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Planejamento Estratégico do

Mosaico da Amazônia Meridional

Versão Final

Junho de 2012

1
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO
MOSAICO DA AMAZÔNIA MERIDIONAL

Coordenação Geral
Márcia Lederman, Jasylene Pena e Marcos Pinheiro
Orientação
Stanley Arguedas Mora
Sistema de Informação Geográfica
Gustavo Irgang
Edição do Documento
Marcos Pinheiro, Márcia Lederman, Stanley Arguedas Mora,
Gustavo Irgang e Jasylene Pena
Grupo do Planejamento Estratégico
Órgãos Gestores:
ICMBio: Ana Rafaela D'Amico, Allan Crema e Carolina C. da Fonseca.
CEUC AM: Domingos Macedo, Henrique Carlos, Rômulo Batista,
Cesar Haag, Wilde Itaborahy, Sinomar Ferreira da Fonseca Junior,
Guillermo Estupinán e Gilwemeson M. de Lima.
SEMA-MT: Eliani Fachim, Alexandre Batistella,
Fátima Sonoda e André Luis T. Baby.
SEDAM-RO: Juciley Candido Gomes.

Chefes de Unidade de Conservação:


Izac Theobald (Mosaico Apuí), Simone Nogueira dos Santos (Reserva
Biológica do Jarú), Enir Salazar da Costa (Floresta Nacional Jatuarana),
Cristiane Figueiredo e Lourdes Iarema (Parque Nacional do Juruena),
Renato Diniz Dumont (Parque Nacional Campos Amazônicos).
Parceiros técnicos:
Carlos Sergio Guimarães, Gustavo Irgang, Aurelina Viana,
Jasylene Pena, Samuel Tararan, Márcia Gramkow,
Marcos Pinheiro, Marcia Lederman e Stanley Arguedas
Entidades Envolvidas
ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Natureza),
CEUC-AM (Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas),
SEMA-MT (Secretaria de Estado de Meio Ambiente),
SEDAM-RO (Secretaria de Meio Ambiente de Rondônia),
Instituto Pacto Amazônico,
GIZ – Cooperação Técnica Alemã
WWF-Brasil
ELAP/UCI (Escola Latinoamericana de Áreas Protegidas /
Universidade de Cooperação Internacional).

2
Agradecimentos

Aos conselheiros, técnicos e gestores de áreas protegidas que


participaram dos debates sobre mosaicos nos diferentes eventos,
oficinas e seminários realizados no âmbito desta iniciativa.

Bem como o suporte técnico e financeiro da Cooperação Técnica


Alemã (GIZ / GOPA) e do WWF-Brasil, em parceria com sua rede
na Alemanha, o WWF-De, no desenvolvimento de conceitos e
deste planejamento estratégico da Amazônia Meridional.

3
Lista de siglas
ABIM Agencia Brasileira de inteligência
ADS AM Agencia de Desenvolvimento Sustentável
AM Amazonas
AP Área Protegida
APP Área de Proteção Permanente
ARPA Programa Áreas Protegida da Amazônia
BR Brasil
CDB Convenção da Diversidade Biológica
CEUC-AM Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas
CI Conservação Internacional
CO2 Gás Carbônico
CONABIO Comissão Nacional de Biodiversidade
CPT Comissão Pastoral da Terra
CUC MT Centro de Unidades de Conservação do Mato Grosso
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EE Estação Ecológica
EE/ESEC Estação Ecológica
ELAP/UCI Escola Latinoamericana de Áreas Protegidas
FAS Fundação Amazonas Sustentável
FCBC Fundación para la Conservación del Bosque Chiquitano
FE Floresta Estadual
FEPI Fundação Estadual dos Povos Indígenas
FLOE Floresta Estadual
FLONA Floresta Nacional
FUNAI Fundação nacional do Índio
GEE Gases de Efeito Estufa
GO Goiás
GTA Grupo de Trabalho Amazônico
IBAMA Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Natureza
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
ICV Instituto Centro de Vida
IDAM Instituto de Desenvolvimento do Amazonas
IDESAM Instituto de Desenvolvimento do Amazonas
IFT Instituto Floresta Tropical
IIEB Instituto de Educação do Brasil
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INDECO Integração Desenvolvimento e Colonização S/A IBGE
INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
IPA Instituto Pacto Amazônico
IPAAM Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
ISA Instituto Socioambiental
MAM Mosaico da Amazônia Meridional
MMA Ministério do Meio Ambiente
MT Mato Grosso

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NUAR Núcleo Urbano de Apoio Rural
OPP Oficina de Planejamento Participativo
PA Pará
PA Projeto de Assentamento
PAD Project Appraisal Document
PAE Projeto de Assentamento Extrativista
PE Parque Estadual
PEM Plano Estratégico do Mosaico
PF Policia Federal
PM Plano de Manejo
PN Parque Nacional
PNGATI Politica Nacional de Gestão Ambiental de Terras Indígenas
PPCDAM Plana Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia
PPG7 Programa de Proteção das Florestas Tropicais
PRODES Programa de Monitoramento do Desmatamento
PRONABIO Programa Nacional de Diversidade Biológica
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
REBIO Reserva Biológica
RESEX Reserva Extrativista
SA Serviços Ambientais
SDS-AM Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
SEDAM-RO Secretaria de Meio Ambiente de Rondônia
SEMA-MT Secretaria de Estado de Meio Ambiente
SFB Serviço Florestal Brasileiro
SIG Sistema de Informação Geográfica
SIPAM Sistema de Proteção da Amazônia
Sisnama Sistema Nacional de Meio Ambiente
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
TI Terra Indígena
UC Unidade de Conservação
UEA Universidade Estadual do Amazonas
UFAM Universidade Federal do Amazonas
UFMT Universidade Federal do Mato Grosso
UNP Unidade Natural de Paisagem
UPN Unidades de Paisagem Natural
ZEE Zoneamento Ecológico Econômico

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Sumário

1. Introdução ......................................................................................................................... 11
2. Antecedentes ................................................................................................................... 13
3. Caracterização do Mosaico da Amazônia Meridional................................................ 24
3.1. Áreas Protegidas do Mosaico da Amazônia Meridional ............................................ 24
3.2. Aspectos ecológicos do Mosaico da Amazônia Meridional ...................................... 27
3.3. Aspectos sociais do Mosaico da Amazônia Meridional ............................................. 44
3.4. Aspectos institucionais do Mosaico da Amazônia Meridional .................................. 55
4. Diagnóstico ....................................................................................................................... 57
4.1. Áreas críticas para a manutenção dos processos ecológicos ................................. 57
4.2. Áreas críticas para a manutenção dos serviços ecossistêmicos ............................. 57
4.3. Cenários futuros regionais ............................................................................................. 60
4.4. Conflitos socioambientais............................................................................................... 65
5. Alcance do Plano Estratégico do Mosaico da Amazônia Meridional ...................... 71
5.1. Objetivos, linhas estratégicas e metas de conservação do Mosaico da
Amazônia Meridional ...................................................................................................... 71
5.2. Temas estratégicos do Mosaico da Amazônia Meridional........................................ 73
5.2.1. Condições de conservação desejada para o território do Mosaico da Amazônia
Meridional ........................................................................................................................ 73
5.2.2. Áreas sobrepostas do Mosaico da Amazônia Meridional ......................................... 75
5.2.3. Integração do zoneamento das unidades de conservação ...................................... 76
5.2.4. Proposta de corredores ecológicos e de novas unidades de conservação ........... 77
5.2.5. Proposta de uso do solo para espaços sem cobertura natural no Mosaico da
Amazônia Meridional ...................................................................................................... 78
6. Sistema de Governança ................................................................................................. 79
6.1. Modelo de Governança para o Mosaico da Amazônia Meridional .......................... 79
6.1.1 Conselho Consultivo ......................................................................................................... 79
6.2. Linhas estratégicas, plano de ação e projetos............................................................ 80
6.2.1. Prioridades de intervenção do Mosaico da Amazônia Meridional ........................... 92
7. Mecanismo de apoio para a implementação do Plano Estratégico do Mosaico
da Amazônia Meridional ................................................................................................ 93
7.1. Mecanismo de monitoramento ...................................................................................... 93
7.2. Mecanismo de divulgação e comunicação .................................................................. 95
7.3. Mecanismo para a incorporação do Plano Estratégico no planejamento das
unidades de conservação ............................................................................................. 96
7.4. Estratégia financeira para sua implementação........................................................... 97
8. Bibliografia citada .......................................................................................................... 100
9. Anexos ............................................................................................................................ 103

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Passos metodológica para o planejamento estratégico


do mosaico, aplicado ao Mosaico da Amazônia Meridional. .................................. 20
Tabela 2. Unidades de Conservação que compõem o Mosaico da
Amazônia Meridional. ............................................................................................ 25
Tabela 3. Valores de conservação das unidades de conservação. ........................ 42
Tabela 4. As Terras Indígenas do entorno do Mosaico da Amazônia
Meridional. ............................................................................................................. 48
Tabela 5. Tabulação do mapeamento dos atores sociais envolvidos
com o Mosaico Amazônia Meridional. .................................................................... 50
Tabela 6. Diagnóstico das Unidades de Conservação do Mosaico
da Amazônia Meridional. ....................................................................................... 52
Tabela 7. As principais ameaças das unidades de conservação
do Mosaico da Amazônia Meridional. .................................................................... 69
Tabela 8. Quadro geral dos objetivos e metas do planejamento
do Mosaico da Amazônia Meridional. .................................................................... 71
Tabela 9. Linha Estratégica – Proteção ................................................................. 81
Tabela 10. Linha Estratégica – Educação ............................................................. 82
Tabela 11. Linha Estratégica – Consolidação Territorial ........................................ 83
Tabela 12. Linha Estratégica – Geração de Renda ............................................... 85
Tabela 13. Linha Estratégica – Fortalecimento da Organização Social ................. 90
Tabela 14. Linha Estratégica – Gestão e Comunicação ........................................ 91
Tabela 15. Prioridades de intervenção do Mosaico da Amazônia Meridional. ....... 92
Tabela 16. Indicadores dos objetivos e metas do planejamento do
Mosaico da Amazônia Meridional. ......................................................................... 93
Tabela 17. Estratégia de implementação da comunicação no mosaico ................. 95
Tabela 18. Necessidades da estratégia de comunicação para o mosaico. ............. 95
Tabela 19. Fontes de financiamento para as atividades previstas no
plano de ação. ........................................................................................................ 97

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Índice de Figuras

Figura 1. Estrutura de planejamento em escala regional apresenta a noção de


planejamento em cascata, ou seja, implica que na elaboração de um plano de
caráter geral, que por sua vez são desenvolvidos mediantes a outros planos e
programas mais precisos no seu escopo territorial e de intervenção.
Fonte: Baseado em Stanley, 2005. ............................................................. 17
Figura 2. Mapa das Unidades de Paisagem Natural da área de contexto
do Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: Irgang, 2011. ......................... 23
Figura 3. Áreas Protegidas que compõem o Mosaico da Amazônia
Meridional. Fonte: Irgang, 2011. .................................................................. 26
Figura 4. Mapa geológico da Amazônia, com destaque para a região do
Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: WWF-Brasil, 2006. ..................... 28
Figura 5. Mapa altimétrico da Reserva Biológica do Jaru, Serra da
Providência e Monte Cristo, ao fundo a Serra do Tucumã.
Fonte: Plano de Manejo da ReBio Jarú, 2010. ............................................ 28
Figura 6. Mapa altimétrico do Parque Nacional Juruena, com
destaque para o degrau topográfico da região e a Configuração
do Domo do Sucunduri ao centro, que tem o aspecto circular com
aproximadamente 75 km de diâmetro. Fonte: Plano de Manejo do
PN do Juruena, no prelo. ............................................................................. 29
Figura 7. Mapa altimétrico da região do Mosaico da Amazônia
Meridional. Fonte: WWF-Brasil, 2006. ......................................................... 30
Figura 8. Mapa das variações climáticas da região do
Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: WWF-Brasil, 2006. ..................... 31
Figura 9. Mapa das bacias hidrográficas da região do
Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: WWF-Brasil, 2006. ..................... 32
Figura 10. Conjunto de Corredeiras e Cachoeiras do Rio Juruena,
quando desce do planalto Cristalino Brasileiro para a Planície
Amazônica. Fonte: Plano de Manejo do ParNa do Juruena, no prelo. ........ 33
Figura 11. Conhecimento botânico (a) e ausência de conhecimento
botânico (d) para a Pan-Amazônia, variando de bege-claro (menos)
a azul-escuro (mais). Fonte: Plano de Gestão do Mosaico do Apuí, 2010. . 34
Figura 12, Mapa das unidades de paisagens da Amazônia e sua riqueza
conhecida. Destaque para a região do Mosaico da Amazônia Meridional
e seu baixo conhecimento. Fonte: Irgang, 2011 e Irgang 2009. ................. 35
Figura 13. Mapa das fitofisionomias da região do Mosaico da Amazônia
Meridional. Fonte: Plano de Gestão do Mosaico do Apuí, 2010. ................. 36
Figura 14. Enorme mancha de Campos Amazónicos (Fonte:
Plano de Manejo do ParNa Campos Amazônicos, no prelo). ..................... 37
Figura 15. Contexto regional do bloco de conservação (estrela preta)
com relação ao padrão de riqueza para todas as espécies de anfíbios,

8
aves, mamíferos e primatas da região Neotropical. Fonte: NatureServer
(www.natureserve.org). ............................................................................... 39
Figura 16. As algas Podostemaceaes na Cachoeira Salto Augusto
(Autor: Zig Kock). ........................................................................................ 41
Figura 17. Mapa dos Municípios da região do Mosaico da Amazônia
Meridional. Fonte: Irgang, 2011. .................................................................. 47
Figura 18, Mapa das Terras Indígenas e ocorrência de índios isolados na
região do Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: Irgang, 2011. .............. 48
Figura 19. Resultado da dinâmica de mapeamento dos atores sociais
envolvidos na implementação do Mosaico da Amazônia Meridional. No
diagrama de Venn, as entidades mais envolvidas com o trabalho do mosaico,
estão localizadas mais próximas do centro, onde tem a palavra mosaica,
quanto mais próximo maior valor a entidade ganha pontos (variando de 1 a 4).
Além disso, a importância da entidade também ganha pontos, quanto mais
importante, mais ponto ganha, variando de 2 a 1. Por fim, na tabela abaixo
dividimos as entidades em dois níveis, no primeiro que ganharam mais pontos
(até 4 pontos) e as demais organizadas no segundo nível. Foto: Márcia
Lederman. ................................................................................................... 49
Figura 20. Propostas de áreas de alto valor de uso sustentável.
Fonte: Irgang, 2011. .................................................................................... 51
Figura 21. Mapa que apresenta estado de conservação na natureza e
manutenção dos processos ecológicos (quanto mais branco maior é a
integridade da paisagem natural como um todo, o que apresenta forte
correlação negativa com as áreas com maior pressão antrópica que
quanto mais intensa, mais escuro aparece no mapa).
Fonte: Irgang, 2011 & Irgang 2004. ............................................................. 58
Figura 22. Estoque de carbono florestal na Amazônia Brasileira,
Fonte: Série Técnica No. 10 do Ministério do Meio Ambiente, 2009. .......... 59
Figura 23. Mapa das áreas de preservação permanente da região do
mosaico evidenciando a ocorrência esparsa de áreas importantes para
manutenção das funções ecossistêmicas Fonte: Irgang, 2011. .................. 59
Figura 24. Modelagem do projeto “Os Cenários para a Amazônia”,
que simulou a dinâmica de uso e cobertura do solo, seus impactos nos
ecossistemas amazônicos previsto em 2050, em destaque a região
do Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: Soares Filho, 2006. ............... 61
Figura 25. Na linha de estudo, com enfoque na “savanização da Amazônia”, o
modelo gerou duas analise, um cenário mais otimista (B2) e um pessimista
(A2). Eles projetam ao final do século XXI, respectivamente, concentrações
atmosféricas de GEE de 600 e 1250 ppmv (partes por milhão em volume),
equivalentes em concentrações de gás carbônico Fonte: IPPC, 2007. ...... 63
Figura 26. (a) mapa de referência de vegetação natural; (b) potencial de
vegetação simulada pelo modelo de mudança 1961-1990; (c) vegetação
prevista com a mudança climática e fertilização de CO2; (d) previu vegetação
com a mudança climática e sem fertilização de CO2 (pontos de grade branca

9
denotam nonconsensus); e (e) mudança modelo 1961-1990 do clima e CO2
atmosférico a 730 ppm. Fonte: Lapola et al., 2009). ................................... 64
Figura 27. Mapa dos avanços da fronteira agrícola (em vermelho)
na região do Mosaico da Amazônia Meridional Fonte: Irgang, 2011. .......... 67
Figura 28. Mapa dos projetos de infraestrutura e manejo florestal, com
destaque na região do Mosaico da Amazônia Meridional
Fonte: Irgang, 2011. .................................................................................... 68
Figura 29. Mapa do cenário desejável para a região do
Mosaico da Amazônia Meridional Fonte: Irgang, 2011. .............................. 74
Figura 30. Mapa das sobreposições nas unidades de
conservação do Mosaico da Amazônia Meridional Fonte: Irgang, 2011. .... 75
Figura 31. Mapa da integração dos zoneamentos das unidades de
conservação do Mosaico da Amazônia Meridional. .................................... 76
Figura 32. Mapa das propostas de corredores ecológicos
e novas áreas protegidas. ........................................................................... 77
Figura 33. Mapa da região mais degradada do mosaico, com grande
fragmentação florestal no município de Machadinho D’Oeste.
Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional do Jaru, 2010. ...................... 78

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1. Introdução
Atualmente, no Brasil, ocorre um processo de mobilização e colaboração de
diversas instituições governamentais e não governamentais para aperfeiçoar e
consolidar a base conceitual e as estratégias de implementação de mosaicos
de áreas protegidas e para discutir as questões sobre sustentabilidade dos
instrumentos de gestão territorial voltada a conservação da biodiversidade,
avançando nos assuntos abordados pela Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho
de 2000 (Lei que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – Lei do SNUC), e pelo Decreto N° 4.340, de 22 de agosto de 2002,
que a regulamenta (Pinheiro et al., 2010).
Esta Lei Federal que estabelece o SNUC apresenta o conceito de mosaico no
seu artigo 26º como: “quando existir um conjunto de unidades de conservação
de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e
outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a
gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa,
considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a
compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade
e o desenvolvimento sustentável no contexto regional”.
De forma geral, a gestão territorial do mosaico de áreas protegidas permite
atingir maiores escalas de conservação, porque um conjunto de áreas
protegidas em gestão integrada permite influenciar sobre uma área mais
ampla, com abrangência sobre processos importantes para a funcionalidade
dos ecossistemas, como em bacias hidrográficas e na proteção de diversidade
de ambientes e da biodiversidade. Esse esforço conjunto amplia o potencial de
conservação da natureza, sem descaracterizar a individualidade e os objetivos
específicos de cada área protegida que compõe o mosaico.
Algumas motivações para o reconhecimento de mosaicos de áreas protegidas
podem ser assim descritas:
• Fortalecer a cooperação entre as áreas protegidas e o alcance de seus
objetivos de conservação, respeitando a autonomia de cada uma das áreas
que o compõem;
• Promover a conectividade funcional e física dos ecossistemas, contribuindo
para a ampliação e conservação da biodiversidade e demais serviços
ambientais por eles fornecidos;
• Estabelecer espaços de articulação institucional e de desenvolvimento de
politicas públicas, otimizando recursos;
• Desenvolver, reconhecer ou fortalecer a identidade territorial;
• Contribuir com o ordenamento territorial e desenvolvimento territorial
sustentável;
• Contribuir para resolução e gestão de conflitos;
• Melhorar a capacidade operacional de cada uma das áreas protegidas
através da operacionalidade do conjunto.

11
Nos últimos dez anos, os mosaicos foram reconhecidos e implementados nos
diversos biomas brasileiros, em especial na Amazônia, Cerrado e Mata
Atlântica. Até o momento, foram reconhecido 17 mosaicos no Brasil, sendo dez
federais e seis estaduais, que se encontra em diferentes estágios de
implementação e desenvolvendo seus instrumentos de gestão e governança de
acordo com sua realidade e características.
Os temas de planejamento e governança têm sido questões chaves na gestão
integrada de mosaicos de áreas protegidas. O planejamento estratégico
permite sistematizar e priorizar as ações sobre o território, com base nos
objetivos e metas, procura-se fortalecer uma identidade territorial voltada para
a conservação da natureza e desenvolvimento sustentável. Já a questão sobre
a gestão, as iniciativas em curso tem se apoiado no conselho gestor do
mosaico, previsto no escopo da Lei do SNUC, com uma secretaria executiva
em apoio, até o momento esta estratégia tem sido o caminho escolhido para a
condução da gestão destes mosaicos reconhecidos.
O Mosaico da Amazônia Meridional foi reconhecido pelo Ministério do Meio
Ambiente através da Portaria No. 332, de 25 de agosto de 2011. O
procedimento adotado o planejamento deste mosaico baseia-se no enfoque
ecossistêmico e nas unidades de paisagens naturais, que são marcos
orientador para a gestão territorial de forma integrada. Além disso, a iniciativa
de planejamento desta região conduziu na criação de uma nova metodologia
envolvendo a visão ecorregional, o planejamento integrado e em “cascata”, ou
seja, este planejamento integrado serve como orientação estratégica para as
áreas protegidas envolvidas e de referencia para a construção dos seus
respectivos planos de manejos e planos operativos anuais.
Ele foi iniciado em 2007 sobre a liderança da cooperação técnica da GIZ,
WWF-Brasil e ELAP/UCI (Escola Latinoamericana de Áreas Protegidas) em
apoio a integração de esforços do ICMBio (Instituto Chico Mendes de
Conservação da Natureza), CEUC-AM (Centro Estadual de Unidades de
Conservação do Amazonas), SEMA-MT (Secretaria de Estado de Meio
Ambiente de Mato Grosso), SEDAM-RO (Secretaria de Meio Ambiente de
Rondônia) e Instituto Pacto Amazônico. Esta iniciativa foi desenvolvida no
âmbito do Programa Áreas Protegida da Amazônia (Programa Arpa), do MMA,
com objetivo de experimentar, aprender e demonstrar boas práticas de
planejamento e coletar subsídios para segunda fase do programa.
Este Plano Estratégico do Mosaico (PEM) do Mosaico da Amazônia Meridional
(MAM) foi escrito para o uso dos gestores, conselheiros e técnicos envolvido
nesta iniciativa e acreditamos que possa ser um arcabouço inicial de um
sistema eficaz e eficiente de aprendizado para as ações de conservação em
grande escala na Amazônia, e quem sabe, para o Brasil.

