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Apontamentos das aulas

Direito da responsabilidade (Universidade Lusíada de Lisboa)

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Direito da Responsabilidade

12 Outubro 2018

No âmbito do não cumprimento a primeira grande questão que temos de determinar é se


estamos perante um incumprimento temporário ou definitivo. O incumprimento
temporário é usualmente denominado de mora, e como é que nós distinguimos estas
duas figuras? Para facilitar o raciocinio, temos que saber que existe mora, quando no
momento do vencimento da obrigação a prestação não tenha sido cumprida.
Vencimento este, que pode derivar de estarmos perante uma obrigação a prazo ou
perante uma obrigação pura. A única diferença é que na obrigação pura o vencimento
implica que tenha havido interpelação do credor ao devedor, mas para que o
devedor esteja adstrito ao cumprimento é necessário que a obrigação se tenha
vencido, enquanto a obrigação não se vencer o devedor não está adstrito ao
cumprimento. Portanto, para que haja mora é necessário que: é necessário que a
prestação não tenha sido realizada no momento do vencimento, mas 2 outros
requisitos têm que estar preenchidos: que a prestação ainda seja possivel e que o
credor mantenha o interesse na realização da prestação. Se faltar algum destes
requisitos a situação não pode ser classificada de mora e é classificado em
incumprimento definitivo.
Visto isto, no âmbito do incumprimento temporário este pode ser imputável ao
devedor, imputável ao credor ou casual (fortuito ou imputável a terceiros).
Se a mora é imputável ao devedor daqui resultam determinadas consequências que
vamos analisar. É consequência da mora do devedor, por exemplo, a possibilidade
de aplicação da sanção pecuniária compulsória. É consequência da mora do
devedor a possibilidade do credor invocar o direito ao vencimento automático das
restantes prestações por falta de cumprimento de uma delas. É consequência do
mora do devedor e ainda no âmbito das prestações fracionadas a possibilidade de o
credor invocar o direito ao vencimento das restantes prestações, desde que a
prestação em falta exceda um oitavo do preço ou estejam 2 ou mais prestações em
falta sempre que estivermos perante um cumprimento às prestações, é uma
consequência da mora do devedor (art. 934º CC). A possibilidade de recurso á
execução especifica no que respeita ao contrato promessa já estudámos, artigo 830º
do CC, é uma consequência do mora do devedor especifica para o contrato
promessa. Possibilidade de invocação da exceção do não cumprimento, estudámos a
propósito dos contratos bilaterais, é uma consequência do mora do devedor aplicável
exclusivamente ao contratos bilaterais.
Portanto, todas estas consequências enumeradas, e há outras como a possibilidade de
recurso à interpelação admonitória que só existe se o devedor estiver em mora. Se
estivermos perante o incumprimento definitivo não há razão nenhuma para haver
recurso à interpelação admonitória, até porque seria um contrasenso. Se o
incumprimento já é definitivo porquê recorrer à interpelação admonitória? A
interpelação admonitória visa transformar a mora em incumprimento definitivo.
Estamos a falar de mora imputável ao devedor, e o que é que isto quer dizer? Quer
dizer que o devedor não cumpriu e é culpado por esse não cumprimento
temporário, isto quer dizer que a prestação ainda é possivel e que o credor mantêm
o interesse na realização da prestação.

A seguir temos a mora do credor, e o que é isto? Não podemos pensar na mora do credor
da mesma forma que pensamos para a mora do devedor, porque a mora do credor não
corresponde à situação em que o credor não cumpre, porque o credor não está

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adstrito ao cumprimento, quem está adstrito ao cumprimento é o devedor. Quando


é que há então mora do credor, diz-nos o 813º CC que há mora do credor sempre que
o credor recusa injustificadamente a prestação que lhe é oferecida pelo devedor ou
não pratica os atos necessários ao cumprimento. Se o lugar do cumprimento for o
domicilio do devedor ou o local onde a coisa se encontra à data da conclusão do negócio
o credor tem que praticar os atos necessários ao cumprimento, ou seja, tem que efetuar a
coisa da prestação mas tem que se deslocar, tem que tomar uma atitude positiva no
sentido de conseguir receber a prestação e só o pode fazer ou no domicilio do devedor
se esse for o local do cumprimento ou no local onde a coisa se encontra ao tempo da
conclusão do negócio.
Nestas situações em que há mora do credor, não se reconduz à ideia de que o
credor não cumpriu, porque isto é um erro crasso, tem que se reconduzir à ideia do
813º que há mora deste quando este recusa injustificadamente a prestação
oferecida pelo devedor ou quando não cumprir com os atos necessários ao
cumprimento da obrigação.

Exemplo, nos contratos de arrendamento se o credor tem que se deslocar, porque assim
ficou convencionado, ao domicilio do devedor para receber a renda, aí se não efetuar
essa deslocação obviamente que não cumpriu os atos necessários ao cumprimeto mas
por regra se a renda é paga no domicilio do credor e se o devedor se desloca ao
domicilio do credor para efetuar o pagamento da renda e este não recebe a renda, a
verdade é que há aqui mora sim mas do credor. E nestes casos há uma figura que resulta
como consequência da mora do credor que permite ao devedor exonerar-se da
obrigação, que é a chamada consignação em depósito. Estamos no âmbito de prestações
periódicas se extingui, cumpriu a obrigação, não extingue no sentido de aquela
obrigação a que está adstrito, verifica-se é o cumprimento da obrigação e portanto ele ao
cumprir a obrigação relativamente aquela prestação extinguiu a possibilidade de
existência por parte do credor daquele prestação. Portanto, nestes casos, o legislador
para além de definir exatamente ao que é que correnponde a mora do credor vem-
nos dizer que esta situação tem consequências. Consequências que estão
consagradas a partir do 813º e seguintes.
Imaginemos então que estamos perante uma situação de incumprimento da obrigação,
vamos ver primeiro que tipo de incumprimento é, se estamos perante uma situação de
mora ou de incumprimento definitivo; a seguir temos que ver a quem é que esse
incumprimento é imputável, se é imputável ao credor ou se é imputável ao devedor ou
se é casual no sentido de ser imputável a uma força maior ou a terceiros. Se definirmos
que estamos perante o incumprimento definitivo, também aqui temos que fazer o
mesmo percurso que é saber a quem é que é imputável esse incumprimento, se é
imputável ao credor, ao devedor ou se é casual ou imputável a terceiros.
Numa hipótese, se virmos que o incumprimento é total a primeira coisa sem a qual não
conseguimos resolver corretamente a hipótese é determinaar que tipo de incumprimento
é que se verifica e depois a quem é que ele é imputável, porque independentemente de
ser o incumprimento temporário ou definitivo, depois desta nossa decisão, temos que
verificar a quem é que é imputável, se ao credor se ao devedor.
Há um dos instituos que nos pode trazer mais dificuldade que é a exceção do não
cumprimento, e este surge invariavelmente em hipóteses do não cumprimento.
Desde que estejamos perante um contrato bilateral e se verificarmos pela hipótese
apresentada que uma das partes não cumpriu, esse não cumprimento pode ter
repercussões na obrigação a que o outro está adstrito, porque se estamos perante
um contrato bilateral em que as prestações são reciprocas e interdependentes, o

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que quer dizer que uma existe em função da existência da outra, o não
cumprimento de um dos contraentes, se o contrato é bilateral vai-nos levar à
possibilidade de aplicação da exceção do não cumprimento. Porque esta é outra
consequência da mora do devedor. Nos contratos bilaterias, se as prestações são
reciprocas e interdependentes e cada um deles está adstrito a uma prestação isso quer
dizer que não há um credor e um devedor, ambos são credores e devedores um do
outro. Exceção do não cumprimento é a possibilidade de “eu” não cumprir a
prestação enquanto o outro não cumprir, e isto é a consequência da mora. Mas no
momento em o outro se propuser a cumprir “eu” também tenho que cumprir.
Exemplo, se eu estou adstrita a cumprir uma prestação, mas o contrato é bilateral e eu
tenho que receber uma prestação da contraparte, a contraparte deveria deslocar-se ao
meu domicilio para receber a minha prestação mas não o fez, e eu não posso cumprir,
mas eu não posso cumprir mas é por um facto que não me é imputável. Eu posso
invocar a exceção do não cumprimento? Não, porque aquilo que há é a mora do credor
relativamente aquela prestação e sou eu que tenho que cumprir nao é uma questão de
exceção do não cumprimento mas sim de mora do credor.
Uma consequência que é transversal a todo o tipo de incumprimento é a
possibilidade de o credor exigir do devedor uma indemnização pelos prejuizos que
lhe foram causados pelo incumprimento, quer seja temporário ou definitivo. Sendo
que se estivermos perante uma prestação pecuniária, essa indemnização está
previamente definida pelo legislador, não tem que ser provada, ou seja, os danos
não têm que ser provados. O credor só tem que provar que há um incumprimento
e vamos supor que é temporário, a obrigação é pecuniária, qual é a indemnização?
Os juros de mora. O credor só tem que alegar a mora, provar a mora mas não tem que
provar os prejuizos, porque a obrigação é pecuniária e está dispensado de o fazer. Em
todas as outras situações em que não estamos perante situações pecuniárias, o
credor tem que alegar e provas os prejuizos que aquele incumprimento lhe causou,
que o incumprimento seja temporário ou definitivo. Quer estejamos perante estes
dois tipo de incumprimento este é imputável ao devedor, porque se estivermos
perante a mora do credor o legislador vem dizer que o credor não tem que ser
indemnizado pelos prejuizos que essa mora do credor lhe causa, porque dificilmente
encontramos prejuizos que não sejam, o que o legislador refere que são: os maiores
encargos que o devedor posso ter com a guarda e conservação da coisa objecto da
prestação e tudo aquilo que o devedor tenha que dispender para o oferecimento
infrutifero da prestação. Porque na realidade o devedor não cumpre e não cumpre por
um facto que é imputável ao credor, quer dizer que continua detendor da prestação que
estava adstrito a praticar e que só não praticou porque o credor ou não cumpriu os atos
necessários ao cumprimento ou recusou injustificadamente o incumprimento. Que
prejuizos é que podem haver para o devedor? A necessidade de guarda ou preservação
da coisa objecto da prestação com custos ou oferecimento infrutifero da prestação.

19/Outubro/2018
Hipóteses Práticas (ver caderno).

Consequências a nível de incumprimento temporário


Vamos ver primeiro a situação em que esse incumprimento não é imputável nem ao
devedor nem ao credor, ou seja, vamos ver se estivermos perante o incumprimento
temporário casual.

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Incumprimento temporário casual, consequências:


 1ª consequência: Ao abrigo do disposto no artigo 792º, nº 1 o devedor não
responde pela mora, se não lhe é imputável obviamente não vai responder pela
mora
 2ª consequência: O vinculo obrigacional subsiste enquanto se mantiver o
interesse do credor, artigo 792º, nº2.
No artigo 792º encontramos as duas consequência fundamentais, primeiro como
diz em cima, é que não pode o devedor ser responsabilizado pelo não cumprimento
uma vez que este não lhe é imputável, por outro lado o vinculo obrigacional
subsiste e só subsiste enquanto se mantiver o interesse do credor. Se o interesse do
credor não subsistir estamos perante o incumprimento definitivo e não o
temporário.
Três regras para que estejamos perante o incumprimento temporário:
1. A obrigação não ter sido cumprida;
2. A prestação ainda ser possível;
3. E se o interesse do credor ainda se mantiver, se este não se mantiver o
incumprimento em vez de temporário passa a definitvo.

Incumprimento temporário imputável ao devedor, consequências:


 1ª consequência: o vinculo obrigacional subsiste enquanto se mantiver o
interesse do credor, temos à mesma o artigo 792º, nº 2, mas temos também o
artigo 808º .
O artigo 808º corresponde a uma consequência efetiva da mora do devedor, porque nos
diz que a mora pode ser transformada em incumprimento definitivo por uma de
duas vias. A primeira é, no decurso da mora o credor perder o interesse na
realização da prestação, ou seja, se eu em face do não cumprimento por parte do
devedor invocar a perda do interesse do credor, não chega a existir o incumprimento
temporário e ele é logo classificado como definitivo. Todavia, ocorre frequentemente
que o incumprimento por parte do devedor é classificado temporário, porque o credor
ainda mantêm o interesse na prestação e esta ainda é possivel. Todavia, este
incumprimento temporário pode ser transformado em incumprimento definitivo,
logo esta transformação pode ocorrer por uma de 2 vias: ou pela invocação do
credor de que perdeu o interesse na prestação, contudo existe o artigo 808º, nº2, ou
seja, o credor para invocar a perda do interesse tem, obviamente que invocar
factos constitutivos dessa perda de interesse/justificar com factos objectivos essa
perda do interesse. Portanto, a mora do devedor ( ou mora solvendo ou
incumprimento temporário imputável ao devedor) pode ser transformada em
incumprimento definitivo através da invocação da perda do interesse do credor
mas fundamental consequência que resulta do artigo 808º é a possibilidade de
recurso à interpelação admonitória.
Estando o devedor em mora, o credor pode transformar essa mora em
incumprimento definitivo, desde que tenha concedido ao devedor um prazo
razoável para este cumprir a obrigação e desde que o devedor dentro desse prazo
razoável não a tenha cumprido. Através da interpelação admonitória o credor só tem
que provar que efetuou a comunicação e na outra (808º, nº2) tem que invocar, alegar e
provar os factos constitutivos da perda de interesse. Uma coisa é a interpelação
admonitória outra coisa é a perda do interesse, não podemos confundir porque são
duas consequências a nivel da mora do devedor , ou seja, se o devedor está em
mora e no decurso da mora o credor perdeu o interesse na realização da prestação,
aquele incumprimento temporário transformou-se em incumprimento definitivo.

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Agora, este incumprimento temporário também se pode transformar em


incumprimento definitivo se o credor recorrer à interpelação admonitória, em que
concede um prazo razoável ao devedor para cumprir, o devedor não cumpre e a
mora transforma-se em incumprimento definitivo. Atenção que este prazo razoável é
considerado razoável tendo em conta o tipo de prestação que está a cargo do devedor.
Esta interpelação admonitória não se pode confundir com a interpelação para
cumprimento no âmbito das obrigações puras. A interpelação para cumprimento é a
interpelação que vai dar lugar ao vencimento da obrigação, quando recorremos à
interpelação admonitória a obrigação já se venceu ( quer seja pura ou a prazo) verificou-
se o não cumprimento por parte do devedor e o credor recorre então a esta interpelação
admonitória. Admonitória porque se destina de algum modo, em face de uma situação
de incumprimento temporário imputável ao devedor dar-lhe ainda uma hipótese para ele
cumprir a obrigação. Se o devedor não cumprir temos é que definir se estamos perante o
incumprimento definitivo ou temporário. Será definitivo se para além do não
cumprimento, tiver ocorrido ou a perda de interesse do credo ou a prestação já não ser
possivel, será temporário se para além do não cumprimento se mantiver o interesse do
credor e a prestação ainda for possivel.
Porque é que nas consequências da mora do devedor recorremos ao 808º, porque na
realidade só é possivel o recurso ao artigo 808º se a situação for de mora, a interpelação
admonitória surge como uma consequência da mora do devedor porque dá ao credor o
direito de a ela recorrer.
 2ª consequência: obrigação de reparar os danos causados ao credor, artigo 804º,
nº1. Isto que dizer que o devedor constitui-se na obrigação de reparar os danos
em face do seu não cumprimento temporário, sendo que por regra, esta
obrigação de indemnizar só existe, se existirem danos, todavia o artigo 806º diz-
nos que nas obrigações pecuniárias a indemnização reveste a forma de juros, que
são chamados juros de mora. Se não estivermos perante uma obrigação
pecuniária, obviamente que o credor tem que invocar e provar os prejuizos.

Hoje em dia admite-se que a responsabilidade contratual pode dar lugar a danos não
patrimoniais. Os danos não patrimoniais são aqueles que não são avaliados
pecuniáriamente, ou seja, são por regra os danos morais, os danos estéticos, o dano
biológico no sentido de dano fisico, que são danos que efetivamente não são avaliáveis
pecuniáriamente. Exemplo do supremo do danos não patrimoniais: o dano morte, é
indemnizável na medida em que o nosso Código permite, mas se ele não é avaliado
pecuniáriamente, então como é que se indemniza? No rigor dos principios não se
indemniza compensa-se. A indemnização é a avaliação pecuniária dos danos. Agora, não
é possivel atribuir um valor à vida e se não é possivel a perda deste direito como é que
se calcula? Não se calcula, compensa-se.

