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Sumário: I. Introdução: Elementos para uma abordagem sociológica das reformas na administração da
justiça penal. II. Caminhos de transformação da justiça penal: o paradigma emergente. III. A
informalização da justiça penal no Brasil: limites e possibilidades de avanço. IV. Referências
Bibliográficas.
Resumo: Com base nos elementos que indicam um amplo processo de transição paradigmática nas
sociedades contemporâneas, e nas implicações desse processo sobre o sistema de justiça, pretendeu-se
apontar as vantagens e características dos novos mecanismos de resolução de conflitos no âmbito penal na
experiência comparada, para ao final sugerir medidas visando o aperfeiçoamento da sistemática adotada
pela Lei 9.099/95 para os delitos de competência dos Juizados Especiais Criminais.
I. Introdução: Elementos para uma abordagem sociológica das reformas na administração da justiça
penal
administração da justiça não são novidade. Pelo menos desde a década de 70 do século passado, diversos
pesquisadores e analistas sociais têm contribuído para colocar em questão as formas de resolução de conflitos de
toda ordem adotadas pelas sociedades ditas modernas, bem como para apontar caminhos e problematizar as
O presente artigo integra a coletânea Diálogos sobre a Justiça Dialogal vol. 2, da Ed. Lumen Juris.
1
Advogado, Doutor em Sociologia, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação Ciências Criminais
da PUCRS. Integrou a Comissão Especial de Análise e Avaliação dos Juizados Especiais Criminais, criada pelo
então Ministro da Justiça Miguel Reale Jr. no ano de 2002.
2
experiências concretas de informalização, desjudicialização, mediação, arbitragem, etc., que vão surgindo por toda
parte2.
do campo sócio-jurídico se deveu a duas ordens de condições, que emergem no final da década
de 50 e início da década de 60: condições teóricas e condições sociais (SANTOS, 1986, p. 14).
interacionismo simbólico, que inaugura uma nova perspectiva de análise do fenômeno criminal
universo de litígios e mecanismos de prevenção e resolução bem mais amplo do que a justiça
As condições sociais que marcaram esse período foram basicamente duas. De um lado, o
desenvolvimento de novos movimentos sociais, como o movimento estudantil, o movimento negro, o movimento
feminista, os movimentos em defesa de direitos sociais como habitação, educação, segurança, qualidade de vida, e
previdência e serviços de saúde, etc.). A outra condição social foi a eclosão, já na década de 60, da crise da
administração da justiça nos países de capitalismo central, resultante do envolvimento cada vez mais ativo do
demanda de intervenção do judiciário em áreas antes obscurecidas por relações tradicionais de hierarquia e
mostra-se cada vez mais incapaz de dar conta de forma satisfatória desse conjunto de demandas, tanto pelo
aumento da morosidade e dos custos quanto pela inadequação do tratamento dispensado a essa conflitualidade
social emergente.
2
Por todos estes estudos, um dos mais abrangentes e pioneiros é o organizado por Richard ABEL, The Politics of
Informal Justice (1982).
3
termos da legitimidade do próprio sistema político-jurídico, foi a base para a consolidação de um novo campo de
estudos e iniciativas tendo como foco a administração da justiça, a organização dos tribunais, a formação e o
recrutamento dos magistrados, o custo da justiça, o ritmo e andamento dos processos judiciais em suas várias fases,
interacionismo simbólico e à criminologia crítica foram as primeiras a questionar os efeitos perversos gerados
pelos mecanismos de controle penal institucionalizados, que acabariam por gerar indivíduos à margem,
estigmatizados, fossem eles criminosos, doentes mentais ou minorias religiosas e raciais. Com a emergência da
comportamento desviante considerado em si mesmo, e volta-se, orientada também pela crítica marxista do
estrutural-funcionalismo e pela preocupação weberiana com o poder e a dominação, para as atividades de controle
cultural, da psicologia social, da teoria do Estado e do direito e da economia política, surgem as diferentes facetas
daquilo que Bergalli reconhece como um objeto de conhecimento complexo e articulado, a “questão criminal”
(BERGALLI, 1991, p. 31). O interesse científico dos estudos sócio-jurídicos neste campo é definitivamente
deslocado das causas individuais do comportamento desviante para os processos de definição e de seleção dos
indivíduos sobre os quais incide o controle penal, e é em torno desse objeto que se verificam os principais embates
As reformas do sistema de controle penal precisam ser compreendidas na sua relação com
determinados fenômenos mais abrangentes, como a juridificação e judicialização 4 crescentes da realidade social e
3
Para um apanhado bibliográfico dos estudos sócio-jurídicos sobre o sistema de justiça no Brasil, vide Maria
Tereza SADEK, Estudos Sobre o Sistema de Justiça (2003).