12
2. Antecedentes

2.1. Promovendo as primeiras ações integradas


Nos últimos anos, o esforço pela criação de áreas protegidas foi impulsionado
por diversas diretrizes nacionais e internacionais de conservação da
biodiversidade e a Amazônia brasileira foi um dos biomas beneficiados por
estes incentivos, seja com unidades de conservação seja com terras indígenas.
Boa parte destas novas unidades de conservação foi viabilizada por meio do
Programa Áreas Protegida da Amazônia (Programa Arpa). O programa foi
criado pelo Governo Brasileiro por meio do Decreto Nº 4.326, de 8 de agosto
de 2002, que tem como objetivo criar e implementar, em 10 anos, 60 milhões
de hectares (600 mil quilômetros quadrados) de unidades de conservação na
Amazônia brasileira.
A partir do Programa Arpa, com apoio da cooperação técnica e financeira do
WWF-Brasil e GIZ, uma agenda de integração se estabeleceu na região,
promovendo os primeiros passos para a promoção da gestão integrada. Em
relação a região do Mosaico da Amazônia Meridional, a primeira atividade
integrada foi a “Expedição Juruena-Apuí”, realizada em 2006. Esta expedição
fortaleceu acordos institucionais entre o IBAMA, a Secretaria de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Amazonas (SDS-AM), o
WWF-Brasil, SEMA-MT e o Instituto Centro de Vida (ICV). A expedição teve
como meta estabelecer uma aproximação com a realidade destas áreas
protegidas, estimular o governo a instalar equipes em campo, realizar
pesquisas científicas em regiões remotas, pouco estudadas pelos
pesquisadores. Durante a viagem foram realizadas reuniões públicas formais,
com objetivo de debater problemas ambientais junto à sociedade civil e ao
poder público local.
Com as experiências e lições aprendidas, as entidades envolvidas com a
iniciativa realizaram em agosto de 2006 uma oficina em Pirenópolis/GO, com
objetivo de apresentar os resultados da Expedição Juruena-Apuí, e construir
um planejamento para identificar os objetos de conservação e (Anexo 1), suas
principais ameaças (Anexo 2) e, a partir destes elementos, definir um modelo
conceitual de conservação para Amazônia Meridional (Anexo 3), além de
estabelecer uma agenda comum de trabalho entre os principais atores sociais
e poder público, envolvidos diretamente com as unidades de conservação da
região.
As ameaças identificadas para a região da Amazônia Meridional apresentavam
duas dimensões: a fragilidade na área interna das unidades de conservação e
o todo do desenvolvimento desordenado no entorno destas. As principais
ameaças estavam relacionadas com as atividades econômicas ilegais na
região, que produzem uma grande quantidade de efeitos e consequências, o
que agravava ainda mais o cenário.

13
Os primeiros passos da gestão integrada na região tiveram inicio em 2007, e a
partir de então, seminários, oficinas de planejamento, reuniões técnicas e
debates virtuais conduziram o processo de planejamento e integração entre as
unidades, descrito a seguir.

2.2. Desenvolvimento do grupo de planejamento:


Em 2007, foi realizado o Seminário Mosaico de Áreas Protegidas no
Amazonas, em Manaus, organizado pela Secretaria de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS-AM) no âmbito do Programa
Arpa, com a cooperação técnica do WWF-Brasil e da GIZ. O seminário tinha
objetivo de discutir as possibilidades de implementação de mosaicos de áreas
protegidas no Estado do Amazonas e realizar um debate conceitual sobre o
tema. Formaram-se grupos de trabalho de iniciativas de mosaicos para as
regiões: baixo rio Negro, baixo rio Purus, médio rio Juruá, médio rio Solimões,
Nascentes de Rondônia e Amazônia Meridional.
Desta forma, onde já existia o Mosaico do Apuí, agregaram-se outras áreas
protegidas para a experimentação, aprendizagem e demonstração da gestão
de mosaico de áreas protegidas na região da Amazônia Meridional.
Constituiu-se um grupo formado por gestores das unidades de conservação da
região, organizações não governamentais parceiras da gestão, cooperação
técnica e universidade, assim constituído: Cooperação técnica da GIZ, WWF-
Brasil e representantes do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da
Natureza), CEUC-AM (Centro Estadual de Unidades de Conservação do
Amazonas), SEMA-MT (Secretaria de Estado de Meio Ambiente), SEDAM-RO
(Secretaria de Meio Ambiente de Rondônia) e Instituto Pacto Amazônico.
A partir de oficinas de trabalho, de 2008 a 2011 um processo de integração e
de planejamento se desenvolveu, resultando em praticas de gestão
compartilhada e na abertura do processo de reconhecimento do mosaico da
Amazônia Meridional junto ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), em abril de
2011.
Em setembro de 2008 foi realizado a I Oficina do Mosaico da Amazônia
Meridional, em Manaus, com objetivo de conhecer o estagio de implementação
de cada área protegida do território e dar inicio a uma visão compartilhada das
áreas protegidas da região da Amazônia Meridional. Os objetivos específicos
foram:
a) Nivelamento conceitual da estratégia de implementação de mosaico de
áreas protegidas.
b) Atualização do estado da arte da implementação de cada unidade de
conservação.
c) Avaliação do planejamento realizado em 2006 para esta região.
d) Integração das agendas de elaboração dos planos de manejo das
unidades de conservação do mosaico.
e) Definição de um plano de trabalho para reconhecimento do mosaico pelo
MMA.
f) Iniciar um processo de sistematização de diretrizes para implementação
dos mosaicos.

14
Em novembro de 2008, em seguida da segunda edição do Seminário Mosaico
de Áreas Protegidas, em Manaus, realizou a II Oficina do Mosaico da
Amazônia Meridional, cujo objetivo foi promover a integração das ações para
uma gestão compartilhada das áreas protegidas da região da Amazônia
Meridional, especificamente, buscou-se
a) nivelar as informações sobre a implementação das áreas protegidas do
mosaico;
b) apresentar a proposta de planejamento na escala regional das UC do
mosaico;
c) mapear atores sociais envolvidos com a implementação das áreas
protegidas do mosaico; e
d) avaliar as estratégias para 2009, formar grupos de trabalho e definir
agenda comum para o primeiro trimestre do ano seguinte.

Nesta Oficina, Stanley Arguedas (ELAP/UCI) apresentou a experiência do


planejamento integrado de 7 áreas protegidas na Costa Rica, onde o
planejamento na escala regional influenciou os planos de manejo de cada uma
das áreas protegidas e seu entorno, resultando até mesmo em ampliação e
criação de novas áreas.
A partir desta experiência, Stanley propôs ao grupo desenvolver uma
metodologia de planejamento estratégico para a região da Amazônia
Meridional com a sinalização de uma mudança de prática para proporcionar um
planejamento na escala regional.
Assim, a ELAP - Escola Latino Americana de Áreas Protegidas em parceria
com a FCBC - Fundación para la Conservación del Bosque Chiquitano, da
Bolívia, desenvolveram uma proposta de metodologia de planejamento
estratégico de mosaicos, a qual foi submetida, em abril de 2009, a uma oficina
com especialistas brasileiros para ajustes técnicos e operacionais, pensando
não somente na Amazônia Meridional, mas na aplicação generalizada da
metodologia em diversos mosaicos no Brasil. nos mosaicos em geral.

Em maio de 2009 foi realizada em Manaus a III Oficina do Mosaico da


Amazônia Meridional, que contou com a participação voluntaria da SEDAM de
Rondônia, interessada em agregar um conjunto de unidades de conservação
estaduais a esta iniciativa, o que reforçou a importância da atuação conjunta na
gestão de áreas protegidas inseridas em um território definido por sua
identidade regional e objetivos de conservação.
Deu-se inicio à aplicação da metodologia de planejamento estratégico de
mosaicos, no contexto do Mosaico da Amazônia Meridional. Além disso, foi
atualizado o plano de ação integrado para as unidades de conservação e
realizados alguns avanços na direção do processo de reconhecimento do
Mosaico pelo MMA, especialmente no que diz respeito à composição do
Conselho Gestor.

15
Em agosto de 2009 foi realizada a IV Oficina do Mosaico da Amazônia
Meridional, na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. Foi dada continuidade
ao desenvolvimento da metodologia do planejamento estratégico de mosaicos,
a partir dos resultados alcançados até o momento da analise do território por
meio das unidades de paisagem. Oportunamente, foi atualizado o plano de
ação integrado e discutidos passos seguintes do processo de reconhecimento
pelo MMA e composição do Conselho Gestor. O resultado deste evento foi o
debate e definição de três territorialidades do mosaico, com diferentes
enfoques e estratégias de atuação, sendo: a) Território de analise – com foco
na Amazônia Meridional e os limites de suas bacias hidrográficas, b) Território
físico e de fortalecimento da integração – as unidades de conservação e os
corredores ecológicos, vinculado ao processo de reconhecimento pelo MMA; e
c) Território da atuação – território físico + região de atuação, cidades, região
de agricultura e pecuária, não necessária e/ou reconhecida pelo MMA (shape –
limite das unidades envolvidas), área com possibilidade de influencia da nossa
atuação como mosaico, estratégia de conservação regional, fruto do
planejamento estratégico.

Em setembro de 2009, na oportunidade do VI Congresso Brasileiro de


Unidades de Conservação e do III Seminário de Mosaicos de Áreas Protegidas,
a metodologia de planejamento estratégico de mosaicos foi apresentada ao
grande publico, ressaltando os princípios do planejamento em cascata e do
planejamento ecorregional, o que suscitou diversos interesses. No ano
seguinte, em 2010, a metodologia foi aplicada no planejamento do Mosaico
Central Fluminense, ressalvadas algumas particularidades e adaptações
necessárias.
Em abril de 2011, após um longo período de expectativa do grupo em função
dos processos de transição de governos, foi realizada a V Oficina do Mosaico
da Amazônia Meridional, em Brasília, com o objetivo de finalizar o
planejamento estratégico e proceder com o protocolo dos documentos para o
reconhecimento do Mosaico da Amazônia Meridional, junto ao MMA. Nesta
oportunidade, a metodologia foi apresentada ao Ministério do Meio Ambiente e
decidiu-se por sua publicação.

2.3. Passos do desenvolvimento da metodologia de planejamento

A metodologia foi desenhada inicialmente por Stanley Arguedas (ELAP),


Roberto Vides (FCBC) e Ruth Anívarro (FCBC), e depois recebeu contribuições
e adequações de Marcia Lederman (GIZ) e Marcos Pinheiro (na época, do
WWF-Brasil). Em abril de 2009, foi submetida a apreciação e sugestões de
uma equipe de especialistas brasileiros que atuam em planejamento de áreas
protegidas, em planejamentos ecorregionais, em implementação de mosaicos,
técnicos que atuam com ferramentas de geoprocessamento, e representantes
de instituições governamentais e não governamentais ambientais e indígenas
com o propósito de realizar os ajustes necessários para aplicação da
metodologia em diversos mosaicos no Brasil.

16
A metodologia tem como principio o Enfoque Ecossistêmico como marco
ideológico de referencia, que é uma estratégia geral de abordagem para a
conservação composta por 12 princípios complementares e mutuamente
relacionada, que devem ser tomados conjuntamente, formando um todo. Este
enfoque esta previsto na Convenção da Diversidade Biológica (CDB), no seu
objetivo 1.2, onde prevê que “para 2015, todas as áreas protegidas e sistemas
de áreas protegidas estarão integradas nas paisagens terrestres e marinhas,
aplicando o enfoque ecossistêmico e levando em conta a conectividade
ecológica, e quando possível, de redes ecológicas”.
O planejamento estratégico gerado por esta metodologia prevê a utilização de
quatro conceitos de planejamento territorial integrado e no próprio conceito de
mosaicos definido pela SNUC:
- Planejamento em Cascata: implica na elaboração de um plano de escala
maior, que por sua vez são desenvolvidos mediantes a outros planos e
programas de escala menor no seu escopo territorial e de intervenção. O
Planejamento Estratégico do Mosaico trabalha a escala ampla e regional,
as escalas menores se aplicam aos Planos de Manejo e de Gestão, e
também aos planejamentos anuais específicos das áreas protegidas.

Figura 1. Estrutura de planejamento em escala regional apresenta a noção de


planejamento em cascata, ou seja, implica que na elaboração de um plano de
caráter geral, que por sua vez são desenvolvidos mediantes a outros planos e
programas mais precisos no seu escopo territorial e de intervenção.
Fonte: Baseado em Stanley, 2005.

17
- Planejamento Integrado das Áreas Protegidas: é um conceito de
desenvolvimento de instrumentos de gestão para áreas protegidas que
estão geograficamente próximas, que se elaboram de maneira coordenada,
incorporando os requerimentos ecológicos e socioeconômicos em que estas
unidades se encontram. Baseia-se na promoção de sinergia entre as
entidades gestoras, de forma que o resultado esperado deve ser muito
maior que a soma simples das partes.
- Planejamento Ecoregional: é um conceito de planejamento para a
conservação de territorial, baseado em informações científicas, que
identificada medidas de conservação para uma determinada ecorregião.
Baseou-se na experiência desenvolvida no Planejamento Ecorregional para
o Bosque Chiquitano da FCBC (Bolívia) e do Projeto Osa de ELAP (Costa
Rica),
- Os Mosaicos de Áreas Protegidas e seu entorno, como marco geográfico
para analise e planejamento.

Os componentes gerais de planejamento são quatro:


a) análise do diagnóstico,
b) definição do alcance,
c) definição de estratégias e projetos, e
d) consolidação da proposta.

Detalhadamente, cada componente procura responder às seguintes perguntas:

a) Análise do Diagnóstico:
- Qual é a área de estudo?
- Qual é o estado atual de conservação dos recursos naturais da área de
estudo?
- Quais são as áreas prioritárias para a conservação de sua
biodiversidade, que expressa a funcionalidade dos ecossistemas e os
serviços ambientais?
- Quais são os atores-chave a serem considerados para esta região?
- Quais são os principais constrangimentos legais a serem considerados
para a gestão dos recursos naturais na região?
- Quais são os cenários para os próximos 20 anos com relação ao
panorama sócio-econômico e biofísico e para 50 anos considerando as
variáveis de mudança climática?
- Quais são os principais desafios enfrentados no Mosaico, a fim de
manter a integridade e função do ecossistema?
- Quais são as áreas de maior conflito no mosaico?

b) Definição do alcance:
- Quais são as mudanças recomendadas para os limites, as categorias e
a criação de áreas protegidas, para manter as áreas relevantes para a
integridade e manutenção dos serviços dos ecossistemas do mosaico?
- Como devem se articular os zoneamentos das unidades do mosaico?
18
- Qual deve ser o uso do solo que melhor atenda os requisitos da
integridade e manutenção dos serviços ambientais na área do mosaico?
- Quais corredores biológicos devem ser promovidos?
- Quais os objetivos de conservação do território a ser protegidos?
- Quais são as metas (tangíveis) para esses objetivos?
- Que valores devem reger a gestão das unidades do mosaico, para
promover o clima social que requerem esforços de conservação?

c) Definição de estratégias e projetos:


- Quais as linhas / ações estratégicas devem desenvolver as áreas
protegidas para atingir as metas de conservação prioritária de todo o
mosaico?
- Quais projetos devem ser desenvolvidos na área de mosaico para atingir
as metas de conservação prioritária?
- Quais os mecanismos de coordenação devem ser implementados para
garantir a sinergia de esforços públicos e privados?
- Que programas transversais podem ser implementados para melhorar
os esforços das áreas protegidas no mosaico?
- Qual o modelo de governança que o mosaico deve ter?

d) Consolidação da proposta
- Quais são os procedimentos legais para fazer as mudanças acordadas
para as áreas protegidas?
- Como monitorar as metas de conservação prioritárias do mosaico,
quanto custará e como financiar?
- Como integram os componentes de estratégias, projetos e zoneamento
integrados e geram unidades de planejamento de gestão do mosaico?
- Como divulgar o planejamento estratégico entre os atores identificados
como chave no processo de implementação do território?
- Como apoiar o financiamento de cada uma das áreas que compõem o
mosaico para implementar as ações estratégicas?

De forma geral, estes componentes foram organizados em 11 passos


metodológicos para o cumprimento de todas as etapas necessárias ao
planejamento estratégico de mosaicos. Inicialmente orientados de forma
sequencial, mas no decorrer da realização do planejamento, verificou-se que a
ordem dos passos não é o mais relevante, mas sim o cumprimento de todos
eles. Na Tabela 1 a seguir, estes passos estão evidenciados e pode ser
verificado o seu cumprimento em relação ao Mosaico da Amazônia Meridional.

19
Tabela 1. Passos metodológica para o planejamento estratégico do mosaico, aplicado
ao Mosaico da Amazônia Meridional.

Passos em ordem
Produtos esperados neste passo Comentários
cronológica
Protocolado na V
No. 0:
1. Mosaico formalmente estabelecidos ou em processo Oficina, reconhecido em
Formalização
08/11
Todos os participantes
1. Identificação e estabelecimento da Equipe de das oficinas compõem a
Planejamento equipe de planejamento
No. 1: Desenho do (III, IV e V Oficina)
processo Artigo sobre método
publicado no Congresso
2. Documentar o desenho do processo
de Áreas Protegidas de
Cuba, 2011
1. Definição da área geográfica que inclui a análise para o
Realizado III Oficina
PEM
Feito em 2006 pelo
WWF-Brasil e parceiros,
No. 2: Definir a
2. Projeto Conceitual Modelo Espaço Mosaico. revisado em 2008
área geográfica de
durante a I Oficina do
análise do plano
MAM
Realizado no processo
3. Levantamento de documentos e outras fontes de
de planejamento das
informação sobre a área.
UCs e do Mosaico
1. Identificação e caracterização dos atores Realizado II Oficina
2. Análise de viabilidade, que inclui a área da análise
ecológica da paisagem identificando as áreas críticas
2a. Avaliação do estado de conservação Finalizado V Oficina
2b. Avaliação dos níveis de biodiversidade em diferentes
Finalizado V Oficina
classificações ecológicas
3c. Avaliação da funcionalidade ecológica Finalizado V Oficina
3. Análise dos serviços dos ecossistemas da região e
identificando áreas criticas.
3a. Avaliação de áreas de alto potencial comercial Finalizado V Oficina
No. 3: Mosaico
contextualização 3b. Avaliação de áreas de elevado potencial para não-
Finalizado V Oficina
comercial
4. Compilação de zoneamento proposto ou instrumentos
de planejamento definidas pelo nível regional ou nacional, Finalizado V Oficina
que afetam a gestão do mosaico
5. Lista dos projetos mais importantes na área, do ponto
Finalizado V Oficina
de vista das ameaças e oportunidades.
6. Considerações gerais para a gestão coletiva mosaico Definido com o conselho
7. Mapeamento do mosaico, o zoneamento existente e
Finalizado V Oficina
características respectivos
8. Mapeamento das fontes de financiamento na área Realizado V Oficina
Finalizado depois da V
1. Cenários a 20 anos de socioeconômicos e biofísicos
Oficina
2. Cenários a 50 anos de biofísica sob o efeito da Finalizado depois da V
No. 4: Análise de
mudança climática Oficina
cenários futuros
3. Elementos dos planos de desenvolvimento regionais e
Finalizado depois da V
agências federais que tenham qualquer impacto sobre o
Oficina
mosaico
No. 5: Definição do 1. Determinação dos desafios mais importantes do Realizado IV e V Oficina

20
Passos em ordem
Produtos esperados neste passo Comentários
cronológica
escopo do mosaico mosaico
2. Determinação de metas de conservação para o
Realizado IV e V Oficina
mosaico
3. Definição das metas estratégicas para cada um dos
Realizado IV e V Oficina
objetivos de conservação
4. Identificação e afirmação dos princípios fundamentais Baseado no enfoque
que devem estar comprometidos nos processos de ecossistêmico,
gestão que compõem o mosaico da área protegidas Realizado IV e V Oficina
5. Identificação de indicadores de acompanhamento para
Definido com o conselho
as metas
1. Corredores propostos dentro e fora do mosaico. Realizado V Oficina
No. 6: Zoneamento 2. Proposta de expansão, criação e / ou reclassificação
Realizado V Oficina
para mosaicos de UCs já existentes.
3. Análise de sobreposição Realizado V Oficina
1. Definição de linhas estratégicas de conservação global
para o mosaico ou algumas das suas unidades em Realizado IV e V Oficina
particular.
2. Identificação de potenciais programas transversais a
Realizado V Oficina
ser executado conjuntamente por todos
No. 7: Estratégias
3. Definição dos mecanismos de coordenação entre
recomendadas Realizado IV Oficina
agências operacionais
4. Os principais projetos a serem desenvolvidos no
Realizado IV e V Oficina
mosaico
5. Identificar potenciais fontes de financiamento por tópico
Realizado IV e V Oficina
ou categoria.
1. Um mecanismo para medir os indicadores propostos
Definido com o conselho
no passo 5.5
No. 8: Desenho do 2. Estabelecer o custo da aplicação do sistema de
processo de monitoramento e identificar possíveis fontes de Definido com o conselho
acompanhamento financiamento.
3. Elaboração de um perfil de projeto para submissão a
Definido com o conselho
essas possíveis fontes de financiamento.
1. Uma análise detalhada sobre a compatibilidade da
abordagem do PEM, com planos de manejo já aprovados
V Oficina
ou em desenvolvimento, bem como respectivas
recomendações específicas.
No. 9: Análise da
2. Uma análise jurídica dos ajustes necessários na área
sua aplicação
das áreas protegidas existentes para implementar as Definido com o conselho
prática
recomendações do PEM.
3. Uma proposta de instrumentos legais para a criação,
demarcação de reutilização e / ou re-qualificação das Definido com o conselho
propostas apresentadas na etapa 6.
Será finalizado depois da
1. Documento Final do PEM II reunião do conselho do
mosaico
No. 10:
Formalização do 2. Formalização por todas as entidades envolvidas no
plano Mosaico Divulgação técnica
GIZ/WWF-Brasil/ELAP e
3. Uma estratégia para divulgar
órgãos gestores
4. Sistematização e disseminação das lições aprendidas
Tarefa das UCs e do
No. 11:
1. A implementação do processo de acompanhamento do conselho, a definir
Monitoramento do
PEM mecanismos e
plano
responsáveis

21
2.5. As Unidades de Paisagem da Natureza
As analises geográficas foram embasadas nas Unidades de Paisagem da
Natureza (Irgang, 2009). Para possibilitar o diagnóstico ambiental de um
extenso território como o da Amazônia Meridional se fez necessário à aplicação
de tecnologias que possibilitam a extrapolação dos dados disponíveis,
possibilitando o conhecimento dos padrões ambientais desta região,
maximizando o alcance dos resultados dos levantamentos. Para tanto, foi
utilizado o método de identificação espacial das Unidades de Paisagem Natural
(UPN) já aplicado em algumas das unidades de conservação estaduais e
estendido para toda a região do mosaico.
O diagnóstico deste planejamento estratégico baseou-se em análises espaciais
usando bases cartográficas e programa de geoprocessamento. Nas oficinas de
construção do planejamento foram utilizadas três escalas de analise:
Área de contexto do mosaico: enquadramento integral das bacias hidrográficas
dos rios Xingu, Teles Pires e Juruena, e parcialmente do rio Madeira.
Área de influência do mosaico: enquadramento das áreas protegidas com uma
área de entorno de influência direta.
Áreas das unidades de conservação: contorno no limite de cada das uma das
áreas protegidas.

