Você está na página 1de 44

Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Escola de Minas
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais
Campus Morro do Cruzeiro
Ouro Preto – Minas Gerais – Brasil

PROPOSTA DE MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO


EM ENGENHARIA METALÚRGICA

“INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE TRATAMENTO NA


OCORRÊNCIA DO EFEITO TRIP NO AÇO INOXIDÁVEL
DUPLEX UNS S32304”

Charles Henrique Xavier Morais Magalhães

Ouro Preto, Fevereiro de 2014


Charles Henrique Xavier Morais Magalhães

“Influência da temperatura de tratamento na ocorrência do efeito TRIP no aço


inoxidável duplex UNS S32304”

Proposta de monografia apresentada ao Curso


de Engenharia Metalúrgica da Escola de Minas
da Universidade Federal de Ouro Preto como
parte dos requisitos para a obtenção do Grau de
Engenheiro Metalurgista

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria

Ouro Preto, Fevereiro de 2014

1
RESUMO

Os aços inoxidáveis são ligas especiais que têm recebido uma grande atenção nos estudos
relacionados à aplicação de engenharia. Isto se deve ao fato destas ligas possuírem
propriedades que são exigidas em aplicações onde muitas ligas comuns não obteriam um
desempenho satisfatório. Dentre os vários tipos de aços inoxidáveis, o grupo dos aços
inoxidáveis duplex (AID´s) vem se destacando, uma vez que estes aços possuem um
melhor custo/benefício em muitas aplicações. Os aços inoxidáveis duplex são ligas com
um alto teor de cromo e menor teor de níquel quando comparado aos aços inoxidáveis
austeníticos. Os AID’s possuem uma estrutura constituída basicamente de ferrita e
austenita na proporção aproximada de 50%. Um grande diferencial deste aço é sua maior
resistência mecânica devido, principalmente, à adição de nitrogênio em solução sólida
intersticial, elemento este gamagêneo. O grupo dos AID’s é dividido em algumas séries,
desde os considerados padrões, como o UNS S32304, objeto de estudo deste trabalho, e
os mais ricos em elementos de ligas que são considerados superligas. Tendo em vista a
presença de austenita à temperatura ambiente na estrutura dos AID’s é possível a
observação o efeito TRIP durante a deformação a frio. Devido a uma grande estabilidade
da austenita nestes aços, talvez o efeito TRIP não tenha uma grande contribuição no
endurecimento durante a deformação. Tendo em vista este último ponto, alguns autores
têm substituído parte do níquel pelo manganês visando uma menor estabilidade da
austenita e um menor custo da liga. Assim o efeito TRIP pode ser observado em uma
faixa mais ampla da deformação. Este trabalho visa estudar a influência da temperatura
de tratamento, empregada durante um determinado ciclo térmico, na ocorrência ou não
do efeito TRIP para se compreender melhor o comportamento do aço UNS S32304,
tratado termicamente, durante a deformação produzida por ensaios de tração a frio. Logo,
algumas amostras serão ensaiadas até diferentes deformações para que seja possível
observar a formação de martensita induzida por deformação (MID) em função do grau de
deformação. Espera-se que no aço em questão ocorra o efeito TRIP em um intervalo
restrito de deformação durante maiores graus de deformação, e que se entenda qual é o
efeito da temperatura de tratamento empregada na estrutura do aço e, consequentemente,
na formação da MID.

2
LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Mapa via EBSD: (a) IQ (qualidade de imagem) e mapa de distribuição de

fase; figura de polo inversa e mapa de distribuição de contorno de grão de (b) ferrita e (c)

austenita do AID Mn-N (laminado a quente, laminado a frio e tratado termicamente por

5min a 1050°C). ND: Direção Normal. RD: Direção de laminação .............................. 15

Figura 3.2: a) curvas de engenharia tensão-deformação. (b) taxa de encruamento do novo

AID Mn-N e do AID 1.4362. Taxa inicial de deformação de 8 × 10−1 s−1. (c) A mesma

análise para as espécies cortadas em três diferentes direções relativas à direção de

laminação (0°, 45° e 90°). Estes resultados revelam uma pequena anisotropia mecânica

........................................................................................................................................ 17

Figura 3.3: Evolução da microestrutura do novo AID Mn-N com deformadção real de (a)

0,1, (b) 0,2 e (c) 0,46. Fases ccc: ferrita e martensita-α. A diferenciação entre estas duas

fases é possível usando a técnica de IQ (Qualidade de Imagem) como um indicador

adicional da estrutura interna de defeitos ....................................................................... 18

Figura 3.4: Mapa de EBSD do novo AID Mn-N com deformação real de 0.2. (a) IQ e

distribuição de fase. (b) Relação de orientação; Mapas de IPF e KAM das fases (c) ccc

(ferrita + martensita-α), (d) austenita, e (e) martensita-ε. S–N, Shoji–Nishiyama; K–S,

Kurdjumov–Sachs; N–W, Nishiyama–Wassermann...................................................... 19

Figura 3.5 Mapa de EBSD do novo AID Mn-N deformado sob tração a uma deformação

real de 0.46. (a) IQ e distribuição de fase; (b) Relação de orientação; Mapas de IPF e

KAM das fases (c) ccc (ferrita + martensita-α), (d) austenita, e (e) martensita-ε. S–N,

Shoji–Nishiyama; K–S, Kurdjumov–Sachs; N–W, Nishiyama–Wassermann............... 20

3
Figura 3.6: Microestrutura de deformação do novo AID Mn-N deformado sob tração a

uma deformação plástica real de (a) 0.1, (b) 0.15 e (c) 0.46. As imagens foram feitas

usando a técnica de ECCI. Deformação inicial de 8 × 10−1 s−1 ................................... 21

Figura 3.7: Microestrutura do novo AID Mn-N deformado sob tração a uma deformação

real de 0,15. (a) IQ e mapa de distribuição de fase; (b) ampliação da área marcada em (a)

mostrando as relações de orientação locais e o mapa de distribuição de fase. S–N, Shoji–

Nishiyama; K–S, Kurdjumov–Sachs; N–W, Nishiyama–Wassermann ......................... 22

Figura 3.8: Desenho esquemático explicando o efeito do cisalhamento aplicado que é

criado pela intercessão de duas bandas de martensita- ε. A distorção total imposta no

reticulado cristalino da austenita (cfc) pela intercessão das bandas de martensita-ε desloca

a estrutura cristalina para parâmetros próximos aos da martensita-α ............................. 23

Figura 3.9: Fração volumétrica de austenita em função da deformação plástica real

plotada juntamente com a curva real tensão-deformação e a taxa de encruamento para o

novo AID Mn-N ............................................................................................................. 24

Figura 3.10: (a) Diagrama de fase de equilíbrio do AID Fe–20Cr–5Mn–xN obtido pelo

ThermoCalc™. (b) Imagens de mapeamento de fase via EBSD do presente AID recozido

a 1100°C por 30min antes da laminação a frio............................................................... 27

Figura 3.11: Imagem de mapeamento de fase via EBSD e o mapa de orientação

correspondente do AID com 0,3% de N recozido a 1100°C por 30min antes da laminação

a frio, mostrando a presença de ferrita em forma de agulha ou cunha nos contornos de

macla de recozimento da austenita e o particionamento de grão desta austenita ........... 28