4
Cf. SORJ, Bernardo (2000), “a juridificação da sociedade, como todo conceito que entra na moda, transforma-se
em uma noção que cobre um vasto território de questões e pontos de vista, por vezes complementares, por vezes
contraditórios. De acordo com Habermas, essa noção (Rechtstaatbestande, em alemão) surgiu na república de
Weimar em referência à expansão e adensamento do direito positivo na sociedade moderna e particularmente à
institucionalização do conflito de classes, à legislação trabalhista e à regulação do conflito social. O conceito de
juridificação, tal como definido por Habermas, refere-se a um processo de “ondas sucessivas e cumulativas de
juridificação” pelo qual as relações sociais seriam colonizadas pela crescente atividade reguladora do Estado. A
noção de judicialização da política e do conflito social foi desenvolvida dentro de um campo de discussão mais
limitado à situação contemporânea e da política, referindo-se à crescente expansão do Poder Judiciário e/ou dos
métodos judiciais, especialmente o poder de revisão judiciária das ações do Legislativo e do Executivo. A análise
da juridificação e da judicialização da sociedade pode ser feita em vários níveis:
4
a pluralidade de formas e de graus de incidência das normas sobre o espaço social, levando à necessidade daquilo
que Boaventura de Sousa Santos denomina uma cartografia simbólica do direito na transição pós-moderna
(SANTOS, 1996, p. 260). Essa cartografia pressupõe que, ao contrário do que sustenta a tradição jurídica
dogmática, circulam na sociedade não uma, mas várias formas de direito ou modos de juridicidade, e na área penal
a consequência disso é que a legitimidade e a eficácia da legislação penal dependem de uma série de mediações
com os valores sociais hegemônicos e com os mecanismos institucionais e burocráticos responsáveis pela sua
aplicação. A precisão e a generalidade das regras de direito, preocupação da dogmática jurídica, revelam-se mais
formais do que reais, sendo permanentemente submetidas a uma reinterpretação dinâmica e variável pelos
Tanto os processos de criação quanto de aplicação das normas jurídicas em geral, e das normas
penais em particular, tanto de direito material quanto procedimentais, respondem a certas orientações que não
coincidem sempre com aquelas enunciadas pelas normas legais. Além disso, é preciso levar em conta as
consequências imprevistas da entrada em vigor de novas normas jurídicas, que muitas vezes não correspondem ao
conteúdo e na incidência das normas jurídico-penais sobre a sociedade, passaram a constituir o campo empírico de
periféricos5, assiste-se nas últimas décadas a um enorme impulso às formas alternativas de resolução de litígios.
O nível dos processos mais gerais de invenção de direitos, associados a grandes momentos históricos, cujo
impacto se estende em processos de longa duração e afetaram todas as sociedades que se integram à
modernidade.
Os processos sociais específicos dentro dos quais surgiram e/ou foram absorvidas as diversas ondas de
direitos.
O impacto desses processos na relações entre os poderes.
As transformações específicas do Poder Judiciário, sua organização e composição social e ideológica.” (p.
102-103)
5
Os conceitos de centro e periferia do sistema capitalista são aqui utilizados na acepção que deles faz Boaventura
de Sousa Santos. Segundo este autor, “quanto mais triunfalista é a concepção da globalização menor é a
visibilidade do sul ou das hierarquias do sistema mundial. (…) mesmo admitindo que a economia global deixou de
necessitar dos espaços geopolíticos nacionais para se reproduzir, a verdade é que a dívida externa continua a ser
contabilizada e cobrada ao nível de países e é por via dela e da financiarização do sistema econômico que os países
pobres do mundo se transformaram, a partir da década de oitenta, em contribuintes líquidos para a riqueza dos
países ricos.(…) É difícil sustentar que a selectividade e a fragmentação excludente da “nova economia” destruiu o
conceito de “Sul” quando, como vimos atrás, a disparidade de riqueza entre países pobres e países ricos não cessou
de aumentar nos últimos vinte ou trinta anos. É certo que a liberalização dos mercados desestruturou os processos
de inclusão e de exclusão nos diferentes países e regiões. Mas o importante é analisar em cada país ou região a
ratio entre inclusão e exclusão. É essa ratio que determina se um país pertence ao Sul ou ao Norte, ao centro ou à
periferia ou à semiperiferia do sistema mundial. Os países onde a integração na economia mundial se processou
dominantemente pela exclusão são os países do Sul e da periferia do sistema mundial.” (SANTOS, 2002, p. 51-52).
