FENÔMENOS DE
TRANSPORTE
1
PREFÁCIO
A Água que sai pela torneira; o ar que respiramos, que também sustenta
o avião e, ao mesmo tempo, cria uma resistência ao seu movimento; o óleo
que lubrifica os mecanismos; o bocal da mangueira de jardim, que provoca
uma alta velocidade do jato de água na saída, são, entre outros, fenômenos
que observamos ou dos quais participamos diariamente.
2
Desprezando-se a variação da massa especifica ou densidade como no
caso dos líquidos, o manuseio dos modelos fica muito mais simples.
Citado pelo Prof Eng Franco Brunetti no seu livro Mecânica dos
Fluídos.
Sumário
1 - INTRODUCÃO 06
3
1.1 – Definição de um Fluido 09
12 – Equações Básicas 11
1.3 – Métodos de Análise 11
1.4 - Lei do Movimento 12
1.5 – Dimensões e Sistemas de Unidades 12
1.6 – Propriedades dos Fluidos 16
3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
3.1 - O Fluido como um continuo 37
3.2 - Campo de velocidade 37
3.3 - Campo de tensões 40
3.4 - Tensão em um ponto 41
3.5 - Fluido Newtoniano: Viscosidade 43
3.6 - Descrição e classificação dos escoamentos de fluidos 46
3.7 - Propriedades do Transporte Molecular 50
8 - ASSOCIAÇÕES DE TUBULAÇÕES 79
9 - BIBLIOGRAFIA 82
1 - INTRODUCÃO
4
FENÔMENOS DE TRANSPORTE:
Estuda o transporte de quantidade de movimento (ou momentum),
transporte de calor e transporte de massa.
MECÂNICA:
É a ciência que estuda o equilíbrio e o movimento dos corpos sólidos,
líquidos e gasosos, bem como as causas que provocam este movimento.
5
Ventilação
O fluxo de água através de canais e condutos
As ondas de pressão produzidas na explosão de uma bomba
As características aerodinâmicas de um avião supersônico.
As asas de aviões para vôos subsônicos e supersônicos
Cascos de barcos, navios e aerobarcos.
Projeto para fogos de artifício.
Projetos de submarinos e automóveis
Uma das perguntas mais comuns nos cursos de Engenharia é: Por que
estudar Mecânica dos Fluidos?
Como se podem observar, pelo exposto, poucos são os ramos da
engenharia que escapam totalmente do conhecimento dessa ciência que se
torna assim, uma das de maior importância entre as que devem fazer parte
dos conhecimentos básicos do engenheiro.
Aplicações:
Transportes:
- Recentemente as industriais de automóvel têm dado maior importância
ainda ao projeto aerodinâmico. Esta importância também tem sido verificada
no projeto de carros e barcos de corrida.
- Projeto de sistemas de propulsão para vôos espaciais. Exemplo
mostrado na figura 1 - um foguetão espacial possui uma grande quantidade
de energia química (no combustível) pronta a ser utilizada enquanto espera
na rampa. Quando o combustível é queimado, esta energia é transformada
em calor, uma forma de energia cinética. Os gases de escape produzidos
impelem o foguetão cima.
Figura 1 Figura 2
- Na figura 2 temos o exemplo de uma velha locomotiva a vapor que
transforma energia química em energia cinética. A queima de madeira ou
carvão na caldeira é uma reação
química que produz calor, obtendo
vapor que dá energia à locomotiva.
6
Figura 3
Figura 3 Figura 4
- A Espiral é provocada por um avião a decolar, visível pelo impacto do
ar, que desliza das suas asas, com um corante gasoso expelido do chão é visto
na figura 3.
- O desastre da ponte de Tacoma ocorrido há alguns anos atrás
evidencia as possíveis conseqüências que ocorrem, quando os princípios
básicos da mecânica dos fluidos são negligenciados – figura 4.
Engenharia:
- Estes mesmos princípios são utilizados em modelos para determinação
das forças aerodinâmicas devidas às correntes de ar em torno de edifícios e
estruturas. Ex : vibração de um edifício durante um terremoto
- O projeto de todo o tipo de maquinas de fluxo incluindo bombas,
separadores, compressores e turbinas requer claramente o conhecimento
de Mecânica dos Fluidos.
- Lubrificação, sistemas de aquecimento e refrigeração para residências
particulares e grandes edifícios comerciais, sistemas de ventilação em
túneis e o projeto de sistemas de tubulação para transporte de fluidos
requer também o conhecimento da mecânica dos Fluidos.
Medicina:
- O sistema de circulação do sangue no corpo humano é
essencialmente um sistema de transporte de fluido e como conseqüência o
projeto de corações e pulmões artificiais são baseados nos princípios da
mecânica dos fluidos.
Recreação:
- O posicionamento da vela de um barco para obter maior rendimento
com o vento.
- A forma e superfície da bola de golfe para um melhor desempenho são
ditadas pelos referidos princípios.
Esta lista poderia ser acrescida, mas ela por si só já comprova que a
mecânica dos fluidos não é de interesse puramente acadêmico, mas sim
uma ciência de enorme importância para as experiências do dia a dia e para
a moderna tecnologia.
Claro está que iremos estudar em detalhes apenas uma pequena
porcentagem destes problemas. Não obstante, estudaremos as leis básicas
e os conceitos físicos associados, que serão a base, ou seja, o ponto de
partida para a analise de qualquer problema em Mecânica dos Fluidos.
7
IMPORTÂNCIA:
Nos problemas mais importantes, tais como:
Produção de energia
Produção e Conservação de Alimentos
Obtenção de água potável
Poluição
Processamento de Minérios
Desenvolvimento industrial
Aplicações da Engenharia à Medicina
Seja um sólido preso entre duas placas planas, uma inferior fixa e uma
superior submetida a uma força tangencial F t (na direção do plano da
placa) como mostrado na figura (a).
Mantida a Ft constante, nota-se que o sólido se deforma angularmente
até alcançar uma nova posição de equilíbrio estático.
8
Nessa posição as tensões internas equilibram a força externa aplicada e
somente uma variação da força F t faria com que houvesse uma
modificação da nova configuração do sólido.
Pode-se dizer, então que um sólido submetido a uma força tangencial
constante, deforma-se angularmente, mas atinge uma nova configuração
de equilíbrio estático.
Nesta nova configuração, o sólido atinge o seu limite elástico e a
deformação é diretamente proporcional à tensão de cisalhamento .
F
(A = área da superfície em contato com a placa)
A
Na experiência descrita na figura (b) é colocado um fluido entre as duas
placas. Sendo a placa inferior fixa e a superior móvel, ao se aplicar a força
tangencial Ft na placa superior, esta irá se deslocar.