Figura 3.12: Micrografia eletrônica de transmissão representativa do AID 0,3 N recozido

a 1100°C por 30min antes da laminação a frio............................................................... 28

4
Figura 3.13: Características da microestrutura do presente AID (Fe-20% de Cr-5% de

Mn-0,3% de N-0,2% de Ni-0,2% de Si-0,02% de C) recozido a 1100°C por 5 min: (a)

mapa de fase via EBSD, e (b) distribuição do tamanho de grão austenítico e ferrítico.. 30

Figura 3.14: Temperatura Md30 (°C) da fase austenítica no presente AID recozido em

diferentes temperaturas, de 800°C a 1200°C (calculada pelo software TermoCalc) ..... 31

Figura 3.15: Micrografia eletrônica de transmissão da espécies recozidas a 1050°C: (a)

fase austenítica no AID em questão; (b) micrografia da austenita na espécie deformada

em 5%; (c) micrografia das bandas de deformação nas maclas da fase austenítica após

10% de deformação; (d) imagem de campo claro das bandas de deformação na fase

austenítica na espécie deformada de 10%, e a imagem de campo escuro; (e) imagem de

campo claro da fase austenítica depois de 45% de deformação, e a imagem de campo

escuro .............................................................................................................................. 33

Figura 4.1: Ciclo térmico ao qual foram submetidas as amostras. ................................. 35

Figura 5.1: Procedimentos para realização da análise metalográfica e microdureza ..... 37

Figura 5.2: Vista frontal e lateral do modelo para confecção dos CP’s reduzidos de tração.

Dimensões em milímetros. ............................................................................................. 38

Figura 5.3: Procedimentos para realização dos ensaios de tração e estudo do efeito TRIP

........................................................................................................................................ 39

5
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Composição química do presente AID (Fe: balanço) .................................. 29

Tabela 3.2: Composição química do AID. ..................................................................... 31

Tabela 4.1: Amostras tratadas do aço UNS S32304 ....................................................... 36

Tabela 4.2: Composição química do aço UNS S32304 fornecida pela empresa. .......... 36

Tabela 5.1: Cronograma de atividades a serem realizadas ............................................. 40

6
LISTA DE SIGLAS

AID – Aço Inoxidável Duplex

E. E. – Estado de entrega

EBSD - Electron Backscatter Diffraction

ECCI - Electron Channeling Contrast Imaging

EFE – Energia de falha de empilhamento

IQ – Qualidade de Imagem

ND – Direção Normal

PREN - Pitting Resistance Equivalent Number

RD – Direção de Laminação

TRIP - Tranformation Induced Plasticity

UNS - Universal Numbering System

7
LISTA DE SÍMBOLOS
γ → ε → α: Transformção sequencial da austenita em martensita-ε seguida da
transformação em martensita-α.

8
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
1.1. Aços inoxidáveis .............................................................................................. 10
1.2. Aços inoxidáveis Duplex ................................................................................. 11
2. OBJETIVOS............................................................................................................ 13
2.1. Objetivo geral .................................................................................................. 13
2.2. Objetivos específicos ....................................................................................... 13
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 14
3.1. Efeito TRIP – Transformação Induzida por Plasticidade ................................ 14
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 34
4.1 Materiais ............................................................................................................... 34
4.2 Procedimentos Experimentais............................................................................... 37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 41

9
1. INTRODUÇÃO
1.1. Aços inoxidáveis
A perda de peças metálicas devido ao efeito da corrosão tem levado engenheiros e
metalurgistas ao desenvolvimento de novos métodos de proteção, aperfeiçoamento e
elaboração de novas ligas que apresentem como característica, resistência à corrosão no
meio em que estão inseridas (CHIAVERINI, 2008).

A adição de cromo à composição de um aço aumenta a resistência à oxidação e corrosão


do mesmo. Aços com teores de cromo superiores a 12% podem ser considerados
resistentes à oxidção dependendo do meio onde serão empregados, e são comumente
designados como aços inoxidáveis, os quais são de grande interesse para a engenharia
devido às suas propriedades (COSTA E SILVA, 2006).

Segundo COSTA E SILVA (2006), a resistência à corrosão de ligas à base de Fe + Cr,


está ligada ao fenômeno conhecido como passivação. A passivação pode ser entendida
como sendo a formação de uma camada de óxidos mistos de ferro, cromo e elementos de
liga, e à dissoluçao desta camada em meios corrosivos. As características da camada
formada (formação, impermeabilidade, taxa de dissolução, etc) vão determinar o
desempenho do material no meio corrosivo.

Os aços inoxidáveis foram desenvolvidos no começo do século XX. Tomando como base
as composições destes primeiros aços, vários estudos foram realizados com o objetivo de
se compreender o efeito dos elementos de liga e residuais presentes nos aços inoxidáveis.
Desde então, novos tipos de aços inoxidáveis foram desenvolvidos com base nos
resultados obtidos (COSTA E SILVA, 2006).

De acordo com CHIAVERINI (2008), a classificação dos aços inoxidáveis se baseia na


microestrutura, resultante da adição de elementos de liga e processos realizados,
observada na temperatura ambiente. Portanto, de maneira simples, os aços inoxidáveis
podem ser classificados da seguinte forma:

 Aços inoxidáveis Martensíticos;


 Aços inoxidáveis Ferríticos;
 Aços inoxidáveis Austeníticos;
 Aços inoxidáveis Duplex;
 Aços inoxidáveis Endurecíveis por precipitação.

10
1.2. Aços inoxidáveis Duplex

As primeiras séries dos aços inoxidáveis duplex foram produzidas em 1930 na Suécia
para serem usadas na indústria de papel sulfite. Inicialmente, estas séries foram
desenvolvidas para diminuir os problemas de corrosão intergranular que afetava os aços
inoxidáveis austeníticos alto carbono INTERNATIONAL MOLYBDENUM
ASSOCIATION (IMOA, 2009).

Nos últimos anos, o desenvolvimento dos aços inoxidáveis duplex, os quais são muito
usados em aplicações industriais que exigem uma maior resistência à corrosão, maior
resistência à oxidação e tenacidade adequada quando comparados aos aços inoxidáveis
austeníticos, tem sido bastante evidenciado. Os aços inoxidáveis duplex também
apresentam maior resistência à corrosão localizada e melhor resistência à corrosão sob
tensão (CHIAVERINI, 2008).

Os aços inoxidáveis duplex são caracterizados por possuírem, basicamente, uma estrutura
bifásica constituída de ferrita e austenita (em proporções aproximadas de 50%) à
temperature ambiente (CHIAVERINI, 2008).

Segundo CHIAVERINI (2008), alguns dos principais elementos de liga presentes nestes
aços e suas influências nestes aços podem ser listadas como:

 Cromo: elemento fundamental no que diz respeito à resistência à corrosão.