Esta análise foi gerada a partir das bases de dados espaciais oficiais, na escala
1:250.000, cedidas pelo Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM),
contemplando os temas de clima, geologia, geomorfologia, hipsometria, solos e
vegetação. Todos os temas foram trabalhados em ambiente de Sistema de
Informação Geográfica (SIG), o que permitiu a padronização, sistematização,
análise e posterior espacialização dos dados.
A base de dados espaciais foi analisada de forma integrada, por classificadores
auto organizados por redes neurais, utilizando o módulo FUZZY ARTMAP do
software Idrisi Andes (Eastman, 2006; Irgang & Santos, 2008), resultando no
mapa das unidades de paisagens naturais de toda a região de contexto do
mosaico.
Ao todo foram identificadas 17 classes de UPN, abrangendo uma área total de
41.162.704 hectares, como mostra a Figura 2. Este método também permitiu a
integração das UPN com os dados das ocorrências bióticas georreferenciadas,
tanto as existentes em bancos de dados como as levantadas em campo
(ocorrências biológicas por UPN) utilizando as ferramentas de análises do
programa DIVA GIS (2005).

22
Figura 2. Mapa das Unidades de Paisagem Natural da área de contexto do Mosaico
da Amazônia Meridional. Fonte: Irgang, 2011.

23
3. Caracterização do Mosaico da Amazônia Meridional

As principais informações apresentadas neste capitulo tem origem nos


diagnósticos realizados para os planos dos Parques Nacionais Juruena e
Campos Amazônicos, Reserva Biológica do Jarú, Mosaico do Apuí e Parque
Estadual Igarapés do Juruena. Para apresentar uma caracterização abiótica e
biótica da região e fazer um diagnóstico rápido da situação, a cartografia
obedeceu a um recorte orientado pelas bacias hidrográficas. O Mosaico da
Amazônia Meridional é caracterizado por estar no meio da bacia dos rios
Tapajós e parte do Madeira, assim destacamos a região dos rios Juruena,
Telles Pires, Tapajós, Aripuanã, Guariba, Rosselvet e Madeirinha como área de
analise.

3.1. Áreas Protegidas do Mosaico da Amazônia Meridional


O Mosaico da Amazônia Meridional é uma região com cerca de 7,5 milhões de
hectares, que inclui parte do norte e noroeste do Mato Grosso, sul do
Amazonas e oeste do Rondônia, podendo expandir para o sul do Pará. Região
conhecida como arco de fogo, por conta do desmatamento que avança no
sentindo norte do Brasil. A composição deste conjunto de áreas protegidas
como um mosaico será importante para a conservação da biodiversidade e
para a estabilidade do clima do planeta, criando condições para sua
conservação em longo prazo. Além disso, tem a importante função de
estabelecer uma barreira natural na contenção do avanço do arco do
desmatamento.
As primeiras ações de conservação da natureza nesta região começaram em
junho de 1967 com a criação da Reserva Biológica do Jaru (RO), sendo uma
unidade de proteção integral federal com 268.150 hectares. Em 2002 foi criada
a Floresta Nacional de Jaturarana, com 811 mil hectares. Em 2005 foram
criadas 9 unidades de conservação estaduais pelo Governo do Amazonas,
compondo o Mosaico do Apuí, com 2,43 milhões de hectares e o Parque
Nacional Juruena, com 1,9 milhões de hectares. Posteriormente, em 2006, veio
a criação do Parque Nacional Campos Amazônicos, com 873.570 hectares,
conformando principais elementos deste grande bloco de floresta amazônica.
Atualmente, este mosaico é composto por 40 unidades de conservação, que
somam cerca de 7,3 milhões de hectares. O mosaico possui a participação de
unidades de conservação estaduais do Mato Grosso e Rondônia, que se
juntaram no esforço coletivo de conservação da natureza na região da
Amazônia Meridional. A relação de todas as unidades que compõem o Mosaico
da Amazônia Meridional encontra-se na Tabela 2 e Figura 3 a seguir.
Na região existem ainda diversas terras indígenas, que atualmente se
preparam para unir esforços em prol da conservação da região e da proteção
de seus recursos naturais. Isto indica que o tamanho do mosaico não está
categoricamente definido e indica o interesse comum pelo desenvolvimento do
território em bases sustentáveis e de respeito aos povos tradicionais que nela
habitam.

24
Tabela 2. Unidades de Conservação que compõem o Mosaico da Amazônia
Meridional.

Unidade de Conservação ÓrgãoGestor CNUC ou Decreto * Área da UC

1 Reserva Extrativista Guariba SDS-AM 0000.13.0992 180904,71


2 Parque Estadual Guariba SDS-AM 0000.13.1004 72296,33

3 Reserva de Desenvolvimento Sustentável Bararati SDS-AM 0000.13.0983 153083,34

4 Reserva de Desenvolvimento Sustentável Aripuanã SDS-AM 0000.13.0982 260380,11


5 Floresta Estadual Sucunduri SDS-AM 0000.13.1001 545163,33
6 Floresta Estadual Estadual Apuí SDS-AM 0000.13.0998 286161,75
7 Floresta Estadual Estadual Aripuanã SDS-AM 0000.13.0999 369337,39
8 Parque Estadual Sucunduri SDS-AM 0000.13.1009 1006350,04
9 Floresta Estadual Manicoré SDS-AM 0000.13.1000 171300,19
10 Parque Nacional Juruena ICMBio 0000.00.0281 1957000,00
11 Parque Nacional Campos Amazônicos ICMBio 0000.00.0284 873570,00
12 Floresta Nacional Jatuarana ICMBio 0000.00.0119 573745,70
13 Reserva Biológica Jaru ICMBio 0000.00.0208 353335,00

14 Parque Estadual Igarapés do Juruena SEMA-MT 0000.51.0455 227817,00


15 Parque Estadual Tucumã SEMA-MT 0000.51.0456 80944,71
16 Reserva Ecológica de Apiacás SEMA-MT Em proceso de recategorização 100000,00
17 Estação Ecológica do Rio Madeirinha SEMA-MT Lei: 7.163/99 13682,96
18 Estação Ecológica Rio Roosvelt SEMA-MT 0000.51.1899 96168,00
19 Reserva Extrativista Guariba Roosevelt SEMA-MT 0000.51.0463 138092,00
20 Reserva Extrativista Roxinho SEDAM - RO 7107- 04/09/95- 19/07/95 882,21
21 Reserva Extrativista Seringueiras SEDAM - RO 7108- 04/09/95- 08/09/95 537,47
22 Reserva Extrativista Garrote SEDAM - RO 7109- 04/09/95- 08/09/95 802,52
23 Reserva Extrativista Mogno SEDAM - RO 7099- 04/09/95- 08/09/95 2450,12
24 Reserva Extrativista Piquiá SEDAM - RO 7098- 04/09/95- 08/09/95 1448,92
25 Reserva Extrativista Angelim SEDAM - RO 7095- 04/09/95- 08/09/95 8923,21

26 Reserva Extrativista Itaúba SEDAM - RO 7100- 04/09/95- 08/09/95 1758,08


27 Reserva Extrativista Ipê SEDAM - RO 7101- 04/09/95- 08/09/95 815,46
28 Reserva Extrativista Jatobá SEDAM - RO 7102- 04/09/95- 08/09/95 1135,18

29 Reserva Extrativista Massaramduba SEDAM - RO 7103- 04/09/95- 08/09/95 5566,22


30 Reserva Extrativista Maracatiara SEDAM - RO 7096- 04/09/95- 08/09/95 9503,13
31 Reserva Extrativista Sucupira SEDAM - RO 7104- 04/09/95- 08/09/95 3188,03
32 Reserva Extrativista Castanheira SEDAM - RO 7105- 04/09/95- 08/09/95 10200,00
33 Reserva Extrativista Aquariquara SEDAM - RO 7106- 04/09/95- 08/09/96 18100,00
34 Reserva Extrativista Freijó SEDAM - RO 7097- 04/09/95- 08/09/95 600,36
35 Reserva Extrativista Rio Preto/Jacundá SEDAM - RO 7336- 17/01/96- 19/01/96 115278,74
36 Floresta Estadual de Rendimento Sustentável Cedro** SEDAM - RO 7601- 08/10/96- 11/10/96 2566,74
37 Floresta Estadual de Rendimento Sustentável Mutum SEDAM - RO 7602- 08/10/96- 11/10/96 11471,04
38 Floresta Estadual de Rendimento Sustentável Gavião SEDAM - RO 7604- 08/10/96- 11/10/96 440,39
39 Floresta Estadual de Rendimento Sustentável Araras SEDAM - RO 7605- 08/10/96- 11/10/96 964,77
40 Floresta Estadual de Rendimento Sustentável Tucano SEDAM - RO 7603- 08/10/96- 11/10/96 659,56
TOTAL 7.321.240,56
* Conforme artigo 5 da portaria 482 de 14 de dezembro de 2010
** Correspondente à categoria de Floresta Estadual conforme Sistema Estadual de Unidades de Conservação de Rondônia

25
Figura 3. Áreas Protegidas que compõem o Mosaico da Amazônia
Meridional. Fonte: Irgang, 2011.

26
3.2. Aspectos ecológicos do Mosaico da Amazônia Meridional

Fatores abióticos
Geologia – De forma geral, podemos dizer que a região do Mosaico da
Amazônia Meridional se encontra praticamente no limite entre o Escudo
Brasileiro e a Bacia do Amazonas e tanto as rochas antigas (>200 milhões de
anos) do primeiro, como os sedimentos recentes do segundo (< 33 Ma)
ocorrem dentro da área do mosaico. O limite entre esses domínios geológicos
é caracterizado por um degrau topográfico, onde se formam as inúmeras
cachoeiras que se encontram na região, e que é, na devida escala,
acompanhado por um degrau climático. Esse degrau topográfico é evidente
nas unidades geomorfológicas e, conseqüentemente, os valores altimétricos
existentes dentro da área do mosaico (Figura 4). Na perspectiva da geologia,
destacamos os seguintes objetos de conservação:
• O Mosaico do Apuí apresenta as maiores fisionomias, é o caso dos
afloramentos rochosos da Serra da Fortaleza (PE Guariba), que são
montanhas residuais em forma de chapadas, e o Domo do Sucunduri (por
quase todo Mosaico do Apuí), que é uma formação de origem orogênica,
um fenômeno intrusivo de soerguimento do relevo por ação magmática
subterrânea.
• Nas demais unidades de conservação, todas possuem alguma serra ou
montanha que foram indicadas como valores de conservação, como é o
caso da Serra Manicoré-Machado (PN Campos Amazônicos), as Serra da
Providência e Monte Cristo (ReBio Jaru – Figura 5) e a Serra do Tucumã
(EE Rio Roosevelt).
• O patrimônio espeleológico somente foi identificado no PN Juruena, através
das Cavernas São Simão e do Morcego, a partir da formação arenítica
(rocha sedimentar clástica).

27
Figura 4. Mapa geológico da Amazônia, com destaque para a região do
Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: WWF-Brasil, 2006.

Figura 5. Mapa altimétrico da Reserva Biológica do Jaru, Serra da Providência e


Monte Cristo, ao fundo a Serra do Tucumã.
Fonte: Plano de Manejo da ReBio Jarú, 2010.

28
Figura 6. Mapa altimétrico do Parque Nacional Juruena, com destaque para o
degrau topográfico da região e a Configuração do Domo do Sucunduri ao
centro, que tem o aspecto circular com aproximadamente 75 km de diâmetro.
Fonte: Plano de Manejo do PN do Juruena, no prelo.

29
Geomorfologia - A variação de altitude na região do Mosaico da Amazônia
Meridional é relativamente pequena, sendo que as partes mais elevadas não
ultrapassam os 500 m do nível do mar, apresentam valores entre 39 m e 457
m. A porção leste do mosaico é a mais elevada, fazendo parte da extensão do
planalto residual que se entende da região de Colniza e Apiacás em direção à
sede do município de Apuí (Figura 5). A área desse planalto no Amazonas, na
região central do mosaico, tem uma fisiografia particular em função da
presença do Domo do Sucundurí. Após tempo e erosão um domo apresenta-se
em uma série de estratos concêntricos. A parte oeste do mosaico é
caracterizado pela Planície Amazônia, de tons em verde na Figura 7.

Figura 7. Mapa altimétrico da região do Mosaico da Amazônia Meridional.


Fonte: WWF-Brasil, 2006.

Neste contexto, complementamos informações dos objetos:


• Os Planaltos Residuais Sul Amazônicos Campos do Tenharim
caracterizam-se pelo relevo plano: superfícies em colinas tabulares (Dt)
com grau de entalhamento fraco a médio, pediplanos com relevos residuais
inumados (Pri) de cotas em torno de 150 m. Compreende os Campos do
Tenharim-Igarapé Preto e a Serra da Fortaleza e forma uma unidade.
• Planaltos Residuais do Madeira-Roosevelt - Corresponde basicamente a
serra que ocupa grande parte do PE do Guariba e a outra formação menor
no limite sul da Floresta de Aripuanã. Caracterizam-se sinclinais suspensas,
"grabens" invertidos e relevos monoclinais basculados por falha,
retrabalhados no Terciário por processos de pediplanação. Contatos
geralmente abruptos e eventualmente graduais com as unidades vizinhas. A
alteração de litologias dominantemente areníticas originou, principalmente,
Afloramentos Rochosos, Solos Litólicos e Areias Quartzosas.

30
Clima – A região do Mosaico da Amazônia Meridional fica no contato climático entre a
região quente-úmida, porém sazonal do Brasil Central, onde predominam os cerrados,
as florestas semi-decíduas e a região quente e úmida com período seco mais curto ou
ausente, onde ocorrem as florestas e os campos ombrófilos ("amigos da chuva") da
bacia Amazônica. As variações em diferentes medidas climáticas de temperatura e
precipitação apresentam o mesmo padrão (Norte-Sul) de distribuição espacial na
região do bloco. A temperatura média anual ao longo desse gradiente varia de 22.9 à
27.5o C. Enquanto no sul a diferença de temperatura ao longo do ano é de 18.7 a
21.3o C, no norte não passa de 12.5o C. Chove muito em toda a região (1.460-3.037
mm anuais), com duas ilhas de maior pluviosidade (>2.400 mm) ao leste e ao norte do
bloco. A região onde chove menos (<2.000 mm) fica ao sul do mosaico, em Mato
Grosso e Rondônia e coincide também com a região com período seco mais
prolongado.

O clima na região do mosaico é, portanto de transição entre um clima quente e


sazonalmente úmido com um clima quente e freqüentemente úmido. Este
gradiente climático está em consonância com o gradiente latitudinal e com um
suave gradiente altitudinal, além da circulação atmosférica e a dinâmica da
chuva na Bacia Amazônica (Figura 8).

Figura 8. Mapa das variações climáticas da região do


Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: WWF-Brasil, 2006.

31
A precipitação média anual é de 2.200 a 2.400 mm, havendo pouca variação
dentro da área do mosaico. O período mais chuvoso vai de janeiro a março,
com precipitações mensais entre 300 e 350 mm, enquanto que a época mais
seca ocorre de julho a agosto, com médias mensais em torno de 50 mm. A
região do mosaico apresenta pouca variação com relação à distribuição da
chuva ao longo do ano, mas o padrão observado é mais próximo àquele do
Brasil Central.

Hidrografia - O mosaico encontra-se no interflúvio Madeira-Tapajos e engloba


a bacia hidrográfica do baixo curso da margem direita do rio Madeira. A região
do bloco envolve rios de águas claras como o encontro dos rios Juruena e
Telles Pires, formando o rio Tapajós, como também, inclui integralmente os rios
Bararatí (AM) e São Tomé (MT), representantes desta bacia. Os rios da bacia
do rio Madeira que cruzam o bloco são Aripuanã, Guariba, Sucundurí,
Roosevelt e Madeirinha. Com exceção do rio Sucundurí que nasce dentro da
área do mosaico, todos os outros vem de Mato Grosso ou de Rondônia, cuja
nascente estão em áreas bem distantes do bloco (Figura 9).

Figura 9. Mapa das bacias hidrográficas da região do


Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: WWF-Brasil, 2006.

32
Mantendo este contexto, destacamos os seguintes objetos de conservação:
• Na região existem inúmeras cachoeiras, sendo que o maior volume de água
é do Rio Juruena, que desce o planalto criando belezas naturais de grande
poder cênico, como a Cachoeira do Salto Augusto (PN Juruena - PE
Igarapés do Juruena – Figura 10) e Cachoeira Florêncio (PN Juruena).
Corpos d´água menores, como o Rio Sucunduri criam santuários naturais,
como a Cachoeira Monte Cristo (PE Sucunduri).
• Proteger integralmente a bacia do rio Bararati (PE Igarapés do Juruena, PE
Sucunduri e RDS Bararati), das suas nascentes na Serra de Apiacás a sua
foz, no rio Juruena. Além de preservar nascentes dos rios São Tomé, Santa
Rosa e afluentes dos rios Teles Pires e Juruena (PN Juruena); e a proteção
da bacia hidrográfica do Tarumã (ReBio Jaru).

Figura 10. Conjunto de Corredeiras e Cachoeiras do Rio Juruena, quando desce do


planalto Cristalino Brasileiro para a Planície Amazônica.
Fonte: Plano de Manejo do PN do Juruena, no prelo.

33
Fatores bióticos
O Mosaico da Amazônia Meridional está localizado na região de contato entre
os biomas da Amazônia e do Cerrado. A porção leste do mosaico abrange o
Ecótono Amazônia-Cerrado enquanto no oeste predomina o bioma Amazônia.
Essas generalizações são obviamente simplificações, em função de escala, de
uma realidade muito mais complexa. Dois aspectos são importantes em
relação ao contexto biológico do mosaico: (1) existe alta diversidade biológica
por se tratar de uma região de contato e também de grande variação
ambiental; e (2), ao mesmo tempo, muito pouco se sabe sobre a diversidade
biológica dessa região, que foi pouco estudada (Figura 11).

Figura 11. Conhecimento botânico (a) e ausência de conhecimento botânico


(d) para a Pan-Amazônia, variando de bege-claro (menos) a azul-escuro (mais). Fonte:
Plano de Gestão do Mosaico do Apuí, 2010.

O estudo de Irgang, 2011, também reforça esta informação que a região do


Mosaico da Amazônia Meridional possui baixo nível de conhecimento. Neste
estudo, foi atribuída a riqueza de espécies para as Unidades de Paisagens
Naturais (UNP). Na Figura 12 podemos observar que a maioria das UNP é de
baixa riqueza, em tons amarelos, laranjas e vermelhos, categorias de baixa
riqueza, reflexo do esforço de pesquisa da região.

34
Figura 12, Mapa das unidades de paisagens da Amazônia e sua riqueza conhecida.
Destaque para a região do Mosaico da Amazônia Meridional e seu baixo
conhecimento. Fonte: Irgang, 2011 e Irgang 2009.

35
Fitofisionomia - Segundo o mapa de vegetação do RadamBrasil, dentro da
área do bloco ocorrem 13 classes de vegetação, pertencentes a três grandes
domínios: (1) florestas pluviais ou ombrófilas; (2) savanas, o cerrado
propriamente dito; e (3) formações pioneiras herbáceo-arbustivas de influência
fluvial ou lacustre, ou seja, as campinas típicas de solos hidromórficos. As
florestas ombrófilas têm maior representatividade, seguida da savana e por
último pelas formações pioneiras (Figura 13).
A distribuição espacial dessas classes de vegetação está correlacionada
predominantemente aos diferentes tipos de solo que ocorrem na região e que
também estão correlacionados com os compartimentos geomorfológicos. Por
isso, a região leste do mosaico, a qual apresenta maior diversidade
geomorfológica e edáfica, também apresenta maior diversidade de tipos de
vegetação. As formações arbustivas e abertas (savanas) ocorrem
exclusivamente em solos litólicos e arenosos (Neossolos) ou concrecionais
(Petroplínticos e Plintossolos), enquanto as formações florestais ocupam os
solos mais profundos e desenvolvidos e predominantemente argilosos
(Latossolos e Podzólicos).

Figura 13. Mapa das fitofisionomias da região do


Mosaico da Amazônia Meridional.
Fonte: Plano de Gestão do Mosaico do Apuí, 2010.

36
A categorização de fitofisionomias em classes de vegetação também tem suas
limitações e muitas vezes não estão de acordo com as características
ecológicas do ambiente e, conseqüentemente, com as espécies de plantas que
nela ocorrem. Evidência disso é a classificação de duas áreas na borda
sudeste do mosaico como Savana Arborizada e Florestada, respectivamente.
O solo dessas duas áreas é classificado como Neossolo o que sugere que a
vegetação é provavelmente campina ou campinarana, e onde as espécies
típicas do cerrado não ocorrem.
Detalhando este contexto, destacamos os seguintes objetos de conservação:
• A questão da vegetação é central na conservação desta região, assim como
manter a integridade e conectividade deste patrimônio florestal, com sua
biodiversidade de um ecótono de florestas (PN Juruena e Mosaico Apui)
• Estas extensas florestas preservam alguns ambientes raros como o campo
rupestre do Roosevelt (EE Rio Roosevelt), os campos amazônicos (PN
Campos Amazônicos), campinaranas (PN Juruena), as formações de
tabocais e a biota associada (seis espécies de aves - PN Juruena).
• Além disso, possuem, espécies únicas, como os bancos de Podostemaceae
nos afloramentos expostos em cachoeiras (PN Juruena – Figura 14).

Figura 14. Enorme mancha de Campos Amazônicos


(Fonte: Plano de Manejo do PN Campos Amazônicos, no prelo).

37
Fauna - A região do mosaico é apontada como uma das principais zonas de
endemismos na Amazônia Meridional tanto para aves como para mamíferos.
Além disso, vários complexos de espécies de aves têm substituição geográfica
de seus membros dentro do interflúvio Madeira-Tapajós e muitas
provavelmente dentro do mosaico. Esta região é também reconhecida como
prioritária para a conservação na Amazônia.
Nesta região de elevada importância biológica, a região do mosaico se localiza
em uma área ainda isolada e, portanto, é uma área bastante preservada da
Amazônia Legal, reservando assim, alta biodiversidade em bom estado de
conservação. No entanto, esta também é uma das regiões menos conhecidas
cientificamente do Brasil e por isso é considerada uma área prioritária para
inventários faunísticos.

Padrões de diversidade - No contexto regional, o mosaico se encontra em


áreas de alta e mediana riqueza de espécies de aves, mamíferos e anfíbios
(Figura 15). No entanto, como pesquisas são escassas na região é muito
provável que as estimativas nas bases de dados atuais estejam realmente
subestimando o número de espécies para a região. Recentemente foram
descobertas novas espécies de primatas, aves e sapos nos municípios de
Novo Aripuanã e Manicoré.
Como esperado, os números de espécies registradas durante uma expedição é
geralmente menor do que aquele existente na região, principalmente devido a
natureza da amostragem, com pouca cobertura dos ambientes presentes e
períodos de amostragem curtos. Isso é particularmente relevante quando se
trata de áreas da Amazônia com alta heterogeneidade ambiental como é a
região do mosaico. No entanto, os dados obtidos a partir destas expedições,
especialmente em áreas de escasso conhecimento, são extremamente
valiosos, pois já indicam a ampliação da área de distribuição de várias
espécies, assim como espécies desconhecidas do meio científico.
Dos resultados obtidos nas diferentes expedições ao mosaico, nos
levantamentos para a elaboração dos planos de manejo das unidades de
conservação, fica clara a importância biológica da região e a necessidade de
novos empreendimentos científicos.
Por se tratar de uma zona de contato entre dois biomas, é especialmente
importante dirigir mais esforços de campo para resolver o status taxonômico de
espécies comumente não observadas na Amazônia. Por outro lado, as áreas
de campos abertos e as florestas de cipó devem ser estudadas com especial
atenção, pois esses ambientes podem ter altas taxas de endemismo e novas
espécies em função das características únicas do habitat e da distribuição
espacial descontínua (como ilhas) que estes apresentam.
Os ambientes aquáticos também apresentam um altíssimo potencial de ter
muitas espécies endêmicas e não descritas, especialmente pelas
características heterogêneas dos rios, com um grande número de cachoeiras e
corredeiras.