A primeira observação importante nessa experiência é que pontos
correspondentes do fluido e da placa continuam em correspondência
durante o movimento; assim, se a placa superior adquire uma velocidade v,
os pontos do fluido em contato com ela terão a mesma velocidade v, e os
pontos do fluido em contato com a placa fixa ficarão parados junto dela. Tal
observação conduz ao chamado principio da aderência: Os pontos de um
fluido, em contato com uma superfície sólida, aderem aos pontos dela, com
os quais estão em contato.
Então, o que se observa é que o volume do fluido, sob a ação da força
Ft , deforma-se continuamente, não alcançando uma nova posição de
equilíbrio estático, supondo-se as placas de comprimento infinito.
A uma determinada temperatura e pressão, um fluído possui uma
densidade definida. Com a densidade de um fluído depende da temperatura
e da pressão, a variação da densidade ao modificar estas condições pode
ser grande ou pequena.
Se a densidade varia pouco com variações moderadas de temperatura
e pressão o fluído se denomina incompressível.
Se a densidade varia consideravelmente com relação à pressão e
temperatura, o fluído recebe o nome de compressível.
Os fluídos podem ser ainda divididos em:
LÍQUIDOS: são praticamente incompressíveis; ocupam
volumes definidos e tem superfícies livres.
GASES: são compressíveis, e uma dada massa de gás
expande-se até ocupar todas as partes do recipiente em que está contida.
1. 2 - EQUACÕES BASICAS
Uma análise de qualquer problema de mecânica dos fluidos começa
necessariamente direta ou indiretamente, pela enunciação das leis básicas
que regem a movimentação dos fluidos. Estas leis, independente da
natureza de um fluido em particular, são:
9
1. Lei de Conservação de Massa - Equação da continuidade
2. A Segunda Lei de Newton sobre o movimento - Equação da
quantidade de movimento.
3. A Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica – Equação de
energia.
1. 3 - MÉTODOS DE ANÁLISE:
As leis básicas que aplicamos em nosso estudo de mecânica dos fluidos
podem ser formuladas em termos de:
Sistemas infinitesimais ou finitos
Volumes de controle
Sistema é definido como uma quantidade fixa de massa, distinta do meio e
dele separada através de suas fronteiras.
Sistemas finitos – equações globais (comportamento macroscópico
do escoamento).
Sistemas infinitesimais – equações na forma diferencial (fornece
condições para determinar o comportamento detalhado, ponto a ponto, do
escoamento).
Fronteira é uma superfície fechada que pode variar com o tempo, desde
que contenha sempre a mesma massa, qualquer que seja a transformação.
Volume de Controle refere-se a uma região do espaço escolhida
arbitrariamente para facilitar a resolução e análise de um problema.
1. 4 - LEI DO MOVIMENTO:
A lei fundamental da mecânica é uma das leis realmente básica da
engenharia; é a correlação de Newton entre a força e a quantidade de
movimento que pode ser expressa da seguinte maneira:
F d (mv)
dt m = massa do corpo
v = velocidade do corpo
F = somatório de todas as forças que atuam sobre o corpo
mv = quantidade de movimento
F m dv + v dm
dt dt
Como m é sempre constante para velocidades diferentes da velocidade
da luz no vácuo:
V dm = 0 F m dv como dv = a
10
dt dt dt
F = kma k = 1/gc, logo:
gc fator de conversão da lei de Newton
ma
F
gc
11
SISTEMAS QUANTO ÀS UNIDADES:
A – Sistema absoluto - M L t T
A1. Métrico – MKS
A2 Métrico – CGS
A3. Inglês
B – Sistema técnico ou gravitacional - F L t T
CGS B1.
U unidade de comprimento cm -centímetro Métrico
12
A unidade de força no CGS é chamada DINA.
1g cm
1dina (definição através da segunda lei de Newton)
s2
13
A libra força é definida como a força exercida sobre uma libra massa de
material sob condições onde a aceleração da gravidade vale 32,174 pé por
segundo por segundo.
14
VISCOSIDADE ABSOLUTA
A viscosidade é a propriedade dos fluidos correspondente ao
transporte microscópico de quantidade de movimento por difusão molecular.
Ou seja, viscosidade, conforme definição de Newton, é a resistência oposta
pelas camadas liquidas ao escoamento recíproco. Quanto maior a
viscosidade, menor a velocidade em que o fluido se movimenta.
Para que se possa entender e equacionar a definição de Newton,
considere uma placa fina de área S imersa em um fluido e a uma distancia
x de uma superfície fixa conforme a figura abaixo. O fluido inicialmente
está em repouso.
Esta placa fina é colocada entre duas placas planas paralelas bem
próximas e grandes de modo que as perturbações nas bordas possam ser
desprezadas.
F
x v
v1
x1
15
F dX F L
[] = ------- [] = 2
x 1
A dV L Lt
[] = F T L-2
MLT 2 L
[ ] 2
X [] = MT-1L-1
L LT 1
TRANSFORMAÇÃO
1 po
poise = 0,0672 lbm/ft.s
1 ce centipoise = 6,72 x 10-4 lbm / ft.s = 242 lbm/ft.h
1 lbf.s / ft2 = 479 poises = 1 slug / ft.s
VISCOSIDADE CINEMATICA EM STOKES
É a relação entre a viscosidade absoluta e a massa específica.
ML1T 1
logo [] = L2 T-1
ML 3
UNIDADES:
a) stoke = 1 cm2/s
b) centistoke = 10-2 stoke
c) ft2/s 1 ft2/s = 929,03 stokes
16
Para gases se T e
se P ( T constante)
MASSA ESPECÍFICA ( )
Massa específica de uma substância é a quantidade de
massa que ocupa uma unidade de volume a uma determinada
pressão e temperatura.
Unidades: kg/m3 – g/cm3
lbm/ft3 - slug/ft3
PESO ESPECÍFICO ( )
Peso especifico de uma substancia é a razão entre seu peso e a
unidade de volume. Esta definição de uso generalizado, contudo, carece de
certo rigor de conceituação, uma vez que o “peso” de um corpo é função da
aceleração da gravidade onde ele se encontra, conforme garante a
Segunda Lei de Newton.