 Níquel: confere resistência à corrosão e estabiliza a austenita.
 Molibdênio (entre 0,2 e 5,0%): aumenta a resistência à corrosão por pites, à
corrosão uniforme e em frestas.
 Nitrogênio (entre 0,1 e 0,35%): soluto intersticial que aumenta a resistência
mecânica e resistência à corrosão por pites.
 Manganês (entre 0,5 e 5,0%): melhora a resistência ao desgaste e à corrosão.
 Carbono (até 0,5%): aumenta a resistência mecânica e ao desgaste.

Quando comparados a outros tipos de aços inoxidáveis, os aços inoxidáveis duplex


possuem muitas propriedades superiores, sendo esta a principal causa de sua crescente
utilização em aplicações de grande responsabilidade, tais como em indústrias de
processamento químico, indústrias de polpa e papel, indústrias de geração de energia

11
fóssil e nuclear, indústrias de extração de petróleo e gás, dentre outras (CHIAVERINI,
2008).

Segundo o IMOA (2009), os aços inoxidáveis duplex podem ser divididos em cinco
grupos:

 “Lean” duplex, assim como o UNS S32304 que possui uma composição mais
pobre em molibdênio.
 “Standard” duplex, assim como o UNS S32205, responsável por mais de 80% do
uso dos aços inoxidáveis duplex.
 25 Cr duplex (PREN ~ 40).
 “Super” duplex, com auto resistência à corrosão por pites (PREN ~ 40 - 45).
 “Hyper” duplex, altamente ligado (PREN > 45).

Atualmente vêm sendo desenvolvidos novos estudos, os quais serão citados neste
trabalho, onde grande parte do níquel (metal de alto custo relativo) tem sido substituído
pelo manganês, obtendo-se maiores valores de resistência mecânica e alongamento
devido à ocorrência do efeito TRIP durante a deformação plástica à frio.

WAN et al. (2014), além de substituir parte do níquel por manganês, estudou o efeito da
substituição de parte do cromo pelo alumínio na microestrutura do aço inoxidável duplex.

Tendo em vista a grande importância dos aços inoxidáveis duplex, este trabalho visa
estudar o efeito de determinados tratamentos térmicos de têmpera na microestrutura
resultante e o comportamento sob deformação plástica à frio do aço inoxidável duplex
UNS S32304. Será dada ênfase no estudo da ocorrência ou não do efeito TRIP durante a
deformação.

12
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da temperatura de residência em


tratamentos térmicos de têmpera sobre a microestrutura e a ocorrência do efeito TRIP no
aço inoxidável duplex UNS S32304.

2.2. Objetivos específicos

A partir das amostras tratadas termicamente serão realizados procedimentos e ensaios


com os objetivos específicos de:

 Avaliar a influência das temperaturas de tratamento sobre a morfologia e fração


de fases;
 Avaliar a influência das temperaturas de tratamento sobre a microdureza dos
constituintes presentes;
 Avaliar a influência do grau de deformação sobre a possível ocorrência do efeito
TRIP e, consequentemente, a presença de martensita induzida por deformação,
em algumas amostras.

13
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Efeito TRIP – Transformação Induzida por Plasticidade

O comportamento dos AID’s sob deformação é complexo. A ferrita (α, ccc) se deforma
através do mecanismo de deslizamento sendo influenciada pela EFE e seus vários
sistemas de deslizamento. A austenita (γ, cfc) se deforma de diferentes modos, bem como
deslizamento de discordâncias, maclação mecânica, ou transformação martensítica,
associada ao efeito TRIP. Estes mecanismos de deformação levam a um potencial
endurecimento e alongamento, particularmente quando o efeito TRIP é projetado para
ocorrer ao longo de um amplo regime de carregamento. Este último modo de deformação
é afetado pela estabilidade da austenita e pela EFE, as quais dependem da composição
química do aço e da temperatura de deformação. (HERRERA et al., 2011).

Diminuindo-se a EFE na fase austenítica, é favorecida a maclação mecânica ou a


transformação martensítica (efeito TRIP) durante a deformação. Quando a EFE é
perfeitamente baixa, as discordâncias dos planos cristalinos {111} nas direções <110> se
dissociam em discordâncias parciais de Sockley segundo a mesma família de planos na
direção <112>, formando falhas de empilhamento. Bandas de deformação, resultantes da
intensa formação e movimento de tais defeitos planares, podem ser formadas como o
resultado da sobreposição de falhas de empilhamento no planos {111} da fase austenítica
durante a deformação. As bandas de deformação podem se dar na forma de martensita (ε,
hc), maclas de deformação, ou densos arranjos de falha de empilhamento. A formação
destas estruturas é controlada pela EFE. Uma baixa EFE favorece a sobreposição regular
em todo segundo plano da família {111} e a formação da martensita-ε. A interação destas
bandas de deformação com as zonas de martensita-ε formadas promove a nucleação da
martensita α. A transformação martensítica nestes materiais, por conseguinte, segue a
cinética γ → ε → martensita α (HERRERA et al., 2011).

HERRERA et al. (2011) apud HUMPHREYS et al. (2001) reportou que a EFE da
austenita nos AID UNS S32205 é de 10mJ.m−2.
Em um estudo de um novo tipo de aço inoxidável duplex (Mn–N) com a composição Fe–
19.9Cr–0.42Ni–0.16N–4.79Mn–0.11C–0.46Cu–0.35Si (wt. %), HERRERA et al. (2011)

14
realizou ensaios de tração em amostras que foram laminadas a quente, laminadas a frio,
recristalizadas a 1050°C durante cinco minutos e resfriadas em água. Estes ensaios foram
interrompidos em diferentes níveis de carregamento com o objetivo de se estudar o efeito
TRIP no aço em questão.

Segundo HERRERA et al. (2011), as amostras de aço após a recristalização apresentaram


(Figura 3.1) uma estrutura completamente recristalizada do tipo “bambu” para as duas
fases, onde os contornos de grãos se estendem perpendicularmente aos contornos das
fases. A morfologia dos cristais é herdada dos procedimentos de laminação anteriores,
revelando a característica alongada, alternando camadas estruturais de austenita e ferrita.
A austenita exibi um menor tamanho de grão que a ferrita e contém maclas de
recozimento. A ferrita não mostra nenhuma subestrutura interna no mapa de EBSD e
possui grãos maiores e uma microestrutura do tipo “bambu” mais pronunciada que a
austenita. As frações volumétricas, determinadas através da técnica de EBSD, são 37
%vol. de ferrita e 63 %vol. de austenita. A textura cristalográfica de ambas as fases é
fraca.

Figura 3.1: Mapa via EBSD: (a) IQ (qualidade de imagem) e mapa de distribuição de fase; figura de polo
inversa e mapa de distribuição de contorno de grão de (b) ferrita e (c) austenita do AID Mn-N (laminado a
quente, laminado a frio e tratado termicamente por 5min a 1050°C). ND: Direção Normal. RD: Direção de
laminação. Adaptado de HERRERA et al. 2011.

