2008
1
2
HIDROLOGIA PARA O CURSO DE
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
GOVERNADOR
Dr. Jacques Wagner
REITOR
Professor José Carlos Barreto de Santana.
VICE-REITOR
Professor Washington Almeida Moura.
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Carlos Pereira de Novaes
Professor de Hidráulica,
Drenagem Urbana e Hidrologia
do Departamento de Tecnologia
da Universidade Estadual de Feira de Santana - BA
e
Mestre em Hidráulica e Saneamento
pelo Departamento de Hidráulica e Saneamento
da Escola de Engenharia de São Carlos - USP
2009
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Universidade Estadual de Feira de Santana
Reitor
José Carlos Barreto de Santana
Vice-Reitor
Washington Almeida Moura
EDITORAÇÃO
ISBN 85-7395-103-6
1. Hidrologia. I. Título.
CDU: 556
7
DEDICATÓRIA
A Deus,
Emanador de toda luz do universo.
8
AGRADECIMENTOS
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Prefácio do autor
É com muita honra que apresentamos aos nossos alunos uma edição
de notas de aulas do curso de hidrologia, publicado pelo Departamento de
Tecnologia e a Gráfica da UEFS.
Foi nossa idéia editar estas notas de aulas na forma de uma série de um
livro didático editados sequencialmente, de forma a facilitar o aprendizado e
subsidiar didaticamente os trabalhos dos alunos durante o curso.
O seu conteúdo é eminentemente técnico e didático e foi elaborado para
que os nossos alunos possam acompanhar o curso de hidrologia de um modo
bem simples e direto, direcionado ao desenvolvimento da matéria e evitando,
assim, perdas desnecessárias de tempo.
Não é pretensão deste professor substituir o conteúdo do presente livro
pelo de outros livros também dedicados ao assunto. Não. Decidimos elaborá-lo
a partir do momento que se verificou a abrangência da matéria dada e dos
assuntos estudados, cujos conteúdos dificilmente seriam dados sem um livro
auxiliar e que fosse, ao mesmo tempo, didático e funcional e que servisse de
texto aos alunos, pois o conteúdo da matéria hidrologia é muito extenso para
ser ministrado na forma tradicional e sem a ajuda de um livro dentro do período
letivo, que é de somente quatro meses, aproximadamente.
Este volume, dada à extensão desta matéria, abrange somente alguns
assuntos iniciais da mesma, ou: introdução à hidrologia, precipitação, análise
de freqüência e chuvas intensas, medições de escoamento livre, escoameneto
superficial, infiltração e método racional, com muitos exemplos e exercícios,
sugerindo também, quando é necessário, alternativas de leituras em outros
livros que porventura tratam destes assuntos, para dar aos alunos uma visão
mais ampliada sobre os temas expostos.
Evidentemente, que por se tratar de um livro-texto didático, aplicado ao
desenvolvimento formal de uma matéria obrigatória, na estrutura do curso de
engenharia civil, o mesmo exige, freqüentemente, dos alunos, o conhecimento,
prévio, de algumas matérias tidas normalmente como pré-requisitos, como, por
exemplo, mecânica dos fluidos, hidráulica, e, principalmente, estatística, cujos
conteúdos são muito extensos, cabendo ao leitor colaborar e fazer, às vezes,
uma revisão desses assuntos, sendo que este volume já tem um capítulo só de
estatística, bem prático, para facilitar a compreensão do texto e do curso.
Um outro detalhe didático do livro, é que todos os exercícios contidos no
mesmo não têm respostas. Por quê? A resposta é simples, dentro do nosso
humilde entendimento, é claro: as respostas dão ao aluno que quer aprender o
conteúdo da matéria, uma pseudo-base, ou mesmo, às vezes, uma presunção,
de conhecimento, que o aluno, na realidade, não tem, ainda. Neste aspecto, os
exercícios sem respostas são mais eficientes, pois o que prevalece, sempre, é
a dúvida e, portanto, a prudência, em relação ao assunto estudado. É como na
própria vida profissional de qualquer um de nós, os problemas vão aparecendo
normalmente, precisando de respostas, imediatas, firmes, sem vacilações, que
só a experiência e o tempo podem oferecer, através do exercício constante da
profissão. É claro que, em aula, é função do professor a correção dos mesmos
e a elucidação das dúvidas, que, porventura, os alunos tiverem.
Agradecendo a atenção do leitor, nos despedimos, informando que este
livro está à disposição na Livraria Inter-universitária da UEFS, cujo endereço e
telefone se encontram na terceira contracapa.
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Sumário
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Capítulo 4 Análise de chuvas intensas. 76
4.1 O que é análise de chuvas intensas? 76
4.2 Como se analisam as chuvas intensas? 77
4.3 Análise das alturas precipitadas em função das durações. 77
4.4 Análises das intensidades em função das durações. 81
4.5 Equações de chuvas intensas. 82
4.6 Precipitação intensa média na bacia de contribuição. 85
Capítulo 5 Medições de vazões de escoamentos livres 87
5.1 Introdução. 87
5.2 Medição direta e análise estatística das medições de vazões. 87
5.2.1 Utilizando-se uma proveta graduada e um cronômetro. 87
5.2.2 Utilizando-se balança e cronômetro. 88
5.3 Erros e análise estatística das medições de vazões. 88
5.4 Medição de vazões através de vertedores. 90
5.5 Medidas diretas de vazões em rios. 92
5.5.1 Método simplificado de medição em pequenos riachos. 93
5.5.2 Método da integração das velocidades sobre as áreas. 94
Capítulo 6 Escoamento superficial. 97
6.1 O que é escoamento superficial? 97
6.2 Características do escoamento superficial. 98
6.3 Hidrógrafa de enchente uma chuva simples. 99
6.3.1 Determinação do volume superficial de uma hidrógrafa. 102
6.4 Tipos de enchentes segundo o critério de Horton. 10
Capítulo 7 Infiltração. 107
7.1 O que é infiltração. 107
7.2 Definição da velocidade ou capacidade de infiltração. 107
7.3 Alguns fatores que influenciam a capacidade de infiltração. 108
7.4 Medidas de infiltração. 109
7.4.1 Infiltrômetros. 109
7.5 Infiltração em bacias de drenagem. 113
7.5.1 Determinação prática do coeficiente de run-off ou de deflúvio. 114
7.5.2 Determinação do índice de infiltração médio para a bacia e
do hietograma de precipitações efetivas. 115
7.5.3 Precipitação efetiva sobre uma bacia. 116
Capítulo 8 Método racional. 117
8.1 Uso do método racional no cálculo de vazões de enchentes. 117
8.1.1 Cálculo do tempo de concentração. 117
8.1.2 Estimativa e adoção do coeficiente de deflúvio ou run-off. 119
8.1.3 Adoção do tempo de recorrência para o método racional. 121
8.1.4 Estimativa da intensidade de precipitação máxima provável. 121
8.1.4.1 Estimativa da intensidade de precipitação média na bacia. 121
8.1.5 Utilização do método racional. 122
8.1.6 Determinação de precipitações intensas para locais que não
dispõem de dados pluviógráficos e equações de chuvas
intensas. 128
12
Capítulo 1
Introdução à hidrologia.
É muito comum aos alunos que vão fazer o curso de hidrologia aplicada,
se perguntarem o que é esta matéria e o seu significado, já que , normalmente,
os alunos, quando vão estudá-la, já fizeram mecânica dos fluidos e hidráulica,
que são duas matérias básicas, na área de recursos hídricos, dentro do curso
de engenharia civil, cujos escopos, no entanto, são bem diferentes desta?
Bem, hidrologia significa, basicamente, o estudo da água, já que, hidro
significa água e logia, estudo, com ambas as palavras provenientes do grego.
Existem muitas matérias, diferentes, que estudam a água e a hidrologia
se preocupa, principalmente, em quantificar e qualificar a sua ocorrência no
globo terrestre, na forma de vapor, já que tanto a atmosfera como as nuvens,
contêm água neste estado, basicamente; no estado líquido, como nos mares,
rios e lagos ou no estado sólido, na forma de gelo ou neve, que existem mais
em regiões glaciais, como as regiões polares, que estão à grandes latitudes,
ou em regiões montanhosas, de grandes altitudes, muito frias.
Ora, pela análise da tabela 1.1, vê-se que 97,7 % de toda água contida
no planeta ou é salgada ou está congelada, tornando o seu uso inadequado ou
precisando de tratamento, que é muito oneroso e de baixa produção.
Como o que mais interessa a sociedade é a água no seu estado líquido
e doce, tem-se a conclusão que somente 2,3 % do total, ou seja 31280 trilhões
de metros cúbicos, estão disponíveis, para o uso, na natureza.
Se levássemos em conta somente a população humana, que reside do
nosso planeta, que é de 6 bilhões de pessoas, aproximadamente, ter-se-ia um
3
volume de 5.213.333 m de água, para cada habitante.
13
A razão acima, embora inadequada, já que á água não é só para o uso
dos seres humanos, mostra que a água doce é um recurso natural abundante,
embora mal distribuído, na geografia do planeta, tanto em termos superficiais,
como subterrâneos, pois existem regiões riquíssimas, como certas partes da
América do Sul, da Ásia e ao norte dos Estados Unidos, na região dos grandes
lagos e regiões paupérrimas, como certas regiões da África, por exemplo.
Ora, o volume acima, de 31 280 trilhões de m3, não é toda ela formada
de água, digamos, fácil, de se extrair, pois 99,1 % desta água, doce, está nos
subsolos, ou seja, só pode ser retirada através de poços tubulares profundos,
cuja tecnologia, à medida que se aprofunda, é cara, como mostra a tabela 1.2.
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seus hábitos, outrora, frugais, e também com a chamada agronomia moderna,
que utiliza muita água para a irrigação, cujos métodos, precisam ser bastante
melhorados, para terem melhores eficiências de uso, tendência esta que tem
se mostrado, sempre, ascendente, em termos de consumo, isto, fora o uso
industrial e o uso consultivo da água nas cidades, também sempre crescentes.
É obvio que todos os processos humanos de produção, nas cidades e
no campo, principalmente os mais modernos, geram resíduos, de toda sorte,
lixo, esgoto doméstico e industrial que, via de regra, não são bem alocados ou
dispostos e, muitas vezes jogados in natura nas próprias águas superficiais ou
em regiões de abastecimento de grandes lençóis de água subterrâneos, os
chamados aqüíferos, que, via de regra, são artesianos, ou, em outras palavras,
são enormes volumes de água, retidos em rochas porosas que se situam entre
camadas de outras rochas, impermeáveis, uma verdadeira dádiva da natureza,
provocando a poluição e, muitas vezes, também, a sua própria contaminação,
com resíduos químicos e materiais pesados, às vezes, através de processos
irreversíveis e criminosos a estes próprios mananciais.
Ou seja, a hidrologia não se preocupa, só com a quantificação da água,
mas também com a sua qualificação, que são dois aspectos imprescindíveis da
água para o uso humano e os outros processos. Que usos são estes?
O abastecimento doméstico, industrial, das hortas e lavouras modernas,
para recreação, piscicultura, navegação, para a manutenção da vida animal.
São inúmeros usos diferentes, que se ampliam constantemente. Há pessoas
que se arriscam a dizer que os grandes conflitos da humanidade, no futuro,
serão causados pelo controle da água doce, já que a utilização de águas mais
salinizadas, do mar, por exemplo, ainda permanece um problema sério, pois os
processos de dessalinização que existem agora, não fornecem, ainda, grandes
volumes de água a preços compensatórios, além de produzirem resíduos.
Este pensamento leva a crer que a utilização e o manuseio da água, no
futuro, será quase policialesca, ou seja, o seu uso será muito bem controlado e
a disposição dos resíduos, de qualquer espécie ou tipo, será, também, muito
bem controlada, além de ser mais reciclada, como já, em parte, ocorre, agora.
É obvio que a leitura acima leva a definir que hidrologia é a ciência que
estuda, qualitativa e quantitativamente, as diversas etapas da água dentro do
ciclo hidrológico, que é o ciclo natural da água na natureza, nos três estados,
ou seja, líquido, sólido e gasoso, de forma a subsidiar respostas aos diversos
problemas de engenharia dos recursos hídricos, ou seja, ela lida com qualquer
processo para se quantificar ou qualificar a água doce disponível na natureza.
15
gotículas que flutuam ao sabor das turbulências dos vetos, que, a depender
das características da própria atmosfera local, de instabilidade ou estabilidade,
que é um conceito que será explicado mais à frente, pode provocar as chuvas,
propriamente ditas, através do resfriamento mais acentuado desta massa de
vapor de água, ou também podem viajar através de milhares de quilômetros,
junto com os ventos, provocando as chuvas, mais tarde, em outra região.
A maioria das chuvas ocorre sobre o próprio mar, já que dois terços da
superfície terrestre é marítima, mas uma boa parte ocorre sobre o continente,
principalmente sobre as regiões mais altas, de serras ou de cordilheiras, que
provocam a ascensão, mecânica, e o resfriamento dessas grandes massas de
ar saturado de vapor de água, fazendo com que a água da chuva caia sobre a
terra, sobre as florestas e sobre os lagos, renovando, nestes ambientes, parte
do seu ciclo inicial, que é sempre contínuo.
