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Prefácio - Lendo Mortimer Adler como Mortimer Adler nos ensina

 Não basta apenas alfabetizar os alunos, mas buscar a melhoria da sua


habilidade literária num processo crescente e constante;
 O autor utiliza e valoriza os clássicos ocidentais como ferramentas;
 Adler idealizou uma matriz com 4 níveis de leitura (elementar,
averiguativo, analítico e sintópico) e 6 gêneros na horizontal, divididos
em 2 grupos:

o livros imaginativos ou ficção: poesia, teatro, prosa;
o livros expositivos ou não ficção: história, ciência e filosofia;
 A interação e o ciclo dos gêneros: "esgotado o potencial apodítico pela
filosofia, a mente humana não tem outra opção a não ser saltar para o
poético", espandindo novas possibilidades!

Prosa <------------ Teatro <------------- Poesia


Poesia <------------> Filosofia <------------- Ciência
Prosa <------------> História -------------> Ciência

Prefácio da edição Americana de 1972

 As mudanças na sociedade: mais pessoas nas universidades, maior


interesse pela não ficção;
 O problema educacional fundamental: ensinar os jovens a ler, buscando
níveis mais elevados e diferenciados;
 O objetivo, para se atingir os propósitos da leitura, é ler coisas diferentes
a velocidades diferentes;

PARTE 1 - AS DIMENSÕES DA LEITURA

1. A leitura: arte e atividade

 O público-alvo do presente livro não são as pessoas que apenas


desejam ler, mas as pessoas que desejam crescer intelectualmente
enquanto lêem;
 Devemos questionar se a comunicação moderna aumenta o
conhecimento, em detrimento da leitura;
 Uma montanha de fatos pode servir de obstáculo para o entendimento:
temos acesso a muitos fatos, mas não ao seu perfeito entendimento;
 A mídia ė projetada para "formar opinião", através do "empacotamento"
de opiniões e informações;

Leitura Ativa

 A leitura é uma "atividade", portanto, toda leitura deve ser ativa, embora
em graus diferentes;
 Quanto maior o esforço na leitura, melhor será o leitor;
 A metáfora do beisebol: o escritor e o leitor são como o "arremessador"
e o "apanhador" (catcher). Ambos são ativos, em maior ou menor grau
(existem bons ou maus escritores ou leitores). Somente a bola (o
escrito) é algo passivo. Existem técnicas para ser um bom apanhador
(leitor);
 A comunicação eficaz ocorre quando aquilo que o escritor quer que seja
recebido de fato o seja pelo leitor;
 O sucesso do leitor será diretamente proporcional àquilo que
APRENDEU do que o autor quis transmitir;

Os objetivos da leitura: ler para se informar e ler para entender

 Há duas relações possíveis entre a mente do leitor e o livro:



o 1. Entendimento perfeito: se o livro foi perfeitamente
inteligível do início ao fim;
o 2. Entendimento imperfeito: o leitor percebe que o livro tem
mais a dizer. A solução é uma só: dedicar-se melhor, sem
auxílio externo, à sua leitura, aumentando o estado de
entendimento;
 Leitura ativa: o processo de leitura por meio do qual a mente se eleva
por conta própria (aumento do entendimento);
 Sentidos da leitura:

o 1. Ler para se informar: é o sentido mais comum de leitura
(jornais, revistas, etc.). É tudo o que é imediatamente
inteligível; Aumenta o estoque de informação, mas não
aumenta o entendimento;
o 2. Ler para entender: é o sentido em que a pessoa tenta ler
algo que em princípio não entende completamente. A coisa a
ser lida é maior que o leitor. Aumenta o entendimento;
Precisamos saber quem são os nossos "superiores" e como
aprender com eles, assim, teremos dominado a arte de
ler. Duas condições para este sentido:
o
 a) o autor deve ser superior ao leitor em
entendimento (novos insights);
 b) o leitor deve ser capaz e superar parcial ou
totalmente essa desigualdade;
o 3. Ler para se divertir: exige menos esforço e não precisa de
regras. Nem todo livro lido para divertimento pode ser lido
para entendimento (o contrário, no entanto, é possível). Não
é esse o objetivo deste livro.

Leitura e aprendizado: a diferença entre ensino e descoberta

 Obter informações é aprendizado, assim como entender aquilo que não se


entendia antes. A diferença entre ambas:
1. Informar-se é simplesmente saber que algo é um fato;
2. Esclarecer-se é saber do que se trata esse fato (por que ele é assim,
conexões com outros fatos e seus aspectos iguais ou diferentes);

Essa diferença é similar a que existe entre:

1. Ser capaz de lembrar de algo (informação): significa que você aprendeu


alguma coisa com a leitura; aprendeu apenas informações; exercitou apenas
a memória; não foi esclarecido;
2. Ser capaz de explicar algo (esclarecimento): além de lembrar o que o autor
escreveu, você foi esclarecido sobre o que ele quis dizer; estar bem
informado é apenas pré-requisito para ser esclarecido; Não se deve
contentar-se em apenas estar bem informado;

para evitarmos esse erro é necessário contemplar a distinção entre tipos de


aprendizado;

 A distinção entre ensinar e descobrir:

1. Ensinar: ato de instruir alguém oralmente ou por escrito; As operações de


aprendizado ocorrem sobre o discurso;
2. Descobrir: processo de adquirir conhecimento sem ser ensinado, através de
pesquisas, investigações, reflexões - sem a ajuda de ninguém; As operações
de aprendizado ocorrem sobre a natureza ou o mundo;

 A descoberta está para o ensino assim como o aprendizado sem professor


está para o aprendizado com professor.

