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Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região
Partes:
RECORRENTE: KENIS CARLOS MARCELO
ADVOGADO: RONALDO MARCELO LOBO COELHO
RECORRIDO: SIDERURGICA GAGE LTDA
ADVOGADO: NAGILA VALERIA DA COSTA
ADVOGADO: HELIO ANTONIO CAMPOS ABREU
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO
EMENTA
JUSTA CAUSA. REVERSÃO. A justa causa é a pena mais grave que o
empregador pode imputar ao empregado e gera inúmeros transtornos na
sua vida familiar, profissional e social. Por isso, exige prova robusta e
incontestável do fato ocorrido, que torne indesejável a continuidade da
relação de emprego por quebra da fidúcia, elemento indispensável e
intrínseco ao vínculo formado entre as partes na relação empregatícia.
RELATÓRIO
É o relatório.
QUESTÃO DE ORDEM
Assinado eletronicamente por: Adriana Goulart de Sena Orsini - 27/05/2020 09:41:39 - 58e8b7e
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021111312201900000048773481
Número do processo: 0010523-33.2019.5.03.0055
Número do documento: 20021111312201900000048773481
APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. LEI N. 13.467/2017
VOTO
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
JUÍZO DE MÉRITO
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Número do processo: 0010523-33.2019.5.03.0055
Número do documento: 20021111312201900000048773481
Não se conforma a reclamada com a conversão da justa causa em dispensa
imotivada. Alega que o autor quebrou o equipamento com a intenção de ser dispensado. Argumenta que
comprovou os danos ao equipamento danificado pelo reclamante por meio dos documentos anexados aos
autos, especialmente, o relatório de ID. 62ea54c. Requer a declaração de licitude da prova documental e,
consequentemente, a manutenção da dispensa por justa causa.
"Em flagrante arbitrariedade, o autor foi surpreendido com a rescisão de seu contrato
de trabalho por justa causa, o que não guarda sustentação jurídica.
A aplicação da justa causa é a pena mais grave que o empregador pode imputar ao
empregado e decorre de ato cuja gravidade conduza à supressão da confiança
necessária e indispensável na vinculação com o empregador, inviabilizando a
continuidade da relação empregatícia.
Recebeu suspensão do contrato de trabalho, retornou e foi desligado com justa causa.
Como se não bastasse a desproporcionalidade aplicada, ainda foi punido duas vezes
pela mesma ocorrência, o que não é admitido pela legislação.
(...)
Por todo o exposto, requer seja declarada a nulidade da dispensa com justa causa,
determinando a sua conversão para rescisão do contrato sem justa causa, determinando
o pagamento das parcelas rescisórias devidas."
"Registra-se que o reclamante foi dispensado com justa causa porque agiu com
indisciplina e insubordinação ao quebrar com dolo e danificar aparelho de propriedade
da reclamada, mesmo após intervenção direta de sua superior (artigo 482, alínea 'h' , da
CLT). No caso em apreço, o reclamante estava exaltado e pondo em risco demais
objetos de propriedade da empresa e colocando em risco pessoas que interviram na
conduta indisciplinada do mesmo.
Portanto a reclamada não agiu ilicitamente ao dispensar com justa causa e sim agiu em
defesa de seus bens e em estrito sentido legal."
Assinado eletronicamente por: Adriana Goulart de Sena Orsini - 27/05/2020 09:41:39 - 58e8b7e
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021111312201900000048773481
Número do processo: 0010523-33.2019.5.03.0055
Número do documento: 20021111312201900000048773481
Tal gradação somente é dispensada nos casos em que a natureza da conduta faltosa é de
tamanha gravidade que impede, por si só, a continuidade do vínculo empregatício.
E o ônus da prova é do réu (art. 818 da CLT e art. 373, II, do CPC), do qual não se
desincumbiu satisfatoriamente. Senão vejamos.
À fl. 92, Id e50700b, foi anexado o comunicado de dispensa contendo como justa causa:
(...)"
Aquele documento não foi assinado pelo reclamante, estando portanto assinado por
duas testemunhas.
"a condição de funcionalidade dos robôs era muito ruim , sendo que se não trabalhasse
atento, o operador se machucava, pois eles soltavam do trilho; que era raro os robôs
funcionarem normalmente, na maioria das vezes estavam quebrados; na própria
operação comum acontecia de os robôs sairem dos trilhos, colocando em risco os
operadores; que não sabe dizer o motivo da justa causa aplicada ao autor, pois estava
afastado neste dia" - testemunha Wagner de Souza Betônio - Id. fe1e134, pág. 2.
