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RIO DE JANEIRO
2021
Sumário
O fenômeno do efeito fotoelétrico foi explicado pela primeira vez pelo físico Albert
Einstein em 1921, lhe rendendo um Nobel devido a relevância do trabalho. Junto a outros
grandes cientistas, Einstein teve grandes contribuições para o surgimento da mecânica
quântica.
Nesse século, o contexto histórico mundial foi marcado por eventos como o fim da
guerra de independência da Irlanda e o fim da guerra entre a Polônia e a União Soviética1. No
contexto tecnológico também podemos citar a transmissão do primeiro sinal de rádio através
do Atlântico e também da primeira transmissão televisiva pública na Alemanha1. Também foi
nesse século que se iniciou e terminou a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, se deu início
a ascensão do fascismo na Europa e a criação da ONU (Organização das nações unidas) 1.
No âmbito da ciência, muitas descobertas também foram feitas, como a descoberta da
penicilina, as contribuições de Einstein sobre a relatividade geral, bem como os estudos de
Marie Curie sobre radioatividade1.
Fato é que nesse século, os cientistas, em especial os físicos, estavam muito
preocupados com os estudos sobre átomos, sua constituição, energia, ondas
eletromagnéticas e radiação. Até então, muito se tinha sido comentado sobre o átomo, como
os modelos atômicos propostos no século XIX. Já se sabia, por exemplo, que o átomo era
uma partícula composta por partículas ainda menores chamadas prótons, nêutrons e elétrons.
Por outro lado, a luz era considerada uma onda eletromagnética que se propagava e um meio
material. Essa teoria ondulatória da luz era muito bem aceita e explicava muitos fenômenos
observados na época como difração, interferência e polarização2. Porém, alguns
experimentos trouxeram à tona alguns fenômenos que não conseguiam ser explicados, como
é o caso do efeito fotoelétrico.
Em 1886, Hertz recebeu uma proposta para resolver um problema experimental com
relação a um dos aspectos das equações de Maxwell para o eletromagnetismo3, ou seja,
comprovar experimentalmente as equações de Maxwell. Como ele tinha muito interesse em
estudar Maxwell, aceitou o desafio e iniciou seus estudos. Hertz utilizou bobinas associadas
a baterias para conseguir produzir faíscas por conta de descargas elétricas e assim ele
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conseguia manipulá-las4. Assim, ele utilizou duas esferas conectadas a bobina e um receptor
para captar a produção de faíscas. O experimento dele conseguiu comprovar a existência de
ondas eletromagnéticas, mas não intencionalmente ele também conseguiu observar
experimentalmente o efeito fotoelétrico. Isso porque, ao incidir luz ultravioleta sobre as
esferas, ele observou que as faíscas surgiam mais facilmente4. Porém, apesar de muitos
autores atribuírem a descoberta do efeito fotoelétrico a Hertz, ele apenas observou o
fenômeno, mas não se dedicou a ele, pois seu objetivo era apenas comprovar as equações
de Maxwell.
Lenard ganhou o prêmio Nobel de física em 1905 por conta dos seus estudos sobre
raios catódicos. Com seus experimentos ele foi capaz de perceber que apenas o número de
elétrons que são emitidos é influenciado pela intensidade da luz e não sua energia3. Além
disso, ele percebeu que a energia dos elétrons depende do comprimento de onda da luz que
é emitida sobre eles e que comprimentos de onda menores permitem elétrons mais rápidos3.
Assim, com base em seus experimentos, Lenard publicou suas conclusões para o efeito
fotoelétrico. Para ele, não poderia haver conversão de energia luminosa em energia cinética,
uma vez que a intensidade luminosa incidida não mudava a velocidade com que os elétrons
eram emitidos e havia apenas a emissão de um número de elétrons específicos4. Ele pontuou,
então, que os elétrons devem ser emitidos com energia proveniente do próprio átomo, o que
foi aceito na época4.
Em um de seus experimentos, Lenard incidiu uma fonte de luz sobre um catodo e
mediu a corrente elétrica em função da diferença de potencial aplicada entre os dois eletrodos
(anodo e catodo), utilizando diferentes intensidades de luz incidente, uma baixa e uma alta.
Ele observou que com o aumento do valor de diferença de potencial, o valor da corrente
elétrica se torna estável alcançando um valor máximo. Nessa situação, todos os elétrons
que são emitidos do catodo, por conta da incidência, são coletados pelo anodo. Porém,
quando se inverte os polos da pilha, obtendo consequentemente um valor negativo de
potencial, observa-se que mesmo o anodo se tornando negativo e repelindo os elétrons do
catodo, a intensidade da corrente não cai imediatamente para zero. Lenard observou que os
elétrons devem deixar o catodo com uma energia cinética, pois apesar alguns elétrons serem
repelidos, outros conseguem alcançar o anodo e, quando a diferença de potencial alcança um
determinado valor, conhecido como potencial frenador, nenhum aumento na intensidade da
fonte consegue mais arrancar elétrons do catodo e a intensidade cai para zero5. Com isso,
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Lenard não conseguiu explicar pela teoria clássica o que estava acontecendo, uma vez que
seria previsível que qualquer frequência de luz incidente fosse capaz de remover elétrons,
porém, como mencionado, existe um limite máximo de frequência com o qual é possível
arrancar elétrons e isso não depende da intensidade da luz. Além disso, era de se esperar
que o tempo de emissão fosse maior, uma vez que os elétrons absorveriam a luz até alcançar
a energia necessária para sua emissão, porém observa-se que esse tempo não existe ou é
infimamente pequeno.
