- mente limpamos o pó e �ramos da
fia cri�camente? Não é tão fácil prateleira — para conversar de triviali-
responder a esta questão como se dades, por exemplo. As crenças são
poderia pensar. Pode dizer-se, contudo, muito mais importantes do que isto.
que a filosofia cri�ca algumas das cren- Pois controlam e dirigem o curso das
ças mais importantes e comuns dos nossas vidas. Estamos sempre a agir à
seres humanos. Um exemplo seria a luz das nossas crenças.
crença de que Deus existe. Outro exem-
plo seria a crença de que há certos atos, O que tomamos como verdadeiro sobre
como cumprir promessas ou agir como o mundo e sobre nós mesmos é crucial
um patriota, que temos o dever de exe- para a nossa decisão de agir de uma
cutar, e outros, como men�r, que são maneira e não de outra, para a pros-
moralmente errados. Outro exemplo secução de um dado obje�vo e não de
ainda é a crença em certos fins ou “va- outro. As suas crenças sobre si próprio
lores” da existência humana que deve- determinam a sua escolha de uma
mos procurar a�ngir, por exemplo, ter determinada área de estudos; as suas
tanto prazer quanto possível ou, no crenças sobre os outros determinam a
polo oposto, pra�car o amor cristão sua escolha da pessoa que convida para
abnegado. sair. Assim, muitas coisas dependem da
solidez das nossas crenças. A ação não
Virtualmente todos os seres humanos será geralmente compensadora nem
adultos, seja qualquer for a cultura ou terá sucesso a não ser que se baseie em
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crenças fidedignas. A ação que não questões, perguntando-se por que


conte com a lucidez da crença verdadei- razão veio a ter as crenças que tem. Na
ra está condenada a ser incerta e fú�l. É maior parte dos casos, você descobre
o produto da supers�ção, do “palpite” que não “veio a ter” tais crenças em
ou da inércia. resultado de uma reflexão prolongada e
séria sobre elas. Pelo contrário,
As crenças estudadas pela filosofia são aceitou-as com base em alguma autori-
as que subjazem ao nosso comporta- dade, isto é, um indivíduo qualquer, ou
mento em áreas centrais da experiência ins�tuição, que lhe transmi�u essas
humana. No caso da é�ca, a filosofia crenças. A autoridade pode ser os seus
não se ocupa tanto de decisões morais pais, professores, igreja ou amigos.
específicas — deverei dizer uma men�- Muitas das nossas crenças são tomadas
ra para ganhar mais nesta transação de assalto pelo que chamamos vaga-
comercial? — mas antes dos princípios mente “sociedade” ou “opinião públi-
do correto e do incorreto nos quais a ca”.
decisão se baseia. Um homem cujos
princípios morais não são sólidos irá Estas autoridades, regra geral, não lhe
agir de maneira mesquinha e impõem as suas convicções. Ao invés, o
repreensível. A situação é semelhante leitor absorveu essas crenças a par�r do
na área de experiência de que nos ocu- “clima de opinião” no qual se desen-
paremos — a criação e apreciação volveu. Assim, a maior parte das suas
ar�s�cas. O prazer que temos com a crenças sobre questões como a existên-
arte — se o temos — depende das cia de Deus ou sobre se por vezes é cor-
nossas crenças sobre a sua natureza e reto men�r são ar�gos intelectuais em
valor. Também neste caso, como vere- “segunda mão”. Mas isto não significa,
mos pormenorizadamente, as crenças claro, que essas crenças sejam neces-
falsas conduzem ao comportamento sariamente falsas ou que não sejam só-
infru�fero. lidas. Podem perfeitamente ser sólidas.
Os ar�gos em “segunda mão” por vezes
O que significa, especificamente, dizer são muito bons. O que está em causa,
que a filosofia faz a “crí�ca” das nossas contudo, é isto: uma crença não é ver-
crenças? Para começar, admitamos que dadeira simplesmente porque uma
a maior parte das nossas crenças sobre autoridade qualquer diz que o é.
questões vitais como a religião e a Suponha que, perante uma certa
moralidade são manifestamente acrí�- crença, eu lhe perguntava: “Como sabe
cas. Faça uma vez mais uma pausa para que isso é verdade?” Certamente que
avaliar as suas crenças sobre estas não seria sa�sfatório responder
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Filosofar é preciso!

