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A influência do racismo na

formação da identidade negra

ANTROPOLOGIA - 4N
Profª: Sueli Cabral.

Nomes: Alessandra da Silva de Oliveira, Alex Rafael Acker,

Gustavo Kirsch Werres, Maryana da Silva Martins e Rafaela

Fernandes Menezes.
Sobre o artigo

Com o presente artigo buscamos trazer aspectos sobre como o racismo à pessoa
afrodescendente tem influência social, educacional e cultural, na formação da identidade
negra.
Introdução

A trajetória histórica do ser humano e seus esforços


para domínio ambiental associados à necessidade
contínua de perpetuação da espécie geraram
segregações étnicas de tal forma que grupos
dominantes, pelo uso do seu poder, influência e
violência sobrepujaram sociedades, dominando e as
dividindo de acordo com as diferenças entre dominante
e dominado.
O negro é personagem crucial a ser estudado e
compreendido, trazendo a problematização das influências
e imposições dominantes sobre a cultura do dominado,
gerando alterações sociológicas e antropológicas sobre o
negro, com origem desde a relação social, envolvendo os
aspectos históricos, educacionais e psicológicos que
originaram o racismo e, por consequência deste, a
necessidade de recriação e fortalecimento da identidade
negra.
Um pouco sobre a revisão teórica
Medeiros (2018), em seu trabalho, cita que até do século XX o racismo não era discutido
na sociedade. Excluía-se ideias de integração do negro na sociedade de classes mas
passa-se a discutir a criação pela sociedade brasileira de um número sem fim de
estereótipos contra a população negra, com o uso da cor da pele (corpo, portanto) como
elemento de classificação e de exclusão.
Na primeira metade do século XX há um dilema de caráter político-social a ser
resolvido: era período pós abolição e com a presença do imigrante europeu, como
possibilitar a transformação do ex-escravo em trabalhador livre, de plenos direitos à
cidadania equiparados ao restante da população? Isto é, quão viável seria um projeto
social, baseado em direitos, na livre associação e no trabalho assalariado? O autor cita
Gilberto Freyre, que declara que ao se pensar sobre o tema racial em de uma forma
diferente da vigente, valorizando o mestiço, transformou-se o “problema” ou o
“obstáculo” à integração nacional, em sua maior força.
O autor explica que o processo estruturado a partir de suas raízes culturais,
emprestado e adaptado da origem africana, que, no caso, significa um conjunto de
sistemas culturais que se espalham como as coloniais e dos navios negreiros,
funcionando como novas formas de resistência.
A tese central de Gilroy, segundo Medeiros (2018), é que a escravidão colonial e a
dispersão forçada da cultura africana através da colonização são elementos íntimos da
modernidade, suas constituintes, e não apenas fenômenos que tenham ocorrido às
margens da sociedade. Portanto, pode-se dizer que, sem essa visão, não haveria uma
modernidade negra, mas sim uma modernidade, com suas crises, antagonismos e as
desumanidades inerentes a ela.
Medeiros (2018) ainda diz que existem dois casos a serem discutidos sobre os
elementos culturais formadores da identidade negra, sendo o primeiro o modelo
africano que leva vantagem sobre a pressão ambiental, permanecendo preponderante
na organização social, econômica, institucional, nas tecnologias, na linguagem, na
religião, na arte e no folclore.
O outro caso, as “comunidades negras” seriam formas de sociabilidade, com base em
tipos de associativismo, onde os negros criaram formas de conduzir a vida, sem
referências explícitas às suas culturas de origem, mesmo que conservando suas
características africanas. Essas sociedades do segundo modelo são consideradas pelo
autor como “verdadeiras criações culturais originais, respondendo às novas
circunstâncias de vida”, sendo criadas como uma reação à opressão da época colonial,
onde se impunha o cristianismo e uma violenta mudança territorial ocasionada pela
escravidão.
A partir da colonização, a escravidão foi legalmente abolida nas américas, incluindo-se
parcial ou integralmente o ex-escravo à sociedade. Esse novo ator socializado passa a
usufruir do sistema social pátrio, porém ainda carregado das nuances segregacionistas.
A inclusão da criança à escola, da família à moradia, destes aos direitos, acarretam
problemas não enfrentados anteriormente, afinal o racismo escravocrata não desparece
pelo assinar de uma lei. Idealmente seria assim que deveria ocorrer, porém o branco
dominante ainda impõe seus conceitos.
Numa análise do impacto emocional ao negro nos tempos presentes, Pinto (2014) cita que
a longa exposição às situações de desvalorização com o tempo causa efeitos múltiplos de
dor, angústia, insegurança, rigidez, alienação, negação da própria natureza e outros,
deixando marcas profundas na psique. Ele ainda comenta que para lidar com essa
realidade não basta a superficial ampliação de políticas públicas “a superação do massacre
psicológico sofrido pela população negra”.
Conforme cita Nascimento (2019), o preconceito racial está presente no Brasil a partir da
herança histórica, negacionista quanto ao racismo e opressora da população negra. A
presença do racismo é identificada de forma implícita no cotidiano das cidades, na mídia,
livros didáticos e também dentro das escolas.
O preconceito, confirmadamente, produz efeitos negativos para a dos estudantes negros
e também para a construção de suas identidades. O racismo faz cheguem ao ponto de
negarem sua ancestralidade para se sentirem inseridos nos diversos grupos de idade que
compõem o ambiente escolar.
Ao se criar “verdades”, são estabelecidas expectativas coletivas de como essas pessoas
devem agir, pensar e ser, e ambiente que estes podem frequentar, justificando assim a
formação do gueto, da favela, etc. Nascem aí os “sujeitos típicos” para tais ideologias.
O que se percebe, portanto, é que existe silêncio a respeito da questão racial Brasil. Não se
falando sobre isso não há contato com a questão. É como se o preconceito e a discriminação
não existissem, o que faz supor que existe uma dificuldade em lidar com o preconceito e a
discriminação racial no país.
Os direitos adquiridos pelo homem no tempo buscam a garantia mínima às condições de
sobrevivência e dignidade. Quando o racismo sobrepões à cidadania, esses desejos são
sobrepujados. Medeiros (2018) determina “condição mínima de convivência respeitosa numa
sociedade” depende de o signo corporal ser reconhecido como legítimo. Então, na luta
contra o racismo, é crucial se compreender a força política da linguagem, do corpo e da
estética. Na medida em que o a cor do corpo é negada, a própria existência com afirmação
estética é um ato político. Dito em outras palavras, a discussão sobre elementos culturais
originários de origem africana (estéticos, artísticos, refletida na corporeidade) tem
significado político.
Conclusão