5
Surgem em diversos países um conjunto de mecanismos judiciais ou extra-judiciais de resolução de litígios que se
utilizam da negociação, conciliação, mediação e arbitragem. A análise empírica das instâncias e processos
informalizados de resolução de litígios deve levar em consideração a sua dimensão institucional, o grau de
autocomposição de litígios, com ou sem recurso a uma terceira parte com o papel de conselheiro ou informador
sobre os direitos da pretensa vítima. Segue-se a conciliação, depois a mediação, e por último um conjunto de
processos particulares de arbitragem e de formas híbridas que se aproximam dos modos jurisdicionais de resolução
de conflitos. Pedroso, Trincão e Dias apresentam o seguinte quadro dos mecanismos ou processos de
Desregulação Social em
Sentido Amplo “Não direito” estatal ou
desnormativização jurídica
Desregulação em sentido amplo
Social Deslegalização Despenalização
justiça, em geral os defensores das formas alternativas de resolução de conflitos pretendem promover um novo
modelo de justiça, que permita à comunidade reapropriar-se da gestão dos conflitos, com a intervenção de não
vizinhança e mesmo escolar e de família, com a formação de mediadores pertencentes a diferentes profissões ou
comunidades. Ao lado do modelo adjudicatório ou retributivo tradicional, passa a existir um modelo de justiça
negociada, de compensação, reparadora ou restaurativa, seja no processo de decisão ou na execução das penas.
A seguir, com base nos elementos que caracterizam e justificam o paradigma emergente,
pretendemos contribuir com o debate sobre os Juizados Especiais Criminais, apresentando algumas propostas de
6
reformulação legal e/ou de iniciativas no âmbito da administração do sistema, visando o equacionamento dos
promessa iluminista passou a conviver com um déficit cada vez maior na sua implementação, os questionamentos
vão se tornar mais abrangentes a partir da segunda metade do século XX. A certeza no progresso é profundamente
abalada, as conquistas da ciência mostram sua face perversa, expressa de forma indelével pelo cogumelo atômico e
pela incapacidade de responder ao aumento da miséria, das epidemias e da fome. A racionalidade deixa de ser uma
industrial dá origem à sociedade de consumo de massa, com todas as implicações daí decorrentes 6.
Refletindo a crise dos ideais da modernidade, o pensamento historicista, voltado para o futuro,
que terá no marxismo sua expressão política mais vigorosa, dá lugar ao predomínio do chamado pensamento
pós-moderno, cujos precursores são Nietzsche e Freud. O pós-modernismo surge como definição negativa de uma
cultura incapaz de contrapor-se a este poderio da associação mercado e força bélica, de um lado, e de outro às
comunidades retradicionalizadas. Expressa a incapacidade dos intelectuais, frente à crise dos ideais da
modernidade, oferecerem um novo quadro de valores capaz de orientar as condutas em sociedade, e o próprio
processo de modernização. Entram em crise as grandes narrativas finalísticas, e a ciência deixa de ter a primazia
6
Sobre as definições sociológicas de modernidade e pós-modernidade, e a emergência de uma cultura de consumo,
vide Mike FEATHERSTONE (1995).
7
Sobre o debate a respeito da transição pós-moderna em ciências sociais, vide Jean-François LYOTARD (1989);
Krishan KUMAR (1997); Scott LASH (1996); Zygmunt BAUMAN (1998); numa perspectiva marxista, vide
Frederic JAMESON (1996), e Perry ANDERSON (1999). Sobre a relevância deste debate e as principais posições
no debate sociológico, vide Luis Carlos FRIDMAN (2000). Sobre o impacto da transição pós-moderna nas
ciências sociais, vide a coletânea de Agnes HELLER et al. (1999).