Um dos grandes dilemas da época, o qual os físicos não conseguiam achar uma
solução experimental que tivesse fundamentação teórica clássica, era a radiação de um corpo
negro. Um corpo negro é capaz de absorver toda radiação que é incidida sobre ele e também
emitir toda essa radiação6. Ou seja, um corpo negro pode ser considerado um absorvedor e
emissor ideal. No caso do corpo negro, o tipo de material não é relevante, apenas a
temperatura na qual ele está e o comprimento de onda da luz incidente. Assim, quando se
relaciona intensidade da radiação com o comprimento de onda a uma dada temperatura, se
observa que existe um valor máximo de intensidade6. A grande questão foi que para
comprimentos de onda maiores a teoria clássica era muito bem-vinda, porém isso mudava
quando se tratava de comprimentos de onda pequenos, pois ela não parecia corresponder
aos resultados obtidos experimentalmente, o que ficou conhecido como a catástrofe
ultravioleta6. É nesse sentido que Max Planck se empenhou para explicar como esse feito era
possível. Planck tentou de muitas formas encaixar a teoria clássica para solucionar o
problema, inclusive, após chegar a uma conclusão, tentou provar que ele mesmo estava
errado. Porém, aparentemente, ele estava certo. Planck propôs o conceito de quantização de
energia. Para ele, o corpo negro deve possuir em sua superfície partículas eletricamente
carregadas que emitem energia de maneira descontínua em forma de pacotes com energia
bem definida, o que mais tarde foi chamado de fótons6. Um quantum de energia tem valor
definido por E=hf, onde f é a frequência da radiação e h é a constante de proporcionalidade –
constante de Planck – definida por h=6,63.10-34 J.s.
Em um de seus estudos, Einstein buscou entender como a luz, que era entendida
como uma onda até o momento, poderia interagir tão bem com uma partícula pontual. Por
isso seu trabalho é tido como revolucionário, pois ninguém antes foi capaz de olhar para a luz
de outra forma sem ser pelo modelo ondulatório. Com base nos estudos de Max Planck,
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Einstein propôs que um feixe de luz que é emitido e se espalha de uma fonte não é
continuamente distribuído pelo espaço, mas sim formado por um número finito de pacotes de
energia, os chamados quanta de energia3. Esses pacotes só podem ser absorvidos de forma
inteira, ou seja, não se pode absorver meio quantum de energia, mas sim 1, 2, 3... Esses
quanta de energia foram chamados de fótons e são um múltiplo da frequência v3.
Para explicar o experimento de Lenard a partir das ideias de Einstein, basta aplicar
ideia de quantização. Quando se tem o efeito fotoelétrico, a luz incide sobre o catodo, e um
fóton de energia é absorvido pelo elétron que estiver na superfície, que é então emitido com
uma energia cinética dada por:
K= hν – ω
Nessa equação, h e a constante de Planck, v é a frequência e w o trabalho necessário
para remover o elétron. Se o elétron estiver fracamente ligado ao metal, ele evidentemente
será emitido com uma velocidade máxima, dada por Kmáx= hν – ω e, assim como falou Lenard,
essa velocidade independe da intensidade da fonte de luz incidente, apenas da sua
frequência5.
Essa teoria de Einstein foi muito rejeitada, pois ninguém queria acreditar que a luz
poderia assumir um caráter corpuscular.
Um dos físicos que não aceitava a teoria de Einstein era Robert Millikan. Assim, ele
estava determinado a comprovar que Einstein estava errado e assim, iniciou seus estudos
buscando isso. Com seus estudos, Millikan chegou a comprovar que a equação de Einstein
estava correta, mas ainda assim não aceitava sua teoria de quanta para a luz. Ele tentou
formular sua própria hipótese para explicar o efeito fotoelétrico que, apesar de não explicar
tão bem, foi mais aceita que a teoria de Einstein. Ainda assim, Millikan conseguiu receber o
Nobel de física pelas suas contribuições para o efeito fotoelétrico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2. NIAZ, Mansoor et al. Reconstruction of the History of the Photoelectric Effect and its
Implications for General Physics Textbooks. Wiley Periodicals. Sci Ed 94: p. 903 - 931,
2010. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/sce.20389. Acesso em
18 de abril de 2021.
3. Klassen, S. The Photoelectric Effect: Reconstructing the Story for the Physics
Classroom. Sci & Educ n. 20, 719–731, 2011. Disponível em:
https://link.springer.com/article/10.1007/s11191-009-9214-6. Acesso em 18 de abril de 2021.