26/Outubro/2018

Esquema relativamente as consequências da mora: continuação da aula anterior.

Quanto à Indeminização:

Já vimos que a obrigação se subsiste enquanto se manter o interesse do credor. –


artigo 808º - em face da mora do devedor, o credor tem a possibilidade de transformar a
mora em incumprimento definitivo, por uma de duas vias:

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Direito da Responsabilidade

1. Ou perde o interesse;
2. Ou através da interpretação admonitória.

Está tudo tratado neste artigo mas, o credor ou invoca a falta de interesse ou recorre
à interpretação admonitória.
Contudo, na realidade, o credor até pode ter perdido o interesse, mas como o nº2 do
808º - se tem que basear em factos objetivos, se o devedor perceber qualquer
dificuldades em provar essa falta de interesse, nem por isso ele deixa de poder
transformar a mora em incumprimento definitivo, já não é pela falta de interesse. Como
assim? Recorrendo à interpretação admonitória.

3. Terceira consequência: a inversão do risco – artigo 807º nº1.

O devedor tem que que entregar ao credor, não em dinheiro, por motivo que até pode
ser imputável ao devedor, a coisa perece (ou seja, a coisa é destruída), é o devedor que
vai responder pelo risco. Ou seja, isto quer dizer que é ele que vai suportar, a perda da
deterioração da coisa objeto da prestação. É sobre ele que recai o risco da perda da
deterioração da coisa objeto da prestação. Porque? Porque estava em mora. Portanto, se
a coisa perecer, e se tivermos o exemplo do contrato bilateral, nem por isso o devedor
fica desobrigado da prestação porque é sobre ele que vai recair o rico da perda ou
deterioração da coisa objeto da prestação. Ainda que essa perda objeto da coisa da
prestação seja por uma força maior.

4. Quarta consequência: se estivermos no âmbito de uma prestação fracionada, a


falta de cumprimento de uma só prestação da lugar ao vencimento das restantes
– 781º - divida liquidável em prestações.

5. Quinta consequência: perda do beneficio do prazo na venda a prestações –


artigo 934º - também este caso estamos perante uma prestação fracionada,
relativa ao pagamento das prestações, estamos perante uma compra e venda a
prestações. Mas, há uma diferencia substancial para o artigo 781º - neste artigo:
prestações fracionadas devemos ir no 934º.
No 781º - esta glosa referida é fundamental para não nos esquecermos que entrando
numa divida liquidável em prestações aplicamos o artigo 781º - mas se tivermos perante
uma compra e venda em prestações temos que recorrer ao artigo 934º.

Por regra geral, é no 781 que esta em cede o de não cumprimento. Mas o 934º está em
sede de compra e venda. Só por essa razão é que para a venda das prestações, este
artigo, 781º não pode ser aplicável porque o 934º vem exigir um outro requisito: qual
seja a prestação em falta tem que exceder o um oitavo do preço, ou estarem em falta
duas ou mais prestações.

O artigo 934 fala pois, uma só prestações, logo a interpretação que temos que fazer é
que se estivermos prestações em falta, excedem um oitavo do preço ou estarem em falta
duas ou mais prestações das restantes.Este artigo consagra duas situações relativamente
a consequência do não cumprimento de uma prestação na venda a prestações.
- 934º - portanto, em referencia à reserva da propriedade é para o âmbito da resolução
do contrato, o que quer dizer que isto tem que ser lida assim ‘’ vendida a coisa a

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prestações, ainda que não haja reserva da propriedade, se o comprador não cumprir uma
prestação que exceda a quarta parte do preço da lugar ao vencimento das restantes.

Requisito: ter sido vendida a prestações, o devedor não cumprir uma prestação que
exceda a oitava parte do preço, e existir a reserva de propriedade, o que dá lugar ou
pode dar à resolução do contrato.

Outra questão tem haver com a perda do beneficio do prazo – esta não esta dependente
da reserva de propriedade. Não podemos, se tivermos uma hipótese de uma compra e
venda a prestações, com falta de pagamento de uma prestação que exceda a oitava parte
do preço, não podemos misturar a possibilidade de resolução, com a possibilidade de
ocorrer a perda do beneficio do prazo.

O artigo como esta, refere-se especificamente à compra e venda das prestações, vem
indicar o caminho para o credor ou as consequências relativamente há falta de
cumprimento de uma prestação que exceda a oitava parte do preço. E diz-nos, se existir
reserva da propriedade, pode resolver o contrato. Existindo ou não a reserva de
propriedade, a falta de pagamento que exceda a oitava parte do preço, dá sempre lugar
ao vencimento da restante.

Exceção do não cumprimento:

 A exceção do não cumprimento é uma consequência da mora do devedor, mas


atenção, como ele se aplica ao contratos bilaterais, como diz o artigo 428º, diz
temos que estar perante um contrato bilateral. É possível a exceção do não
cumprimento, sempre que num contrato bilateral um dos contraentes não cumpra
a prestação que esta restrito, podendo o outro invocar a exceção do não
cumprimento, ou seja, isto quer dizer que podendo o outro recusar o
cumprimento da prestação ate ao momento que a contraparte se disponha a
cumprir.
Todavia, atenção o 428º fala-nos de um outro requisito que é o de não existirem prazos
diferentes. Para o cumprimento das prestações. Todavia, o artigo 429º, por seu turno,
vem possibilitar a exceção do não cumprimento para aquele que esta restrito a cumprir
em primeiro lugar. Como?
- Se num contrato bilateral, um dos contraentes, pode recusar a sua prestação
enquanto o outro não cumprir, ou seja, eu adquiro um veiculo automóvel, como
consequência da compra e venda dá-se a transferência do direito de propriedade sobre o
automóvel. Porque o contrato compra e venda é um contrato real por mero efeito do
contrato transmite-se o efeito da coisa (a regra é esta mas há exceções).
Eu posso, enquanto comprador, não cumprir, ou seja, não pagar o preço, enquanto
o vendedor não entregar o dinheiro do automóvel – exceção do não cumprimento – se
os prazos forem simultâneos. Todavia, ainda que esteja adstrita a cumprir em primeiro
lugar, eu posso invocar a exceção do não cumprimento, é necessário que relativamente
aquele que esta adstrito a cumprir em segundo lugar se verifique algumas situações que
reportem a perda do interesse do prazo. Ou seja, no 428º falamos em prazos iguais.
Falamos no 429, há possibilidade de quem invoca a exceção do não cumprimento, está
adstrito em primeiro lugar na parte final do artigo, pressupõe que só pode fazer se
relativamente à outra parte se verificar a perda de interesse do prazo – 780º-

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Outra glosa do artigo 429º parte final - Se temos uma situação em que aquele que esta
adstrito a cumprir em primeiro pode recusar a sua prestação, so o pode fazer se
relativamente aquele que estiver adstrito a cumprir em 2 lugar, se se verificar alguma
das situações que o artigo 780º indica as situações que conduzem a perda do interesse
do prazo.

Exemplo:
A é o vendedor do carro. O B é o comprador e tem que pagar o preço. Estamos perante
um contrato bilateral – têm prestações reciprocas e interdependentes. Uma prestação é a
razão de ser da outra. Existe este sinalagma – e por existir isto, a exceção do não
cumprimento surge como uma consequência da bilateralidade. Se o A não entregar o
carro, o B tem o direito de não cumprir invocando a exceção do não cumprimento. Eu
não cumpro, porque ele também não cumpre.
A está adstrito a cumprir em primeiro lugar, entregar o carro hoje. E B tem que pagar o
preço daqui a uma semana. Há partida vemos que A não pode recusar a sua prestação
porque a prestação de b ainda não se tinha vencido. 482º vem invocar a exerção e
relativamente a B se verificar as situações que comportam a perda do beneficio do
prazo. Artigo 780º.

Portanto, no 429 – na parte final, ver artigo 780º.

No artigo 780º, quando é que o devedor está em insolvência? Se houver uma sentença
declarada insolvência, é insolvente, mas o legislador quem dizer ainda que esta não
tenha sido declarada judicialmente? É necessário que aquele que queira invocar essa
insolvência do devedor ou seja aquele que esta adstrito a cumprir em 1 lugar (no
exemplo, o A) tem que mostrar que a situação patrimonial que esta adstrito a cumprir
em 1 lugar, é uma situação patrimonial de insolvência. Isto quer dizer quando o valor do
passivo é superior ao valor do ativo, isto quer dizer que o ativo não é suficiente para
cobrir todo o passivo. Esta situação a pessoa esta insolvente. Ou seja, se tenho um
património de 100 e tenho dividas de 1000 euros. Estou insolvente porque mesmo que
ocorro a liquidação do meu património ou seja transformar em 1000 esse património
não é suficiente para pagar a totalmente das minhas dividas.

Quando há uma declaração de insolvência por sentença, é fácil a invocação deste artigo
porque é apresentado a sentença. Quando não ocorre e aquele que esta restrito a cumprir
em primeiro lugar tem prova de que o que esta restrito a cumprir em 2 lugar, esta numa
situação de insolvência, então tem que mostrar os factos que conduzem à conclusão que
a outra parte esta em insolvência. Por exemplo dizer que tomou conhecimento que ele
não tem qualquer património que possa responder pelas suas dividas, que não tem conta
bancaria. E por isso, a sua situação e de insolvência.

Ou seja, o património de alguém é constituído pelo ativo e passivo. Se a situação


patrimonial resulta que o ativo não é suficiente para cobrir pelo passivo.

A garantia geral das obrigações é o património do devedor.


Quando se fala em garantias do 780º - são garantias especiais e que opõem as garantias
especiais. Estas garantias especiais podem ser: ou pessoais (temos a fiança) ou reais
(hipoteca, etc).

Outra hipótese que pode sair:

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Direito da Responsabilidade

Suponham que A pretende não entregar o carro porque diz teve conhecimento que B
estava a vender o seu património e por isso não tem garantia que B não lhe pague o
preço. Isto é legitimo esta invocação do cumprimento?

Resposta: ele pode invocar a perda do beneficio do prazo se o devedor estiver


insolvente. E pode invocar a perda do beneficio do prazo também se ele não tiver
prestado as garantias que ele se comprometeu, ou que elas tivessem diminuído. O facto
de B estar a vender o património não é suficiente para A invocar isto.
Uma da consequência do devedor que surge, surgem hipóteses de não cumprimento.

Em suma: Aquele que esta adstrito a cumprir em primeiro lugar no âmbito dos
contratos bilaterais, pode invocar a exceção do não cumprimento desde que
relativamente aquele que esta adstrito a cumprir em segundo lugar, se verifique uma das
situações que importa invocar a perda do beneficio do prazo – art 780º. Quais são essas
situações?
- insolvência, ainda que não tenha sido declarada judicialmente;
- prestações das garantias que tenham sido prestadas;
- ou não tenham sido prestadas as garantias prometidas.

Se um bem é dado em penhor, diz-se que ele está empenhado e não penhorado. A
penhora é o que resulta do instituto da ação executiva.

O penhor é uma garantia especial real das obrigações e que se insere nos bens moveis.

Exemplo: suponha que esse bem dado em penhor, pereceu. Diminui a garantia do
credito. Pode o outro invocar a exceção do não cumprimento, sendo o que vai cumprir
1. Porque se o A não tivesse esta possibilidade, porque se não o A tinha que cumprir e o
B depois não iria cumprir.
O beneficio do prazo é de quem? Do devedor. Tinha uma semana para cumprir após a
celebração do contrato. Se B tiver nas situações previstas do 780º (referidas
anteriormente) porque em fase dessas situações ele perdeu o beneficio que tinha sido
concebido por A.

A hipótese que nos é apresentada é esta, mas não se verifica relativamente a B, uma
situação de perda do beneficio do prazo. Mas não cumpre, invocando a exceção do não
cumprimento. Se não for valida esta invocação. A entra em mora. É A que não cumpre e
o não cumprimento era-lhe imputável. Ele não conseguiu provar. Ou seja, dito de outro
modo, a exceção do não cumprimento é classificada por muitos autores como uma causa
da exclusão da ilicitude à responsabilidade contratual. Quando o devedor não cumpre, e
como sabemos que no âmbito da responsabilidade contratual, a culpa é presumível –
presume-se que tem culpa, e esse comportamento é considerado ilícito. É por essa razão
o facto de não cumprir é ilícito, que faz nascer da esfera jurídica do credor, alguns
direitos nomeadamente o direito de ser indemnizado pelos prejuízos que a mora do
devedor lhe causa.

Há, todavia, duas situações que o devedor não cumpre porque apesar de estarmos
perante um contrato bilateral e ambos são devedores e credores um do outro, estamos a

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falar da obrigação que recai sobre A de entregar o automóvel – relativamente a essa


obrigação ele é devedor. Há situações que o devedor não cumpre, mas esse
comportamento é legitimado. Porque assiste ao devedor uma causa de exclusão da
ilicitude. A exceção do não cumprimento é uma causa da exclusão da ilicitude, ou seja,
A não cumpre, não cumpre porque relativamente a B se verifica uma das situação que se
verifica no 780º e de acordo com o 429º é legitimo A não cumprir porque é o legislador
que diz que aquele que esta vinculado a cumprir em 1 lugar pode recusar a sua situação.

A exceção do não cumprimento é uma causa da exclusão da ilicitude da


responsabilidade contratual – eu não cumpro mas esse comportamento é
legitimo/licito porque relativamente à minha contraparte se verifica as situações da
perda do beneficio do prazo.

02 Novembro 2018
Continuação da aula anterior:

Pode ou não ser a exceção do não cumprimento por aquele que esta adstrito a
cumprir em segundo lugar? Ou seja, eu adquiro um veiculo e, obrigo-me a pagar 5 dias
depois da entrega do automóvel. Se o vendedor não nos entregar o automóvel no dia
acordado, o que 5 dias depois eu fazia? Pagava ou não o dinheiro? Não pagava mas era
o meu bom senso. As normas jurídicas são leis e não bom senso, é necessário
efetivamente, haja algo que justifique em termos legais.
Esta consagrado no artigo 429º - ‘’ainda que...’’ – leva-nos a concluir que se estiver
adstrito a cumprir em segundo lugar, pode sempre recusar a prestação desde aquele que
esta restrito a cumprir em primeiro lugar não tenha-o feito. Ou seja, se até aqui eu está
adstrito a cumprir em 1 lugar, pode recusar porque não cumpriu, se em relação à
segunda pessoa que esta adstrito a pagar, se verificar algumas soluções que reporta a
perda dos benefícios do prazo, aquele que esta adstrito em cumprir em segundo lugar,
poderá sempre não cumprir desde que aquele que esta restrito a cumprir em primeiro
lugar não tenha cumprido. Ou seja, é um argumento que retiramos do 429º.
Por isso, só posso recusar a cumprir a pagar o valor do automóvel se não me for
entregue até à data acordada.

 Artigo 754º - define o direito de retenção.


 O artigo 755º - vem dizer as situações em que é admitido. Isto é, quando alguém
esteja adstrito a entregar à contra parte e esteja obrigado por lei a fazê-lo, pode
recusar a entrega dessa coisa, desde que tenha relativamente à outra parte, por
exemplo, um credito resultante, ou um credito da mesma coisa. Assim, como o
contrato promessa, porque se estivermos perante um contrato promessa
definitivamente, vai gerar na esfera jurídica do comprador, o direito de receber
do promitente vendedor uma indemnização, quer seja a indemnização
correspondente ao sinal em dobro, quer seja a indemnização pelo aumento do
valor da coisa, e se tiver havido tradição da coisa, por força da resolução,
inerente ao incumprimento definitivo ou ao incump. ___________, o promitente
comprador teria de gerar cada coisa. Na al. e) do mesmo artigo, estima essa não
entrega, enquanto o promitente comprador não for pago essa indeminização.

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Exemplo: Também por exemplo acontece com a reparação de um veiculo.


Colocamos um veiculo para ser reparado e os stand têm o direito de reter a coisa
(que temos o direito legitimo de propriedade sobre essa coisa) enquanto não for
paga pela despesas que fez pelo veiculo.

O direito de retenção, existe sobre algo, ou exercido sobre algo, de que aquele direito
de retenção, não é o legitimo proprietário desses bens, mas sim há-de ser a outra parte.
O direito de retenção surge aqui, também, como uma clausula de exclusão da
ilicitude da responsabilidade contratual. São, por isso, duas: exceção do não
cumprimento e direito de retenção.

6. Sexta consequência: 829º e ss -> a possibilidade de recurso aos meios


compulsivos.

