O conceito disseminado desde o renascimento do homem perfeito, no qual o homem
Vitruviano foi padrão e corroborado pelo modelo de medidas modernista de Le
Corbusier - o Modulor criaram por muito tempo e repetidamente, cidades da exclusão. Aliada à dificuldade de obtenção de recursos, temos atualmente cidades que não incluem nem quem é médio, quanto mais o deficiente. Na contramão desses modelos, o conceito de desenho universal surge como possibilidade de se construir uma cidade para todos. Nesse contexto, a cidade de Grenoble – França surge como antítese da situação da maioria das cidades brasileiras, uma vez que a ela demonstra incomumente um grande número de pessoas com deficiência usufruindo dos serviços citadinos com grande independência, uma vez que o espaço urbano o permite. Detentora de vários prêmios de incentivo para as cidades européias, tais como o Access City Award em 2011, o Prix d’Association of Paralyzed em 2016, recebeu recentemente, em janeiro de 2020 pela APF France Handicap, o prêmio de cidade mais acessível da França. O artigo descreve a visita técnica à cidade e ao Laboratório AAU – Ambiências, Arquitetura e Urbanidade (Equipe Cresson) da Escola Superior de Arquitetura de Grenoble, ocorrida em maio de 2019, a qual pretendeu conhecer as açoes que transformaram esta cidade de mais de 2.000 anos em referência em acessibilidade à pessoa com deficiência. Nela, foram analisados o centro urbano, suas ligações de transporte com os campi universitários, as calçadas e ruas e o projeto urbano. Com seus 500.000 habitantes considerando a área metropolitana na Região do Ródano-Alpes, Grenoble tem bons exemplos a serem seguidos na busca de uma cidade inclusiva, na qual o desenho universal seja a base do projeto urbano.