38
Figura 15. Contexto regional do bloco de conservação (estrela preta)
com relação ao padrão de riqueza para todas as espécies de anfíbios, aves,
mamíferos e primatas da região Neotropical.
Fonte: NatureServer (www.natureserve.org).

Estado de conservação - Para a região do mosaico é esperado entre 10 e 12


espécies de mamíferos ameaçadas de extinção. É interessante que
praticamente todas estas espécies ameaçadas foram registradas em pelo
menos uma das expedições do diagnóstico biológico rápido no Mosaico do
Apuí ou no PN Juruena. Embora o grupo dos mamíferos seja o que apresenta
a maior porcentagem de espécies ameaçadas, é importante lembrar que esta
porcentagem está baseada nas espécies observadas. Por isso, o fato de
espécies ameaçadas terem sido observadas num diagnóstico rápido, sugere
que na região elas podem estar menos ameaçadas, pois indica que as
espécies que normalmente seriam raras de observar devido à pressão exercida
sobre elas (caça, coleta, pesca ou perda de habitat) ocorrem com certa
frequência.
Das 12 espécies de primatas registradas, sete se encontram na lista de
animais ameaçados. Entre as espécies de grande interesse de conservação
está Mico chrysoleuca nome comum, devido à sua restrita distribuição
39
geográfica e, até recentemente, fora de qualquer unidade de conservação. No
entanto, para as aves, não foi registrado um número importante de espécies
ameaçadas provavelmente pela baixa intensidade das amostragens. Na área
do mosaico são esperadas ainda várias espécies de psitacídeos ameaçados,
como a ararajuba (Guaruba guarouba) e a arara-azul (Anodorynchus
hyacinthinus), ambas na categoria em perigo de extinção (em de acordo com a
IUCN).

Patrimônio Ambiental e Serviços Ecossistêmicos – de forma geral, o


Mosaico da Amazônia Meridional mantém a regulação climática nas diferentes
escalas, através dos serviços ambientais, contribuindo para a qualidade de
vida do planeta. Destacamos os principais pontos dos serviços ecossistêmicos
no mosaico:
- O mosaico preserva nascentes, igarapés e ríos, livres de barramento, de
trechos significativos de oito meso-bacias (alto e baixo Juruena, Sucunduri,
Camaiu, Cunamã, Acari, Urucu, Mureru, Jacaretinga, Maracanã, Aripuanã,
Guariba, Roosevelt, Madeirinha,Trumã, dos Macacos,Machado,
Machadinho, Nascentes do Juruá, como também a totalidade das bacias
dos Rios Santa Rosa, São Tomé, Urucu e Bararati. Além de pequenos
corpos d'água e afluentes fundamentais para a produção de água e a
manutenção dos ciclos hidrológicos do interflúvio dos Rios Tapajós e
Madeira, garantindo inclusive os processos migratórios sazonais de peixes
tais como: matrinxã e bagres (grandes e médios).
- O mosaico protege corredeiras, cachoeiras e lagos, que são definidores da
dinâmica hídrica, garantindo os processos de sobrevivência das
comunidades de peixes, carnívoros aquáticos, animais terrestres
associados, sendo importante para a reprodução de quelônios e peixes,
como os grandes bagres, e para a manutenção dos estoques pesqueiros
para a subsistência das populações ribeirinhas e eventual interesse
turístico.
- Além disso, protegem cavidades naturais, em especial a caverna da Onça
na cachoeira do São Simão e a caverna do Morcego no Salto Augusto,
ambientes frágeis e abrigos para comunidades de morcegos.
- O mosaico protege a biodiversidade do ecótono sul amazônico, desde os
carnívoros de topo de cadeia em risco de extinção, espécies que
necessitam de grandes áreas de vida, como a onça-pintada Panthera onca,
ariranha Pteronura brasiliensis, harpia Harpia harpyja, jacaré-açú
Melanosuchus niger, bem como espécies com funções pontuais e
específicas como as algas Podostemonaceae (áreas de forragiamento das
aves e mamíferos) existentes nos afloramentos das cachoeiras (Figura 15).
- O mosaico protege espécies vegetais típicas da Amazônia Meridional como
Desmondium aff. juruensis, tipo coletada na calha do Rio Juruena, e a
Galactopiora magnífica típica das campinaranas desta região, além de
novas ocorrências geográficas e espécies ainda não descritas pela ciência.
- O mosaico garante a manutenção de espécies que sofrem pressão na zona
de amortecimento por serem utilizadas como fonte de subsistencia, como
ocorre com a paca Cuniculus paca, queixada Tayassu pecari, veado
Mazama sp., anta Tapirus terrestris, entre outros, como também na pesca
comercial e ou esportiva do pintado Pseudoplatystoma corruscans, pirarara

40
Phractocephalus hemioliopterus, cachorra Hydrolycus scomberoides,
caparari Pseudoplatystoma tigrinum, jaú Paulicea luetkeni, piraíba
Brachyplatystoma filamentosum, peixe elétrico poraquê Electrophorus
electricus e raia Potamotrygonidae.
- O mosaico conserva as populações isoladas de espécies típicas de
cerrado, como os anfíbios Hypsiboas albopunctatus, Dendropsophus
sanborni, Rhinella. gr. granulosa, os répteis Hoplocercus spinosus,
Bothrops matogrossensis, Oxyrhopus rhombifer, Pseudoboa nigra,
Thamnodynastes pallidus; aves como Neothraupis fasciata, Melanopareia
torquata, Brotogeris chiriri, Saltator atricolis, mamíferos cervo-do-pantanal
Blastocerus dicothomus e veado-campeiro Ozotocerus bezoarticus e
espécies vegetais como bate-caixa lixeira Palicoyrea rígida, Antonia ovata,
pepalantos Actinocephalus sp1; e populações frágeis já identificadas como:
peixes caparari Pseudoplatystoma tigrinus e pirarara Brachiplatystoma
vailanti anfíbios Trachycephalus resinifictrix e Leptodactylus fuscus; répteis
como Pseudoboa nigra e Bothrops matogrossensis; aves como Harpia
harpyja, Neothraupis fasciata, Tachyphonus rufus e Sporophila plumbea e
mamíferos cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas Atelocynus microtis,
doninha Mustela sp., cachorro-vinagre Speothos venaticus, Mico
manicorensis, ariranha Pteronura brasiliensis, onça-pintada Panthera onca
e puma Puma concolor.

Figura 16. As algas Podostemaceaes na Cachoeira Salto Augusto


(Autor: Zig Kock).

41
Identificação de valores de conservação – os valores de conservação da
região foram discutidos durante as oficinas, com base nas informações
existentes de cada diagnostico das unidades de conservação e no
conhecimento de campo dos gestores e técnicos do grupo. Este esforço
resultou na relação de valores que foram organizados segundos as respectivas
áreas protegidas e que compõem a Tabela 3. Estes valores caracterizam
aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos da região.
Além deste esforço de identificação dos valores de conservação, também foi
realizado um estudo de riqueza das Unidades de Paisagem da Natureza. Elas
permitem propor um padrão de distribuição da biodiversidade, seguindo
diferentes parâmetros físicos, biológicos e climáticos, e orientar as pesquisas
científicas e a coleta de dados, visando checar esta hipótese de trabalho. Desta
forma, se comprovado, podemos extrapolar com grande segurança, inferências
sobre a composição e abundância destes ambientes protegidos, permitindo
uma base sólida para o debate do zoneamento e para a definição de metas de
conservação da natureza, com muito melhor aproveitamento de dados
previamente disponíveis (Figura 11).

Tabela 3. Valores de conservação das unidades de conservação.

UC Valores de conservação
 Afloramentos rochosos (PE Guariba)
 Afloramentos de calcário (FE Apuí)
 Cachoeiras (PE Sucunduri e rio Juruena)
Mosaico  Domo do Sucunduri
do Apuí  Bacia do rio Bararati (PE Sucunduri e RDS Bararati)
 Potencial para manejo sustentável da madeira
 Potencial extrativista
 Sítio arqueológico no Aripuanã
 Campos amazônicos
PN Campos  Ocorrência do cervo do Pantanal
Amazônicos  Serra
 Oportunidade de ampliação ao leste da UC (floresta ombrófila),
 Proteção dos bancos de Podostemaceae nos afloramentos expostos no
Salto Augusto
 Caverna São Simão e Caverna do Morcego
 Podostemaceas (planta das cachoeiras)
 Cachoeira Florêncio
 Sítios arqueológicos São Simão e Salto Augusto (inclui as cachoeiras)
 Campinaranas
PN Juruena  Garantir os processos migratórios sazonais de peixes
 Proteção de aves endêmicas
 Proteção integral do patrimônio florestal
 Proteger as formações de tabocais e a biota associada (seis espécies de
aves)
 Preservar nascentes dos rios São Tomé, Santa Rosa e afluentes diretos das
margens dos rios Teles Pires, Juruena
 Ecótonos de floresta

42
UC Valores de conservação
 Proteção da bacia hidrográfica do Tarumã
ReBio Jarú
 Montanhas do Jaru (Serra da Providência e Monte Cristo)
PE Igarapés  Nascente do Bararati (Serra dos Apiacás)
do Juruena  Cachoeira do Salto Augusto (sobreposição com PN Juruena)
 Os grandes rios Roosevelt, Guariba e Madeirinha, juntamente com os rios
Pingueiro, Jatuarana e igarapés de menor porte.
 A Serra do Pingueiro, na EE Rio Roosevelt, constitui um importante relicto
geológico, alcançando 283 m de altitude e 23º de declividade, destacando-
se no relevo tabuliforme predominante, de superfícies planas.
PE Tucumã  O Complexo Jamari, um relicto geológico, assim como a Formação
Palmeiral, que ocorre em 100% das áreas da EE Rio Madeirinha e do PE
Tucumã e 78% da EE Rio Roosevelt em Mato Grosso.
 A cobertura vegetal é formada principalmente pela Floresta Ombrófila Aberta
Submontana e Aluvial e suas variações, ocorrendo também a Floresta
Ombrófila Densa.
EE Rio  Campo rupestre do Roosevelt
Roosevelt  Serra do Tucumã
• Sua importância também está na manutenção de um maciço florestal
EE Rio contínuo e bem preservado, além de outras formações vegetais mais
Madeira restritas, como as Campinaranas, incluindo também importante rede
hidrográfica.
 As comunidades de primatas, especialmente as do guariba-labareda,
(Alouatta puruensis), espécie bandeira regional e as novas espécies de
Callicebus (Zogue-zogues), espécies endêmicas dos interflúvios Guariba-
Resex Roosevelt e Guariba-Aripuanã.
Guariba-
 A palmeira caranã (Mauritia carana), registrada na Campinarana da Curva
Roosevelt
do Cotovelo, nova ocorrência para o Estado de Mato Grosso. Sítios
arqueológicos
 Extração de castanha e copaíba - formas de vida tradicional

43
3.3. Aspectos sociais do Mosaico da Amazônia Meridional

Aspecto histórico cultural – A região da Amazônia Meridional também possui


uma enorme diversidade social. A região foi habitada por vários grupos
indígenas que deixaram seus registros arqueológicos na região, os sítios
apresentam cacos de cerâmicas, urnas funerárias, terra preta e pinturas
rupestres, sendo a maior ocorrência na região a Pedra Preta, em Paranaíta
(MT). Atualmente, os povos indígenas existentes são exemplos da resistência
da região. Na parte leste se encontram os povos Mundurukus, Apiakas e
Kayabi, a oeste o povo Tenharim e no centro ainda há ocorrências de índios
isolados nos Rios Preto, Maracanã e Bararati.
A conquista da região iniciou em 1710 com as investidas das missões
bandeirantes, a procura de riquezas e índios escravos, além do objetivo de
aumentar o domínio português para além da linha do Tratado das Tordesilhas.
Nos últimos dois séculos, o ciclo da borracha e a atividade de garimpo
trouxeram muitos imigrantes para a região, principalmente do Maranhão e
Ceará, que foram logo se integrando a vida ribeirinha, explorando os recursos
naturais das florestas e rios. Esta estratégia de sobrevivência centenária,
resultado da integração da cultura portuguesa e indígena, se estabeleceu
principalmente nas calhas dos rios Teles Pires, Juruena, Tapajós, Sucunduri,
Aripuanã, Guariba, Rooselvelt e Madeirinha, na parte baixa do relevo,
principalmente na Planície Amazônica.
A região também recebeu viagens de exploradores e naturalistas pesquisando
a fauna e a flora brasileira. A primeira grande foi a Expedição Langsdorff (1825
a 1829), pelas Províncias Brasileiras de São Paulo, Mato Grosso e Grão-Pará
(atual Estado do Pará), que realizaram os primeiros registros etnográficos da
região, realizados por Floresce.
Depois, foi a Expedição Científica Rondon-Roosevelt que teve como líderes
Theodore Roosevelt e Marechal Cândido Rondon de 1913-1914, que foram os
primeiros exploradores ao longo do "Rio da Dúvida" (renomeado mais tarde
como Rio Roosevelt). A expedição começou a ter problemas com insetos e
doenças como a malária, atacando todo o grupo. Até mesmo Roosevelt estava
com muitas feridas e perto da morte, mas conseguiram abrigo com os
seringueiros da região. A partir daí, devido a uma falta de alimentos, a
expedição se dividiu em duas, uma continuou pelo rio da Dúvida e a outra
seguiu pelo rio Madeira.
Até o início da década de 1960, a região permanecia praticamente selvagem e
mal conhecida pelo homem, até que a construção de Brasília, inaugurada em
1960 e a abertura de estradas, como a Rodovia Belém-Brasília, por exemplo,
acabou atraindo contingentes de migrantes de todo o Brasil. Um importante
grupo migrante é o grupo dos sulistas (gaúchos, catarinenses e paranaenses)
que se instalaram, sobretudo, no norte de Mato Grosso. Na região, nos últimos
anos, foram os responsáveis pela organização da agricultura, abriram rodovias,
montaram serrarias, fundaram vilas e cidades, avançando sobre a Floresta
Amazônica.

44
Mato Grosso - A colonização em Mato Grosso foi conduzida por empresas
privadas que criaram praticamente todos os núcleos urbanos existentes. A
matriz econômica da colonização baseou-se na exploração da madeira,
seguida de implantação de pastagens para a instalação de pecuária. Desde o
processo inicial, a concentração de terras foi a estratégia de ocupação do
território.
Colniza começou a ser ocupada em 1984 com a chegada de 73 famílias vindas
do sul do país, em busca de terra, apoiadas num projeto de colonização que
não vingou. Outras pessoas, predominantemente do Estado de Rondônia,
começaram a chegar ao local em busca de terras e madeira, invadindo e
criando os loteamentos sem infraestrutura. O Município foi criado em 26 de
novembro de 1998, pela Lei Estadual № 7.604, em território desmembrado do
Município de Aripuanã, até então o maior Município do Estado de Mato Grosso.
Em 2007, segundo dados do IBGE (2007), Colniza possuía uma população de
27.882 habitantes e uma área de 27.948km². A Vila de Três Fronteiras (Guatá)
fica localizada no extremo oeste de Colniza (MT), no entroncamento dos
estados do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. Surgiu em 2004, devido à
expansão da agropecuária e da exploração madeireira. A criação e o rápido
crescimento foram motivados pela extração ilegal de madeira e o garimpo na
Terra Indígena Tenharim Igarapé Preto. Segundo o administrador local existem
1.600 lotes ocupados. A Vila possui cerca de 12.504 habitantes e reivindica
junto à Prefeitura o título de Distrito. Devido à grande distância da sede de
Colniza, as relações econômicas da Vila são mais próximas com Machadinho
D’Óeste. Atualmente, a situação do Distrito é um retrato da política equivocada
de colonização da região, com lotes vendidos, abandonos ou invadidos por
grileiros e pecuaristas. Além disso, há relatos de invasões de terras públicas
por grileiros. Os conflitos pela posse de terras são grandes, o que juntamente
com a ausência do poder público têm causado um grande índice de
criminalidade no local. A falta de regularização fundiária é apontada por
moradores, produtores e lideranças religiosas como o maior entrave ao
desenvolvimento local. O INCRA não faz vistorias e há disputa de terras entre
os pequenos e os grandes posseiros. A ação dos grileiros e madeireiros ilegais
gera clima de insegurança e as famílias convivem com a violência, em todas as
suas formas, diariamente.
O Município de Apiacás, situado no extremo norte de Mato Grosso, com área
de 20.402km² e densidade demográfica de apenas 0,3 hab/km², faz parte da
Microrregião Alta Floresta e da Mesorregião Norte Mato-grossense. A raiz
histórica de Apiacás está ligada à grande “corrida” pelo ouro e contou com a
participação da colonizadora Integração Desenvolvimento e Colonização S/A
(INDECO), fundada em Alta Floresta (MT) e proprietária de grandes áreas de
terras. O loteamento e o início da construção desse Município iniciaram em
novembro de 1983, sendo então projetada para ser uma pequena cidade de
agricultores oriundos do sul do Brasil. Porém, a descoberta de ouro no território
provocou uma corrida de garimpeiros para a região, vindos dos Estados do
Maranhão e do Pará, ocorrendo uma repentina explosão demográfica.
Segundo dados locais, neste período, a população de Apiacás chegou a contar
com aproximadamente 60 mil habitantes, muito mais do que os 7.926
habitantes de hoje (IBGE, 2007). Nos anos 1990, teve início o ciclo da madeira
e da pecuária na região.

45
Em Contriguaçu, na década de 1989, a Cooperativa Central Regional Ltda –
Cotriguaçu adquiriu uma grande área ainda intocada e passou a vender lotes,
principalmente, para os pequenos agricultores do Paraná. Os primeiros
migrantes compradores dessas terras eram atraídos por “terras boas e baratas”
e começaram a chegar em 1984 e, em 1986, teve início a construção da
cidade. O grande território desocupado possibilitou a implantação de vários
projetos de assentamento do INCRA, que atraíram grande número de famílias
oriundas de acampamentos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Em dezembro de 1991, foi criado oficialmente o Município de Cotriguaçu e sua
instalação datam de janeiro de 1993, com área de 9.149,7km². A população de
Cotriguaçu, em 2007 era de 13.740 habitantes (IBGE, 2007), com densidade
demográfica de 0,9 hab/km².

Amazonas - O Apuí é um município jovem criado pelo Governo Federal em


1982 e originado por dois grandes projetos de assentamentos agrários do
INCRA: o Projeto Acari em 1982 (também localizado em parte do município de
Novo Aripuanã) e o Projeto Juma em 1992. Estes assentamentos tinham como
principal objetivo o desenvolvimento da região sudoeste do Amazonas e o
desenvolvimento ao longo da Transamazônica (BR-230). Porém o processo
não foi acompanhado de estrutura, consistência e seriedade, resultando em
grande parte no abandono com escasso ou nenhum apoio técnico para os
assentados. O número total de lotes chega hoje a cerca de nove mil.
O Distrito de Santo Antonio do Matupy (180) está localizado no Município de
Manicoré, no Km 180 da Transamazônica, no Amazonas. Surgiu devido a um
Projeto de Assentamento criado pelo INCRA, denominado “Matupy”, o qual
possui atualmente 536 lotes. Assumiu a condição de Distrito, quando contava
com 1.420 moradores e 473 famílias. Atualmente possui aproximadamente
10.000 habitantes (2.800 na área urbana e 7.200 na área rural). Tem como
principais atividades econômicas a extração de madeira e a pecuária e está
reivindicando junto à Assembléia Legislativa do Estado sua emancipação,
única forma de desenvolver a região, na visão de boa parte da população local.

Rondônia - O Município de Machadinho D`Óeste foi criado para ser o maior


projeto de Reforma Agrária no país na década de 1970. Planejado pelo
governo militar foi denominado Núcleo Urbano de Apoio Rural (NUAR) de onde
partiu a implantação de 14 projetos de assentamentos rurais simultaneamente.
O objetivo do NUAR era o de integrar pequenas propriedades rurais e tornálas
produtivas. Assim, a cidade foi planejada com forma circular, sendo o centro
destinado ao comércio, serviços e sede administrativa de órgãos federais,
estaduais e municipais. Ao redor deste centro, outro círculo era destinado a
abrigar as grandes propriedades rurais e, em torno deste, outro destinado às
pequenas propriedades rurais, denominado localmente como Projetos de
Assentamentos (PA). O Projeto de Assentamento Machadinho foi implantado
pelo INCRA em 1982, como parte do Programa PoloNoreste e com fundos do
Banco Mundial. Havia um núcleo urbano principal (2.000 ha), um aeroporto (59
ha), 10 núcleos urbanos secundários (953ha) e 17 reservas florestais (68.000
ha), hoje Reservas Extrativistas. Em 1986, após processos de ocupação
desordenada por sem-terras da região, o INCRA implantou novos projetos de
assentamentos, criando um novo cinturão ao redor dos anteriores, em difíceis
condições, em nada semelhantes aos assentamentos anteriores.

46
Figura 17. Mapa dos Municípios da região do Mosaico da Amazônia
Meridional. Fonte: Irgang, 2011.

47
Terras Indígenas – São sete Terras Indígenas que estão no entorno do
mosaico e podem compor a iniciativa de gestão integrada na região. As Terras
Indígenas somam cerca de 4,27 milhões de hectares (Tabela 4) e ainda é uma
região que registra a ocorrência de índios isolados (Figura 18).

Tabela 4. As Terras Indígenas do entorno do Mosaico da Amazônia Meridional.


Nome Categoria Tamanho
Mundurucu Terra indígena 2.351.800,00
Kayabi Terra indígena 1.053.000,00
Escondido Terra indígena 165.935,00
Arara do Rio Branco Terra indígena 114.842,00
Rio Pardo Terra indígena 166,00
Tenharim do Igarapé Preto Terra indígena 87.413,00
Tenharim/Marmelos Terra indígena 497.521,00
TOTAL Terras Indígenas 4.270.677,00

Figura 18, Mapa das Terras Indígenas e ocorrência de índios isolados na região do
Mosaico da Amazônia Meridional. Fonte: Irgang, 2011.

48
Mapeamento dos atores sociais – Na III Oficina do Mosaico da Amazônia
Meridional foi realizado uma dinâmica, Diagrama de Venn, com objetivo de
identificar os atores sociais envolvidos com a implementação do mosaico,
definir sua importância para o sucesso e objetivos do mosaico, optando pelas
tarjetas grandes ou pequenas. Por último, definir sua localização no painel,
quanto mais próximo do centro, mais envolvido com esta iniciativa (Figura 18),
depois o material foi tabulado Tabela 5. Resultado desta dinâmica levou os
participantes da oficina a entenderem e a dimensionar a quantidade de
parceiros envolvidos na implementação do mosaico e forneceu um rico material
para uma futura definição dos possíveis convidados para participarem do
conselho gestor.