Ensino: descoberta (adquirir conhecimento) com auxílio (lendo ou ouvindo -


comunicação receptiva); ler livros;

Descoberta: descoberta (adquirir conhecimento) sem auxílio; ler a natureza


ou o mundo;

O pensar sempre acontece no ensino e na descoberta, embora em graus


diferentes;

A leitura não exige apenas o pensar, mas também que atuem os sentidos e a
imaginação;

A arte de ler engloba todas as habilidades utilizadas na descoberta sem


auxílio: observação apurada, memória rápida, imaginação fértil e intelecto
treinado para análise e reflexões;

 Ler é descobrir com ajuda.

Professores presentes e ausentes

 Há boas razões para se enfatizar a leitura e deixar a audição em segundo


plano, sobretudo porque ouvir implica aprender com um professor que está
presente, o contrário de ler;
Na audição, as dúvidas são respondidas pelo professor, poupando o trabalho
do aluno de pensar. Porém, se a pergunta for feita ao livro, o próprio leitor
terá que responder. Em último caso a resposta do professor já será uma
pista para colocar o aluno na direção certa;

 Para continuarmos a aprender e descobrir, temos de saber como fazer os livros


nos ensinarem

2. Os níveis de Leitura

 Há 4 níveis (os superiores englobam os inferiores) de leitura:

1. Leitura elementar (básica, rudimentar, inicial): alfabetização;


2. Leitura inspecional: caracterizado pelo fator tempo; extrair o máximo de um
livro pela superfície (folha de rosto, prefácio, orelhas, capa e contra-capa,
índice remissivo, alguns parágrafos que apresentam resumo) em um período
limitado de tempo;
3. Leitura analítica: a leitura propriamente dita, plena, completa, em um período
ilimitado de tempo; ler um livro analiticamente significa mastigá-lo e digeri-lo;
não é necessária se o objetivo for apenas informar-se ou divertir-se;
4. Leitura sintópica: tipo mais completo, sistemático e exigente, mesmo com
livros fáceis e rudimentares; pode ser chamado de leitura comparativa;
implica a leitura de muitos livros, ordenando-os para um assunto; vai além,
entretanto, da mera comparação, chegando a desenvolver uma análise que
talvez não esteja em nenhum dos livros.

3. A leitura elementar

 A preocupação das autoridades públicas com a alfabetização. As


pesquisas nesse campo são efeito de três movimentos históricos:

1. O esforço contínuo dos EUA em educar todos os cidadãos (um dos


pilares da democracia, o qual produziu resultados fabulosos;
2. A alfabetização em si e a evolução dos seus métodos (fônico, visual,
etc.);
3. Nas últimas décadas as falhas nos métodos tem chamado mais
atenção que o sucesso, devido a crescente população de estudantes
nos níveis médio e superior;

Os estágios da alfabetização

1. Prontidão para a leitura: do nascimento até sete anos (maternal à pré-


escola); pressupõe prontidões física (boa visão e audição, intelectual
(grau mínimo de percepção visual para aprender e lembrar), linguística
(falar com clareza com frases ordenadas) e pessoal (boa interação
com outras crianças, atenção e obediência). Não preocupar-se com
atrasos no aprendizado;
2. Domínio vocabular: primeiro e segundo anos (primeiro grau de
alfabetização); passam a ver sentido nos símbolos impressos (feito
intelectual mais impressionante que qualquer ser humano é capaz de
desempenhar; este, é um fenômeno ainda não explicado);
3. Rápido progresso vocabular e utilização de contextos : alfabetização
funcional; 4.º ano do Ensino Fundamental; as crianças percebem que
ler não é apenas uma atividade escolar, mas que pode ser realizada
por conta própria, por divertimento e curiosidade;
4. Desenvolvimento e Aperfeiçoamento: estágio maduro de leitura;
capacidade de transportar conceitos de um texto a outro e comparar
visões diferentes de autores; no final do ensino fundamental (9.º ano);
fase a partir da adolescência até o fim da vida; nem todas as crianças
atingem esse estágio;

Estágios e Níveis

 Os quatro estágios de alfabetização fazem parte apenas do primeiro


nível de leitura e, em geral, são concluídos com a ajuda de
professores. Somente após o domínio desses estágios da leitura
elementar é que se pode adentrar em níveis mais elevados;

Os níveis superiores de leitura e o ensino médio

 A instrução na arte de ler é negligenciada nos ensinos médio e superior;


 Alguns cursos de leitura dinâmica são apenas terapêuticos, tratando
etapas do nível elementar, sem adentrar em níveis superiores;
 O ensino médio deve produzir alunos competentes na leitura nalítica e o
superior, na leitura sintópica (ler qualquer assunto em geral e
empreender pesquisas independentes);
 Às vezes, nem mesmo após 4 anos de pós-graduação os alunos
conseguem atingir o nível da leitura sintópica;

A leitura e o ideal democrático da educação

 Dar acesso educacional ilimitado (ou seja, limitado somente pelos


desejos, habilidades e necessidades) é o serviço social mais valioso;
 Ser mais que uma nação de alfabetizados funcionais, mas composta por
leitores competentes;

