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que esses pequenos grupos de indivíduos se uniram: apesar da
relação mais intimista com a religião , era comum a união entre
famílias que possuíssem cultos similares, possibilitando o
surgimento de sociedades cada vez mais amplas e abrangentes.
Assim, a estrutura social da religião passou a servir como
modelo para a estrutura social da comunidade política que se
formava.
Até que a aproximação entre os pequenos grupos e a construção
de templos religiosos (que agora atendiam a todos, devido à
similaridade entre cultos) formou a cidade – que aqui pode ser
entendida como uma área urbanizada responsável por aglomerar
um número significativo de indivíduos (de poucas centenas até
milhões) e acolhe o corpo administrativo da sociedade que a
habita. Acompanhando esse crescimento, os pequenos governos
familiares se tornaram o governo da cidade (com a palavra
“governo”, a Ciência Política se refere ao mecanismo pelo qual o
corpo governante – ministros, deputados, prefeitos, etc – exerce
sua autoridade; o governo é um factor essencial para o
funcionamento de qualquer sociedade).
Na cidade antiga, o líder local não dependia da força material:
sua autoridade era sustentada pela religião. Nota-se, nessa
situação, a presença de um conceito primordial na Ciência
Política: a legitimidade. A noção de legitimidade está
directamente relacionada ao funcionamento da
sociedade: apenas com um amplo consenso, uma noção de
comunidade e uma genuína disposição por parte de seus
membros para viverem segundo certas regras tradicionais e
aceitarem as decisões das autoridades legítimas, seria possível
o andamento de uma sociedade.
A religião só deixou de regular a ordem das sociedades após
muitas revoluções e mudanças de paradigmas sociais. Foi
preciso que a humanidade descobrisse outros princípios e laços
sociais que também garantissem sua união, para que o governo
se tornasse ainda mais abrangente e fosse regulado por
outras leis .
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comunidade política? Essas são questões que sempre alimentam
debates.
De acordo com o historiador americano Moses Finley , na Grécia
(onde a história política teria se iniciado, segundo a tradição
ocidental), entendia-se que a cidade era moldada e viabilizada
pelos cidadãos: havia um governo e um conjunto de normas,
como em várias outras sociedades, mas o seu principal
diferencial se encontrava na não existência de uma
autoridade soberana : a fonte de autoridade era a própria
comunidade .
O filósofo político italiano Nicolau Maquiavel, considerado um
dos fundadores da Ciência Política moderna, também ressaltou a
importância do cidadão na sua obra. Segundo ele, o povo seria
responsável pela preservação da comunidade, já que, para
o autor, o Estado (entendido como unidade política soberana,
com estrutura própria e politicamente organizada, diferente de
“governo”) tenderia de forma natural à ruína.
Mas quem seria o cidadão? Na cidade antiga (nas épocas de
gregos e romanos), as normas da sociedade eram pautadas pela
religião e por isso, era considerado cidadão o indivíduo que
participava do culto da cidade . Devido à impossibilidade de
pertencer a duas religiões distintas ao mesmo tempo, não era
possível ter “dupla cidadania”. A participação no culto era vista
como essencial, pois garantia os direitos civis.
Consequentemente, os estrangeiros careciam desses direitos,
uma vez que o acesso ao culto lhes era proibido. Já em Atenas,
durante o período democrático, não eram concedidos direitos às
mulheres , crianças, escravos, migrantes e imigrantes , pois eles
não eram considerados cidadãos.
Atualmente, entendemos o cidadão como um membro do
Estado que usufrui de direitos civis e políticos, e que
desempenha deveres que lhe são atribuídos pela
sociedade a qual pertence. Nesse caso, a ideia de “membro
do Estado” não se limita àqueles que nasceram no território
nacional. No Brasil, por exemplo, um estrangeiro pode obter a
cidadania brasileira em determinadas circunstâncias, que você
pode conferir aqui.
Mais: como funcionava a democracia directa de Atenas
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3) DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
A noção de cidadania está diretamente ligada aos direitos civis
e políticos . Os teóricos conhecidos como contratualistas , por
exemplo, associam a inauguração da sociedade civil à
necessidade humana de garantir seus direitos básicos . Por
serem indispensáveis para uma vida minimamente adequada, os
seres humanos teriam concordado em se organizar socialmente
e em se submeter a uma autoridade soberana, em troca da
garantia dos direitos básicos. Para que essa sociedade
funcionasse de modo apropriado, teriam sido criados os direitos
civis.
A diferença entre direitos básicos e direitos civis seria a
seguinte: enquanto os direitos básicos são aplicáveis a qualquer
indivíduo, independente da existência de uma sociedade ou
não, os direitos civis são próprios de uma comunidade
política . Não há qualquer consenso quanto a quais direitos
seriam “básicos” e quais seriam “civis”, pois esses variam de
acordo com o contexto histórico em que a sociedade se
encontra.