Unidades: kgf/m3 e lbf/ft3
17
peso mg
= Peso = força = gc
volume
mg 1 g
= gc logo = gc
V
VOLUME ESPECÍFICO ( v )
Volume específico de uma substancia é o volume ocupado pela
unidade de massa. O volume especifico é igual ao inverso da massa
especifica e tem particular importância no estudo do escoamento de fluidos
compressíveis.É o inverso da massa específica.
v = 1/ ft3/lbm - m3/kg - cm3/ g
18
PRESSÃO DE VAPOR - PV
Os líquidos evaporam por causa de moléculas que escapam pela
superfície livre. As moléculas de vapor exercem uma pressão parcial no
espaço conhecida como pressão de vapor.
Se o espaço acima do líquido for confinado, depois de certo tempo o
número de moléculas de vapor atingindo a superfície livre do líquido e
condensando é exatamente igual ao número de moléculas que escapam em
qualquer intervalo de tempo, e existe equilíbrio.
Como este fenômeno depende da atividade molecular a qual é função
da temperatura, a pressão de vapor de um líquido depende da temperatura
e aumenta com a mesma.
Quando a pressão acima da superfície de um líquido iguala a pressão
de vapor do mesmo, ocorre a ebulição.
Em muitas situações, nos escoamentos de líquidos é possível que
pressões bastante baixas apareçam em certas regiões do sistema. Em tais
circunstâncias, as pressões podem ser iguais ou menores que a pressão de
vapor; quando isto ocorre, o liquido se evapora muito rapidamente. Uma
bolsa de vapor, ou “cavidade”, que se expande rapidamente, é formada e
normalmente se desloca de seu ponto de origem e atinge regiões de
escoamento onde a pressão é maior que a pressão de vapor, ocorrendo o
colapso da bolsa. Este é o fenômeno da “CAVITAÇÃO”.
19
O efeito da tensão se manifesta em superfícies curvas, exigindo
diferenças de pressões entre os lados côncavo e convexo da superfície,
para manter o equilíbrio de forças.
A força de tensão superficial (necessária para manter o citado
equilíbrio) esta associada às interações entre as moléculas do fluido. Essa
interação decresce com o aumento da distância entre as moléculas e pode
ser desprezada para os gases.
No interior dos líquidos as forças intermoleculares se compensam
entre si, mas, para as moléculas da superfície existem forças que evitam
que elas se separem.
Estas forças são responsáveis por manter, por exemplo, uma bolha
de sabão sem se arrebentar.
Tensão Superficial é então a força de coesão necessária, obtida
pela divisão da “energia de superfície” pela unidade de comprimento da
película em equilíbrio.
Energia de superfície – trabalho por unidade de área, necessário
para trazer as moléculas à superfície.
20
2 - ESTÁTICA DOS FLUIDOS
2.1- DEFINIÇÃO:
Um fluido é considerado estático se todos os elementos do fluido estão
parados ou se movem com uma velocidade constante, relativamente a um
sistema de referência.
Para que esta condição seja satisfeita, é necessário que exista um
equilíbrio entre as forças que agem sobre o elemento do fluido considerado.
Casos especiais de fluidos em movimentos, como corpos rígidos, são
incluídos no tratamento da estática por causa da semelhança de forças
envolvidas.
Dentre as forças de superfície as forças tangenciais (responsáveis pela
tensão de cisalhamento) não são consideradas, pois está se estudando
estática dos fluidos e a ação deste tipo de força colocaria o fluido em
movimento. Resta então as forças normais responsáveis pela tensão
normal, tensão de pressão ou simplesmente pressão.
Desta forma, em todos os sistemas estudados pela estática dos fluidos,
agirão somente forças normais de pressão.
F
P lim
A 0 A
21
Isto significa que num elemento de área A, submerso num fluido em
repouso e que pode girar livremente em torno de seu centro agirá uma força
de intensidade constante de cada lado, independente de sua orientação.
Pode-se demonstrar este fato, adotando-se um pequeno corpo em forma de
cunha, de comprimento unitário, no ponto (x,y) de um fluido em repouso.
Como não existi tensão de cisalhamento com o fluido em repouso, as únicas
forças presentes são as normais de contato e de campo (peso).
Pressão P + dP (lbf/ft3)
ZA
dZ
Pressão P (lbf/ft3)
ZB
Área S (ft2)
Vamos supor que a uma distância Z ( ft ) do fundo, a pressão seja
p( lbf/ft2) e a massa especifica do fluido seja (lb/ft3).
22
Analisando as forças que atuam sobre um pequeno volume de fluido
de altura dZ e área da seção transversal S, teremos três forças verticais
atuando. São elas:
F3 = g S dz
23
de altitude muito grande. A menos que especificada de outra forma, iremos
supor que g é constante com a elevação em qualquer local dado.
Já a variação de em muitos problemas práticos tem que ser
considerada para que resultados com boa exatidão sejam obtidos. Assim
deve-se trabalhar com tratamento diferenciado quando tivermos fluidos
compressíveis e incompressíveis.
a) Fluidos incompressíveis
Neste caso = 0 = constante.
Então considerando a aceleração da gravidade constante,
dp
g 0 cons tan te
dz
Para determinar a variação de pressão, devemos integrar e aplicar as
condições de contorno apropriadas. Caso a pressão no nível de referencia
z0 seja designada por p0 então a pressão p na nível z é encontrada por
integração:
p z
dp 0 g dz ou p p 0 0 g z z 0 0 g z 0 z Para líquidos é
p0 z0
b) Fluidos compressíveis
Sabemos que a pressão num fluido estático varia com a altura, segundo
24
dp
g
dz
Integrando a mesma, podemos ter a variação também para um fluido
compressível.
Para obter a relação requerida para a massa específica, podemos usar
dados experimentais ou uma equação de estado.
Para muitos líquidos é uma função suave da temperatura.
A pressão e dos líquidos relacionam-se pelo módulo de
compressibilidade ou de elasticidade
dp
Ev
d
Se o módulo de compressibilidade é suposto constante, é função
apenas de p e a equação acima fornece a relação de adicional necessária
para integrar a relação básica pressão-altura.
Temos ainda que: p RT (equação de estado do gás ideal)
sendo:
T – temperatura absoluta
R – constante universal dos gases
Esta equação atende à maioria das condições dos gases que
prevalecem em Engenharia com exatidão bastante aceitável.
25
Vimos então que a pressão pode ser expressa em relação a qualquer
referência arbitraria. Usualmente, adota-se como tal, o zero absoluto e a
pressão atmosférica local.
A figura abaixo ilustra as referências e as relações entre as unidades
mais comuns para a medida da pressão.
2. 5 - MANOMETRIA
26
MANOMETRIA É A MEDIDA DAS PRESSÕES. PARA SE MEDIR
ESSAS PRESSÕES SÃO USADOS APARELHOS QUE CHAMAMOS DE
MANÔMETROS.