8
Encontramo-nos hoje diante de profundas incertezas, que perpassam as esferas mais abrangentes
(econômica, político-jurídica e sócio-cultural) sobre as quais vai incidir o projeto da modernidade, e que podem ser
relacionadas com a crise do Estado providência; com o surgimento de novos movimentos sociais, cujas
identidades vão ser constituídas fora dos esquematismos de classe, cada vez mais heterogêneas; com a alteração
das relações e mesmo a relativização da distinção entre as esferas pública e privada; com o desenvolvimento de
amplos sistemas de informação e supervisão social; com a autonomia do mercado sobre critérios de controle
político e social, orientado pelo poderio militar concentrado nas mãos de uma única potência bélica.
colocando-se na posição de um “pós-moderno de oposição”, para Boaventura de Sousa Santos o contrato social é a
grande narrativa em que se funda a obrigação política moderna, com base em três critérios sincrônicos de
inclusão/exclusão:
Diacronicamente, o contrato social pode ser visto como um campo de lutas sobre os critérios e os
termos da exclusão e da inclusão, que vão permanentemente refazendo os termos do contrato. A idéia do contrato
social organiza a sociabilidade e a política nas sociedades modernas, com a criação de um paradigma sociopolítico
que produz de maneira normal, constante e consistente quatro bens públicos: legitimidade da governação,
bem-estar econômico e social, segurança e identidade coletiva. A gestão controlada das tensões e antinomias da
contratualização social é realizada mediante três pressupostos metacontratuais: um regime geral de valores (bem
comum, vontade geral); um sistema comum de medidas (que permite a definição das diferenças relevantes, cuja
concretização mais pura é o dinheiro); um espaço-tempo privilegiado (estatal e nacional). (SANTOS, 1999,
p.35/36)
social, em que o regime geral de valores parece não resistir à crescente fragmentação da sociedade, dividida em
múltiplos apartheids. A exaustão do paradigma moderno, pelo colapso e transformação das energias
emancipatórias em energias regulatórias, gera novos riscos e inseguranças, mas também oportunidades para a
Enquanto que para Foucault (1999) coexistiriam, na sociedade moderna, dois grandes modos de
exercício de poder, o poder disciplinar, centrado nas ciências, e o poder jurídico, centrado no Estado e no direito,
9
hoje esses poderes coexistem com muitos outros, fragmentados e desorganizados. O tempo e o espaço neutros,
homogêneos e lineares do sistema comum de medidas entram em um período de questionamento, gerando uma
explosão da escala dos conflitos, uma situação de instabilidade sistêmica. O espaço nacional é convulsionado pela
importância crescente dos espaços global e local que com ele competem. A temporalidade política e burocrática do
Estado colide com o tempo instantâneo do ciberespaço e com o tempo glacial da degradação ecológica.
pré-contratualismo (SANTOS, 1999). O pós-contratualismo é um processo pelo qual grupos e interesses sociais
até agora incluídos no contrato social são dele excluídos sem qualquer perspectiva de regresso. O
pré-contratualismo consiste no bloqueamento do acesso à cidadania para grupos sociais que anteriormente se
consideravam candidatos a alcançá-la. Os que sofrem a exclusão, apesar de formalmente cidadãos, são de fato
clandestinos. Ocorre o surgimento de uma subclasse de excluídos, constituída por grupos sociais em mobilidade
descendente estrutural e por grupos sociais para quem o trabalho deixou de ser uma expectativa realista. É a
chamada underclass, cujas características principais são: residência em espaços socialmente isolados das outras
classes; ausência de emprego de longa duração; famílias monoparentais chefiadas por mulheres; ausência de
qualificação ou de formação profissional; longos períodos de pobreza e de dependência da assistência social; busca
de alternativas de sobrevivência em atividades ilícitas, do tipo street crime; altas taxas de vitimização letal e
encarceramento8.
Ao contrário dos regimes fascistas dos anos 30/40, não se trata de um novo regime político, mas
de um regime social e civilizacional. As suas formas fundamentais são: 1. O fascismo do apartheid social
(segregação social através de uma cartografia urbana dividida em zonas selvagens e zonas civilizadas); 2. O
fascismo do Estado paralelo (duplo padrão da ação estatal nas “zonas selvagens” e nas “zonas civilizadas”); 3.