Já os direitos políticos dizem respeito à atuação do cidadão na
vida pública de determinado país – ou seja, eles garantem a
sua participação no processo político . É importante
mencionar que esses direitos nem sempre são promovidos.
Durante a Ditadura Militar, por exemplo, era negado um dos
direitos políticos mais conhecidos: a livre expressão de opinião.
4) O ESTADO
Dentre as diversas contribuições que vários autores fornecem
para o ramo da Ciência Política, a análise do Estado é uma das
mais frequentes. Assim como acontece com muitos objetos de
estudo dessa área, o Estado é interpretado de maneiras
diferentes por diversos autores, não se limitando à definição
apresentada anteriormente neste texto. Para o alemão Max
Weber , por exemplo, o Estado seria uma comunidade de
indivíduos que concede aos seus representantes (ou seja, ao
corpo governamental) a capacidade exclusiva de se utilizar
da força para regular a vivência em sociedade –
controlando, desse modo, a conduta de cada um dos habitantes.
Essa capacidade ficou conhecida como monopólio da
violência .
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Contudo, os autores da Ciência Política não se limitam apenas à
tarefa de definir o Estado. É bastante recorrente que eles
busquem entender também como ele se organiza . A partir do
cenário político em que estão inseridos, é comum que os
teóricos mostrem preferência por certo sistema de
governo e/ou forma de governo . O sistema de governo diz
respeito à forma em que o corpo governamental se organiza –
nas últimas décadas, os modelos mais recorrentes têm sido:
o parlamentarista , o presidencialista e o semipresidencialista . Já
a forma de governo se refere à maneira como se dá a relação
entre governantes e governados (monárquica, republicana ou
aristocrática).
No livro “O Príncipe”, por exemplo, Nicolau Maquiavel afirma que
a melhor forma de governo possível seria a republicana , pois
garantiria a liberdade de todos ao permitir que os cidadãos
participem da formulação das leis. Por outro lado, Thomas
Hobbes e Jean Bodin mostraram preferência pela monarquia .
Segundo Bodin, a superioridade dessa forma de governo estaria
na sua capacidade de facilitar o exercício da soberania, uma vez
que ela estaria sob o controle de apenas um indivíduo.
Como você provavelmente notou até aqui, a Ciência Política é
uma área bastante extensa, complexa e extremamente
interessante! Esta introdução serve apenas como um primeiro
passo para os seus estudos. Outros conceitos igualmente
importantes podem ser acrescentados a essa lista. Visando
aprofundar o seu conhecimento, recomendamos buscar entender
a diferença entre os sistemas de governo e os contrastes entre
república e monarquia , e pesquisar sobre os direitos civis
brasileiros. Considerando a riqueza dessa ciência, há diversos
caminhos a serem explorados!
Fontes:
Cidadania brasileira: como se tornar um cidadão do Brasil – Comunidade política – Conceito
de cidade – Coulanges: “A cidade antiga” (1981) – Concepção de Estado para Durkheim e
Weber – Formas de governo – John Locke – Moses Finley: “O legado da Grécia: uma nova
avaliação” (1981) – Regimes políticos – João Ribeiro: “Política: quem manda, por que manda,
como manda” (1998).
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pela escola, pelos livros, por pesquisas ou por intuição. Uma
sociedade é composta por muitas pessoas, cada uma com
valores, saberes e aspirações diferentes umas das outras. Cada
um de nós sente diferentes necessidades e, naturalmente,
gostaria de tê-las atendidas de alguma forma. Em uma
sociedade, cidade ou estado, sempre haverá ideias e desejos
conflituantes, pois somos seres pensantes e diferentes uns dos
outros.
Ampliando então o conceito de política, podemos dizer que ela é
a gestão de conflitos entre seres que têm desejos distintos,
em um contexto essencialmente limitado, visando a convivência
harmoniosa entre eles.
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casas, não concorda com o local em que serão construídas.
Afinal, o parque é muito importante para cidade!
Nasce então o primeiro conflito, gerado pelo limite do local da
construção das casas. Aparentemente, todos os envolvidos
possuem motivos justos. As casas são importantes, mas o
parque também é. Para decidir se o parque deve ou não ser
substituído pelo conjunto habitacional, a prefeitura sugere uma
votação direta da população. Na votação, a maioria decide
manter o parque. Ou seja, um novo local deve ser estabelecido.
Observe que a maioria optou por manter o parque, sendo que
uma parte da população preferia que o parque fosse desativado
em favor das casas. Uma insatisfação foi gerada e precisa ser
atendida. O tempo, que antes era suficiente para a realização da
obra, foi afetado pela necessidade de busca de um novo local.
