Você está na página 1de 92

2

Erenice Farias Lima


Fabius Bonnet
Hipácia Rocha Lima

METODOLOGIA DO ENSINO DE
CIÊNCIAS

1ª edição
2017

3
4
Sumário

Palavra do Professor autor


Sobre os autores
Ambientação à disciplina
Trocando ideias com os autores
Problematizando

UNIDADE I - CONHECIMENTO CIENTÍFICO E COTIDIANO


As transformações científicas
A vida cotidiana
O senso comum
O senso crítico
O método científico

UNIDADE II - ASPECTOS DE METODOLOGIA E ENSINO DE CIÊNCIAS


Breve histórico do ensino de ciências no Brasil
Parâmetros curriculares nacionais de ciências
Tendências e métodos no ensino de ciências
Alfabetização científica
Ensino de ciências na educação infantil
Refletindo sobre a formação e papel do educador

UNIDADE III - PRATICANDO CIÊNCIAS


Os desafios do ensino de ciências
Planejando as atividades
Revista Ciência Hoje das Crianças
Feiras de Ciências
Visita a Museus, Observatórios e Planetários.
Experimentos em sala de aula
Sites educativos

5
Explicando melhor com a pesquisa
Leitura Obrigatória
Pesquisando com a internet
Saiba mais
Vendo com os olhos de ver
Revisando
Autoavaliação
Bibliografia
Bibliografia Web
Atividades complementares

6
Palavra do Professor autor

Caro estudante,

Esse livro nasceu da preocupação em contribuir para a qualidade do ensino


de ciências e incentivar o aprimoramento da formação de professores.

A disciplina Metodologia do Ensino de Ciências aqui apresentada visa


simplificar e proporcionar apoio ao conhecimento teórico e prático sobre o ensino de
ciências, de modo que assegure uma compreensão reflexiva do processo de ensino
e aprendizagem. E também simultaneamente, possibilite ao professor e ao futuro
docente criar sua própria prática de ensino diante de contextos históricos e sociais
específicos.

Este estudo além de facilitar o entendimento dos objetivos, dos conteúdos e


métodos usados na disciplina ele irá incentivar o uso de novas metodologias.
Pretendemos despertar nos estudantes a curiosidade e o interesse por descobertas.

Deve-se reconhecer que a disciplina de ciências não busca unicamente


estimular as explicações de fenômenos naturais, mas também procura desenvolver
a capacidade reflexiva dos indivíduos diante do mundo.

Desejamos um bom estudo!

Os autores.

7
Sobre os autores

Fabius Bonnet é Mestre em Educação Matemática pela


Universidade Estadual Paulista-UNESP (1995). Especialista em
Estatística Aplicada a Meteorologia pela Universidade Federal
da Paraíba-UFPB (1988). Possui Bacharelado em Matemática
pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR (1987). Atualmente
Professor Assistente VII do Curso de Matemática da
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA em Sobral/Ce.

Erenice Farias Lima é Especialista em Didática da Matemática


e Especialização em História do Brasil. Possui Bacharelado em
Filosofia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.
Licenciada em História pelas Faculdades INTA. Atualmente,
Professora do Curso de Pedagogia: Presencial/EAD das
Faculdades INTA. Cursa graduação em matemática na
Universidade Norte do Paraná, atua principalmente nas
seguintes áreas: Didática e Filosofia da Matemática, Teoria e Filosofia da História,
Teoria do Conhecimento, História e Filosofia da Ciência, entre outros interesses.

Hipácia Rocha Lima é especialista em Filosofia Clinica.


Especialização em Psicanalise (cursando). Possui graduação em
Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará UECE. Atualmente
é Professora do Estado, ministrando aulas de Filosofia e História
para estudantes do Ensino Médio e Fundamental. Seus principais
interesses em pesquisa são nas áreas: Epistemológicas, na
Filosofia Francesa Contemporânea e em Filosofia da Mente.

8
Ambientação da disciplina

Olá, bem-vindo (a)! a disciplina Metodologia do Ensino de Ciências.

Este material traz uma abordagem histórica do método científico mostrando a


importância da ciência em nosso cotidiano e os fatores que impulsionaram nosso
atual desenvolvimento científico e tecnológico.

O material apresenta o enfoque pedagógico do ensino de ciências e o


planejamento, abordando discussões sobre o ensino de ciências nas séries iniciais,
as metodologias necessárias para aplicação dos conteúdos sugeridos pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais e as orientações para uma aprendizagem
significativa voltada para a Ciência e a Cidadania.

Organizamos algumas atividades práticas direcionadas para as competências


e habilidades dos estudantes. Elas estão na forma de experimentos com materiais
do cotidiano que devem ser realizados com os estudantes.

A todos, excelentes estudos!

9
Trocando ideias com os autores

Caro estudante, propomos a leitura dos livros abaixo para uma melhor
compreensão dos assuntos que serão estudados.

A primeira indicação é o livro Ensino de ciências: unindo a


pesquisa e a prática. Como bem aponta sua capa e titulação,
seu conteúdo traz uma das pesquisas desenvolvidas pelos
autores durante seus estudos no mestrado e doutorado. A partir
de suas observações nas escolas, mostram uma visão de
ensino integrado à sala de aula.

CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (Org.). Ensino de ciências: unindo a pesquisa


e a prática. 2. ed. São Paulo: cengage learning, 2009.

Nossa segunda indicação é o livro Ensino de ciências:


fundamentos e métodos. Uma obra fantástica especialmente
para os educadores da área de ciências. Neste livro o destaque
será o ensino, a formação e atuação do professor. A obra está
apresentada em seis partes distintas que são divididas por
capítulos. Um instrumento que irá enriquecer a prática docente
na construção de novas possiblidades de ensino a partir de
uma construção de sujeitos mais críticos e participativos.

ANGOTTI, José André; DELIZOICOV, Demétrio; PERNAMBUCO, Marta Maria.


Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

Guia de estudo: Após a leitura das obras, faça uma reflexão e construa um
texto sobre a contribuição da pesquisa para a prática do professor de ciências
em sala de aula. Em seguida poste no ambiente virtual.

10
Problematizando

Convidamos você para analisar a hipótese que a competência docente é


essencial para aprendizagem do estudante. Analise a situação-problema: um
professor sem ter habilidade e competência para ministrar aulas sobre ciências.
Diante essa situação, podemos nos perguntar: quais as consequências para os
estudantes dessa turma? Indique as competências necessárias ao docente para o
ensino de Ciências.

Guia de Estudo: A partir dos seus conhecimentos sobre o assunto produza um


texto apontando as soluções para o problema. Compartilhe suas ideias no
ambiente virtual com seus colegas através do fórum de debates da disciplina.

11
12
O CONHECIMENTO
CIENTÍFICO E O
COTIDIANO

1
CONHECIMENTOS

Conhecer as transformações da ciência e sua relevância para humanidade.

HABILIDADES

Identificar a presença do conhecimento científico no cotidiano e suas


implicações.

ATITUDE

Ter uma postura crítica diante do senso comum e da ciência.

13
14
As transformações científicas

A ciência acelerou a vida moderna de maneira tão rápida e natural que nem
percebemos. Ela ofereceu bens e serviços para satisfazer boa parte de nossas
necessidades, que nem notamos nas atividades simples do cotidiano a importância
do conhecimento científico. Antes tarefas que levariam dias, hoje são resolvidas ao
apertar um botão, como por exemplo, receber um vídeo do outro lado do mundo pelo
celular.

O mundo globalizado impulsionou o avanço da tecnologia de tal forma que,


incorporamos na mesma velocidade a ciência em nossa rotina. É fácil perceber que
a cultura científica nos últimos cinquenta anos transformou a realidade da sociedade
tão rapidamente, que algumas atividades seriam impossíveis de fazer no passado,
tais como: a previsão do tempo, pegar o metrô, tomar um antibiótico ou colocar o lixo
no saco plástico. Seria possível pensar no mundo atual sem plástico?

Mas nem sempre foi assim, esse impulso tecnocientífico é uma façanha do
século XX, sendo possível após grandes descobertas dentro das ciências da
natureza há séculos atrás, ou seja, quando pesquisa nas áreas de Física, Química e
Biologia trouxeram uma base de conhecimento para as transformações da nossa
época. A Física merece destaque com os experimentos no campo do
eletromagnetismo. Durante décadas, houve incansáveis tentativas de manter a
corrente elétrica num filamento incandescente, sempre repetindo o fracasso de
produzir a luz. Até que uma ousada experiência de Thomas Edson conseguiu
iluminar a cidade de Chicago, foi à invenção da lâmpada. Abrindo caminho definitivo
para o domínio da eletricidade. Em pouco tempo a lâmpada começou a ser fabricada
e usada nas residências americanas. (CARVALHO, 2011)

Nossa época é testemunha da extraordinária diversidade de tecnologia


chegando a vários setores da vida humana. Sempre buscando soluções para os
problemas das pessoas e da comunidade. As transformações científicas facilitaram
o diagnóstico e tratamento de doenças, ampliaram o acesso à informação,

15
encurtaram distancias e viabilizaram com um click serviços de bancos,
supermercados, farmácias e lojas.

Essas tecnologias e inovações são peças fundamentais para mudanças e


melhorias na sociedade, elas influenciam nossas decisões e buscam incluir cada vez
mais grupos sociais oferecendo acesso igual a bens e serviços. Afinal o
conhecimento científico também é uma base para o progresso tecnológico.

Um exemplo interessante sobre as transformações promovidas pela ciência


está no processo de conservação dos alimentos. O método de pasteurização
desenvolvido por Louis Pasteur no século XIX eliminava microrganismos com altas
temperaturas, garantindo a validade estendidas do produto. Com tal descoberta os
alimentos conseguiram ser acondicionados e higienizados para a comercialização
nos mercados. O leite foi um dos primeiros produtos a utilizar a técnica de
pasteurização, chamado de longa vida. Era o início da fabricação de produtos
industrializados a disposição do consumidor.

As transformações científicas mudaram os valores e os comportamentos da


sociedade a tal ponto, que, hoje discutimos os limites dessa interferência.
Repensando os modelos, as práticas de consumo e critérios para a relação do
homem com a natureza.

Contudo, é a partir do contexto social que a tecnologia encontra as


motivações para seu empreendedorismo, logo que, são dessas necessidades diárias
que surgem à interação da ciência com a técnica, do conhecimento com o cotidiano,
da junção perfeita entre saber e fazer. Apenas assim o homem cria ainda mais
possibilidades.