Fascismo paraestatal (usurpação de prerrogativas estatais de coerção e regulação), que se desdobra em fascismo
contratual (redução do contrato social ao contrato individual do consumo de produtos e serviços privatizados) e
8
Sobre a alternativa punitiva como forma de lidar com o contexto social contemporâneo de aumento da exclusão,
vide Loic WACQUANT, As Prisões da Miséria (2001)
10
simbólica com formas de consumo e estilos de vida fora do alcance da maioria da população); 5. Fascismo da
insegurança ( manipulação discricionária da insegurança dos grupos sociais vulnerabilizados, de modo a reduzir o
seu horizonte de expectativas); 6. Fascismo financeiro ("economia de cassino" dos mercados financeiros
Uma primeira fase de reconstrução do contrato social passaria pela neutralização da lógica de
exclusão atual, através da redescoberta democrática do trabalho (redistribuição global do estoque de trabalho
imposto global sobre movimentação financeira) e da transformação do Estado, através de desenhos institucionais
alternativos, em um elemento crucial de articulação e de coordenação de um espaço público não estatal composto
das diferentes organizações, interesses e fluxos que emergiram da desestatização da regulação social.
qual ficam evidentes os limites do projeto da modernidade, e a consciência da necessidade de uma mudança
paradigmática para a análise social, levam à retomada do questionamento do monopólio da produção do direito
pelo Estado, e ao reconhecimento da existência de uma pluralidade de ordens jurídicas não apenas nas sociedades
primitivas, como demonstravam os antropólogos, mas também nas sociedades complexas do novo século. A
recontextualização do direito, negada pela dogmática jurídica, é feita a partir do reconhecimento de que todos os
contextos onde se realizam práticas e discursos sociais são produtores de direito. A dominância do direito estatal
pressupõe o reconhecimento da sua não exclusividade e unicidade. O direito estatal vai atuar, tanto para sua
produção como para sua aplicação, negociando com os direitos dos restantes contextos, mesmo que essa
negociação seja feita algumas vezes de forma autoritária, pela tentativa de imposição coercitiva.
vulgarização, levando também à necessária vulgarização da dogmática jurídica. Por outro lado, das quatro formas
11
de direito correspondentes aos contextos estruturais das sociedades modernas (direito doméstico, direito da
produção, direito territorial e direito sistêmico), somente o direito territorial-estatal incorporou explicitamente
pluralista do direito abre caminho para o desocultamento do despotismo imperente nas relações de poder difusas
nos diferentes contextos da prática social, com a conseqüente abertura e democratização de todas as esferas de
produção do direito.
um novo paradigma, empenhado em responder às debilidades do sistema judiciário e em encontrar novas formas
Para estes autores, a justiça restaurativa não procura fazer diplomacia por
interposta pessoa, o objetivo é que as partes se encontrem e que sejam confrontadas com as
superar os mitos e estereótipos mútuos, desde que esse encontro ocorra com a orientação de um
compromisso dos participantes com a reparação e da sua vontade de buscar este objetivo. A
justiça restaurativa pretende suscitar um diálogo sobre a melhor forma de resolver um conflito,
apelando à participação ativa das vítimas e dos agressores na busca de soluções. No entanto,
todos os operadores da justiça podem participar desse processo, cujos conceitos chave são a
disponibilidade do autor, que pode desistir ou transigir com o arguido, tendo em conta os fins ou
penal, no qual adquire enorme relevo a negociação entre as partes. A verdade material serve
apenas como ponto de referência, como arma de negociação e não como objetivo para a
resolução do caso.
adotada através da Lei 24.825/99, incorporou ao Título II do Livro III do Código Procesal Penal
de la Nación o Capítulo IV, art. 431 bis, tratando do chamado juízo abreviado. Diante da
impossibilidade de julgar todos os delitos que chegam até o Judiciário, e do fato de que a
13
solução prática era a prescrição, se optou por substituir o princípio da verdade real pelo da
criado o Mediation U.K., inspirado em experiências de mediação nos Estados Unidos, Canadá e
Austrália desde o final dos anos 70. Também a ONU, em resolução de 1985, aconselhava o
recurso a formas informais de resolução de litígios, tais como a mediação. Em 1985 foi criado
caso estavam reunidos requisitos como o tipo de delito, indícios de culpabilidade, confissão do
penal.