As curvas de engenharia tensão-deformação do novo AID Mn-N e de um AID


convencional 1.4362 (UNS S32304) com a composição exata Fe–22% de Cr–3,6% de

15
Ni–1,4% de Mn–0,024% de C–0,4% de Cu são mostradas na Figura 3.2. As curvas reais
tensão-deformação mostram um comportamento sigmoidal. A curva de encruamento do
novo aço revela múltiplos estágios de endurecimento. O primeiro regime de encruamento
parabólico diminui até uma deformação em torno de 0,15, onde a curva assume um
mínimo aproximado de 1500Mpa. Acima deste ponto, a curva de encruamento cresce
com a deformação e atinge um nível de 2500Mpa para uma deformação de
aproximadamente 0,35. Logo, a taxa de encruamento decresce rapidamente para a
intercessão com a curva real tensão-deformação. A curva de encruamento do AID UNS
S32304 (1.4362) revela um fraco comportamento de encruamento.

No início do carregamento, a deformação plástica é primeiramente concentrada na fase


austenítica. Os grão deformam heterogeneamente, uma evidência é a alta densidade de
bandas de deformação que aparecem no interior dos grãos e que também se estende aos
cristais vizinhos (Figura 3.3, Figura 3.4 e Figura 3.5). Em contraste, a fase ferrítica, que

possui um alto número de potenciais sistemas de deslizamento (〈1 1 1〉 {1 1 0}, 〈1 1

1〉 {1 1 2}), mostra uma subestrutura celular em vez de uma morfologia bandeada. Esta

diferença de subestrutura entre austenita e ferrita é também confirmada pelo mapeamento


direto da subestrutura de discordâncias através da técnica de (coloque o que significa por
extenso pelo menos uma vez) ECCI (Figura 3.6). Zonas de alta acumulação de
deformação principalmente observadas próximas às interfaces entre as duas fases (γ e α)
e também no invólucro celular (HERRERA et al., 2011).

16
Figura 3.2: a) curvas de engenharia tensão-deformação. (b) taxa de encruamento do novo AID Mn-N e do
AID 1.4362. Taxa inicial de deformação de 8 × 10−1 s−1. (c) A mesma análise para as espécies cortadas
em três diferentes direções relativas à direção de laminação (0°, 45° e 90°). Estes resultados revelam uma
pequena anisotropia mecânica. Adaptado de HERRERA et al. 2009.

17
Figura 3.3: Evolução da microestrutura do novo AID Mn-N com deformadção real de (a) 0,1, (b) 0,2 e (c)
0,46. Fases ccc: ferrita e martensita-α. A diferenciação entre estas duas fases é possível usando a técnica de
IQ (Qualidade de Imagem) como um indicador adicional da estrutura interna de defeitos. Adaptado de
HERRERA et al. 2009.

18
Figura 3.4: Mapa de EBSD do novo AID Mn-N com deformação real de 0.2. (a) IQ e distribuição de fase.
(b) Relação de orientação; Mapas de IPF e KAM das fases (c) ccc (ferrita + martensita-α), (d) austenita, e
(e) martensita-ε. S–N, Shoji–Nishiyama; K–S, Kurdjumov–Sachs; N–W, Nishiyama–Wassermann.
Adaptado de HERRERA et al. 2009.

19
Figura 3.5 Mapa de EBSD do novo AID Mn-N deformado sob tração a uma deformação real de 0.46. (a)
IQ e distribuição de fase; (b) Relação de orientação; Mapas de IPF e KAM das fases (c) ccc (ferrita +
martensita-α), (d) austenita, e (e) martensita-ε. S–N, Shoji–Nishiyama; K–S, Kurdjumov–Sachs; N–W,
Nishiyama–Wassermann. Adaptado de HERRERA et al. 2009.

20
Figura 3.6: Microestrutura de deformação do novo AID Mn-N deformado sob tração a uma deformação
plástica real de (a) 0.1, (b) 0.15 e (c) 0.46. As imagens foram feitas usando a técnica de ECCI. Deformação
inicial de 8 × 10−1 s−1. Adaptado de HERRERA et al. 2009.

21
A caracterização microestrutural revela que a martensita-ε é distribuída
heterogeneamente ao longo das zonas cisalhadas nos grãos austeníticos (Figura 3.3 e
Figura 3.7). A fração volumétrica de martensita-ε cresce com o aumento da deformação,
embora após sua formação, é rapidamente transformada em martensita-α. As zonas de
martensita-α são particularmente localizadas nas intercessões das bandas de deformação
que foram indexadas como martensita-ε (Figura 3.7b) (HERRERA et al., 2011).

Figura 3.7: Microestrutura do novo AID Mn-N deformado sob tração a uma deformação real de 0,15. (a)
IQ e mapa de distribuição de fase; (b) ampliação da área marcada em (a) mostrando as relações de
orientação locais e o mapa de distribuição de fase. S–N, Shoji–Nishiyama; K–S, Kurdjumov–Sachs; N–W,
Nishiyama–Wassermann. Adaptado de HERRERA et al. 2009.

22
A martensita-ε possui uma relação de orientação próxima à relação S-N, (1 1 1)γ||(0 0 0

1)ε and γ|| ε, para com a austenita. Esta relação de orientação é caracterizada
pela coincidência dos empacotamentos cfc e hc das estruturas cristalinas. A martensita-α
nucleia nas intercessões das bandas de martensita-ε e nas regiões próximas a estas bandas
(Figura 3.7b). A relação de orientação entre a austenita e a martensita-α é caracterizada

pela relação K-S, i. e. (1 1 1)γ||(1 1 0)α e γ|| α, e pela relação N-W, i. e.


(1 1 1)γ||(0 1 1)α e [1 1 2]γ||[0 1 1]α (HERRERA et al., 2011).

Figura 3.8: Desenho esquemático explicando o efeito do cisalhamento aplicado que é criado pela
intercessão de duas bandas de martensita- ε. A distorção total imposta no reticulado cristalino da austenita
(cfc) pela intercessão das bandas de martensita-ε desloca a estrutura cristalina para parâmetros próximos
aos da martensita-α. Adaptado de HERRERA et al. 2009.

23
Estes resultados sugerem que a austenita se transforma em martensita-α seguindo a
sequência γ → ε → α. Isto significa que existe uma relação direta entre a martensita-ε,
alinhada segundo as bandas de deformação da austenita transformada, e a nucleação da
martensita-α no interior dos pontos onde se cruzam as bandas desta martensita-ε. Isto
sugere que o cisalhamento superposto criado através da intercessão de duas bandas de
martensita-ε conduz a uma distorção total que desloca o reticulado cristalino original da
austenita para parâmetros próximos ao da estrutura final da martensita-α (Figura 3.8)
(HERRERA et al., 2011).

A deformação sob a qual a martensita-α inicia sua formação na interseção das bandas de
martensita-ε foi discutida por STRINGFELLOW et al. (1992) como sendo uma
deformação transiente.

Na curva de encruamento (Figura 3.9), o ponto de inflexão onde a curva muda seu
comportamento de parabólico para forma sigmoidal marca este regime de deformação
transiente, que no caso em questão é cerca de 0.15. Mesmo antes desta deformação
transiente, a martensita-ε já se forma gradualmente (Figura 3.7b), mas não muda o
comportamento geral da curva de encruamento do material. A fração volumétrica de
austenita começa a decrescer significativamente por volta desta deformação transiente,
como confirmado pela Figura 3.9 (HERRERA et al., 2011).