Quando cai sobre a terra, parte da água se infiltra nos terrenos e parte
da água excedente, corre superficialmente nesta, pela ação da gravidade, indo
a formar, mais à frente, os regatos, os lagos e os grandes rios, indo finalmente
a cair no mar, daí o nome ciclo hidrológico, pois a água sempre volta ao mar.
Parte da água que se infiltra nos terrenos, por ação da gravidade, vão
formar os aqüíferos freáticos, artesianos e os escoamentos subterrâneos.
Os aqüíferos freáticos são as acumulações de água superficiais que se
armazenam sobre as rochas e normalmente são captadas por poços rasos, na
ordem de dezenas de metros, que são poços perfurados com certa facilidade,
com aparelhos mais rudimentares, sendo utilizados desde a antiguidade tardia.
É obvio que, à medida que, estes aqüíferos vão se enchendo, a própria água
vai descendo os terrenos para formarem os novos lençóis, que, porventura, se
situam mais abaixo e, também, as fontes surgentes, que são as nascentes dos
rios, a depender da própria geologia da região e do tipo de solo local. Ou seja,
os aqüíferos freáticos, em geral, são abastecidos nas regiões onde se situam.
Os aqüíferos artesianos já são grandes acumulações de água que ficam
confinadas em rochas bem porosas, que se situam entre rochas impermeáveis
e normalmente se situam em grandes regiões de grandes depressões naturais,
cujo abastecimento se faz em outras regiões normalmente mais altas, ao largo
de seu perímetro, como indica a figura 1.1.
Região de abastecimento
......... .... ... Rocha impermeável ........
................... Solo ...........
..................... ............
............................. ...............
.............................................................................
Aqüífero .............................................................
.....................................
Rocha porosa
16
Nível estático do aqüífero Poço jorrante
Poço não jorrante
......... .... ... ........
................... ...........
..................... ............
............................. ...............
.............................................................................
.............................................................
.....................................
17
Por exemplo, em regiões mais desérticas as variações das temperaturas
ambientes são grandes, devido, essencialmente, a falta de umidade, ou seja,
uma das utilidades do ciclo hidrológico é a de ser o radiador do mundo, que, do
contrário, teria variações e temperaturas grandes demais.
Este professor, toda vez que fala deste assunto, sempre fala da água e
de suas propriedades divinas e esta é uma delas, ou seja, a vida neste planeta
existe por causa da presença da água nos três estados, sempre se alternando,
amenizando as temperaturas e propiciando o abastecimento do planeta.
Um outro ciclo da água bem importante, também, em engenharia dos
recursos hídricos, é a retenção da água da chuva nos vegetais de uma bacia,
para posterior evaporação, e também, a retenção e o armazenamento da água
nas depressões que existem nas superfícies das bacias, que tanto influenciam
os coeficientes de run-off ou de deflúvio, máximos das bacias nos dias com
temporais, que é um outro conceito que mais adiante também será explicado.
O ciclo hidrológico descrito acima é apenas uma síntese do mesmo vista
por um engenheiro de recursos hídricos. Se este mesmo ciclo fosse descrito
por um biólogo ou por um engenheiro agrônomo, por exemplo, eles falariam de
outros ciclos da água que são bem importantes, nestas matérias, como é, por
exemplo, o orvalho, ou mais sobre transpiração e evapotranspiração, já que a
água, na realidade, tem inúmeros caminhos na natureza. O seu ciclo sólido,
por exemplo, é muito pouco comentado aqui, porque este ciclo, no Brasil, seja
na forma de neve ou de gelo, é ínfimo, existindo, apenas, em regiões de serras
muito altas e em espaços de tempos bem curtos, ou seja, o ciclo hidrológico é
sempre enfatizado de acordo com o assunto estudado por profissão.
Portanto, as principais partes do ciclo hidrológico, no que diz respeito à
engenharia de recursos hídricos são: a evaporação, o seu trajeto aéreo, tanto
na forma de vapor, difuso na atmosfera, como na forma de nuvens saturadas,
a precipitação, a retenção da água nos vegetais, o armazenamento da água
nas depressões naturais das bacias, a infiltração nos solos, o escoamento
subterrâneo, que vão formar os reservatórios freáticos e artesianos da região,
o escoamento superficial, o escoamento básico, que ocorre do solo para os
rios, os escoamentos das franjas capilares, a transpiração dos vegetais e a
evapotranspiração nas bacias hidrográficas.
Nuvens
Sol
Vento e resfriamento
Irradiação Precipitação
Transpiração
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1.2.1 Síntese e aprofundamento sobre o ciclo hidrológico.
19
d) O escoamento das franjas capilares é ocasionado pelo fenômeno
da capilaridade, que é a ascensão natural da água dos aqüíferos para o solo
superior, pelos seus poros e é esta água que alimenta as arvores pelas raízes.
e) A transpiração é parte da água que passa para o estado de vapor
resultante do metabolismo ou da fisiologia natural dos vegetais, que é retirada
do solo e devolvida à atmosfera.
f) A evapotranspiração, é o somatório da evaporação da água contida
no solo superficial, de todas as águas superficiais e da transpiração que ocorre
com os vegetais de uma determinada bacia hidrográfica.
g) O escoamento superficial é considerado, em geral, como, qualquer
escoamento que ocorre na superfície terrestre, como os dos riachos, dos rios
ou dos lagos, e é formado tanto pela água superficial, oriunda diretamente das
precipitações, chamado de escoamento superficial direto, como da água vinda
do próprio lençol freático ou artesiano, da região, na forma de escoamentos
que, em hidrologia, chama-se de básicos.
h) O escoamento básico é o escoamento gravitacional que ocorre nos
subsolos para a alimentação natural dos rios nas bacias, decorrente das águas
oriundas dos lençóis freáticos ou artesianos na região. São estes escoamentos
subterrâneos é que abastecem continuamente e provocam a perenidade das
fontes, dos lagos e dos rios, de uma região.
i) O escoamento total ou deflúvio total de uma bacia, como também é
chamado, é o somatório dos escoamentos básico mais o superficial direto.
Exemplo 1.1 e Exercício 1.1 Siga o exemplo 1.1, dado pelo professor,
de determinação prática de uma pequena bacia de contribuição de um afluente
do Rio Paraguaçu-BA e determine o perímetro, a área, a curva hipsométrica e
a declividade do seu riacho principal, a partir da exutória, demarcada para esta
bacia. No presente exemplo foi escolhida uma bacia bem simples, com apenas
um único riacho, intermitente, no mapa planialtimétrico da região de Itaberaba,
Folha SD.24-V-B-IV, na escala de 1:100.000, com curvas de nível de 40 em
40m, obtido no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de Salvador - BA.
20
1.3.1 Características físicas principais de uma bacia.
21
Q Maior tempo de concentração Q Menor tempo de concentração
Menor pico Maior pico
A B
t t
22
1.4 Balanço hídrico simplificado de uma bacia de contribuição.
VE - VS = ∆V 1.1
VP VEVP
Bacia Rio
Sub-solo
VES
AB ∆V(SUBTERRÃNEO)
23
Esta operação é feita através da integral das vazões ocorridas no tempo
considerado, ou: Média Tempo considerado
t2 _ _
VES = ∫ Q . dt = Q . (t2 - t1) 1.7
t1
RB = HES / HP 1.10
24
A tabela 1.4 mostra a área, a altura do escoamento superficial, em mm,
3
a vazão média, em m /s, e a vazão específica, ou seja, é a vazão média por
unidade de área, q, em, l/s.Km2, das bacias analisadas na tabela 3.1.
25
Observação: É muito difícil prever-se o rendimento ou mesmo a vazão
específica de uma determinada bacia, com a finalidade de aproveitamento de
seus recursos hídricos, quando não se têm dados de vazões, o que, aliás, é
bem comum, em engenharia dos recursos hídricos, no interior do Brasil.
É interessante ir ao local da futura obra; inspecionar a exutória, onde se
quer fazer a obra; examinar e levantar, topograficamente, a secção transversal
o leito do rio e analisar a sua granulometria; perguntar a população local sobre
os comportamentos do rio ou quando ele escoa, quando é intermitente; inquirir
sobre todos os seus níveis, médios e máximos; observar a topografia, o relevo
e o tipo de solo predominante, da bacia; avaliar a vazão e comparar os dados
com os de outras bacias semelhantes na redondeza, cujos coeficientes já são
conhecidos, caso sejam conhecidos, ou seja, é um trabalho profissional e bem
especializado, cujo resultado, é bom que se diga, nem sempre é preciso.
Em média, as vazões específicas e os escoamentos superficiais para as
diversas regiões brasileiras, são apresentadas na tabela 1.6.
26
Uma outra equação muito utilizada para se avaliar a evapotranspiração
em bacias, é a equação de Turc:
HP
HEVP = ------------------------------- 1.12
2 2
0,90 +( HP / CT )
Onde,
CT = 0,05 . T3 + 25 . T + 300 1.12.1
O
Na equação 1.13, T é a temperatura média anual em C e H em mm.
Se RB é igual a HES/HP e se HES é igual a HP-HEVP, logo, tem-se que:
)
RB = (HP -HEVP /HP 1.13
QESC = R . i. AB = RB . ( HP / D ) . AB 1.14
27
2
Exercício 1.5 Para uma bacia com 200 km de área, situada em uma
região do semi-árido com um índice pluviométrico médio de 600 milímetros e
0
com temperatura de 26 C, determine:
28
Capítulo 2
Precipitação.
29
Quando esta molécula, ou grupos de moléculas, ascende na atmosfera,
ela sempre encontra regiões superiores com menores pressões e, portanto, se
expandem, em termos de seu próprio volume.
Se nós considerarmos, pelo menos, teoricamente, já que os processos
de ascensão do vapor e de formação das nuvens são bastante rápidos, estes
processos como adiabáticos secos, ou seja, sem perdas de energia e em um
meio seco, não saturado, é claro que as temperaturas dessas moléculas de
vapor, em ascensão, vão perder temperatura, se resfriando, e esta variação ou
gradiente de temperatura é de aproximadamente 1º/100 m (69), e este será o
nosso referencial, para a ascensão da massa de vapor, na atmosfera.
Vejamos agora outro ponto de vista, o do ar, na atmosfera, que também
pode sofrer os mesmos processos de ascensão, ou por convecção normal ou
forçada, pelos ventos, que, em virtude do gradiente de pressões na atmosfera,
que diminui as temperaturas do ar, à medida que se aumenta à altitude, além
de poder se resfriar ou esquentar também em virtude das frentes ou das
correntes de ventos que vem de outras regiões mais quentes ou mais frias que
a analisada, como o mar, que, às vezes, está mais quente ou mais frio que o
continente, ou frentes que podem vir da Antártica, dos Andes, do Equador etc.
É claro que o gradiente de temperatura do ar local ora é maior que o da
massa de vapor em ascensão e ora pode ser menor.
Os gradientes mais comuns são em torno da média, de 0,60 º/100m, ou
seja, nesses dias, o gradiente de temperaturas, médio, do ar, é menor que o
gradiente das massas de vapor em ascensão, considerado como de 1º/100 m,
ou seja, nesses dias, mais freqüentes, a massa de vapor tenderá, à medida
que subir na atmosfera, a ser mais fria que o próprio ar circundante, e, logo,
mais densa ou pesada, que este ar, e o movimento de ascensão das massas
de vapor cessa naturalmente e não se tem a formação das nuvens de chuvas
e, logo, o céu fica bem claro, com o tempo estável, como indica a figura 2.1.
Temperaturas
Figura 2.1 Esquema indicativo de estabilidade da atmosfera.
30
Nesses dias, é obvio que existe um abaixamento das temperaturas na
atmosfera, provocando gradientes de temperaturas do ar que são maiores que
o adiabático seco, considerado como de 1º/100 m, e nesses dias frios, que são
menos freqüentes, a massa de vapor de água tenderá, a mediada que subir,
na atmosfera, a ser mais quente que o ar circundante, e, logo, menos densa ou
leve, que o ar, e o movimento de ascensão da massa de vapor não cessa, e se
tem a formação de nuvens de chuvas ou de nebulosidades, com o céu com o
aspecto bem escuro, ou seja, o tempo está instável, como indica a figura 2.2.
1º/100 m
Gradiente médio
de temperaturas do ar
> 1º/100 m
Temperaturas
31
Para se entender este processo, deve-se comparar o ar atmosférico
com uma esponja: de manhã, ele se expande e absorve a umidade. À tarde,
embora, nem sempre, estes tipos de chuvas aconteçam durante as tardes, ele
começa a se esfriar e a se retrair, e necessita espremer todo esta umidade em
excesso, provocando as chuvas.