O balanço desta experiência demonstra que apenas 25% das vítimas que
passaram por um processo de mediação ficaram insatisfeitas com a mediação ou com a solução
encontrada e que 62% dizem ter ficado completamente satisfeitas. Cerca de 90% das vítimas e
dos acusados consideram que foram tratados com justiça e correção. Para a quase totalidade dos
processo penal. Os seus objetivos consistem em atribuir ao autor do fato e à vítima um lugar no
autor pelos seus atos e com isso tentando prevenir reincidências e reparar de imediato o dano
14
moral ou material. A maioria dos assuntos tratados decorre da vida do bairro, são problemas de
Ministério Público à instância de mediação, que propõe um encontro preliminar com as partes
em separado. O mediador, após ouvir as partes, vai contribuir para clarificar suas intenções,
precisar a sua posição sobre cada um dos pontos em conflito, identificar as suas necessidades e
prioridades na procura de uma solução. No final desta primeira etapa as partes assinam um
confidencialidade e neutralidade.
quais as razões da prática do ato, mais do que a centrarem-se na compensação do prejuízo, que
será o resultado da construção deste espaço de diálogo. A última fase consiste na execução do
mediador não termina com a assinatura do mesmo, continuando até o seu cumprimento integral
desde 1985 funciona a Officina de Atención a la Víctima (OAV). Nos casos submetidos à
mediação, o autor tem de ser primário e reconhecer os fatos de que é acusado. Após a
verificação desses pressupostos, o juiz procede a uma avaliação informal, comunica à OAV os
dados da vítima, do acusado e envia uma cópia do relatório preliminar da polícia. O mediador
realiza, então entrevistas com as partes. O acusado recebe uma carta do tribunal referindo que o
assunto foi encaminhado para a OAV e que um acordo com a vítima será uma alternativa a uma
eventual sanção penal. O mediador inteira-se de quais são os interesses da vítima, econômicos
15
ou morais, assim como do que o acusado tem para oferecer. Celebra-se então o acordo entre
por toda parte, experiências com um modelo alternativo à justiça criminal tem sido realizadas,
com resultados que, se não podem ser considerados plenamente satisfatórios, ao menos indicam
os caminhos possíveis para além da punição, com a reparação do mal causado pelo delito e a sua
prevenção.
Desde que foram criados, pela Lei 9.099/95, os Juizados Especiais Criminais (JECrim) têm
suscitado um importante debate sobre a adequação dos procedimentos informalizantes para o tratamento dos
delitos de sua competência. As principais críticas situam-se no campo do chamado Garantismo Penal9, que
identificam um déficit de garantias na aplicação de penas por meio da transação penal, assim como uma
Uma outra ordem de questões é levantada por representantes do movimento de defesa das
mulheres contra a violência doméstica, que alegam que os JECrim, privatizando o conflito e banalizando a sua
resolução através da aplicação de penas inócuas como o pagamento de cestas básicas, não contribuem para o
equacionamento deste importante problema social10. Corroboram as críticas apontadas as evidências de um alto
índice de insatisfação por parte das vítimas encaminhadas aos JECrim, assim como o desconforto dos operadores
Embora admitindo a pertinência de algumas das críticas apontadas, uma vez que tanto a Lei
9.099/95 quanto o funcionamento efetivo dos JECrim deixam a desejar tanto no quesito garantias quanto na
eficácia concreta para a resolução de conflitos como os que eclodem no ambiente doméstico, o fato é que a
9
Para uma abordagem garantista crítica dos Juizados, vide Aury LOPES JR., Justiça Negociada: Utilitarismo
Processual e Eficiência Antigarantista (2002) e Salo de CARVALHO, Considerações sobre as Incongruências da
Justiça Penal Consensual: retórica garantista, prática abolicionista (2002). Para uma tentativa de
compatibilização dos ideais garantistas com a informalização da justiça penal, vide Luiz Antônio Bogo CHIES, É
Possível se ter o Abolicionismo como meta, admitindo-se o Garantismo como estratégia? (2002).
10
Neste sentido o posicionamento de, Carmen Hein de CAMPOS, Justiça consensual e violência
doméstica (2002).
16
introdução da proposta informalizante na Constituição e sua implementação através da Lei 9.099/95 constituíram
um marco da maior importância para a construção de um novo paradigma de tratamento e resolução de conflitos na
sociedade brasileira.
É preciso considerar que, à época de sua aprovação, talvez não houvesse de fato a possibilidade
de um avanço maior, em virtude da desconfiança do mundo jurídico frente a este tipo de inovações, assim como da
falta de experiências empíricas que pudessem se constituir em referência para a formatação legislativa do modelo a
ser adotado.