Figura 19. Resultado da dinâmica de mapeamento dos atores sociais


envolvidos na implementação do Mosaico da Amazônia Meridional.
No diagrama de Venn, as entidades mais envolvidas com o trabalho do
mosaico, estão localizadas mais próximas do centro, onde tem a palavra
mosaica, quanto mais próximo maior valor a entidade ganha pontos (variando
de 1 a 4). Além disso, a importância da entidade também ganha pontos, quanto
mais importante, mais ponto ganha, variando de 2 a 1. Por fim, na tabela
abaixo dividimos as entidades em dois níveis, no primeiro que ganharam mais
pontos (até 4 pontos) e as demais organizadas no segundo nível.
Foto: Márcia Lederman

49
Tabela 5. Tabulação do mapeamento dos atores sociais envolvidos com o Mosaico
Amazônia Meridional.
Nível 1 Nível 2
Local Tamanho Local Tamanho
WWF-Brasil 4 2 UFMT MT 2 1
GTZ 4 2 DNPM MT 2 1
CEUC AM 4 2 FUNAI Detp Gestão Ambiental 2 1
ICMBio MT 4 2 CPT 2 1
ICMBio AM 4 2 FEPI AM 1 2
ICMBio RO 4 2 GTA 1 2
CUC MT 4 2 FUNAI Escritórios regionais 1 2
IBAMA MT 3 2 Polícia Federal 1 2
ICV 3 2 ABIM 1 2
INCRA (-) 3 2 MP estadual 1 2
Pref. Apuí 3 2 MP federal 1 2
Pref. Apiacás 3 2 FAZ 1 1
IPAAM AM 3 2 DNPM AM 1 1
CECLIMA AM 3 2 Batalhão Ambiental 1 1
IBAMA AM 3 2 ONG Parceira no EE Jarú 1 1
ITEAM AM 3 2 FUNAI Detp Indios isolados 1 1
MMA Arpa 3 1 Unemat MT 1 1
IDESAM AM 3 1 Pref. Contriguaçu 0 2
Inst. Pacto AM 3 1 Pref. Colniza 0 2
IIEB 3 1 Comunidade Matupi 0 2
Intermat MT 3 1 IDAM AM 0 2
IBAMA RO 3 1 INPA 0 1
UFAM 0 1
UEA 0 1
COIAB 0 1
COIAM 0 1
ADS AM 0 1
MMA SFB 0 1
MMA DAP 0 1
CPRM 0 1
ISA 0 1
Secretaria Desenvolv. Regional 0 1
MT
Reserva Brasil 0 1
Pref. Machadinho D´Ooeste 0 1
Pref. Maues 0 1
Pref. Novo Aripuanã 0 1

50
Potencial de uso sustentável – Atualmente, os lugares de maior valor para
desenvolvimento sustentável estão localizados no entorno dos centros urbanos
e adensamentos, destacado em tons de branco na Figura 20. Reduzindo este
potencial a partir de vários gradientes de cinza, até chegar ao preto, que indica
baixo valor de uso sustentável, voltado para conservação da natureza.

Figura 20. Propostas de áreas de alto valor de uso sustentável.


Fonte: Irgang, 2011.

51
Nível de implementação das unidades de conservação - Todos os gestores
e representantes das instituições gestoras responsáveis pelas áreas protegidas
foram convidados a atualizar o panorama da implementação das unidades de
conservação existentes na região, desde novembro de 2008. Cada unidade
também disponibilizou as bases cartográficas digitais para integrar os dados da
analise estratégica regional.
Abaixo se apresenta o estado de implementação de cada área protegida e as
bases e informações disponíveis para o planejamento estratégico do mosaico.

Tabela 6. Diagnóstico das Unidades de Conservação do Mosaico da Amazônia


Meridional.

UC Plano de Conselho Equipe Infra- Base de


Manejo estrutura informação
Mosaico Expedição Em fase de 4 técnicos Sede Zonas críticas para
do Apuí ao rio identificação (Izac, compartilha proteção
Aripuanã de Aldeiza, da com a identificadas.
realizada – lideranças e Aline e SEMA local, Atrativos turísticos.
potencial instituições. Clariça) no Apuí. Identificação das
turístico. 2 carros, oportunidades e
Coleta das 2 voadeiras ameaças da
informações inoperantes, conservação.
concluídas e Motor 15 hp, Identificação dos
sistematizaç 1 terreno conflitos da pesca.
ão em onde se Mapeamento do uso
andamento. construirá dos recursos
OPP Apuí uma base naturais.
Realizado de Necessidades de
(relatório fiscalização projetos de
final de (em desenvolvimento
Junho). processo de regional.
Reunião licitação). Proposta de infra
técnica de Oficina estrutura
Proteção. Escola de compartilhada.
Levantament Marcenaria. Mapeamento de infra
o estrutura de
institucional proteção do AM.
para os Espacialização dos
programas inventários
de gestão. biológicos.
200 fotos
georeferenciadas.

PN Planejament Identificação 3 analistas Sede em Vetores de pressão.


Campos o em de ambientais Porto Velho, Informações de
Amazônic fevereiro lideranças (Rafaela, no SIPAM inventário já
os 2008 sociais Renato e 3 carros realizadas –
Expedição identificadas. Ericka) 2 desktop relatórios bases.
realizada em Formação Mais um Base de Fotos
novembro de do conselho previsto fiscalização georeferenciadas
2008. até julho de no na estrada Atrativos turísticos
Diagnostico 2010 concurso de estanho, mapeado,
sócio com os Imagem Radar SAR
econômico e indígenas – SIPAM.

52
UC Plano de Conselho Equipe Infra- Base de
Manejo estrutura informação
atrativos de Tenharim Demandas sociais
uso público Marmelos e do local.
em fevereiro Funai, até o Cadastramento dos
de 2009. final do ano. moradores até
Oficina de novembro de 2009.
pesquisadore Sinalização
s em abril georeferenciada.
2009.
OPP
Realizada
em maio de
2009.
I reunião
técnica de
planejamento
em agosto.
Previsão de
conclusão
em 2009.
PN Diagnóstico Identificação 2 analistas 3 carros, 2 Informação Fundiária
Juruena concluído. de ambientais GPS. – levantamento de
OPP em lideranças (Cristiane Maquina cartório.
dezembro de realizada e e fotográfica,
2008. convidadas Claudinei). computador.
Reunião de para a OPP. 2 vagas Sede em
planejamento Proposta de no Alta Floresta
29 de maio – composição concurso. compartilha
Estruturar o para a da com o
encarte 4. primeira IBAMA.
Previsão de reunião, até
conclusão final de
em julho de 2009.
2009.
ReBio Terminando Já 3 analistas Sede dentro Mapas elaborados
Jarú a revisão do constituído e ambientais da UC pelo SIPAM RO.
PM (na fase em (Simone, Base Revisão do PM com
editoração e funcionamen Luciana e administrativ toda a base
revisão to desde Gilson). a em Ji- espacializada (sendo
ortográfica). 2005. 9 técnicos Paraná (3 disponibilizada/busc
Previsão de nível desktop). ada junto ao SIPAM
conclusão no médio. Frota (5) de – buscar resposta do
final de julho carros, Alexander).
2009. voadeiras Apenas dados brutos
(5) diversos do LBA (buscar
tamanhos. dados mais finos).

barreira
móvel
(plano de
transformaç
ão em posto
de
fiscalização
e
alojamentos
), balsa,
placas de
limites

53
UC Plano de Conselho Equipe Infra- Base de
Manejo estrutura informação
antigas e
novas
chegando.
FN Não. Inicio Não. 2 (Enir e Sede em Sinalização
Jatuarana em junho Identificação Dalva) Humaitá georeferenciada.
2009 (SBF) de Mais um 1 desktop Diagnostico sócio
Plano de lideranças previsto 1 carro econômico do
proteção em junho de no compartilha entorno.
elaborado. 2009 concurso do
PE Plano de Conselho 1 gerente Casa-sede Plano de Proteção
Igarapés manejo instituído e que fica em Colniza. em operação.
do concluído e em em Sinalização Base
Juruena aprovado em funcionamen Aripuanã existente. georeferenciada
dezembro de to Equipament existente dos dados
2008 o do Arpa do plano.
vai chegar
PE Plano de Identificação 1 Gerente Não há Inventário de fauna e
Tucumã conservação de em flora até junho de
integrado lideranças Colniza 2009.
finalizado (Edelson) Plano de Proteção
EE Rio (PCA) para cada UC em
Roosevelt operação.
Sinalização será
EE Rio georeferenciada.
Madeirinh
a
Resex Plano de Processo de 1 gerente Somente Mapeamento das
Guariba- conservação mobilização que fica Aripuanã, colocações.
Roosevelt finalizado concluído. em negociando Sinalização será
(PCA) Primeira Aripuanã com a usina georeferenciada.
Projetos de reunião do (Domingos oleoquimica
geração de conselho Sávio) na
renda em para julho de Comunidade
andamento. 2009. Guariba
RE A SEMA/MT não faz gestão nesta área por haver
Apiacás sobreposição com PN Juruena, mas há plano de manejo.
16 Resex Somente Conselho 1 chefe da Sede em
Machadinh plano de único regional Machadinho
o d´Oeste manejo de .
florestal Machadin 1 carro
ho (Eliseu)

54
3.4. Aspectos institucionais do Mosaico da Amazônia Meridional

Base legal sobre mosaicos – Atualmente existem algumas referências legais


para orientar os mosaicos de áreas protegidas. Entre elas, destacamos:
1) A Lei que estabelece o SNUC - Lei 9985, de 18 de julho de 2000 - apresenta
o conceito de mosaico no seu artigo 26º, transcrito no introdução deste
documento.

2) O Decreto que regulamenta o SNUC - Decreto Nº 4340, de 22 de agosto de


2002 - detalha questões sobre os Mosaicos de Unidades de Conservação nos
Artigos 8, 9, 10 e 11 do Capítulo III:
“Art. 8º- O mosaico de unidades de conservação será reconhecido em ato
do Ministério do Meio Ambiente, a pedido dos órgãos gestores das
unidades de conservação.
Art. 9º- O mosaico deverá dispor de um conselho de mosaico, com caráter
consultivo e a função de atuar como instância de gestão integrada das
unidades de conservação que o compõem.
§ 1º A composição do conselho de mosaico é estabelecida na portaria que
institui o mosaico e deverá obedecer aos mesmos critérios estabelecidos
no Capítulo V deste Decreto.
§ 2º O conselho de mosaico terá como presidente um dos chefes das
unidades de conservação que o compõem, o qual será escolhido pela
maioria simples de seus membros.
Art. 10. Compete ao conselho de cada mosaico:
I - elaborar seu regimento interno, no prazo de noventa dias, contados da
sua instituição;
II - propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar:
a) as atividades desenvolvidas em cada unidade, tendo em vista,
especialmente:
1. os usos na fronteira entre unidades;
2. o acesso às unidades;
3. a fiscalização;
4. o monitoramento e a avaliação dos Planos de Manejo;
5. a pesquisa científica;
6. a alocação de recursos advindos da compensação referente ao
licenciamento ambiental de empreendimentos com significativo impacto
ambiental;
b) a relação com a população residente na área do mosaico;
III - manifestar-se sobre propostas de solução para a sobreposição de
unidades;
IV - manifestar-se, quando provocado por órgão executor, por conselho de
unidade de conservação ou por outro órgão do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), sobre assunto de interesse para a gestão do
mosaico.

55
Art. 11. Os corredores ecológicos, reconhecidos em ato do Ministério do
Meio Ambiente, integram os mosaicos para fins de sua gestão.
Parágrafo único. Na ausência de mosaico, o corredor ecológico que
interliga unidades de conservação terá o mesmo tratamento da sua zona
de amortecimento.”
3) O Plano Nacional de Áreas Protegidas, estabelecido no Decreto 5758, de 13
de abril de 2006, apresenta a visão ampliada das áreas protegidas envolvendo
as unidades de conservação, as terras indígenas e as terras ocupadas por
remanescentes das comunidades dos quilombos. Além disso, o Plano aponta
algumas ações voltadas aos mosaicos, como a necessidade de avaliar a
aplicabilidade de instrumentos de gestão territorial de grandes paisagens e de
aprimorar a regulamentação do SNUC referente ao tema mosaico.
4) A Minuta da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras
Indígenas (PNGATI), que define suas diretrizes, objetivos e instrumentos;
dispõe sobre a sua gestão, mecanismos de financiamento, monitoramento e
avaliação; e estabelece os parâmetros para a elaboração do Programa
Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas. Apresenta
nos seus objetivos, promover a interface das terras indígenas com outras áreas
legalmente protegidas por meio de instrumentos nacionais e internacionais de
gestão territorial da diversidade biológica e sociocultural tais como: mosaicos,
corredores ecológicos e reservas da biosfera.
5) Os Sistemas Estaduais e Municipais de Unidades de Conservação
existentes no Brasil, na sua maioria, fortalecem o conceito de mosaicos de
áreas protegidas, buscando estabelecer normas e diretrizes para este
instrumento de gestão territorial, segundo as características de cada unidade
política da federação.

56
4. Diagnóstico

4.1. Áreas críticas para a manutenção dos processos ecológicos


As unidades de conservação que compõem o Mosaico da Amazônia Meridional
somam uma área de 7,3 milhões de hectares. Devido ao seu tamanho e sua
localização estratégica, garantem a funcionalidade ecossistêmica e serviços
ambientais de uma região importante da Amazônia Meridional, ajudando a
consolidar a parte leste do Corredor da Biodiversidade da Amazônia
Meridional. Este conjunto de unidades protegendo os extensos, contínuos e
íntegros ambientes florestais, como também a diversidade de ambientes e
demais fitofisionomias como as campinaranas, os tabocais, os campos
rupestres, garantem a manutenção de endemismos que abrigam devido à
característica única de seus processos ecológicos e espécies associadas a
esta região. Além disso, preservando estes ambientes florestais contínuos,
garantem a manutenção do fluxo gênico das espécies associadas e dificultam a
entrada de espécies invasoras de outros ambientes abertos.
Assim, considerando os fatores fundamentais para manter os processos
ecológicos, como a “conectividade de ecossistemas” e os “fluxos dos
elementos naturais”, identificam-se no Mosaico da Amazônia Meridional as
seguintes áreas criticas:
a) De uma forma geral, o mosaico contribui para conservar as florestas
contínuas o sentido leste – oeste, porém a conservação das no sentido norte -
sul, acompanhando o curso dos rios, é considerado critico devido a existência
das estradas Transamazonia e do Estanho, bem como a região de Machadinho
D’ Óeste, que cortam a conectividade florestal desta região;
b) a conservação do fluxo dos rios, dos ritmos de cheia e vazante,
principalmente daqueles ríos que as nascentes ocorrem fora da área do
mosaico, como o Teles Pires, Juruena, Aripuanã, Guariba e Rosselvet, que
contribuem na regulação da dinâmica hídrica do subsolo, devido à
característica porosa-fissural do aquífero da Província Hidrogeológica Escudo
Brasil Central, e que, infelizmente, estão submetidos a barramento e
degradação.

4.2. Áreas críticas para a manutenção dos serviços ecossistêmicos


As florestas contribuem na regulação de gás, no controle da erosão e
paisagens de beleza estética. As terras úmidas oferecem proteção contra
tempestades e inundações. As terras vegetadas provêm habitat e recursos
genéticos. Diante desta perspectiva, destacamos os principais pontos dos
serviços ecossistêmicos no Mosaico da Amazônia Meridional:
Estoque de carbono – A região do mosaico varia de valores médios de 150 a
180 toneladas de carbono por hectare na porção leste e valores menores na
porção oeste do mosaico (Figura 21). Estima-se mais de 1 trilhão de toneladas
de carbono estocado na região do mosaico. Os pontos críticos a este serviço
ocorrem na região de influência do mosaico, com o avanço do desmatamento,
que ocorrem ao longo das estradas Transamazônica e do Estanho, e
principalmente, no entorno dos centros urbanos e no setor rural dos municípios
envolvidos (regiões escuras na Figura 22).

57
Proteção das Áreas de Preservação Permanente (APP) – A proteção das
florestas ciliares, ao longo dos corpos d’água, e matas de encosta e topos de
montanhas garante a produção de água e ajudam a conter erosões, a mitigar o
assoreamento e inundações. Na região do mosaico, destacamos as principais
áreas criticas para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, preservados
pelas APP (Figura 23).

Figura 21. Mapa que apresenta estado de conservação na natureza e manutenção


dos processos ecológicos (quanto mais branco maior é a integridade da paisagem
natural como um todo, o que apresenta forte correlação negativa com as áreas com
maior pressão antrópica que quanto mais escuro aparece no mapa). Fonte: Irgang,
2011 & Irgang 2004.

58
Figura 22. Estoque de carbono florestal na Amazônia Brasileira,
Fonte: Série Técnica No. 10 do Ministério do Meio Ambiente, 2009.

Figura 23. Mapa das áreas de preservação permanente da região do mosaico


evidenciando a ocorrência esparsa de áreas importantes para manutenção das
funções ecossistêmicas Fonte: Irgang, 2011

59
4.3. Cenários futuros regionais

Cenários baseados no uso do solo (30 a 50 anos) - O monitoramento da


Amazônia desenvolveu significativamente nas últimas duas décadas, em
especial os modelos para simular o desmatamento para toda a Bacia
Amazônica, que na sua maioria incorporam os principais investimentos em
estradas na definição de cenários. O projeto “Os Cenários para a Amazônia”
(Soares Filho, 2006), de caráter interinstitucional, buscou desenvolver um
modelo integrado, baseado em um ambiente computacional, que simulou a
dinâmica de uso e cobertura do solo na Amazônia, seus impactos nos
ecossistemas amazônicos e as complexas interações entre esses
ecossistemas com os climas regional e global, e ciclos hidrológicos das
principais bacias hidrográficas.
Segundo Soares Filho, 2006, com a base dos dados fornecidos pelo PRODES,
o modelo foi rodado para dois cenários: O "business-as-usual" cenário
considera as tendências de desmatamento em toda a bacia, projetando as
taxas usando dados históricos e suas variações de 1997 a 2002, e
acrescentando-lhes o efeito de um conjunto de pavimentação das principais
estradas. O outro cenário, o "cenário de governança", também considera as
tendências atuais de desmatamento, mas agora se impõe um limite de 50%
das terras desmatadas na sub-região de cada bacia existentes. Os resultados
para o “cenário business-as-usual” mostram 23% e 37% de declínio total de
floresta dentro de 30 anos e 50 anos, respectivamente. O desmatamento
esperado é reduzido até 55% no “cenário de governança” (Figura 24).
Este modelo impulsionou os estudos de criação de unidades de conservação e
foi usada em diversas justificativas para os investimentos do programa Arpa,
inclusive as unidades envolvidas neste planejamento. No caso da Amazônia
Meridional, apresenta uma grande fragmentação deste bloco de florestas
contínuas causada pelas estradas da Rodovia Transamazônica (BR-230) no
Amazonas, da BR-364 com a Estadual RO 257 seguindo pela MT-206) no Mato
Grosso, comprometendo principalmente a conectividade norte – sul deste bloco
florestal, e da Rodovia Cuiabá – Santarém (BR-163) no Pará
Do ponto de vista de consolidação de fronteira, fica claro nos tons de vermelho
as áreas de adensamento populacional, na imagem destacam-se a região de
Machadinho do Oeste (RO), a região de Alta Floresta / Apiacás (MT), a região
de Apuí / Matupiri (AM) e Jacareacanga (PA). Setores chaves como “centros
consumidores” ou “fontes de ameaças”, fundamentais ’para ampliar
importantes ações de conservação na região tá faltando completar a frase ou
fazer o link com a anterior.

60
Figura 24. Modelagem do projeto “Os Cenários para a Amazônia”, que simulou a
dinâmica de uso e cobertura do solo, seus impactos nos ecossistemas amazônicos
previsto em 2050, em destaque a região do Mosaico da Amazônia Meridional.
Fonte: Soares Filho, 2006.

61
Cenários com base no clima (100 anos) - as mudanças climáticas globais,
provocadas pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera após a revolução industrial, afetarão todos os setores das atividades
humanas e os ecossistemas, como a saúde pública, a agricultura, os recursos
florestais, os recursos hídricos e as áreas costeiras, por exemplo. Uma síntese
dos últimos resultados divulgados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) indica que haverá, no decorrer deste
século, aumento de temperatura por todo o planeta, sendo mais severo sobre
os continentes. Neste período, os oceanos devem fiar mais frescos e os níveis
dos oceanos devem subir. Haverá ainda aumento de chuvas nas regiões que já
são bem providas de chuvas e diminuição nas regiões que hoje sofrem com a
escassez de água, além de aumentar a frequência e a intensidade dos eventos
extremos, como furacões, inundações e secas prolongadas (IPPC, 2007).
Todavia, o quadro geral de mudanças do regime de chuvas nem sempre se
aplica a todas as regiões da Terra. É o caso da Amazônia, onde todos os
modelos projetam aumento de temperatura, mas não concordam entre si com
respeito às alterações no regime de chuvas. Alguns modelos projetam
diminuição, outros aumentos e alguns há pouca alteração no regime de chuvas
(Li, 2006).
A possibilidade da floresta amazônica não resistir à mudança do regime de
chuvas e ser substituída por um ecossistema de vegetação mais esparsa, do
tipo savana, é levantada em vários trabalhos (Cox, 2004; Cox, 2006; Salazar
2006). As projeções de savanização da Amazônia vêm, sobretudo, dos
resultados do modelo climático do Centro Hadley do Reino Unido (Cox, 2004;
Cox, 2006), pelo fato deste projetar no futuro um padrão mais freqüente de
temperatura das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial típica do
fenômeno El-Niño, e também projetar aumento da temperatura das águas
superficiais do oceano Atlântico na região tropical do Hemisfério Norte (Collins,
2005). O fenômeno El-Niño está associado a condições mais secas na
Amazônia, especialmente nas regiões norte, central e leste, enquanto que o
aquecimento das águas do oceano Atlântico norte está associado a situações
de estação seca mais severa na região sul e sudoeste da Amazônia (Marengo,
2006, Cane, 2005). Portanto, um cenário futuro de “El-Niños” e águas
relativamente mais quentes no oceano Atlântico tropical norte levará,
certamente, a importantes reduções de chuvas e ao alongamento da duração
da estação seca em grande parte da Amazônia. Nesta linha de estudo, da
“savanização da Amazônia”, o modelo gerou duas analise: Um cenário mais
otimista (B2) e um pessimista (A2). Eles projetam ao final do Século XXI,
respectivamente, concentrações atmosféricas de GEE de 600 e 1250 ppmv
(partes por milhão em volume), equivalentes em concentrações de gás
carbônico (Figura 25).

62
Figura 25. Na linha de estudo, com enfoque na “savanização da Amazônia”, o modelo
gerou duas analise, um cenário mais otimista (B2) e um pessimista (A2). Eles projetam
ao final do Século XXI, respectivamente, concentrações atmosféricas de GEE de 600
e 1250 ppmv (partes por milhão em volume),
equivalentes em concentrações de gás carbônico
Fonte: IPPC, 2007
Porém existe outra linha de analise, que considera que as florestas intactas da
Amazônia podem ser mais resistentes do que muitos modelos de ecossistema
assumem, pelo menos em resposta às anomalias climáticas em curto prazo.
Laurence e sua equipe, 2009, realizaram cinco diferentes inquéritos da floresta
em uma área protegida de 50 quilômetros ao norte de Manaus na Amazônia
central; com medições entre 1981 e 2003. Eles defendem que a biomassa da
floresta também é aumentada ao longo do tempo, com a área basal de árvores
em parcelas as quais se relacionam fortemente com a biomassa das árvores,
com um crescimento de 4% em média. O conjunto de mudanças observadas —
acelerando o crescimento de árvore e o dinamismo da floresta e o aumento da
biomassa — em grande parte está em sintonia com as conclusões de outros
estudos comparativos no longo prazo da dinâmica de floresta em toda a bacia
amazônica. Afirmam ainda que uma das explicações mais freqüentes para tais
conclusões é que a produtividade florestal está crescendo, possivelmente em
resposta ao aumento de fertilização da CO2 ou alguns outros drivers regionais
ou mundiais, como o aumento da variabilidade da irradiancia solar ou a
precipitação.