A vida cotidiana

A lista de assuntos que trazem a ciência para o nosso cotidiano é enorme,


são centenas e milhares de informações, recursos e produtos quase impossível de
enumerar aqui, no entanto, podemos imaginar que ao ler uma bula de um remédio,

16
conversar ao celular ou mudar a cor dos cabelos são atividades que envolvem
diretamente o conhecimento científico.

Na verdade, são os problemas recorrentes do cotidiano que impulsionam as


investigações científicas a buscar soluções. Muitas vezes são situações rotineiras
que apontam certos erros, dificuldades, aborrecimentos ou dilemas na vida diária
que se tornam fonte de investigação.

Por isso a demanda social também direciona as inovações no saber e suas


técnicas, criando uma relação estreita entre conhecimento científico e cotidiano.
Uma conquista científica facilmente notada está presente nas tarefas domésticas,
como a invenção da máquina de lavar roupas, da geladeira e do fogão elétrico.
Todas elas representação o papel da ciência e sua utilização na sociedade
moderna. (BIZZO, 2002)

No passado, a invenção do relógio mecânico no século XIII resolveu muitos


problemas sobre a padronização do tempo, era importante controlar os intervalos em
horas e minutos. Porém o invento foi além do seu alcance, conseguiu organizar a
vida nas cidades ao estabelecer horários de trabalho na vida mercantil. Aos poucos
as pessoas abandonaram o hábito de orientar-se pelo sino das igrejas e passaram
acompanhar as horas com os primeiros relógios públicos.

A situação descrita espelha o quanto o tempo foi uma problemática difícil no


cotidiano há séculos atrás, e como a ciência foi progressivamente avançando e
resolvendo tal questão. Contexto similar é encontrado atualmente, pois ainda
buscamos melhorias para a vida moderna mesmo após tantas transformações
científicas, assim como, continuamos solucionando desafios que atravessam
gerações com a prática da pesquisa.

Outro exemplo interessante para mencionar aqui, está na psiquiatria. Quando


no passado a solução para transtornos mentais severos era feita através de
cirurgias, a chamada Lobotomia, atualmente em desuso. Com o avanço dos
psicofármacos reduziram drasticamente as crises e internações, proporcionando
uma vida saudável e normal para os pacientes, descartando por completo a
17
intervenção cirúrgica. Tal mudança foi tão importante para a medicina que ao longo
dos anos o número de casas de internação caiu significativamente, mostrando que
os conceitos e tratamentos também precisam evoluir e passar por aprimoramentos
constantes.

O cotidiano é um grande laboratório de descobertas para o homem, foi o


primeiro lugar para desenvolver soluções e multiplicar ideias, utilizando apenas
ferramentas caseiras e as experiências diárias para construiu as invenções.

O senso Comum

Acreditamos que o termo senso comum já evidencia boa parte do seu


significado, expressa algo habitual ou costumeiro. Por isso mesmo, o senso comum
faz parte do saber cotidiano, ele é composto por opiniões aceitas pela sociedade e
determinadas como verdadeiras, elas são adquiridas pela experiência e transmitidas
de geração após geração. (BIZZO, 2002). Essas opiniões traduzem nossas ideias e
valores admitidos no contexto social e, que, muitas vezes servem para orientar
nossas escolhas.

Podemos dizer que o senso comum é uma das formas de conhecimento


construído pelo homem. Ele simboliza uma interpretação resumida dos problemas
cotidianos, é uma forma de leitura imediata das coisas, apreciando apenas aspectos
gerais das situações e, assim, precipitando alguns julgamentos. Trazendo essa
definição para o cenário do nordeste, podemos pensar que os profetas da chuva
utilizam o senso comum, eles fazem previsões do tempo apenas observando o
ecossistema, sua experiência no meio rural permite entender a natureza e dar
palpites sobre o inverno.

A visão de mundo do senso comum também está presente nos costumes


tradicionais, nas crenças e noções populares. Pelo fato de serem transmitidas
oralmente, muitas opiniões acabam se transformando em ditados populares,
provérbios ou mitos e, na maior parte, vão sendo adotadas espontaneamente como
verdadeiras sem o esforço do questionamento, por exemplo: “Homem que é homem

18
não chora”; “filho de peixe, peixinho é”; “na briga de marido e mulher, ninguém mete
a colher”; “Deus ajuda, quem cedo madruga”.

Certamente, uma problemática do senso comum seria a facilidade de


provocar enganos e induz ao erro, pela tendência de concluir rapidamente as ideias.
Talvez uma explicação dessa urgência esteja na falta de critério para avaliar as
informações, sem rigor nas investigações e sem um método definido. É possível
dizer, que a maior diferença entre senso comum e senso crítico seria a ausência de
um método para investigação. Por exemplo, acreditar que todo brasileiro gosta de
futebol e carnaval, será? Isso é uma conclusão apressada sem considerar as
diferenças entre as pessoas.

À primeira vista, a aparência do senso comum sugere uma visão de mundo


errônea e simples da realidade, algo que devemos levar com reservas, porém
precisamos ponderar alguns aspectos. Quando a ciência estuda as propriedades
farmacológicas de uma planta ela tem por base o entendimento popular daquele chá
curativo, sua análise também parte da receita tradicional do remédio caseiro, ou
seja, a ciência vai examinar aquela noção popular.

Dessa forma, dois saberes tão distintos, senso comum e ciências, acaba se
encontrando e convergindo em novos conhecimentos, pois a investigação científica
começa das demandas cotidianas. Assim, é preciso ter em mente, que a
simplicidade de um saber não significa necessariamente algo equivocado, mas o
início de uma nova descoberta. (CARVALHO, 2011).

Não obstante, o senso comum também é uma forma de resolver os


problemas da vida, ele é capaz de organizar e classificar, ficando interessado nos
efeitos imediatos daquele problema, sintoma e acontecimento.

O senso crítico

Traçando um paralelo com a discussão anterior, podemos considerar que o


senso crítico é uma negação do senso comum, um tipo de relutância a essa forma

19
de pensar, como se desejasse outra maneira de olhar para o mundo. Na prática, o
senso crítico nasceu em oposição às ideias estabelecidas pelo senso comum.
(BIZZO, 2002)

Percebemos assim, uma distinção clara entre as duas formas de


conhecimento. O senso crítico procura saber além da informação imediata, está
interessado em fazer perguntas e avaliá-las, tendo uma postura imparcial e
argumentativa, de modo que, consegue aprofundar o assunto e descobrir a verdade
dos fatos. Existem exemplos claros em nosso cotidiano, como refletir sobre o
conteúdo de uma propaganda, analisar a letra de uma música, criticar uma
campanha eleitoral ou questionar os padrões de beleza.

Para ser mais preciso, o senso crítico desconfia das verdades prontas de
nossa cultura, ele não absorve as ideias tendenciosas do cotidiano, ao contrário,
muitas vezes observa problemas e obstáculos nas explicações aparentes das
coisas, permanecendo curioso, racional e duvidoso diante dos casos.

Um fato interessante que exemplifica melhor o senso crítico refere-se ao


período das grandes navegações. No século XVI, os desbravadores do novo mundo,
como Pedro Alvarez Cabral ou Cristóvão Colombo, desafiavam seu tempo cruzando
o atlântico atrás de rotas comerciais. No entanto, havia na época muitos relatos de
monstros e sereias avistados no mar pelos tripulantes.

O medo do desconhecido fazia o homem daquele tempo criar fantasia para


explicar os perigos da viagem. Em meio às lendas e histórias do imaginário europeu,
esses conquistadores tiveram uma postura crítica, questionando os relatos e
refletindo as reais ameaças da empreitada. Do contrário, a história da humanidade
não seria a mesma, porque foi através das grandes navegações que se comprovou
a esfericidade da terra e uma grande expansão econômica.

O senso crítico foi um pressuposto essencial para a construção do


conhecimento científico. Essa atitude reflexiva inaugurou a estrutura crítica que a
ciência utilizara até hoje como referência de trabalho. (SANTOS, 2005)

20
Em termos gerais, o senso crítico é fundamental para a formação de
pesquisadores, escritores, artistas, professores e cidadãos conscientes na
sociedade. Qualquer pessoa pode avaliar a credibilidade de um conhecimento ou
informação fazendo uma reflexão profunda do assunto. Nesse sentido, o senso
crítico é ideal para estimular o debate e o raciocínio lógico, desenvolvendo
questionamentos afiados com a atenção cuidadosa.

Um caso interessante para aplicar esses questionamentos está no discurso


demagogo dos políticos. Com o senso crítico apurado, o cidadão conseguiria
perceber as mentiras e as falsas promessas, evitando eleger candidatos sem
compromisso com o povo e exigindo seus direitos.

O despertar crítico e a busca pela verdade são marcas do conhecimento


científico, elas proporcionaram a capacidade de interferir na realidade e promoveram
o esclarecimento do homem. Na prática, a postura de perguntar, duvidar e refletir
sobre nossas experiências cotidianas inspiram as mudanças e as transformações. A
atitude científica é uma busca criativa para solucionar os problemas rotineiros da
realidade humana.

Compreendemos que o homem pode fazer uma leitura da realidade de várias


formas, usando o senso comum, senso crítico, científico, religioso, entre outros. De
sorte, que esses conhecimentos são apenas maneiras diferentes de relacionar-se
com o mundo e, por isso, não devemos rivalizar com a pluralidade de saberes e
entendimentos.

O método científico

Como percebemos no tópico anterior, a inquietação permanente diante dos


fenômenos do mundo também foi um dos pressupostos do nascimento da ciência.
As descobertas serviram para preparar o surgimento do método científico e fundar
os princípios que exigiriam demonstrações claras e concretas.

21
O nascimento da ciência formal ou clássica surgiu apenas na modernidade
durante o século XVI. Após haver uma necessidade de reunir as ferramentas
astronômicas com a prática da observação e da experimentação. Nessa época,
muitos astrônomos precisavam entender os movimentos dos planetas e comprovar
suas descobertas. Para eles, o ideal era conseguir provas incontestáveis das
informações capturadas pelo telescópio, quanto mais instrumentos, melhor o
resultado. Assim, ter o auxílio de um método de análise e trabalhar com
experimentos foi à saída que precisavam. Esse feito é considerado por muitos
estudiosos como uma verdadeira revolução, porque verdadeiramente inaugurou a
ciência.

Galileu Galilei foi o primeiro a dar autonomia à ciência, com inovações


pioneiras na área de física e astronomia, conduzindo a ciência a dar seus primeiros
passos. Antes disso, a ciência não era considerada uma área de conhecimento, mas
um campo dentro da teologia ou metafísica, onde se confiava a ela os estudos sobre
a Filosofia da Natureza. Galileu inaugurou a ciência moderna quando associou os
seguintes recursos: instrumento, método e experimentação.