A prefeitura localiza então pequenas áreas livres na cidade, mas
essas áreas não são suficientes para a construção de todas as
casas necessárias. Resumindo, alguns habitantes continuarão
sem a casa própria. Por isso, passa a ser necessário escolher
quem receberá as novas casas. O projeto inicial, que atenderia a
todos os que precisavam, agora precisa estabelecer critérios de
seleção, pois nem todos poderão ser atendidos. Uma nova
insatisfação foi gerada.
Com esse exemplo muito simples, percebemos claramente que
decisões e escolhas, mesmo que feitas pela maioria, geram
insatisfações nos grupos que não tiveram seus desejos
atendidos, ainda que estes sejam justos. Portanto, fica claro que
política envolve certo grau de complexidade. A todo momento,
temos escolhas e desejos não atendidos e consequentemente,
insatisfações que precisam ser gerenciadas, para a manutenção
de uma convivência harmoniosa.
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Atualmente, elegemos os nossos representantes políticos para
que, em nosso nome, pensem em soluções que atendam nossas
necessidades da forma mais harmoniosa possível. Eleger um
representante não significa ausência do contexto político ou
falta de reflexão sobre o tema, mas deve ser uma ação pensada
e combinada com o monitoramento dos eleitos.
E então, conseguiu entender melhor o que é política e
qual seu papel na sociedade? Mantenha-se informado,
eduque-se politicamente, participe e respeite opiniões
divergentes. Esta é uma forma saudável de você e eu
exercermos política e cidadania, para que possamos
construir uma sociedade mais justa e harmoniosa para
todos.
Referências:
Renato Janine Ribeiro: O que é democracia – Renato Janine Ribeiro: A República – Clóvis de Barros Filho
– O que é Política (video-aula)
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Política e você, tudo a ver
Já parou para pensar que nós experimentamos e praticamos a
política a todo o momento em nossas vidas? Na verdade, e isto
é mais corriqueiro do que parece.
As relações sociais são permeadas pela política, seja no âmbito
familiar – quando queremos ir numa festa e para isso
precisamos dialogar e convencer os nossos pais a nos deixar ir
(lembrando que política refere-se a relações de poder, de
interesse e tomada de decisão) – como na formação de um time
de futebol do bairro – quando são atribuídas responsabilidades
para alguns, através de candidaturas e eleições… Nesses casos
também ocorrem mini processos políticos.
Quando estamos parados em um ponto de ônibus para irmos à
escola, enquanto alguém com melhores condições está indo de
carro, não estamos pensando em política. Contudo, se
pensarmos que para conseguir o nosso pé-de-meia é necessário
algumas condições, aí sim, estamos vivendo a política.
Ora, mas como assim? Vamos explicar: para adquirir um
automóvel de luxo, provavelmente seja necessário um trabalho
que pague bem. Isso envolve ter oportunidade de planejarmos a
nossa própria vida, de juntar dinheiro, de investir. De uma
maneira ou de outra, essa condição está relacionada a factores
políticos, pois é um processo político que vai definir as
condições para a acumulação do pé-de-meia.
Por exemplo, se não há oportunidade de educação para todos,
consequentemente, uns terão mais dificuldade para atingir os
objectivos do que outros. Se não há uma política económica
que favoreça o desenvolvimento e o acesso a oportunidades de
trabalho bem remunerado, é grande a chance de que apenas
alguns poucos tenham essa oportunidade.
Por isso, é importante você se informar e participar da
política, pois ela é a condução da nossa própria existência
colectiva, que será reflectida na nossa experiência individual, ou
seja, na nossa educação ou não, na nossa saúde ou não, na
nossa oportunidade de acesso ou não.
Dessa forma, a política não é um mecanismo exclusivo de
políticos e muito menos envolve apenas discursos, eleições e
promessas falsas. Não é algo distante de nós; pelo contrário,
faz-se presente em nossas vidas, por menor que seja o assunto
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abordado. A política foi criada para que possamos debater
discutir e questionar questões, sem que seja preciso a utilização
da violência. Através dela, foram estabelecidas regras, leis e
normas, bem como o estabelecimento de direitos e deveres para
conduzir as nossas acções.
A natureza, a essência e o funcionamento da política têm que
ser voltadas para a busca do interesse e bem comum. E cabe a
nós participar desse processo, para contribuir e construir uma
política mais desejável, afinal, no sentindo mais amplo da
palavra, somos todos políticos.