Este tipo de chuva é mais conhecido como precipitação convectiva e,
normalmente, são de curtas durações e de grandes intensidades e ocorrem em
pequenas áreas. São os chamados temporais, que causam grandes problemas
em pequenas e médias bacias urbanas, principalmente.
b) Precipitações ciclônicas frontais: São as precipitações de decorem
da movimentação de frentes ou a movimentação de grandes massas de ar
com temperaturas e densidades diferentes das do local em que elas cairão. A
frente mais comum é a chamada frente fria, tão noticiadas nas televisões,
embora em certos locais são comuns também as chamadas frentes quentes.
Os ventos sempre se movimentam de regiões com altas pressões para
regiões com baixas pressões. É muito comum, nas frentes frias, que são os
tipos de frentes mais comuns e freqüentes, imensas quantidades de ar frio se
deslocarem, de regiões mais frias para outras, mais quentes.
A primeira coisa que acontece, no local, nestes casos, e o abaixamento
das temperaturas ambientes, já que o ar mais frio e denso, das frentes frias,
não se mistura tão facilmente com o ar mais quente da região, e tende a entrar
como uma cunha na região e suspender a massa de ar mais quente, fazendo
com que ela se resfrie, nesta subida. A depender da quantidade de vapor de
água envolvida nestes processos, de subida, estas frentes podem produzir
chuvas que normalmente são prolongadas e, geralmente, caem em vastas
regiões geográficas. São esses tipos de precipitações, que têm intensidades
variáveis, é que mantém os regimes de escoamentos dos rios das grandes
bacias hidrográficas e a perenização dos grandes rios.
Nas frentes quentes, já é diferente. É o ar mais quente, que tem menor
densidade que o local, que é mais frio, que se desloca, se eleva e se resfria,
e, a depender do grau de umidade que dispõe, podem provocar chuvas.
c) Precipitações orográficas: Resultam da ascensão e o resfriamento
de grandes massas de ar úmido, normalmente oriundas de regiões com muita
umidade e carregadas pelos ventos, sobre altas barreiras naturais, como, por
exemplo, as chuvas que ocorrem à barlavento da Serra do Mar, que é onde os
ventos úmidos ascendem e se resfriam, ou as famosas chuvas das monções,
que ocorrem na Ásia, nas vastas regiões montanhosas que existem juntas ao
Monte Everest. Normalmente são muito freqüentes e muito intensas.
32
Este mesmo conceito se aplica, também, aos países de clima mais frio,
onde os medidores de precipitações derretem a neve, antes da medida (13).
Antigamente, antes da revolução industrial, as medidas das chuvas já
eram feitas desde a idade média, por causa da agricultura, para se conhecer
melhor os regimes de precipitações locais, ou seja, as estatísticas das chuvas
locais, feitas com aparelhos bem simples, medindo-se as alturas das chuvas
que caiam em suas áreas de recepções horizontais, já que as padronizações e
as sofisticações, dos aparelhos de medições, só apareceram após a revolução
industrial, já que, na Europa, tem-se dados e estatísticas de precipitações que
são multi-centenárias, e, portanto, efetuadas bem antes desta revolução.
Os princípios de medição nunca mudaram e o que mudou, até hoje, foi a
tecnologia, já que, atualmente, as precipitações são medidas em tempo real e
os dados analisados, até, com o apoio de satélites meteorológicos e, depois,
mandados para órgãos de diversos países, através da Internet e outros meios.
Em termos propedêuticos e didáticos, no entanto, a medição das chuvas
tem sido feita por dois tipos de aparelhos: os pluviômetros e os pluviógrafos.
Suporte Registro
Solo
33
Observação: O volume precipitado diário normalmente é medido com
uma proveta especial, graduada em milímetros, para facilitar as medidas.
Ao se comprar ou adquirir um pluviômetro em lojas, deve-se, sempre,
como medida de segurança, verificar se a proveta, que acompanha o medidor
e graduada em milímetros, é compatível com as dimensões do aparelho.
Para tanto, deve-se:
1º) Colocar-se um volume de água conhecido na proveta graduada que
acompanha o aparelho e ler-se a altura medida correspondente em milímetros.
2º) Pegar-se a mesma quantidade de água da proveta, medir-se o seu
volume e dividi-lo pela área superior interna do pluviômetro.
As duas medidas devem sempre coincidir, se a proveta for à adequada.
Caso não coincida, é por que a proveta não é adequada ao aparelho.
Observação: O pluviômetro deve ser instalado em campo aberto, e em
local desprovido ou, pelo menos, bem longe, de árvores e protegido por cercas
de arames farpados ou de tela e instalado, de forma que, a sua borda superior,
fique bem nivelada e a 1,10 m, do nível do chão. A estação deve ser resistente
e ter um tamanho compatível com o seu trabalho.
Periodicamente, o pluviômetro deve ser bem observado, para ver se não
existem vazamentos ou outros estragos no aparelho ou no seu registro inferior,
e, também, para a sua limpeza e manutenção, já que na tela, que existe dentro
da sua parte superior, acumulam-se insetos e folhas, trazidas pelo vento.
Periodicamente, também, recomenda-se colocar um recipiente protegido
da água da chuva, e uma mangueira acoplada ao bocal inferior do pluviômetro,
de forma a indicar possíveis vazamentos, no registro inferior do aparelho.
Tela
Pluviômetro Alça
Moerão
Suporte vertical
34
Acoplado a esta câmera, de medição, existe uma bóia, que é presa a
uma haste com uma caneta especial, que registra, convenientemente, todas as
variações de subidas, das chuvas, e de decidas, dos sifonamentos, que é bem
rápida e, portanto, nesta fase, é representada por linhas verticais, no papel.
O papel é feito especialmente pelo fabricante e fica preso a um cilindro,
que gira de acordo com o mecanismo de um relógio, marcando, desta maneira,
as horas do dia e o comportamento dinâmico das precipitações, através dos
próprios desenhos da pena, que marca o papel, de acordo com as próprias
chuvas. Visite o site WWW.jctm.hidromet.com.br/pluviógrafo%20PLG7.htm.
•
Bóia Gráfico
Câmara de
medição
Sifão Mecanismo
de relógio
Tempo
Figura 2.6 Formato do papel e do gráfico de uma chuva.
35
O uso dos pluviógrafos nasceu da necessidade de muitas ciências, que
precisavam conhecer o comportamento das precipitações de curtas durações,
que não podiam ser medidas, convenientemente, com os pluviômetros, como a
hidrologia, e que provocam as enchentes, por exemplo, nas bacias.
As enchentes têm, como uma das causas principais, as chuvas intensas
que ocorrem nas bacias além de outras causas como por exemplo a infiltração,
nos terrenos, ou a ocorrência de transportes de sedimentos e a sua deposição,
nos leitos ou nos álveos dos rios. Como medir estas chuvas?
É obvio que a resposta a esta pergunta só apareceu após a revolução
industrial, na Europa, com a fabricação, em série, de aparelhos sofisticados de
medições, em geral, que antes, não existiam ou eram artesanais.
Meses J F M A M J J A S O N D Ano
µ 58,8 58,9 85,0 92,0 101,7 88,3 88,9 54,2 41,3 39,1 86,5 75,0 863,0
σ 61,4 56,7 89,6 54,6 50,3 64,4 50,6 26,8 35,5 32,2 85,6 83,0 255,0
N 53 53 52 52 52 51 52 52 52 53 52 52 49
36
Além das tabelas, as precipitações, principalmente os dados médios e
os desvios normalmente são apresentados ou em mapas de isoietas ou mapas
de manchas. O mapa de isoietas é semelhante às curvas de níveis sobre os
terrenos e indica as localidades do mapa com iguais alturas pluviométricas e o
mapa de manchas, com suas cores ou desenhos característicos, normalmente
indicam as variações das precipitações, geralmente indicadas nos próprios
mapas, conforme pode ser visto no site do Instituto Nacional de Meteorologia:
WWW.inmet.gov.br., alem de outros endereços que também lidam com dados
meteorológicos e climatológicos, na Internet.
HM = ∑ Hi / n 2.1
37
2.6.2 Método de Thiessen: A média dos dados, calculada através deste
método, já é uma média do tipo ponderada, baseada naquilo que o método
define como áreas de influências, de cada posto pluviométrico.
É um método muito utilizado em pesquisa, pois fornece resultados mais
precisos de precipitações médias, principalmente em bacias hidrográficas com
poucos dados pluviométricos ou mesmo outro tipo qualquer de dados a serem
avaliados e que variem na área da bacia em questão, já que o método fornece,
na realidade, é a média ponderada dos dados, na bacia.
A obtenção da área de influência, de cada posto, na bacia analisada, é
feita unindo-se cada posto, dentro da bacia, com os outros postos que estejam
em sua volta, dentro e também nas cercanias da bacia, com linhas tracejadas.
Após traçar estas primeiras linhas, tracejadas, no centro das mesmas,
traçam-se outras linhas perpendiculares a estas, preferencialmente com linhas
cheias, para diferenciá-las das primeiras.
As confluências seqüenciais de todas estas linhas cheias, que existem,
em volta de cada posto da bacia, é que irão determinar a área de influência de
cada posto, dentro de toda a bacia hidrográfica, conforme indica a figura 2.7,
que mostra a área de influência de um único posto, na bacia.
•
• • Posto i
Área de influência i, na bacia
• •
•
• •
•
Figura 2.7 Determinação da área de influência de cada posto.
HM = ∑ Hi . Ai / AB 2.2
38
Figura 2.8 Mapa de Isoietas indicando as precipitações médias anuais
no centro e na região nordeste do estado da Bahia.
∑ Hi . Ai
HM = ---------------
AB
39
2.7 Teste de homogeneidade e análise de duplas massas.
Ano Ano
40
70000
60000
50000
Hacm. (mm)
40000
30000
20000
10000
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Ordem
Figura 2.11 Precipitações acumuladas em Salvador-BA.
41
Ao se confrontar os dados acumulados nos anos, do posto, que se quer
analisar, HAC, com a média acumulada dos outros postos, MAC, se os dados do
posto, forem homogêneos, o confronto das duas séries resultará em uma
seqüência de pontos em forma de reta, conforme mostra, de novo, o gráfico à
esquerda da figura 2.12. Se não forem, os dados acumulados mostrarão dois
seguimentos de retas que são bem distintas, do mesmo jeito que no teste de
homogeneidade com um único posto, o que mostra que houve irregularidades.
O encontro das duas retas indicará o ano em que houve o início do problema.
HAC . HAC .
. Início .
. .
. Dados . Dados não
. homogêneos . homogêneos
. .
MAC MAC
Ordem Ano P. 1 P. 2 P. 3 P. 4
42
Para se testar a homogeneidade, faz-se uma tabela, abaixo, aonde são
postos os dados do posto 4 e a média dos outros postos, na região.
Tabela 2.5 Dados do posto a ser analisado, P.4, e média dos outros
três, com os dados acumulados nas colunas 4 e 5.
10.000
1989
P.4AC
Reta com tendência
recente (MA)
5000
1985
Reta com tendência
antiga (MR)
1980
0
0 5.000 10.000 M.123 AC
Figura 2.13 Gráfico dos dados do posto a ser analisado, P.4, e a média
dos outros três postos na região, acumulados, em função da tabela 4.2.
43
Portanto: PREC = 0,954 / 0,833 . PA = 1,145 . PA 2.4
Ordem Ano P. 1 P. 2 P. 3 P. 4
44
Capítulo 3
Análise de freqüência.
45
Portanto, a probabilidade de cair qualquer número x, do dado, é igual a:
1/6
x
1 2 3 4 5 6
P
Raros Raros
freqüêntes Alturas
46
Se eu perguntar, agora, qual é a probabilidade de ocorrer precipitações
iguais ou maiores que 1000 mm, P (H≥ ≥1.000 mm), ou iguais ou menores que
700 mm, P (H ≤ 700 mm), ou qual é a probabilidade de ocorre precipitações no
intervalo de 700 a 1000 mm, P (700 mm ≤ H ≤ 1000 mm), na Cidade de Feira
de Santana, basta se fazer uma análise de freqüência, para respondê-las.
Portanto, modificando-se os conceitos da análise de freqüência do jogo
de dados, que estamos fazendo, trabalhando-se, agora, por exemplo, com o
conceito de menor ou igual, teríamos, a partir da equação 3.1, que:
1
P (x ≤ x’) = 0,166 . x
x
1 2 3 4 5 6
Área total = 1
1/6
P (x<x’) ≥x’)
P(x≥
x
1 2 3 4 5 6
≤x’) = 1 - P(x≥
P (x≤ ≥x’) 3.4
47
3.3 Análise de freqüência de um jogo simples de dado.
Vejamos, por exemplo, uma única série com 18 jogadas com um dado,
conforme mostra a tabela 3.1.
1 2 3 4
X F.ABS. F. REL. F. ACU.