Figura 3.9: Fração volumétrica de austenita em função da deformação plástica real plotada juntamente com
a curva real tensão-deformação e a taxa de encruamento para o novo AID Mn-N. Adaptado de HERRERA
et al. 2009.

24
Estas observações sugerem que a formação da martensita-α induzida por deformação,
primariamente promove o aumento tanto de resistência quanto ductilidade através do
efeito TRIP (HERRERA et al., 2011).

Segundo HERRERA et al. (2011), o efeito de diferentes solutos na estabilidade da


austenita pode ser descrito em termos da temperatura Md30.

HERRERA et al. (2011) apud ANGEL (1954) definiu o valor de 𝑀𝑑30 como sendo a
temperatura onde 50% da austenita é transformada em martensita através de um passe de
deformação a frio a uma deformação real de 0.30 (~35% de deformação de engenharia).
Um baixo valor de temperatura 𝑀𝑑30 indica que a austenita possui uma alta estabilidade
contra a formação de martensita induzida por deformação.

A temperatura 𝑀𝑑30 calculada da Equação 1 é 64°C para a fase austenítica no novo AID
Mn-N e 28,1°C para a fase austenítica no AID 1.4362 (HERRERA et al., 2011).

𝑀𝑑(𝛾) = 551 − 462(𝐶(𝛾) + 𝑁(𝛾)) − 9,2𝑆𝑖(𝛾) − 8,1𝑀𝑛(γ) − 13,7Cr(γ) −


29Ni(γ) − 29Cu(γ ) − 18,5Mo(γ) (1)

De acordo com esta estimativa, a liga 1.4362 tem a menor temperatura 𝑀𝑑30 , e exibe,
portanto, uma fase austenítica de maior estabilidade se comparada ao novo AID Mn-N.
Isto significa que a cinética da transformação induzida por deformação da austenita em
martensita e o resultado do efeito TRIP é é favorecida na nova liga e menos favorecida
na liga 1,4362 (HERRERA et al., 2011).

Após estas observações, HERRERA et al. (2011) concluiu que:

 A ferrita se deforma por escorregamento e desenvolve uma subestrutura celular.


 A austenita se deforma por deslizamento de discordâncias, bandas de deformação
e transformação martensítica induzida por deformação de acordo com a reação γ
→ ε → α. A nucleação da martensita-α ocorre nas interseções das bandas de
deformação, especialmente nas interseções de duas bandas de martensita-ε, ou de
bandas de martensita-ε com maclas ou de contornos de grãos.

25
 A relação de orientação entre a martensita-ε e a austenita é próxima à relação de
S–N, enquanto que a relação de orientação entre a martensita-α e a austenita
mostra uma relação próxima às relações de K–S e N–W.
 Sob baixas deformações, a martensita-α exibe uma morfologia na forma de ripas,
mas esta estrutura se tona mais irregular com o aumento da deformação.
 O excelente perfil resistência-ductilidade do novo AID Mn-N é principalmente
atribuído ao efeito TRIP, o qual está associado à transformação martensítica. O
efeito TRIP neste material realça o encruamento durante um amplo regime de
deformação e, consequentemente, a ductilidade do aço. O efeito benéfico
específico dos elementos de liga Mn, C e N é atribuído ao fato de estes elementos
aumentarem a temperatura 𝑀𝑑30 (64°C) do novo AID Mn-N em comparação à
liga convencional de AID 1,4362 (28,1°C). Este fato conduz à uma fácil ativação
da transformação martensítica induzida por deformação e, por conseguinte, do
efeito TRIP e também à uma cinética de transformação mais completa e gradual
da austenita em altos níveis de deformação, onde as ligas convencionais de AID’s
são exauridas plasticamente e afetadas pela iniciação da estricção localizada.

CHOI et al. (2011) estudando os efeitos da adição de nitrogênio no comportamento da


transformação martensítica induzida por deformação (MID) de um AID com baixo teor
de níquel (Tabela 3.1), realizou ensaios, realizou ensaios de tração em amostras laminadas
a quente, laminadas a frio, recristalizadas a 1100°C por trinta minutos e resfriadas em
água, e registrou dados de grande importância sobre o comportamento plástico dos aços
inoxidáveis duplex.

Segundo CHOI et al. (2011) a fração média de austenita foi de, aproximadamente, 0,30%,
0,44% e 0,66% para 0,1% deN, 0,2% de N e 0,3 % de N respectivamente. As imagens
de mapeamento de fases via EBSD para cada uma das três composições são mostradas na
Figura 3.10b. A microestrutura do AID com 0,1 % de N, consiste de grãos grosseiros de
ferrita e grãos finos de austenita, os quais em sua maioria estavam presentes nos contornos
de grãos da ferrita. Porém, alguns pequenos grãos de austenita foram observados no
interior de grãos ferríticos (indicados por setas na Figura 3.10b). Estas características
revelam que a recristalização da ferrita é a primeira a ocorrer durante o recozimento.

O mapa de fase (Figura 3.10b) do AID com 0.3% de N revela a presença de três tipos de
ferrita; (a) banda contínua de ferrita consistindo de grãos grosseiros ao longo da direção

26
de laminação (‘A’), (b) arranjos discretos de pequenos grãos de ferrita (‘B’)
provavelmente formados pela penetração da austenita no interior do contorno de grão
ferrítico na banda contígua de ferrita em associação com o aumento da fração de austenita,
e (c) ferrita fina na forma de agulha ou cunha nos contornos das maclas de recozimento
da austenita (‘C’) (CHOI et al. 2011).

Na Figura 3.11 é apresentado uma porção do mapa de fase e a orientação correspondente


do grão para o AID com 0,3% de N. No grão 1, a ferrita em forma de cunha cresce do
contorno de grão da fase em direção ao interior do grão austenítico. O mapa da orientação
correspondente do grão claramente revela que o crescimento da ferrita ocorre ao longo
dos contornos da macla de recozimento. Devido à presença deste tipo de ferrita, o grão 2
foi dividido em dois grãos. No grão 3, a ferrita em forma de agulha está presente no
contorno da macla de recozimento no interior do grão austenítico. Acredita-se que esta
ferrita é gerada do contorno da fase abaixo do plano de polimento. Além disso, ferrita de
Widmanstätten, a qual não cresce ao longo do contorno da macla de recozimento, também
foi observada no grão 4 (CHOI et al. 2011).

Figura 3.10: (a) Diagrama de fase de equilíbrio do AID Fe–20Cr–5Mn–xN obtido pelo ThermoCalc™. (b)
Imagens de mapeamento de fase via EBSD do presente AID recozido a 1100°C por 30min antes da
laminação a frio. Adaptado de CHOI et al. (2011).

27
Figura 3.11: Imagem de mapeamento de fase via EBSD e o mapa de orientação correspondente do AID
com 0,3% de N recozido a 1100°C por 30min antes da laminação a frio, mostrando a presença de ferrita
em forma de agulha ou cunha nos contornos de macla de recozimento da austenita e o particionamento de
grão desta austenita. Adaptado de CHOI et al. (2011).