Este trabalho buscou demonstrar como ocorre a formação da identidade racial dos negros
a partir de aspectos históricos, educacionais, culturais, sociais e psicológicos.
Os conflitos identitários ocorrem historicamente desde a colonização européia nas
américas. Com a distribuição dos negros nas diversas nações colonizadas, as identidades
raciais são múltiplas, mesmo partindo-se de uma origem unitária. O racismo pessoal e o
institucional contribuem de forma negativa para a vida da pessoa negra, mas têm sido
instigadores da busca de uma identidade racial.
Mesmo a escola sendo o ambiente onde todos deveriam ser tratados igualitaria
mente, a institucionalização do racismo já gera marcas nos aspectos psicológicos do
cidadão em formação. Essas mudanças se gravam e agravam com o tempo.
A pessoa reconhecer seu corpo como símbolo de identidade de uma parte da
sociedade tem se desenvolvido com o tempo, principalmente na uta do negro
contra a opressão, violência e discriminação ocasionados pelo racismo, porém não é
uma conquista simples e deve ser constantemente demonstrada à sociedade, para
que as diferenças possam ser reduzidas.
Referências Bibliográficas:

MEDEIROS, Priscila M. Rearticulando narrativas sociológicas: terria social brasileira, diáspora


africana e a desracionalização da experiência negra. Brasília: Revista Sociologia e Estado, – V.
33, N.3, p. 709 – 726. 2018.

BORDA, Wellington R. B. Entre racializações: Oliver Cox e a Sociologia. Brasília: Revista


Sociologia e Estado, – V. 36, N. 1, p. 293 – 315. 2021.

NASCIMENTO, Andre J. O Ambiente Escolar e a Construção da Identidade Negra. Petrolina.


Revista Opara – Ciências Contemporâneas Aplicadas, V. 9, N. 1. P. 98 – 112. 2019.
PINTO, Márcia C. C. Relações Raciais No Brasil E A Construção da Identidade Da Pessoa Negra.
São João del-Rei. Pesquisas e Práticas Psicossociais – PPP, V. 9, N. 2. 2014.

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