4. A leitura inspecional

 É um nível de leitura utilizado no intuito de descobrir informações e


insights gerais num curto intervalo de tempo; Dois tipos (ou aspectos):
pré-leitura (sondagem sistemática) e leitura superficial;

Leitura inspecional I: Pré-leitura ou sondagem sistemática


 Primeiro subnível de leitura inspecional. Objetiva sondar para conhecer
o conteúdo e o tipo de livro, ajudando a decidir se vale a pena a sua
leitura mais dedicada; Imagine-se como um detetive em busca de
pistas sobre o livro.
 Sugestões úteis para adquirir o hábito da pré-leitura:

1. Examine a folha de rosto e o prefácio: atenção ao título e subtítulo;


2. Examine o sumário: conhecer a estrutura geral, como um mapa de
viagem;
3. Consulte o índice remissivo: atenção aos tópicos e tipos de livros
citados;
4. Leia a contracapa (e orelhas) e a sobrecapa: indícios sobre a
importância (ou não) da obra; Ao fim desses 4 passos, se o livro não
for colocado de lado, sonde com mais profundidade através das
sugestões seguintes:
5. Examine os capítulos que lhe pareçam centrais ao argumento do
autor: foque em pequenas sinopses em suas páginas iniciais ou finais;
6. Folheie o livro: detenha-se em trechos fundamentais e nas partes
finais do livro (epílogo), onde, geralmente, encontramos um breve
resumo;

Leitura inspecional II: Leitura superficial

 Ao encarar um livro difícil pela primeira vez, leia-o sem parar, isto é, leia-
o sem se deter nos trechos mais espinhosos e sem refletir nos pontos
que ainda permanecem incompreensíveis;

Preste atenção àquilo que lhe seja compreensível;

Consultar dicionários e notas de rodapé e demais fontes secundárias


atrapalham quando feitas de forma prematura;

Ao concluir a primeira leitura, você decidirá se vale a pena fazer a


leitura em um nível mais profundo e mesmo que não a faça, já terá
assimilado pelo menos a obra de forma parcial;

 Alguns livros não favorecem o entendimento de tudo na primeira leitura;

A velocidade da leitura

 Os dois passos da leitura inspecional devem ser realizados com rapidez;

As pessoas devem aprender a ler mais rápido do que já leem.

Há determinadas leituras que não valem a pena a perda de muito


tempo;

O ideal não é apenas saber ler rápido, mas a saber ler a diferentes
velocidades, de acordo com o que merece a obra;
 Pode existir variação na velocidade da leitura em um mesmo livro, de
acordo com certos trechos;

Fixações e retrocessos

 Técnicas de leitura dinâmica:


 Evitar subvocalizar durante a leitura;
 Evitar movimentar muito o olhar, lendo palavras isoladas ou pequenos
grupos de uma só vez através de saltos;
 Evitar retroceder às frases lidas anteriormente;
 Ler utilizando dois dedos percorrendo a linha um pouco mais rápido que
os olhos estão acostumados, para estabelecer uma maior velocidade
de leitura;

A questão da compreensão

 Existe uma tese na leitura dinâmica que garante que o aumento na


velocidade da leitura favorece ao aumento da compreensão do texto,
haja vista a necessidade de uma maior concentração ao acompanhar
a marcação dos dedos na linha;

Um bom leitor lê de forma concentrada (concentração também é uma


atividade);

Existem, entretanto, leituras em que a concentração, sozinha, não é


suficiente para levar à compreensão, portanto, não adequados para o
uso da leitura dinâmica;

 A leitura dinâmica depende do discernimento dos níveis de leitura


necessários para uma melhor compreensão do texto;

Resumo da leitura inspecional

 A sondagem sistemática serve para preparar o leitor analítico para


responder as perguntas do primeiro estágio dessa leitura;
 Aleitura superficial responde as perguntas dos estágios seguintes e é
oprimeiro passo para a interpretação do conteúdo do livro;

5. A arte da leitura exigente

 Se o objetivo da leitura for aproveitar o livro e crescer em conhecimento,


mesmo em condições relaxantes que levariam ao sono, à noite, o
leitor permanece acordado, numa leitura ativa; bons livros merecem
esse esforço!
 Bons leitores tem plano de leitura, são exigentes, mantém a mente
focada e ativa;
A essência da leitura ativa: as quatro perguntas básicas

 A prescrição principal para a leitura ativa é fazer perguntas enquanto lê -


perguntas as quais você mesmo deve tentar responder ao longo da
leitura:

1. O livro fala sobre o quê? (qual o tema central e qual a estrutura de


desenvolvimento do tema)
2. O que exatamente está sendo lido, e como? (argumentação principal
da mensagem do autor)
3. O livro é verdadeiro, em todo ou em parte? (formar juízo sobre o livro)
4. E daí? (analisar se as informações fornecidas pelo livro são
importantes para você)

 Um leitor exigente tem o hábito de fazer perguntas!