7. Sétima consequência: realização coativa da prestação (817º e ss) -> está só pode
ocorrer a partir do momento em que cesse a impossibilidade se o devedor não
prestar espontaneamente, ou seja, a partir do momento em que cessa a
impossibilidade, e o devedor não prestar espontaneamente a prestação, há lugar,
ou poderá haver lugar à realização coativa da prestação.

Estamos a falar aqui do não cumprimento temporário imputável ao devedor


quando este cumprimento é total.
(acabou este primeiro esquema)

MORA:

Quando é que o credor está em mora?

Nota: nunca devemos dizer que o credor está em mora quando não cumpre. Porque o
credor não tem que cumprir.

O credor está em mora em duas situações: (813º CC)


1. Ou quanto recusa injustificadamente a prestação que o devedor deve realizar;
2. Ou quando não pratica os atos necessários ao cumprimento por parte do
devedor;

Consequências da mora do credor: artigo 813º e ss.


Verificamos que algumas consequências da mora do devedor estão associadas ou ao tipo
de contrato, ao tipo de prestação, ao tipo de obrigação. E portanto, não estão no capitulo
da mora do devedor.
Se tivermos perante a mora do devedor, podemos ter que resolver não no capitulo da
mora do devedor mas associado ou a uma prestação que tem regime especifico ou outro
regime especifico.

Assim, as consequência da mora do credor:


1. Obrigação que recai sobre o credor de indemnizar o devedor, mas atenção, o
legislador tem o cuidado de restringir esta indemnização porque nos diz que o
devedor só tem o direito de ser indemnizado pelo credor pelas maiores despesas

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que faça com o oferecimento frutífero objeto da coisa da prestação e com a


guarda ou conservação da coisa objeto da prestação. Isto quer dizer que, se o
credor tem que cumprir e não cumpre ou porque tentado ao cumprimento o
credor recusou a prestação, ou porque o credor não praticou os atos necessários
ao cumprimento da prestação e assim acontece, por exemplo, quando a obrigação
deva ser cumprida no domicilio do devedor e o credor, não se desloca ao
domicilio do devedor para fazer a prestação. Quando o devedor tentar cumprir e
o credor recusar, o legislador dá a possibilidade de ser indemnizado pelas
maiores despesas que faça com as deslocações, por exemplo. Mas também, dá o
direito de ser indemnizado pelas despesas que tenha o devedor com a guarda da
conservação da coisa objeto da prestação.
Exemplo: devedor tinha que entregar um veiculo automóvel ao credor. O
devedor não tem como realizar a prestação porque o credor teria que se deslocar
ao local onde se encontrado o veiculo, numa garagem, por exemplo, para receber
a prestação. E o credor, não se desloca para receber a prestação. Ao devedor vai
recair um custo – este custo pode ser recrescidos pelo credor, já que o devedor
em fase da mora do credor, tem direito a uma indemnização, devido as despesas
que ele faça com a conservação da coisa objeto da prestação.

2. Artigo 841º - o devedor pode considerar em deposito se tratar de uma prestação


de coisa.
3. Também temos, como consequência, a exceção do não cumprimento.
4. Outra consequência é o direito de retenção.
5. Uma outra consequência surge em virtude do credor estar em mora, que é o
abrandamento da responsabilidade debitória (do devedor – isto quer dizer, pelo
credor estar em mora, há um abrandamento da responsabilidade do devedor, ou
seja, isto consiste em três situações) – 814º - este abrandamento desloca-se em
três situações, consagradas no mesmo artigo:
a) A primeira é que o devedor só responde pelo objeto da prestação em
caso de dolo. Se o credor estiver em mora e a coisa perecer (o objeto da
prestação perecer, ou seja, ficar destruída/penhorada) o devedor só
responde por esse perecer, se tiver agido com dolo, ou seja, se tiver
havido uma mera negligencia do devedor, conduz ao procedimento da
coisa, o devedor não corresponde – só se tivesse agido com dolo. nº1 –
ou seja, o devedor tem que entregar ao credor uma determinada coisa,
que é o chamado objeto da coisa da obrigação da prestação (prestação de
coisa), o devedor não cumpre porque o devedor esta em mora, ou
recusou injustificadamente, ou não praticou os atos necessários ao
incumprimento – o devedor só responde pelo perecimento se tiver agido
com dolo, relativamente com esse perecimento.
Exemplo: o devedor tinha que entregar 10 kilos de laranja, o credor não se deslocou ao
domicilio do devedor para receber as laranjas, e essas larajas pereceram – porque
estamos a tratar de um objeto de prestação que é perecível. Quem responde por este
procedimento? Não é o devedor, a não ser tenha agido com dolo, por exemplo, o credor
no dia do vencimento da obrigação não se desloca ao domicilio da devedor, e o devedor
irritado com aquilo, destruiu as laranjas, aqui já responde porque agiu com dolo.
b) Segunda vertente, relativamente aos proventos da coisa, o devedor só
responde pelos que hajam sido percebidos – percebidos aqui sinonimo
de colhidos/ recebidos. O devedor só responde que tenha recebido ou
que tenha colhido.

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Direito da Responsabilidade

c) Nº2

6. 815º, nº1 – este artigo vem-nos dizer que há uma inversão do risco. Que risco?
Da perda obrigação da coisa objeto da prestação. Quem suporta o risco?
Depende. Se o credor estiver em mora, é sobre ele que recai o risco de perda da
obrigação da coisa a não ser que o (conjugar isto com o art 814º). Com o
abrandamento da responsabilidade debitoria, o legislador diz-nos que o devedor
não responde, a não ser que haja dolo. Quando falamos na inversão do risco, pelo
facto do credor estar em mora, passa a correr por conta dele, o risco da coisa. A
não ser que seja por causa do dolo do devedor (é por isso que temos que
conjuntar com o 814º). Ou seja, se a coisa perecer por esse perecimento ficou-se
a devedor pelo um facto praticado com dolo, é obviamente sobre o devedor que
cai e não pelo credor. Contudo, se perecer negligencia do credor, o risco corre
contra o credor. Esta matéria vamos dar mais há frente – tem a ver que quem vai
responder pela perda ou teorização da coisa objeto da prestação. Se o devedor
estiver em mora, cai sobre este. Se for o credor que estiver em mora, a perda
inteorização da coisa, objeto da prestação recai sobre o credor, a não ser que o
devedor tenha agido com dolo.
7. por ultimo, mas menos importante, não sendo o cumprimento imputável ao
credor, mas ainda que o fosse, também aqui temos que dizer que o vinculo
obrigacional subsiste, porque obviamente que de acordo com os preceitos que
estudamos a propósito do não cumprimento, nenhum deles nos que que o vinculo
obrigacional não ira subsistir.

Todas estas consequências da mora, ou seja, a nível de incumprimento temporário, só


aprova que o vinculo obrigacional subsiste. De resto, quando nos falamos na
indeminização que o credor tem o devedor de indemnizar quando o credor está em
mora, e dizemos que a mora (etc, o que está em cima), das duas umas, está
indemnização quando existe trata-se de uma prestação secundaria relativamente à
prestação principal que recai sobre o devedor, e, portanto isto só acontece porque o
vinculo obrigacional subsiste.

Outra matéria com outro esquema:


A nível de incumprimento definitivo

07 Novembro 2018

Caso prático 1:

A adquiriu a B, um rebanho de ovelhas pelo preço de 5 mil euros.


Acordaram ambos que o preço deveria ser pago no dia 1 de Agosto de 2018 e
que as ovelhas seriam entregues no dia 15/ Agosto/ 2018.

a) Diga quando se dá a exigibilidade e o vencimento de cada uma das


obrigações.
Resposta:

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Direito da Responsabilidade

É uma obrigação a prazo, logo a exigibilidade e o vencimento quando é que se dão?


Não é exigível antes do prazo, e por regra o prazo é ficado em beneficio do devedor.
A exigibilidade não se pode dar antes do prazo, então quando é que se da? E o
vencimento? É igual.
Sendo a exigibilidade e o vencimento são simultâneos. Se a obrigação for pura, a
exigibilidade da-se a todo o tempo, e o vencimento só ocorre com a interpelação do
cumprimento (diferente da int. abdomitoria)

b) Suponha que A não cumpre a obrigação que esta a adstrito e diga quais as
consequências desse não cumprimento.
Resposta:
A tinha que cumprir no dia 1 e tinham que ser entregues dia 15.
Consequências: primeiro estamos perante uma situação de mora, relativamente a
prestação que A esta obrigado.
Antes disto não esquecer que estamos perante um contrato bilateral: contrato bilateral é
o contrato que há, ou seja, para além de existirem vinculações em ambas as partes, e
obrigações em ambas as partes, a razão de ser de uma delas está na razão de ser da outra
prestação.
Uma não pagou o preço da prestação, portanto, não cumpre a prestação que esta
adstrita. Todavia essa prestação ainda sendo possível e mostrando o interesse do credor,
caso que estamos perante uma interpletação abdomitória, estamos perante um
incumprimento temporário, portanto, relativamente a essa prestação do pagamento do
preço, há mora do devedor.

A primeira consequência da mora do devedor é a obrigação que recai sobre este,


indemnizar o credor pelos prejuízos que este sofra com o não cumprimento atempado da
prestação.
Como estamos perante uma prestação pecuniária, a indemnização corresponde ao juros
mora.
Consequências da mora: possibilidade de B, apesar de haver prazos diferentes, ao abrigo
do 489’ – podemos invocar que aquele que está obrigado a cumprir em segundo lugar,
pode sempre invocar a execeção do não cumprimento relativamente aquele que esta
adstrito a cumprir em primeiro lugar desde que este não tenha cumprido, e que o que
esteja adstrito em cumprir em primeiro lugar esteja interessado em cumprir.

Ou seja, chegado o dia 15 de agosto, aquele que tinha que cumprir a 15 de agosto pode
não cumprir, invocando o não cumprimento da obrigação a cargo da outra parte, teria
que ser cumprido 1 de agosto.

Todavia, o não cumprimento deste caso, permite aquele que esta adstrito à prestação a
15 de agosto, invocar a exceção do não cumprimento, e só pode faze-lo se aquele que
não cumpriu em primeiro lugar, está interessado a cumprir.
A, que não cumpriu, se disponibilizar a cumprir após o dia 15 de agosto, aquele que
teria de cumprir no dia 15 de agosto e não cumpriu (B) que invocou a exceção do não
cumprimento, terá de cumprir, deixa de beneficiar da invocação da exceção do não
cumprimento. Ou seja, se não cumprir, a sua atuação já não legitimada, não é legitima.
A exceção do não cumprimento é uma causa da exclusão da ilicitude própria da
responsabilidade contratual.

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Direito da Responsabilidade

Não haverá, portanto outra possibilidade, por exemplo, a recurso à realização coativa da
prestação, ou seja, em fase do não cumprimento de A, poderá sempre o B recorrer ao
tribunal para este realizar coativa a prestação, ou seja, sendo o A condenado a cumprir.

c) Suponha que A sofreu a obrigação a que esta obrigado, e que no dia 17 de


agosto de 2018, o rebanho de ovelhas ainda se encontrava no curral
(proprietário de B) mas merece de uma epidemia que atingiu a região, as
ovelhas morreram. Que direitos e obrigações, assistam a cada uma das
partes.
Resposta:

Qual é o lugar da obrigação? É onde se encontrar a conclusão do negocio. O credor


das ovelhas deveria diligenciar pelo cumprimento por parte daquele que esta adstrito a
entregar as ovelhas.
O credor das ovelhas, da prestação ovelhas, não praticou os atos necessários para o
cumprimento por parte do devedor – estamos perante uma situação de mora do credor.
No dia 17, as ovelhas tiveram uma epidemia. Quem suporta o risco? Até ao termo do
prazo para cumprimento da prestação, por parte do devedor prestação ovelhas, o risco
corre por sua conta. Merecer da situação da mora do credor, dá-se uma inversão do
risco. E de acordo com o 815º, o credor vai ter que suportar, ou seja, sobre ele recai o
risco de perda da interiorização do objeto da coisa da prestação que não seja devida a do
devedor. Ora, se ocorreu uma epidemia, que não podia ser de modo alguma inevitável o
perecimento das ovelhas, a consequência é que o risco recai sobre o credor, quer isto
dizer que ele vai suportar o risco da interiorização da coisa objeto da prestação, as
ovelhas, continuando adstrito a prestação se ainda não tiver realizado. Se já tiver
realizado, tem direito a reaver o valor que prestou. Porque o risco não corre por conta do
devedor.
Neste caso não descontamos nada porque ele não teve beneficio nenhum, as
ovelhas morreram todas. Beneficio teria se vende-se a carne das ovelhas, por exemplo.
Ele continua distrito a cumprir ou seja, o vinculo obrigacional continua. A questão é, se
por um facto não lhe é imputável a titulo de dolo, a coisa objeto da prestação for
destruída. É sobre o credor que recai o risco objeto da interiorização. Não sobre a outra
parte.

d) Vamos supor que, não foi uma epidemia, e que o rebanho foi atacado por
uma alcateia. Todavia, apesar de terem morrido, o devedor conseguiu
aproveitar por exemplo, a carne para dar de comida a uns animais.
Resposta:
Neste caso ele rética um beneficio, com a carne das ovelhas. Portanto, ao valor da
contraprestação ele tem dinheiro a receber, tem que ser descontado o valor desse
beneficio.
Porque assim se não cumprisse ou cumprisse tinha sempre benefícios. Recebia pelo
preço vivo das ovelhas, e ainda se tivessem morrido também lucrava.

e) Agora, em vez de ser uma epidemia, o devedor irritou-se com aquele


situação do credor não ir la buscar as ovelhas e como não estava para ver
as ovelhas e não tinha nenhum pastor para vê-las. Matou-as. Quid juris.
Resposta:
O risco não recai sobre o credor porque houve dolo do devedor.

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Direito da Responsabilidade

816º - o devedor tem direito a ser indemnizado pelas maiores despesas que faça o
devedor com a guarda da prestação com o objeto da prestação, e com o frutisimo da
prestação. ele tem direito à indeminização até a coisa perecer.
Com o perecimento, aplicamos a regra do risco mas não obsta a que continuamos
aplicar a regra da indeminização, porque com o perecimento o incumprimento tornou-se
definitivo, imputável ao credor. Ele tem direito a reter a prestação, foi-se o risco, mas
não deixa ter direito à indeminização ao abrigo do 816º.

f) Admitia agora a hipótese de ambas as partes terem cumpridas a cada um


estava adstrito, mas o rebanho de ovelhas tinha sido em momento prévio à
sua entrega A, atingido por uma doença altamente contagiosa de onde
resultou não só a morte do dito rebanho, como também a morte das
restantes ovelhas que A já tinha detinha e que tinha sido por ele criadas.
Quid Juris?
Resposta:
Trata-se de cumprimento defeituoso, nunca devemos dizer incumprimento defeituoso.
Se é incumprimento não pode ser defeituoso.
Primeiro o cumprimento é defeituoso quando não corresponde as qualidades da coisa
que deva ser cumprida. Mas, para além disso, nem a mora, nem o cumprimento
definitivo são atos a causar.
Se entrego uma trotinete defeituosa, a obrigação não foi cumprida. Neste caso, não é um
cumprimento defeituoso, no rigor técnico do direito porque para ser um cumprimento
defeituoso, regra geral, tem que causa danos típicos. Se quem tinha que entregar as
ovelhas, não a tivessem entregue, jamais essas ovelhas tinham contaminado as outras.
Portanto, daquele cumprimento (defeituoso) resultaram danos, que nem a mora nem o
cumprimento definitivo causaram. Se as ovelhas não fossem entregues as outras que
eram proprietários do outro, tinham morrido. É o prejuízo que ele tem com a morte das
ovelhas que já detinha, que corresponde aos tais danos que nem a mora nem o
cumprimento definitivo causavam.

Artigo 795º nº1- do âmbito do não cumprimento – isto quer dizer se estamos perante um
contrato bilateral e uma das prestações se torna impossível o outro tem direito, porque
só é impossível, imputável, a quem deva cumprir, e ainda assim tem direito, a exigir o
cumprimento da prestação que lhe é devida. Porque estamos no âmbito do contrato
bilateral: fica o credor desobrigado; porque HC? Porque ele não pode ficar pior nem
melhor do que ficaria se a obrigação tivesse sido cumprida.
Artigo 795 nº2 –
Artigo 796º - quais são os contratos que importem a transferência do domínio sobre a
certa coisa? exemplo do contrato de compra e venda. O domínio é sobre o direito sobre
o bem, está consagrado os direitos reais contra os efeitos no 808º.
Estamos perante um contrato de compra e venda, transfere-se o direito da coisa, ainda
que ainda não esteja na posse do adquirente – este artigo diz-nos que se ainda no termos
do contrato, o risco corre sobre o alieante. A partir do momento que a coisa é entregue, o
risco passa a decorrer do adquirente.

