Texto complementar

Para muitos historiadores, o

A REVOLUÇÃO CUBANA
Desde 1898, quando Cuba se tornou independente da
CHE (filme em
 duas partes).
Espanha, até 1959, quando era governada pelo ditador Direção: Steven Soderbergh.
Fulgêncio Batista, o governo cubano sempre contou com França/Estados Unidos/
o apoio dos Estados Unidos. A economia do país, baseada Espanha, 2008. Duração:
134 min. (primeira parte) e
na agroindústria açucareira, era totalmente dependente das
127 min. (segunda parte).
importações e dos capitais estadunidenses. A obra Che é um filme
biográfico que conta a história
Entre 1956 e 1959, um movimento guerrilheiro, liderado
da Revolução Cubana e da
por Fidel Castro e Ernesto “Che” Guevara, entre outros,
trajetória de Ernesto “Che”
Guevara. A primeira parte,
tomou o poder em Cuba. Os líderes cubanos implantaram
intitulada “Che: o argentino”,
um novo governo, que confiscou e estatizou propriedades aborda os acontecimentos
estadunidenses e realizou a reforma agrária. Dois anos da revolução e a derrubada
do governo de Fulgêncio
depois, em 1961, Cuba se proclamou um país socialista.
Batista. A segunda parte,
Em abril do mesmo ano, com o objetivo de derrubar o intitulada “Che: a guerrilha”,
governo revolucionário de Fidel Castro, o governo dos Esta- concentra-se na vida de
Che após a Revolução
dos Unidos tentou invadir a Baía dos Porcos, no sul de Cuba. Cubana, apresentando,
No entanto, a ação fracassou, aumentando ainda mais as
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
assalto ao quartel de Mon-
cada, que ocorreu em 1953,
pode ser considerado o mar-
co inicial do processo revo-
lucionário cubano.
A Revolução Cubana, ge-
rada da ditadura de Batista,
não é um evento pontual. Ela
não ocorre no ano novo de
1959, com a destituição do
ditador e instituição de um
governo socialista. Antes,
é um acontecimento inicia-
do em 26 de julho de 1953,
quando Fidel Castro, desde o
início o nome maior do movi-
mento, lidera pouco mais de
uma centena de homens no
Assalto ao Quartel Moncada,
naquela que foi a primeira
tentativa real de oposição
armada a Fulgencio Batis-
ta. Essa tentativa de putsch
contra a segunda maior for-

inclusive, o discurso que o

revolucionário fez em 1964 taleza militar do país ainda
tensões entre os dois países. A tentativa de invasão levou
na ONU, em Nova York. não carrega em si a fagulha
Cuba a estabelecer, em 1962, uma aliança com o regime de do Comunismo. Tratava-se
Moscou, que se concretizou com a instalação de mísseis de um movimento nacional-
-democrático [...] direcionado
soviéticos na ilha caribenha.
contra o regime ditatorial de
O governo dos Estados Unidos reagiu decretando o blo- Batista e o domínio imperia-
queio naval a Cuba e exigindo a retirada imediata dos mísseis lista norte-americano.
do país. O evento, conhecido como a crise dos mísseis, criou O golpe fracassa, mas dá
a Castro a projeção neces-
um clima de enorme tensão internacional. Durante treze dias, sária para se tornar o prin-
o mundo acreditou estar à beira de uma nova guerra mundial, Fidel Castro discursa em
cipal nome da resistência
Havana, Cuba, em janeiro à ditadura. Preso, Castro
desta vez de proporções nucleares. de 1959. é condenado a 15 anos de
BETTMANN/GETTYIMAGES

Sob a supervisão da ONU, os soviéti- detenção, dos quais cum-

cos concordaram em retirar os mísseis pre apenas dois. É libertado
de Cuba, com a condição de os Esta- e se exila no México, onde
volta a organizar a resistên-
dos Unidos removerem da Turquia os cia a partir do movimento
armamentos nucleares que estavam 26 de julho (M26), de voca-
voltados para a União Soviética. ção guerrilheira. É no exílio
mexicano que a ele se jun-
A crise dos mísseis foi superada, tarão Ernesto Che Guevara
mas o bloqueio econômico e polí- e Camilo Cienfuegos [...].
tico a Cuba perdurou por mais de MENDES, Ricardo Antonio
50 anos. Apenas em julho de 2015 Souza. Pensando a Revolução
as respectivas embaixadas foram Cubana: nacionalismo, política
bifurcada e exportação da
reabertas nos dois países, e iniciou- Revolução. Anphlac. Disponível
-se um processo de reaproximação em: <http://revistas.fflch.
usp.br/anphlac/article/
entre eles. viewFile/1389/1260>.
Acesso em: 11 ago. 2018.
Capítulo 11 – Reformas e revoluções 143

Sugestão para o professor:

REIS, Daniel Aarão. A Revolução e o Socialismo em Cuba: ditadura revolucionária e construção do consenso. In: QUADRAT, Samantha;
ROLLEMBERG, Denise (Org.). A construção social dos regimes autoritários – Brasil e América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2010.

3o BIMESTRE – 143