63
Segundo Lapola 2006, as projeções de cobertura vegetal na América do Sul
Tropical para o final do século diferem consideravelmente dependendo do
cenário de clima e também em processos fisiológicos como são considerados
nos modelos de vegetação. Para investigar o futuro da vegetação da
Amazônia, a equipe criou um modelo numérico potencial de vegetação que
poderia ser acompanhado com modelos climáticos globais. O modelo de
vegetação aparece replicar com precisão a vegetação atual na região. Quando
a mudança climática simulada no futuro e que incluiu o efeito de fertilização de
CO2, a vegetação foi praticamente inalterada. Sem o efeito de fertilização de
CO2, a floresta quase desaparece sob a sua alteração esperada no clima. E se
o clima não muda muito e é realizado o efeito de fertilização de CO2, a floresta
tropical se expande consideravelmente (Figura 26).

Figura 26. (a) mapa de referência de vegetação natural;


(b) potencial de vegetação simulada pelo modelo de mudança 1961-1990;
(c) vegetação prevista com a mudança climática e fertilização de CO2;
(d) previu vegetação com a mudança climática e sem fertilização de CO2 (pontos de
grade branca denotam nonconsensus); e
(e) mudança modelo 1961-1990 do clima e CO2 atmosférico a 730 ppm.
Fonte: Lapola et al., 2009).

64
4.4. Conflitos socioambientais

De forma geral, as causas históricas e presentes do desmatamento na


Amazônia são diversos e freqüentemente inter-relacionadas. Compreendem
desde incentivos fiscais (Mahar, 1988; Schmink e Wood, 1992; Moran, 1993) e
políticas de colonização no passado (Hecht, 1985; Hecht e Cockburn, 1990;
Schmink e Wood, 1992; Andersen e Reis, 1997; Laurance, 1999), as quais
desencadearam uma forte migração para Amazônia como válvula de escape
para os problemas sociais de outras regiões (Skole et al., 1994); recorrentes
conflitos fundiários motivados pela ausência de titularidade da terra e pela
pressão da reforma agrária (Fearnside, 1985 e 2001; Soares-Filho et al., 2006);
até o recente cenário macroeconômico (Margulis, 2002), envolvendo o avanço
da exploração madeireira (Nepstad et al., 2000), da pecuária (Mertens et al.,
2002; Kaimowitz et al., 2004) e o boom do agronegócio, notadamente a
expansão das culturas de soja sobre áreas de pastagens (Alencar et al.,
2004a). Investimentos em infra-estrutura, sobretudo a abertura de estradas e
pavimentação (Nepstad et al., 2000; Carvalho et al., 2001; Laurance et al.,
2001), completam esse quadro, posto que promovem a viabilidade econômica
da agricultura e da exploração madeireira na Amazônia central, com
consequente valorização de suas terras.
De maneira geral podemos dizer que os conflitos socioeconómicos na
Amazônia, tem sua base em cinco “ondas de ocupação”:
a) Mineração e garimpagem, onde os avanços ocorreram principalmente nos
cursos dos rios, em áreas remotas, muitas vezes só com acesso aéreo;
b) Extração ilegal de madeira, sendo viabilizada por uma rede de estradas
secundárias e ramais. Nestas duas ondas a titularidade da terra não era
fundamental, o acesso ao recurso se dá de forma direta;
c) Grilagem das terras, atividade que é interrompida com a criação das
unidades de conservação, pois assim o estado já define a função para
aquela terra pública, dificultando a ação dos grileiros;
d) Ocupação da terra por fazendeiros para a criação de gado, e caso a terra
tenha condições, aproveita-se também na produção de grãos com
mecanização, criando condições para a especulação imobiliária ilegal; e
e) Consolidação do agronegócio com a chegada da infraestrutura (estradas
asfaltadas e barramentos dos corpos d’água).
Esta sequência de ondas de ocupação serve para caracterizar o interesse
econômico e o conflito deste com a conservação do meio ambiente na região:
a) A mineração ilegal ou garimpagem ocorre em praticamente todas as
unidades de conservação do mosaico, sem a necessidade da propriedade
da terra, a exploração ocorre nas calhas dos ríos e na maioria de difícil
acesso. Na região leste, os ríos Juruena e São Tomé são conhecidos por
fornecerem ouro e diamantes, respectivamente. A Comunidade da Barra do
São Manoel, no Juruena, tem como principal atividade a garimpagem. Além
disso, no Mato Grosso, praticamente todas as unidades são impactadas
pelos diversos garimpos, como o Garimpo Juruena de mais de 40 anos na
fronteira do PN Juruena. No Amazonas, os conflitos ocorrem no PN
Campos Amazônicos, devido a exploração ilegal no interior da TI e a
extração de diamantes no Mosaico do Apuí, pelo rio Sucunduri. Em

65
Rondônia, a ReBio Jarú é invadida para extração de diamantes e ouro,
como também seixo e areia para a construção civil.
b) A extração ilegal de árvores também tem ampla distribuição pelo mosaico,
ocorrem principalmente pelas bordas, próximos de áreas adensadas, como
assentamentos, vilas e distritos. A extração das toras é viabilizada por uma
malha de estradas secundárias e ramais que avançam pela floresta, a
maioria vindos do Mato Grosso e Rondônia. No Amazonas o acesso é pela
Rodovia Transamazônica e a produção ilegal é escoada por Humaitá e
Machadinho D’Oeste. A atividade mantém centenas de serrarias e centros
de desmembramento das toras em madeira cortada, de difícil fiscalização.
Além da extração ilegal de madeira, a pesca ilegal também ocorre nas
principais calhas dos rios, apesar das cachoeiras impedirem o acesso ao
centro do mosaico.
c) A fronteira vem se consolidando com a implementação de políticas de
assentamentos realizados pelas diferentes escalas de governo, como
também por iniciativas ilícitas como a grilagem de terras públicas. O
mosaico é alvo destas ameaças, mas espera-se que a regularização
fundiária das Unidades de Conservação dificulte a apropriação de terras
públicas por grileiros, o que as transforma em fazendas privadas.
Destacamos no Mosaico do Apuí a grilagem de terras públicas nos rios
Guariba, Aripuana e Roosevelt e, secundariamente, no Sucunduri (pela
Sempre Verde, Asprojur e Pionera), e a privatização do Pontal de Apiacás,
com uma malha de fazendas compradas para o manejo florestal, como
estoque para o futuro, e florestas para a compensação ambiental de reserva
legal.
d) Com a consolidação da fronteira agropecuária, as fazendas se multiplicam
de forma legal ou ilegal, e parte delas alteram a paisagem com o
desmatamento, para viabilizar a criação bovina, principalmente. Os maiores
desmatamentos que ocorrem no mosaico e seu entorno imediato são
decorrentes de aberturas de florestas em fazendas de gado.
e) Por último, a chegada da grande infraestrutura e o asfaltamento de rodovias
na região estimula ainda mais a expansão da fronteira agrícola e da
exploração madeireira. No caso do mosaico, os maiores projetos de
infraestrutura existente são projetos de hidrelétricas: Tabajara no PN
Campos Amazônicos, Sucunduri no Mosaico do Apuí e cachoeiras do
Juruena no PN Juruena e Mosaico do Apuí, que pretendem barrar os
principais cursos d’água da região, importantes para o fluxo e dinâmica
hidrológica que o mosaico tem como objetivo preservar. O asfaltamento das
principais vias da região pode acarretar uma colossal conversão de
florestas em pastagens e áreas agrícolas, resultando em fragmentação
florestal e profunda perda do patrimônio genético da Amazônia Meridional –
ainda pouco conhecido –, além da redução regional das chuvas, com
possível aumento da flamabilidade de suas paisagens.

66
Figura 27. Mapa dos avanços da fronteira agrícola (em vermelho)
na região do Mosaico da Amazônia Meridional
Fonte: Irgang, 2011.

67
Figura 28. Mapa dos projetos de infraestrutura e manejo florestal, com destaque
na região do Mosaico da Amazônia Meridional
Fonte: Irgang, 2011.

68
Em outubro de 2006, as ameaças aos valores de conservação foram avaliadas e no
decorrer dos anos de planejamento do mosaico, detalhadas durante as oficinas,
enriquecidas com as novas informações provenientes das pesquisas. A tabela a seguir
apresenta estas ameaças organizadas pelas respectivas áreas protegidas.
Tabela 7. As principais ameaças das unidades de conservação do Mosaico da Amazônia
Meridional.
UC Ameaças
 Grilagem de terras públicas nos rios Guaribas, Aripuana e
Roosevelt e, secundariamente, no Sucunduri (Sempre Verde,
Asprojur e Pionera)
Mosaico do  Garimpo de diamante no PE Sucunduri e FE Apuí
Apuí  Estradas sem controle desde Mato Grosso em direção ao
mosaico
 Exploração ilegal de madeira
 Ocupações sem controle
 Desmatamento
 Ramal do Pito Aceso
 Fogo dos campos
PN Campos  Potencial hidrelétrico (rio Tabajara e Cachoeira Inferninho)
Amazônicos  Monocultura de grãos
 Garimpo na TI
 Extração ilegal de madeira
 Fragmentação dos campos
 Garimpo de ouro ao longo do rio Juruena
 Garimpo de diamante em São Tomé
 Pesca comercial no norte do PN
PN Juruena  Densa ocupação do sul do PN
 Extração de fibra no Apiacás (palha de babaçu, óleo da palmeira)
 Potencial hidrelétrico (PAC)
 Grande desmatamento em Colniza (MT)
 Garimpo de ouro e pedras
ReBio Jarú  Isolamento (perda de conectividade com PN Campos
Amazônicos)
 Extração de madeira
PE Igarapés  Garimpo
do Juruena  Grilagem
 Invasão
 Extração de madeira
PE Tucumã  Garimpo
 Grilagem e Invasão
 Extração de madeira
EE Rio Roosevelt  Garimpo
 Grilagem

69
UC Ameaças
 Invasão Estrada MT-206
 Extração de madeira
EE Rio Madeira  Garimpo
 Grilagem e Invasão
 Extração de madeira
Resex Guariba-
 Garimpo
Roosevelt
 Grilagem e Invasão

70
5. Alcance do Plano Estratégico do Mosaico da Amazônia
Meridional

5.1. Objetivos, linhas estratégicas e metas de conservação do


Mosaico da Amazônia Meridional
O planejamento estratégico do Mosaico da Amazônia Meridional é de cinco
anos, ou seja, até dezembro de 2017. O Mosaico possui o objetivo fundamental
de conservar as florestas continuas e outros ambientes naturais existentes,
bem como seus valores socioculturais associados, na região da Amazônia
Meridional, consolidando uma barreira frente à expansão da fronteira
agropecuária, garantindo a funcionalidade ecossistêmica. A iniciativa de
criação do mosaico surge a partir da necessidade de estabelecer uma
estratégia integrada de conservação que pudesse fazer frente à forte pressão
de desmatamento proveniente do avanço da fronteira agrícola, pecuária e da
exploração ilegal de madeira oriundos principalmente dos Estados do Mato
Grosso e Rondônia.
As linhas estratégicas para o alcance do objetivo principal do MAM foram
elaboradas ao longo do processo de planejamento integrado, tendo sido assim
definidas:
I. Manutenção da funcionalidade dos ecossistemas da região do mosaico;
II. Conservação da biodiversidade especifica e das espécies de interesse;
III. Proteção dos afloramentos rochosos, especialmente o Domo do Sucunduri;
IV. Manutenção das relações de uso tradicional dos recursos naturais e
conservação dos patrimônios materiais e imateriais relacionados;
V. Viabilidade do manejo florestal madeireiro e não madeireiro sustentável;
VI. Disseminação de atividades sustentáveis e boas práticas;
VII. Integração e fortalecimento das instituições gestoras das áreas protegidas
do mosaico.
Tabela 8. Quadro geral dos objetivos e metas do planejamento do Mosaico da
Amazônia Meridional.
OBJETIVO GERAL METAS (prazo de 5 anos)
- 100% das UCs mantem sua cobertura florestal de 2010.
- manter 100% da conectividade existente em 2009.
- 100% das UCs com estratégias de desmatamento evitado em curso
Conservar as florestas
continuas e outros ambientes - redução de índice de desmatamento na região de abrangência do
naturais existentes, bem como mosaico em 10 %
seus valores socioculturais - estabelecer conectividade da Rebio Jaru com Parna Campos
associados, na região de Amazônicos em 200 mil hectares (corredor ecológico)
abrangência do Mosaico da - incluir pelo menos 2 áreas de alto valor de conservação em novas
Amazônia Meridional, áreas protegidas
consolidando uma barreira
frente a expansão da fronteira - 50% das Terras Indígenas participam da gestão integrada
agropecuária, garantindo a - 100% do manejo florestal realizado com baixo impacto nas UCs de
funcionalidade ecossistêmica uso sustentável
- 01 selo (certificação de origem) do mosaico para a produção
responsável – identidade territorial reconhecida nos sistemas
produtivos

71
OBJETIVOS ESPECÍFICOS METAS:

1. Manter a funcionalidade 1a – manter 100% da conectividade existente em 2009.


dos ecossistemas da região 1b – promover corredores ecológicos com as UCs de RO nos próximos
do mosaico. 2 anos.
(bacia hidrográfica, 1c – promover corredores ecológicos com as TIs e outras UCs do
conectividade, alto grau de noroeste do MT nos próximos 2 anos.
conservação encontrado nas 1d – dimensionar o impacto das infraestrutura previstas e existentes
fitofisionomias florestais e não sobre o recurso hídrico
florestais, serviços
ecossistêmicos, gradiente 1e – estabelecer corredores ecológicos ao longo da Transamazônica
altitudinal, lat/long) 1f – promover a criação de novas áreas protegidas

2. Conservação da 2a – montar banco de dados a partir das unidades de paisagem em


biodiversidade especifica e 2010.
das espécies de interesse.
2b – promover conhecimento (pesquisa) até suficiência amostral com
base nas unidades de paisagem
(endemismos e
representatividade biológica 2c – articular fontes de financiamentos e institutos de pesquisa para
da avifauna) esta região

3a – buscar reconhecimento da existência e importância de


3. Proteger afloramentos conservação do Domo de Sucunduri
rochosos, especialmente o
Domo do Sucunduri 3b – avaliar potencial turístico dos afloramentos (chapada e
cachoeiras) nos próximos 3 anos

4a – resgate dos valores das formas de vida tradicionais e apoio a


4. Manutenção das relações formação de novas lideranças
de uso tradicional dos
4b – favorecer intercambio entre comunidades tradicionais
recursos naturais e
conservação dos 4c – conectar as populações extrativistas do mosaico da AM
patrimônios materiais e meridional a redes já existentes e apoiar novas formas de
imateriais relacionados organização social
4d – ampliar o conhecimento existente sobre o patrimônio material e
imaterial da região, em especial os sítios arqueológicos

5a – 5 cadeias produtivas dos produtos da floresta nas UCs de uso


sustentável estabelecidos
5. Viabilidade do manejo 5b – 5 pólos de beneficiamento estabelecidos na região (Apuí, Apiacás
florestal madeireiro e não e RO – castanha e óleos; Apuí e Apiacás – serraria)
madeireiro sustentável
5c – 100% do manejo florestal realizado com baixo impacto nas
Florestas e FLONAS
Dentro das UCs: (potencial
florestal e extrativista, manejo 5d – 30% da área concessionada destinada a empresas e
madeireiro e não madeireiro) organizações locais
5e – 10% capacitados em extrativismo e gestão de negócios(vinculado
a estudos de viabilidade econômica)/ano

6a – diminuir em 50% o impacto da atividade pecuária na região (“boi


verde/ecológico”)
6. Disseminação de 6b – 100% do manejo florestal autorizado com anuência das UCs
atividades sustentáveis e
boas práticas. 6c – 10% empresários e associações madeireiras capacitadas em
manejo florestal/ano
Área de atuação: (geração de 6d – 10% da produção florestal certificada/ano
renda com bases
sustentáveis, atores e publico 6e – 01 selo (certificação de origem) do mosaico para a produção
alvo, turismo - rios cristalinos responsável – identidade territorial reconhecida nos sistemas
e sítios arqueológicos) produtivos
6f – estudo do potencial turístico, foco no rio Juruena em 3 anos
6g – 01 plano de ordenamento pesqueiro em cada bacia hidrográfica
de maior grandeza.

72
OBJETIVOS ESPECÍFICOS METAS:
7a – termos de cooperação bilaterais estabelecidos em 2010
7. Integração e 7b – 100% equipes das UCs capacitadas em gestão de áreas
fortalecimento das protegidas e em gestão integrada nos próximos 2 anos
instituições gestoras das 7c – ao menos 01 reunião ordinária do conselho/ano
áreas protegidas do
mosaico. 7d – 100% conselheiros capacitados em gestão integrada
7e – 04 produtos de comunicação/ano sobre mosaico

(conhecimento, 7f – 100 % das UCs com conselhos gestores nos próximos 2 anos
operacionalização dos planos 7g – 01 assembleia dos conselhos gestores realizada
de manejo das UCs,
fiscalização) 7h – 01 planejamento integrado operacional/ano, com avaliação
semestral
7i – 01 analise da implementação e da sua efetividade de gestão do
mosaico desenhada e aplicada

5.2. Temas estratégicos do Mosaico da Amazônia Meridional

5.2.1.Condições de conservação desejada para o território do


Mosaico da Amazônia Meridional
Segundo estudos de Irgang (2011), o cenário desejável para a conservação da
natureza e do desenvolvimento sustentável, considerando a consecução dos
objetivos estabelecidos neste planejamento, pode ser descritos segundo dois
territórios (Figura 29):
a) do território reconhecido, onde ocorre a manutenção dos atuais limites das
unidades de conservação pertencentes ao mosaico e as ações são
implementadas, segundo cada unidade de conservação. Assim, o cenário
desejado é expresso pelas categorias das unidades que compõem o mosaico,
sendo as de proteção integral com áreas de maiores restrição de uso (em
verde escuro, na Figura 29) e as Florestas, as Resex e as RDS viabilizando o
manejo de recursos naturais para a manutenção dos modos de vida
tradicionais e o desenvolvimento regional (em marrom, rosa e verde claro,
respectivamente, na Figura 29); e
b) no entorno das unidades de conservação, onde podemos prever regiões de
uso intensivo, com alta alteração da paisagem, locais com cidades, vilas,
distritos e área rural, com fazendas de gados e grãos (vermelho, na figura). As
Terras Indígenas que podem compor a gestão integrada, colaborando para os
objetivos do mosaico (em branco, na Figura 29). Por último, áreas de usos
sustentáveis e de alto valor biológico (amarelo e verde médio, na Figura 29),
importantes para as funções ecossistêmicas, portanto além de prover o manejo
florestal e boas práticas de geração de renda, a área pode ser destinada a
ampliação do sistema de unidades de conservação e estabelecimento de
corredores ecológicos.

73
Figura 29. Mapa do cenário desejável para a região do Mosaico da
Amazônia Meridional. Fonte: Irgang, 2011.

74
5.2.2.Áreas sobrepostas do Mosaico da Amazônia Meridional

No Mosaico da Amazônia Meridional existem quatro áreas onde se verificam


sobreposições de áreas protegidas (Figura 30), ou como definiu a equipe,
áreas duplamente protegidas, a saber:
1. Parque Nacional do Juruena com a EE de Apiacás com 108.684 ha
2. Parque Nacional do Juruena com o Parque Estadual Igarapés do
Juruena com 115.500 ha
3. Resex Guariba Rooselvet com a TI Piripikura com 3.989 ha
4. Resex Guariba Rooselvet com a TI Rio Pardo com 2.725 ha

Uma nova área de sobreposição foi declarada recentemente, no dia 19 de abril


de 2011, a Funai publicou no Diário Oficial da União o resumo do relatório
circunstanciado de identificação e delimitação da Terra Indígena de Apiakás do
Pontal e Isolados, sobrepondo com parte do Parque Nacional do Juruena. O
que vai requer uma somatória de esforços ainda mais competente para garantir
a gestão deste espaço em prol do objetivo comum que orienta a gestão destas
áreas protegidas. Também a compatibilidade dos interesses e objetivos entre
todos os órgãos gestores do território são fundamentais para o alcance de
resultados de conservação, manutenção de modo de vida tradicional e de
desenvolvimento sustentável.

Figura 30. Mapa das sobreposições nas unidades de conservação


do Mosaico da Amazônia Meridional
Fonte: Irgang, 2011.

75
5.2.3.Integração do zoneamento das unidades de conservação

A integração dos zoneamentos das unidades de conservação do Mosaico da


Amazônia Meridional foi possível pela sobreposição dos diferentes
zoneamentos onde as categorias seguem a mesma lógica nos diferentes
zoneamentos, porém com poucas variações nos rótulos atribuídos as mesmas,
assim comparando as 8 classes como segue: Zona Intangível, Zona Primitiva,
Zona de Exploração Uso Intensivo, Zona de Proteção, Zona de Sobreposição
com TI, Zona de Uso Conflitivo, Zona para Uso Experimental, Terras Indígenas.
Os maiores conflitos identificados entre os zoneamentos foi na sobreposição
entre o PN Juruena e o PE Igarapés do Juruena, onde o zoneamento do PN
definiu Uso Intensivo sobre áreas intangíveis do Parque Estadual. A falta a
disponibilização dos dados não foi possível incluir o zoneamento da ReBio
Jaru.

Figura 31. Mapa da integração dos zoneamentos das unidades de conservação do


Mosaico da Amazônia Meridional.

76
5.2.4.Proposta de corredores ecológicos e de novas unidades
de conservação

A região de alto valor biológico identificados por Irgang (2010), fora das
unidades de conservação, são todas áreas proposta para a criação de novas
unidades de conservação ou corredores ecológicos. Na região do Mosaico da
Amazônia Meridional, a importância destas áreas está relacionada com a
conexão das florestas norte sul, podemos destacar o Amazonas localiza-se a
maior área para promover a conservação da conectividade norte sul e
especialmente na tríplice fronteira entre os estado de RO e MT, a fragmentação
esta em franca expansão, com isto é fundamental que áreas integradas sejam
identificadas e garantidas por instrumentos legais que visem garantir a
perpetuidade destas áreas.

Figura 32. Mapa das propostas de corredores ecológicos e novas áreas protegidas.

77
5.2.5.Proposta de uso do solo para espaços sem cobertura
natural no Mosaico da Amazônia Meridional
De forma geral, o Mosaico da Amazônia Meridional se encontra numa situação
muito privilegiada com suas florestas extensas e preservada, com exceção na
região de Rondônia, onde existe um alto grau de fragmentação entre as
unidades de conservação estaduais e sua integração com o sistema federal de
conservação. Esta região exige intensa atuação de regeneração e construção
de corredores ecológicos para procurar manter alguma conectividade biológica
(Figura 33).