Caso prático 2:

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Direito da Responsabilidade

A obrigou-se a entregar a B, a totalidade dos livros que constituíam a sua


biblioteca, grande parte deles, exemplares únicos.
A obrigação de A devia ser cumprida no dia 1 de setembro de 2018. Todavia, A,
não cumpriu a obrigação a que estava distrito.

a) Que direitos assistam a B?


Resposta:
A não cumpre a obrigação dos livros. Estamos perante uma prestação de coisa, em
regra é fungível. Mas a coisa objeto da prestação é infungível, não pode ser substituída
por outra pelo mesmo género e qualidade. Logo, se A não cumpre, vamos partir do
principio lhe é imputável. Entra em mora. Consequências da mora aplicável ao devedor.
É uma obrigação a prazo. Se a obrigação não se venceu, não há incumprimento. Nem
temporário, nem definitivo.
Só há cumprimento temporário ou definitivo com o vencimento da obrigação e não
com o cumprimento por parte do devedor nas situações que estamos perante a mora do
devedor, imputável ao credor. Porque não é o credor que não cumpre. O incumprimento
é que não lhe cumpre. O credor não tem que cumprir. O incumprimento é que lhe pode
ser imputável porque o outro não cumpriu. Consequência da mora do devedor: este é
responsável por todos os prejuízos que causa ao credor, o credor pode recorrer à
realização coativa da prestação. é uma força de execução executiva (os bens podem ser
apreendidos para serem entregues ao devedor). É um pouco diferente, contudo.
Podemos aqui aplicar o 827º.

b) Suponha que, no dia 5 de setembro de 2018, todos os livros que constituíam


a dita biblioteca, arderam em virtude de um incendio, que ocorreram na
cada de A. Quem responde pelo incumprimento desta prestação? A situação
seria idêntica caso o não cumprimento da obrigação de A fosse imputável a
B?

Resposta:
Se o incendio for imputável ao A, a titulo de dolo, o risco corre por conta do A; se o
incendio for imputável ao A, a titulo de negligencia, o risco corre por conta do B; e, se
não for imputável sequer ao A, continua a correr por conta do B.

c) A situação seria idêntica caso o não cumprimento da obrigação de A fosse


imputável a B?

Resposta:
Temos que saber por conta de quem corre o risco. Ainda que o incumprimento seja
imputável ao credor, o risco pode correr por conta do devedor se a perda ou deterioração
da coisa objeto da prestação.

16 novembro 2018
Quando entramos na responsabilidade extracontratual é usual dividirmos esta
responsabilidade em 2 tipos: a responsabilidade subjectiva ou responsabilidade

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Direito da Responsabilidade

aquiliana ou responsabilidade por factos ilicitos por oposição a outro tipo de


responsabilidade que é a responsabilidade objectiva, que pode ser pelo risco ou por
factos licitos danosos. Qual é a diferença? Como o nome diz a subjectiva assenta num
pressuposto que é a culpa, a responsabilidade objectiva é uma responsabilidade
que existe ainda que o agente tenha atuado sem culpa.
O artigo 483º, nº1 onde temos a definição de responsabilidade subjectiva, chegamos
a esta conclusão porque o artigo diz com dolo ou mera culpa, quer 1 quer o outro são
formas de culpa. Portanto, a responsabilidade subjectiva consagrada no artigo 483º
e ss pressupõe efetivamente a culpa do agente, o nº2 deste artigo diz que só existe
responsabilidade independentemente culpa nos casos expressamente previstos na
lei. Muito relevante é que, enquanto no âmbito da responsabilidade subjectiva nós
podemos analisar toda e qualquer situação porque o CC e legislação avulsa não
enumeram todas as situações de responsabilidade subjectiva nós temos que analisar as
situações por referência aos pressupostos, na responsabilidade objectiva esta só existe
desde que esta esteja prevista na lei, logo é um tipo de responsabilidade que se não tiver
prevista na lei não existe, e não admite nem aplicação analógica nem interpretação
extensiva. Portanto responsabilidade objectiva só existe nos casos expressamente
previstos na lei, a responsabilidade subjectiva existe em todas as situações desde
que estejam reunidos os respetivos pressupostos deste tipo de responsabilidade.

 Facto
O pressuposto inicial é a existência de 1 facto, o que é que o legislador diz facto e não
diz acto? Porque o facto engloba os actos e as omissões. Todavia, enquanto que
relativamente às ações, nós sempre que existir uma ação por parte do agente
determinarmos se essa ação provocou algum dano a 3º e se os restantes pressupostos
tiverem preenchidos e podemos concluir que se isso acontecer à responsabilidade civil,
no que respeita às omissões estas nem sempre dão lugar à responsabilidade civil e
porquê? Porque as omissões só dão lugar à responsabilidade civil quando haja por força
da lei ou de negócio juridico obrigação de praticar o facto omitido, onde é que isto está
consagrado no artigo 486º. Exemplo: suponham que estamos na praia da costa da
caparica e que vemos alguém a afogar-se e que apenas ficamos a apenas a assistir. Nós
não somos obrigados a entrar no mar se não formos banheiros nem nadadores
salvadores. Respondemos por omissão de auxilio, mas pela morte não somos
responsáveis. Não fomos salvar a pessoa esta foi a omissão Mas não havia por força da
lei ou do negócio juridico a obrigação de praticar o facto omitido. O que o legislador diz
e sublinha no 486º desde que haja força da lei ou do negócio juridico a obrigação de
particar o facto omitido.
De resto em toda e qualquer situação que tenhamos, por exemplo a hipótese é 1 elefante
entrou num supermercado e destruiu este, o dono do supermercado teve graves danos.
Qual é o facto aqui? Não há de ser o facto de o elefante ter entrado no supermercado,
porque quando nós apuramos o facto, 1º o facto tem que ser voluntário dominável e
controlável pela vontade, 2 requisitos do facto, se o facto tem que ser voluntário tem
que ser humano e portanto o facto nunca pode ser o elefante entrar no supermercado.
Até porque depois teriamos 1 problema, quando nós determinamos a prática de 1 facto
por um agente vamos depois aferir dos restantes pressupostos relativamente a esse
agente, como é que fariamos então no que se refere à culpa. Imputávamos a culpa ao
elefante? Em todas estas situações, do cão que morde a perna à senhora, o facto não é o
cão morder a perna assim como não é o elefante entrar no supermercado, o facto está na
omissão do dever de vigilância de quem tinha o encargo de vigiar qualquer 1 destes
animais.

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Direito da Responsabilidade

Portanto, o facto tem que ser voluntário, dominável ou controlável pela vontade e o
facto tem que ser humano. O facto tem que ser por ação ou por omissão se é por
ação a coisa está resolvida mas se é por omissão, atenção ao artigo 486º porque
nem todas os omissões dão lugar à responsabilidade civil, só dão lugar à
responsabilização quando por força da lei ou do negócio juridico estava obrigada a
praticar o facto que omitiu.

Relativamente aos seguros a situação é diferente, a questão é que relativamente às


companhias de seguro nós pagamos a cobertura de um determinado risco e esse risco é
um risco que pode ser associado quer a uma causa natural ou não. Se for associado a
uma causa humana e ainda assim o risco tiver coberto é possivel à seguradora no âmbito
do direito de regresso exigir do terceiro desde que sobre este recai responsabilidade civil
extracontratual, tem a obrigação de pagar à segurado aquilo que esta pagou. Portanto no
âmbito dos seguros a situação é uma situação mais abrangente, porque nós podemos
assegurar inclusive factos naturais.
No âmbito da responsabilidade civil o facto tem que ser praticado por um humano para
dar lugar à responsabilidade, porque se o facto não for humano ou não for praticado por
um agente não dá lugar à responsabilidade. Sempre que haja animais, crianças,
interditos por anomalia psiquica, em todas estas situações o facto não lhes pode ser
imputável mas sim a pessoa que tinha o dever de vigilância.

 Ilicitude
Vamos agora ao pressuposto da ilicitude, 1º aspecto não confundir a ilicitude com a
ilegalidade. O facto ilicito é ilegal mas o ilegal não é ilicito. Diz-nos o artigo que tem
que haver a violação de uma disposição legal destinada a proteger os interesses
alheios ou a vilolação de um direito de outrem. Que direitos é que estamos a falar?
Todos os direitos absolutos, violação do direito de propriedade, violação do direito
à vida, violação do direito à integridade fisica, violação do direito ao bom nome,
etc.
Quando é que um facto é ilicito? O facto é ilicito quando não só viola o direito de
outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger os interesses alheios, mas
na realidade, a ilicitude corresponde a um comportamente anti-juridico e portanto
podemos estar no âmbito desta primeira variante da ilicitude (violação do direito
de outrem) ou violação desta 2º variante da ilicitude que corresponde à violação de
uma disposição legal destinada a proteger interresses alheios, portanto temos 2
variantes da ilicitude.
No âmbito da ilicitude nós temos causas de exclusão de ilicitude, temos as causas
gerais que correspondem a um exercicio de um direito no cumprimento de um
dever, isto são causas gerais da exclusão da ilicitude. Depois temos as causas
especiais que são a legitima defesa, ação direta, consentimento do lesado e estado
de necessidade. Excluida a ilicitiude por verificação de uma destas causas estamos
perante um facto licito, logo já mais podemos estar no dominio da
responsabilidade por factos ilicitos. Todavia há uma destas causas da exclusão da
ilicitude que pode dar lugar à responsabilidade de factos licitos danosos ou seja a
tal responsabilidade objectiva, a causa é o estado de necessidade. Porquê? Porque
aquele que tira proveito da atuação do estado d enecessidade pode ser obrigado a
indemnizar apesar de a atuação dele ou de terceiro violarem licitamente o direito
de outrem. Há estado de necessidade, e assim o ilicito desaparece mas a violação do
direito mantém-se e se decorrerem daqui danos obviamente que é possivel fazer recair

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sobre aquele que tira proveito do beneficio do estado de necessidade, a obrigação de


indemnizar. Quem tira proveito dessa situação de estado de necessidade é que tem
que indemnizar.

 Culpa
Passamos agora ao pressuposto da culpa, a culpa é o juizo de reprovação que se faz
sobre a conduta do agente, porque consideramos que o agente podia e devia ter
agido de outro modo. No âmbito da responsabilidade extracontratual a prova da
culpa cabe ao lesado, este tem que fazer prova da culpa do lesante, exceto se existir
uma presunção legal de culpa e há no nosso código situações ainda no âmbito da
responsabilidade por factos ilicitos em que são consagradas presunções legais de
culpa – artigos 491º, 492º, 493º. Em todas estas situações estão consagradas
presunções legais de culpa, o que é que isto quer dizer presume-se a culpa do
lesante e o lesado está dispensado de fazer prova da culpa do lesante.
No artigo 503º, nº3 apesar de estarmos no âmbito da responsabilidade objectiva
também temos uma presunção legal de culpa. Portanto a prova da culpa do lesante
cabe sempre ao lesado, excepto se existir uma presunção legal de culpa.
O nº2 do artigo 487º diz-nos que a culpa é apreciada na falta de outro critério legal
pela diligência de um bom pai de familia, e quem é o bom pai de familia? É o
homem medianamente sagaz, prudente, cauteloso, diligente. Então como é que
vamos auferir a culpa do agente? Vamos recorrer a esta figura ideal de um bom
pai de familia para determinar como é que essa figura ideal devia agir naquela
situação se o bom pai de familia agisse da mesma maneira quer dizer que o agente
não tem culpa, se o bem pai de familia agisse de maneira diferente quer dizer que o
agente tem culpa.
A apreciação da culpa é feita em abstrato, porque é feita tendo em conta a
diligência de um bom pai de familia que é uma figura abstrata, temos de ter em
conta nesta abstração alguns elementos associados à situação ou do próprio agente
do caso que estamos a analisar.
Exemplo: eu estou a apreciar a culpa de um agente em abstrato, ele praticou um facto
ilicito de onde resultaram danos. Tenho de saber se tem culpa. É verdade que praticou
um facto ilicito, anti-juridico, mas temos de saber se ele teve culpa. Então vamos
apreciar a culpa dele em face do que seria o comportamente naquela situação de um
bom pai de familia, se o bom pai de familia tivesse agido de outro modo isso quer dizer
que ele é culpado. Isto é a apreciação da culpa em abstrato. Apreciar a culpa em
concreto seria a preciar a culpa tendo em conta a diligência normal usual do agente, se o
agente fosse uma pessoa desleixada, descuidada pouco cautelosa concluiria então que le
não era culpado, porque aquela atuação de onde resultou um dano correspondia à sua
atuação normal, por isso é que no nosso ordenamento juridico a culpa não é apreciada
em concreto.

 Imputabilidade
Ainda em relação à culpa temos que ver ainda uma questão importante que é a
imputabilidade, o que é que isto quer dizer? A quem é que pode ser imputável este
pressuposto de culpa, porque este pressuposto não pode ser imputável a todas as
pessoas. A quem é que não é imputável? Art. 488º. Se a culpa é um juizo de
reprovação sobre a conduta de alguém porque ele podia e devia ter agido de outro
modo, isso quer dizer que o agente devia ter a capacidade de dever e querer ter agido de
outro modo. Se no momento da prática do facto o agente não estava capaz de dever e
querer não pode ser imputável este pressuposto de culpa. Há uma inimputabilidade

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Direito da Responsabilidade

relativamente aquela atuação naquele momento, a não ser, diz a lei, que ele se tenha
colocado culposamente nesse estado. Exemplo: se alguém se vier defender a dizer que
não estava consciente porque estava embriagado ou drogado, a questão é que no
momento da prática do facto a pessoa não tinha como entender e querer mas se foi ela
que culposamente se colocou naquele estado e o culpasamente aqui até por negligência
se pos naquele estado, não responde pela facto ou responde? Depende, se lhe é
imputável ter-se colocado naquele estado também é imputável a pratica do facto,
agora se a pessoa foi drogada ou embriagada, só nestes casos é que não responde,
porque se não teriamos aqui uma via fantástico de o agente se exonerar dos factos.

23 Novembro 2018
No âmbito da responsabilidade extracontratual subjectiva, nós vimos que a prova da
culpa cabe ao lesado, o lesado tem que provar a culpa do autor da lesão com exceção
dos casos em que o legislador preve a presunção legal da culpa. Vimos a questão da
imputabilidade e como é que se aprecia a culpa e vamos ver agora as modalidades de
culpa.

 Modalidades de culpa
O artigo 483º CC diz-nos logo quais são as modalidades da culpa e temos 2 que são: o
dolo e a mera culpa ou negligência, mas dentro destas modalidades temos que fazer
alguma distinção. No que respeita ao dolo nós temos o dolo directo, o dolo indirecto
ou necessário e o dolo eventual. No que respeita à mera culpa nós temos a
negligência consciente e a negligência inconsciente.
No dolo directo o agente quer um determinado resultado, age para esse resultado e
é esse o resultado que se veio a verificar. Exemplo: eu quero matar uma pessoa, agarro
na pistola dirijo-me à casa da pessoa ela abre a porta e eu mato a pessoa. Ou seja, o
agente quer 1 resultado vai agir de forma a atingir esse resultado e é esse o resultado
que se veio a verificar.

No dolo indirecto ou necessário o agente não quer o resultado, mas sabe que o
resultado é uma consequência necessária da sua conduta e ainda assim age.
Porquê? Porque quer um outro resultado que se pode verificar ou não. Exemplo: eu
quero prejudicar 1 vizinho e decido pegar fogo à sua garagem para lhe dar um susto,
adquiro os materiais necessários para pegar fogo à garagem pego fogo à garagem e ela
arde. Até aqui dolo direto, certo? Eu quero aquele resultado, ajo para aquele resultado e
é ele que se vem a verificar. Todavia eu sei que dentro da garagem está o veiculo
automóvel desse vizinho, eu não lhe quero destruir o carro, mas eu sei que ao pegar
fogo à garagem a destruição do veiculo vai ser uma consequência necessária da minha
conduta. Eu não quero essa consequência, mas sei que ela vai acontecer e ajo de
qualquer maneira. Dolo direto relativamente à destruição da garagem e dolo
indireto ou necessário relativamente à destruição do carro, eu não quero mas sei
que essa destruição vai ser uma consequência necessária da minha conduta.