ATMOSFERA NORMAL - AN
A atmosfera normal é aquela que equilibra uma coluna de mercúrio
com 760 mm de altura (segundo experiência de Torricelli). É medida ao
nível do mar e tem os seguintes valores:
po = 10.328 kgf / m2 = 1,033 kgf / cm2 = 760 mmHg
Simplificando:
po = 10.000 kgf / m2 = 1 kgf / cm2 (atmosfera técnica – atm).
Se ao invés de mercúrio, Torricelli tivesse usado água com peso
específico() igual a 1.000kgf/m3, o valor da atmosfera técnica
corresponderia a 10 metros de coluna de água, (mca).
Logo:
1 atm = 10.000kgf/m2 = 1 kgf/cm2 = 10 mca = 0,968AN = 736 mmHg.
27
A pressão em um ponto pode ser também calculada a partir do zero
absoluto (vácuo perfeito ou total), obtendo-se, neste caso, a PRESSÃO
ABSOLUTA.
A pressão nula corresponde ao vácuo total.
A pressão absoluta é sempre positiva.
Para os pontos citados acima, temos:
p abB = pefB + po
pabC = pefC + po
pabD = pefD + po
2.5.2 - DEFINIÇÕES:
MANÔMETRO: é um instrumento para medir a pressão em um
ponto, ou seja, medir a pressão efetiva.
VACUÔMETRO: é um manômetro que indica as “pressões efetivas
negativas”, bem como as positivas e nulas.
PIEZÔMETRO: é o mais simples dos manômetros, chamado
também de tubo piezométrico.
BARÔMETRO: mede o valor absoluto da pressão atmosférica.
ALTIMETRO: é o barômetro construído para a obtenção de altitudes.
Ex: de uma aeronave em relação ao nível do mar.
28
Os tubos contêm o liquido manométrico (líquido destinado a medir a
pressão). Nos exemplos acima apenas uma extremidade do tubo fica em
contato com a atmosfera. Na figura abaixo as duas extremidades são
abertas para atmosfera.
- MANÔMETROS METÁLICOS
São os mais utilizados nas industriais (pressões elevadas).
Medem as pressões dos fluídos através da deformação de um tubo
metálico recurvado ou de um diafragma (membrana) que cobre um
recipiente hermético de metal. O manômetro metálico é conhecido também
como aneróide, barômetro de Vidi ou de Bourbon.
29
Quando a pressão interna ao tubo é aumentada, este tende a endireitar
puxando um sistema de alavancas ligado a um ponteiro, causando desta
forma seu movimento.
O ZERO será indicado no mostrador sempre que as pressões interna
e externa do tubo forem iguais, independentemente de seu valor.
O mostrador pode ser graduado em qualquer unidade: pascals, pol de
mercúrio, milímetros de mercúrio, pés de água, libra por polegada quadrada.
Este manômetro pelas próprias condições medirá a pressão atmosférica.
MANÔMETRO DIFERENCIAL
É o manômetro de líquido, utilizado para medir a diferença de pressão
entre dois pontos.
(a) (b)
a) Mede a diferença de pressão entre os pontos B e C que estão em
líquidos diversos (de Pesos específicos B e C).
b) Mede a diferença de pressão entre os pontos
B e C de um mesmo líquido.
MICROMANÔMETROS
30
Utilizado para a determinação de pequenas diferenças de pressão
com precisão.
Utilizando-se dois líquidos manométricos, imiscíveis entre si e com o
fluido a ser medido, pode-se produzir, com uma pequena diferença de
pressão, um grande desnível R.
R
p C k 1 y 1 k 2 y 2 p D k 1 y 1
2
R
k2 y 2 R 3
2
R R
p C k1 y 1 k 2 y 2 k1 y 1 k 2 y 2
2 2
R 3 pD
p C 2 y 1 R 2 y 2 R 3 p D
R
Mas yA a
2
31
a
2y R
A
Substituindo vem:
a a
pC R 1 R R 2 R 3 pD
A A
a a
p C p D R 3 2 1 1
A A
p1 p A A k
p1 p 2 m k m
km R
sen k m R sen
R km
α
32
p1 p 2 m R sen p A A k
p A p 2 m R sen A k
p A MAN m R sen A k
R será sempre maior que km, permitindo leituras mais precisas por
ampliação da escala. Quanto menor o , menor o sen e maior o R.
3 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS
33
3.2 - CAMPO DE VELOCIDADE
Matematicamente:
0 , onde representa uma propriedade qualquer do fluido.
t
34
um dos seus pontos depende das três coordenadas requeridas para
localizar o ponto no espaço.
para r = R u =0
r=0 u = umax
35
No escoamento uniforme em uma dada seção transversal, a velocidade
é constante em qualquer seção normal ao escoamento. Aqui o campo de
velocidade é uma função apenas de x, e, deste modo, o escoamento é
unidimensional (outras propriedades também podem ser consideradas
uniformes em uma seção se apropriado).
ALGUMAS DEFINIÇÕES
TRAJETÓRIAS - caminho traçado por uma partícula de fluido em
movimento
RAIA – linha que une as partículas de um fluido que passaram por um
determinado ponto fixo do espaço
LINHAS DE FLUXO ou LINHA DE CORRENTE – linhas traçadas no campo
de escoamento de tal forma, que, num dado instante de tempo, elas são
tangentes à direção do escoamento em todos os pontos no campo de
escoamento. Pode variar de instante para instante se o escoamento for
transiente.
OBS: Se o escoamento for permanente, TRAJETÓRIA, RAIA, E LINHAS
DE FLUXO são idênticas no campo de escoamento.
Todos são conceitos usados para descrever graficamente um
escoamento.
36
Logo g (força de corpo gravitacional por unidade de volume) e g
(força de corpo gravitacional por unidade de massa).
onde:
AX é a componente em x de A, isto é, é a projeção de A no eixo
dos x.
“ Em grandeza é a projeção de ABC sobre o plano yz (OBC), isto é,
sobre o plano perpendicular ao eixo dos x”.
Similarmente acha-se:
AY é a componente em y de A , em grandeza é a projeção xz
(OCA), sobre o plano perpendicular ao eixo dos y
AZ é a componente em z de A , em grandeza é a projeção xy
(OAB), sobre o plano perpendicular ao eixo dos z
Para a força, temos o vetor:
37
F iˆ FX ˆj FY kˆ FZ
direção z.
A tensão em um ponto é especificada pelos noves componentes:
xx xy xz
yx yy yz
zx zy zz
onde foi usado para denotar uma tensão normal e as tensões de
cisalhamento são denotadas por
A figura abaixo nos mostra estas tensões.