Uma micrografia eletrônica de transmissão representativa do AID com 0,3% de N antes


de ser laminado a frio é mostrada na Figura 3.12. Longas retas formadas por discordâncias
e amplas falhas de empilhamento delimitadas por discordâncias parciais indicam a baixa
EFE relativa da austenita. Em contraste, emaranhados de discordâncias distribuídos
aleatoriamente são dominantes na ferrita. Se observa também que uma grande porção de
contornos de fase são curvos. Isto evidencia o fato de que a microestrutura desenvolvida
durante o recozimento não estava completamente equilibrada (CHOI et al. 2011).

Figura 3.12: Micrografia eletrônica de transmissão representativa do AID 0,3 N recozido a 1100°C por
30min antes da laminação a frio. Adaptado de CHOI et al. (2011).

28
No que diz respeito ao efeito TRIP, CHOI et al. (2011) concluiu que, de acordo com a
EFE do presente AID, inferida a partir do particionamento do nitrogênio (um coeficiente
de particionamento do nitrogênio de ~0,23 e uma EFE inferida de ~17mJ/m²), o efeito
TRIP ocorreu da maneira sequencial austenite → martensita-ɛ → martensita-α com o
aumento da deformação na fase austenítica. Por outro lado, a microestrutura deformada
de ferrita foi dominada por células de discordâncias bem desenvolvidas.

Tabela 3.1: Composição química do presente AID (Fe: balanço). Adaptado de CHOI et al. (2011).

Série %C %Cr %Mn %N %Ni %Si


0,1% de
0,021 20,30 5,05 0,10 0,20 0,22
N
0,2% de
0,018 20,19 5,15 0,19 0,20 0,19
N
0,3% de
0,020 20,08 5,06 0,28 0,23 0,19
N

Em um segundo estudo de CHOI et al. (2012) a respeito de um AID Mn-N que apresenta
transformação plástica induzida, o AID com 20,08% de Cr, 5,06% de Mn, 0,28% de N,
0,23% de Ni, 0,19% de Si, 0,02% de C, e Fe (balanço) foi fornecido na forma de chapa
grossa laminada a quente. As chapas foram recozidas totalmente (1100°C por 30min) e,
posteriormente, laminadas a frio até 1mm (~70% de redução). As chapas laminadas a frio
foram novamente recozidas a 1100°C por 5min., e em seguida, resfriadas em água.

CHOI et al. (2012) observou que a microestrutura da amostra recozida (Figura 3.13a) era
constituída de austenita e ferrita numa estrutura discretamente bandeada ao longo da
direção de laminação. A fração de austenita foi de ~57%. A fração medida de austenita
foi próxima à predita pelo Software ThermoCalc (~63%). Os tamanhos de grão
austenítico e ferrítico mostraram uma relativa ampla distribuição, mas o pico de tamanho
do austenítico (~6μm) foi consideravelmente menor que o ferrítico (13μm), como
mostrado na Figura 3.13b.

Nos AID’s, é conhecido que as taxas de recuperação e crescimento da ferrita são mais
altas que as da austenita (KEICHEL et al. 2003a e KEICHEL et al. 2003b).

29
Figura 3.13: Características da microestrutura do presente AID (Fe-20% de Cr-5% de Mn-0,3% de N-0,2%
de Ni-0,2% de Si-0,02% de C) recozido a 1100°C por 5 min: (a) mapa de fase via EBSD, e (b) distribuição
do tamanho de grão austenítico e ferrítico. Adaptado de CHOI et al. (2012).

Após a realização dos ensaios e análise dos resultados, CHOI et al. (2012) concluiu que:

 O AID Mn-N de composição química Fe-20% de Cr-5% de Mn-0,3% de N-0,2%


de Ni-0,2% de Si-0,02% de C exibiu uma excelente combinação resistência-
ductilidade de mais de 1GPa de resistência e 50% de alongamento. A
transformação induzida por plasticidade da austenita dominou completamente a
deformação do presente AID, apesar da presença de uma quantidade significante
de ferrita.
 MID não nucleou somente no interior do grão nas interseções das bandas de
martensita-ε, mas também nos contornos de grão da austenita. A MID nucleada
nos contornos de grão da austenita cresceu mais rápido que a MID nucleada nas
interseções das bandas de martensita- ε.
 A transformação martensítica induzida por deformação ocorreu na seguinte
ordem: (a) nucleação da MID nas interseções das bandas de martensita-ε e nos
contornos de grão da austenita, para (b) um crescimento espontâneo da MID e
simultânea nucleação no interior do grão, e depois para (c) um crescimento da
MID forçado devido a um choque mútuo que acompanha o desaparecimento da
austenita restante.

30
ZHANG e HU (2013) investigaram os efeitos da temperatura de recozimento nas
propriedades mecânicas e transformação martensítica de um novo AID, com a
composição especificada na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Composição química do AID. Adaptado de ZHANG e HU (2013)

% de % de
% de C % de Si Mn % de Cr Mo % de Ni % de Cu % de N
0,02 0,40 5,10 20,00 0,28 2,10 0,21 0,14

Depois de homogeneizado a 1200°C por 2h, o aço foi forjado a quente até 48mm de
espessura a 1200°C, e então, laminado a quente para 3mm. As chapas laminadas foram
recozidas a 1050°C por 6min e, posteriormente, laminadas a frio para 1mm de espessura
e recozidas a diferentes temperaturas, de 800°C a 1200°C por 2min (ZHANG e HU 2013).

Segundo ZHANG e HU (2013), a análise da microestrutura do AID revelou que a


transformação martensítica sequencial de γ → ε→ α foi gerada durante a deformação. As
bandas de martensita-ε foram geradas primeiramente nos grãos austeníticos.
Especialmente, algumas bandas de martensita-ε estavam distribuídas entre maclas de
recozimento, o que indica que maclas de recozimento são benéficas à nucleação e
crescimento das bandas de martensita-ε. Isto se deve ao fato de que a energia interna de
deformação nas maclas é alta.

Figura 3.14: Temperatura 𝑀𝑑30 (°C) da fase austenítica no presente AID recozido em diferentes
temperaturas, de 800°C a 1200°C (calculada pelo software TermoCalc). Adaptado de ZHANG et al. (2013).

31
ZHANG e HU (2013) também observaram que a temperatura de recozimento não
somente define a fração volumétrica de austenita, mas também a estabilidade desta fase
devido à partição dos elementos de liga entre as fases ferrítica e austenítica. Como se
sabe, a temperatura 𝑀𝑑30 é aplicada para avaliar a estabilidade da austenita e a tendência
de ocorrer a transformação γ → ε durante a deformação. Geralmente, quanto mais alta a
temperatura 𝑀𝑑30 , menor é a estabilidade da austenita.

A temperatura 𝑀𝑑30 é principalmente definida pelos conteúdos de Ni, Mn, C e N. Nas


espécies recozidas a 800~850°C, pode ocorrer a precipitação de carbonetos e nitretos. Isto
leva a uma redução do conteúdo de C e N na fase austenítica e, consequentemente, a
temperatura 𝑀𝑑30 aumenta. Com o aumento da temperatura de recozimento acima de
900°C, a fração de austenita é reduzida e então, porcentagem da composição de Ni, Mn,
C e N na austenita é aumentada, uma vez que estes elementos são gamagêneos e, portanto,
se aglomeram na fase austenítica. Subsequentemente, a temperatura 𝑀𝑑30 começa a
diminuir com o aumento da temperatura de recozimento. Os resultados (Figura 3.14)
mostram que a temperatura 𝑀𝑑30 varia de 97°C a 46°C com a temperatura de
recozimento variando de 800°C a 1150°C.