O que traz mais problemas é o dolo eventual e porquê? Porque no dolo eventual o
agente representa o resultado como possivel e nada faz para evitar, ou seja,
conforma-se com a eventualidade da sua verificação. O agente admite correr o
risco daquele resultado se verificar, ou seja, o agente representa mentalmente o
determinado resultado como consequência da sua conduta, ele não quer esse

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Direito da Responsabilidade

resultado, esse resultado não é uma consequência necessária da sua conduta é uma
consequência eventual na medida em que esse resultado configura-se como possivel
e ainda assim o agente age. Ou seja, o agente não acredita na não verificação do
resultado. O dolo eventual está numa fronteira muita ténue com a negligência
consciente, porque na negligência consciente o agente representa o resultado, mas
não acredita na sua verificação, ou seja, o agente só age porque acreditou que
aquele resultado não se ia verificar. Reparem que com a alteração de uma palvrinha
temos a diferença entre dolo eventual e negligência consciente, no dolo eventual o
agente não acredita na não verificação do resultado e na negligência consciente o agente
acredita na não verificação do resultado.
Ele acreditar ou não na verificação do resultado está a distinção entre o dolo eventual e
a negligência consciente. Exemplo: 2 amigos estão numa feira e estão junto de uma
barraca de tiro e há 1 deles que vai disparando diretamente aos alvos e vai acertando em
todos e ganhando prémios, a certa altura, o outro amigo decide lançar-lhe 1 desafio, que
é: se for colocada uma maçã na cabeça da menina da barraca de tiro se ele acertaria na
maçã. O outro disse que claramente acertava na maçã, tem uma optima pontaria e até
agora tinha acertado todos os alvos e portanto aceitava o desafio. Colocam então a maçã
na cabeça da menina e ela não acerta na maçã, mas sim na cabeça da menina.
Neste caso, depende se é dolo eventual ou negligência consciente. Se ele ao aceitar o
desafio o fez porque queria ganhar a aposta independentemente do resultado, ou
seja, ele não se convenceu efetivamente de que o resultado não se efetivaria, aqui
seria dolo eventual, ou como ele é tão bom, como é o melhor do mundo e acertou
sempre acreditou piamente na não verificação do resultado, aqui era negligência
consciente.
Apesar de nestas 2 situações o agente representar o resultado, a diferença entre o
dolo eventual e a negligência consciente vai estar na forcomo como o agente, depois
de representado o resultado como possivel, se coloca, ou seja, acredita ou não na
não verificação do resultado.
Se ele só age porque acreditou piamente que aquele resultado não se verificava, ou
seja, não iria acertar na cabeça da menina – negligência consciente.
Se ele, por outro lado, o que queria era ganhar a aposta e não acreditou na não
verificação do resultado – dolo eventual.
O que temos de ver é se numa determinada situação a hipótese nos encaminha
para alguns destas modalidades, se não nos encaminha temos que levantar as 2
sub-hipóteses, dizer o agente agiu com dolo eventual se/ o agente agiu com
negligência consciente se.
Se na realidade a responsabilidade civil se destina à reparação dos danos, e se é esse o
objectivo principal poderia parecer que independentemente da modalidade de culpa
nenhuma distinção seria efetuada pelo legislador relativamente ao facto do agente agir
com dolo ou mera culpa. Mas assim não é, na realidade quando nós dizemos que a
responsabilidade civil se destina ao ressarcimento dos danos e portanto não tem por
objectivo punir o agente, vamos ver umas ideias relativamente a situações em que a
questão já é discutida de uma outra maneira, são os chamados danos punitivos. Mas nós
temos o artigo que é o artigo 494º, que nos diz que indemnização pode ser mimitada
num valor inferior ao valor dos danos, se o grau de culpabilidade do agente, a
situação económica do lesado e do lesante e as demais circunstâncias do caso o
justificarem.
De resto, a epigrafe deste artigo é – limitação da indemnização no caso de mera
culpa, isto quer dizer que não nos podemos esquecer que, quando nós optamos
numa situação, pela negligência, ou quando a própria hipótese nos encaminha para

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Direito da Responsabilidade

uma situação de negligência, a verdade é que o art. 494º permite ao tribunal, por
motivos de equidade fixar indemnização num valor inferior ao valor dos danos,
sempre que ...., ou seja o lesado pode vir a receber uma indemnização inferior aos
danos que lhe foram causados se o grau de culpabilidade do agente assim o
justificar, ou seja, se o agente tiver atuado com mera culpa.
Se estes 4 pressupostos do 494º forem cumulativos é obvio que este artigo só se
pode aplicar à responsabilidade por factos ilicitos, ou seja, à responsabilidade
subjectiva. Se enterdermos que eles não são cumulativos podemos aplicar este
artigo à responsabilidade objectiva porque o 499º no âmbito da responsabilidade
objectiva nos diz que, são aplicáveis à responsabilidade objectiva todos os artigos
(responsabilidade pelo risco que é o que está aqui consagrado) da secção anterior
que não colidam com a natureza da responsabilidade objectiva que é uma
responsabilidade isenta de culpa.
Ora, se eu considerar que estes requisitos são cumulativos, ou seja, que nos diz
para fixar uma indemnização inferior ao valor dos danos tenho que ter em conta o
grau de culpabilidade do agente, a situação económica do lesado e do lesante e as
demais circunstâncias do caso que assim o justifiquem. Não pode obviamente, para
aqueles que entendem que são cumulativos, limitar a indemnização só porque entende
que a situação económica do lesante não justifica, daqui resulta que apesar do agente ter
praticado 1 facto, que esse facto seja ilicito, que ele tenha agido com culpa, donde
resultaram danos e desde que se verifique o nexo de causalidade entre o facto e o dano,
a agente vai responder pela indemnização total que corresponde ao valor dos danos que
o lesado sofreu, não é verdade, porque à luz deste artigo pode a indemnização ser fixada
num valor infeior ao valor dos danos.
Ora cabe aqui questionar então se não está de algum modo em causa a finalidade da
responsabilidade civil que é reparar/ressarcir os danos. Quando o legislador fala de
limitação da indemnização não é colocar 1 teto, a limitação deste artigo é no âmbito de
poder ser fixada uma indemnização no valor inferior ao valor dos danos.
Portanto, esta distinção entre dolo e mera culpa tem 1 consequência prática enorme
nomeadamente no que respeita ao artigo 494º, no âmbito do direito civil. Só é possivel
limitar a indemnização num valor inferior ao valor dos danos no âmbito do artigo 494º e
depois aqui entram neste artigo a discussão se são ou não cumulativos estes
pressupostos da limitação da indenização, se o juiz não tem que os ter todos em conta e
se assim for não podemos aplicar este artigo a outro tipo de responsabilidade que a
responsabilidade subjectiva.

Temos depois também a negligência inconsciente, por regra esta negligência


reconduz-se à situação de desleixo, da desatenção, de imprudência do agente, ou
seja, ele nem se quer tem consciência da sua negligência. Exemplo: eu estou a
conduzir o meu carro venho de cascais para lisboa e distraio-me a ver 1 barquinho
no rio tejo e provoco 1 acidente, isto é negligência inconsciente. Com a
possibilidade de recorrer mais uma vez aqui ao art 494º.

No que respeita à apreciação da culpa por referência, à deligência de um bom pai de


familia, porque a culpa no nosso ordenamento juridico é apreciado em abstrato, é
apreciada tendo em conta esse ideial do nosso direito que é o bom pai de familia, e
nunca esquecer que quando o legislador diz que a culpa é apreciada na deligência de
um bom pai de familia tendo em conta as circunstâncias de cada caso, não quer
dizer que nós num 1º momento apreciemos a culpa em abstrato e depois passemos
para o caso em concreto, não é nada disso. Apreciamos sempre a culpa em

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abstrato, vamos é ter em conta para apreciação do culpa negligente nomeadamente


a sua profissão ou os requisitos que eram exigidos naquele momento. Exemplo: se
eu estou a apreciar a culpa de 1 médico cirurgião que fez uma intervenção cirurgica a 1
paciente e deixou-lhe uma gaze dentro da barriga, como é que vamos apreciar a culpa
deste médico? Não podemos apreciar a culpa deste médico, pela atuação que um médico
até que não seja cirurgião como é que ele agiria naquela situação. Esta prova, na
realidade, depois faz-se pelo testemunho de outros médicos de como agiriam colocados
naquela situação. O lesado tem que conseguir fazer prova da culpa do lesante e se nao
conseguir fazer essa prova não vale a pena avançar com 1 processo judicial. A prova da
negligência médica não é fácil, porque temos que chamar a depor médicos para
saber como é que 1 médico/ cirurgião suficientemente diligente, audaz e cauteloso
agiria naquela situação. Se concluirmos que agiria do mesmo modo o médico não
tem culpa, se se concluir que agiria de outro modo obviamente que aquele médico é
responsável.

Nestes casos de responsabilidade civil, a grande parte da prova quanto à pratica do facto
ocorre por prova testemunhal, quanto aos danos já não tanto porque a maior parte dos
danos nomeadamente os patrimoniais por regra só se provam por documentos, ou seja,
os rendimentos provam-se pela declaração IRS, os gastos materiais pelas respetivas
faturas, etc... no que respeita aos danos corporais e eventuais incapacidade a melhor
prova é realizada através de uma pericia médico-local, que deve ser requerida logo no
âmbito da propositura da ação.
No que respeita à culpa, não esquecer numa hipótese de dizer a quem é que cabe a
prova da culpa, como é que se aprecia a culpa e devemos começar por no âmbito
da culpa, dizer se o agente é inimputável ou não, e não esquecer que ainda que o
agente no momento da prática do facto não tenha descernimento que lhe
permitisse decidir pela não prática do facto e não esquecer que, se ele se tiver
colocado culposamente nesse estado é tido como inimputável, desde que
obviamente se tenha colocado culpasamente nesse estado. Ver então como é que se
aprecia a culpa e por fim indicar a modalidade ou as modalidades de culpa.
Se não conseguirmos perceber se é dolo eventual ou negligência consciente mais
vale referirmos as 2 figuras e explicar porquê.

 Danos
A seguir temos o outro pressuposto que são os danos, que não nos dão muito trabalho
mas têm muita coisa para dizer.
Para a professora o que é fundamental é a distinção que devemos fazer entre danos
patrimoniais e danos não patrimoniais. Esta matéria dos danos não está
consagrada no capitulo da responsabilidade subjectiva porque é comum a todo o
tipo de responsabilidade contratual e extracontratual, portanto está no âmbito da
obrigação de indemnizar.
A grande diferença entre os danos patrimoniais e não patrimoniais, é que os danos
patrimoniais são aqueles que são avaliados pecuniariamente, ou seja, podem e
devem ser objecto de uma avaliação pecuniária. Por contraposição os danos não
patrimoniais não são avaliáveis pecuniariamente, então como é que se
indemnizam? A indemnização, ou seja, a noção de indemnização é a
correspondência a uma avaliação em dinheiro de um determinado dano, portanto
de os danos não patrimoniais não são avaliáveis em dinheiro no rigor dos
principios não se indemnizam, compensão-se. Claro que todos falamos em

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Direito da Responsabilidade

indemnização, mas na realidade, o que se verifica em relação aos danos não patrimonias
é que estes são objectos de uma compensação.
Os danos não patrimoniais começaram por ser identificados como os danos morais, hoje
em dia a maioria dos outores e a própria jurisprudência já diz que, dentro dos não
patrimonias temos que ter em conta não só os morais mas também por exemplo o
dano estético, e distingue-se o dono estético do moral, exemplo: alguém que sofre um
ferimento e teve que ser intervencionado e ficou com uma cicatriz na cara, temos o dano
moral correspondente à dor e sofrimento que essa pessoa sentiu com a agressão, à dor e
sofrimento que essa pessoa teve no âmbito da sua recuperação, e depois temos o dano
estético o sentimento que passa a ter cada dia que se levante e que olha ao espelho ao
ver aquela cicatriz no rosto, este dano estético hoje em dia é indemnizado.
Atenção que este dano estético pode ter repercussões a nivel patrimonial, imaginem
que a pessoa que sofreu a facada é uma modelo famosa, para além do dano não
patrimonial, para além dos sentimentos associados ao facto de ver a cicatriz na cara
todos os dias, temos uma repercussão a nivel patrimonial mas que nada tem a ver com
os danos não patrimoniais que é o facto de deixar de ser contratada e a sua atividade
profissional deixar de existir, pelo simples facto que ninguém a procura porque
está desfigurada.

O problema é que os danos não patrimoniais não são sempre indemnizáveis esta é
uma regra enquanto que os patrimoniais desde que se provem, os não patrimoniais
o legislador diz-nos que só são indemnizáveis aqueles que pela sua gravidade
mereçam a tutela do direito, isto está consagrado no 496º. Uma chatices, umas
irritações não são suficientes para dar lugar a uma indemnização, o legislador diz que os
danos que pela sua gravidade mereçam a tutela do direito, à partida vê-se que aquilo que
a pessoa considera como dano moral...
Depois temos o dano supremo que é o dano morte, ou seja, a perdo do direito à
vida. Na verdade a indemnização pela morte, o STJ tem fixado o valor na ordem de 70
ou 80 mil euros. Há um outro dano não patrimonial que no âmbito da morte é
indemnizável mas que é autónomo da perda do direito à vida que é a dor e
sofrimento que os familiares próximos estabelecidos na lei têm direito a receber
pelo morte do ente querido e a lei diz-nos que são os conjuges, o filhos, os unidos de
facto, os ascendentes, etc. Isto é por classe, se deixou mãe e filhos são estes que vão
receber, se deixou conjuges e descendentes são estes que vão receber, isto é por
classe, não dá para meter os consjuges, os filhos e os pais. Mas isto é um dano que
não se confunde com a indemnização pelo dano da perda do direito à vida.
Não confundir este dano morte com o dano sofrido pela vitima antes da morte, ou
seja, se do facto resulta a morte e a morte é imediata vamos aplicar o artigo 496º e
temos aqui estas pessoa com direito à indemnização, todavia se antes da morte a
vitima teve dores, teve em coma, etc isto é um sofrimento da vitima que deve ser
indemnizado mas que entram na sua esfera juridica porque ele sofreu estes danos
antes de morrer.

30 Novembro 2018

Possiveis questões teóricas para o teste:


Danos punitivos.

Danos
Artigo 496º

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Direito da Responsabilidade

O artigo 495º veio estabelecer a possibilidade de indemnização a terceiros em caso


de morte ou lesão corporal. Exemplo: os hospitais que prestarem assistência antes da
morte, as despesas com o funeral, etc. E o nº3 vem também possibilitar a indemnização
aqueles que recebiam do lesado uma pensão de alimentos ainda que a titulo de
obrigação natural. Aqui está o caso em que uma obrigação natural vai-se transformar
numa obrigação civil, por força da morte daquele que prestava alimentos a outrem no
ambito da obrigação natural.
O dano no âmbito da obrigação de indemnizar, no fundo o que é que o legislador prevê,
que o lesado deve ser colocado na situação que teria se não tivesse ocorrido a lesão.
A indemnização terá de corresponder a esta medida, e a medida é colocar o lesado
na situação que ele teria se o dano não tivesse ocorrido.
Quando vamos para os danos patriminais a fundamental distinção que devemos
fazer é entre danos emergentes e situações de lucros cessantes. Os danos
emergentes correspondem ao prejuizo efetivo do patrimonio do lesado, quer isto
dizer que houve uma diminuição do ativo com um aumento do passivo. Porque se a
situação económica do lesado é distinta, no sentido de ter dimuido o seu ativo ou ter
aumentado o seu passivo, estamos perante uma situação em que o lesado deve ser
indemnizado. E deve ser indemnizado no âmbito dos danos emergentes, que são tudo o
que o lesado teve de dispender por causa daquela lesão, todos os custos associados aos
tratamentos, aos médicos aos transportes, etc.
Os lucros cessantes correspondem a um prejuizo sofrido pelo lesado e esse prejuizo
é tudo o que o lesado deixou de auferir em virtude da lesão. Ora se tivermos a falar
de um trabalhador por conta de outrem, que deixou de receber a sua remuneração
porque teve aquele acidente é uma prova relativamente fácil de fazer, mas se tivermos
perante por exemplo em empresário em nome individual ou um profissional livre a
questão fica mais dificil, porque quando a professora disse que o lesado tem direito
a indemnização por conta daquilo que deixou de auferir em virtude da lesão, há
que descontar tudo aquilo que ele teria de despender para auferir esse mesmo
valor. Suponhamos um taxista que trabalha por conta própria, e que por dia fatura 100
euros. Não é razoavel que ele a titulo de indemnização receba 100 por dia vezes o
numero de dias que teve parado, porquê? Porque ele nesses dias teria que por exemplo
por gasolina, ora o gasto que ele tem com a gasolina tem que ser descontado ao valor da
faturação dele, porque se não em vez de colocarmos o lesado na situação que teria se
não tivesse ocorrido a lesão colocamo-lo numa situação melhor do que a que ele teria se
não tivesse ocorrido a lesão. Não esquecer que dos lucros cessantes sendo que estes
se definem com tudo aquilo que o lesado deixou de auferir em virtude da lesão mas
mentalmente temos que nos lembrar sempre que ao valor há que descontar tudo
aquilo que o lesado teria que dispender para obter esse mesmo valor.