38
Acima consideramos seis planos (dois x, dois y e dois z) nos quais as
tensões podem atuar. Estes planos são nomeados e denotados como
positivos e negativos, de acordo com o sentido, do plano para fora, da
normal a este plano.
Conversão de sinais para a tensão – Um componente da tensão
é considerado positivo quando o sentido do componente da tensão e o
plano sobre o qual ele atua são ambos positivos ou ambos negativos.
São negativos quando têm sinais opostos.
39
GÁS - as forças de coesão são muito pequenas, sua resistência ao
cisalhamento é principalmente o resultado da transferência da quantidade
de movimento. Com o aumento da temperatura, aumenta a energia cinética
das partículas, logo a probabilidade de choque também aumenta.
Considere-se o comportamento de um elemento de fluido entre duas placas
infinitas na figura a seguir:
e
u
Logo se o fluido é Newtoniano
t y
du
yx A tensão de cisalhamento age num plano normal ao eixo dos y.
dy
3.5.1 – Viscosidade
40
Sabemos que fluidos diferentes deformam-se diferentemente. Uns
possuem maior resistência ao escoamento que outros. Ex: água e mel
du
A constante de proporcionalidade a equação yx dy é a viscosidade
absoluta (ou dinâmica) , logo a lei da viscosidade de Newton é dada por:
du
yx
dy
Dimensões
FT M
ou poise = g/cm s
L2 LT
É muito usado em Mecânica dos Fluidos o quociente da viscosidade
absoluta , em relação à massa específica.
é chamada de viscosidade cinemática
L2
Dimensões: stoke = cm2/s
T
41
ESCOAMENTOS INCOMPRESSÍVEIS – quando as variações de densidade
são pequenas e relativamente sem importância.
ESCOAMENTOS COMPRESSÍVEIS – quando as variações de
densidade desempenham um papel importante, tais como em escoamentos
de gás a altas velocidades.
Na maioria dos casos, líquidos são considerados como escoamento
incompressível e gases como compressíveis.
Exceção – escoamento de gases cujo N o de Mach for <0,3 as
variações na densidade atingem apenas 2% do valor médio, logo podem ser
tratados como incompressíveis.
(M=v/c onde v é a velocidade do escoamento e c a velocidade do
som)
Um valor de M = 0,3 para o ar nas condições padrões corresponde a
uma velocidade de aproximadamente 100m/s.
Os escoamentos podem ainda ser classificados em:
- Real ou ideal
- Permanente ou variado
- Uniforme ou não uniforme
- Rotacional ou irrotacional
ESCOAMENTO IDEAL OU PERFEITO
Por definição, escoamento ideal ou escoamento sem atrito, é
aquele no qual não existem tensões de cisalhamento atuando no
movimento do fluido. De acordo com a lei de Newton para um fluido
em movimento esta condição é obtida quando a viscosidade do fluido
é nula.
=0
ou quando as componentes da velocidade do escoamento não
mais exibem variações de grandeza na direção perpendicular ao
componente da velocidade considerada;
dvx
0
dy
Não deve ser confundido com um gás perfeito. A hipótese de fluido ideal
é útil na análise de escoamentos em grandes extensões de fluidos, como no
movimento de um aeroplano ou um submarino. Um fluido sem atrito é não
viscoso e seu escoamento é reversível
ESCOAMENTO REAL
42
Não apresentam uma velocidade de deslizamento finita em relação a uma
ESCOAMENTO PERMANENTE
É aquele em que as condições em qualquer ponto do fluido não
variam com o tempo. Exemplo: se a velocidade em um certo ponto é 3 m/s
na direção positiva de x, num escoamento permanente, terá exatamente
este valor e direção indefinidamente. Podemos expressar:
43
V
0 , onde o espaço (coordenadas x, y e z do ponto) è mantido
t
constante.
Da mesma forma não haverá variação com o tempo, em qualquer ponto,
da massa especifica , pressão P ou temperatura T no escoamento
permanente; logo:
P T
0, 0 e 0
t t t
No escoamento turbulento, devido ao movimento aleatório
das partículas do fluido, existem sempre pequenas flutuações em qualquer
ponto. A definição de escoamento permanente deve ser generalizada de
alguma forma para levar em consideração tais flutuações. Assim, a
velocidade media com o tempo será expressa como:
1 t
t 0
vt vdt
ESCOAMENTO VARIADO
Quando as condições variarem em qualquer ponto com o tempo, logo
v
0. Água bombeada por um sistema fixo, com vazão constante é um
T
exemplo de escoamento permanente. Água bombeada por um sistema fixo,
com vazão crescente, é um exemplo de escoamento variado.
ESCOAMENTO UNIFORME
É aquele para o qual o vetor velocidade é idêntico em todos os
pontos (em modulo, direção e sentido) para qualquer instante dado ou,
matematicamente:
v
0 t = constante; s deslocamento em qualquer direção
s
44
bombeado por um tubo longo e reto tem escoamento uniforme. Liquido que
escoa por um tubo de seção variável ou por um conduto curvo tem
escoamento não uniforme.
Exemplos de escoamento permanentes e variados e uniformes e não
uniformes são:
1. Liquido escoando por um conduto longo e reto, com vazão constante
tem escoamento uniforme e permanente.
2. Liquido escoando por um conduto longo e reto com vazão crescente
tem escoamento uniforme e variado.
3. O escoamento por um conduto de seção decrescente e vazão constante
tem escoamento não uniforme e permanente.
4. O escoamento por um conduto de seção decrescente e vazão crescente
tem escoamento não uniforme e variado .
45
de transporte de uma quantidade conservativa (como é o caso da
quantidade de movimento, da energia e da massa) é proporcional ao
gradiente da grandeza que provoca esta transferência.
A constante de proporcionalidade é uma propriedade física da
substancia em questão, também chamada de propriedade de transporte.
As equações de transferência de quantidade de movimento, calor e
massa são:
b) Transferência de Calor:
dT
q y k (q = - k T) (2) onde
dy
Q
qy = fluxo de calor na direção y
A
46
A equação (2) é conhecida como “Lei de Fourrier” e pode ser entendida
como:
Fluxo de calor = calor transportado
(unidade de área) ( unidade de tempo)
Fluxo de calor = (condutividade térmica) (gradiente de temperatura)
A condutividade térmica k é uma medida da resistência que uma
substancia oferece à transferência de calor.
c) Transporte de massa:
dC A
J Ay DAB (3) onde
dy
NA
J Ay = fluxo molar do componente A na direção y
A
NA = numero de moles de A transportado por difusão.