Isto significa que a austenita se torna mais estável nas espécies recozidas a altas
temperaturas (SHIN et al. 2001).

De acordo com HERRERA et al. (2011), a austenita deveria ser suficientemente estável
de forma que o efeito TRIP fosse induzido em um amplo regime de deformação,
especificamente em altas deformações.

Como resultado, nas espécies recozidas em baixas temperaturas, mais austenita foi
transformada em martensita-ε no estágio inicial de deformação. Logo, as colisões das
bandas de martensita-ε foram aumentadas devido ao fato de que a martensita-ε nucleou e
cresceu ao longo de duas direções com um ângulo de 60° (Figura 3.14). Nestas colisões,
mais martensita-α foi originada. Para as espécies recozidas a altas temperaturas, a fase
austenítica tem uma maior estabilidade e pode se transformar em martensita-ε
uniformemente e gradualmente em uma ampla região de deformação. Como resultado, as
colisões das bandas de martensita-ε foram reduzidas e menos martensita-α foi gerada. Isto
explica o fato de que a quantidade de martensita-α foi menor nos ensaios de tração
realizados nas espécies recozidas a altas temperaturas. Além disso, a temperatura 𝑀𝑑30

32
diminuiu pra 32°C na espécie recozida a 1200°C e fez com que a austenita se tornasse
mais estável dificultando a transformação γ → ε ZHANG e HU (2013).

ZHANG e HU (2013) concluiu que o alongamento do AID contendo 0,14 % de N foi


aumentada com o aumento da temperatura de recozimento e atingiu o máximo de 61,2%
a 1150°C devido ao efeito TRIP. A transformação γ→ε→α gerou o efeito TRIP e
possibilitou o alto alongamento. A fração de martensita-α foi reduzida com a temperatura
de recozimento, enquanto que o alongamento aumentou. A temperatura 𝑀𝑑30 decresceu
de 97°C para 46°C com as temperaturas de recozimento de 800°C para 1150°C
respectivamente. Isto gerou uma austenita mais estável e transformável para martensita-
ε numa ampla região de deformação, o que resultou numa melhor plasticidade. Estes
resultados indicam que a transformação γ→ε é importante para a ocorrência do efeito
TRIP.

Figura 3.15: Micrografia eletrônica de transmissão da espécies recozidas a 1050°C: (a) fase austenítica no
AID em questão; (b) micrografia da austenita na espécie deformada em 5%; (c) micrografia das bandas de
deformação nas maclas da fase austenítica após 10% de deformação; (d) imagem de campo claro das bandas
de deformação na fase austenítica na espécie deformada de 10%, e a imagem de campo escuro; (e) imagem
de campo claro da fase austenítica depois de 45% de deformação, e a imagem de campo escuro. Adaptado
de ZHANG e HU (2013).

33
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Materiais
Onze amostras de aço inoxidável duplex UNS S32304 foram fornecidas pela empresa
Aperam South America (Unidade de Timóteo) para a realização deste trabalho. As
amostras foram retiradas de chapas grossas (chapas laminadas a quente de 200mm para
150mm no laminador desbastador, esmerilhadas, reaquecidas, lamidas a quente para
20mm de espessura, cortadas, recozidas e decapadas). Destas, dez foram tratadas
termicamente durante o estágio de férias do ano 2012 na empresa, e uma foi preservada
em seu estado de entrega para caracterização e para ser utilizada como parâmetro de
referência.

Os tratamentos térmicos realizados consistiram no aquecimento das amostras, desde a


temperatura ambiente até a temperatura de 1250°C em um forno tipo mufla. As mesmas
foram mantidas nesta temperatura durante cinco minutos e posteriormente foram
transferidas para um segundo forno, o qual estava 50°C abaixo da temperatura de
tratamento (Tt). As amostras permaneceram neste segundo forno por um intervalo de
tempo que sua temperatura atingisse exatamente o valor desejado (Tt), sendo
imediatamente retiradas e resfriadas em água a 20°C para preservar a estrutura resultante
do ciclo térmico aplicado.

As temperaturas de tratamento (Tt) foram: 850°C; 900°C; 950°C; 1000°C; 1050°C;


1100°C; 1150°C; 1200°C; 1250°C. A amostra aquecida a 1250 °C não sofreu o
resfriamento no segundo forno, uma vez que a temperatura de tratamento era a mesma do
encharque. Duas amostras foram tratadas a 1050°C, com a diferença de que uma sofreu
um encharque de cinco minutos nesta temperatura de tratamento e a outra, como as
demais, não. A Figura 4.1 ilustra o ciclo térmico empregado.

34
Figura 4.1: Ciclo térmico ao qual foram submetidas as amostras.

35
A Tabela 4.1 relaciona cada amostra à temperatura de tratamento segundo forno.
Tabela 4.1: Amostras tratadas do aço UNS S32304
Amostra Temperatura de tratamento (°C)
A1 1250
A2 1050 – 5 MIN
A3 1200
A4 1150
A5 1100
A6 1050
A8 850
C1 1000
C2 950
C3 900
C4 E.E.

A Tabela 4.2 mostra a composição química especificada do aço fornecido.

Tabela 4.2: Composição química do aço UNS S32304 fornecida pela empresa.

Composição química
% de C 0,0193
% de Mn 1,352
% de Si 0,39
% de P 0,0282
% de S 0,0004
% de Cr 22,4512
% de Ni 3,63
% de Mo 0,437
% de O 0,0033
% de Al 0,0024
% de Cu 0,504
% de Co 0,05
% de V 0,0517
% de Nb 0,0157
% de Ti 0,0048
% de Sn 0,01
% de W 0,011
% de N 0,1128

36
4.2 Procedimentos Experimentais
Neste trabalho, serão realizados os seguintes estudos:

 Influência das temperaturas de tratamento sobre a morfologia e fração de fases;


 Influência das temperaturas de tratamento sobre a microdureza dos constituintes;
 Influência do grau de deformação sobre a presença de martensita induzida por
deformação, em duas amostras.

Primeiramente, em todas as amostras serão retirados corpos de prova para análise da


morfologia, fração de fases e microdureza dos constituintes. Portanto, onze amostras
serão cortadas, lixadas, polidas e atacadas para análise metalográfica no microscópio
óptico. Posteriormente, a dureza dos constituintes serão medidas utilizando um
microdurômetro. Finalmente, estas amostras serão levadas ao microscópio eletrônico de
varredura para uma análise mais aprofundada. A Figura 5.1 ilustra os procedimentos
descritos. Da amostra no estado de entrega será retirada uma amostra para realização de
uma caracterização química.