“Porque os meus pais (professores, crença que a prova e o raciocínio não


amigos, etc.) me disseram”. Isto, em si, mostrem que é verdadeira. Uma crença
não garante a verdade da crença, que não possa ser estabelecida por este
porque tais autoridades se enganaram meio não é digna da nossa fidelidade
muitas vezes. intelectual e é habitualmente um guia
incerto da ação. A filosofia dedica-se,
Verificou-se que muitas das crenças portanto, ao exame minucioso das
sobre medicina dos nossos antepassa- crenças que aceitamos acri�camente
dos, que eles transmi�ram às gerações de várias autoridades. Temos de nos
posteriores, eram falsas. E desde que se libertar dos preconceitos e emoções
fundaram as primeiras escolas que os que muitas vezes obscurecem as nossas
estudantes — graças aos céus — encon- crenças. A filosofia não aceitará uma
traram erros no que os seus professores crença só porque tem sido venerada
diziam e tentaram encontrar por si pela tradição ou porque as pessoas
crenças mais sólidas. Por outras pala- acham que é emocionalmente compen-
vras, a verdade de uma crença tem de sador aceitar essa crença. A filosofia
depender dos seus próprios méritos. Se não aceitará uma crença só porque se
os seus pais lhe ensinaram que é desas- pensa que é “simples senso comum” ou
troso abusar de maçãs verdes, então a porque foi proclamada por homens
asserção deles é verdadeira não porque sábios. A filosofia tenta nada tomar
eles o disseram, mas porque certos como “garan�do” e nada aceitar “por
fatos (muito desagradáveis) mostram fé”. Dedica-se à inves�gação persistente
que é verdadeira. Se o leitor aceitar e de espírito aberto, para descobrir se
uma “lei” cien�fica que leu num as nossas crenças são jus�ficadas, e até
manual, essa lei é válida não porque que ponto o são. Deste modo, a filosofia
está escrita num manual, mas porque impede-nos de nos afundarmos na
se baseia em provas experimentais e no complacência mental e no dogma�smo
raciocínio matemá�co. em que todos os seres humanos têm
tendência para cair.
Estamos jus�ficados em aceitar uma
crença unicamente quando esta é sus- Finalizo com uma citação de Chaui, do
tentada por provas e lógica sólida. Mas, livro Convite à Filosofia: “Se abandonar
a maior parte de nós nunca testa as a ingenuidade e os preconceitos do
nossas crenças desse modo. É aqui que senso comum for ú�l; se não se deixar
entra a a�vidade “crí�ca" da filosofia. A guiar pela submissão às ideias domi-
filosofia recusa-se a aceitar qualquer nantes e aos poderes estabelecidos for
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ú�l; se buscar compreender a signifi- meios para serem conscientes de si e de


cação do mundo, da cultura, da história suas ações numa prá�ca que deseja a
for ú�l; se conhecer o sen�do das liberdade e a felicidade para todos for
criações humanas nas artes, nas ciên- ú�l, então podemos dizer que a Filoso-
cias e na polí�ca for ú�l; se dar a cada fia é o mais ú�l de todos os saberes de
um de nós e à nossa sociedade os que os seres humanos são capazes.”

Indicações de Leituras

Sempre indico que três livros são indispensáveis: uma boa história da filosofia, um
bom dicionário e bons livros sobre as áreas da filosofia (sobre as áreas específicas,
indicarei na aula 16 do nosso curso). Eis os livros que eu u�lizo e indico:

1. História da Filosofia, de Reale e An�sseri (7 vol.)


2. História da Filosofia, de Christoph Helferich
3. Dicionário de Filosofia, de Abbagnano
4. Convite à filosofia, de Marilena Chaui
5. Filosofando, de Maria L. A. Aranha e Maria H. P. Mar�ns
6. Fundamentos da Filosofia, de Gilberto Cotrim
7. O mundo precisa de Filosofia, de Eduardo Prado de Mendonça
8. Sobre a construção do sentido, de Ricardo Timm de Souza

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