Figura 33. Mapa da região mais degradada do mosaico, com grande


fragmentação florestal no município de Machadinho D’Oeste
. Fonte: Plano de Manejo do Parque Nacional do Jaru, 2010.

78
6. Sistema de Governança

6.1. Modelo de Governança para o Mosaico da Amazônia


Meridional
Durante o processo de construção da gestão integrada na região do Mosaico
da Amazônia Meridional foram apresentadas várias formas de arranjo de
sistema de governanças para os órgãos gestores e as entidades parceiras.
Durante as oficinas, exemplos da implementação de outros mosaicos foram
estudados, identificando pontos positivos e negativos de cada sistema de
governança implementado.
No caso do Mosaico da Amazônia Meridional o modelo de sistema de
governança definido pelo coletivo foi a forma mais simples, com as estruturas
clássicas de um conselho gestor de unidade de conservação, como:
- A plenária será o órgão superior do conselho, sendo composto pelos
conselheiros indicados pelas instituições, associações e organizações
elencadas na portaria de composição.
- A diretoria executiva, eleita pela plenária em reunião ordinária, para um
mandato de dois anos, permitida a recondução por mais um mandato. A
diretoria executiva deverá realizar atividades em apoio técnico, operacional e
administrativo ao conselho do mosaico e será composta por: presidente, vice-
presidente, primeiro secretário e segundo secretário.
- As câmaras temáticas serão formadas por integrantes do conselho e
convidados, quando pertinente, com a definição de um coordenador e outro
relator.
Estes elementos foram incorporados e detalhados no regimento interno do
funcionamento do conselho, aprovado na sua primeira reunião em dezembro
de 2011. Além disso, o regimento interno reforça as atribuições do conselho do
mosaico definido pelo Decreto 4.340, de 22 de agosto de 2002, que
regulamenta a Lei do SNUC (apresentados no item 3.4. Bases Legais do
Mosaico, neste documento).
Com a evolução da gestão do mosaico, os conselheiros podem optar para
transformar este formato definido inicialmente para o conselho, criando uma
mesa colegiada de gestão ou até mesmo criando setores no território para
facilitar a logística para a realização das reuniões.

6.1.1 Conselho Consultivo


A Portaria No. 332, de 25 de Agosto de 20011, definiu a composição do Conselho
Consultivo do Mosaico de Áreas Protegidas da Amazônia Meridional, sendo
atualmente composto pelos representantes das seguintes setores e entidades:

Representação Governamental:
a) Quatro gestores das Unidades de Conservação Federais integrantes do Mosaico;

79
b) Um gestor das Unidades de Conservação do Estado do Amazonas integrantes do
Mosaico;
c) Um representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e do
Desenvolvimento Sustentável do Amazonas;
d) Um gestor das Unidades de Conservação do Estado do Mato Grosso integrantes
do Mosaico;
e) Um gestor das Unidades de Conservação do Estado do Rondônia integrantes do
Mosaico;
f) Um representante da secretaria de Meio Ambiente dos municípios do Amazonas
integrantes do território do mosaico;
g) Um representante da secretaria de Meio Ambiente dos municípios do Mato Grosso
integrantes do território do mosaico;
h) Um representante da secretaria de Meio Ambiente dos municípios de Rondônia
integrantes do território do mosaico;

Representação Não Governamental:


a) Três representantes das organizações não governamentais socioambientalistas
atuantes na região do Mosaico;
b) Três representantes de organização de base (sindicatos, associações, colônias,
cooperativas) atuantes na região do Mosaico;
c) Três representantes do setor empresarial e produtivo atuantes na região do
mosaico;
d) Dois representantes dos povos indígenas.

6.2. Linhas estratégicas, plano de ação e projetos

Para atingir os objetivos e metas estabelecidas neste planejamento estratégico


para o Mosaico da Amazônia Meridional, as principais linhas estratégicas
definidas foram:

• Proteção
• Pesquisa
• Consolidação Territorial
• Geração de Renda
• Fortalecimento das Organizações Comunitárias
• Gestão e Comunicação

A seguir, será apresentado o plano de ação e projetos de cada linha estratégica.

80
Tabela 9. Linha Estratégica - Proteção
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
1.1. Sinalizar o rio
Juruena a partir da Objetivo
PARNA Juruena e
cachoeira São jun/jul 2012 25.000,00 geral
Mosaico do Apuí
Simão ate Salto e7hi
Augusta
1. Sinalização e
1.2. Sinalizar e Sem data...
fiscalização ICMBio PNCA Objetivo
fiscalizar os rios A ser definida
conjunta Mosaico do Apuí e 21.000,00 geral
Madeirinha e pelas
BPA e7hi
Roosevelt instituições
Objetivo
1.3. Sinalização do Jaru SEDAM/RO e
jul/12 25.000,00 geral
Rio Machado SEMA Machadinho
e7hi
Sem data...
2. Operação 2.1. Fiscalização ICMBio, REBIO Jaru, Objetivo
A ser definida
conexão da extração ilegal Mosaico do Apuí e 70.000,00 geral
pelas
mosaico de madeira BPA e7hi
instituições
3.1. Operação de Sem data...
ICMBio/Jatuarana Objetivo
3. Operação fiscalização de A ser definida
Mosaico do Apuí, 12.000,00 geral
Rio Aripuanã combate a pesca pelas
SEMA MT e BPA/AM e7hi
ilegal instituições
4.1. Fiscalização
Sem data... ICMBio/PNJU e
no garimpo do Objetivo
4. Operação A ser definida Jatuarana, Mosaico
mucura no 60.000,00 geral
Rio Sucunduri pelas do Apuí, BPA,
PAREST e7hi
instituições IBAMA
Sucunduri
5. Operação 5.1. Fiscalização Objetivo
REBIO Jaru, PNCA,
REBIO Norte I de desmatamento 2012 50.000,00 geral
IBAMA e SEDAM
II III e IV e queimadas e7hi

6.1. Realizar
6. Sinalização Objetivo
atividade de Mosaico do Apuí,
do Rio mar/13 25.000,00 geral
sinalização do Rio PPNJU e Jatuarana
Sucunduri e7hi
Sucunduri

7. Sinalização 7.1. Sinalizar o Rio Objetivo


Mosaico do Apuí,
do FLONA Acari e Bunda de abr/13 15.000,00 geral
PPNJU e Jatuarana
Jatuarana Ema e7hi

8.1. Viabilizar
recursos para a
elaboração do
Plano de proteção.
8. Elaboração Objetivo
Contratar 2 semestre Comitê gestor do
do Plano de 300.000,00 geral
consultoria. 2012 e 2013 MAM e Ucs
Proteção e7hi
Realizar reunião
com os
representantes do
MAM e SIPAM
9.1. Estabelecer
9. parcerias com SIPAM, MAM, INPE, Objetivo
Monitoramento SIPAM. Capacitar 2012 e 2013 IMAZON, ICMBio 200.000,00 geral
remoto do MAM gestores para usar IBAMA e7hi
as ferramentas.
803.000,00

81
Tabela 10. Linha Estratégica – Educação
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
10.1. Realizar
10. coleta de material
Levantamento em campo.
do estoque, Sistematizar e 75.000,00
potencial e analisar os ICMBio/PNCA, PNCA e
impacto da resultados. 2 semestre de Mosaico do Apuí, 40.000,00
2ABC
pesca esportiva Divulgar os 2012 e 2013 UFAM, Setor Bararati
no Rio resultados. Turístico, UNIR-JIPA 30.000,00 Rio
Roosevelt e Implantar os Machado
Bararati e Rio resultados obtidos
Machado no Plano de Uso
Público das Ucs
11.1.
Mapeamentos das
hidrelétricas
previstas. Criar GT
11. Analise dos para estudos de
estudos das impacto de
viabilidades e implantação das
2012 Consultoria CCMAM 150.000,00 1D,
impactos das hidrelétricas da
hidrelétricas do região do MAM.
MAM Manifestação
formal do CCMAM
junto as
instituições.
Divulgar resultados
12. Criação de
12.1.
novas Ucs em
Levantamento e
Aripuana e Prefeitura Aripuanã,
estudo de 2013 300.000,00 1F,
outras no Parceiros e
viabilidade de
entorno do
criação
MAM
13. Pesquisa de
população de
ICMBio, Secretarias,
zog zog na 13.1. Buscar
2012 Rio Terra, WWF 100.000,00 2ABC
RESEX recursos
universidades
Guariba
Roosevelt
14.
14.1. Buscar
Diagnósticos 100.000,00 4B
recursos
socioambientais
15.
Diagnósticos 15.1. Buscar
100.000,00 4B
etnoambientais recursos
e TI´s
16.1.
16.
Levantamento do
Sistematização
Patrimônio 100.000,00 4E
do Patrimônio
imaterial da região
Imaterial
do MAM
995.000,00

82
Tabela 11. Linha Estratégica – Consolidação Territorial
Ação Atividade Quando Quem R$ Metas
17.1. Contratação
de empresa ou
formalização de 1) PNCA, RB JARU
1.200,00 por
17. convenio com o e UCs RO 2) UCs
2012 em diante km X 500 km 1g
Demarcação Exercito Brasileiro MT, Mosaico do Apuí
= 600.000,00
para realizar a e PNJU
demarcação e
georreferenciado
700,00 por
1) PNCA, RB JARU
18. Sinalização 18.1 Confeccionar placa
julho/2012 (RB e UCs RO 2) UCs
dos limites das e instalar placas de instalada X (1g)
Jaru) em diante MT, Mosaico do Apuí
UCs sinalização 100 =
e PNJU
70.000,00
19.
Manifestação
ao MDA Simone
Ate a próxima
solicitando 19.1. Elaborar (elaboração);
reunião do 0,00 (1a e 1g)
regularização oficia ao MDA Aprovação pela
CCMAM
fundiária no plenária.
entorno do
MAM
20. Simone
20.1. Elaborar
Manifestação (elaboração);
oficio; socializar
ao MMA Aprovação pelos .(1,
pelo email e apos
cobrando junho/2012 chefes de UCs 0,00 exceto 1f
a conclusão,
definição da ZA federais e assinatura e 6)
encaminhar ao
para UCs pelo presidente do
MMA pelo MAM
federais MAM.
21.
Manifestação a
UC`s RO
SEDAM
(elaboração);
solicitando 21.1. Elaborar
ate julho/2012 aprovação e 0,00 (1g).
reavivamento oficia a SEDAM
encaminhamento
das picadas e
pelo MAM.
sinalização das
UC`s RO
22.1. Manifestação
do CCMAM quanto
22. Conflitos a necessidade de
relacionados a resolução dos
questão conflitos
2012/2013 RO - MT - AM 0,00 (1g)
fundiária das relacionados a
UCs RO, AM e ocupações ilegais
MT e roubo de
madeiras das UCs
de RO, AM e MT.
23. Inclusão
23.1 Atividade de
das
ed. Ambiental e
associações e
formação; maior ICMBio, Secretarias,
comunidade
participação nos 2012 ONGs, Associações 500.000,00 (1g,4)
nas discussões
conselhos, de RO, AM e MT.
ref. a
associações e
consolidação
terras indígenas.
territorial
24.1. Firmar
convênios;
24.
contratar
Diagnósticos e
consultoria e ICMBio, Secretarias,
planos de (1g, 4e,
preparar logística 2012 ONGs, Associações 1.000.000,00
manejo para 4d e 7a)
necessária ao de RO, AM e MT.
UCs que não
atendimento de
tem
demandas
conjuntas.

83
Tabela 11. Linha Estratégica – Consolidação Territorial
Ação Atividade Quando Quem R$ Metas
25.1. Firmar
convênios;
25. Revisar os contratar ICMBio,
planos de consultoria e Universidades,
(1g, 4e,
manejos e preparar logística 2012 Secretarias, ONGs, 1.000.000,00
4d e 7a)
diagnósticos necessária ao Associações de RO,
das UCs atendimento de AM e MT.
demandas
conjuntas.
26.1. Firmar
convênios;
26. contratar ICMBio,
Diagnósticos consultoria e Universidades,
etnoambientais preparar logística 2012 Secretarias, ONGs, 1.000.000,00 (4e e 7a)
das Tis do necessária ao Associações de RO,
MAM atendimento de AM e MT.
demandas
conjuntas.
27.1. Identificar os
27. Gestão de conflitos existentes Processo
CCMAM + GT (1d, 1g,
conflitos na região do MAM; contínuo a 500.000,00
especifico. 6a e 6g)
socioambientais Mapear os conflitos partir de 2012
a partir das
reuniões do MAM;
Buscar alternativas
para a resolução
destes conflitos
(recategorização,
desafetação, …);
Fortalecer as
relações
institucionais,
Estabelecer
instrumentos de
gestão compatíveis
(TC, TRC, ...)

4.670.000,00

84
Tabela 12. Linha Estratégica – Geração de Renda
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
28.1. Identificação
dos centros de
beneficiamento já
6 áreas x
em operação e Representantes do
jul/12 2.000 = 5
realizar um mosaico
12.000
diagnóstico do
processo
produtivo.
28.2. Identificação
dos centros
potenciais para 6 áreas x
Representantes do
operação para set/12 2.000 = 5
mosaico
multiplicação das 12.000
experiências
existentes
28.3. Mapeamento
dos castanhais nas
associações Formação de um GT
(centros de de produção para Fazer
jun/13 5
beneficiamento já esta atividade + levantamento
existentes) e em consultor
áreas
desconhecidas;
28.4. Organização
28. Cadeia Formação de um GT
das associações e
Produtiva da de produção para Fazer
capacitação que jun/14 5
Castanha esta atividade + levantamento
trabalham com
consultor
castanha;
28.5.
Equipamentos:
terçado, prensas,
Formação de um GT
descascador de
de produção para Fazer
castanha, jun/14 5
esta atividade + levantamento
esquenta da
consultor
castanha, material
de embalagem,
galpão, etc.
28.6. Identificação Formação de um GT
de mercado / plano de produção para Fazer
jun/14 5
de negócio para a esta atividade + levantamento
castanha consultor
28.7. Aplicação do Formação de um GT
selo do mosaico e de produção e Fazer
dez/12 5
selo de cada comunicação para levantamento
centro do mosaico. esta atividade
Formação de um GT
28.8. Marketing e de produção e Fazer
jun/13 5
mídia comunicação para levantamento
esta atividade
29.1. Padronização
Formação de um GT
e automatização
de produção para Fazer
do processo jun/14 5
esta atividade + levantamento
produtivo da
consultor
farinha
29. Cadeia Formação de um GT
29.2. Controle de
Produtiva da de produção para Fazer
qualidade da Contínuo 5
Farinha esta atividade + levantamento
farinha
consultor
Formação de um GT
29.3. Identificação
de produção para Fazer
de mercado para a jun/14 5
esta atividade + levantamento
farinha
consultor

85
Tabela 12. Linha Estratégica – Geração de Renda
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
30.1. Identificação
dos centros de
beneficiamento já
6 áreas x
em operação e Representantes do
jul/12 2.000 = 5
realizar um mosaico
12.000
diagnóstico do
processo
produtivo.
30.2. Identificação
dos centros
potenciais para 6 áreas x
Representantes do
operação para set/12 2.000 = 5
mosaico
multiplicação das 12.000
experiências
30. Cadeia existentes
produtiva em Formação de um GT
30.3. Organização
Sistemas de produção para Fazer
das associações e jun/14 5
Agroflorestais: esta atividade + levantamento
capacitação;
cupuaçú, açaí, consultor
pupunha, 30.4.
guaraná, côco, Equipamentos:
banana, café, Formação de um GT
despolpaderia,
essencias, de produção para Fazer
câmara fria, jun/14 5
óleos, madeira, esta atividade + levantamento
material de
cacau, etc consultor
embalagem,
galpão, etc
Formação de um GT
30.5. Identificação
de produção para Fazer
de mercado / plano jun/14 5
esta atividade + levantamento
de negócio
consultor
30.6. Aplicação do Formação de um GT
selo do mosaico e de produção e Fazer
dez/12 5
selo de cada comunicação para levantamento
centro do mosaico. esta atividade
Formação de um GT
30.7. Marketing e de produção e fazer
jun/13 5
mídia comunicação para levantamento
esta atividade
31.1. Identificação
dos centros de
beneficiamento já
6 áreas x
em operação e Representantes do
jul/12 2.000 = 5
realizar um mosaico
12.000
diagnóstico de do
processo
produtivo.
31.2. Identificação
dos centros
31. Essências e potenciais para 6 áreas x
Óleos (copaíba, operação para Representantes do
set/12 2.000 = 5
andiroba, buriti, multiplicação das mosaico
12.000
breu, seringa) experiências
existentes
Formação de um GT
31.3. Organização
de produção para Fazer
das associações e jun/14 5
esta atividade + levantamento
capacitação;
consultor
31.4. Diagnostico
das atividades de
5
produção dentro
da área do MAM.

86
Tabela 12. Linha Estratégica – Geração de Renda
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
31.5.
Equipamentos:
Formação de um GT
despolpaderia,
de produção para Fazer
câmara fria, jun/14 5
esta atividade + levantamento
material de
consultor
embalagem,
galpão, etc
Formação de um GT
31.6. Identificação
de produção para Fazer
de mercado / plano jun/14 5
esta atividade + levantamento
de negócio
consultor
31.7. Aplicação do Formação de um GT
selo do mosaico e de produção e Fazer
dez/12 5
selo de cada comunicação para levantamento
centro do mosaico. esta atividade
Formação de um GT
31.8. Marketing e de produção e Fazer
jun/13 5
mídia comunicação para levantamento
esta atividade
32.1. Identificação
6 áreas x
das iniciativas de Representantes do
jul/12 2.000 = 6
turismo já mosaico
12.000
existentes
32.2. Identificação 6 áreas x
Representantes do
dos potenciais set/12 2.000 = 6
mosaico
turísticos 12.000
Formação de um GT
32.3. Organização
de produção para Fazer
das associações e jun/14 6
esta atividade + levantamento
capacitação;
consultor
32. Turismo
(pesca, Formação de um GT
aventura, 32.4. Infraestrutura de produção para Fazer
jun/14 6
ecoturismo, e equipamentos esta atividade + levantamento
cultural, consultor
histórico, Formação de um GT
32.5. Identificação
arqueológico) de produção para Fazer
de mercado / plano jun/14 6
esta atividade + levantamento
de negócio
consultor
32.6. Aplicação do Formação de um GT
selo do mosaico e de produção e Fazer
dez/12 6
selo de cada comunicação para levantamento
centro do mosaico. esta atividade
Formação de um GT
32.7. Marketing e de produção e Fazer
jun/13 6
mídia comunicação para levantamento
esta atividade
33.1. Identificação
6 áreas x
das iniciativas de Representantes do
jul/12 2.000 = 6
piscicultura já mosaico
12.000
existentes
33. Piscicultura 6 áreas x
com peixes 33.2. Identificação Representantes do
set/12 2.000 = 6
endêmicos da dos potenciais mosaico
12.000
região
Formação de um GT
33.3. Organização
de produção para Fazer
das associações e jun/14 6
esta atividade + levantamento
capacitação;
consultor

87
Tabela 12. Linha Estratégica – Geração de Renda
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
Formação de um GT
33.4. Infraestrutura de produção para Fazer
jun/14 6
e equipamentos esta atividade + levantamento
consultor
Formação de um GT
33.5. Identificação
de produção para Fazer
de mercado / plano jun/14 6
esta atividade + levantamento
de negócio
consultor
33.6. Aplicação do Formação de um GT
selo do mosaico e de produção e Fazer
dez/12 6
selo de cada comunicação para levantamento
centro do mosaico. esta atividade
Formação de um GT
33.7. Marketing e de produção e Fazer
jun/13 6
mídia comunicação para levantamento
esta atividade
34.1. Identificação 6 áreas x
Representantes do
de áreas propícias jun/13 2.000 = 5
mosaico
para a atividade 12.000
34.2. Identificação
de associações e
6 áreas x
sindicatos/ para Representantes do
jun/13 2.000 = 5
manejo florestal mosaico
12.000
comunitário e
empresarial
34.3. Verificação
Formação de um GT
da regularidade
de produção para Fazer
dos documentos jun/13 5
esta atividade + levantamento
das áreas para
consultor
manejo
34.4. Capacitação Formação de um GT
e para realizar de produção para Fazer
jun/14 5
manejo de baixo esta atividade + levantamento
impacto consultor
34.5. Divulgação
Formação de um GT
para a sociedade
de produção para Fazer
para facilitar a Contínuo 5
esta atividade + levantamento
aceitabilidade do
consultor
34. Madeira setor
34.6. Articulação
para engajamento
do poder publico Formação de um GT
municipal e de produção para Fazer
Contínuo 5
estadual para esta atividade + levantamento
realização e consultor
aprovação do
projeto de manejo
Formação de um GT
34.7. Articulação de produção para Fazer
Contínuo 5
com os parceiros esta atividade + levantamento
consultor
34.8. Realização
do manejo com
acompanhamento
dos atores Formação de um GT
responsáveis pela 01/06/2016 até de produção para Fazer
5
área (chefe da UC, jun/2018 esta atividade + levantamento
comunitários, consultor
setores públicos,
privados,
sindicatos, etc.)