1 4 0,222 0,222
2 4 0,222 0,444
3 2 0,111 0,555
4 2 0,111 0,666
5 4 0,221 0,888
6 2 0,111 0,999
∑ 18 0,999 0,999
F.ACM. ≅ P ( x ≤ x’ ) 3.5
F.ACM. ou P (x ≤ x’)
1
P ( x ≤ x’ )
Freq. observada
0 x
0 1 2 3 4 5 6
48
As freqüências relativas, F.REL, na coluna 3 da tabela 3.1, representam
as probabilidades, observadas, de um valor qualquer de x igualar-se a um
certo número ou P (x = x’), já que as variáveis analisadas neste exemplo são
discretas, enquanto que a coluna 4 representa as probabilidades, observadas,
de um valor de x igualar ou ser menor um certo número, ou P (x ≤x’).
Observação: Quando se analisam quaisquer freqüências, de quaisquer
tipos de dados, em ordem crescente, como foi a nossa análise, as freqüências
acumuladas representam as probabilidades de P (x ≤ x’).
Observação: Quando se analisam quaisquer freqüências, de quaisquer
tipos de dados, em ordem decrescente, as freqüências acumuladas, nestes
casos, representam as probabilidades de P (x ≥ x’).
Vamos citar um exemplo que é bem prático desta segunda observação,
os testes de granulometria, feitos nos laboratórios de mecânica dos solos (9).
O teste de granulometria é uma análise de freqüência dos diâmetros dos
grãos de um determinado tipo de solo. Se as aberturas, das peneiras ficam
dispostas em ordem decrescente, ou seja, em cima, as peneiras têm maiores
aberturas e em baixo, as peneiras têm menores aberturas, o gráfico final da
percentagem acumulada, que, na matéria mecânica dos solos, é chamada de
percentagem retida do solo, representa as probabilidades de certos diâmetros
excederem ou serem maiores que certos limites, ou seja, P (d ≥ d’).
Se você ainda se lembra deste detalhe desta matéria, você vai ver que o
gráfico, que mostra a percentagem que passa, ou P (d ≥ d’), como função das
aberturas, tomadas como os diâmetros dos grãos do solo analisado, tem o seu
aspecto invertido, como mostra a figura 3.6, além do desenho não ser uma
reta, justamente porque a distribuição dos grãos de um solo não é uniforme,
como é a distribuição do jogo de dado.
% retida ou P (d ≥ d’)
Aspecto aproximado
da distribuição
d (mm)
49
3.5 Tipos de análises de freqüências de séries temporais.
50
Tabela 3.2 Dados pluviométricos de Salvador-BA (Sudene).
4000
3500
3000
2500
H (mm)
2000
1500
1000
500
0
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970
Anos
51
Tabela 3.3 Média, desvio-padrão de Salvador-BA (Sudene).
F.AC ≅ P ( H ≤ H’ ) 3.8
52
Tempo de recorrência, em uma linguagem bem simples, é o período de
tempo médio para que determinados eventos extremos, mínimos ou máximos,
ocorram, em uma série histórica.
Por exemplo, vamos admitir que em um determinado local, a média da
precipitação seja de 1000 mm. Portanto, todas as precipitações que ocorrerem
abaixo desse valor serão considerados como eventos mínimos prováveis ou
períodos de secas, enquanto que todas as precipitações que ocorrerem acima
desse valor serão considerados como eventos máximos prováveis ou períodos
de altas pluviosidades.
Por exemplo, para esta localidade, qual seria a probabilidade de ocorrer
chuvas iguais ou maiores que 1500 mm, P(h ≥1500)? Ora, intuitivamente, se a
média é 1000 mm, a probabilidade de precipitar 1500 mm ou mais, é pequena,
portanto, esses fenômenos extremos só acontecem de muito em muito tempo,
caracterizados por grandes intervalos de tempos médios.
E se este limite, de 1500 mm, for maior ainda, como 2000 mm? Bem, aí,
a probabilidade seria menor ainda e o intervalo médio de tempo, para ocorrer
estas precipitações, seria maior ainda.
Para os eventos mínimos prováveis, é a mesma coisa, à medida que se
diminui a precipitação, menor é a probabilidade de sua ocorrência e maior é o
intervalo de tempo médio necessário para ocorrer estes eventos.
Ou seja, o tempo de recorrência é o inverso da probabilidade.
Define-se tempo de recorrência como o período de tempo, médio, para
que um determinado evento seja igualado ou superado, pelo menos uma vez.
Logo, lembrando que igualar ou superar, em estatística, pode ser tanto
ser igual ou maior, como igual ou menor, que:
a) Para eventos mínimos prováveis, ou seja, relativos aos anos com
secas, cujos valores de precipitações normalmente são menores que a média
da série, que é de 1850 mm, tem-se, através da coluna 7 da tabela 3.4, que:
1
T = ----------------- 3.9
P ( H ≤ H’)
1
T = ---------------- 3.10
P ( H ≥ H’)
P ( H ≥ H’ ) = 1 - P ( H ≤ H’) 3.11
53
Assim, para eventos máximos prováveis, tem-se que:
1
T = -------------------- 3.12
1 - P( H ≤ H’)
54
0,2500
0,2000
0,1500
F.rel.
0,1000
0,0500
0,0000
700 900 1100 1300 1500 1700 1900 2100 2300 2500 2700 2900 3100 3300 3500
Ponto médio (mm)
1,2000
1,0000
0,8000
F.acm.
0,6000
0,4000
0,2000
0,0000
700 900 1100 1300 1500 1700 1900 2100 2300 2500 2700 2900 3100 3300 3500
Pontos médios (mm)
55
4000
3500
56
3.7.1 Ajuste dos dados através da distribuição normal.
Meses J F M A M J J A S O N D Ano
µ 87,7 125,0 160,2 311,9 312,8 232,5 205,0 128,6 94,2 107,7 124,5 110,1 1994,7
σ 91,4 80,6 96,4 153,1 145.6 79,2 84,1 61,2 55,7 71,3 94,7 89,1 451,3
N 52 51 53 53 53 51 50 49 50 51 51 50 43
tN’ tN
tN tN 1 - 0,5 . tN2
P ( tN ≤ tN’ ) = ∫ y . dt = ∫ ---------- . e . dtN 3.13
-∞ -∞ 2.π
H-µ
tN = ---------- 3.14
σ
57
Tabela 3.6 Tabela que relaciona os valores de P(tN≤tN’), em função de
variável reduzida tN, pela distribuição normal.
3 5
PN ≅ P(tN≤ tN’) ≅ 0,5 + 0,5 . tanh(0,79728. tN +0,03724. tN −0,00038738. tN )
58
Como a integral da equação da curva normal não tem solução explícita,
é comum apresentar-se, as probabilidades de P (tN≤t’N), na forma de tabelas,
ou seja, com as probabilidades teóricas calculadas em computadores, através
de integração numérica, conforme mostra os dados da tabela 3.6. A equação
acima da tabela 3.6 é uma aproximação para a curva normal.
Para se ajustar os dados de precipitações, utilizando-se a curva normal,
é muito simples, conforme veremos.
Suponha-se que a média, µ, e o desvio-padrão das precipitações anuais
de Salvador, σ, calculada em nosso exemplo pela tabela 3.3, sejam de 1850
mm e 512 mm, e, portanto, um pouco diferentes dos dados da tabela 3.5, cuja
série é bem maior que a analisada aqui, neste exemplo, calculem quais são as
precipitações anuais mínimas e máximas prováveis adotando-se um tempo de
recorrência de 100 anos, pela distribuição normal?
Primeiro, o cálculo da precipitação mínima provável.
Se o tempo de recorrência, T, é igual a 100 anos, e se, para o cálculo
de eventos mínimos prováveis, ele é definido como:
1
T = 100 = ---------------- 3.15
P ( H ≤ H’ )
H - 1850
-2,32 = ---------------- 3.16
512
1
T = ---------------- 3.17
P ( H ≥ H’ )
H -1850
2,32 = ---------------- 3.18
512
59
Exercício 3.2 Verifique quais devem ser as precipitações acumuladas
anuais mínimas e máximas prováveis de Feira de Santana, baseadas na média
e de desvio-padrão mostrada na tabela 3.7, para um tempo de recorrência de
10 anos, pela distribuição normal.
Meses J F M A M J J A S O N D Ano
M 58,8 58,9 85,0 92,0 101,7 88,3 88,9 54,2 41,3 39,1 86,5 75,0 863,0
D 61,4 56,7 89,6 54,6 50,3 64,4 50,6 26,8 35,5 32,2 85,6 83,0 255,0
N 53 53 52 52 52 51 52 52 52 53 52 52 49
Assim, para o ajuste dos dados das precipitações anuais para Salvador,
com uma média, µ, e um desvio padrão, σ, iguais a 1850 mm e 512 mm,
através da distribuição normal, tem-se que se fazer uma nova tabela, a tabela
3.8, semelhante à tabela 3.4, onde:
Na coluna 1, aparecem as ordens dos intervalos de classes adotados,
que, em geral, são os mesmos da analise de freqüência e acrescidos de outros
Na coluna 2, têm-se os intervalos de classes considerados, iguais aos
da tabela 3.4.
Na coluna 3, tem-se o ponto médio de cada intervalo.
Na coluna 4, aparecem as variáveis reduzidas tN, onde:
tN = ( H - µ ) / σ 3.19
60
Portanto,
1
T = ---------------- 3.21
P ( h ≤ h’)
1
T = ----------------- 3.22
P ( h ≥ h’)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ordem Intervalos P. T T
de classe médio tN P(tN1≤tN≤tN2) P (tN≤tN’) P (tN≥tN’) Ev.mín.prov. Ev.máx.prov.
(mm) Anos Anos
61
Tabela 3.9 tabela para comparação entre os resultados da análise de
freqüência e do ajuste através da distribuição normal.
1 2 3 4 6 7
5
Intervalos Ponto médio F. RE.
Ordem de classe P (tN1≤tN≤ tN2) F.acm. (tN≤tN’)
(mm) M/∑M+1
0,2500
0,2000
F.rel (obs. e teor.)
0,1500
0,1000
0,0500
0,0000
700 900 1100 1300 1500 1700 1900 2100 2300 2500 2700 2900 3100 3300 3500
Ponto médio (mm)
62
1,20000
F. acm. (obs. e teor.)
1,00000
0,80000
0,60000
0,40000
0,20000
0,00000
700 900 1100 1300 1500 1700 1900 2100 2300 2500 2700 2900 3100 3300 3500
Ponto médio (mm)
1 2 3 4
Análise de freqüência Distribuição normal
Ordem T (Anos) H (mm) H (mm)
1 34,0 700 880
2 17,0 900 880
3 17,0 1100 1046
4 17,0 1300 1046
5 4,9 1500 1046
6 2,6 1700 1427
7 2,4 1900 1694
8 3,1 2100 1961
9 4,9 2300 2081
10 11,3 2500 2267
11 17,0 2700 2539
12 17,0 2900 2648
13 17,0 3100 2648
14 17,0 3300 2648
15 34,0 3500 2814
63
4000
3500
Ponto médio (mm) 3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
T (Anos)
Exercício 3.5 Para um local que tem altura média precipitada anual, µ,
de 700 mm e desvio padrão, σ, de 200 mm, pergunta-se, baseado no uso da
distribuição normal de probabilidades:
64
3.8 Conceito de risco permissível.
Rio Ponte
yMÁX,
Bem, para se fazer uma ponte sobre um rio, precisa-se calcular e fazer
uma série de coisas em engenharia, mas a nossa pergunta é, somente, uma:
qual deve ser a altura mínima que a mesma deve ter acima do nível máximo do
rio, para não sofrer riscos da água não passar sobre a mesma, nas enchentes?
Assim, vamos estabelecer um limite, ou seja, uma vazão máxima de
enchente QMÁX para um tempo e recorrência de, T, anos, ou seja, nós vamos
admitir, implicitamente, que, de T em T anos, em média, passará, pelo menos,
uma vazão maior que a estabelecida, para o projeto da ponte.
Estabelecida a vazão máxima provável, pode-se estabelecer também,
através das equações de hidráulica fluvial, a altura máxima provável da lâmina
liquida do rio, yMÁX, e, conseqüentemente, um nível, seguro, para a construção
da estrutura da ponte.
Ora, segurança, em engenharia de recursos hídricos, não é um conceito
absoluto, mas um conceito relativo, pois implicitamente estamos admitindo que
de, T, em, T, anos, em média, poderão passar vazões e, conseqüentemente,
ter alturas das lâminas líquidas maiores que a lâmina líquida máxima provável,
admitida para a construção da ponte, conforme mostra a figura 3.16.
Hidrógrafas (Q≥QMAX)
QMÁX
Tempo
T anos T anos
65
Agora vamos supor outra coisa, que a ponte, entre a sua construção e a
sua vida de trabalho, ou seja, a sua vida útil, seja feita para durar N anos.
Ora, se a vida útil da ponte ocorrer entre dois picos de vazões máximas
maiores que a admitida, a obra funcionará muito bem, já que todas as vazões
de enchentes anuais serão menores que estas, mas, se, por acaso, a sua vida
útil ocorrer numa época em que se observe alguma vazão de enchente maior
que a admitida, a ponte fatalmente será encoberta.