De modo objetivo, o método científico é um conjunto de procedimentos que


orienta as investigações científicas de acordo com etapas ou níveis, que tem por
finalidade organizar o processo com um todo. Ele pode ser usado em diferentes
tipos de pesquisas e com objetivos diferentes, possuindo em geral os seguintes
passos: observação; hipótese; experimentação e generalização.

A imagem da maçã caindo na cabeça de Newton, resume essa ideia de


observar e explicar. Nela vemos um fenômeno comum que os nossos sentidos
básicos não captam a causa da queda. Mas, foi observando e refletindo sobre a
queda dos objetos, que Newton descobriu que a força gravitacional era a causa dos
objetos caírem no chão.

A importância do método para as pesquisas científicas está em garantir um


conhecimento seguro e coerente, onde as informações são submetidas a testes em
diversos níveis de análises. O método científico pode ser aplicado em vários

22
seguimentos da realidade e consegue verificar dados estatísticos, fenômenos da
natureza, sintomas de doenças, substâncias químicas, matérias-primas, entre
outras. (CARVALHO, 2011)

Abaixo, vamos mostrar como se aplicaria o método científico a partir de dois


casos que aconteceram no Brasil: o acidente com barragem de Fundão em Minas
Gerais e a epidemia de microcefalia provocada pelo Zika vírus.

Exemplo 1:

“Em novembro de 2015 uma barragem de rejeito de minério da empresa Samarco se


rompeu em Minas Gerais, causando o maior acidente ambiental do Brasil. A
enxurrada de lama foi tão forte, que destruiu por completo o distrito de Bento
Rodrigues. Até hoje não sabemos o impacto real desse acidente”

1- Observar: Coletar e inspecionar os níveis de contaminação do solo, do rio, do


mar, da vegetação e dos animais.
2 - Hipótese: Compreender o problema e indicar soluções, no caso, proibir o
consumo de água e represar a vazão do minério de ferro no solo e na água.
3 - Experimentar: Elaborar testes com amostras de água e solo em laboratórios,
fazendo o tratamento químico da água.
4 - Generalizar: Aplicar a solução nas áreas afetadas, monitorando a qualidade da
água e da fertilidade do solo.

Exemplo 2:

“O Brasil viveu uma epidemia de microcefalia em 2015 que não apresentava


explicações aparentes. Até que, os médicos associaram os sintomas do Zika vírus
com o crescente número de bebês com microcefalia, já que, as respectivas mães
foram infectadas durante a gestação pela Zika”.

1 - Observar: Analisar as causas que estão por trás dos crescentes casos de
microcefalia em bebês.

23
2 - Hipótese: Buscar a comprovação da relação entre a infecção do vírus da Zika
em gestantes e seus filhos com microcefalia. Estudar o comportamento do vírus no
corpo humano e em gestantes.
3 - Experimentação: Foi comprovado em laboratórios brasileiros e americanos, que
o vírus ataca as células cerebrais dos fetos, especificamente, as células troncos
responsáveis pela formação do cérebro.
4 - Generalizar: Com a divulgação dos resultados, a orientação em curto prazo foi
uso de repelente para as gestantes.

De forma simples, foi possível identificar as etapas do método científico


utilizada na verificação dos problemas. A aplicação do método continuou a mesma
para os dois casos, contudo em campos diferentes e objetivos distintos, mas sempre
com eficiência e precisão nas respostas, assegurando a veracidade dos resultados.

O conhecimento científico é uma bússola, fornecendo as explicações mais


confiáveis, sistematizadas e bem fundamentadas. Costuma-se dizer que é para
tornar o mundo mais compreensível, que a ciência cumpre o seu papel,
proporcionando ao ser humano recursos para prevenir situações e compreender
melhor as leis da natureza.

24
25
26
ASPECTOS DE
METODOLOGIA E ENSINO
DE CIÊNCIAS

2
CONHECIMENTOS

Conhecer o processo histórico do ensino e metodologias em ciências

HABILIDADES

Identificar as mudanças do ensino de ciências e suas exigências

ATITUDE

Desenvolver uma postura metodológica crítica sobre a educação em ciências

27
28
Breve histórico do ensino de ciências no Brasil

No século XIX em se tratando de um período moderno da história, a qual


passava por muitas transições e modificações nos aspectos políticos, econômico,
social e cultural, é que as disciplinas científicas chegam até a escola secundária no
cenário brasileiro. Desde então os conteúdos, a forma como são ministrados em
sala de aula, assim como seu currículo, a postura e formação do professor serão
caracteristicamente oriundas das ideias do positivismo.

Desenvolvida na França, essa corrente filosófica positivista tinha como


principal idealizador o sociólogo e filosofo francês Auguste Comte (1798-1857). Em
linhas gerais o positivismo defendia que o conhecimento verdadeiro e único era o
das ciências e que também possuía neutralidade. O ensino era oferecido aos
estudantes.
Nesse sentido, mostrando que apenas o conhecimento e descobertas
científicas são definitivos e são produzidos excepcionalmente por grandes gênios,
esse pensamento influenciou muitos países, inclusive o Brasil, quer seja na
educação, na arte, na cultura, na música entre outros aspectos da vida em
sociedade. Um forte exemplo disso está nas páginas da história do nosso país:
Velha República e o Golpe Militar de 1964.

Diante disso, a educação e a ciência passaram a ser o espelho dessas ideias,


disseminando inicialmente pelas lideranças das academias militares e engenharias.
Resultando assim no objetivo positivista de mostrar que a matemática e as ciências
exercem funções importantes para a construção do conhecimento empírico da
natureza e assim levá-lo a moldar o social também. Não precisamos ir tão longe
basta olharmos nossa bandeira e veremos: Ordem e progresso, assim como o
ensino técnico. Ambos estão fortemente presentes em nossa vida.

Na historiografia positivista das ciências, temos na sequência hierárquica


estabelecida principalmente por Comte, a seguinte: de matemática → astronomia →
física → química → biologia → sociologia. Percebe-se então que a matemática está
no nível mais elevado da escala de importância para o conhecimento dos

29
fenômenos da natureza. Esse sistema presente na história da educação definiu a
estrutura do currículo escolar, acadêmico e profissional durante anos.

A prática do ensino de ciências sempre esteve relacionada ao nível de


desenvolvimento científico de um país, o qual estabelece procedimentos para
assegurar como tal processo deve ser realizado. Inglaterra, França, Alemanha entre
outros exemplos constituem nações que, desde seus processos históricos, possuem
primazias para este desempenho.

A difusão das universidades, dos institutos de desenvolvimento tecnológico e,


principalmente, a industrialização são grandes aliados para promover o começo e o
estímulo a participação de muitos indivíduos neste processo. No Brasil, por exemplo,
em um primeiro momento não apresentava diretrizes voltadas para o ensino de
Ciências Naturais devido, consequentemente, ao seu pouco grau de andamento
histórico cientifico.

Somente depois de alguns séculos que houve mudanças, por vários motivos,
desenvolvidas por brasileiros que buscavam esta evolução como a publicação do
trabalho de Marta Pernambuco e Fernanda Silva, uma Retomada Histórica do
Ensino de Ciências, além de grupos de pesquisadores de formação brasileira que
exerciam tanto influências nas atividades nacionais como também em
financiamentos de órgãos de países estrangeiros aplicados no país com o Banco
Mundial (BIRD).

Não deixando de considerar que, obviamente, toda esta transformação de


valorização científica e tecnológica passou a ser integrado ao modelo de ensino
tradicional, o qual o professor demostra, nas aulas teóricas, os benefícios
acometidos a fim de formar indivíduos conhecedores deste processo, apesar de o
processo educacional ser, em sua maioria, destinado a uma população infantil
elitizada.

Ao prosseguir dos anos, surgem cada vez mais projetos de ensino para
treinamento de professores com o objetivo de mantê-los formados com o
conhecimento necessário e integrá-los aos novos rumos do ensino, por exemplo,
30
centros de formação espelhados em projetos estrangeiros como Introductor Physical
Science (IPS), Physical Sicence Study Committe (PSSC), de Física, Biological
Science Curriculum Study (BSCS), de biologia entre outros. (DELIZOICOV, 2011).

Ao traçarmos uma linha temporal dos eventos que marcaram a história do


ensino de ciências no Brasil, encontramos resumidamente o seguinte texto
publicado pela revista Nova Escola, mas que aqui modificamos em forma de
anagramas com intuito mais didático. Neste link você pode comprovar a linha do
tempo do ensino de ciências no Brasil, Teoria e prática juntas no processo de
investigação, mitos pedagógicos, Metodologias mais comuns no ensino de Ciências.

Como podemos observar o ensino de ciências no Brasil é algo bem recente,


isso faz com que a educação desse país não possua uma tradição relevante de
inúmeros avanços, assim como na produção de cientistas. Entretanto, tem se
preocupado com o ensino, a formação e criação de estabelecimentos que
demostrem diretamente uma aproximação e familiarização com a ciência. Podemos
citar projetos, programas, museus, institutos e a própria iniciação científica do
estudante, os laboratórios na escola e universidades.

Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências

Como vimos anteriormente à educação em ciências no ensino básico


brasileiro é algo novo, não tão distante. O estudo da área nas dimensões
curriculares, docência e do conhecimento científico são fundamentais para a
organização dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências. Como qualquer
conhecimento humano, as ciências naturais possuem também uma organização de
conteúdos que sofrem influências e marcam a vida em sociedade. Entendendo que
as ciências não são isentas, nem descontextualizadas da prática do mundo em
nossa volta, pois traz consigo ideias e traços da cultura, economia e sociabilidade da
qual faz parte.

Hoje se torna cada vez mais generalizada a discussão incessante da devida


importância das ciências na educação escolar, já que acompanha os passos e

31
alavanca o desenvolvimento do indivíduo em sociedade, enquanto cidadão.
Questionar opiniões, certas posições tomadas, metodologias de análise e
interpretação da natureza foram ao longo da história dando corpo ao campo das
ciências naturais em diversas gerações. Dar-se consequentemente, o que vemos
todo dia, muitas vezes sem perceber a forte relação entre: ciência, tecnologia e
sociedade. Sobre a importância de se ensinar ciências no ensino fundamental,
consta nos PCNs:
Mostrar a Ciência como um conhecimento que colabora para a
compreensão do mundo e suas transformações, para reconhecer o
homem como parte do universo e como indivíduo, é a meta que se
propõe para o ensino da área na escola fundamental. A apropriação
de seus conceitos e procedimentos pode contribuir para o
questionamento do que se vê e ouve, para a ampliação das
explicações acerca dos fenômenos da natureza, para a compreensão
e valoração dos modos de intervir na natureza e de utilizar seus
recursos, para a compreensão dos recursos tecnológicos que
realizam essas mediações, para a reflexão sobre questões éticas
implícitas nas relações entre Ciência, Sociedade e Tecnologia.
(BRASIL, 2000, p.21-22)

A profunda necessidade de explicar e compreender as relações entre os


acontecimentos vindos da natureza, que envolvem áreas diversas como: a biologia,
a física, a química, a astronomia, geociências entre outras; como se justificam as
regularidades, as eventualidades e frequências na natureza; essas entre outras
questões demonstram inicialmente o quão o conhecimento científico é importante
para nossa vida, por exemplo, fazer previsões, produzir instrumentos e resolver
problemas que estão presentes em nossa vida.