5 dezembro 2018
O que pode sair:
- Sai até ao 500º + 503º + artigo 508º.
- pode sair um caso pratico por factos ilícitos e depois um outro por responsabilidade
objetiva – se tem presunção de culpa; se ele pode afastar; quem responde ao abrigo no
503 nº1; etc.

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Direito da Responsabilidade

Caso prático:

A, proprietário de um edifício, foi alertado pelos vizinhos, que o edifício


ameaçava ruir.
Decorridos dois meses sobre este aviso, o edifício vem a ruir destruindo um
outro edifício adjacente, propriedade de B, de onde este tinha instalado uma fabrica de
pau.
B, demanda A exigindo o valor de 300 mil euros, assim decomposto (o valor).
A, 50 mil euros, custo de construção do imóvel de que era proprietário.
B, 20 mil euros, valor de toda a mercadoria de bens moveis que se encontravam
no edifício.
C, 130 mil euros, valor que corresponde ao prejuízo sofrido pela inatividade da
fabrica pelo período de 6 meses, prazo decorrente da necessidade da construção da
mesma. Sendo que este valor corresponde ao valor da faturação dos 6 meses anteriores à
produção dos danos.

1. Diga quem é responsável pelos danos e quais os danos indemnizáveis.


2. A solução seria a mesma caso A, viesse alegar, que uma semana de que é
proprietário, teria ocorrido um tremor de terra que destruiu todos os
edifícios adjacentes ao edifico de que era proprietário, com exceção desde
ultimo edifico e do edifico propriedade de B.
3. Mais, entre a situação acima descrita, e aquela que existiria caso A viesse a
provar que C, tinha colocado uma bomba no edifico de B, a qual só
desfraldou após a destruição do edifico em virtude da derrocada verificada
do edifício de A.

Resposta ao caso prático todo:

Estamos perante uma situação ao qual vamos aferir se estão ou não os


pressuposto por factos ilícitos ou se podemos concluir a indemnizar a cargo de terceiros.
Vamos correr à analise dos prossupostos:
1. Quanto ao facto:

Nos sabemos que o facto tem que ser um facto voluntario, ou seja, um facto
humano, o que quer dizer que tem que ser um facto humano, controlável, dominável,
pela vontade. Concluímos com a analise da hipótese que o facto que nos é apresentado é
uma omissão, ou corresponde à omissão do dever de conservação por parte do
proprietário do edifício. Esta omissão dá lugar à responsabilidade civil no âmbito do
artigo 486º, e há por força da lei, a obrigação de praticar o facto omitido.
Ou seja, os proprietários do edifício tem a obrigação de reparar e conservar aquilo
que for necessário de modo a evitar que os edifícios possam causar danos a terceiros.
Portanto, estamos perante um facto por omissão que dá lugar à responsabilidade
civil porque se encontra no âmbito do artigo 486º, sendo que no âmbito deste
artigo, só é relevante para a responsabilidade civil, os factos por omissão quando
haja por força da lei ou do negocio jurídico a obrigação de praticar o facto
omitido.
Neste caso, havia porque resulta da lei.

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2. Facto ilícito:

O facto é ilícito porque corresponde à violação de um direito de outrem. Qual é


o direito aqui violado? O direito de propriedade do proprietário do prédio
confinante, que acabou por ser destruído, com a reunia do edifício.
Dizermos aqui também o que é a ilicitude.
A ilicitude corresponde a um dever anti jurídico, ou seja, corresponde a um
comportamento anti jurídico, quer dizer que o agente quando o facto é ilícito, para
além de praticar um facto contra a lei, dai resultada danos contra terceiros, danos
esses que têm obviamente que ver com a violação de direitos absolutos. Se tivermos
perante a violação de violação de direitos resultantes do direito de credito não é
esta a sede mas sim a responsabilidade contratual.
Relativamente às causas da ilicitude, não nos parece aqui que estejamos
perante uma das causas da exclusão da ilicitude. Logo, o facto é ilícito.

3. Culpa:

A culpa corresponde a um juízo feito sobre a conduta do agente que ele


deveria e podia ter agido de outro modo. Fazemos esse juízo de reprovação
sobre a conduta do agente. Exatamente que ele podia e devia ter agido de outro
modo.
A culpa é apreciada na falta de um outro critério legal, pela diligencia de um pai
de família. O que é isto: um bom pai de família é uma figura ideal, um cidadão
medio, sagaz, prudente. Contudo, o artigo diz ainda ‘’na medida de cada
circunstancias. Isto quer dizer que, um bom pai de família pode ser uma
referencia para aferir a culpa do agente, o proprietário de qualquer imóvel,
mediano sagaz, cauteloso, prudente, cuidadoso, como é que ele agiria naquela
situação.
Se chegarmos à conclusão que ele teria reparado o edifício, e se ele não
repara-se o edifico ficaria destruído, chegamos à conclusão que o agente é
culpado.
Neste caso especifico, ao contrario da regra geral que a prova da culpa cabe
ao lesado – dono do edifício – temos que consagrar a presunção legal de culpa.
Artigo 492º - está consagrada uma presunção legal de culpa ‘’só se provar
que não houve culpa da sua parte’’. Quer isto dizer que o lesado é dispensado
de provar a culpa do agente, e o agente é que tem que demonstrar que não teve
culpa para ilibar a sua responsabilidade, a verdade é que da hipótese, nenhum
elemento nos detemos que nos permite afastar a presunção legal de culpa.
Concluímos que o agente é culpado.

Quanto as modalidades de culpa:

Temos aqui um problema, porque ele foi avisado pelos vizinhos que o edifício
ameaçava ruir, obviamente que é representado o resultado. Mas das duas uma: ou
ele representou o resultado e não se verificou a não verificação, ou seja,
conformou-se com a possibilidade do resultado se verificar, estamos perante uma
situação de dolo eventual; ou, representação o resultado, contudo acreditou na sua

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não verificação – negligencia consciente – porque acreditou que o edifício já


durava à tantos anos e iria continuar por muitos mais anos.
Atenção à aplicação do artigo 494º se concluirmos a responsabilidade do agente
caso em que ele é obrigado a indemnizar todos os prejuízos resultantes da lesão, desde
que haja direito de responsabilidade, a questão é que o 494º - permite a indemnização
seja fixada no valor inferior ao valor dos danos.

Quanto aos danos: o vizinho B veio invocar a existir de que danos?


Danos patrimoniais todos eles avaliados peculiarmente – 50 mil euros da
construção da propriedade (etc – ver hipótese).
Temos a invocação de danos patrimoniais que resultam em dois danos:
danos emergentes e os lucros de cessantes. Os dois primeiros danos (o custo de
reconstrução, assim como a destruição da dita fabrica que tinha, correspondente a
danos emergentes) – basta ele fazer prova desses danos para que tenha dinheiro a
ser ressarcido pelo valor corresponder a esses danos.
Relativamente aos outros danos que em terceiro lugar ele invoca, estamos a
falar de lucros cessantes, estes correspondem a tudo aquilo que o lesado deixou de
aferir em virtude da lesão, mas atenção, ao pedir o valor da faturação do período
de 6 meses, ele não está a fazer um pedido que possa ser impedido. Para ele efetuar
esse valor, teria que ter gastos com a mercadoria, com a elaboração da fabrica,
com a eletricidade da fabrica, etc, que não está a descontar pela faturação. Se este
pedido dele fosse verificado, ele ficaria numa situação melhor daquela que tinha se o
dano não tivesse ocorrido porque o valor da faturação que ele invoca é o valor daquele
que ele iria receber com a fabrica em elaboração, e ia receber da vendas dos produtos
fabricado por esta mesma.
Ora, ele para fabricar esses produtos e poder vender por esse valor que ele
indica, teria que ter gastos. Teria que ter a matéria prima, teria que ter gastos com a
eletricidade, gastos com a agua, gastos a própria elaboração da fabrica. Ora, se a fabrica
esta encerrada, ele não tem esses gastos mas também não pode pedir o valor da
faturação. Porque ele para obter regularmente, para obter esse valor de faturação, tem
que despender qualquer que seja, mas qualquer um outro valor que tem que ser
diminuído a esse valor da faturação.

Portanto esse pedido dele não é aceitável, uma vez que apesar desse valor
corresponder a tudo aquilo que ele deixou de auferir em virtude da lesão, tem que
descontar esse valor, tudo aquilo que ele teria que gastar para obter esse mesmo
valor.

4. Nexo de causalidade:

O nexo de causalidade é uma causa de existência entre o facto e o dano,


efetivamente ao abrigo do artigo 563º do cc – o nexo de causalidade é aferido
através da teoria da causa adequada, que nos diz que o nexo de causalidade tem
que existir entre o facto e o dano, ou seja, o facto tem que ser adequado à produção
do dano, ou seja, tem que ser apto a produzir aquele dano. Efetivamente, nos
concluímos que o facto de o A ter omitido o seu dever de conservação e reparação, o
facto não é a reúna do edifício, ou seja, que é normal, razoável e previsível, a reúna
daquele edifício venha a ser destruído um outro imóvel adjacente aquele destruía o

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edifica, é normal que dessa destruição resulte a destruição de qualquer edifício que
esteja ao pé desse edifico.

Concluímos que há nexo de causalidade entre o facto e o dano, logo, conclusão:


há obrigação de indemnizar a cargo de A. quer dizer que o A deve suportar todas
as despesas, todos os prejuízos causados a B, e resultem do facto de ter sido
pratico.

Contudo, houve um terramoto. Todavia, ele vem a invocar que nessa mesmo
semana, ocorreu um terramoto de terra, e todos os edifícios adjacente aquele que ruiu
ficou destruído. No fundo, o que A esta a invocar é a relevância negativa da causa
virtual. Ou seja, o autor da causa real, quer ver afastada a sua causa de
indemnizar, através de uma causa virtual.
No nosso ordenamento jurídico, por regra, a causa virtual não tem qualquer
relevância, todavia, excecionalmente, admite-se a relevância negativa da causa
virtual. Não é por acaso que se admite no artigo 492º onde está escrito segunda parte
importante do artigo – ‘’ou que mesmo a ...... não se tinha evitado o dano real’’. ou seja,
isto quer dizer que, se não existisse a causa real, ou seja, se A tivesse feito as
devidas reparações e se o prédio deste não tivesse ruido e por isso nenhum dos
outros prédios/edifícios/fabrica tivessem estado bem, havia uma outra coisa –
causa virtual, que é a ocorrência natural de um terramoto – que está apta a provar
os mesmos danos, não fosse os danos provocados pela causa real. E essa causa
virtual é o terramoto, e ao invocar a causa relativa negativa da causa virtual, ele
quer afastar a sua obrigação de indemnizar.

A relevância da causa virtual negativa é admitida nestes artigos enquanto


corresponder a uma causa natural – que é o caso desta hipótese.
Se em vez desta invocação, o A viesse dizer que é verdade, ficou destruído o
edifico de B, mas este teria sido sempre destruído, por uma bomba que C, colocou
e que só não destruiu porque o edifico foi destruído pelo facto imputável ao
próprio A. Neste caso não é admissível a relevância negativa da causa virtual, porque
não foi por uma causa natural, mas sim é um facto voluntario humano – quer a nossa
jurisprudência, quer a nossa doutrina, não admite.

Artigos: 491º 493 e 493º(não se admite o nº2 deste artigo, apenas o nº1) - onde a
relevância negativa da causal virtual é admite e no âmbito da responsabilidade
contratual – 1207º, nº3.

Caso prático:

A , menor de 7 anos e quando se encontrava na escola que frequenta, arremessou


uma pedra à cara do colega B causando-lhe um ferimento.
B foi transportado para uma cama de um hospital onde foi administrado um
medicamento que era alérgico e veio a morrer. Os pais de B pretendem a
responsabilidade pelos danos sofridos pelo filho e a identificação destes mesmos danos.
Quid juris.

Resposta:

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Estamos no âmbito de um hipótese que se encontra atualmente no âmbito da


responsabilidade por facto ilícitos. Teriam que ser analisados todos os seus
prossupostos.
1. A pratica de um facto:
O facto tem que ser um facto humano, dominável, controlável pela vontade.
Podemos identificar este facto como o facto de dever de vigilância sobre o menor de
7 anos – A. Esse dever de vigilância caberia naturalmente à professora de infância,
à vigilante – a qualquer uma das pessoas que estivesse encarregue de vigiar a
criança no recreio.
Este facto tem relevância no efeito de responsabilidade civil, por ser uma
omissão, porque neste caso, por força do negocio jurídico, havia obrigação de
praticar o facto omitido. Não resulta da lei daquelas pessoas vigiarem aquela
criança, mas resulta dos pais terem contrato aquele colégio para cuidarem,
vigiarem a criança, o que efetivamente não ocorreu.

Portanto, é um facto por omissão que releva por responsabilidade 486º - no âmbito
de uma omissão relativamente a um facto, sendo que havia por força de um
negocio jurídico, a obrigação de indemnizar um facto omitido.

491º - são chamados a responder a quem tinha obrigação de vigiar o menor.

2. Facto ilícito:

O comportamento do vigilante é um comportamento por facto ilícito. Que resultam


dos danos do facto menor ter provocado ter provocado o ferimento ao outro.
Relativamente a esse dano corresponde a um dano relevante para efeitos da
responsabilidade civil porque é um dano físico. Que, obviamente, nesta situação não
terá repercurssões na atividade do menor, mas os pais tiveram que dispender dinheiro
com o transporte da criança ao hospital, vamos supor e para além disso, a verdade é que
a criança acabou por falecer. A morte da criança é um dano com relevância porque o
legislador diz-nos que, no âmbito da responsabilidade não patrimoniais têm relevância
que aqueles pela sua relevância mereçam pela tutela do direito, e não há nenhuma
duvida que o dano supremo que foi aqui causado foi o dano de morte.
A propósito da culpa, este artigo consagra a presunção legal de culpa. E,
portanto, ao contrario da regra geral, há-de ser o vigilante que tem de provar que
não teve culpa para afastar a sua responsabilidade. Se não fizer esta prova, será
considerado culpado uma vez que o lesado não tem de fazer prova da culpa do
autor da lesão, nos caos em que há presunção de culpa.
Já identificamos os danos. Há danos físicos, a dor, o sofrimento do B de ter
ser sido agredido - dano próprio que ele sofre. E depois temos um dano da morte –
dentro dos danos não patrimoniais.

3. Nexo de causalidade:

Há ou não há nexo de causalidade entre a omissão do vigilante, e os danos que


foram causados ao menor. Ou seja, o que a hipótese nos diz é que o menor foi
atingido por uma pedra e foi conduzido ao hospital.
No âmbito do nexo de causalidade, que o nosso ordenamento jurídico, adotada a
vertente negativa. Isto quer dizer que o lesado unicamente tem que provar que o
facto é uma condição do dano. Logo, é fácil provar que se não fosse a omissão do

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dever de vigilância, nunca o menor teria morrido. O facto foi o qual o dano nunca
se teria resultado.
Todavia, no âmbito da vertente negativo no âmbito da teoria da causalidade
adequada. Em que ao lesado basta provar que o facto é que condição do dano, cabe
ao lesante demonstrar que existiram condições extraordinárias e anómalas, que se
interpuseram entre o facto e o dano, e que resultaram efetivamente, ou que
levaram à produção daquele dano.

Quais condições extraordinárias e anómalas?

A administração do menor daquele medicamente que ele era alérgico e que


conduziu à morte do menor.
Portanto, não há nexo de causalidade entre a omissão do dever de vigilância por
quem tinha a incumbência de vigiar o menor da morte da criança. Só há nexo da
causalidade relativamente ao ferimento que foi, que menor b sofrer na cabeça, na
cara e, desse ferimento, obviamente resultaram danos que obviamente foi a dor e o
sofrimento que sentiu quando foi atingido.
E a morte, fica por indemnizar?
Não. Porque aqui temos um outro facto, uma outra culpa, outro nexo de
causalidade.