A leitura inspecional tende a fornecer respostas às duas primeiras


perguntas;

 A leitura analítica não terá sido eficaz se o leitor não conseguir


responder às duas últimas perguntas;

A arte de tomar posse de um livro

 As respostas às quatro perguntas básicas devem ser respondidas de


forma escrita, como um símbolo de vivacidade da leitura;

Anotar no livro dá um ar de que o leitor tomou posse realmente do


livro;

As anotações podem ser não apenas resumos da obra mas também


referências, opiniões e dúvidas do próprio leitor;

 Razões pelas quais anotar no livro é indispensável:

1. Essa atividade manterá o leitor desperto, consciente e alerta;


2. ler é pensar e o pensamento tende a se expressar em palavras (não
conseguir expressar em palavras significa que o ato de ler foi
superficial);
3. Ajuda a lembrar das idéias e pensamentos do autor;

 A leitura do livro tem de ser uma conversa entre o leitor e o autor. O


leitor deve perguntar a si próprio e ao seu mestre (o autor);
 Técnicas de anotações inteligentes e proveitosas:

1. Sublinhar os trechos principais;


2. Traçar linhas verticais nas margens (enfatizar trechos);
3. Fazer asteriscos ou outras marcas nas margens;
4. Inserir números nas margens (passos de um raciocínio ou de
argumentos);
5. Inserir números de outras páginas nas margens (referências de
trechos para amarração do livro);
6. Circular palavras-chave ou frases;
7. Escrever nas margens das páginas (registrar perguntas, pontos
centrais, etc.);

 Muitos leitores usam páginas em branco iniciais (registro do raciocínio


do leitor) e finais (registrar um índice pessoal);

Os três tipo de anotações

 Cada tipo de anotação dependerá do nível da leitura;


 Na leitura inspecional, devido ao curto tempo, podem ser feitas algumas
anotações estruturais (mais adequadas no sumário ou folha de rosto)
sobre as perguntas básicas:

1. Que tipo de livro é este?


2. O que ele diz de modo geral?
3. Qual a ordem estrutural do desenvolvimento do assunto?

 Na leitura analítica as anotações serão conceituais;


 Na leitura sintópica, as anotações poderão referenciar:

1. Outras páginas do livro;


2. Páginas de outros livros;
3. O perfil do debate (anotações dialéticas; geralmente, por ser mais
extensas, feitas em papéis separados;

Formando o hábito da leitura

 Toda arte ou habilidade somente é adquirida pelas pessoas que formam


hábito de realizar regras específicas (é necessário conhecê-las);

Um hábito (gerador de facilidade e prontidão) é formado realizando-o;

 Conhecer as regras não é a mesma coisa que possuir os hábitos para


praticá-las (estar apto para realizar uma tarefa);

Muitas regras em um hábito

 Ler é como esquiar: apesar de ter sido ensinado sobre as regras,


somente a prática (após muitas quedas e humilhações) levará à
perfeição;
 A multiplicidade das regras indica a complexidade do hábito a ser
formado, e não a pluralidade de hábitos distintos: em primeiro lugar,
deve-se se especializar em cada uma das regras para, somente
depois disso, poder aglutiná-las e realizá-las como se fossem uma só
atividade, de forma perfeita, coerente e natural.
PARTE 2 - O TERCEIRO NÍVEL DA LEITURA: A LEITURA ANALÍTICA

6. A classificação de um livro

 As regras aqui descritas podem ser aplicadas (em graus diferentes de


perfeição) a todo tipo de literatura (quaisquer graus diferentes de
complexidade);

A importância da classificação de livros

 REGRA 1 da leitura analítica: Você tem de saber qual tipo de livro está
lendo e deve saber o mais cedo possível; antes de começar a lê-lo, de
preferência (é uma obra de ficção (fácil de identificar) ou expositiva?);
 Livros expositivos são aqueles que transmitem, sobretudo, e de modo
geral, conhecimento. Existem, entretanto, diversos tipos de livros
expositivos (tipos de instrução que transmitem) e tal classificação
também é necessária;

O que você pode aprender com o título do livro

 A análise do título do livro pode fornecer informações essenciais sobre o


livro antes mesmo do início da sua leitura, podendo, inclusive ajudar
ao leitor no agrupamento de livros;

Livros práticos versus livros teóricos

1. O prático (ação, ciência aplicada, conhecer o que devia fazer ou como


fazer algo): tem a ver com aquilo que funciona, no curto ou no longo
prazo; engloba todas as obras sobre artes (aquilo que é feito com
regras) a serem aprendidas e todos os manuais e guias (títulos a arte
de ou como, geralmente são de livros práticos); Ex.: ética, política,
culinária, medicina, economia;
2. O teórico (conhecimento, ciência pura, conhecer o que): ocupa-se com
coisas a serem vistas ou entendidas;

 O conhecimento pode tornar-se algo prático, para isso, temos de passar


do qual a causa para o que fazer com isso se quisermos chegar a
algum lugar, ou seja, "conhecer o que" (teóricos) X "conhecer como
fazer algo" (prático);

Sobre essa classificação, devemos reconhecer que existe diferença


entre um discurso político e um tratado sobre política, entre
propaganda econômica e análise de problemas econômicos;

 Podemos encontrar livros com graus equivalentes de elementos práticos


e teóricos;