Neste sentido, tanto a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) os parâmetros


Curriculares Nacionais (PCNs) como os temas transversais procuram objetivamente
oferecer um ensino de qualidade que possibilite construir e garantir o respeito à
diversidade, estabelecendo seus critérios curriculares como uma referência para
uma aprendizagem significativa dos conteúdos em seus diferentes ciclos temáticos.
Já que devemos levar em consideração os tantos contextos que os estudantes estão
imersos.
Assim, esses parâmetros buscam nortear maneiras mais adequadas ou fáceis
para os problemas que encontramos na educação brasileira, a fim de tornar a
desenvolver cada vez mais as capacidades do estudante e como sendo sujeito da
sua própria formação. E é claro que isso se inicia com as interações entre o
32
professor e com o conhecimento abrangente. Aqui já cabe então citarmos, por
exemplo, as questões ligadas ao cotidiano dos estudantes, que são também
marcadas por polêmicas. São elas: ética, meio ambiente, orientação sexual, saúde,
pluralidade cultural, trabalho e consumo.

Qual seria então a proposta curricular desses Parâmetros para o ensino de


ciências naturais? E como apresentar a importância desse estudo para a formação
do estudante? Continuemos a dizer então que a escola é um espaço aberto para
aprendizagem formal, mesmo que as crianças já tragam consigo os conhecimentos
diários de sua realidade vivenciada. Como vimos no capítulo anterior o senso
comum é importante sim, porém a escola deve ultrapassar isso, possibilitando um
saber diferenciado e sistematizado, com rigor filosófico e científico. E para que isso
aconteça é necessária uma preparação pedagógica, é claro, já que não se trata de
um conhecimento costumeiro.

Diante disso, as propostas teóricas e metodológicas do ensino de ciências


devem levar a compreensão de cidadania participativa do âmbito social, político e
cultural enfatizando sua heterogeneidade e buscando uma sociedade mais
igualitária e repudiando as injustiças relacionadas à ciência e tecnologia.
Considerando isso, os Parâmetros Curriculares lançam a ideia de
interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos a serem tratados na
educação básica.

Dentro dessa proposta curricular, o ensino de ciências no fundamental é


apresentado minuciosamente em quatro grandes eixos temáticos: ambiente; ser
humano e saúde; recursos tecnológicos; terra e universo. Os últimos eixos são
tratados apenas no terceiro ciclo. Cada eixo traz conceitos variados que favorecem o
estudante obter uma compreensão geral de ciências. Alguns deles são: tempo,
espaço, energia, matéria, vida, alimentação, higiene etc. A partir daí as escolas
desenvolvem dentro de seu projeto pedagógico, qual abordagem será dada e quais
métodos para o ensino de ciências. De acordo com os PCNs:

Sendo a natureza uma ampla rede de relações entre fenômenos, e o


ser humano parte integrante e agente de transformação dessa rede,
são muitos e diversos os conteúdos objetos de estudo da área. Faz-
33
se necessário, portanto, o estabelecimento de critérios para a
seleção dos conteúdos, de acordo com os objetivos gerais da área e
com os fundamentos apresentados nestes Parâmetros Curriculares
Nacionais. (BRASIL, 2000, p.33)

Para o ensino fundamental, os PCNs apresentam alguns objetivos que devem


ser alcançados durante os primeiros e segundos ciclos das ciências naturais.

Como podemos observar na citação acima são inúmeras as possibilidades de


serem abordados os conteúdos de ciências em sala de aula. As atividades vão
variando de acordo com seus ciclos, oferecendo situações que constroem noções
básicas de ciências, complexas ou mais amplas já no primeiro ciclo. Além disso,
observamos nos objetivos que são destacados os procedimentos, as atitudes e os
valores humanos que o estudante venha a desenvolver. Tudo isso só pode ocorrer
se for feito uma organização, um planejamento de um determinado eixo, sem
esquecer que é nesses ciclos os primeiros contatos da criança com meio ambiente,
com o corpo, com a tecnologia, recursos naturais e a ciência de modo geral.

Tendências e métodos no ensino de ciências

Em nossa vida sempre esteve e se faz presente a questão da metodologia


nas mais simples e diversas situações. Quando pensamos em como vamos resolver
determinado problema, preparar uma receita, conquistar alguém, enfim todas
exigem um processo, uma técnica, uma análise, objetivos a serem atingidos. Aí vem
a pergunta: Como? Quando? O que? Para quê? Onde? Em se tratando do ensino de
ciências diríamos: Como ensinar ciências? E na educação infantil? Existe um
método eficaz para ensinar e aprender ciências?

A questão do método por ser proveniente da ciência, tornou-se ao longo de


sua história algo que emite polêmica, criatividade, complexidade, dedicação exigente
e muita reflexão nos procedimentos que vão ser adotados para uma exausta
experimentação. Temos que ir, além disso, e compreender que a metodologia é uma
forma de mudar e não repetir certas tendências docentes que ficam desligadas da
realidade, da pesquisa, do estudante, sendo apenas verbalistas, passivas e

34
conteudistas. O ensino de ciência não pode se resumir a mera transmissão e
acumulação de conhecimento, visões deturpadas, mas sim torná-lo atraente e
significativo para o estudante. E obviamente essa é uma tarefa difícil, porém não
excludente.

Os procedimentos do ensino de ciências passaram por muitas transformações


e inovações ao longo de sua incorporação no ensino fundamental e médio. Nele
encontramos algumas metodologias adotadas que permaneceram durante décadas
nos ambientes escolares. As que ficaram bastante conhecidas são os modelos:
tradicional, tecnicista e investigativa.

O primeiro funcionava na base da decoreba de matérias, sem nenhuma


reflexão, por isso, é conhecida também como conteudista. As únicas fontes de
verdade eram o professor e o livro didático, embora sejam bem defasadas,
infelizmente ainda existem nas práticas docentes.

O segundo tornava o conhecimento mais prático, pois a ideia era reproduzir


os experimentos científicos de grandes cientistas em sala de aula e nos laboratórios.
Em meados da década de 70 especialistas no ensino de ciências começaram a
questionar o papel que o estudante ocupava nesse conhecimento, tem-se aí o
terceiro modelo.

A partir de então, o estudante se tornou sujeito central da aprendizagem,


sendo crítico, capaz de dominar e resolver problemas, ao levantar hipóteses,
observações, pesquisas e investigações, não se restringindo apenas ao livro didático
e ao professor.

Os autores Delizoicov e Angotti apontam que nos anos (60 e 70) houve três
fortes tendências do ensino de ciências, que são: tecnicista, escola novista e ciência
integrada. A tecnicista recebeu suas caraterísticas da psicologia comportamental.
Eram aplicados testes com intuito de mostrar as transformações no comportamento
ao longo dos estudos. A chamada escola novista, possuía também uma
aproximação com a psicologia, porém voltada para o conteúdo. Valorizava
excessivamente o método científico em sala de aula, ou seja, as atividades eram
35
experimentais, no qual os estudantes reproduzissem, imitassem os trabalhos
desenvolvidos pelos cientistas. Isso veio a acarretar ao chamado método da
redescoberta. Já a ciência integrada procurava fixar a ideia de que o professor de
ciências bastava saber usar os materiais, aplicar as instruções e pronto, sem
precisar de um profundo conhecimento do assunto que iria tratar em sala de aula.

Para compreender melhor e simultaneamente proporcionar um norte sobre


qual método e técnica adotará para o ensino de ciências na educação fundamental,
é necessário conhecer dois métodos que são importantes para sua escolha. São
eles: método da descoberta e o da redescoberta. O seu contexto escolar e social,
assim como seu perfil definirá sua prática em sala de aula.

O método da descoberta, como próprio nome diz, favorece o estudante a


descobrir seus próprios caminhos, o mundo ao seu redor sem ou com a intervenção
direta do professor. A criança passa a fazer corajosamente testes, hipóteses, tomar
decisões, conclusões, observações, exploração e manipulação dos instrumentos e
objetos que sejam de forma simples e precisa. A criança é um ser curioso e juntando
esse método em sala de aula consequentemente favorece a construção do
conhecimento científico e de conceitos fundamentais.

Na prática desse método estão inseridos três aspetos que se tornaram


evidentes nas pesquisas de vários autores em ensino de ciências. São eles: técnica
da redescoberta, a técnica de projetos e a técnica da resolução de problemas. A
redescoberta se tornou ferramenta importante para o professor de ciências, ele
escolhe a temática a ser tratada e experimentada pelos estudantes. Os estudantes
não sabem os objetivos e nem onde vão chegar com o experimento, porém ao final
da atividade devem ser capazes de responder isso. O professor apresenta as ideias
e procedimentos e assim os estudantes vão acompanhando e chegam a uma
conclusão.

Entretanto a atividade também pode ser feita pelos estudantes, mas é o


professor que cria as condições para que isso aconteça, ou seja, apresenta os
materiais que serão utilizados. A experiência a ser desenvolvida cativa os
estudantes a conclusão correta do experimento.
36
É bastante comum ao falarmos de metodologia de ciências, citar elaboração
de projetos. A técnica de projeto na educação básica foi primeiramente produzida
nas séries inicias, mas agora já faz parte do ensino médio também. Esses requerem
um planejamento, uma ação a ser desenvolvida que segue alguns objetivos que
devem ser alcançados ao longo do seu processo. É caracteristicamente uma
atividade escrita, mental e prática ao mesmo tempo, estimulando o estudante a
pensar algo, projetar, e em seguida executa a sua própria ideia. E como sabemos
todo projeto requer perguntas básicas: O que? Por quê? Para quê? E Como? Estas
deverão ser respondidas ao longo da pesquisa.

Outra abordagem é a solução de problemas. Essa é uma técnica bem antiga,


desde o filósofo grego Sócrates (469-399 a.C), quando idealizou o método da
maiêutica. Que resumidamente era uma forma de aprender através de perguntas e
respostas, do diálogo, da dialética entre os participantes. Hoje essa é uma
metodologia bastante usada na prática pedagógica com a finalidade de tornar o
estudante autônomo em seus pensamentos provocando uma aprendizagem criativa
desde a infância. No ensino de ciências essa é uma alternativa bem relevante,
sendo usada pelos professores em sala de aula nas temáticas ou em provas.