Resumindo-se, pode-se dizer que, ao se construir uma ponte, ou mesmo
outra obra hidráulica, com as características citadas acima, a depender da sua
vida útil e a depender também da época e das magnitudes das enchentes, a
ponte pode funcionar bem, como também pode funcionar mal, o que significa
que, toda obra hidráulica tem um risco de funcionamento, que é chamado, em
hidrologia, de risco permissível e é definido da seguinte maneira.
Como já foi visto, a probabilidade de ocorrer a maior enchente máxima
provável, durante os intervalos médios iguais aos tempos de recorrências, de T
anos, é igual a 1/P(Q≥≥Q’), conforme ilustram as figuras 3.16 e 3.17.
t’ t
N
K = 1- (1 - 1 / T) 3.24
Ou também:
1
T = --------------------------- 3.25
1/N
1-(1-K)
66
Se o risco é igual a 0,20 ou 20%, isto significa que uma, em cada cinco
obras, podem vir a funcionar inadequadamente, ou seja, quando se trabalha
com risco permissível, admite-se, implicitamente, a hipótese da vazão máxima
de projeto ser superada, o que não é, necessariamente, o mesmo risco desta
obra vir a ser danificada, mas sim, de funcionar precariamente.
Existem alguns tipos de obras hidráulicas em que o conceito de risco
não tem muita aplicação prática, como, por exemplo, nos sistemas de micro ou
macro-drenagens urbanas. Por quê?
As obras dos sistemas de drenagem urbanas, normalmente, são feitas
para drenar o excesso de água da chuva que correm livremente nas ruas e nas
bacias urbanas e que podem trazer prejuízos ao meio urbano, tanto de ordem
financeira como sanitária e são feitas para durarem muitos anos, na ordem de
dezenas ou mesmo, centenas, de anos, já que alguns sistemas no Brasil foram
feitos à época de D. Pedro II ou na primeira fase da República do Brasil.
Se fosse aplicado o conceito de risco nestes tipos de projetos, teríamos
que adotar tempos de recorrências muito grandes, para os mesmos, o que os
inviabilizaria financeiramente. Assim é mais comum, nestes casos, o projetista
adotar tempos de recorrência definidos, muitas vezes, até bem menores que a
vida útil destas obras, ou seja, o projetista já sabe que de tanto em tanto tempo
estas obras não funcionaram a contento e pronto.
Por exemplo, para galerias de micro-drenagens urbanas, que são todas
aquelas obras que captam as águas das chuvas nas ruas, como as grelhas, as
bocas-de-lobo, os coletores pluviais e os poços-de-visita, a depender de sua
localização e do tipo de bairro, é comum adotar-se tempos de recorrências que
variam na ordem de 2 a 5 anos. Em bairros comerciais, áreas administrativas
ou aeroportos, estes tempos podem chegar até a 10 anos.
Já para obras de macro-drenagem, como os grandes canais que captam
a água da chuva de grandes áreas urbanas ou emissários, é comum adotar-se
tempos de recorrência na faixa de 15 anos ou até mais.
Existem alguns tipos de obras hidráulicas exigem a adoção de tempos
de recorrência extraordinariamente grandes, como por exemplo, os vertedores
de barragens. Os vertedores são equipamentos de segurança das barragens,
que só funcionam, ou seja, extravasam, o excesso de água contido nos lagos
das barragens, quando existe excesso de água proveniente da chuva na bacia
de drenagem, cujos níveis d’água, se subirem demais, podem passar sobre as
cristas das barragens e virem a danificarem ou mesmo destruí-las, totalmente,
principalmente se a barragem for de terra ou de enrocamento.
Como a jusante de barragens, cujas vidas úteis normais são de dezenas
ou mesmo centenas de anos, sempre existem povoamentos, é comum admitir,
nestes casos, riscos baixíssimos, na ordem de 2%, 1%, ou mesmo menos.
67
3.9 Ajuste através da distribuição de Gumbel.
Exercício 3.7 Para uma localidade de uma região sem-árida que tem a
altura média precipitada anual, µ, de 500 mm e desvio padrão, σ, de 300 mm,
pergunta-se, baseado na utilização da distribuição de Gumbel:
a) Quais são as precipitações mínimas e máximas prováveis referentes
a um tempo de recorrência de 50 anos?
c) Qual é o tempo de recorrência relativo a uma precipitação máxima
provável de 1100 mm, nesta localidade?
d) Qual é o tempo de recorrência relativo a uma precipitação mínima
provável de 300 mm, nesta localidade?
68
3.10 Inconsistência e ajuste de dados estatísticos.
69
Vamos fazer agora uma outra análise com os dados de Salvador: vamos
calcular as estatísticas móveis, da série, ou seja, aumentando-se, sempre, o
número de anos da série, a partir do segundo ano até o último ano: a média
móvel e o desvio-padrão móvel, conforme mostra os dados da tabela 3.13 e os
gráficos das figuras 3.15, 3.16.
Série Ano µ σ
Pela análise dos gráficos das figuras 3.18, 3.19, verifica-se que a média
aritmética e o desvio-padrão só começam a se estabilizarem a partir do décimo
quinto ano da série, sendo muito comum, os estatísticos aceitarem, como uma
amostra relativamente grande, um número igual ou superior a trinta anos (60).
Mas, mesmo assim, a nossa série, de 33 anos, tem sua inconsistência,
ou seja, a média de Salvador, de 1850 mm, e o seu desvio-padrão, de 512
mm, são dados relativamente confiáveis. Mas como é que se lida com este
fato, quando quisermos extrapolar dados para maiores tempos de recorrência?
70
2500
2000
1500
Média
1000
500
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
1
9
Número de dados
600
500
Desvio-padrão.
400
300
200
100
0
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
1
Número de dados.
71
P(V ≤ VMÍN) y IC P(V ≥ VMÁX)
72
Ou seja, para um tempo de recorrência de 100 anos, ou também, em
outras palavras, para um grau de confiança igual a 98 %, a média de Salvador
pode estar, na realidade, entre 1642 mm e 2058 mm e o desvio-padrão entre
365 mm e 659 mm.
Por quê? É porque o formato dos gráficos das análises da média móvel
e do desvio-padrão móvel, para Salvador, que são mostrados nas figuras 3.15
e 3.16, não são os únicos. Eles dependem também da época que se começa a
se medir as variáveis, ou seja, se o período é chuvoso ou é seco. Se o período
é muito seco, o gráfico das médias móveis é crescente; Se o período é muito
chuvoso, o gráfico das médias móveis tende a ser decrescente, inicialmente.
Veja que a média e o desvio-padrão das médias móveis e a média e o
desvio-padrão dos desvios-padrões móveis, mostrado ao final da tabela 3.14 e
abaixo, e os compare com os limites fiduciais dos intervalos de segurança e a
conclusão que se tem é que o argumento de se utilizar intervalos de confiança
procede, quando o importante é a segurança de determinadas obras.
µµ 2039 mm µσ 396 mm
σµ 138 mm σσ 106 mm
73
3.10.1.2 Limites fiduciais de pequenas amostras.
y A distribuição de Student
tende à normal para N ≥30
P( tS≤tS’ )
tS Variável reduzida
74
Tabela 3.15 Variáveis reduzidas da na distribuição de Student, tS, como
função do grau de liberdade, GL, igual a N-1, e da probabilidade P(tS≥tS’).
75
3.10.2 Método de Ven-Te-Chow.
Q = µ + tV . σ 3.44
T 5 10 15 20 25 50 100
N
Exercício 3.10 Para uma localidade com altura média precipitada anual,
µ, de 800 mm e desvio padrão, σ, de 300 mm, com uma amostra de somente
10 anos, pergunta-se, baseado na utilização da distribuição de Ven-Te-Chow:
a) Qual é a precipitação máxima provável que é referente a um tempo
de recorrência de 50 anos?
c) Qual é o tempo de recorrência relativo a uma precipitação máxima
provável de 1487 mm, para esta localidade?
76
Capítulo 4
Análise de chuvas intensas.
77
Como o interesse direto são as análises específicas das precipitações
máximas prováveis, analisam-se os dados em ordem decrescente, de maneira
que as freqüências acumuladas, para cada duração analisada, representem as
probabilidades das precipitações igualarem ou serem maiores que
determinados limites máximos P ( H ≥ H’ ).
Portanto, o tempo de recorrência, T, para as análises das precipitações
máximas prováveis, é definido como:
T = 1 / P ( H ≥ H’ ) 4.1
T (Anos) 1 2 5 10 20
D P (mm)
5 min. 9,0 9,8 10,0 12 13
15 min. 18 20 25 29 36
30 min. 25 30 38 42 50
1 h. 35 40 47 60 64
2 h. 42 50 64 70 72
4 h. 50 62 81 85 92
8 h. 62 75 90 110 120
14 h. 72 88 100 115 140
24 h. 88 100 120 150 160
[ α + ( β / T0,25 )]
P=T . [ a . t + b . log10 ( 1 + c .t )] 4.2
[ α + ( β / T0,25 )]
P=T 4.4
78
A tabela 4.2 mostra os valores de α, para as durações de 5 minutos e
1, 4, 8 e 24 horas e a tabela 4.3 mostra os valores da constante β , em função
da duração e para cada localidade da Região Nordeste do Brasil.
79
Tabela 4.5 Valores de precipitações intensas, P, em mm, de 5 min, 1, 4, 8 e 24 h, calculados
através da equação 4.2, para as localidades da região nordeste e tempo de recorrência, T, de 2 anos.
80
4.4 Análises das intensidades em função das durações.
T (Anos) 1 2 5 10 20
DC mm/h
10 anos
100,0
5 anos
80,0
60,0 2 anos
40,0 1 ano
20,0
-
- 200,0 400,0 600,0 800,0 1.000,0 1.200,0 1.400,0 1.600,0
Duração (min).
81
4.5 Equações de chuvas intensas.
0,15 0,74
Cidade do Rio de Janeiro: iM = 1129 . T / ( DC + 20 ) 4.7
0,10 0,84
Cidade de belo Horizonte: iM = 1148 . T / ( DC + 22 ) 4.8
82
Portanto, a altura total precipitada, P, será igual à intensidade média
temporal da precipitação multiplicada pela própria duração i . DC, que é igual
a 74 mm/h . 1h. Assim, a altura total da precipitação será de 74 mm.
b) Cálculo dos hietogramas de alturas precipitadas e de intensidades de
precipitações. Hietograma é o gráfico da distribuição temporal da precipitação,
em termos de alturas precipitadas e é obtido dos gráficos dos pluviógrafos.
São aceitas, no entanto, por extensão, as designações de hietogramas
de alturas precipitadas e de intensidades, que mostram as distribuições das
alturas precipitadas e das intensidades de precipitações, da chuva, no tempo.
Apresenta-se um método muito utilizado para se calculá-los, conforme
mostra a seqüência abaixo e a tabela 4.9.
a) Coloca-se a equação de chuvas intensas da localidade, com o tempo
de recorrência requerido, T, de 50 anos, e em função da duração DC.
1 2 3 4 5 6 7
Ordem Duração Intensidade Precipitação ∆h = hi +1 - hi Arranjo mais Arranjo
provável de mais
(min) (mm /h) (mm) (mm) ∆h provável de
mm) i.
D I h=i.D i = ∆ h / ∆D
(Bom senso) (mm/ h)
1 0 - 0
32 3 18
2 10 195 32
18 9 54
3 20 147 50
9 32 192
4 30 118 59
7 18 108
5 40 99 66
5 7 42
6 50 85 71
3 5 30
7 60 74 74
∑h = 74
83
e) Para se calcular o hietograma de alturas precipitadas, em mm, na
coluna 6, é necessário bom censo, pois os resultados fornecidos pela coluna 5
são a de um hietograma com de natureza decrescente, muito diferenciado, e o
que se vê, na natureza, normalmente, são chuvas que, no seu início, são mais
fracas, que aumentam gradativamente, nos seus intervalos médios, para, por
fim, declinarem. Ou seja, a necessário remanejar os dados da coluna 5.
f) Para se calcular o hietograma de intensidades, em mm/h, basta pegar
as alturas verificadas na coluna 6 e dividi-las pelo intervalo de duração, ∆DC.
H (mm)
30
∑ H = 74 mm
20
10
0 DC (minutos)
0 10 20 30 40 50 60
i (mm/h)
200
150
Intensidade média
100
iMED = 74 mm/h
50
0 DC (minutos)
0 10 20 30 40 50 60
84
4.6 Precipitação intensa média na bacia de contribuição.
Bacia
Portanto, iMA
IDP = ------- 4.11
iM
85
Para bacias de contribuições de médias áreas, como são, por exemplo,
as provenientes de pequenos rios, na ordem de muitos quilômetros quadrados,
recomenda-se utilizar, para o cálculo de precipitações médias, o gráfico que é
proposto por Linsley, mostrado na figura 5.4.