Tipos de livros teóricos


 Subdivisão tradicional de livros teóricos: história, ciência e filosofia;
 Livros de História: os títulos já os denunciam; a sua essência é a
narração; narrativa de eventos ou coisas que não só existiram no
passado, mas sofreram mudanças ao longo do tempo; a História é
cronotópica (tempo-lugar);
 Livros de Ciência: lidam com situações que podem ocorrer a qualquer
tempo e em qualquer lugar; busca leis e generalizações; o seu
objetivo é descobrir como as coisas acontecem; a palavra ciência às
vezes aparece no título, mas o comum é o assunto abordado
(psicologia, contabilidade, etc.);
 Livros de Filosofia: semelhante à Ciência (alguns assuntos são
reivindicados por ambas) e distinta da História, pois busca verdades
gerais e não relatos de eventos específicos; não faz as mesmas
perguntas ou utiliza os mesmo métodos da Ciência; geralmente,
enfatiza aspectos que estão dentro do escopo de suas experiências
diárias (experiências de pessoas comuns em seu dia a dia);

Enquanto a Ciência depende de experimentos e observações em


laboratório, a Filosofia é considerada uma atividade puramente mental
(embora tais características não sejam exclusivas);

 É importante essa classificação para se aplicar diferentes métodos tanto


para o ensinar quanto para o ser ensinado, além de interferir de forma
mais imediata no interesse geral do leitor em uma obra específica;

7. Como radiografar o livro

 Todo livro tem um esqueleto por trás da capa (superfície, carne),


cabendo ao leitor identificar essa estrutura rígida e essencial;
 REGRA 2 da leitura analítica: Expresse a unidade do livro em uma única
frase, ou no máximo em algumas poucas frases (um parágrafo curto);
o livro, como um todo, é sobre o quê?
 REGRA 3 da leitura analítica: Exponha as partes principais do livro e
mostre como elas estão ordenadas em relação ao todo, ordenando-as
umas às outras e à unidade do todo; (a unidade complexa do livro
possui uma multiplicidade organizada);

Tramas e complôs: como expressar a unidade de um livro

Após tomar conhecimento da trama (unidade da narrativa) o leitor pode alocar


as partes em seus devidos lugares;

Muitas vezes o autor facilita a identificação da trama (Plano da Obra), inclusive


através do Prefácio;

Muitos leitores desprezam a regra de leitura (alguns por falta de habilidade)


que os direciona a resumir o Plano da Obra com as suas palavras, de forma
concisa;
Os resumos feitos pelos autores, entretanto, não devem ser admitidos como
absolutos, haja vista que as impressões sobre a unidade de uma obra podem
variar;

Dominando a multiplicidade: a arte de delinear um livro

O leitor deve delinear as partes de um livro, tratá-las como se fossem “todos”


subordinados, cada um contendo a sua própria unidade e complexidade. Deve
dizer como o autor apresenta o assunto distribuído em partes. Tal regra
demanda tempo e esforço, portanto, não é adequada para todas as leituras;

Ler e escrever: as artes recíprocas

As duas regras apresentadas também são utilizadas na escrita, embora de


formas diferentes;

O leitor tentará revelar o “esqueleto” (unidade da leitura). O autor inicia sua


obra com o esqueleto para tentar ocultá-lo com “carne” (revestir a obra com
detalhes e partes que compõem a unidade);

Todo texto precisa ter unidade, clareza e coerência;

Como descobrir as intenções do autor

REGRA 4: descubra quais foram os problemas do autor.

É uma ótima regra para aplicar a livros difíceis;

Devem ser formuladas perguntas de maneira breve para identificar os


problemas do autor;

O primeiro estágio da leitura

Não se deve encarar o termo “estágio” de maneira cronológica, apenas;


O PRIMEIRO ESTÁGIO DA LEITURA ANALÍTICA, OU AS REGRAS PARA
DESCOBRIR SOBRE O QUE É O LIVRO:

1. Classifique o livro de acordo com o título e assunto;


2. Expresse a unidade do livro da maneira mais breve possível;
3. Enumere suas partes principais em ordem e relação, e esboce essas
partes assim como esboçou a unidade;
4. 4. Defina o problema ou os problemas que o autor busca resolver;

8. Chegando a um acordo com o autor

O segundo estágio da leitura analítica também é composto por 4 regras.

Palavras versus termos

O termo é um significado específico de uma palavra (pode haver outra palavra


que signifique o mesmo termo). As palavras são ambíguas;

REGRA 5: Encontre as palavras importantes e, por meio delas, entre em


acordo com o autor;

O aspecto gramatical das regras lida com as palavras. O aspecto lógico lida
com o sentido (termos);

Como encontrar as palavras-chave

A maioria das palavras no texto não são importantes;

Estar ciente de que os autores usam a maioria das palavras de forma coloquial,
facilitando o trabalho de identificar as palavras principais e aquelas que estão
apenas relacionadas a elas;

É impossível localizar as palavras-chave sem o entendimento dos trechos;

Geralmente, as palavras mais importantes são aquelas que incomodam o leitor


(palavras não coloquiais);
Palavras técnicas e vocábulos especiais

Perceber a ênfase explícita dada a uma palavra, através de sinais tipográficos


(aspas, etc.) ou discutindo os seus vários sentidos;

É importante distinguir o vocabulário técnico (palavras-chave, nesse caso) do


trivial, em algumas obras;

Outra técnica é observar quando o autor entra em discussão sobre uma


palavra;

O vocabulário especial do autor  é formado por pequeno número de palavras


que expressam as suas idéias principais;

O leitor precisa marcar as palavras que não entende;

A maioria das pessoas está viciada na leitura passiva (desatenção nas


palavras, não chegando a um “acordo” com o autor);