A resolução de problemas consiste em apresentar determinado problema de


ciências para o estudante, e este passa a pensar, enfrentar o questionamento em
busca de uma solução. Mas não se trata de uma dúvida ou resposta qualquer, o
procedimento tem que ser científico e deve seguir etapas indispensáveis da
resolução. Para que isso aconteça o professor mostrará as etapas que norteiam
esse caminho resolutivo que são:

a) compreender o problema c) Executar o plano


b) Estabelecer um plano d) Fazer a verificação ou o retrospecto

São exemplos de alguns problemas para o estudante do ensino fundamental:


Por que o céu é azul? Por que o arco-íris é colorido? Por que a Lua não cai? Como

37
se forma a nata do leite? Como separar o sal da água do mar? Por que a água
borbulha quando ferve?

Questões como estas fazem com que o estudante durante a solução de


problemas busque alternativas rígidas, com teor científico para resolvê-las.

Na educação matemática essa metodologia de resolução de problemas é


bastante conhecida e utilizada, visto que foi elaborada pelo exímio matemático
húngaro, George Pólya (1978). E a partir daí outras ciências começaram a aplicar
em suas pesquisas.

Para cada passo o professor poderá fazer os seguintes questionamentos que


orientem os estudantes nesse processo de aprendizagem por resolução de
problemas. A seguir veja como Polya (1978) distribuiu e facilitou a compreensão do
que se refere às distintas etapas de trabalho acima.

Compreender o problema
a) O que se pede no problema?
b) Quais os dados e as condições do problema?
c) É possível fazer uma figura, esquema ou diagrama?
Elaborar um plano
a) Que estratégia você irá desenvolver?
b) Procure organizar os dados em tabelas ou gráficos.
c) Você se lembra de um problema semelhante que poderá ajudá-lo a resolver este?
d) Procure resolver o problema por partes.
Executar o plano
a) Execute o plano elaborado, verificando-o passo a passo;
b) Efetue os cálculos indicados no plano;
c) Execute a estratégia traçada ou outras pensadas, obtendo várias maneiras de
resolver o mesmo problema.
Fazer um retrospecto ou verificação
a) Examine se a solução obtida está correta.

38
b) Existe outra maneira de resolver o problema?
c) É possível usar o método empregado para resolver outros problemas
semelhantes?

Essas ideias mencionadas acima ao serem adotadas em sala de aula são


importantes, mas o professor precisa saber selecionar as temáticas principalmente
aquelas bem interessantes, desafiadoras e instigantes para os estudantes
discutirem. Assim como, fornecer um tempo maior para os estudantes resolverem,
pensar em como proceder com a situação problema. Tudo isso faz com que os
estudantes sejam participativos, que possam ser ativos e não apenas passivos na
produção de saberes. Mostrando que se aprende mais fazendo e não olhando
alguém ou o professor, o ensino passa a ser investigativo.

Esses métodos e técnicas aqui supracitados tem o propósito de subsidiar o


professor na hora da tomada de decisão quando for ministrar as aulas de ciências. E
ainda mostrar que é possível o professor sair do tradicional e ousar com seus
estudantes no processo de aprendizagem, sendo um incentivador, moderador do
pensamento e atitude independente do estudante. Isso faz com que o ensino de
ciências não se limite apenas em experimentos, laboratórios, mas que propicie ao
estudante uma formação que não seja elementar, ou básica. Em outras palavras
possa aprimorar suas capacidades de observar o meio que vive, dominando os
conceitos de espaço, tempo e causalidade.

Em metodologia ou para a prática didática pedagógica Delizoicov (2011)


propõe que a atividade educativa pode ser desenvolvida em três momentos
específicos para o ensino de ciências, são eles respectivamente: problematização
inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento.

No primeiro momento, se dar o desenvolvimento da problematização inicial


com questionamentos ou situações entre professor e estudantes, a partir da
realidade e vivências destes. É como se fosse uma sondagem, na prática vão ser
coletados as opiniões e o conhecimento prévio do estudante em xeque sobre o
conteúdo a ser abordado. Nesse ínterim o professor implantará dúvidas na turma,

39
mas sem explicar ou respondê-las. Dando seguimento, no segundo momento:
organização do conhecimento, agora os estudantes passarão a fazer relações,
conceitos e definições com outras visões sobre o fenômeno e ou situações que
melhor explicam os problemas levantados. Já no terceiro momento, que é aplicação
do conhecimento, como bem diz, este refere-se à sistematização e colocar em
prática o conhecimento que foi adquirido nas etapas anteriores.

Ínterim: Característica do que é interino; provisório, meio-termo.

O quadro abaixo apresenta esses três momentos pedagógicos de maneira


sintética, evidenciando as principais atividades que devem ser desenvolvidas em
cada um deles. Esse pensamento é, na verdade, baseado nas ideias do educador
Paulo Freire: de momentos pedagógicos.

Alfabetização científica

Para enfrentar e compreender os avanços rápidos da ciência, da tecnologia,


da informação que refletem em nossa vida. A sociedade atual exige cada vez mais
conhecimento, competências, habilidades e atitudes sejam de estudantes,
40
professores, pais etc. Mas realizar essa tarefa, ainda é uma incógnita, já que
começa com os resultados insatisfatórios que o ensino brasileiro apresenta. De um
modo geral, o que vemos são problemas educacionais que continuam a existir na
escola, na sala de aula, na família entre outros. Como por exemplo: a indisciplina, a
desmotivação, a violência, evasão, desvalorização do professor.

Nesse contexto o ensino de ciências naturais em nosso país vem se


mostrando falho, basta olharmos os índices que são diagnosticados por tantas
avaliações externas aplicadas nas escolas. Uma importante área é o Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (Programme for International Student
Assessment) PISA, que procura examinar estatisticamente o sistema e nível de
ensino a partir do 8º ano com faixa etária de 15 anos. Atualmente isso é feito com
diversos países. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira - Inep é responsável pelo programa no Brasil, veja o que diz:

As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem três áreas


do conhecimento – Leitura, Matemática e Ciências – havendo, a cada
edição do programa, maior ênfase em cada uma dessas áreas. Em 2000, o
foco foi em Leitura; em 2003, Matemática; e em 2006, Ciências. O Pisa
2009 iniciou um novo ciclo do programa, com o foco novamente recaindo
sobre o domínio de Leitura; em 2012, novamente Matemática; e em 2015,
Ciências. Em 2015 também foram inclusas as áreas de Competência
Financeira e Resolução Colaborativa de Problemas. (INEP, 2015)

Nos dados de 2006 o Brasil obteve mais uma vez um resultado ruim, ficando
em posição 57º, onde participavam no total (57) países comparados no
desenvolvimento e aprendizagem do ensino de ciências. É preciso mudar esse
cenário triste, e isso deve começar logo no início da vida e aprendizagem escolar da
criança.

Quando falamos em didática e ensino de ciências, está presente uma


discussão necessária, a chamada Alfabetização Científica também conhecida pela
sigla (AC). Essa temática envolve polêmicas, controvérsias entre autores,
pesquisadores e educadores dessa área. Desde já, nossa intenção não é entrarmos
em tantos detalhes, isso requer mais tempo, porém pelo menos você adentra a essa
questão. Infelizmente, ainda é um assunto pouco explorado no meio acadêmico,
mas não inexistente. De modo que novas práticas pedagógicas são exigidas diante

41
de uma infinidade de conhecimentos, de um mundo que a tecnologia e a ciência
desafia a todo instante, torna-se continuamente importante estarmos atentos a
conteúdos relevantes.

Nos Estados Unidos o termo scientific literacy é utilizado pela primeira vez por
Paul Hurd ao reformar o ensino de ciências em sua obra datada de (1958). Nós no
Brasil traduzimos por alfabetização científica. O que seria então, alfabetização
cientifica? Essa pergunta não é fácil de responder, todavia, faremos uma tentativa
no decorrer do texto. Há alguns autores que a denominam como letramento
científico ou de enculturação científica, ou seja, o fato é que existe uma imensidão
de significado e implicações desse termo para o ensino de ciências. Diante dessa
pluralidade semântica, há algo comum: o objetivo de capacitar e formar estudantes
com amplo conhecimento científico e que saibam aplicar nos desdobramentos da
vida em sociedade. Comecemos por mostrar, já que citamos aqui o PISA, o que este
programa diz em sua matriz de ciências, ao se preocupar com a formação dos
estudantes.
O letramento científico requer não apenas o conhecimento de
conceitos e teorias da ciência, mas também o conhecimento sobre os
procedimentos e práticas comuns associadas à investigação
científica e como eles possibilitam o avanço da ciência. Assim,
indivíduos que são cientificamente letrados têm o conhecimento das
principais concepções e ideias que formam a base do pensamento
científico e tecnológico; de como tal conhecimento foi obtido e do
grau em que tal conhecimento é justificado por evidência ou
explicações teóricas. (INEP- PISA, 2015)

Em linhas gerais, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes -


PISA defende a ideia de que o estudante letrado cientificamente é capaz de fazer
correlações entre a ciência, a tecnologia, do mundo natural e da ação humana. Ao
se tornar um cidadão reflexivo terá competências cientificas como: explicar
fenômenos, planejar e analisar investigações e interpretar dados. Essas três ideias
correspondem a três tipos de conhecimento: de conteúdo, procedimental e
epistemológico.

Ao longo dos anos de história da alfabetização científica a expressão vai


ganhando novos significados e papéis, mas que ainda é algo de positivo para o
ensino de ciências, embora seja às vezes considerada impossível de ocorrer nas
escolas. O que seria a alfabetização científica na escolarização básica? É possível?
42
Nós aqui defendemos a ideia de que a ciência deve ser apresentada a criança
desde cedo, num espectro que envolve escola, família e sociedade. A criança em
seu desenvolvimento é sempre questionadora, observa tudo que a rodeia, é curiosa
e isso já é uma vantagem. Isso não quer dizer que queiramos formar ou torná-las
cientistas, mas sim mostrar que com o conhecimento científico temos um olhar
diferente, não caímos em pseudociências, em falsas informações de divulgação
científica.

Os jovens estão saindo das escolas sem uma boa formação, é necessário
reverter esse quadro e repensar o currículo. Ele não deve ser privado de conhecer a
teoria e a prática de ciências, já que isso lhe auxiliará na compreensão do mundo
em geral. Ser alfabetizado cientificamente é ser capaz de analisar a natureza,
respeitar o patrimônio cultural de um país, é saber fundamentar suas opiniões diante
das demais. Defendemos piamente, portanto, que a alfabetização científica pode e
deve ser de imediata aplicada na escolarização da criança, mesmo que a esta ainda
não saiba porventura ler e escrever, mas começa a ver o mundo pela percepção
favorecendo sua aprendizagem, e avanço na leitura e na fala.