A = área através da qual A se difunde
DAB = coeficiente de difusão mássica do componente A no componente B
dC A
= gradiente da concentração molar do componente A na direção y.
dy
47
As equações (1), (2), (3) podem ser representadas por uma única
equação desde que se tenha em mente a restrição acima:
P = CG
Onde
P é o fluxo de certa quantidade, provocado pelo gradiente de grandeza
G e C é a constante de proporcionalidade que é uma propriedade
característica do material onde ocorre o processo de transporte em questão.
Observação:
1. Transferência da quantidade de movimento:
dvx
yx
dy
48
4 - ANÁLISE DIMENSIONAL E SEMELHANÇA DINÂMICA
4.1 - INTRODUÇÃO
1. FORÇA ------------------------ F
TEMPO ------------------------ T
COMPRIMENTO ------------ L
2. MASSA ----------------------- M
TEMPO ----------------------- T
COMPRIMENTO ----------- L
Aplicação 1
Usando os sistemas FLT e MLT, expressar cada uma das seguintes
grandezas.
49
GRANDEZA SÍMBOLO DIMENSÕES DIMENSÕES
(MLT) (FLT)
Comprimento l L L
Tempo t T T
Massa M M FL -1 t 2
-2
Força F MLT F
Velocidade v LT - 1 LT -1
Aceleração a LT - 2 LT -2
Área A L2 L2
Vazão Q L3 T - 1 L 3 T -1
Pressão ou queda p ML-1 T - 2 FL - 2
de pressão
Aceleração da g LT - 2 LT - 2
gravidade
Massa específica ML- 3 FT 2 L- 4
Peso específico ML- 2 T - 2 FL- 3
Viscosidade ML-1 T - 1 FTL- 2
dinâmica
Viscosidade L2 T - 1 L2 T - 1
cinemática
Tensão superficial MT - 2 FL- 1
MM Modulo de elasticidade K ML- 1 T - 2 FL- 2
volumétrica
Aplicação 2
O número de Reynolds é uma função da massa específica, da
viscosidade e da velocidade de um fluído, e de um comprimento
característico. Estabelecer o número de Reynolds pela análise dimensional.
Podemos escrever
Re = f ( , , L, V) ou Re = Kab VcLd (A)
= massa especifica
= viscosidade
V = Velocidade
L = comprimento
50
Onde K é um coeficiente adimensional, geralmente determinado
experimentalmente.
Logo
= FT2L-4
= FTL-2
V = LT-1
L = L
Substituindo: Re = K ( FT2L-4)a ( FTL-2)b (LT-1)c ( L)d
Então, como a equação deve ser dimensionalmente homogênea, podemos
escrever:
de ( I) a =-b
de (II) 0 = 2( -b) + b – c
0 = 4b – 2b – b + d donde d = - b
Substituindo na expressão anterior (A)
Re = K ()-b ( v)-b ( )b (L)-b
Aplicação 3
Estabelecer uma equação para a distancia percorrida por um corpo
em queda livre no tempo T, considerando-se que a distancia depende do
peso do corpo, da aceleração da gravidade e do tempo.
Podemos escrever:
Distância = S logo S = f ( W, A, T) ou S = K Wa Ab Tc
51
Onde K é adimensional.
Os expoentes de cada uma das grandezas devem ser os mesmos em
ambos os membros da equação.
Podemos escrever:
W F
A LT-2
T T
F0 L1 T0 = ( F)a (LT-2)b ( T)c
F0 L1 T0 = ( Fa) (LbT-2b) ( T)c
0= a
1 =b
0 = -2b + c donde a = 0, b = 1 e c = 2
Logo,
S = K W0 A1 T2 ou S = KAT2
52
2 - Usá-las como base juntamente com uma das outras grandezas A
para cada . Todas as unidades fundamentais devem ser incluídas
coletivamente nas grandezas escolhidas.
3 – O primeiro termo pode ser expresso como um produto destas
grandezas escolhidas, cada uma delas elevada a um expoente
desconhecido, e uma outra grandeza elevada a uma potência conhecida
(usualmente tomada como unitária).
4 - Manter as grandezas escolhidas em (2) como variáveis repetitivas e,
escolher uma das variáveis remanescentes para estabelecer o próximo
termo .
5 - Para cada termo determinar os expoentes desconhecidos para
análise dimensional.
RELAÇÕES ÚTEIS
a - Se uma grandeza é adimensional, ela é um termo , sem seguir o
processo acima.
53
c - Qualquer termo pode ser substituído por qualquer potência deste
termo, incluindo -1. Por exemplo, 3 pode ser substituído por 32, ou 2 por
1/2.
d - Qualquer termo pode ser multiplicado por uma constante numérica.
Por exemplo, 1 pode ser substituído por 31.
e - Qualquer termo pode ser expresso como uma função de outros termos
. Por exemplo, se existirem dois termos , 1= (2).
Aplicação 1
Estabelecer uma equação para a distância percorrida por um corpo em
queda livre no tempo T, considerando-se que a distancia depende do peso
do corpo, da aceleração da gravidade e do tempo. Usar o Teorema de
Buckingham.
Solução:
O problema pode ser expresso estabelecendo-se uma função da
distancia S, peso , aceleração da gravidade g, e tempo t igual a zero, ou
matematicamente: f1 ( s, , g, t ) = 0
1ª etapa
Relacionar as grandezas e as unidades:
S = comprimento L g = aceleração LT-2
T = tempo T = força F
Existem quatro grandezas físicas e 3 unidades fundamentais, portanto
n – k = (4 – 3) = 1 termo .
2ª etapa
Escolhendo e T como grandezas, fornecemos três unidades fundamentais
F, L e T.
3ª etapa
Uma vez que as grandezas físicas heterogêneas não podem ser
adicionadas ou subtraídas, o termo é expresso como um produto, como se
segue:
1 = (s1x) (1y) ( T1z) (g)
termo elevado a potencia
conhecida 1 (um)
Dimensionalmente:
1 F0 L0 T0
S
L
54
F
T T
G LT-2 F0L0T0 = ( L 1x) ( F1y) ( T1z) (LT-2)
S = kgT2
Aplicação 2
F(v, r, l , l1 , l2 , Dp, g, m, t, K) = 0
VELOCIDADE V LT - 1 LT - 1
MASSA
ESPECÍFICA r ML- 3 FT 2 L- 4
55
COMPRIMENTO L L L
PRESSÃO OU
QUEDA DE Dp ML-1 T - 2 FL - 2
PRESSÃO
ACELERAÇÃO
DA GRAVIDADE g LT - 2 LT - 2
VISCOSIDADE
ABSOLUTA m ML-1 T - 1 FTL- 2
TENSÃO
SUPERFICIAL t M T -2 FL- 1
MOD. ELAST.