IDP 1,0
24 h
6h
3h
1h
30 min
0,5
0 500 1000 A (km2)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ordem D i H ∆h = hi +1 - hi Arranjo mais Arranjo mais Arranjo mais Arranjo mais
provável de ∆h provável de i. provável de provável de i
(min) (mm /h) (mm) (mm) ( mm) i = ∆ h / ∆D ∆h na bacia I na bacia
(Bom senso) (mm/ h) (mm) (mm/h)
h = i.D
1 0 - 0
32 3 18 2,5 15,0
2 10 195 32
18 9 54 7,5 45,8
3 20 147 50
9 32 192 326,5 159,0
4 30 118 59
7 18 108 15,0 89,6
5 40 99 66
5 7 42 5,8 34,8
6 50 85 71
3 5 30 4,2 24,9
7 60 74 74
86
Capítulo 5
Medições de vazões de escoamentos livres
5.1 Introdução.
87
Por exemplo, para analisar-se a vazão de uma torneira, cuja vazão varia
em torno de 0,1 a 0,2 l/s, temos que usar uma proveta com, pelo menos, 1 l ou
1000 ml, já que o tempo de medição será de 5 a 10 segundos. O ideal, para
estes tipos de medições seria uma proveta um pouco maior, de forma que as
medições fossem mais prolongadas, mas que, também, não fosse pesada
demais, para não trazer imprecisões excessivas na hora de manuseá-las para
recolherem-se os volumes de água para as medições.
PL
V = -------- 5.2
γ
900
Leitura Menisco
800
88
Por exemplo, na figura 5.1, a leitura do volume daria 860 ml, embora se
veja que o volume dá um poço mais, que é impreciso. Assim a erro absoluto da
medição seria de, no máximo, 5 ml e o erro relativo seria de 5ml/860 ml ou de
0,0058 ou 0,58 %, ou seja, é bem pequeno.
Vejamos agora o erro do tempo, que é o grande vilão desta história,
como veremos. Se você pegar um cronômetro e avaliar um gesto de, por
exemplo, a introdução da proveta embaixo da torneira, você verá que o gesto é
relativamente lento e leva, normalmente, alguns centésimos de segundo, de
imprecisão, que é, no entanto, bem indefinido, pois depende da destreza do
medidor, ou seja, na medida do tempo de medida, já não vale mais o critério
de subdivisões mínimas da leitura, pois existe o erro ou a imprecisão humana.
Suponhamos, no entanto, faça esta experiência você mesmo, que este
gesto leve 30 centésimos de segundo. Se uma torneira escoa uma vazão de
0,1 l/s, por exemplo, e se o volume lido fosse de 860 ml ou de 0,86 l, como
mostra a figura 5.1, o tempo de leitura seria de:
V 0,86 l
t = ------- = --------- = 8,6 s 5.3
Q 0,1 l/s
V ± εV 860 ml l ± 0,5 ml
Q ± εQ = --------- = ------------------------ = 100 ml/s ± 3,67 ml/s 5.4
t ± εt 8,6 s ± 0,30 s
Tabela 5.1 Série com dez medidas de vazões feitas por alunos.
89
Se analisarmos a estatística de vazões da tabela, veremos que a média,
µ, é de 0,095 l/s, que o desvio padrão, σ, é de 0,0036 l/s e que o coeficiente
de variação, CV, é de 0,0379 ou 3,79 %.
Ou seja, quando se faz a análise estatística, o coeficiente de variação já
representa o erro médio, aproximado, das medições que, no caso, é de 3,8 %.
Se nós fizermos muitas medições, neste mesmo escoamento, veremos
que a distribuição das medidas é aproximadamente normal.
µ-σ µ µ +σ
σ Q (l/s)
0,0914 0,095 0,0986
Registro.
90
Estrutura do vertedor
Remanso Vertedor
Fluxo d’água
Para este tipo de vertedor, a vazão escoada pode ser avaliada através
da equação de Francis:
3/2
Q = 1,84 . ( B - H / 10 ) . H 5.5
91
As vazões mínimas também devem ser levadas em consideração, pois
um vertedor grande tem pouquíssimas condições de medir vazões pequenas.
É muito comum se construir vertedouros que ficam totalmente afogados
e impossibilitados de medirem vazões nas épocas de cheias extremas que não
foram previstas no projeto, por causa do custo deste aparelho. Por causa disso
devem se prever estruturas fortes que suportem bem estes problemas.
L ≥ 5 . HMAX.
Régua limnimétrica
Corte biselado
H
900
92
5.5 Medidas diretas de vazões em rios.
Comprimento
VS da seção
VME
Y
VME ≅ 0,8 . VMS
Q = VME . A 5.7
Área do escoamento
93
5.5.2 Método da integração das velocidades sobre as áreas.
Fundo
Réguas limnimétricas
Rio
94
Os postos pluviométricos normalmente são colocados em trechos retos,
cujos leitos são bem estabilizados e a montante de controles naturais, como as
pedras das cachoeiras, que criam, normalmente, a montante, seções com os
escoamentos remansados e propícios a estas atividades.
Cachoeira
Leito
1 2 3 4 N
Y
Constrói-se uma tabela, onde constam, para cada medida diferente das
vazões, os seguintes itens, como mostra a tabela 5.2.
1 2 3 4 5 6
Seção X Y A VM Q
1 X1 Y1 A1 VM1 Q1
2 X2 Y2 A2 VM2 Q2
3 X3 Y3 A3 VM3 Q3
N XN YN AN VMN QN
∑Q
95
As larguras de cada subseção, Xi, de toda a seção transversal, podem
ser constantes ou não, para cada medida feita, a depender do medidor e do
tipo de operação que será realizada.
As alturas médias das subseções, ao seu centro, Yi, são variáveis, para
cada nível ou medida de vazão feita, é são medidas durante as medições nas
épocas de estiagens ou nas de grandes cheias.
A área de cada subseção é, Bi .Yi.
A velocidade média em cada subseção, VM, ao seu centro, pode ser
determinada com o molinete medindo-se as velocidades em dois níveis: no
nível superior, a 20% da altura de cada subseção, Yi; no nível inferior, a 80%
da altura de cada subseção, Yi, em função do gradiente de velocidades locais.
Molinete 0,2.Y V
V0,2. Y + V0,8. Y
Y V. Media ≅ -------------------
0,8.Y 2
Q (m3 /s)
. .
. .
. .
. .
H (m)
96
Capítulo 6
Escoamento superficial.
97
Quando a bacia tem baixa declividade, ela influencia mais a infiltração e
a capacidade dos lençóis e, portanto, o seu escoamento básico. Quando, por
outro lado, a bacia tem maior declividade, ela passa a influenciar mais o seu
escoamento direto que vão formar os rios, pois a água da chuva, nestes casos,
tem menos oportunidade de se infiltrar, nos solos da bacia.
f) A posição relativa do cristalino em relação à superfície do solo, pois o
posicionamento das rochas em relação à superfície do solo, ou seja, em outras
palavras, a profundidade do solo e do subsolo que, junto com a capacidade de
infiltração superficial da bacia, é que irão propiciar o aparecimento dos grandes
lençóis, pois estas camadas de rochas é que são os berços inferiores onde se
apóiam os lençóis freáticos que abastecem os rios nas bacias.
f) O subsolo da bacia, pois são as características do subsolo, como a
porosidade e o seu diâmetro médio, por exemplo, é que, entre outras coisas a
mais, é que irão definir a capacidade dos lençóis freáticos.
Q Q
98
Assim, genericamente, tem-se:
VESC
CD = ----------- 6.1
VPREC
i
Hietograma de intensidades de precipitações médias
na bacia de drenagem.
N
(QMAX, yMAX)
Q
Hidrógrafa de uma
Chuva simples
Q3 > Q1
y3 > y1
(Q1,y1) E. superficial (Q3,y3)
E. básico
t1 t2 t3 t
99
Denomina-se de chuvas simples, aquelas chuvas, geralmente intensas,
de origem convectiva, que se inicia, precipita e termina, sem intervalos, como
mostra o hietograma de intensidades de precipitações da figura 6.3.
Antes dessas precipitações caírem, em uma bacia urbana, por exemplo,
o que se têm nos gráficos da figura 6.3, que analisaremos aqui, em termos de
hidrograma, é o hidrograma do escoamento básico, chamado, na figura 6.3, de
básico inicial, caracterizado por níveis e vazões que são ligeiramente variáveis
no tempo, iguais à y1 e Q1, no tempo t1, já que os escoamentos básicos são
sempre declinantes, embora isto nem sempre possa ser notado facilmente, na
exutória considerada da bacia, pois esta variação é muito pequena no tempo.
Bacia de drenagem
Exutória
Rio principal
Níveis freáticos
Bacia Níveis do rio
Situação 3
Situação 2
Situação 1
100
Na situação 1 ou no tempo 1, tanto na figura 6.5 como na exutória, tanto
o nível do lençol freático, como o do rio, y1, e, conseqüentemente, a vazão, Q1,
que é abastecida pelo próprio lençol freático da bacia, tem valores mínimos.
No tempo 2, quando a vazão de pico do rio é a máxima, é o rio que
abastece o lençol freático, já que, nesses poucos instantes, o seu nível é maior
que o nível do lençol freático.
No tempo 3, onde começa a segunda fase do escoamento básico, que é
chamado, aqui, de final, tanto o nível do lençol freático com o nível do rio, y3, e
logo a sua vazão, Q3, já serão maiores que nas condições iniciais.
Na prática, obtida a hidrógrafa do escoamento total, na exutória, que é o
somatório das vazões do escoamento básico mais o superficial, é bem difícil se
separar, corretamente, as vazões da hidrógrafa do escoamento básico, que é
proveniente do lençol subterrâneo, da hidrógrafa do escoamento superficial,
que escoa diretamente pela superfície do solo da bacia. Assim, esta separação
normalmente é feita, simplificadamente, alongando-se a linha da depressão da
hidrógrafa do escoamento básico inicial, no tempo 1, que é geralmente reta,
até o ponto em que a hidrógrafa do escoamento total atinge o seu máximo, no
tempo 2, para depois ser ligada através de outra linha reta, até o tempo 3.
Esta dificuldade acontece porque entre os tempos 2 e 3, na figura 6.3, o
nível do rio é maior que o do lençol e, teoricamente, abastece o próprio lençol
da bacia e o escoamento básico deste período ou, em pelo menos, parte dele,
deveria ser teoricamente negativo, como sugere o desenho da figura 6.6.
Formato simplificado
E. superficial
E. básico
t
Formato teoricamente correto da hidrógrafa do escoamento básico
101
6.3.1 Determinação do volume superficial de uma hidrógrafa.
VESC
t1 t2 t3 t
102
Tabela 6.1 Dados da hidrógrafa de escoamento total.
3
t (min) Q (m /s)
0 0,50
10 0,50
20 0,50
30 1,00
50 2,50
80 5,50
100 4,70
130 2,70
150 1,60
170 1,00
180 0,80
190 0,70
250 0,70
300 0,70
Q (m3/s)
3
QSUP
2
QBAS
1 1 2 3
103
Veja que o volume final da hidrógrafa de escoamento superficial deu um
3 3
volume de 364,9 m /s.min, que é igual a 21 894 m .
1 2 3 4 5 6 7
0 5,0
1 5,0
2 5,0
3 10,0
4 15,0
5 20,0
6 15,0
7 10,0
8 8,0
9 7.0
10 7,0
104
6.4 Tipos de enchentes segundo o critério de Horton.
105
O tipo de cheia, do tipo 1 só existe quando a intensidade da chuva, iC, é
menor que a capacidade média de infiltração do solo, iS, ou seja, não existe o
escoamento superficial direto, QSD, mas a precipitação total, HP, é maior que a
deficiência de umidade do solo, DUS, ou seja, o solo se umedece demais, passa
da capacidade do campo, a água se infiltra, profundamente, e altera o volume
do seu lençol freático. Ou seja, só existe a alteração da vazão do rio por causa
do aumento da vazão básica. Este tipo de hidrograma é típico das chuvas que
têm poucas intensidades mas são de longas durações.
O tipo de cheia, do tipo 2 só existe quando a intensidade da chuva, iC, é
maior que a capacidade média de infiltração do solo, iS, ou seja, agora existe o
escoamento superficial direto, QSD, mas a precipitação total, HP, é menor que a
deficiência de umidade do solo, DUS, ou seja, o solo se umedece, mas retém a
água e não altera volume freático. Ou seja, só existe alteração momentânea da
vazão do rio por causa do seu escoamento superficial. Este tipo de hidrograma
é típico de chuvas intensas, mas de curtas durações.
O tipo de cheia, do tipo 3, só existe quando a intensidade da chuva, iC,
é bem maior que a capacidade média de infiltração do solo, iS, ou seja, existe o
escoamento superficial direto, QSD, e a precipitação total, HP, também é bem
maior que a deficiência de umidade do solo, DUS, ou seja, o solo se umedece,
só retém parte da água da chuva e altera o volume do lençol freático. Ou seja,
existe a alteração momentânea das vazões do rio, por causa do escoamento
superficial e a alteração das vazões totais devido à alteração da vazão básica.