Logo temos dois factos, duas ilicitudes, duas culpas, dois danos, e dois danos
causais que têm que ser separados. Relativamente à morte poderá ocorrer
efetivamente a omissão de cuidar por parte dos médicos que assistiram a criança.
É normal, é provável é previsível, que da administração daquele medicamento
resulte a morte. Não, apenas se fosse alérgico. Então e caberia aos médicos fazerem
uma analise à criança para saber se esta era ou não era alérgica aquele
medicamento?
Se concluirmos que só médicos omitiram uma pratica que deveriam ter seguido,
eles vão ser responsáveis os médicos porque não trataram daquela criança como
deveriam ter cuidado. Foram imprudentes, foram negligentes. Aqui provavelmente
é uma imprudência.

Provavelmente, tanto aqui na parte dos médicos como na parte da enfermeira, ela
distraiu-se. Estaríamos em qualquer das situações perante uma negligencia
consciente, uma imprudência. Deveriam ter feito aquela criança, e a criança
faleceu.

Portanto, esses médicos, são responsabilizados pela morte e é sobre eles que
recairá a morte de indemnizar.

Provavelmente, a vigilante trabalhava para a escola, o medico trabalhava para


o hospital. É claro que é possível chamar a responsabilidade ao colégio e ao
hospital.
Artigo 500º - para que o comitente possa ser chamado a responder, é necessário
que haja uma relação de comissão. Há sempre uma relação de comissão quando há
uma relação jurídica e económica. Ora, entre uma entidade pessoa trabalhadora,
existe essa subordinação jurídica. Mas, também pode e é admita que resulta não de
um contrato de trabalho, mas se alguém exercer uma atividade por conta daquele
que o encarrega (ex: comitente e comissão) – não há duvidas que nesta situação,

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Direito da Responsabilidade

existindo uma função laboral entre o colégio e a funcionário, o colégio funciona


como comitente e a funcionaria como comissaria.

Ao abrigo deste artigo, temos que ter em conta requisitos:


1. Tal como vimos anteriormente (o que foi dito anteriormente) –
subordinação jurídica;
2. Que sobre o comissario recaia a obrigação de indemnizar – concluímos que
recaia ao comissario a obrigação de indemnizar.

Este artigo fala desde que caia a comissão de indemnizar, mas não diz que
âmbito da responsabilidade. É unanimo na doutrina e na jurisprudência, que essa
obrigação de indemnizar deve resultar da responsabilidade por factos ilícitos
porque não encontramos nenhum outro partido de responsabilidade objetiva que
permita responsabilizar o preço do comissario. Por outro lado, o elemento que nos
parece mais forte é que seja por factos ilícitos.
Nº3 – exceto se o comitente também tiver culpa – é porque é pressuposto da
responsabilidade do comissario, o pressuposto da culpa.
Qual é a responsabilidade por culpa ? – responsabilidade por factos ilícitos –
subjetiva por factos ilícitos.

Logo, o 2 requisitos do comitente sobre o comissario recai a obrigação de


indemnizar, no âmbito da responsabilidade por factos ilícitos – e nos concluímos
que o vigilante era obrigado a indemnizar.

3. Terceiro requisito, é necessário que eles estejam no exercício da função que


lhe foi confiada. Ou seja, diz-nos que no nº2 o comissario pode agir
intencionalmente ou contra as instruções, mas tens que estar no exercício
das funções que lhe foi confiado.
Quando é que o comissario está no exercício das funções que lhe foi confiado?
Quando o facto pratico que resultado de um dano para terceiro, é pratico no
quadro geral da função que lhe foi confiada. Ou seja, entre a função que lhe foi
confiada, e o facto que foi praticado, à um nexo instrumental, ou seja, não basta
que o comissario pratique aquele facto ilícito ao qual resultam danos, por ocasião
da função, não basta por causa da função – tem que existir um nexo instrumental
entre o facto praticado e a função do que lhe foi confiado.
Ou seja, o comissario tem que estar a agir no quadro geral da função que
lhe foi confiada. O vigilante está no recreio a vigiar as crianças, e se se distrai ao
telemóvel ou algo do género, está no quadro geral da função que lhe foi confiada.
Logo, estão reunidos os prossupostos do artigo 500º.
Quer dizer que o comitente, ao abrigo desse artigo, responde objetivamente
sem culpa, e responde como garante da obrigação de indemnizar a cargo do
comissário.
Quer isto dizer que se o comissario demandar o comitente, o comitente é
obrigado a indemnizar, e tem direito de regresso sobre o comissario. Quando é que
este direito de regresso não vai funcionar na sua totalidade? Quando o comitente
também tiver culpa – culpa na eleição do comissario, culpa nas instruções dadas ao
comissario, e culpa na fiscalização do comissario.
Logo, se este tiver culpa, vai responder também por factos ilícitos, mas responde
em simultâneo com o comitente, ou seja, recai sobre os dois a obrigação de
indemnizar, o lesado pode exigir a indemnização na totalidade do comitente. O

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Direito da Responsabilidade

comitente tem direito de regresso sobre o comissario relativamente à quota parte


da indemnização correspondente aos danos do comissario como culpa. Já não tem
direito do reembolso na sua totalidade, porque tem que suportar os danos que
resultaram da sua atuação e por isso tem que indemnizar a sua quota parte.
Quando é que está fora da sua função? Quando por exemplo a funcionaria está
ao telemóvel com uma amiga – o comitente não tem que suportar isto. Ou por
exemplo, uma pessoa que foi contratada a uma empresa para pintar uma casa, e
este esta a fumar e deixa a beata numa tinta toxica e pega fogo a casa, a empresa –
o comitente – não tem que suportar isto.

Em suma, não tem que ser por ocasião da função, não tem que ser temporal da função.
O facto praticado, ou seja, no exemplo a cima, a omissão de dever de vigilância, que
dá lugar ao dano, tem que se inserir no quadro da função que lhe foi confiada.

Mesmo que a entidade lhe dê uma atuação, e ele faça outra, ele continua a estar
no quadro da função que lhe foi confiada. Ainda que esteja a agir contra as funções que
lhe foi dado.

7 dezembro 2018
Resolução de uma das hipóteses dada no dia 5:
É um facto que ao abrigo do 503º, nº1, o comitente A é chamado a responder como
detentor do veiculo, uma vez que o veiculo é conduzido pelo comissário no interesse
do comitente e portanto o A é aquele que no artigo 503º é identificado como o
detentor do veiculo. Mas nos termos do nº 1 do 503º quem é chamado a responder
como detentor, unicamente pode ser chamado a responder pelos danos que
resultem dos riscos inerentes ao próprio veiculo. No âmbito dos riscos inerentes ao
próprio veiculo, incluem-se os riscos inerentes ao veiculo quer ele esteja em
circulação quer ele esteja imobilizado, assim como os riscos inerentes ao condutor
no âmbito de um binómio condutor-veiculo. Todavia, sendo o veiculo conduzido
pelo comissário ao abrigo do 503º, nº3 sobre o comissário recai uma presunção de
culpa, o que quer dizer que se o comissário não afasta a presunção legal de culpa
que sobre si recai ele é chamado a responder no âmbito da responsabilidade por
factos ilicitos e têm que estar reunidos relativamente ao comissário todos os
restantes pressupostos relativos à responsabilidade por factos ilicitos, para além do
pressuposto de culpa que se verifica porque ele não fez prova de que não tinha
culpa.
Se o comissário é chamado a responder pela responsabilidade de factos ilicitos, o
comitente já não é chamado a responder nos termos do 503º, nº1 mas sim nos
termos do artigo 500º como garante da obrigação de indemnizar pelo comissário.
Mas para tanto é necessário verificarmos se o comissário estava ou não na função
do exercicio que lhe foi confiado. Se realmente o acidente ocorre quando o
comissário está no exercicio da função que lhe foi confiada, estão reunidos os
pressupostos do artigo 500º (existência da relação de comissão, responsabilidade de
factos ilicitos a recair sobre o comissário em exercicio da função) quem responde
pelos danos causados a C é obviamente o comitente como garante da obrigação de
indemnizar ao abrigo do artigo 500º e o comissário no âmbito da responsabilidade
por factos ilicitos. Responsabilidade solidária, pelo que se o comitente for demando
por C a liquidar a obrigação tem direito de regresso sobre B, ao abrigo do nº3 do

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Direito da Responsabilidade

artigo 500º. Então e os danos causados no veiculo de A? O A suporta os danos, a


questão é e por esses danos A pode responsabilizar B? É uma questão que não nos
devemos preocupar porque já é relativa as relações que existirão a nivel laboral se o B
agiu com culpa e se o A tem ou não tem fundamento para exigir a indemnização pelos
danos causados no veiculo propriedade de A conduzido pelo B.
Quando o comissário ao abrigo do 503º, nº3 não afasta a presunção legal de culpa,
o comitente que à partida ao abrigo do nº1 respondia como detentor, mas nessa
qualidade só responde pelos riscos inerentes ao próprio veiculo e não tendo o
comissário afastado a presunção legal de culpa que sobre ele recaia quer dizer que
os danos não resultaram dos riscos inerentes ao próprio veiculo resultaram da
conduta culposa de B, portanto para além da culpa e estando reunidos todos os
pressupostos da responsabilidade por factos ilicitos relativamente a B, A só pode
ser chamado a indemnizar ao abrigo do 500º.
No artigo 500º temos que verificar a relação de comissão, que sobre o comissário
recai a obrigação de indemnizar só falta verificar a situação se o comissário está ou
não está sob o exercicio da função que lhe foi confiada. Se está, o comitente
responde como garante tendo direito de regresso sobre o comissário.

- Alinea b)
A doença súbita do condutor é ou não é entendido como risco inerente ao próprio
veiculo? Sim, então não é uma causa de força maior que ao abrigo do 505º nós
possamos excluir a responsabilidade. Não confundir causas de força maior com um
risco inerente ao próprio veiculo. Ou seja, os casos furtuitos entram nos riscos
inerentes ao próprio veiculo, os casos de força maior não e exclui-se a
responsabilidade ao abrigo do 505º. Se dizemos que o B tem 1 ataque de coração uma
doença subita, despista-se e embate no veiculo conduzido por C. Se esta prova foi feita
como se diz na hipótese que foi feita, o B prova que não teve culpa e estava ou não
no exercico da função que lhe foi confiada? Está, então quem é que é chamado a
responder? O A pelo nº1 do 503º como detentor da viatura, ou seja, o A responde
pelos danos que resultem dos riscos inerentes ao próprio veiculo. Porque a doença
subita de B considera-se que é um risco inerente ao próprio veiculo, não é uma
causa de exlusão da responsabilidade ao abrigo do 505º, o 505º exclui o caso de
força maior não exclui nunca os casos furtuitos.
Os casos de força maior são por exemplo problemas da natureza, nos casos de riscos
inerentes ao próprio veiculo o que a professora quis dizer é tudo o que esteja
associado aos riscos do próprio condutor considera-se que é um risco inerente ao
próprio veiculo.
Portanto, nesta hipótese o A é chamado a responder como detentor da viatura,
responde pelos danos causados nos limites do 508º. Atenção que há quem entenda
que é possivel aplicar a esta situação o artigo 494º, para quem entende que os requisitos
do 494º não são cumulativos, porque se forem cumulativos jamais podemos aplicar a
esta situação porque se são cumulativos 1 dos requisitos é o grau de culpabilidade do
agente, ora se estamos no âmbito da responsabilidade de A como detentor estamos no
âmbito da responsabilidade pelos risco, para quem entende que não são cumulativos e
como o artigo 499º nos diz que podemos aplicar à responsabilidade pelo risco toda a
dispositivo da secção anterior ou seja da responsabilidade por factos ilicitos desde que
esses dispositivos não colidam com a natureza da responsabilidade pelo risco. Quando é
punido? Sempre que o presuposto de culpa estiver presente nesse dispositivo. Então
como é que aplicariamos o 494º, para quem entende que estes requisitos não são

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Direito da Responsabilidade

cumulativos por referência à situação económica do lesado e e do lesante e por


referências às demais situações do caso que justifiquem a indemnização.

- Alinea c)
O facto de o C conduzir sob o efeito do alcóol, se a única prova que foi feita foi esta,
não é suficiente para responsabilizar C pela responsabilidade por factos ilicitos. Tem
que haver um nexo entre a condução sob o efeito do alcool e a produção dos danos.
Vamos imaginar que o C estava estacionado e bem estacionado e é abalrroado por B, é
feito o teste de alcoolémia ao C quando o C não contribuiu para o acidente. Há que
estabelecer um nexo entre a condução sobre o efeito de alcool e o acidente. Não
basta a condução sob o efeito do álcool para que alguém seja responsabilizado pelo
acidente é necessário que entre a condução sob o efeito do alcool e o próprio
acidente haja uma conexão, ou seja, foi porque estava alcoolizado que praticou
algum facto de onde resultaram os danos. Como é que teriamos de resolver a
questão? Vamos supor que C estava alcoolizado, vamos supor que foi feita prova
que foi culpado não só porque estava alcoolizado mas que o acidente lhe é
imputável, ou seja, ele não só estava alcoolizado como há um nexo entre a
condução sob o efeito do alcool e o facto por ele praticado provocar um dano, ou
seja, em que medida é que ele contribuiu para a verificação daquele resultado. Mas
a hipótese diz-nos que B provocou danos a C. 1ª fórmula de resolver esta hipótese,
não é suficiente a prova da culpa de ser para afastar a presunção de culpa que
recai sobre B, de resto podemos ter aqui, e a hipótese não acrescenta nada mais, nós
temos uma culpa provada relativamente a C e uma culpa presumida relativamente
a B. Seriam os 2 chamados à responsabilidade. Todavia à 1 artigo que é o 570º, o
nº2 do 570º leva-nos à responsabilidade de B, mas isto só acontece se a culpa do
lesante se basear numa presunção legal de culpa, porque se a culpa do lesante para
além da presunção legal de culpa for provada, passamos para o nº1, não tem
necessariamente que excluir a responsabilidade do lesante pela culpa do lesado. A
diferença entre nº1 e o nº2 do 570º é que o nº2 exclui a responsabilidade do lesante
quando essa responsabilidade deriva de uma presunção legal de culpa e é provada
a culpa do lesado, se a culpa do lesante não resulta de uma presunção mas resulta
de prova já não exclui e aplicamos o nº1. E então o C tem culpa e o B também tem
culpa mas é baseada numa presunção e se é baseada numa presunção ao abrigo do
570º nº2 a responsabilide de B é excluida. E a de A? Também é excluida ao abrigo
do 570º, porque a responsabilidade eventual de A era só baseada no risco havendo
culpa do lesado esta exclui no âmbito do 505º em que o legislador diz-nos que a
culpa do lesado exclui a repsonsabilidade daquele que pode vir a ser chamado a
responder como detentor. Alguém não pode vir a ser chamado para se
responsabilizar quando há um interveniente com culpa.
Não estamos num acidente de viação simples em que 1 veiculo conduzido por B
embate no veiculo conduzido por C, mas estamos numa colisão de veiculos. O
artigo 506º diz-nos que no âmbito da colisão, que se houver uma colisão entre 2
veiculos primeiro temos que determintar quem é que é chamado a responder e em
que qualidade. Ou seja teriamos que aferir da responsabilidade de B com base na
presunção do 503,nº3, tinhamos que aferir se sobre C estão reunidos os
pressupostos da responsabilidade por factos ilicitos. Vamos supor que há prova de
que não teve culpa e de que não é feita prova da culpa de C, todavia C e A são
chamados a responder no âmbito do 506º .
Numa colisão de veiculos 2 situações: eventualmente aferimos pela
responsabilidade de ambos os veiculos e vamos repartir a responsabilidade na

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proporção em que cada um dos veiculos tiver contribuido para os danos. Naquelas
situações em que foi só 1 veiculo que embateu só esse veiculo é que responde, o
causador dos danos.
Somam-se os valores dos danos e temos assim 2500 euros, se não conseguirmos
determinar a contribuição a nivel de risco vamos presumir iguais então vamos dividir
por 2 e dá 1250 euros que cada um tem que suportar. Isto quer dizer que A teve danos
de 1500 tem que receber 250 euros de C porque ele só tem que suportar 1250 euros. O
C que teve danos de 1000 tem que pagar a A os 250 euros para que cada um suporte a
nivel de risco o mesmo montante.