Figura 5.1: Procedimentos para realização da análise metalográfica e microdureza

Em uma segunda etapa, serão selecionadas algumas amostras para se estudar a influência
do grau de deformação e temperatura de tratamento sobre a possível ocorrência do efeito
TRIP e, consequentemente, sobre a presença de MID (Martensita induzida por
deformação). A Figura 5.3 ilustra as etapas a serem realizadas.

Cada amostra será cortada para retirada de 4 corpos de prova reduzidos de tração (Figura
5.2), os quais serão lixados e polidos na região da área útil. Um primeiro CP (Corpo de
prova) será ensaiado até o limite de resistência, ou seja, até o rompimento completo. Com

37
este ensaio será possível elaborar a curva de tração para o aço em estudo. Posteriormente
serão ensaiados mais três CP’s, um primeiro até uma deformação X, um segundo até uma
deformação Y e um terceiro até uma deformação Z, onde X < Y < Z < Deformação
correspondente ao limite de resistência. Após cada ensaio, a área útil do corpo de prova
será analisada com o auxílio do MO (Microscópio Óptico e do MEV (Microscópio
eletrônico de varredura) para caracterização das mudanças provocadas na estrutura.

Figura 5.2: Vista frontal e lateral do modelo para confecção dos CP’s reduzidos de tração. Dimensões em
milímetros.

38
Figura 5.3: Procedimentos para realização dos ensaios de tração e estudo do efeito TRIP

39
5. CRONOGRAMA

As atividades a serem realizadas obedecem à sequência apresentada na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Cronograma de atividades a serem realizadas

MESES

ATIVIDADES Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Revisão Bibliográfica X X X X X X X X
Apresentação da proposta X
Corte das amostras X
Preparação Metalográfica X X
Análise Metalográfica X X
Microdureza X X
Ensaios de tração X X
Análise dos CP’s de tração X X
via MO e MEV
Discussão dos resultados X X X
Elaboração do texto final de X X
monografia
Defesa de monografia X

40
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 AKDUT, N.; FOCT, J. e GOTTSTEIN, G. Cold rolling texture development of


α/γ duplex stainless steels. Steel Research, v. 67, n. 10, p. 450-455. 1996.
 ANGEL, T. Formation of Martensite In Austenitic Stainless Steel. Journal Iron
Steel Inst, v. 177, p.165-174. 1954.
 CHIAVERINI, V. Aços e ferros fundidso. 7ª edição. São Paulo: Associação
brasileira de Metalurgia e Materiais, 2008. 599p.
 COSTA E SILVA, A. L. V. e MEI, P. R. Aços e suas ligas especiais. 2ª edição.
São Paulo: Blucher, 2006. 646p.
 FOCT, J.; AKDUT, N. e GOTTSTEIN, G. Why are “duplex” microstructures
easier to form than expected? Scripta Metallurgica et Materialia, v. 27, p. 1033-
1038. 1992.
 HERRERA, C.; PONGE, D. e RAABE, D. Design of a novel Mn-based 1 GPa
duplex stainless TRIP steel with 60% ductility by a reduction of austenite stability.
Acta Materialia, v. 59, p. 4653–4664. 2011.
 HICKEL, T.; DICK, A.; GRABOWSKI, B.; KORMANN, F. e NEUGEBAUER,
J. Steel design from fully parameter-free ab initio computer simulations. Steel
Research International, v. 80, n. 1, p. 4-8. 2009.
 HUMPHREYS, F. J.; BATE, P. S. e HURLEY, P. J.; Orientation averaging of
electron backscattered diffraction data. Journal of Microscopy, v. 201, p. 50-58.
2001.
 JUN, J. H. e CHOI, C. S. Variation of stacking fault energy with austenite grain
size and its effect on the MS temperature of go martensitic transformation in Fe–
Mn alloy. Materials Science and Engineering, A257, p. 353–356. 1998.
 KEICHEL, J.; FOCT, J e GOTTSTEIN, G. Deformation and annealing behavior
of nitrogen alloyed duplex stainless steels. Part II: Annealing. ISIJ International,
v. 43, n. 11, p. 1788-1794. 2003b.
 KEICHEL, J.; FOCT, J e GOTTSTEIN, G. Deformation and annealing behavior
of nitrogen alloyed duplex stainless steels. Part I: Rolling. ISIJ International, v.
43, n. 11, p. 1781-1787. 2003a.
 MURR, L. E.; STAUDHAMMER, K. P. e HECKER, S. S. Effects of Strain State
and Strain Rate on Deformation-Induced Transformation in 304 Stainless Steel:

41
Part II. Microstructural Study. Metallurgical Transactions A, v. 13, n. 4, p. 627-
635. 1982.
 OLSON, G. B. e COHEN, M. A mechanism for the strain-induced nucleation of
martensitic transformations. Journal of The Less-Common Metals, v. 28, n 1,
p. 107-118. 1972.
 OLSON, G. B. e COHEN, M. Kinetics of strain-induced martensitic.
Metallurgical Transactions A, v. 6, n. 4, p. 791-795. 1975.
 Practical Guidelines for the Fabricacion of Duplex Stainless Steel. 2ª edição.
Londres: International Molybdenum Association (IMOA), 2009. 63p.
 RAABE, D. Investigation of contribution of {123} slip planes to development of
rolling textures in bee metals by use of Taylor models. Materials Science and
Technology, v. 11, n. 5, p. 455-460. 1995
 RAABE, D. Simulation of rolling textures of b.c.c, metals considering grain
interactions and crystallographic slip on {110}, {112} and {123} planes.
Materials Science and Engineering, A197, p. 31-37. 1995.
 ROSEN, A.; JAGO, R. e KJER, T. Tensile properties of metastable stainless
steels. Journal of Materials Science, v. 7, n. 8, p. 870-876. 1972.
 SHIN, H. C.; HA, T. K. e CHANG, Y. W. Kinetics of deformation induced
martensitic transformation in a 304 stainless steel. Scripta Materialia, v. 45, n.
7, p. 823-829. 2001.
 STRINGFELLOW, R. G.; PARKS, D. M. e OLSON, G. B. A constitutive model
for transformation plasticity accompanying strain-induced martensitic
transformations in metastable austenitic steels. Acta Metallurgica Et Materialia,
v. 40, n. 7, p. 1703-1716. 1992.
 VERBEKENA, K.; VAN CAENEGEMA, N. e RAABE, D. Identification of ε
martensite in a Fe-based shape memory alloy by means of EBSD. Micron, v. 40,
n.1, p. 151–156. 2009.
 WAN, J.; RAN, Q.; LI, J.; XU, Y.; XIAO, X.; YU, H. e JIANG, L. A new
resource-saving, low chromium and low nickel duplex stainless steel 15Cr–xAl–
2Ni–yMn. Materials and Design, v. 53, p. 43-50. 2014.
 ZAEFFERER, S.; OHLERT, J. e BLECK, W. A study of microstructure,
transformation mechanisms and correlation between microstructure and

42
mechanical properties of a low alloyed TRIP steel. Acta Materialia, v. 52, n. 9,
p. 2765-2778. 2004.
 ZHANG, W. e HU, J. Effect of annealing temperature on transformation induced
plasticity effect of a lean duplex stainless steel. Materials Characterization, v.
79, p. 37-42. 2013.

43

Você também pode gostar