Como encontrar os sentidos

1. Localizar as palavras importantes;


2. Identificar se tais palavras estão sendo usadas com mais de um
sentido no texto (nesse caso, o leitor deve analisar o contexto em que
cada sentido foi inserido, relacionando-os);

O caminho para identificar o sentido de uma palavra é analisando as outras


palavras que você entende e que estão no contexto;

Considere as definições das palavras operando com as palavras que você já


conhece das definições delas (montar um quebra-cabeças: uma palavra no
lugar certo é um termo);

Um termo pode ser expresso por uma palavra ou por uma expressão;

A probabilidade de uma expressão ser ambígua é menor que a de uma


palavra;
9. Como especificar a mensagem do autor

A proposta do livro é uma expressão do julgamento sobre alguma coisa. Ele


confirma ou nega algo;

O autor procura apresentar argumentos sobre as suas opiniões;

Há vários tipos de argumentos: sobre algo ser verdadeiro; defender uma


probabilidade; etc.;

A presença de argumentos é indicada por expressões como: por causa, então,


dado que, portanto, etc.;

Progredimos de termos para propostas e destas para argumentos;

Frases versus proposições

Frases e parágrafos são unidades gramaticais, de linguagem;

Proposições e argumentos são unidades lógicas, de pensamento e


conhecimento;

Uma frase pode conter várias proposições;

REGRA 6: Marque as frases mais importantes do livro e descubra as


proposições que elas contém;

REGRA 7: Localize e formule os argumentos básicos do livro com base nas


conexões entre frases;

Como encontrar as frases-chave

Há, realmente, poucas frases importantes no livro, as quais expressam o


julgamento sobre os quais o livro se baseia (são lidas em uma velocidade
menor que as frases menos importantes);
As frases mais importantes possuem várias palavras-chave marcadas;

Como encontrar as proposições

Encontrar as frases principais;

Descobrir as proposições em cada frase (o que a sentença quer dizer);

Termo: o sentido de uma palavra no contexto;

Proposições: o sentido de uma frase no contexto;

É necessário o conhecimento de gramática (análise sintática) para identificar as


proposições;;

Duas diferenças entre encontrar termos e proposições:

1. Nas proposições, o contexto é mais amplo que nos termos (frases


      
vizinhas X palavras vizinhas). A elucidação é gradual em ambos os
casos;
2.       As frases complicadas normalmente expressam mais de uma
proposição;

Testes para comprovar se as proposições foram identificadas:

1. Teste 1: É necessário o leitor enunciar com as próprias palavras


      
(não usando as palavras do autor); caso não consiga, houve a
transmissão apenas de palavras, não dos pensamentos e
conhecimento do autor;
2.       Teste 2: Indicar alguma experiência pessoal ou um exemplo
específico da regra geral apresentada na proposição;

Vício do verbalismo: o leitor apenas brinca com as palavras, sem aprofundar no


pensamento e no conhecimento;

Como encontrar os argumentos


Sobre a sétima regra: Os argumentos, diferentemente dos termos e
proposições, não guardam relação com uma unidade (estrutura) reconhecível
no texto. Podem ser expressos em parágrafos curtos ou longos, em partes
diversas do texto; O que importa é a relação “linguagem e pensamento”;

Há vários parágrafos em um texto que não expressam argumentos. Um sinal


disso é que podem ser lidos mais rápidos que os demais, argumentativos;

Nova descrição da REGRA 7: encontre, se puder, os parágrafos que


expressam os argumentos importantes do livro; mas se os argumentos não
puderem ser encontrados dessa maneira, você terá de construí-los, juntando
frases de diversos parágrafos, até que consiga compor uma sequência de
frases que enunciem as proposições que compõem os argumentos.

Em vez de escrever cada parágrafo, o mais comum é anotar nas margens do


livro, os números das páginas (ou usar outras marcas) referentes as frases que
compõem os argumentos;

Autores podem tornar os parágrafos que compõem os argumentos, mais


difusos;

A leitura inspecional poderá ter ajudado o leitor a identificar resumos em


determinados capítulos, facilitando a identificação dos argumentos;

É necessário adquirir o hábito de explicitar todos os passos do argumento;

A missão do leitor: identificar os argumentos do autor e expô-los em poucas


palavras;

Há argumentos construídos sobre outros, ou seja, uma coisa pode ser provada
para se provar outra coisa;

Indicações úteis:

1. Todo argumento consiste em uma quantidade específica de


      
afirmações. Algumas delas fornecem razões para o leitor concordar ou
discordar do autor;
2.       Raciocínios indutivos apontam para fatos. Raciocínios dedutivos
apontam para afirmações;
3.       Ficar atento aos que são suposições, provas e auto evidências;

Axiomas, suposições e postulados são necessários para provar proposições;

Uma linha de raciocínio pode começar de duas maneiras:

1. Suposições: acordo entre autor e leitor;


      
2. Proposições auto evidentes: inegáveis pelo autor e pelo leitor; são
      
verdades indemonstráveis, parte do conhecimento espontâneo;

Tautologia: a proposição está contida na definição das palavras usadas;

Como encontrar as soluções

O último passo para se descobrir a essência  do livro é descobrir os principais


problemas que o autor tenta responder (REGRA 4): o autor realmente resolveu
o problema ou criou novos?