88
Tabela 12. Linha Estratégica – Geração de Renda
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
Formação de um GT
34.9. Identificação
de produção para Fazer
de mercado / plano jun/14 5
esta atividade + levantamento
de negócio
consultor
34.10. Aplicação Formação de um GT
do selo do mosaico de produção e Fazer
jun/16 5
e selo de cada comunicação para levantamento
centro do mosaico. esta atividade
Formação de um GT
34.11. Marketing e de produção e fazer
Contínuo 5
mídia comunicação para levantamento
esta atividade
35.1. Identificação 6 áreas x
Representantes do
das iniciativas já jul/12 2.000 = 5
mosaico
existentes 12.000
6 áreas x
35.2. Identificação Representantes do
set/12 2.000 = 5
dos potenciais mosaico
12.000
Formação de um GT
35.3. Organização
de produção para Fazer
das associações e jun/14 5
esta atividade + levantamento
capacitação;
35. Movelaria e consultor
Artesanato Formação de um GT
(resíduos de 35.4 Infraestrutura de produção para Fazer
madeira, cipó, jun/14 5
e equipamentos esta atividade + levantamento
sementes, consultor
fibras, palhas,
Formação de um GT
cascas, 35.5. Identificação
de produção para Fazer
ouriços, argila e de mercado / plano jun/14 5
esta atividade + levantamento
barro) de negócio
consultor
35.6. Aplicação do Formação de um GT
selo do mosaico e de produção e Fazer
dez/12 5
selo de cada comunicação para levantamento
centro do mosaico. esta atividade
Formação de um GT
35.7. Marketing e de produção e Fazer
jun/13 5
mídia comunicação para levantamento
esta atividade
36.
36.1. Iniciar
Pagamentos de Reuniões do Fazer
discussão no Conselheiros 1e2
Serviços conselho levantamento
conselho
Ambientais

89
Tabela 13. Linha Estratégica – Fortalecimento da Organização Social
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
4º e 5º
37.1. Elaboração
(reuniões
de Projetos
ordinárias)
37.2. Gestão 4º e 5º
Territorial e (reuniões
37. Ambiental ordinárias)
Custos da
Capacitação 37.3. Legislação 4º e 5º ICMBio/Rioterra/
reunião
do MAM Ambiente (SNUC, (reuniões WWF-BR/IPA 7B E 7D
Lei 9.605, etc.). ordinárias)
37.4. Gestão Ver plano
Integrada e Áreas anual do
Protegidas ICMBIO
38.1. Gestão
Biênio 2013 e
Territorial e
2014
Ambiental
38.2. Biênio 2013 e
38. Comunicação 2014 ICMBio Captação –
Capacitações 38.3. Gestão Biênio 2013 e Secretrias de MA Logística,
Para Adm. e Financeira 2014 ONGS DO materiais,
Associações 38.4. Direito e Biênio 2013 e Conselho MAM equipamento 4B E 7B
o MAM Cidadania 2014 (Rioterra/ s, RH e
38.5. WWF-BR/IPA) mobilização.
Biênio 2013 e
Inclusão/Questão
2014
de Gênero
39.1. Identificar as
Associações de
2012-2013
39. interesse para a
Intercâmbios atividade Associações Captação –
de boas 39.2. Organizar Secretarias Logística e
práticas logística e ONGS do CCMAM mobilização.
2012-2013
mobilizar 4C
instituições
40.1. Levantar as
2012-2013
demandas
40.2. Solicitar ao 4D
2012-2013
40. MCT UCs/Associações e
Telecentros 40.3. Buscar Prefeituras
06 Centros
recursos para 2012-2013
6x 150mil =
infraestrutura
R$
41.1. Capacitação
1 ano 900.000,00
41. Centros de em informática
Multimídias 41.2. Aquisição de 4D
1 ano
computares
42.1. Agentes
A partir de
ambientais ICMBio/SEDAM/DE
2012
voluntários FESA CIVIL/IBAMA
42.
42.3. Brigada de e Prefeituras R$ 5.000,00
Capacitação A partir de 7D
incêndios - por curso
Comunitária 2012
voluntários
43.1. Elaboração Agosto de
43. Programa
do escopo 2012
Educação
43.2. Contratação REBIO
Ambiental +- R$
de consultoria Agosto de JARU/WWF-B/ 2E7
Rebio Jaru/ 30.000,00
para auxiliar na 2012 IPA/SEDAM
Ucs O E Mam
elaboração

90
Tabela 14. Linha Estratégica – Gestão e Comunicação
AÇOES ATIVIDADES QUANDO QUEM R$ METAS
44.1. Aquisição de
equipamentos
44.2. Aquisição de
44.
material de
Funcionament Secretaria
consumo Constante 100.000,00
o da Executiva
44.3. Contratação
Secretaria
de RH
44.4. Custo fixo de
Escritório
45. Discutir as
Bases de 45.1. Definir em
Reunião
Apoio e Base Reunião do Conselheiros
Ordinária
Central do CCMAM
CCMAM 7/ 7c
46.1. Preparação
da Logística:
transporte,
46. Reuniões hospedagem e Secretaria
Semestral 45.000,00
do CCMAM alimentação. Executiva
46.2. Aquisição de
Material de
Consumo
47.1. Desenvolver
mecanismos de
participação
financeira nos
47. Autonomia produtos que
2013 CCMAM
Financeira recebam o selo
2c
MAM
47.2. Criação de GT
para desenvolver os
mecanismos
48.1. Realização de
Eventos,
Seminários, 2013 60.000,00 7g/7h
48. Promoção Oficinas, Encontros CCMAM
de Eventos e outros 2012 a 2013
48.2. Participação e
representação em 2012 a 2014 10.000,00
Eventos
49.1. Contratar
49. Plano de Consultoria para
2012 a 2013 CCMAM 100.000,00
Comunicação elaborar Plano de
Comunicação
50.1. Contratação
50. Produção
de empresa para
de Áudio 2012 a 2013 CCMAM 150.000,00
produção do
visual
material
51.1. Contratação
51. Criar Selo de empresa para
2012 a 2013 CCMAM 30.000,00
MAM criação do Selo 6e
MAM
52. Divulgar as
UC do MAM 52.1. Utilizar sites
utilizando institucionais para
2012 a 2014 CCMAM
mídias e divulgar o MAM e
espaços suas UC
existentes
53. Elaborar
53.1. Cartilhas,
Publicações
panfletos, folders e 22013 a 2014 CCMAM 50.000,00 7e
sobre o MAM
outros
e suas UC
545.000,00

91
6.2.1.Prioridades de intervenção do Mosaico da Amazônia
Meridional

Na segunda reunião do conselho gestor, realizada em maio de 2012, foi


debatido e estabelecido as prioridades de intervenção, detalhada na Tabela 15.

Tabela 15. Prioridades de intervenção do Mosaico da Amazônia Meridional.


Eixo Temático Ações prioritárias

Proteção • Plano de Proteção.

Pesquisa • Analise dos estudos das viabilidades e impactos das


hidrelétricas do MAM.

Consolidação • Contratação de empresa ou formalização de convênio


Territorial com o Exército Brasileiro para realizar a demarcação e
georreferenciamento.
• Confeccionar e instalar placas de sinalização.
• Firmar convênios; contratar consultoria e preparar
logística necessária ao atendimento de demandas
conjuntas de diagnósticos e planos de manejo para
unidades que ainda não tem.

Geração de Renda • Cadeira produtiva da castanha.

Fortalecimento das • Capacitações para Associações do MAM.


Organizações • Intercâmbios de boas práticas.
Comunitárias • Telecentros.

Gestão e Comunicação • Funcionamento da Secretaria.


• Reuniões do CCMAM.

92
7. Mecanismo de apoio para a implementação do Plano
Estratégico do Mosaico da Amazônia Meridional

7.1. Mecanismo de monitoramento


O monitoramento deverá seguir em duas escalas: O monitoramento das metas
realizado a cada três semestres e do plano de ação feito semestralmente, nas
reuniões de conselho. O monitoramento das metas deverá ser realizado com
apoio dos indicadores da Tabela 16

Tabela 16. Indicadores dos objetivos e metas do planejamento do Mosaico da


Amazônia Meridional.
OBJETIVO GERAL INDICADORES DAS METAS
- Porcentagem da área da cobertura florestal das UCs em relação a
2010.
Conservar as florestas - Porcentagem da redução da conectividade em relação a 2009.
continuas e outros ambientes - Número das UCs com estratégias de desmatamento evitado em curso
naturais existentes, bem como - Taxa de redução de índice de desmatamento na região de
seus valores socioculturais abrangência do mosaico.
associados, na região de
- Área de floresta promovendo a conectividade da Rebio Jaru com
abrangência do Mosaico da
Parna Campos Amazônicos
Amazônia Meridional,
consolidando uma barreira - Número de novas áreas protegidas
frente a expansão da fronteira - Número de Terras Indígenas participando na gestão integrada do
agropecuária, garantindo a mosaico
funcionalidade ecossistêmica - Porcentagem do manejo florestal realizado com baixo impacto nas
UCs de uso sustentável
- Número de certificações realizadas na região do mosaico

OBJETIVOS ESPECÍFICOS METAS:

1. Manter a funcionalidade 1a – Porcentagem da área da cobertura florestal das UCs em relação


dos ecossistemas da região a 2010.
do mosaico. 1b – Número de corredores ecológicos entre as UCs de RO
(bacia hidrográfica, 1c – Número de corredores ecológicos entre as TIs e outras UCs do
conectividade, alto grau de noroeste do MT
conservação encontrado nas 1d – Número de estudos sobre o impacto das infraestrutura previstas e
fitofisionomias florestais e não existentes sobre o recurso hídrico
florestais, serviços
ecossistêmicos, gradiente 1e – Número de corredores ecológicos ao longo da Transamazônica
altitudinal, lat/long) 1f – Número de novas áreas protegidas

2. Conservação da 2a – Número de banco de dados sobre as unidades de paisagem


biodiversidade especifica e definidas em 2010.
das espécies de interesse.
2b – Número de pesquisas realizados em unidades de paisagem de
baixo conhecimento
(endemismos e
representatividade biológica 2c – Número fontes de financiamentos e institutos de pesquisa
da avifauna) articulados para esta região

3. Proteger afloramentos 3a – Área total protegida da região do Domo de Sucunduri


rochosos, especialmente o 3b – Número de estudos de avaliação e planejamento do potencial
Domo do Sucunduri turístico dos afloramentos (chapada e cachoeiras)

4. Manutenção das relações 4a – Número de atividades promovidas para o resgate dos valores das
de uso tradicional dos formas de vida tradicionais e Número de atividades para a

93
OBJETIVOS ESPECÍFICOS METAS:
recursos naturais e formação de novas lideranças
conservação dos
4b – Número de intercambio entre comunidades tradicionais
patrimônios materiais e
imateriais relacionados 4c – Porcentagem das populações extrativistas do mosaico da AM
Meridional conectadas a redes já existentes e Número de novas
formas de organização social promovidas
4d – Número de estudos sobre o conhecimento existente sobre o
patrimônio material e imaterial da região, em especial os sítios
arqueológicos

5a – Número de cadeias produtivas dos produtos da floresta nas UCs


de uso sustentável estabelecidos
5. Viabilidade do manejo
5b – Número de pólos de beneficiamento estabelecidos na região
florestal madeireiro e não
madeireiro sustentável 5c – Porcentagem da zona destinada ao manejo florestal realizado
com baixo impacto nas Florestas
Dentro das UCs: (potencial
5d – Porcentagem da zona destinada ao manejo florestal realizado por
florestal e extrativista, manejo
empresas e organizações locais
madeireiro e não madeireiro)
5e – Porcentagem das comunidades tradicionais capacitados em
extrativismo e gestão de negócios

6a – Porcentagem da área ocupada com boi verde/ecológico


6. Disseminação de 6b – Porcentagem do manejo florestal autorizado com anuência das
atividades sustentáveis e UCs
boas práticas.
6c – Porcentagem de empresários e associações madeireiras
Área de atuação: (geração de capacitadas em manejo florestal/ano
renda com bases 6d – Porcentagem da produção florestal certificada/ano
sustentáveis, atores e publico
alvo, turismo - rios cristalinos 6e – Número de certificações realizadas na região do mosaico
e sítios arqueológicos) 6f – Número de estudo do potencial turístico, foco no rio Juruena
6g – Número de plano de ordenamento pesqueiro por cada bacia
hidrográfica de maior grandeza realizado.

7a – Número de termos de cooperação bilaterais estabelecidos


7. Integração e 7b – Porcentagem da equipe das UCs capacitadas em gestão de
fortalecimento das áreas protegidas e em gestão integrada
instituições gestoras das 7c – Número de reunião ordinária do conselho por ano
áreas protegidas do
mosaico. 7d – Porcentagem de conselheiros capacitados em gestão integrada
7e – Número de produtos de comunicação/ano sobre mosaico

(conhecimento, 7f – Porcentagem das UCs com conselhos gestores


operacionalização dos planos 7g – Número de assembleia dos conselhos gestores realizada
de manejo das UCs,
fiscalização) 7h – Número de avaliação semestral do planejamento integrado
operacional/ano (plano de ação)
7i – Número de analise da implementação e da sua efetividade de
gestão do mosaico

94
7.2. Mecanismo de divulgação e comunicação
Como estratégia de divulgação e comunicação das ações integradas do
Mosaico da Amazônia Meridional podemos adotar três momentos de
implementação (Tabela 17) e, segundo o plano de ação, destacamos as
necessidades de comunicação para o mosaico (Tabela 18).

Tabela 17. Estratégia de implementação da comunicação no mosaico.


Prazo Estratégia
Curto 1. As primeiras ações de divulgação poderão ser realizadas através do
site da Rede de Mosaicos das Áreas Protegidas do Brasil, com a
criação de uma pagina dedicada ao MAM, direcionando links para as
entidades envolvidas com a gestão integrada.
2. Criar as identidades virtuais do MAM nas redes sociais.
3. Definir logomarca do MAM, mesmo que de forma preliminar, sem o
plano de comunicação.
4. Integração dos departamentos de comunicação das entidades
envolvidas, liderados pelos comunicadores da secretaria executiva
em coordenação com departamentos de comunicação doa governos,
para uma comunicação integrada e sem ruídos.
Médio 5. Captar recursos, considerar a comunicação como um eixo de
financiamento dos projetos.
6. Criar a própria página do MAM na internet.
Longo 7. Contratar um consultor para desenvolver o plano de comunicação
8. Produzir os produtos de comunicação, segundo os eixos temáticos do
mosaico.

Tabela 18. Necessidades da estratégia de comunicação para o mosaico.

Eixo Temático Necessidades de divulgação e comunicação

Proteção • Sinalização oficial rios Juruena, Madeirinha, Roosevelt,


Machado, Sucunduri, Acari e Bunda de Ema.
• Sinalização e cartazes sobre a proibição da extração de
ilegal de madeira, da pesca ilegal, garimpo,
desmatamento e queimadas.
• Assessoria de imprensa para cobrir os resultados das
operações de fiscalização.

Pesquisa • Divulgar resultados dos estudos sobre potencial e


impacto da pesca esportiva, da viabilidade e impactos
das hidrelétricas e do primata zog zog.
• Apoiar e divulgar a criação de novas áreas protegidas.

Consolidação • Sinalização oficial dos limites das UCs.


Territorial • Assessoria de imprensa para apoiar os trabalhos sobre
consolidação territorial e conflitos socioambientais.

95
Eixo Temático Necessidades de divulgação e comunicação

Geração de Renda • Apoio na construção do selo de certificação de produtos


do mosaico.
• Apoio no desenvolvimento de etiquetas, material de
divulgação e plano de negócios dos produtos certificados
• Divulgação e marketing dos produtos certificados pelo
conselho.
• Assessoria de imprensa para cobrir os resultados das
alternativas econômicas fomentadas pelo mosaico.

Fortalecimento das • Apoiar a capacitação das associações do mosaico na


Organizações área de comunicação.
Comunitárias • Assessoria de imprensa para cobrir os resultados do
apoio ao fortalecimento das comunidades.

Gestão e Comunicação • Desenvolver um plano de comunicação e produzir os


produtos de comunicação.
• Produção de áudio visual sobre o mosaico.
• Assessoria de imprensa para cobrir as oficinas,
seminários, eventos e reuniões ordinárias produzidas
pelo conselho.

7.3. Mecanismo para a incorporação do Plano Estratégico no


planejamento das unidades de conservação
Atualmente os planos de manejo do Parque Nacional do Juruena, Parque
Nacional dos Campos Amazônicos e Mosaico do Apuí foram elaborados de
forma integrada, utilizando a mesma metodologia de unidades de paisagem e
de planejamento voltado a resultados. Estes planos de manejo foram
elaborados juntos ao planejamento estratégico do mosaico e nasceram de
forma integrada.
Os demais planos de manejo das unidades que compõem o mosaico devem
seguir a mesma logica, orientados pelas estratégias estabelecidas neste plano
do mosaico, em especial:
- manter o alinhamento das unidades de paisagem da natureza, levando
pesquisas cientifica de inventários de fauna e de flora de forma a ampliar nosso
conhecimento sobre este tema, integrando com os dados já existentes pode
tornar a ferramenta mais poderosa e cada avanço poderemos entender os
mecanismos de diversidade biológica existente na região do mosaico.
- realizar os diagnósticos sociais e mapeamento dos conflitos sobre os recursos
naturais de forma integrada com as unidades de conservação vizinhas,
buscando sinergia na solução de conflitos e na busca de alternativas
econômicas compatíveis com o plano estratégico do mosaico.
- no estabelecimento do zoneamento dos novos planos, considerar a
representatividade das unidades de paisagens da natureza do conjunto do
mosaico, levando uma proteção mais restritiva para paisagens raras e únicas
do mosaico, existente na unidade de conservação planejada. Além disso,

96
considerar a integração das novas zonas com as existentes, criando um
planejamento orgânico ao já existente na escala do mosaico.
- no estabelecimento dos programas do novo plano de manejo, considerar os
objetivos geral e específico, além das metas para a consolidação do mosaico.
Elas devem refletir no planejamento da unidade de conservação, buscando sua
especificidade e integrando as ações com as unidades vizinhas.
É desejável que as unidades de conservação que esta se preparando para
elaborar seu plano de manejo seja reportada para o conselho gestor do
mosaico para buscar recomendações das experiências exitosas e lições
aprendidas dos planos elaborados no âmbito deste mosaico, para avançar sem
repetir erros já vividos.

7.4. Estratégia financeira para sua implementação


De forma geral, existem várias fontes de financiamento para as atividades
previstas no plano de ação deste planejamento estratégico e integrado, a
seguir segue algumas recomendações e orientações como fontes de
financiamento na Tabela 19.
Tabela 19. Fontes de financiamento para as atividades previstas no plano de
ação.
Eixo Temático Fontes de financiamento

Proteção • A sinalização e as operações de fiscalização podem ser


executadas com recursos do Programa Arpa e dos
governos envolvidos.
• O consultor para a elaboração do plano de proteção
pode ser financiado pela Cooperação Técnica Alemã
(GIZ) e a oficina pelo Programa Arpa.
• O SIPAM pode oferecer capacitação para os gestores de
áreas protegidas na utilização de ferramentas de
geoprocessamento
• Operações mais complexas podem ser apoiadas pelo Plano
de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na
Amazônia Legal (PPCDAM) ou uma captação de recursos
com o Fundo Amazônia, para fins de controle e
monitoramento.

Pesquisa • Pesquisas sobre estoque pesqueiro, impacto da pesca,


impacto das hidrelétricas e da mastofauna podem ser
apoiadas pelo INPA, universidades estaduais, pelos
fundos estaduais de amparo a pesquisa e empresários
da pesca esportivas locais (para o tema pesca).
• O Ministério da Pesca e Piscicultura possui editiais para
quantificar o desembarque de pesca regional.
• O Programa Arpa apoia estudos para criação de novas
áreas protegidas.
• Pesquisas de novas áreas protegidas e do impacto das

97
Eixo Temático Fontes de financiamento
hidrelétricas podem ser desenvolvidas pelo WWF-Brasil.
• Diagnósticos socioambientais, etnoambientais e do
patrimônio imaterial são difíceis de financiamento por si,
devem estar em contextos como criação de novas áreas
protegidas, ou de mobilização social, ou ainda de
projetos culturais (sendo assim Programa Arpa, GEF
Indígena e editais do Ministério da Cultura,
respectivamente, são fontes de financiamento)

Consolidação • O Programa Arpa financia a revisão e elaboração de


Territorial planos de manejo, bem como diagnósticos sociais,
gestão de conflitos, sinalização e demarcação em
unidades de conservação.
• O Serviço Florestal Brasileiro financia o diagnostico
florestal e fomento ao manejo de baixo impacto da
floresta.
• O Programa GEF Indígena financia diagnósticos
socioambientais, gestão de conflitos, sinalização e
demarcação envolvendo terras indígenas.
• O Ministério do Desenvolvimento Agrário através do
INCRA pode apoiar a regularização fundiária na região
do mosaico
• O Fundo Amazônia, do BNDS, apoia o cadastramento
de áreas rurais em edital especifico.

Geração de Renda • O Fundo Amazônia, do BNDS, apoia o projetos de


desenvolvimento sustentável, em edital especifico.
• O Serviço Florestal Brasileiro financia o diagnostico
florestal e fomento ao manejo de baixo impacto da
floresta.
• Editais internacionais da USAID, Comunidade Europeia,
Fundação Blue Moon, Fundação Ford, Fundação Moore e do
Ministério do Meio Ambiente Alemão (BMU) podem apoiar as
alternativas econômicas do mosaico.
• Editais nacionais da Petrobrás Ambiental, Petrobrás Cidadania
e Desenvolvimento, Fundo Vale, ALCOA, Oi Futuro, Fundação
Toyota, Caixa Econômica Federal, Natura, Fundação Banco
do Brasil, Banco Santander, Tam podem apoiar as alternativas
econômicas do mosaico.
• Editais governamentais do MAPA, MDS, MMA, Ministério das
Cidades e Ministério do Turismo podem ajudar as alternativas
econômicas do mosaico.
• O SEBRAE pode ajudar na elaboração de planos de negócios.

Fortalecimento das • O GTA e CNS podem apoiar a capacitação das


Organizações associações e formação de novas lideranças.
Comunitárias
• O WWF-Brasil pode apoiar os intercâmbios e elaboração
de projetos através de captação visando a capacitação

98
Eixo Temático Fontes de financiamento
do mosaico.
• O Ministério da Cultura para apoiar a implantação de
telecentros e centros de multimídia.

Gestão e Comunicação • As reuniões do conselho do mosaico podem ser


viabilizadas pelos órgãos gestores e pelo WWF-Brasil.
• A elaboração de produtos de comunicação do mosaico
pode ser realizada com projetos de apoio a cultura.
• Os custos operacionais da gestão do mosaico ou da
elaboração do plano de comunicação são tópicos de
difícil financiamento por si, devem estar incluídos em
projetos mais estratégicos e temáticos.

99
8. Bibliografia citada

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163, Baixo Amazonas, Transamazônica e Xingu. Meeting report. 29-31 mar
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interno. Marcos Roberto Pinheiro. 2006.

102
9. Anexos

Anexo 1. Sistematização e priorização dos objetos de conservação da região da


Amazônia Meridional. Os objetos com asterisco (*) foram utilizados na
construção do modelo conceitual do Anexo 3.

Fluxos Sistemas Regiões Locais Espécies


Locais de nascente*
Sub Bacias Teles
Ambientes lacustres
Manter a Pires, Juruena, Espécies
intocados
integridade Sucunduri, desconhecidas
Banco de areias e
Manutenção dos Aripuanã, Juma, pela ciência
praias*
das recursos Guariba, Rosselvet Peixes Reofílicos
relações e Maderinha Cachoeiras e
hídricos corredeiras* Peixes Migradores
ecológicas
e
diversidade Formação geológica especiais
genética Manter Espécies
integridade Fitofisionomia Aberta* vulneráveis ou sob
dos baixa pressão de
sistemas Mini-interflúvios Fitofisionomia uso
terrestres Fechada* Espécies alvo de
Diversidade étnica caça*
Reprodução Mogno
Usos sustentados dos recursos naturais pelas
Sócio comunidades locais* sp comerciais*
Cultural Espécies fauna
Opções de uso de recursos naturais* comercial

Fonte: WWF-Brasil, 2006.

Anexo 2. Sistematização e priorização das ameaças e fragilidades


identificadas na região da Amazônia Meridional. Os objetos com asterisco (*)
foram utilizados na construção do modelo conceitual do Anexo 3.

Fonte/Causa Tipo de Atividade Conseqüência Efeito


Assentamentos Queimadas Monocultura* Desmatamento*
rurais Exploração
Caça
Área madeira* Perda da
Núcleo Grilagem* Pecuária* Garimpo* potencialidade
de uso dos Desigualdades
Turismo Pesca recursos sócias
Mineração* predatório predatória naturais* econômicas*
Assentamentos Acesso
Hidrovias
Área de urbanos rodoviário Degradação e
Entorno Garimpo* Expansão poluição dos
PCHs corpos d´água*
Mineração* agropecuária*

Fonte: WWF-Brasil, 2006.

103
Anexo 3. O modelo conceitual da região da Amazônia Meridional,
construído em 2006. Fonte: WWF-Brasil, 2006.

104

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