Por outro lado, como já foi apontado em outro lugar (AZEVEDO, 2002), boa parte dos
problemas enfrentados nos JECCrim deve-se à falta de preparo e engajamento dos operadores do direito,
especialmente juízes e promotores, para as novas funções que deles são exigidas. É o caso, por exemplo, da
atuação do juiz como conciliador, nem sempre assumida de fato, ou da necessidade do promotor, antes do
oferecimento da proposta de transação, avaliar da possibilidade de arquivamento pela falta dos requisitos mínimos
Hoje, quase dez anos depois, os percalços e dificuldades encontrados já permitem, no entanto,
avançar no sentido do seu aperfeiçoamento. É isso que nos propomos a fazer a seguir, não em relação a todas as
questões relacionadas com os JECrim, mas especificamente no tocante ao processo de elaboração dos Termos
São Paulo, Juiz Manoel Veiga de Carvalho, constituiu grupo de trabalho para a elaboração de Anteprojeto de lei
tratando da criação de Juizados Especiais Criminais. Depois de debater as propostas com a OAB-SP, e com
representantes de juízes, Ministério Público, delegados de polícia, procuradores do Estado, defensores públicos,
professores e estudantes de direito, o Anteprojeto foi concluído e apresentado ao Deputado Federal Michel Temer,
que acolheu a proposta e protocolou-a na Câmara dos Deputados, transformando-a no Projeto de Lei 1.480/89.
os crimes a que a lei cominasse pena máxima não superior a um ano, exceto nos casos em que a lei estabelecesse
procedimento especial, concepção que vai prevalecer no texto final da Lei 9.099/95, e que depois vai ser alterada
com a ampliação da ambrangência do conceito de delito de menor potencial ofensivo introduzida pela Lei nº
10.259/2001, para abranger todos os delitos com apenamento máximo cominado não superior a dois anos.
Sobre os delitos de competência dos Juizados, cabe aqui destacar que foi feita pelo legislador
uma opção pela simplificação, com a adoção do critério do tamanho da pena, não sendo considerada a pertinência
17
ou não da adoção de medidas informalizantes para delitos ou contravenções de natureza absolutamente distinta.
Caberia aqui discutir, por exemplo, por que não colocar o delito de furto, em que não há violência contra a pessoa,
no âmbito das medidas informalizantes, buscando o acordo do autor do fato com a vítima ou a transação penal. O
mesmo poderia ser proposto para os pequenos vendedores de drogas ilícitas, que hoje são tratados como grandes
carcerária e o ingresso em uma carreira criminosa 11. Não interessaria nestes casos ao Estado e à sociedade uma
negociação em torno da pena, capaz de evitar a estigmatização e prisionização hoje reinantes e de investir na
Por outro lado, a criação desses mecanismos informalizantes não deve servir como obstáculo ao
debate sobre a necessária descriminalização de uma série de crimes e contravenções, que não deveriam constar do
rol de condutas submetidas ao controle penal. De qualquer forma, o encaminhamento para os Juizados trás
consequências despenalizantes, como tem se verificado no caso do delito de porte de entorpecentes para consumo
pessoal, que com a Lei 10.259/2001 passou a ser de competência dos Juizados Especiais.
autoridade policial para posterior encaminhamento ao Juizado, abolindo a necessidade do inquérito policial para os
delitos de menor potencial ofensivo. O estudo empírico do funcionamento dos Juizados Especiais
Criminais revela que o fim do inquérito policial garantiu às vítimas o acesso ao judiciário, que antes lhes era
negado (AZEVEDO, 2000). Por outro lado, a divisão de funções entre Polícia Militar e Polícia Civil acabou por
gerar efeitos negativos do ponto de vista da agilidade dos procedimentos de encaminhamento do fato aos Juizados,
dificultando o rápido equacionamento de conflitos que na grande maioria dos casos decorrem de relações sociais
A solução encontrada em alguns estados, foi a orientação adotada pelas Polícias Militares no
sentido de elaborarem o termo circunstanciado, sem a necessidade de divisão do ciclo policial com a Polícia Civil.
Tal iniciativa foi tomada com base na interpretação extensiva da expressão “autoridade policial”, utilizada no
parágrafo único do art. 61 da Lei 9.099/95 para referir a competência para a lavratura do Termo, corroborada pelo
11
Para uma análise da utilização de mecanismos alternativos para o tratamento de usuários e pequenos traficantes
de drogas, vide James L. NOLAN, Reinventing Justice – The American Drug Court Movement (2001).