REGRA 8: Descubra quais são as soluções do autor

Após permanecer calado, apenas “ouvindo”, o leitor agora poderá “debater”


com o autor.

O segundo estágio da leitura analítica

RESUMO do segundo estágio da leitura analítica, ou regras para descobrir o


que diz o livro (interpretação do conteúdo):

1. Chegue a um acordo com o autor, interpretando suas palavras-chave;


2. Capte as proposições principais, encontrando as frases mais
importantes;
3. Entenda os argumentos do autor, encontrando-os ou compondo-os
com base em conjuntos de frases;
4. Determine quais problemas o autor conseguiu resolver e quais ele não
conseguiu resolver; neste caso, decida se ao autor sabe que
fracassou ao não resolvê-los.

10. Como criticar um livro

O leitor é aquele que dá a palavra final, após ter ouvido o autor;

A etiqueta intelectual deve ser observada com rigor (ouvir os argumentos com
mente aberta e, somente depois, emitir o seu parecer);
O leitor tem a obrigação de responder ao autor, através de um julgamento
justo;

A leitura não acaba no entendimento, mas na crítica final do leitor;

O ensinamento é uma virtude

O terceiro estágio da leitura analítica é a resposta ao autor;

Se o leitor não alcançar o entendimento e igualar-se o autor no assunto, a sua


crítica a ele poderá ser injusta;

Ensinamento não é o mesmo que subserviência;

O leitor mais capacitado a aprender é o mais crítico dos leitores;

O papel da retórica

A retórica está relacionada a todas as situações de comunicação entre os


homens (saber como persuadir);

Se queremos nos comunicar, desejamos também convencer o ouvinte (fim


último da comunicação);

Ser espectadores responsivos (tomar decisões) e responsáveis (acompanhar o


que foi dito);

A importância de suspender o julgamento

Gramática, lógica e retórica são as três artes que cooperam no processo de


escrita e leitura;

REGRA 9: você tem de dizer com razoável grau de certeza “eu entendo” antes
que possa dizer “concordo” ou “discordo” ou “suspendo o julgamento”.
Criticar não significa discordar;
Críticas que não se baseiam em um entendimento genuíno devem ser
ignoradas;
O leitor que ainda não tiver entendido um bom livro, deve permanecer nos dois
primeiros estágios de leitura;
Concordar ou discordar de um livro também devem estar baseados no livro
como um todo ou em outros livros que complementam o entendimento do
assunto;

Por que é importante evitar controvérsias

REGRA 10: Quando discordar, faça-o de maneira sensata, sem gerar disputas
ou discussões
O mais importante não é vencer um debate, mas aprender a verdade;
O leitor que aborda um livro em posição de simples antagonista só vai ler
aquilo que discorda;
O leitor que se sente sempre compelido a concordar com o autor está sendo
levado por problema emocional e não intelectual;

Como resolver discórdias

1.º Preceito: entender para discordar;


2.º Preceito: não discordar insensatamente;
3.º Preceito: não encarar as discórdias de forma desesperançada (ambas as
partes devem trabalhar com a suposição de que podem chegar a um
entendimento á luz da razão);
As discórdias são fomentadas pela emoção e pelos interesses próprios. Tais
obstáculos podem ser superados pela racionalidade;
A desigualdade de conhecimento pode ser causa de discórdia e pode ser
curada pelo ensino;
Uma ocasião para ensinar também o é para ser ensinado;
A discórdia não deveria ser uma questão de opiniões (um pingue-pongue onde
ninguém marca ponto), mas de conhecimento;
1. O leitor deve diferenciar conhecimento de opinião;
2. Se for tenaz, o leitor poderá ser ensinado e mudar a sua opinião;
3. Se não mudar de opinião (fornecendo razões para isso), após ser ensinado,
poderá estar justificado na discordância com o autor, o qual provavelmente não
expressou conhecimento, mas apenas opinião, e deveria, assim, ser instruído
pelo leitor;
Há leitores que guardam livros apenas para extrair citações de autores, sem
fazer a sua devida crítica. Dessa forma, ele julga o autor (do qual é admirador),
não o livro;
REGRA 11: Respeite a diferença entre conhecimento e opinião fornecendo
razões para quaisquer julgamentos críticos que fizer;

O conhecimento consiste nas opiniões que podem ser defendidas (desde que
existam evidências objetivas. Sem estas, são meras opiniões formadas por
preconceitos e sentimentos pessoais);

11. Concordar com o autor ou discordar?


A primeira coisa que o leitor tem de dizer é se entendeu (para dizer algo) ou
não (para calar-se e concentrar-se no livro);

O não entendimento pode ser por causa do autor, o que deve ser demonstrado
(que o livro é ininteligível);

A leitura analítica termina quando o leitor entende (chega a um acordo com o


autor) e concorda com o autor (foi convencido, persuadido por ele); Havendo
discórdia, haverá passos adicionais.