VOLUMETRICA K ML- 1 T - 2 FL- 2
Escolher: v, r, l
p1 = Vx1 ry1 l z1 Dp
p2 = Vx2 ry2 l z2 g
p3 = Vx3 ry3 l z3 m
p4 = Vx4 ry4 l z4 s
p5 = Vx5 ry5 l z5 K
p6 = Vx6 ry6 l z6 l1 = l 1 / l
p7 = Vx7 ry7 l z7 l2 = l2 / l
x2 - 3y2 + z2 + 1 = 0 x2 = -2
- x2 - 2 = 0 y2 = 0
y2 = 0 z2 = 1
56
de superfície livre.
x3 - 3y3 + z3 - 1 = 0 x3 = -1
- x3 - 1 = 0 y3 = -1
Y3 + 1 = 0 z3 = -1
4 - p4 = (LT-1)x4 (ML-3) y4 L z4 M T -2 = M0 L0 T0
x4 - 3y4 + z4 = 0 x4 = -2
- x4 - 2 = 0 y4 = -1
y4 + 1 = 0 z4 = -1
X5 - 3y5 + z5 - 1 = 0 x5 = -2
- x5 - 2 = 0 y5 = - 1
Y5 + 1 = 0 z5 = 0
6 - p6 = (LT-1)x6 (ML-3) y6 L z6 L = M0 L0 T0
x6 - 3y6 + z6 + 1 = 0 x6 = 0
- x6 = 0 y6 = 0
57
y6 = 0 z6 = 1
p6 = l1 / l
7 - p7 = (LT-1)x7 (ML-3) y7 L z7 L = M0 L0 T0
X7 - 3y7 + z7 + 1 = 0 x7 = 0
- x7 = 0 y7 = 0
Y7 = 0 z7 = 1
p7 = l2 / l
Logo
58
Será objeto de estudo a teoria do escoamento unidimensional, com
suas aplicações, limitada aos fluidos incompressíveis em casos nos quais
os efeitos da viscosidade não sejam predominantes.
Dentre as diversas características dos fluidos podemos ainda classifica-
los quanto ao tipo de escoamento em Turbulento e Laminar.
59
No regime laminar consideram-se as linhas de corrente orientadas
segundo a velocidade do líquido e que têm a propriedade de não serem
atravessadas pelas outras.
P2
P1
1 S1 2
S2
V1
Massa que entra = massa que sai + acumulação (estadoVtransiente).
2
2
( D1 ) 2 V1 ( D2 ) 2 V2 V D
1 2 = massa especifica
4 4 V2 D1
2
1V1 D 2
1 2
2V2 D1
60
Velocidade Mássica : ( G )
QM
G = V = unidades: Kg/s x m2 ou Kg / h. m2
S
EXEMPLO
Pelo trecho de tubulação abaixo escoa petróleo cuja densidade relativa
60ºF / 60ºF = 0,887. O diâmetro do tubo A é de 2 in, o do tubo B de 3 in e
dos tubos C de 1,5 in todos eles sch 40. Por cada um dos tubos C circula
igual quantidade de fluido. O fluxo através do tubo A é de 30 gal/min.
Calcular:
a) Vazão mássica em cada tubo expressa em lb/h.
b) Velocidade em cada tubo expressa em ft/seg.
c) Velocidade mássica em cada tubo expressa em lb/ft 2.h
P
P 2 C 1,5
S2
S1 1 i
1 3 in 2n
2 in
V1
C V2
1,5 in
b) VA = QV / S
61
VA = 240,7 x 1/3600 (h/seg x ft3/ h ) x 1 / 0,0233ft2 VA = 2,87 ft/s
VB = 240,7 / 3600 x 0,0513 V B = 1,30 ft/s
VC = 240,7 / 2 x 1 / 3600 x 0,01414 V C = 2,36 ft/s
c) G = QM / S
GA = 13300 / 0,0233 ------ GA = 571000 lb / ft2. h
GB = 13300 / 0,05130 ------ GB = 259000 lb / ft2 . h
GC = 13300 / 2 x 0,01414 ----- GC = 470000 lb / ft2. h
V V2
P
1
Z1
P 2
Z2
SUPOSIÇÕES:
1 – Sistema Contínuo
2 – Fluido Ideal (sem atrito)
É a energia que um objeto possui devido à sua posição. Esta energia está
pronta a ser modificada noutras formas de energia e, conseqüentemente, a
produzir trabalho. Assim que ocorrer algum movimento, a energia potencial da
fonte diminui, enquanto se modifica em energia do movimento (energia cinética).
Ep = W = F.d (I)
ma
F
Como Força é definido através da equação de Newton como gc ,
mgz
EP = ( lbf x ft )
gc
62
2. Energia Cinética - Ec
Logo:
mV 2
Ec = ( lbf x ft )
2gc
63
P1 g V2 P g V2
Z1 1 2 Z 2 2
1 g c 2gc 2 gc 2gc
P g V
Z 2 cons tan te lbf. Ft / lbm
gc 2g
Multiplicando por gc / g
V2
ft) P ZEquação de Bernoulli
cons tan te
2g
64
Temos: P1 = P2 = atmosfera
V1 desprezível comparado com V2
P2 / + Z2 + 2V22 / 2g + h f = P1 / + Z1 + 1 V12 / 2g
Exemplo:
A água na temperatura de 60ºF escoa num tubo conforme indicado na
figura abaixo. Sabe-se que:
S1 = 150cm2 S2 = 120cm2
P1 = 0,5 kgf/cm2 P2 = 3,38 kgf/cm2
Z1 = 100m Z2 = 70 m
Calcular a vazão supondo não haver perdas no sistema.
65
70 100 m
m
m
m
6 - ESCOAMENTO VISCOSO INCOMPRESSIVEL
m
O movimento dos líquidos, levando em conta as trajetórias seguidas
pelas partículas, podem ser classificados em:
Experiência de Reynolds:
66
Para se determinar o tipo de movimento em uma canalização, calcula-se o
Número de Reynolds dado pela expressão:
VD VD
Re ou Re
S
rH S = seção transversal
Lp
Lp = perímetro molhado
D 2 / 4 D
rH D equivalente. = 4 rH
D 4
Para o caso particular de uma seção anular entre dois tubos concêntricos
D 2 D 2
rh 4 4 Do Di
Di Do 4
67
4rH V
Re
L V2
hf f L = comprimento do tubo
D 2g
68
D = diâmetro do tubo
V = velocidade do líquido
f = coeficiente de atrito
RUGOSIDADE RELATIVA
L V2 LV
f 32 2 rearrumando f 64
D 2g D g VD
VD 64
como Re teremos f
Re
69
As perdas de carga localizadas, também chamadas de perdas singulares
são ocasionadas por mudanças de seção de escoamento e/ou de direção da
corrente. Estas mudanças ocasionam turbilhonamento e, devido à inércia, parte
da energia mecânica disponível se converte em calor e dissipa sob essa forma
resultando, portanto numa perda de energia ou perda de carga.