O analfabetismo no Brasil é gritante, e em se tratando de educação científica


é pior ainda. No qual o índice de conhecimento básico em ciências é zero, e a
situação pede socorro.

O que vemos é Brasil com patamares baixos, estagnados comparados com


outros países. É claro, que para reverter essas estatísticas é preciso desenvolver um
bom trabalho com professores, estudantes e gestores sendo cientes de que o
conhecimento científico não acontece apenas em sala de aula, mas com várias
outras práticas pedagógicas, como uma feira de ciências, uma aula de campo,
visitas a museus, observatórios em vários espaços educativos. Tudo é válido
quando queremos mudar essa realidade.

Alfabetização científica se torna ainda um debate contemporâneo, como linha


de investigação do ensino de ciências que objetiva principalmente a disseminação
da ideia de capacidade de ler, escrever e se expressar através do conhecimento

43
científico. E isso deve começar nas séries iniciais do ensino fundamental, aplicando
do mais simples para o mais complexo conceito, por exemplo, do conteúdo de
higiene, de alimentação as teorias da física, da química, do universo. Assim, tendo
essa instrumentação nas ciências naturais, tem-se no futuro um cidadão que cuja
profissão realiza com satisfação e entende melhor qualquer outra área que venha a
ter interesse, ao passo que interpreta e age consciente na vida em coletividade.

A importância dar-se também no fato do estudante, ou homem comum


enquanto ser social ter uma escolaridade científica tecnológica e humana. Com essa
formação deixam de ser apenas mero espectador do mundo para se tornarem
sujeitos ativos, possuidores de uma linguagem filosófica e histórica da ciência.
Resultando numa melhoria na qualidade de vida no pessoal e no social. Então,
indivíduos alfabetizados cientificamente dialogam coerentemente com os avanços
que a ciência proporciona em nossa vida.

A ciência é humana, ela não é apenas para cientistas, ou para ficar em


laboratórios, muito menos tornar qualquer pessoa um gênio da ciência, da história
da humanidade. Mas sim, proporcionar uma alfabetização e cultura científica para a
sociedade como um todo.

Ensino de ciências na educação infantil

Todos sabem que a infância é uma etapa muito importante no


desenvolvimento da criança. Toda criança passa por diversas transformações ao
logo do seu período de bebê até chegar a sua vida adulta. Todo dia é uma nova
descoberta, uma nova sensação, um novo sentimento, e a ciência inserida nesse
processo gera um olhar infantil ainda mais aguçado e trabalhado desde os primeiros
anos de vida, num estranhamento, no que é desconhecido por ela. Parece que a
criança já nasce cientista, mas a sociedade lhe retira isso durante a vida escolar, ao
tornar o ensino muito formal, sem aprimorar suas potencialidades.

E isso deve ser levado em conta pelos educadores e familiares de modo que
essas descobertas sejam trabalhadas em sala de aula, para que assim a criança

44
possa se descobrir ainda mais, principalmente quando relacionado à ciência, todo
conhecimento que ela vai adquirindo por curiosidade natural de conhecer o mundo,
o ambiente, deve ser valido e trabalhado em sala de aula. Contudo, defendemos a
ideia de que é possível abordar ciências na primeira infância. As novas gerações
devem caminhar no ritmo frenético das transformações científicas e tecnológicas
favorecendo a compreensão do dinamismo do mundo, do desenvolvimento cognitivo
e despertando a inteligência da criança.

Um programa de ciências para o ensino infantil não quer dizer que a criança
irá estudar: teorias, leis, fórmulas, métodos científicos difíceis, mas sim estabelecer
um primeiro contato, uma protofonia com a ciência. Assim, quando chegar a hora de
adentrar nesses pontos, ela já estará bem preparada e aprenderá melhor. Nos
parâmetros curriculares nacionais da educação infantil têm-se esses eixos
temáticos: movimento, artes visuais, música, linguagem oral e escrita, natureza e
sociedade, matemática.

A compreensão de que há uma relação entre os fenômenos naturais


e a vida humana é um importante aprendizado para a criança. A
partir de questionamentos sobre tais fenômenos, as crianças
poderão refletir sobre o funcionamento da natureza, seus ciclos e
ritmos de tempo e sobre a relação que o homem estabelece com ela,
o que lhes possibilitará, entre outras coisas, ampliar seus
conhecimentos, rever e reformular as explicações que possuem
sobre eles. (BRASIL, 2000)

Esses conteúdos devem ser tratados de maneira prática e lúdica pelo


professor. Acreditamos ser possível trabalharmos de maneira simples, mas
significativa com as crianças, dando e criando condições para que elas explorem o
meio em que vivem os animais, as plantas, objetos e se desenvolva o lado social,
interação com as pessoas e as outras crianças. Apesar de expostas as orientações
dos PCNs, o ensino de ciências em algumas escolas chega muito tardiamente.

Ao falarmos em educação infantil não podem faltar as ideias de Paulo Freire


(1921-1997). Seu pensamento influenciou bastante o ensino em vários aspectos
pedagógicos da escola, da sociedade e do educador. Quem de nós já ouviu falar em
ação-reflexão, empoderamento, pedagogia bancaria, do oprimido, da libertação etc.

45
Com a educação freireana aplicada ao ensino de ciências da natureza temos um
conteúdo: ético, político, contextualizado e dialógico.
.
Umas das didáticas que podem ser implantadas nesse meio é o famoso
círculo de cultura e a roda de conversa. Uma vez que considera as crianças como
seres produtores de cultura, e ao ser valorizado o processo de conscientização é
determinante para alfabetizá-las. Conjuntamente a isso, a roda de conversa é uma
maneira e um espaço para serem compartilhadas as opiniões das crianças.

Com a liberdade de se expressar, surgem durante as falas alguns conflitos e


problematização dos assuntos. Com isso, o professor tem a oportunidade de
conhecer as vivências e observar o que as crianças já sabem sobre ciências através
de suas observações dos fenômenos e acontecimentos de seus cotidianos. A partir
disso pode aproveitar esse pequeno conhecimento para discutir e implementar
novos conceitos de uma forma bem leve, simples e prazerosa. Desta forma, o
professor estará contribuindo também para que a criança desenvolva o espirito
crítico e transformador do mundo.

Ao estabelecer essa relação com a pedagogia freireana e ensino de ciências


da natureza voltada principalmente para o público infantil objetiva-se uma visão que
ultrapasse as vigentes apresentações de um ensino conteudista, crítico,
enciclopédico. E ainda excluir a ideia de que a ciência só se faz ou se ensina se
estiver em laboratórios bem equipados, ou a fazer grandes experimentos. Em
síntese, o ensino de ciências não pode ser dado a criança como memorização e
treino mecânico dos conteúdos que estar aprendendo na escola. Levar a criança a
conhecer o ser e a natureza, a se tornar autônoma e uma pessoa ética vai muito,
além disso.

O educador francês Célestin Freinet (1896-1966) lançou uma proposta que


modernizava a educação nos aspectos: a escola, o ensino e a aprendizagem.
Chegou a receber elogios de Jean Piaget. Seu pensamento, seus ensinamentos,
preceitos, revolucionaram na época e ainda continua irreverente ao influenciar
práticas pedagógicas atuais. Sua vida e obra seriam importantes para traçar seu
caminho como pensador educacional ao passo que se tornara na década de 20, um
46
professor primário. Ao ministrar aulas para crianças diariamente foi o suficiente para
experimentar o quão estavam distorcidas as ações nas escolas para a
aprendizagem desses sujeitos. Veja o que o próprio diz em sua obra Pedagogia do
bom senso.
Minha longa experiência dos homens simples, das crianças e dos
animais persuadiu-me de que as leis da vida são gerais, naturais e
válidas para todos os seres. Foi à escolástica que complicou
perigosamente o conhecimento dessas leis, fazendo-nos crer que o
comportamento dos indivíduos não obedece senão a dados
misteriosos, cuja paternidade é reivindicada por uma ciência
pretensiosa, numa espécie de reduto a que a gente do povo,
inclusive os professores primários, não tem acesso. (FREINET, 2004,
p.09)

É através de sua prática e técnica com seus estudantes, que Freinet cria uma
nova modalidade de ensino: a aula passeio, que hoje alguns professores chamam
de aula das descobertas, ou aula a campo. Ele observou que as crianças não
estavam felizes em sala de aula, não gostavam de estar ali, e que a escola era muito
formal e rígida, sem levar em consideração a afetividade. Assim, percebeu que o
que chamava a atenção delas estava fora da escola, num jardim, nas plantas, nos
animais, no céu, enfim em tudo na natureza. Por isso, a ideia da aula passeio é
justamente levar os estudantes a aquisição de conhecimentos ao ar livre. Além
dessa técnica foram desenvolvidas por ele: imprensa na escola, fichário de consulta,
livro da vida, plano de trabalho e o texto livre etc.

Ao pensarmos o ensino de ciências infantil a partir da pedagogia fertilizante


de Freinet, constatamos muitas possibilidades que o professor pode vir a fazer e
testar em sala de aula com seus estudantes. Na educação francesa são utilizados
os chamados cantinhos de Freinet na pré-escola. Trata-se de criar e possibilitar
ambientes divertidos e caraterísticos da temática a ser estudada pelos estudantes. A
sala de aula ganha uma configuração melhor para aprendizagem, que iria de um
ateliê até mesmo uma incorporação de laboratório de ciências.

Na prática do professor da disciplina isso pode se estender para organizações


e criação de feiras, de hortas, visita a planetários, exposições, enfim, dependendo
de sua região, da realidade que estão inseridos, o professor e o estudante, é na
escola que são feitas as escolhas didáticas a serem exploradas. É preciso desde já

47
nos orientar e praticarmos a pedagogia do bom senso, do trabalho e da cooperação.
Atualmente no Brasil existem alguns colégios e professores da educação infantil,
fundamental e médio que utilizam as metodologias de Freinet.

O biólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) também é referência


incontestável para a educação. Desenvolveu uma teoria do conhecimento a partir de
observações cientificas a chamada epistemologia genética, que deu título a uma de
suas obras. Elaborou quatro estágios importantes para o desenvolvimento cognitivo
da criança, são eles: sensório-motor, pré-operatório, operações concretas,
operações formais.