Preconceito e julgamento

Condições para uma conversa (leitura) inteligente e proveitosa:

1. Identificar e reconhecer o que são apenas emoções;


2. Explicitar suas premissas e pressuposições (preconceitos), admitindo
que o outro também possa ter as suas; as premissas não devem ser o
objeto da boa discórdia;
3. Buscar ser imparcial (sem cegueiras partidárias); procurar assumir o
ponto de vista do outro, ouvindo-o (lendo) de forma simpática;

Como julgar a solidez do autor

Os quatro comentários (discórdias) que o leitor poderá fazer ao autor, após


dizer “entendi, mas não concordo”:

1. Você está desinformado (em relação a ausência de conhecimentos


que sejam relevantes em relação ao assunto;
2. Você está mal informado (não apenas falta o conhecimento - o que
impediria conclusões, mas há afirmações falsas que levam a
conclusões incorretas);
3. Você é ilógico, sem raciocínio e incoerente (falacioso ao raciocinar, de
duas formas: non sequitur - conclusão sem vínculo com as razões
oferecidas; e inconsistência - afirmações incompatíveis entre si);
4. Sua análise está incompleta (aqui, o leitor admite que não encontrou
razões para discordar do autor, portanto, obriga-se a concordar com
ele; tem a ver com a estrutura do livro; o autor não resolveu o
problema por completo;

Como julgar o grau de completude de um autor


O leitor precisa apontar onde está a falha na completitude do autor;

Não é base para discórdia, mas apenas uma constatação de limitações do


autor, mas pode ser base para “suspensão do julgamento”;

É muito proveitoso para o leitor confrontar livro correlatos, identificando entre


eles os graus de completude;

O terceiro estágio da leitura analítica

Resumo:

I - Primeiro estágio da leitura analítica: regras para descobrir o conteúdo

1. Classifique o livro de acordo com o tipo e o assunto.

2. Diga sobre o que é o livro como um todo, com a máxima brevidade possivel.

3. Enumere as partes principais em sua devida ordem e relação, e delineie


essas partes assim como delineou o todo.

4. Defina o problema (ou os problemas) que o autor buscou solucionar.

II - Segundo estágio da leitura analítica: regras para interpretar o conteúdo

5. Entre em acordo com o autor, interpretando as palavras-chave do livro.

6. Apreenda as proposições principais, estudando as frases mais importantes.

7. Identifique os argumentos, encontrando-os ou construindo-os com base em


sequências de frases.

8. Determine os problemas que foram resolvidos e os que não foram


resolvidos; quanto a estes últimos, verifique se o autor está ciente de que não
conseguiu resolvê-los.

III - Terceiro estágio da leitura analítica: regras para criticar o conteúdo

A. Preceitos da etiqueta intelectual

9. Não critique até que tenha completado o delineamento e a interpretação do


livro. (Não diga que concorda, discorda ou que suspende o julgamento até que
tenha dito "entendi”.)
10. Não discorde de maneira competitiva.

11. Demonstre que reconhece a diferença entre conhecimento e opinião


pessoal apresentando boas razões para qualquer julgamento crítico que venha
a fazer.

B. Critérios especiais para o exercício da crítica

12. Mostre onde o autor está desinformado.

13. Mostre onde o autor está mal informado.

14. Mostre onde o autor foi ilógico.

15. Mostre onde a análise ou a explicação do autor está incompleta.

(Nota: dos quatro últimos critérios, os três primeiros servem para os casos em
que há discórdia. Se não servirem, então você tem de concordar com o livro,
ao menos em parte, embora possa suspender o julgamento do todo com base
no último critério.)

Atualmente, a verdade contida no livro está deixando de ser critério de


excelência, sendo preterido por níveis de sensacionalismo, poder de sedução,
distração, etc.;

“O livro é verdadeiro? E daí?” Essa última pergunta deixa de fazer sentido e a


leitura analítica é imperfeita;

Ler pouco, mas ler bem;

Ler cada livro de acordo com seus méritos: de forma inspecional ou analítica?

12. Materiais de apoio

Leitura intrínseca: o livro que se lê;

Leitura extrínseca: livro lido com vistas a outro livro;

O ideal é que o leitor busque ajuda externa (leitura extrínseca) somente após
ter se esforçado ao máximo usando as regras da leitura intrínseca e, mesmo
assim, o livro, ou partes dele, lhe permanecer ininteligível;

O papel da experiência relevante


Há dois tipos de experiências relevantes (ajudam a identificar se o livro é
verdadeiro ou falso):

1. Experiência comum: comum à maioria das pessoas (não precisa ser


universal, embora esteja ao alcance de todos). É mais relevante para
livros de ficção e filosofia. (Ex.: ter pais - comum à maioria das
pessoas, etc.);
2. Experiência especial: ao alcance somente daqueles que se esforçam
para alcançá-la. É mais relevante para livros científicos. (Ex.: testes
em laboratório - somente algumas pessoas vivem essa experiência);

Para livros de História, ambas as experiências são relevantes, haja vista que a
matéria envolve fatos comuns (narrativas) mas também experiências únicas do
autor (pesquisa de campo, por exemplo);

O teste mais seguro para o leitor saber se está utilizando as suas experiências
de maneira adequada é ele dar um exemplo concreto de um aspecto do livro
que ele crê que entendeu.

Outros livros como apoios extrínsecos à leitura

É desejável que o leitor leia outros livros correlatos como apoio extrínseco,
ampliando o seu conhecimento, sobretudo em relação aos clássicos.

Um princípio básico da leitura extrínseca: ler os livros correlatos numa ordem


cronológica de lançamento, haja vista que os autores são influenciados por
outros que vieram antes deles (regra mais adequada para História e Filosofia);

Os livros correlatos fazem parte de um contexto maior, que ajudam a


interpretar o livro que se está lendo;

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