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O FOCO DO FACILITADOR
Existem várias vertentes de facilitação. Podemos, por
exemplo, discernir a facilitação “voltada para pessoas” da
facilitação “voltada para resultados”. No primeiro tipo, o ponto
focal é a experiência das pessoas, observando os sentimentos, a
linguagem não verbal dos participantes e a qualidade da
conversa. Esse perfil de facilitador tem mais flexibilidade para
fazer ajustes na agenda, buscando adequá-la à experiência dos
participantes. Não há um resultado definido, parte-se da
premissa de que pessoas presentes, engajadas e motivadas com
o processo vão encontrar significado no que fazem e alcançar
resultados mais sustentáveis. Esse tipo de trabalho colaborativo
flui mais no campo do caos com suas características
predominantes: criatividade, inovação, espontaneidade,
emergência, liberdade, abstracção, imprevisibilidade,
instabilidade e divergência.
No segundo tipo, está explícito quais são os resultados
esperados e o facilitador define qual metodologia utilizar para
alcançar os objectivos. O fluxo de trabalho é desenhado
antecipadamente, com roteiros, metas, prazos e entregáveis
bem definidos. Esse segundo tipo de trabalho do facilitador flui
mais no campo da ordem com suas características
predominantes: padronização, regularidade, estabilidade,
rigidez, monotonia, previsibilidade, segurança, concretude e
convergência.
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Você utiliza habilidades de facilitação no seu dia a dia?
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A qualidade dos candidatos eleitos reflecte directamente na
qualidade da administração pública , da transparência e da
participação política. Portanto, discutir política nesses 45 dias é
mais do que fundamental para garantirmos uma vida de
qualidade para todos.
É ao falar de política com nossos amigos, familiares ou colegas
de trabalho que podemos exercer nosso papel de cidadão ao
conscientizar outras pessoas sobre a importância do voto
consciente .
Infelizmente, muitas pessoas podem dar as costas à política
durante a maior parte do tempo, mas é nas eleições que elas se
mostram mais abertas a esse tipo de debate. Por isso,
precisamos aproveitar tal janela de oportunidade para
conscientizar o maior número de pessoas.
Aproveite as eleições para fazer a sua parte: por que não
convidar seus amigos para um jantar e apresentar a eles os
caminhos para um voto de qualidade? Que tal aproveitar as
reuniões de família para mostrar para aquele tio que adora falar
sobre política quais são os requisitos de um bom candidato ?
Podem parecer ações muito simples, mas elas têm potencial de
gerar consequências bastante positivas para a nossa política.
Por melhor que seja nossa intenção, quando se trata de política
a conversa pode seguir um rumo que não queremos nem de
longe. Considerando isso, e para que você possa exercer sua
parte levando às pessoas conhecimento sobre o voto consciente
nessas eleições, vamos aprender o que fazer e não fazer nesse
tipo de debate.
Antes, vamos analisar alguns cenários. Em quais das seguintes
situações você já se viu por causa da política?
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Atire a primeira pedra quem nunca entrou em uma discussão
calorosa com um membro da família, chegando até a ficar
brigado com aquela pessoa por um breve período. Atire a
primeira pedra ainda quem nunca fez isso por causa de política.
O que as brigas com a nossa família por causa da política têm a
nos ensinar é: saber avaliar quando vale a pena entrar em
uma discussão.
Existe uma série de factores que qualificam o que é um bom
debate político. Quando esses factores não estão presentes,
você deve saber perceber que não vale a pena se envolver na
discussão, pois será fácil ela virar uma grande briga. De quais
factores eu estou falando? Veremos logo mais.
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Lembre-se também de ser educado durante a conversa. É
bastante comum nos deixarmos influenciar pelas emoções do
momento, o que nos leva ao uso de sarcasmo, interromper o
outro com frequência ou falar alto.
O bom debate é aquele em que tanto você quanto os outros
debatedores estão em busca de ouvir o outro e aprender algo
com isso da forma mais educada possível. Do contrário, são
apenas dois monólogos acontecendo ao mesmo tempo, não é
mesmo? Se você perceber ao início de uma conversa sobre
política que esse não é o seu caso ou o da outra pessoa
envolvida, talvez não seja uma boa ideia participar.
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Isso já é feito recorrentemente no Brasil. Muitas entidades
oferecem cursos de formação política para a população, em
especial a jovens líderes motivados a causar impacto na
sociedade. O Politize! orgulhosamente se junta a esse grupo de
instituições, ao oferecer conteúdos educativos sobre política
pela internet e, por conseguinte, disseminar a educação
política no país. Aprender e se informar sobre política nunca
esteve tão acessível.
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As instituições
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Bandeiras políticas
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afectados directamente por decisões colectivas, não há como
fugir da política.
Valores
A educação política também não pode se furtar da defesa de
valores fundamentais à convivência democrática. A política deve
envolver tolerância às diferenças, direito ao
contraditório, ética, responsabilidade e o reconhecimento
do outro. A democracia é incompatível com manifestações de
ódio e discriminação.
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