"que na linha de produção, no setor de trabalho do autor e depoente havia robôs, que
tinham por finalidade virar as formas; que o funcionamento dos robôs era horrível, sem
manutenção; que era comum, na propria operação, o robô sair dos trilhos; que essa
condição colocava os operadores em risco - testemunha Edson Ramon Epifânio - Id.
fe1e134, pág. 2."
"que já foi supervisor do autor, em alguns turnos, inclusive no turno em que ocorreu o
problema com equipamento, qual seja, o robô; que autor foi dispensado por conta do
equipamento danificado; que caso ocorra algum problema com o robô o operador tem
que chamar o pessoal da mecânica para resolver e não tentar ele mesmo resolver; o
depoente não presenciou a ocorrência do problema do robô; que o robô estava
funcionando normalmente, sendo que existem dois robôs, um substitui o outro em caso
de problema; que era comum ter problemas técnicos com os robôs; que o depoente não
viu o que o autor fez com o robô, mas pelo que relataram ao depoente o autor sozinho
conseguiu arrancar o robô do trilho e jogar no chão; que outras pessoas presenciaram o
autor sozinho, arrancar o robô do trilho e jogar no chão; não sabe dizer se alguém
tentou ou não impedir o autor de arrancar o robô e jogar no chão; segundo a mecânica
o robô quebrou; que é possível uma pessoa, sozinha, tirar o robô do trilho, mas não é
fácil; que este ato do autor não incentivou o autor a fazer o mesmo; que durante a
operação comum, o robô pode sair do trilho, mas cair no chão não; que o robô deve
pesar acima de 80 kg , mas o depoente não tem ideia..." - testemunha Manuel Aparecido
Gomes Fonseca - Id. fe1e134, pág. 4.
Diante dos relatos prestados, verifica-se que era comum ocorrer problemas técnicos
com os robôs, estando estes em péssimas condições de funcionalidade, inclusive
colocando em risco a vida dos operadores.
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O relatório de desvio juntado pela ré (Id. 62ea54c) também não serviu para comprovar
a conduta faltosa do autor, ademais se levarmos em conta as péssimas condições de
funcionamento do equipamento demonstradas anteriormente.
De par com isso, entendo que houve rigor excessivo da empregadora, no exercício do
poder diretivo e disciplinar, sendo a dispensa por justa causa punição inadequada, ante
ausência dos requisitos exigidos para aplicação de tal penalidade, pelo que julgo
procedente o pedido do reclamante para afastar a justa causa aplicada.
Reconhecida a dispensa sem justa causa e à míngua de quitação das verbas rescisórias
correlatas, defiro ao autor o pagamento das seguintes parcelas, no limite dos pedidos:
Retificação da CTPS
O autor deverá entregar sua CTPS, na Secretaria deste Juízo, após o trânsito em
julgado, no prazo de 48 horas, independentemente de intimação específica.
Procedem.
Pois bem.
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Não se pode negar, entretanto, que há casos em que um único ato pode
acarretar o desfecho do contrato por justo motivo, tornando-se desnecessária a gradação das penas, mas
tal se configura quando se trata de falta gravíssima, que implica quebra de elementos essenciais à
subsistência do contrato de trabalho, quais sejam, a fidúcia e o respeito entre as partes.
"(...) que na linha de produção onde depoente e autor trabalhavam existiam dois robôs
que tinham por finalidade virar a lingoteira para desenformar o gusa; a condição de
funcionalidade dos robôs era muito ruim , sendo que se não trabalhasse atento, o
operador se machucava, pois eles soltavam do trilho; que era raro os robôs funcionarem
normalmente, na maioria das vezes estavam quebrados;na própria operação comum
acontecia de os robôs sairem dos trilhos, colocando em risco os operadores; que não
sabe dizer o motivo da justa causa aplicada ao autor, pois estava afastado neste dia"Na
da mais". (destaques acrescidos)
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A testemunha ouvida a rogo da reclamada, Manuel Aparecido Gomes
Fonseca, corroborou as informações prestadas pelas testemunhas ouvidas a rogo do reclamante,
especialmente, no que se refere ao fato de que o reclamante não se acidentou na ocasião em que o
equipamento danificou, mas poderia ter ocorrido. Destaca-se:
"(...) 5-o depoente não participou de perícia, mas participou de reunião referente ao
problema no equipamento, que o equipamento danificou, mas o autor não se
acidentou, mas poderia ter ocorrido." (...) o depoente trabalha na ré desde 16 de
janeiro de 2019, como supervisor; que já foi supervisor do autor, em alguns turnos,
inclusive no turno em que ocorreu o problema com equipamento, qual seja, o robô;que
autor foi dispensado por conta do equipamento danificado; que caso ocorra algum
problema com o robô o operador tem que chamar o pessoal da mecânica para resolver e