Este é o tipo de hidrograma típico de chuvas intensas de longa duração, que
permite o aumento do escoamentos básicos e superficiais.
Q Q Q Q
T t t T
Intensidade da
IC < iS IC < iS IC > iS IC > iS
chuva iC
Deficiência de
umidade do
DUS > HP HP > DUS DUS > HP HP > DUS
Solo DUS
Escoamento
superficial Não existe Não existe Existe Existe
direto QSD
Acréscimo de
água no Não existe Existe Não existe Existe
aqüífero AF
Aumento da Existe: Existe: Existe:
vazão total QT Não existe
Q Bás Q Sup Q Bás + Q Sup
106
Capítulo 7
Infiltração
Precipitação
⇓
⇓
Infiltração
107
Portanto, define-se como capacidade de infiltração, i, como:
H
i = -------- = (mm/h) 7.2
t
108
7.4 Medidas de infiltração.
7.4.1 Infiltrômetros.
a) Infiltrômetros de inundação.
Proveta graduada
em volume
Cilindro de medição
Nível d’água
Terreno
Ai Bulbo de infiltração
↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓
∆ Vol
i = ------------ (mm/h) 7.3
A . ∆t
109
Estes testes permitem determinar-se a família de curvas, em função das
umidades iniciais do solo, para cada início de ensaio, se for realizados vários
ensaios, ou simplesmente, uma única curva, quando se faz, apenas, um único
ensaio, conforme tenta mostrar a figura 7.3, com o seu formato de uma curva
exponencial típica.
-K . t
i i = iF +( iI - iF ). e
Curva de Horton
Terreno mais seco
Terreno mais úmido iF = Vel. básica de infiltração
b) Teste de percolação.
Solo 30 cm
Nível d’água
Solo
30 cm
Britas
110
c) Após um bom tempo de ensaio, quando as velocidades de infiltração
forem mínimas, medir o tempo, em minutos, para que o nível da água, no
infiltrômetro, caia um centímetro, com uma régua graduada.
d) A velocidade básica de infiltração, também chamada de coeficiente
2
de infiltração, Ci, em l/m /dia, é calculada pela equação abaixo, onde o tempo
de rebaixamento, tR, é medido em minutos:
490
Ci = ------------- 7.4
t R+ 2,5
Solo
NA
NA
Tubo de entrada
Fossa
Alvenaria de
tijolos maciços
Alvenaria de
tijolos vazados
Sumidouro
Britas
1,50 m
111
Resolução: Se tR é igual a 5 minutos, tem-se que:
490
2
Ci = ------------- = 65 l/m /dia 7.5
5 + 2,5
Micro-pluviômetros Declives
o o o o
Saída
o o o o
⇓
Área delimitada e micro-murada Vol. escoado.
112
A tabela 7.2 mostra, a título de ilustração, alguns valores de velocidades
básicas de infiltrações, em função do tipo de solo e do seu peso específico
aparente, que é igual ao peso do solo dividido por seu volume total.
HP
Hietograma de intensidades de precipitações
médio na bacia
t
Q Hidrógrafa de uma
chuva simples
E. superficial
Escoamento básico
t
Figura 7.7 Hietograma da precipitação e hidrógrafa resultante na bacia.
113
7.5.1 Determinação prática do coeficiente de run-off ou de deflúvio.
VESC
C = ----------- 7.9
VPREC
0 0,20 0 0
10 0,20 10 2,0
20 0,20 20 4,0
30 2,00 30 13,0
50 5,00 40 8,0
80 10,00 50 5,0
100 9,00 60 3,0
130 5,00 70 2,0
150 3,00 80 1,0
170 2,00
180 1,50
190 1,00
250 0,40
300 0,40
114
7.5.2 Determinação do índice de infiltração médio para a bacia e do
hietograma de precipitações efetivas.
115
7.5.3 Precipitação efetiva sobre uma bacia.
Índice de infiltração
Escoamento
básico
Parte da chuva
que infiltra -------------------- I
0 0
0 t 0 t
116
Capítulo 8
Método racional.
117
i (mm/h)
Intensidades das precipitações
Curva de infiltração
(Pontilhada)
Tempo inicial de 0
umidificação do solo. 0 D ( min )
118
Observação: Na realidade, a equação de Picking só deveria analisar o
tempo do escoamento superficial da distancia média do escoamento superficial
da bacia, ou seja, até o rio ou os rios, da bacia, já que no escoamento dos rios,
propriamente dito, a velocidade média do escoamento deveria ser analisada
através de equações de escoamentos uniformes em canais ou em rios, como
por exemplo, a equação de Manning, trazendo mais complicações para os
cálculos dos tempos de concentração total na bacia, já que quando chove
fortemente na bacia, nunca se conhece as características dos escoamentos do
rio, como o seu raio hidráulico e a sua rugosidade, que é bem variável, em rios
arenosos, que tem o leito móvel. Logo, para se simplificar este cálculo, pode-se
utilizar a equação a equação 8.2, em toda a extensão da bacia, mas isto não é
correto, embora seja aceitável, já que estes cálculos são aproximados.
Assim, dependendo da localização ou do ponto considerado na bacia, a
sua exutória, tem-se que o tempo de concentração total , tC, é o somatório de
várias durações, que se sobrepõem, para: umedecer os solos superficiais da
bacia, preencher as depressões e escoar sobre as superfícies da bacia. Assim,
tem-se aproximadamente que:
tC = tUS + tPD + tES 8.3
119
Tabela 8.1 Alguns valores de coeficientes de run-off, CD, utilizados em
projetos urbanos, em função do tipo de ocupação, de solo e das declividades
médias dos terrenos.
Característica da ocupação CD
Áreas residenciais unifamiliares (Conjuntos) 0,30 a 0,40
Apartamentos com jardins 0,50 a 0,60
Áreas comerciais 0,80 a 0,90
Áreas de asfalto e concreto 0,85 a 1,00
Áreas de paralelepípedos 0,75 a 0,85
Áreas com pedregulhos 0,15 a 0,30
Superfícies não revestidas 0,10 a 0,30
Parques e jardins 0,10 a 0,20
Áreas industriais leves 0,50 a 0,80
Áreas industriais pesadas 0,60 a 0,90
Parques e cemitérios 0,10 a 0,25
Ruas ou áreas com asfalto 0,70 a 0,95
Ruas ou áreas com concreto 0,85 a 0,95
Ruas ou áreas com paralelepípedos 0,75 a 0,85
Ruas ou áreas com pedregulhos 0,15 a 0,30
Característica do terreno CD
Terrenos relvados (Solos arenosos )
Com baixa declividade (SB < 2 %) 0,05 a 0,10
Com média declividade (2% < SB < 7 %) 0,10 a 0,15
Com alta declividade (SB > 7 %) 0,15 a 0,20
120
8.1.3 Adoção do tempo de recorrência para o método racional.
121
2
Quando as bacias são pequenas, com áreas de drenagem de até 1 km ,
deve-se usar a equação de Fhrulling, para se calcular o índice de distribuição
de precipitações intensas na bacia, IDP, onde a área da bacia de drenagem, A,
é em m2:
0,25
IDP = iMA / iM = 1 - 0,0054 . A 8.6
IDP 1,0
24 h
6h
3h
1h
30 min
0,5
0 500 1000 A (km2)
122
No método racional, o hietograma da chuva intensa, que tem a duração
igual ao tempo de concentração da bacia, tem a intensidade média uniforme e
constante, iMA, em toda a área da bacia, e o hidrograma da cheia tem o
formato triangular isósceles, com a sua altura máxima igual a, C.iMA, A, e o
tempo de base é igual ao dobro do tempo de concentração, tC, como mostra a
figura 8.3.
Q = CD . iMA . AB 8.9
i D = tC
t
2 . tC
Exemplo 8.1 Calcule qual é a vazão máxima provável escoada por uma
chácara totalmente cercada com muros, admitindo-se que as durações iniciais
referentes à umidificação do terreno da chácara, tUS, e ao preenchimento das
micro-depressões, tPD, totalizem 5 minutos. O terreno da chácara é composto
por solo arenoso bem estável, tem um comprimento, longitudinal, L, no sentido
da própria declividade longitudinal, igual a 600 metros, uma declividade média
Se igual a 0,85 % e uma área de 24 ha. Para o cálculo da intensidade média
pontual da precipitação, iM, admitir que a chácara se situa no município de São
Paulo-SP e que o tempo de recorrência, T, utilizado é igual a 5 anos.
Resolução: O tempo de concentração é de:
123
Logo, a intensidade da precipitação média na bacia é de:
Se, pela tabela 8.1, a chácara é composta de solo arenoso, com a sua
declividade igual a 0,85 %, já que estão faltando, no enunciado, mais dados
sobre a sua ocupação, pode-se dizer que o seu coeficiente de run-off fica na
faixa de 0,05 a 010. Logo, a favor da segurança, toma-se, CD, igual a 0,10.
Observação: Em anteprojetos, deve-se ser bem mais atencioso quanto à
adoção de coeficientes de run-off, como mostra o item 8.1.2.
Logo a vazão máxima provável será de:
Exemplo 8.2 Vamos supor, agora, que, nesta mesma chácara, antes do
local onde se construirá o bueiro, ao seu final, tem-se uma grande depressão
natural do terreno, que, quando chove, forma uma lagoa, de aproximadamente,
3
300 m de volume, que no entanto, infiltra, em poucos dias, já que o terreno da
chácara é arenoso. Qual seria, agora, a nova vazão máxima de projeto?
Resolução: Bem, para resolvermos este problema teremos, apresenta-
se, exposta abaixo, para uma melhor compreensão do leitor, uma metodologia
simplificada para o cálculo do tempo de preenchimento de depressões naturais
do terreno maiores, tpd, localizadas, de forma simplificada, no próprio talvegue
do rio principal e ao final da bacia de contribuição, conforme mostra o desenho
da figura 8.4.
Bacia de contribuição
Depressão
natural do
terreno
Bueiro
Talvegue do rio principal
Figura 8.4 Esboço, sem escala, de uma bacia de drenagem com uma
depressão natural ao final da mesma.
124
iMA Chuva constante e uniforme
na bacia
Q Hidrógrafa de
escoamento superficial
1 2 3
0 tC DC ( DC+tc ) t
CD . iMA . AB t
V = -------------- . ∫ t . dt 8.19
tC 0
125
Logo,
2
CD . iMA . AB . t
V = ------------------- 8.20
2 . tC
Portanto,
2 . V . tC
t= ------------------ 8.21
CD . iMA . AB
3
Na equação 8.21, que é homogênea, t é em s; V é em m ; tC é em s; CD
2
é adimensional; iMA é em m/s e AB é em m . A equação 8.21 só é válida para
bacias que tenham o tempo de enchimento t menor que o de concentração tC.
Assumindo que o volume da depressão natural ao final de uma bacia de
contribuição seja igual ao mesmo volume V da equação 8.21, pode-se calcular
o tempo mínimo provável aproximado para o enchimento desta depressão tpd.
Este método, que é iterativo, exige, no entanto, que se conheça, a priori, entre
outras variáveis, o tempo de concentração inicial, da bacia de drenagem, tC,
calculado somente em função das características morfológicas da bacia.
3
Se V é igual a 300 m ; se tC é igual a 23 min ou 1.380 s; se C é igual a
0,10; se iMA é igual a 81 mm/h ou 0,0000225 m/s e se a área A é igual a 24 há
ou 240.000 m2, tem-se:
2 . 300 . 1380
t= ---------------------------------- = 1.240 s = 21 min 8.22
0,1. 0,0000225. 240.000
126
Observação: Quando determinado lago ou reservatório se encontra na
parte central da bacia, e não ao seu final, como mostra a figura 8.6, o cálculo
do tempo de concentração da bacia tem que ser calculado iterativamente, por
etapas, ou seja, calcula-se para a parte inicial da, bacia, da forma tradicional,
assinalado por 1, na figura 8.6; depois, calcula-se o tempo de enchimento do
lago, para um volume certo deficitário, assinalado por 2, que nem sempre é o
volume total da depressão, que só foi escolhido, no nosso exemplo, porque o
terreno do exemplo é arenoso e toda água da depressão se infiltrava; soma-se
o tempo de enchimento da depressão ou do lago ao tempo de concentração
inicial, para depois calcular a vazão máxima na saída do lago; com esta vazão,
calcula-se o tempo de escoamento da fase 3. O tempo de concentração total
será a soma dos três tempos distintos, ou seja: o de concentração inicial, o de
enchimento da depressão e o tempo de escoamento final da bacia, na fase 3,
calculado através de uma equação de escoamento uniforme. Esta observação
só foi feita para o leito refletir como é complicado este cálculo, muitas vezes.
Bacia de contribuição
Depressão
natural
1 2
3
Figura 8.6 Esboço, sem escala, de uma bacia de drenagem com uma
depressão natural ao final da mesma.
127
Observação: Um aspecto muito interessante, que devemos comentar, a
respeito do desenvolvimento dos exemplos e exercícios deste livro, é que as
bacias citadas, muitas vezes, são muradas, o que impede a entrada da água
superficial que escoa da parte externa destas bacias.