18
Com base na experiência realizada no estado do Rio Grande do Sul, a partir de Portaria da
Secretaria Estadual de Justiça e Segurança datada de novembro de 2000, é possível afirmar que, em que pese
algumas dificuldades decorrentes do processo de adaptação às novas atribuições, a elaboração dos termos
circunstanciados pela Polícia Militar contribui para atingir os objetivos de tratamento célere e eficaz à
polícia com os cidadãos, contribuindo enfim para a constituição de uma polícia de proximidade, mais apta a lidar
A questão, no entanto, dos limites do termo circunstanciado para dar início a um procedimento
nos Juizados, ainda merece uma maior reflexão. A experiência comparada indica que poderiam ser alcançados
resultados mais efetivos se, além da pura e simples denúncia da vítima, fossem também coletados outros indícios
de culpabilidade, para dar início ao procedimento de resolução do conflito por meio dos Juizados Especiais
Criminais.
O art. 72 da Lei 9.099/95 previu a necessidade do juiz esclarecer as partes sobre a possibilidade
de composição dos danos e de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. O art. 73 estabeleceu que a
conciliação deveria ser conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua orientação, recrutado preferencialmente
entre bacharéis em Direito. Aqui tanto as previsões legais quanto o funcionamento concreto dos Juizados nos
permitem afirmar que a Lei 9.099/95 não foi capaz de criar espaços efetivos de mediação de conflitos, de
aproximação e diálogo entre as partes. A falta de previsões mais específicas quanto aos procedimentos de
conciliação, restritas à composição do dano, demonstra que não houve de fato a abertura necessária para novas
formas de tratamento do conflito, levando na prática a situações de insatisfação justificada da vítima pela promessa
A timidez das previsões legais, além de não constituir de fato um espaço de mediação, acaba
contribuindo para a desconsideração, por parte dos operadores do direito, das percepções e necessidades das
partes, em nome de uma celeridade que em nada contribui para a efetiva resolução dos conflitos. Na prática, o
resultado é o predomínio do arquivamento por desistência da vítima e da transação penal desprovida do exame
prévio da viabilidade da ação penal, o que na maioria das vezes em nada contribui para a efetiva pacificação social.
A partir de uma compreensão de que é este o principal limite dos procedimentos previstos pela
Lei 9.099/95, conclui-se que o resgate das perspectivas inovadoras e emancipatórias do paradigma emergente
12
Para uma análise da experiência da Brigada Militar gaúcha na elaboração do TC, vide Helena BEILFUSS, O
Termo Circunstanciado na Brigada Militar (2003).
19
passa, obrigatoriamente, por aprofundar o processo de informalização da justiça penal, com a adoção da figura do
mediador, com capacitação para o tratamento de conflitos interpessoais. O encaminhamento do caso para uma
efetiva mediação poderia passar pelo crivo dos operadores do direito, tanto pelos representantes legais das partes
em conflito quanto pelo Ministério Público, no sentido de aferir da pertinência do procedimento quanto ao tipo de
delito, interesse da vítima e do acusado, indícios de culpabilidade, etc. A efetivação mesma do acordo, no entanto,
necessita da atuação de profissionais habilitados, não premidos pelos critérios burocráticos de celeridade e pelas
Mesmo diante da restrição imposta pela falta de uma previsão legal adequada, experiências de
mediação de conflitos envolvendo delitos de menor potencial ofensivo vêm ocorrendo em diversos pontos do país.
O Programa “Justiça Cidadã”, implantado em 2001 pela Prefeitura do Recife, recentemente premiado pela
Fundação Getúlio Vargas, conta com núcleos descentralizados de assistência judiciária gratuita instalados em
bairros carentes da cidade. Nesses locais, a população dispõe de advogados, estagiários de Direito, assistentes
sociais e psicólogos, que no caso de situações envolvendo delitos de menor potencial ofensivo procuram
estabelecer um diálogo preliminar entre as partes, na tentativa de obtenção de um acordo prévio à audiência nos
Juizados. O mesmo trabalho vem sendo desenvolvido pelos estagiários do Grupo de Estudos e Intervenção em
valores que enfatizam a importância de encontrar soluções para um mais ativo envolvimento das partes no
processo, a fim de decidirem a melhor forma de abordar as consequências do delito, bem como as suas
repercussões futuras. Práticas que encorajam a colaboração e a reintegração, mais do que a coerção e o isolamento,
envolvendo a reparação do crime, programas de intervenção junto às vítimas, conferências familiares em grupo,
mediação entre as vítimas e os agentes do delito, entre outras medidas. Denunciar os limites da experiência dos
JECrim, de um ponto de vista dos direitos e garantias fundamentais, não pode significar a renúncia à busca do seu
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