não tentar ele mesmo resolver; o depoente não presenciou a ocorrência do problema do
robô; que o robô estava funcionando normalmente, sendo que existem dois robôs, um
substitui o outro em caso de problema; que era comum ter problemas técnicos com os
robôs; que o depoente não viu o que o autor fez com o robô, mas pelo que relataram ao
depoente o autor sozinho conseguiu arrancar o robô do trilho e jogar no chão; que
outras pessoas presenciaram o autor sozinho, arrancar o robô do trilho e jogar no
chão; não sabe dizer se alguém tentou ou não impedir o autor de arrancar o robô e
jogar no chão; segundo a mecânica o robô quebrou; que é possível uma pessoa,
sozinha, tirar o robô do trilho, mas não é fácil; que este ato do autor não incentivou o
autor a fazer o mesmo;que durante a operação comum, o robô pode sair do trilho, mas
cair no chão não; que o robô deve pesar acima de 80 kg, mas o depoente não tem ideia;
os operadores subordinados ao depoente fazem a refeições no refeitório, outros fazem
em locais que o depoente não sabe informar".(destaques acrescidos)
Primeiro, porque a prova oral produzida revelou que era comum os robôs
apresentarem problemas e que não funcionavam bem, não tendo manutenção. Segundo, ficou
evidenciado que os robôs saíam do trilhos expondo os trabalhadores a riscos. Terceiro, apesar da
testemunha da reclamada confirmar que o autor teria sido dispensado em razão do equipamento, afirmou
que não presenciou a ocorrência do problema com o robô e disse que outras pessoas viram o reclamante
arrancar o robô do trilho e jogar no chão. Por fim, declarou "que é possível uma pessoa, sozinha, tirar o
robô do trilho, mas não é fácil; (...) que o robô deve pesar acima de 80 kg, mas o depoente não tem ideia".
Assim, por uma razão ou por outra, não prevalece a tese exposta pela
reclamada em sua defesa.
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Mantenho incólume a r. sentença.
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Examina-se.
9. CONCLUSÕES
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Assim, não se justifica a irresignação da reclamada em relação aos
critérios adotados pelo Perito para apuração da insalubridade, haja vista que o Expert colheu e informou
todos os elementos necessários para verificação da insalubridade.
* Protetor do tipo plug, CA n0. 30.405, nível de atenuação NRRsf = 14 dB, nas datas de
18/10/2018 e 24/10/2018;
(...)
Diante do exposto, conclui-se que não houve proteção auricular adequada após o
fornecimento do EPI com CA n0.154.785, na data de 07/02/2019. (ID. 0c14e6a - Pág. 10 )
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Já para o calor excessivo, não há EPIs capazes de alterar a condição
ambiental. Somente medidas administrativas, revezamento, descanso, etc; são capazes de alterar essa
realidade. (ID. 0c14e6a - Pág. 17)
Nego Provimento.
Examina-se.
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empregado sujeito a essas condições ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras, a teor do disposto no art.
7, XIV da CF/88 e na Súmula 423 do TST.
Contudo, no caso vertente, pela análise dos registros de ponto, tem-se que
o reclamante laborava em turnos ininterruptos de revezamento, perfazendo em média, 8 horas diárias, nos
seguintes horários: 07:00 às 15:00, 15:00 às 23:00 e 23:00 às 07:00, sem autorização por norma coletiva.
Saliento, por necessário, que referido dispositivo legal não foi derrogado
pelo art. 7º, XIII, da CF/88, que fixa a duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultando a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho, sem nada mencionar quando o trabalho é realizado em
condições insalubres. Idêntico raciocínio é aplicado ao art. 7º, XIV, da Lei Maior.
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Ademais, o art. 7º, XXII, da Constituição da República, garante a redução
dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, nas quais certamente
se insere o art. 60 da CLT.
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Como já assinalado, a ré não apresentou a autorização da Gerência
Regional do Trabalho para aumento da jornada de trabalho em condições de insalubridade.
Nego provimento.
DO INTERVALO INTRAJORNADA
Examina-se.
Sendo assim, é devida 1 (uma) hora extra diária pelo intervalo mínimo
não concedido, bem como seus reflexos.
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Contudo, a partir de 11.11.2017, vigora o art. 71, §4º, CLT com redação
alterada pela lei 13.467/17, segundo o qual, somente é devido o período suprimido de intervalo, bem
como estabelece a natureza indenizatória da parcela.
"(...) que nos turnos de revezamento o autor usufruía apenas 15 minutos de intervalo de
refeição e descanso, não usufruindo intervalo de uma hora para tanto;(...)
Desprovejo.
Examino.