A resposta a esse detalhe se deve ao fato de que a apresentação das
bacias, nesta forma, simplifica a visualização de sua área e de outros fatores
que concorrem com o desenvolvimento dos exemplos e exercícios, tornando-
se, assim, bacias que poderíamos classificar como didáticas.
A grande variedade de bacias de drenagem, que necessitam de projetos
de drenagem, não possui esta configuração simplificada, já que as mesmas,
normalmente, como sub-bacias, fazem parte de uma bacia de contribuição que
é bem maior e bem mais complexa. Para estes tipos mais comuns de bacias,
que, em geral, são bem mais freqüentes, em projetos de drenagens, existem
contribuições do escoamento superficial de áreas localizadas fora do perímetro
do projeto, em si, ou da área considerada, o que não acontece em muitos dos
nossos exercícios e exemplos, já que as bacias aqui são todas muradas, o que
impede a passagem da água superficial exterior à sua própria área.
Por exemplo, a chácara do exemplo 8.1, se não fosse murada, em seu
perímetro, muito certamente, seria uma parte de uma bacia bem maior que a
sua própria área, como mostra a figura 8.7. Portanto, se a chácara não fosse
murada e nós fossemos fazer qualquer obra de recursos hídricos, na saída da
chácara, no talvegue do rio principal da bacia, e se, por acaso, tivéssemos que
utilizar o método racional, nós teríamos que trabalhar com as características da
bacia não da chácara, o que não ocorreu no exemplo 8.1, porque os muros
impedem a passagem da água e desvia o rio principal, atuando como divisor.
.
Bacia do rio principal
Chácara
Exercício 8.5 Calcule qual é a vazão máxima provável escoada por uma
bacia urbana, admitindo-se que as durações iniciais referentes à umidificação
dos seus terrenos, tUS, e ao preenchimento das suas micro-depressões, tPD,
totalizem 5 minutos. O terreno da bacia é composto por solo pesado areno-
siltoso, tem um comprimento, longitudinal, L, no sentido da própria declividade
longitudinal, igual a 2.000 metros, uma declividade média Se igual a 0,50 % e
uma área de 1,6 Km2. Considerar a ocupação futura, da área da bacia, como:
50 % com residências unifamiliares ou conjuntos; 20 % de apartamentos; 12 %
com paralelepípedos e 3 % com asfalto e 15 % de parques.
Para o cálculo da intensidade média pontual da precipitação, iM, admitir
que a bacia situa perto de Belo Horizonte, no Estado de Minas gerais, e que o
tempo de recorrência, T, utilizado é igual a 5 anos.
128
8.1.6 Determinação de precipitações intensas para locais que não
dispõem de dados pluviográficos e equações de chuvas intensas.
129
Tabela 8.3 Precipitações máximas diárias de Feira de Santana, BA.
Ano P ( mm )
1937 94,2
1938 -
1939 61,0
1940 62,9
1941 114,4 82,5
1942 54,9
1943 -
1944 -
1945 57,4
1946 -
1947 78,7 58,0 54,0
1948 57,8 53,4
1949 74,0
1950 66,0
1951 68,0 61,0 60,0
1952 74,0
1953 -
1954 118,0 58,5
1955 173,0
1956 56,0
1957 55,0
1958 80,0 50,0
1959 -
1960 72,5 66,3 52,5 65,3 57,2
1961 52,2
1962 72,4 56,2 66,4 58,0
1963 57,5
1964 62,0
1965 96,0
1966 -
1967 57,6
1968 76,5 50,0
1969 75,6
1970 119,6
1971 -
1972 53,6
1973 54,0
1974 52,2
1975 55,8
1976 59,0
1977 68,0 61,0
1978 75,4 54,6
1979 -
1980 61,0
1981 78,0 76,2
1982 72,0 53,4
1983 -
1984 -
1985 75,0 50,2 61,0
130
A análise de freqüência das precipitações máximas diárias é mostrada
na planilha da tabela 8.4 e é calculada como se segue:
FABS FABS
FREL = --------- = -------- 8.29
N 49
131
Tabela 8.4 Análise de freqüência dos dados observados na tabela 8.7,
correspondentes às precipitações máximas diárias em Feira de Santana-BA.
1 2 3 4 5 6 7
( mm ) ( mm ) Fa Fr Fac (anos )
A tabela 8.5, organizada a partir dos dados das relações médias entre
precipitações intensas com durações diferentes D, extraídas do livro Drenagem
Urbana - Manual de Projeto, cujos valores foram calculados através dos dados
do livro Chuvas intensas no Brasil, mostra alguns valores de razões entre as
precipitações intensas de várias durações e as de 24 horas, P/P24h.
132
Tabela 8.6 Dados médios prováveis de precipitações intensas em Feira
de Santana - BA, em milímetros, como função da duração, D, e do tempo de
recorrência, T, em anos.
Precipitações (mm)
T ( Anos ) 1 10 50 100
Duração
5 min 7 13 19 22
30 min 21 36 53 63
1h 28 49 72 85
6h 48 84 123 145
12 h 57 99 145 172
24 h 67 116 171 202
A’ . TB’
i = ----------------- 8.35
D’
( DC + C’ )
133
Tabela 8.7 Dados médios prováveis de Intensidades de precipitações
intensas no Município de Feira de Santana - BA, em mm/h, como função da
duração, DC, em minutos, e do tempo de recorrência, T, em anos.
T (Anos) 1 10 50 100
Duração
(Minutos)
5 84,0 156,0 228,0 264,0
30 42,0 72,0 106,0 126,0
60 28,0 49,0 72,0 85,0
360 8,0 14,0 20,5 24,2
720 4,8 8,3 12,1 14,3
1440 2,8 4,8 7,1 8,4
A partir dos dados da tabela 8.7, monta-se uma nova tabela 8.8, tipo
matriz, para ser utilizada na máquina de calcular ou no computador. Essa nova
tabela deve conter, por exemplo, os tempos de recorrência, T, na coluna 1, as
durações, DC, na coluna 2 e as intensidades de precipitações, i, na coluna 3.
X Y Z
T DC i
(Anos) (Minutos) (mm/h)
1 5 84,0
1 30 42,0
1 60 28,0
1 360 8,0
1 720 4,8
1 1440 2,8
10 5 156,0
10 30 72,0
10 60 49,0
10 360 14,0
10 720 8,3
10 1440 4,8
50 5 228,0
50 30 106,0
50 60 72,0
50 360 20,5
50 720 12,1
50 1440 7,1
100 5 264,0
100 30 126,0
100 60 85,0
100 360 24,2
100 720 14,3
100 1440 8,4
134
Analisando-se os dados de intensidades, i, e tempos de recorrências, T,
utilizando-se o método dos mínimos quadrados, verifica-se a seguinte equação
abaixo, tipo potência, com coeficiente de correlação, r, igual a 0,327:
A partir deste ponto este problema tem que ser resolvido por tentativas.
Isto é, se analisarmos, novamente, todos os dados da tabela 8.8, através de
várias tentativas, veremos que a relação entre o termo i/T0,241 como função das
durações somadas a uma constante arbitrária, DC+C’, que deve ser modificada
a cada tentativa, utilizando-se o método dos mínimos quadrados, veremos que
os dados se ajustam melhor a uma curva tipo potência, que é o melhor tipo de
curva para este tipo de análise, com o valor da constante c’ igual a 11.
Assim, tendo-se que a constante c’ é igual a 11, tem-se, com coeficiente
de correlação r, igual a -0,9999, a seguinte equação de ajuste:
i 716
----------- = -------------------- 8.38
T0,241 ( DC + 11 )0,761
716 . T0,241
i = --------------------- 8.39
( DC + 11 )0,761
135
Exercício 8.6 Determine, seguindo os exemplos 8.1 e 8.2, quais são as
precipitações intensas máximas prováveis para Jequié-BA, cuja série histórica
de precipitações máximas diárias está disposta na tabela 8.9, e determine qual
é a equação de chuvas intensas aproximada para Jequié-BA.
Ano P
(mm)
1912 58,3 71,1 65,8 65,3 59,4 77,3
1913 62,3 60,9 62,4
1914
1915
1916 64,0 64,0 64,0 64,0 64,0 64,0
1917 50,0 72,0 84,0
1918 53,0 80,9
1919 89,4 87,7 73,2 99,2 85,3 79,8 88,0 88,0 94,9 94,0
64,5 53,0 56,4 89,5 79,2 64,0 55,2 88,4 74,0 84,8
89,3 70,3 73,3 77,0 74,0
1920 54,6 58,7 79,7 58,9 89,9 129,6 258.0 95,3 105,8 75,0
1921 59,7
1922
1923 64,0
1924
1925
1926 68,7 72,4 73,6
1927 56,4
1928 99,8 99,6 99,9
1929 85,4 80,4
1930 63,0
1931 63,0
1932 64,2 52,2
1933 56,0 64,6
1934
1935 51,0 54,5
1936
1937 73,0
1938
1939 52,6
1940 79,0
1941 55,1 56,6
1942
1943 60,0
1944 84,5 60,0 50,5
1945 52,0 53,0
1946
1947 54,0
1948
1949 55,4
1950 54,7 60,5
1951
1952
1953 50,7
1954 53,3
1955 62,3
1956 66,3
1957
1958 62,3 65,4 75,8 68,3
1959 52,8
1960 71,4
1961
1962 88,2 76,6
1963 52,2 99,4 64,5
1964 67,5
1965
1966 57,2
1967
1968 53,2 86,6
136
Lista de símbolos utilizados.
A Constante.
Ai Área de infiltração.
B Constante.
B Base do vertedor.
C Constante.
AB Área da bacia.
CA Coeficiente da equação de Francisco Aguiar.
CD Coeficiente de deflúvio.
Ci Coeficiente de infiltração.
CT Coeficiente da equação de Turc.
CV Coeficiente de variação.
D Duração.
DTi Duração total da infiltração.
DTP Duração total da precipitação.
DC Duração da chuva.
DUS Deficiência de umidade do solo.
d Diâmetro.
F Freqüência.
FABS Freqüência absoluta.
FREL Freqüência relativa.
FACM Freqüência acumulada.
H Altura.
HiT Altura infiltrada total.
H Altura da lâmina líquida do vertedor.
HM Altura média.
HAC Altura acumulada.
HE Altura de entrada.
HEVP Altura evapotranspirada.
HES Altura do escoamento superficial.
HP Altura precipitada.
HpT Altura precipitada total.
HeT Altura escoada total.
HS Altura de saída.
HS Altura do sumidouro.
i Intensidade da precipitação.
i Intensidade da infiltração.
iM Intensidade média temporal da precipitação.
iMB Intensidade média da precipitação na bacia.
iS Capacidade de infiltração superficial.
Ii Índice de infiltração.
IC Intervalo de confiança.
IDP Índice de distribuição de precipitações intensas.
K Risco permissível.
L Comprimento do vertedor a régua limnimétrica.
log10 Símbolo de logaritmo decimal.
ln Símbolo de logaritmo neperiano.
MAC Média acumulada.
n Número.
N Número de anos.
P Posto.
137
P Probabilidade.
P1d Precipitação de um dia.
P24H Precipitação de vinte e quatro horas.
PL Peso líquido.
q Vazão específica.
Q Vazão.
QBA Vazão do escoamento básico.
QESC Vazão escoada.
QSUP Vazão do escoamento superficial.
r Coeficiente de correlação.
RB Rendimento da bacia.
SB Declividade da bacia.
t Tempo.
tC Tempo de concentração.
tES Tempo de escoamento superficial.
tUS Tempo inicial de umidificação do solo.
tPD Tempo de preenchimento das micro depressões.
t Variável reduzida.
tN Variável reduzida da distribuição normal.
tG Variável reduzida da distribuição de Gumbel.
tS Variável reduzida da distribuição de Student.
tV Variável reduzida da distribuição de Vem-Te-Chow.
T Tempo de recorrência.
T Temperatura.
V Volume.
V Velocidade.
VS Velocidade superficial.
VMS Velocidade média superficial.
VME Velocidade média do escoamento.
V Variável.
VE Volume de entrada.
VEVP Volume evapotranspirado.
VESC Volume escoado.
VP Volume precipitado.
VS Volume de saída.
Y Altura da lâmina líquida.
ε Erro.
µ Média aritmética.
µµ Média aritmética das médias aritméticas.
µσ Média aritmética dos desvios-padrões.
σ Desvio-padrão.
σ Constante.
β Constante.
σµ Desvio-padrão das médias aritméticas.
σσ Desvio-padrão dos desvios-padrões.
∑ Somatório.
∞ Símbolo de infinito.
138
Referências bibliográficas
139
17 DACACH, Nelson Gandur. Saneamento Básico. Livros Técnicos e
Científicos S/A. Rio de janeiro. 1984.
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Contexto. São Paulo. 2001.
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61 SHAMES, Irving H. Mecânica dos Fluidos. Editora Edgard Blücher.
São Paulo. 1973.
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