São aquelas devido a distúrbios locais do fluxo ao passar por acidentes
(válvulas, curvas, cotovelos, joelhos, têm, registros, etc).
No caso de tubulações de grande extensão estas perdas podem ser
insignificantes em relação a perda normal, entretanto em outros casos ( ex:
tubulação de sucção em um sistema de bombeamento), elas podem ser de
grande valor em relação as perdas normais.
A perda de carga localizada (h fi) pode ser determinada através de um dos
dois métodos descritos a seguir:
1. MÉTODO DIRETO
V2
hf k k = coeficiente obtido experimentalmente em cada caso
2g
V = velocidade média do líquido na entrada
Hf = perda de carga
L V2 V2
h fN f e h fL k
D 2g 2g
de acordo com a orientação inicial do método, temos:
hfn = hfL
L V2 kV 2 L
f k f
D 2g 2g D
70
D
L equivalente = k f
Os valores de k/f ou do próprio comprimento equivalente dos acessórios
Ltotal V 2
hf f
D 2g
71
Os três casos simples de escoamento em tubos que são básicos na
solução de problemas mais complexos são:
DADO ENCONTRAR
1 – Q , L, D, V, E hf
2 - hf, L, D, E Q
3 - hf, Q, L, V, E D
Em cada um desses casos a equação de DARCY-WEIBACH, a
equação da CONTINUIDADE, e o DIAGRAMA DE MOODY são usados
para determinar a grandeza incógnita.
EXEMPLO
Determinar a perda de carga no escoamento de 2000gpm de óleo
com viscosidade relativa = 0,0001ft2/s, num tubo de ferro fundido de
comprimento 1000 ft e diâmetro 8 in sch 40.
2º CASO
1- Arbrita um valor para f
2- Através da equação de Darcy encontra uma velocidade V1
3- Calcula o nº de Re para esta velocidade
4- Calcula o e/d no gráfico a-23
5- Com Re e E/D encontra um novo f
6- Calcula uma nova velocidade
7- Calcula um novo Reynolds
72
Água a 60ºF escoa num tubo de aço comercial de 12 in sch 40 com uma
perda de carga de 20 ft em 1000ft. Determinar a Vazão.
3º CASO
1-Admite-se um valor de f
2- Resolve-se a equação em D5
3- resolve a equação do nº de Re
4- Calcula-se /D
5- Com Re e /D acha-se um novo f por MOODY
6- Usa-se o novo f e repete-se o procedimento
7- Quando o valor de f não mais variar, todas as equações são obedecidas
e o problema está resolvido.
EXEMPLO
Determinar o diâmetro do tubo de aço comercial necessário para
transportar 4000 gpm de um fluído, com viscosidade cinemática de 0,0001
ft2/s à distancia de 10000 ft com uma perda de carga de 75 ft.
8- ASSOCIAÇÕES DE TUBULAÇÕES
73
equivalente ao sistema em estudo. Podemos dizer que duas tubulações são
equivalentes quando são capazes de conduzir à mesma vazão sob a mesma
perda de carga.
Pensando assim, os problemas que envolvem perda de carga são
bastante simplificados.
O método consiste em adicionar à extensão da canalização, para efeito de
calculo, comprimentos tais que correspondem à mesma perda de carga que
causariam as peças especiais existentes na canalização.
TUBULAÇÕES EM SÉRIE
L V2
hf f . ;
D 2g
D 2
como : Q SV .V
4
4Q L ( 4Q / D 2 ) 2 8 Q2
entãoV h f f . . . fL
D 2 D 2g 2g D 5 Aplicando a definição de tubulações
8
fazendoC 2 temos
g
Q2
h f C . fL
D5
1 Q2
2 Q2
Q2
CfL 5 D 5
D5
Então: D = Cf1L1 1 + Cf2L2 2
74
fL f L f L
5
1 5 2 52
D D1 D2
L L L
5
15 25
D D1 D2
Ou generalizando:
in
L 5 ( Li / Di5 ) (I)
D i 1
TUBULAÇÕES EM PARALELO
Q2 h f .D 5
h f C. fL 5 ou Q =
D f .C .L
75
2
Q1 h f 1 .D1
5
h f 1 C. f1 L1 5 ou Q1 =
D1 f 1 .C.L1
2
Q2 h f 2 .D2
5
h f 2 C . f 2 L2 5 ou Q2 =
D2 f 2 .C.L2
2
Q3 h f 3 .D3
5
h f 3 C. f 3 L3 5 ou Q3 =
D3 f 3 .C.L3
5 5 5
h f .D 5 h f 1 .D1 h f 2 .D2 h f 3 .D3
= + +
f .C .L f 1 .C.L1 f 2 .C.L2 f 3 .C.L3
5 5 5
D5 .D1 .D 2 .D3
= + +
f ..L f 1 .L1 f 2 .L 2 f 3 .L3
D5
in
Di5
L
= ( i 1 Li
) (II)
9 - BIBLIOGRAFIA
Fox, Robert W., McDonald, Alan T., Introdução a Mecânica dos Fluidos, 4 °
edição, LTC Editora, 1998.
Street, Victor L., Mecânica dos fluidos, McGraw-Hill do Brasil, 1969 (São Paulo).
76
Bastos, Francisco de Assis, Problemas de mecânica dos fluidos, editora
Guanabara.
Crane, “ Flow of fluids Throught Valves, Fitting, and Pipe” – Engineering Division.
Giles, Ronald V., Mecânica dos fluidos e hidráulica, editora McGraw-Hill do Brasil
LTDA -coleção Schaum.
Porto, Rodrigo de Melo, Hidráulica Básica, 4, ed. , São Carlos: EESC-USP, 2006
SITES INTERESSANTES:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_fluidos
o omnis.if.ufrj.br/~marco/fis2
o www.cesec.ufpr.br/~tc431/links.htm
Ponte de Tacoma:
http://www.ketchum.org/bridgecollapse.html
http://www.wcsscience.com/tacoma/bridge
77