Embora estejam expostos aqui de maneira bem simplificada, os estágios são


estudados com mais detalhes em outra disciplina: psicologia da aprendizagem.
Nosso intuito é como aplicar esse pensamento em ensino de ciências na educação
infantil. Mesmo fazendo parte da corrente teórica e metodológica do construtivismo,
às vezes criticada, essas fases piagetianas merecem ser respeitadas e efetivadas
no planejamento estratégico de ensino. Já que a ação educativa deve ser hoje
pautada na investigação e construção do conhecimento, e não simples transmissão
de conteúdo sem vida.

Piaget (2012) mostra como a inteligência da criança vai se desenvolvendo


conforme sua idade e interação ativa da mesma com o ambiente. Assim, passa a
construir e organizar seu próprio conhecimento no cotidiano. Essas ideias vêm
contribuindo bastante para uma educação científica. O professor de posse desses
estágios piagetianos pode tornar a aprendizagem e a aula de ciências mais efetiva
na hora de apresentar os conteúdos. Deve respeitar e observar o tempo e como vai
ensinar determinada temática. Quando sabe explorar bem cada etapa da criança,
estimula sua capacidade de criar novos conceitos, além de proporcionar o
protagonismo do educando no processo de descobrimento de si e do mundo.

É importante também, o educador estar ciente que todos somos diferentes,


que mesmo passando por esses estágios comuns, cada um de nós tem limitações,
reações e pensamentos que convergem ou se assemelham com o do outro.
Organizar o ensino de ciências de acordo com as circunstâncias, compreendendo os
48
problemas: sócio, psico, econômico-políticos do contexto cultural que estão
inseridos.

Em outras palavras, o processo de aprendizagem é a união de vários fatores,


por isso é multifatorial. Observe a soma abaixo desse processo:

Sócio + psico + econômico + político = aprendizagem satisfatória

De certa forma, o professor sabendo desses aspectos acima, fica mais fácil
saber que conceitos já estão formados no estudante. Nesse caso faz-se necessário
uma atenção e cautela com a criança no momento em que for ministrar o conteúdo
de ciências se já é adequado, se estão prontas para conhecer novos conceitos. A
partir disso, o estudante pode relacionar o que previamente já sabe com o que estar
por aprender, com equilíbrio e eficácia, gerando uma boa aprendizagem.

Refletindo sobre a formação e papel do educador

Em qualquer que seja a área de ensino que o professor atue, é necessário


sempre uma boa formação ética, política e científica. No Brasil sabemos que essa
realidade ainda estar a desejar, pois o sistema educacional não prioriza isso, nem
escolas com qualidade, nem estudantes com nível satisfatório de conhecimento e
aprendizagem. Um país que valoriza a educação favorece desde o início da
escolaridade um futuro profissional qualificado para exercer seu trabalho, no nosso
caso, o de educador. Então, os problemas que o país enfrenta com corrupção,
violência, intolerância etc. Vem da raiz das coisas, dos fundamentos e de como é
oferecido o ensino aos jovens.

Atualmente existe no Brasil o programa Ciências sem Fronteiras, que objetiva


promover e consolidar a expansão e internacionalização da tecnologia, ciência e
inovação, gerando as relações de intercambio e competividade do país com o
exterior. (Governo Federal). Mas quem pode participar: estudantes de graduação e
pós-graduação das áreas contempladas é uma maneira ainda restrita, porém é um
passo útil, de possibilitar um conhecimento científico para o público alvo. Outra
49
estratégia criada também é o PARFOR - Plano Nacional de Formação de
Professores da Educação Básica veja:

A intenção é formar, nos próximos cinco anos, 330 mil professores


que atuam na educação básica e ainda não são graduados. De
acordo com o Educa censo 2007, cerca de 600 mil professores em
exercício na educação básica pública não possuem graduação ou
atuam em áreas diferentes das licenciaturas em que se formaram.
(Brasil, 1996)

O PARFOR é uma forma de possibilitar ao professor um curso superior que


ele não possui na área que está ministrando aula. Sabemos que isso é bastante
comum nas escolas brasileiras, o professor se torna responsável por disciplinas que
não condiz com sua formação, como por exemplo, tem graduação em matemática e
vai dar aula de português, e vice-versa. Ou para aqueles que desejam continuar e
elevar o currículo profissional no ensino básico. É uma ótima oportunidade para o
professor melhorar sua formação e prática na sala de aula.

Não somente as formações continuadas auxiliam o professor no


enriquecimento significativo de seus conhecimentos, mas também a participação em
congressos, simpósios, cursos de aperfeiçoamento e extensão e feiras científicas.
Os autores e pesquisadores em metodologia e ensino de ciências Delizoicov e
Angotti (2011, p.19) ao abordarem a questão do perfil do professor para a disciplina
comentam o seguinte, observe:

A nosso ver, é imprescindível a sua formação em Ciências Naturais,


o que significa estar habilitado através de um curso de licenciatura
plena em Biologia, Química ou Física. Os cursos de licenciatura
plena, mesmo com as suas deficiências e ainda que necessitem de
maior atenção para o ensino de 1ª a 4ª series, capacitam
minimamente para a atuação profissional no campo pedagógico e
didático. Isto ocorre paralela ou posteriormente à formação básica de
conhecimentos em ciências, concentrada na área de formação
especifica do professor. Ao trabalhar a disciplina o professor deverá
realizar deverá realizar um esforço para efetivar a perspectiva
interdisciplinar. Professores formados por outros cursos de
licenciatura, mesmo quando especialistas em educação, didática
psicologia da educação e outras áreas, para além dos aspectos
legais, seriam muito prejudicados ao assumirem o compromisso de
lecionar esta disciplina e desenvolvê-la satisfatoriamente.

50
Ensinar ciências é divertido, prazeroso e ao mesmo tempo desafiante. O
professor deve estar atento às temáticas que precisam ser desenvolvidas de acordo
com os parâmetros curriculares nacionais de ciências, assim como acompanhar as
informações sobre a área, a fim de compreender as questões atuais e poder levar
isso a sala de aula. Questões como: desenvolvimento e ambiente sustentável,
fracionamento do consumo de energia e água, alimentação saudável, coleta
educativa de lixo etc. Dão direcionamento para o estudante perceber e dar a devida
importância ao planeta que vive.

Esses novos valores devem ser implantados desde a educação infantil, para
que assim possamos contribuir em prol de uma nação que visem o desenvolvimento
sustentável do planeta e que a união do conhecimento delas nessa perspectiva
traga soluções futuras para o ambiente.

O educador deve aproveitar todo conhecimento que a criança leva para sala
de aula e não repreender dizendo que está errado, mas sim aperfeiçoar. Desse
modo é possível formar cidadãos com visões futuras para estabelecer um melhor
desenvolvimento e uma melhor condição para a sociedade.

Muitas funções acompanham o educador em ciências, uma delas é o


questionamento. São as perguntas que movem o mundo científico e filosófico e não
as respostas. Gerar conflitos, indagações aos estudantes despertar nele o desejo de
fazer descobertas, de saber algo, é pontapé inicial de um bom ensino. Não é só
conhecer tantas teorias já prontas, ou simplesmente conhecer quem descobriu o quê
na ciência, como meras informações. Educar em ciências tem outro significado:
fazer o estudante gostar de ciências e este saber expressa a importância desta na
vida das pessoas.

Ao professor cabe também à tentativa de desmistificar conceito de método


científico, ou seja, mostrar que a ciência pode ser falha em seu processo e
resultados. Entretanto, pode ser usado como um dos momentos investigativos em
aulas ou projetos, sem se restringir a técnica ou instrumentação laboratorial. Assim
como procurar sempre reavivar nos educandos uma atividade científica em que
começa na observação da natureza e termina num sujeito crítico, que percebe na
51
ciência uma visão de mundo. O ensino de ciências sem estas práticas deixa lacunas
na formação do estudante e não conferem o devido sentido da natureza e da
ciência.

52
53
54
PRATICANDO CIÊNCIAS

3
CONHECIMENTOS

Conhecer o mundo multifacetado do conhecimento e atividade científica

HABILIDADES

Identificar os tipos de prática docente que levam o estudante a obter uma


aprendizagem significativa em ciências

ATITUDE

Planejar formas divertidas e compreensivas de abordar o conteúdo de ciências para


os estudantes.

55
56
Os desafios do ensino de ciências

O ensino de ciências é acompanhado por grandes desafios, não apenas por


ser um conhecimento que está permanentemente em construção, mas também
pelos paradigmas entre ciências, tecnologia e sociedade encontrados nas escolas
atuais. A ideia de uma educação científica para todos deve levar em consideração
as outras áreas de conhecimento, para uma maior flexibilidade interpretativa dos
conteúdos e atividades, e pelo aprimoramento da aquisição de novas habilidades e
técnicas.

A importância da educação em ciências seria a de ampliar nossos


conhecimentos sobre o mundo e a sociedade, compreendendo fatos, fenômenos e
suas tecnologias a partir de uma nova relação entre homem e natureza, e
distanciando-se daquele passado instrumental e racionalista que se interessava
apenas em formar futuros cientistas. (DELIZOICOV, 2011)

Ainda hoje, as crianças não têm um conhecimento científico suficiente para


compreender sua realidade cotidiana, muitas vezes a proposta curricular e o
planejamento escolar não atendem as inovações e conteúdos necessários. Para
mudar esta realidade é fundamental trabalhar o processo de aprendizagem em
pontos que sinalizam as dificuldades e corroborem para os avanços, assim é
possível com pequenas estratégias motivar o interesse em ciências nas séries
iniciais.

Para os primeiros anos escolares devemos estimular o desenvolvimento da


capacidade de buscar informação, de modo a selecioná-la, avaliá-la e interpretá-la,
para chegar à compreensão desejada e permitir que a criança faça suas respectivas
conexões. Do contrário, o método do ensino de ciências vai cair no tradicionalismo
do simples exercício de memorização. (DELIZOICOV, 2011).

57
Apesar das observações descritas anteriormente, precisamos entender que a
direção do ensino, da aprendizagem e da avaliação depende da adequação do
programa às necessidades reais da escola e do estudante. Estimular o interesse
pelo estudo de ciências, mostrando a importância da disciplina e da escola na
melhoria das condições de vida são aspectos ainda sujeitos as características
culturais, sociais e individuais dos estudantes e da estrutura escolar.

Devemos ter em vista, que o ensino de ciências nos primeiros anos escolares
é essencial para edificar os conhecimentos e as oportunidades de crescimento na
sociedade. De forma que, encoraje as opiniões e o esclarecimento sobre aquilo que
passa à sua volta, buscando soluções e melhorias para realidade.