Vamos pensar que vai sair uma hipótese no âmbito do 491º e vamos pensar que um
interdito causa danos a terceiro, quem é que é chamado à responsabilidade? Aquele que
tem obrigação de vigilância, essa obrigação pode resultar da lei ou de negócio juridico.
Se o interdito/inabilitado/ menor de 7 anos, se estava a cargo dos pais a obrigação de
vigiar o menor decorre da lei, se estava a cargo de 1 empregada a obrigação resulta de
um contrato do negócio juridico. Portanto todos os casos por omissão só relevam se no
caso do 486º concluirmos que havia por força da lei ou negocio juridico a obrigação de
praticar o facto omitido, vamos partir do principio que sim, o vigilante é chamado a
responder porque omitiu dever de vigilância, omissão releva para a responsabilidade
civil que pela lei ou negocio juridico tinha obrigação de praticar o facto omitido, é
ilicito, tem culpa porque não afastou a presunção de culpa consagrada no artigo 491º e
concluimos pela responsabilidade. Vamos considerar que apesar de haver uma causa
virtual esta não tem relevância para efeitos de aplicação de este artigo porque se a causa
virtual que for invocada corresponder a um facto humano já sabemos que não tem
relevância e portanto temos o vigilante chamado à responsabilidade. Todavia, vamos
supor que não é possivel obter a reparação do vigilante porque não tem património ou
bens. Por motivos de equidade à luz do 489º é possivel fazer recair sobre o menor a
obrigação de indemnizar.

21/ Dezembro/ 2018

1.
Requisitos do artigo 500º, mas todavia, há um acidente de viação, o professor acha
que pode haver aqui uma obrigação e que sendo um veiculo conduzido pelo
comissario no exercício das suas funções, não se coloca a hipótese de o A, o
motorista, ser responsabilizado pelo nº3 do 503º. Se a responsabilidade como
detentor, portanto só pode ser chamada no âmbito do artigo 503º nº3, tendo culpa,
partindo do principio que estava no exercício da função.
Quanto a A, fala-se em presunção de culpa de acordo com o artigo 503 nº3, e faz
com que A, seja chamado a responder por danos por factos ilícitos, e o B como
comitente dos termos do 503º nº3. Portanto, o B, também não responderia como
detentor, ao obrigo do nº1, porque há responsabilidade do comissario (500º, o B, a
empresa só é chamado como garante de responsabilizar a cargo do comissário).
Tenho responsabilidade subjetiva de A. E objetiva de B (artigo 500º). Com limite
máximo de 508º do CC.
Levanta-se a questão de saber se a presunção de culpa do artigo 503 nº3 se aplica
do caso da colisão de veículos – partimos do caso do principio que sim. E, A culpa
M. M entende que a culpa é de A.
NOTA: a professora continua a ler a correção da pergunta numero 1 do 2 teste.

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Sendo que, sempre que sendo uma colisão também devemos de partir do princípio
que M devia ser chamada a responder nos termos do artigo 503º nº1. E a
responsabilidade seria repartida em função de que cada um dos veículos tiver
contribuído.
Quanto aos danos, são os danos provocados pelos próprios veículos. Atribuem-se os
danos patrimoniais não verificados. E quanto ao dano de Lurdes, obviamente o
mesmo não pode ser considerado por fala de nexo de causalidade, ou seja, a Lurdes
veio a falecer a caminho do hospital.

2. e 3. A professora está a ler a resposta do professor.

O esquema que a professora vai dar agora não é para aplicar num acidente de
viação porque estas definições que a professora vai dar, não cabem todas em
qualquer acidente. Portanto, temos que partir dos pressupostos que a professora
vai partir, para dar a resposta adequada.

Vamos partir do princípio que temos um acidente de viação com um veiculo


proprietade de um comitente, conduzido pelo seu comissário. Esta é a base.
1. Primeira hipótese, o comissario não afasta a presunção legal de culpa que
sobre si recai, prevista no nº3 do 503º, mas está no exercício das suas
funções que lhe foi confiada. Quem responde? Responde o comissário no
âmbito da responsabilidade por factos ilícitos, responsabilidade subjetiva,
aetigo 483º e ss, podendo beneficiar do artigo 494º, caso tenha agido por
mera culpa, e o comitente responde como garante da obrigação de
indminzar ao abrigo do artigo 500º. Neste caso o comitente tem direito de
regresso sobre o comissário, por tudo o que haja parte.
2. Segunda situação, o comissário não afasta a presunção legal de culpa sobre
si recai prevista no artigo 503º nº3, mas está fora do exercício das suas
funções. Responde o comissário no âmbito da responsabilidade por fatos ilícitos
artg 483º e ss podendo beneficiar da aplicação do artg 494º caso tenha agido por
mera culpa e o comitente não responde porque esta fora do exercício das suas
funções e os pressupostos do artg 500º não estão reunidos.
3. O comissário afasta a presunção legal de culpa que sobre si recai prevista no artg
503/nº3 e está no exercício das funções que lhe foram confiadas. Só o comitente
responde ao abrigo no nº1 do artg 503 com os limites do 508º
4. Comissário afasta a presunção legal de culpa que sobre si recai prevista no nº3
do 503º, mas está fora do exercício das suas funções. Responde o comissário ao
abrigo do nº1 do 503º com os limites do 508º (como resulta da parte final do nº3
do 503º) e o comitente não responde.
5. O comissário não afasta a presunção legal de culpa que sobre si recai prevista
no nº3 do artg 503º está no exercício da função que lhe foi confiada mas prova-
se a culpa do comitente (na eleição das instruções e na fiscalização do
comissário) respondem ambos no âmbito da responsabilidade por fatos ilícitos
nos termos do arts 483 e ss podendo qualquer um beneficiar da aplicação do artg
494º caso tenham agido com mera culpa. Responsabilidade solidária porque
ambos são chamados a responder na medida da contribuição da culpa de cada
um à produção dos danos.
6. O comissário afasta a presunção legal de culpa que sobre si recai prevista no nº3
do artg 503º, mas prova-se a culpa do comitente. Só o comitente responde no

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âmbito da responsabilidade por fatos ilícitos artg 493º e seguintes podendo


beneficiar da aplicação do artg 494º caso tenha agido com mera culpa.
7. O comissário não afasta a presunção legal de culpa que sobre si recai, está no
exercício das suas funções e prova-se a culpa do lesado.
O comissário não responde ao abrigo do nº2 do artg 570º, o qual afasta a sua
responsabilidade e o comitente também não, ao abrigo do artg 505º.
8. O comissário não só não afasta a presunção legal de culpa que sobre si recai
prevista no nº3 do artg 503º, como é provada a sua culpa, mas prova-se também
a culpa do lesado.
Resposta: ao abrigo do 570º nº1, a responsabilidade do comissário pode ser
excluída, mantida ou reduzida.
Se a responsabilidade for mantida ou reduzida: o comitente é chamado a
responder como garante da obrigação de indemnizar a cargo do comissário no
âmbito do artg 500º.
Reparamos numa coisa, é que na situação anterior sendo excluída a
responsabilidade do comissário, só nos resta a responsabilidade do comitente ao
abrigo do nº1 e o artigo 505º diz que a responsabilidade prevista no nº1 é
excluída quando estamos perante um caso de força maior ou vida dupla do
lesado.
Neste caso, se a responsabilidade do comissário não é excluída, é mantida ou é
unicamente reduzida, o comitente não é chamado a responder ao abrigo do nº1
do 503º, o comitente é chamado a responder ao abrigo do 500º. Logo, não se
pode aplicar o 505º porque o 505º só exclui a responsabilidade consagrada no
nº1 do 503º. Se a responsabilidade do comitente deriva da aplicação do 500º não
há possibilidade de aplicar o 505º.

Estas são assim as hipóteses que a professora deu, no âmbito de uma cidente de viação
conduzido por um comissário por conta de um comitente. Tudo se reconduz à mesma
coisa, porque alguém só pode ser chamado a responder nos termos do artigo 506º no
âmbito da repsonbilidade objetiva, se cada um dawueles que é interveniente do acidente
responder ao abrigo do artigo 503º nº1. Ou seja, previamente aplicação do 506º temos
que determinar a respinsabilidade ao abrigo do 503º porque se a pessoa não for detentor
não vai responder pelo 506º. Mesmo estando perante uma presunção legal de culpa.

4 Janeiro 2019
Correção do teste
Relativamente ao comissário temos uma presunção legal de culpa do 503º, nº3 que ele
afasta ou não afasta. A prova de que ele faz de que a Maria vinha em excesso de
velocidade não é suficiente para provar que ele não teve culpa, mais se não existir um
nexo entre a condução em excesso de velocidade e o acidente, não podemos dizer que a
Maria, contribui para os danos, certo? Portanto, quando o professor refere na hipótese
que ele alega que ela ia em excesso de velocidade e a Maria alega que não, isto do
alegar não chega. Ou partíamos do principio que era – sobre o comissário recai a
presunção legal de culpa que ele não consegue afastar porque não basta alegar que a
Maria não ia em excesso de velocidade. É preciso demonstrar que pelo o facto de a
Maria ir em excesso de velocidade ela contribui para os danos a nível de culpa. Não
tendo feito essa prova ele responde em termos de responsabilidade no âmbito de factos
ilícitos, e o comitente que à partida responderia ao abrigo do 503º, nº1, não responde,
responde ao abrigo do 500º, desde que um outro principio esteja verificado que era o

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comissário estar em exercício da função e não há nada que nos indique no sentido
contrário. Portanto tínhamos o comitente a responder no âmbito do 500º,
responsabilidade objetiva como garante de indemnizar a cargo do comissário, o que
quer dizer que se fosse ele a liquidar a indemnização tinha direito de regresso sobre o
comissário.
Quando a avó morre não há nexo de causalidade, nem pela teoria da causalidade
adequada nem pela teoria do escorpo da norma é possível considerar que aquela morte
resulta da prática do facto ilícito provocado pelo comissário. No âmbito da teoria da
causalidade adequada, na vertente negativa desta teoria, que é aquela que se considera
adotada pelo nosso código, o 563º diz-nos que o lesante só responde pelos danos que
provavelmente resultaram do facto. O que quer dizer que o lesado só tem que provar
que o facto foi condição do dano, ou seja, que se não fosse o acidente ela não teria
morrido, mas cabe ao lesante demonstrar que são condições extraordinárias e anómalas
que se interpuseram entre o facto e o dano. E, portanto, estava afastada pelo nexo de
causalidade a responsabilidade.
Caso admitíssemos que a prova feita pelo comissário, era no sentido de não ter tido
culpa, ainda assim relativamente à Maria, já que era ela que conduzia o veiculo e que
era proprietária do mesmo, para ela ser chamada à responsabilidade no âmbito da
responsabilidade por factos ilícitos havia que provar a culpa dela, porque a culpa dela
não recai numa presunção legal de culpa. Portanto, vamos partir do principio que
ninguém prova a culpa dela nem B e nem A. Se não provam a culpa dela, há que ver que
para poder aplicar o 506º, se ao abrigo do 503, nº1 ambos veículos contribuíram a nível
de risco para o acidente. Porque só assim é que é possível chamar o 506º para repartir a
responsabilidade na proporção em que o risco de cada um dos veículos tiver contribuído
para o acidente. No teste, muitos de nós partimos da culpa do comissário, mas fomos
aplicar o 506º para repartir a responsabilidade em função dos riscos, ora ou há culpa e o
acidente resulta de um facto ilícito culposo do lesante, ou há riscos. De resto, o próprio
506º diz que se houver culpa de algum ou alguns só os culpados respondem. Portanto, o
comissário afastando a presunção de culpa que sobre ele recai, era possível aplicar o
506º, no sentido de se chamar ambos á responsabilidade no âmbito do risco, desde que
se fosse demonstrado que o veiculo conduzido pela Maria também contribuiu a nível de
risco para o acidente, para poder fazer a repartição relativamente ao nível de risco de
cada um. De qualquer modo, relativamente à morte da Lurdes não havia nexo de
causalidade e portanto, nem no âmbito da responsabilidade objetiva, nem subjetiva
podíamos responsabilizar.
Depois tínhamos o facto de a criança atirar a pedra, não nos podíamos esquecer que a
criança é imputável, porque só se presumo falta de imputabilidade aos menores de 7
anos. A criança podia então ser chamada à responsabilidade, mas quem teria de ser
demandado teria de ser a mãe da criança, como representante legal da mesma. Mas
ainda assim, a mãe da criança também podia ter responsabilidade, por falta do dever de
vigilância. E portanto, nem se colocava a hipótese de a criança ser chamada a responder
no âmbito do artigo que permite responsabilizar os incapazes no sentido de os chamar a
pagar a indemnização quando não for possível obter a compensação do lesante, porque
ele era chamado a responder. Porque, relativamente a ele verificava-se o pressuposto de
culpa já que é inimputável. Era na ação representado pela mãe e, portanto, temos uma
responsabilidade solidária. Se ela é solidária, quer dizer que o lesado pode exigir a
indemnização a qualquer um deles, assistindo-lhes depois o direito de regresso na
medida das suas culpas. Não sendo possível determinar a medida da culpa, presumem-
se iguais.

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Depois tínhamos a GNR a querer uma indemnização, e estamos aqui no âmbito dos
danos reflexos. No nosso ordenamento jurídico é preciso realmente que possamos
admitir a consagração destes danos puramente económicos, fazendo uma interpretação
que os nossos tribunais não têm aceite. E portanto, a GNR jamais poderia ser
indemnizada pela perda daquele agente. Quando vamos para os danos de wrongfull
birth e wrongfull life as situações são distintas, no âmbito em que se for o próprio, que
vive uma vida triste com muitas incapacidades e que alega que foi violado um direito de
informação dos pais e que ele teria o direito a não ter nascido. Aqui não nos podemos
esquecer que são os danos próprios desta pessoa, por violação de um dever de
informação dos pais, mas os danos são causados na própria pessoa, de resto se a pessoa
está incapaz pode ser representada pelos pais para poder fazer a demanda, na situação
em que são os próprios pais a pedir essa indemnização em nome próprio, porquê? Pelos
maiores gastos que tenham que fazer com aquele filho em virtude daquelas
incapacidades de que ele sofre desde que nasceu. Portanto, não são danos reflexos, são
danos próprios causados diretamente pelo facto ilícito. Suponham que os pais de alguém
põem uma ação contra o lesante porque o filho vive em virtude de um acidente de
viação, foi para o hospital teve um coma e tiverem durante muito tempo preocupados,
recearam pela vida. Estas ações não têm forma de proceder, isto é um dano reflexo.
Pode a ação ser proposta por aquele que sofreu o dano no sentido de alegar e provar que
daquele acidente resultaram danos não patrimoniais e tudo isto seria indemnizado, mas
em nome do lesado.
Relativamente à última questão, obviamente que estamos numa situação de estado de
necessidade. Poderíamos entrar aqui com uma outra situação que é o facto de a avó
poder ser ou não responsabilizada pelo ___? Na medida em que não ajudou a criança,
mas temos outra questão, que é estaria a avó em condições de ter esse encargo de vigiar
a criança? Caso em que, se não tivesse em condições a violação do dever de vigilância
estava nos pais e não na avó. A avó devido á sua idade podia não ter condições de vigiar
a criança de forma efetiva e neste caso seriam os pais. Eu não posso incumbir a
vigilância de um menor a uma pessoa que não tem capacidade para o fazer de forma a
responsabilizar-lhe, porque se não a responsabilidade é “minha”.

Matéria para a frequência:


Para a frequência, no âmbito da responsabilidade contratual a professora acha que
aquilo que pode surgir é uma hipótese no âmbito da exceção do não cumprimento, uma
questão no âmbito das obrigações genéricas (4 situações). E, eventualmente uma
hipótese em que o credor invoca o direito à resolução do contrato e ao mesmo tempo
invoca o direito a uma indemnização pelo interesse contratual positivo. E como
sabemos isto é incompatível, 801º, nº2. No que respeita à responsabilidade
extracontratual a professora diria que talvez uma relação comissão qualquer, mas não
sabe se poderá vir qualquer coisa com o 493º com os danos causados por coisas
animais, ou seja, nos animais não esquecer que temos o 493º, nº1, mas temos o 502º de
responsabilidade objetiva e responsabilidade subjetiva em paralelo, ou seja, não são as
mesmas pessoas que são chamadas a responder. Ou o 493º, nº2 danos causados por
atividade perigosas… para poder também recorrer ao 509º. A professora tem ideia que o
já não sai é o 491º, agora a sair o 492º garantidamente sai o 492º com uma causa virtual.
Ou o 493º com os animais para poder aplicar o 502º, ou o 493º, nº2 para poder aplicar o
509º. No âmbito da responsabilidade contratual a professora acha melhor estudar a
exceção do não cumprimento, as modalidades no que respeita ás obrigações genéricas.

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