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De antemão, insta frisar que, no caso vertente, ficou configurado trabalho
em jornada noturna nos seguintes turnos: de 15 às 23 horas e de 23 às 07 horas. Ademais, constata-se a
jornada em prorrogação, no turno iniciado às 23h e encerrado às 07h.
De verificar-se que não existem nos presentes autos normas coletivas que
estabeleceram, por exemplo, que o pagamento de adicional noturno de 30% abrangeria o acréscimo
estabelecido no art. 73 da CLT - a remuneração decorrente pelo trabalho nos 07 minutos e 30 segundos
reduzidos na hora noturna e a prorrogação da jornada.
Nego provimento.
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DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT
Sem razão.
Nego provimento.
Examina-se.
O direito à indenização por danos morais encontra amparo nos arts. 186 e
927 do Código Civil de 2002 c/c o arts. 5º, X, e 7º, XXVIII, da Constituição da República.
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também apontou como causa de sofrimento moral o trabalho realizado em condições impróprias,
decorrente da ausência de local apropriado para se realizar as refeições e higiene pessoal.
"(...) que depoente e autor faziam suas refeições na própria área de trabalho, na frente
de serviço, encostando em um canto e almoçando; que os banheiros não eram
higienizados, higiene não tinha nenhuma não, nem papel para usar; havia água para
beber, mas o depoente não sabe informar ao Juízo se era ou não higienizada; alguns
falavam que era água de mina, outros falavam que era água da rua, outros falavam que
era água da lagoa; que raramente o banheiro era higienizado, se limpava, era para o
pessoal do turno administrativo, pois quando chegava a noite para trabalhar "Nossa
Senhora"" (Testemunha Wagner De Souza Betônio - ID. fe1e134).
"que depoente e autor faziam suas refeições na área de trabalho, com condições de
higiene precárias; que havia local para lavar as mãos apenas no vestiário, mas era
longe, não dava tempo de higienizar as mãos para fazer as refeições; os banheiros da
área de trabalho eram horríveis, sempre faltavam água e raramente higienizados; que
às vezes faltava água no bebedouro" (Testemunha Edson Ramon Epifânio - ID. fe1e134).
"os banheiros são higienizados todos os dias, somente no turno administrativo, e, ainda,
somente por uma única vez, geralmente no início do turno administrativo; que em finais
de semana e feriados não há higienização dos banheiros; que já presenciou pessoas
fazendo suas refeições na área de trabalho" (Testemunha Wellington Sidnei Capato -
ID. fe1e134).
Assim, nos termos do art. 223-G da CLT, reputo média a ofensa sofrida
pelo empregado e, considerando a capacidade do empregador, o caráter pedagógico e repressivo, o
salário do reclamante, a natureza do dano causado e o não enriquecimento sem causa à parte, entendo que
deve prevalecer o valor da indenização por danos morais fixado na sentença, no importe de R$5.000,00.
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Quanto à anulação da justa causa, consigno que a simples reversão da
justa causa em dispensa imotivada não dá ensejo, por si só, à condenação da reclamada em indenização
por danos morais. De fato, é essencial para o deferimento da pretensão indenizatória a demonstração
robusta de que o empregador tenha praticado atos diretamente contra a honra do empregado ou que tenha
lhe dispensado tratamento desumano e humilhante.
Em síntese, não houve prática de ato ilícito por parte da reclamada que
pudesse ensejar a condenação ao pagamento de indenização por danos morais no que se refere à reversão
da justa causa em dispensa imotivada.
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Assim, dou provimento, em parte, ao recurso da reclamada para excluir a
condenação ao pagamento de indenização por danos morais, no importe de R$10.000,00, em decorrência
da injusta dispensa por justa causa.
DO PREQUESTIONAMENTO
CONCLUSÃO
ACÓRDÃO
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ordinário interposto pela reclamada; no mérito, sem divergência, deu-lhe provimento parcial excluir a
condenação ao pagamento de indenização por danos morais, no importe de R$10.000,00 (dez mil reais),
em decorrência da injusta dispensa por justa causa. Reduzido o valor atribuído à condenação para R$
25.000,00. Custas pela parte reclamada no valor de R$ 500,00. Autorizada a devolução das custas
processuais ao reclamado (súmula 25, IV do TST), na forma da Instrução Normativa nº 2/2009 da
Secretaria do Tesouro Nacional, que deverá ser requerida junto à Diretoria de Assuntos Orçamentários e
Contábeis do TRT/3ª Região.
VOTOS
Assinado eletronicamente por: Adriana Goulart de Sena Orsini - 27/05/2020 09:41:39 - 58e8b7e
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=20021111312201900000048773481
Número do processo: 0010523-33.2019.5.03.0055
Número do documento: 20021111312201900000048773481