O acesso ao conhecimento científico acontece em diferentes ambientes e em


diversas formas, porém, na escola esse saber é introduzido e exemplificado de
maneira lúdica e fundamentada, pois somente na escolarização o conhecimento é
sistematizado e desenvolvido para as capacidades intelectuais em sociedade.

Desde o ensino fundamental, as crianças devem conhecer e interpretar os


fenômenos naturais, a fim de formular perguntas e solucionar problemas, assim elas
aprenderem a tirar suas próprias conclusões e interpretar situações-chaves. Por isso
a matéria de ciências precisa ser intrigante, estimuladora, inovadora e atrair os olhos
dos estudantes.

Assim, a tarefa principal do ensino de Ciências será de promover os


conhecimentos básicos para uma formação científica, capacitando os estudantes a
compreender o funcionamento do mundo e suas tecnologias, ao passo que, ainda
objetiva fazer o educando viver na sociedade em que está inserido. (BRASIL, 2000)

A ciência também é a responsável pelo desenvolvimento social, político,


econômico e tecnológico de uma nação. Seus conteúdos de ensino têm por objetivo
também desenvolver uma formação integral do cidadão, como ser pensante e
participativo. Logo nas séries iniciais a criança já constrói suas relações e
competências através de uma dinâmica social de aprendizagem, uma inteligência já

58
estimulada na base curricular do ensino de ciência. Dessa maneira, estaremos
possibilitando as condições para que o estudante exerça a sua cidadania.

Consideramos em primeiro lugar, que o papel da educação em uma


sociedade têm características estruturantes, porque promove à existência dos
indivíduos tanto pelo conhecimento como pela experiência sociocultural, de forma
ser imprescindível à valorização e o incentivo de políticas públicas para a educação.
Cada sociedade tem o dever de esmerar pela formação de seus indivíduos,
auxiliando no desenvolvimento de suas capacidades e preparando para participar e
transformar a esfera social.

A ação educativa, no seu sentido mais amplo é uma atividade humana


universal e um fenômeno social. (LIBÂNEO, 1994). A educação é o aprimoramento
da natureza humana pela iniciação à vida na coletividade, compartilhando
pensamentos, comportamentos, crenças, experiências, técnicas e costumes que são
transmitidos às próximas gerações.

Estes apontamentos representam a necessidade de uma preparação


profissional concreta e eficiente em face às exigências do trabalho docente.

Planejando as atividades

Para a eficácia do ensino e aprendizagem é necessário sempre o


planejamento, organização dos conteúdos que serão abordados durante o ano
letivo. A partir disso, o professor passa a desenvolver estratégias e metodologias
que irá utilizar com seus estudantes para o estudo da disciplina.

A fim de aprofundar e contribuir para a prática pedagógica do professor de


ciências do ensino infantil, fundamental ou médio, selecionamos algumas atividades
e propostas que podem ser organizadas e pensadas conforme a realidade vivida do
docente dentro de sala de aula. O professor deve dispor de bom senso para
escolher como vão trabalhar, quais objetivos a serem alcançados frente aos
parâmetros curriculares nacionais.

59
Com o intuito de facilitar o planejamento do trabalho, na tomada de decisão
de conteúdo, os PCNs trazem uma classificação destes, que são três categorias
importantes que devem ser levadas em consideração. Veja no quadro abaixo:

Conteúdos Conteúdos Conteúdos


conceituais procedimentais atitudinais

Cada um tem de maneira geral uma pergunta que orienta a seleção pelo
professor.

Conceitual: ================== O que o estudante deve saber?


Procedimental: =============== O que o estudante deve saber fazer?
Atitudinal: =================== Como o estudante deve ser ou
conviver?

Os conteúdos conceituais, referem-se a aprendizagem de fatos, conceitos,


nomes, dados. O estudante adquire informações, conseguem fazer abastrações e
memorizações do que estar estudando em sala de aula. Exemplo: perceber as
semelhanças entre alguns animais, a metamorfose de uma borboleta ou sapo etc. Já
os procedimentais são as decisões e ações ordenadas com um objetivo, por isso,
levam o estudante a saber fazer algo, como calcular e classificar. Durante as
atividades procedimentais, a aprendizagem pode ocorrer de forma cognitiva e
motora, quando o estudante ultliza algum instrumento para medir ou ao desenhar
um gráfico.

Os atitudinais são aqueles relacionados a aprendizagem de normas, valores e


atitudes. Como toda sociedade é regida por padrão, crenças, sentimentos etc. Que
são compartilhados e expressados pelas pessoas. O estudante conhececendo, terá
uma atitude de aceitação das diferenças nas relaçoes interpessoais, respeitando
opiniões contrárias.

60
Geralmente encontramos nos livros didáticos a seguinte divisão, como mostra
o quadro abaixo distribuido em conteúdos e atividades de aprendizagem. Veja:

Conteúdos Atividades
Factuais Repetições verbais
Conceituais Experiências pessoais
Procedimentais Aplicações e exercícios
Atitudinais Experiências + inter-relações + afetividade

Mesmo que esses três conteúdos sejam diferentes entre si, todos são
componentes indispensáveis para o processo de aprendizagem e não só podem
como devem ser relacionados. Assim, o professor passa a trabalhar, planejar e
organizar sua aula em prol da integração dessas dimensões, sem desfavorecer
nenhuma etapa para efetivação da aprendizagem do estudante. Em síntese, para
cada plano de ensino, aula, ou outra ação, o professor precisa estabelecer e se
orientar nesses tipos de conteúdos supracitados, tornando a aprendizagem
significativa.

Revista Ciência Hoje das Crianças

No Brasil o Instituto Ciência Hoje (ICH) é o responsável pela criação das


revistas: Ciência Hoje e Ciência Hoje das crianças. Atualmente é bastante utilizada
como ferramenta didática pelos professores de ciências, tendo conquistado
credibilidade na divulgação científica e no incentivo a educação científica. Por seu
compromisso e envolvimento com a comunidade científica a mesma adquiriu várias
premiações, com mais de três décadas no mercado por trazer um conteúdo com
linguagem acessível para o público em geral. Cada edição é revisada pela
comunidade científica, mostrando o grau de qualidade e compromisso nas suas
publicações, desde sua criação em 1986.

61
Muitas escolas da rede pública recebem a revista para a biblioteca, porém às
vezes não são utilizadas pelos docentes e estudantes. Mesmo assim, há um grande
número de seguidores que realmente usam em suas pesquisas, ou em sala de aula.
O professor que porventura ainda não conheça, faça isso, seja um assinante,
comece folheando e perceba a quão divertida e interessante são os assuntos
tratados nela. Traz uma abordagem bem diversificada, envolvendo matemática,
astronomia, história, biologia, química, além de temas da atualidade.

Além de ser uma revista de divulgação científica voltada para as crianças,


encontramos também jogos interativos e como fazer materiais didáticos para
construção em sala de aula pelos estudantes. Outras possiblidades impressas que
existem no mercado, para incentivar o conhecimento científico e que o professor
pode utilizar como quiser de acordo com o assunto que estiver tratando. São elas:
Superinteressante, Galileu, enciclopédias, paradidáticos, jornais, folhetos de
campanhas de saúde, de meio ambiente, poluição, lixo etc.

Uma dica para a prática do professor é utilizar os jogos educativos em ciências que
já vem pronto na Revista Astronomia.

Feiras de Ciências

O conhecimento científico se estende para além da sala de aula. Uma prova


simples disso são as feiras de ciências. Atualmente as escolas vêm cada vez mais
desenvolvendo essa iniciativa que envolve o trabalho de professores e estudantes
na realização. O aprendizado é mútuo, é extrovertido, mas também é uma atividade
que requer um plano de ação antecipado com pelos menos 4 meses, pode ser feita
usando pátio, quadra ou salas de aula da escola. O ideal é utilizar cada espaço e
estrutura da escola, não precisa exageros para a concretização e sucesso da feira, e
com duração de pelos menos de 2 a três dias. Mas isso vai da conveniência da
escola, dos objetivos e disponibilidade para o evento.

Os temas podem ser bem variados, desde experimentos em física, química,


biologia a questões inovadoras, sociais e ambientais, tecnologia, inclusão social,

62
sustentabilidade, linguagem e cultura, que estão em voga na região ou no cenário
mundial. A Feira de ciências além de proporcionar a visita da comunidade à escola
para prestigiar a feira, contribui também para a divulgação e popularização da
ciência. É uma chance de descobrir talentos para a ciência, os jovens cientistas,
durante uma aprendizagem diferente na qual os estudantes compartilham
conhecimentos, dúvidas, interesses na organização e concretização do evento na
escola.

Com a feira de ciências o estudante coloca em prática tudo o que aprendeu


na teoria em sala de aula, com as pesquisas que teve que fazer etc. Estudar assim
os conteúdos é bem mais fácil e mais eficaz e prazeroso, pode até chegar ao
resultado avaliativo satisfatório. Os estudantes aprendem de forma diferente e tem a
chance de perceber melhor na prática o que mais gosta, dando empoderamento. Na
Tv, jornais e revistas vimos muitos estudantes que durante a feira de ciências na
escola desenvolvem instrumentos, técnicas ou ideias criativas que podem resolver
problemas do cotidiano.

Quando os estudantes já possuem um conhecimento sobre feira de ciências,


é interessante o professor levá-los para conhecer e participar de feiras importantes
regionais e nacionais, como tecnológica científica, robóticas ou de
empreendedorismo, como a Febrace e a International Sciences and Engineering Fair
(Isef).

Visita a Museus, Observatórios e Planetários

Toda criança e adolescente adoram novidades, sair da inércia, se


movimentar, ir ao cinema, curtir um bate papo com os amigos, um passeio coletivo e
tantas outras coisas. O fato é que, o professor pode usar isso a favor quando estiver
tratando determinado conteúdo, fizer com que a conclusão seja a visita aos espaços
de arte, história, ciências no geral.

Quando o professor insere essa atividade no seu plano de ensino ou


programa da escola favorece o interesse dos estudantes, como também um olhar
63
crítico ao ver bem de perto esses lugares mágicos e instigantes. Hoje há uma gama
de opções para escolher, pinacoteca, um teatro, um filme, uma exposição, que
inclusive o professor pode tornar a escolha mais participativa e democrática com
seus estudantes, ou seja, escutá-los em qual gostariam primeiro de visitar.

As visitas a museus, observatórios e planetários levam o estudante a ter


contato com o mundo através de uma linguagem diferente que enriquece os saberes
escolares. Através de sons, imagens, objetos, histórias, acervos que dispõe esses
ambientes, o estudante aumenta sua percepção e compreende sua realidade de
outra forma. E se tornam importantes atividades por serem alternativas que venham
a sanar lacunas que o ensino de ciências apresenta quando se resume a sala de
aula como único lugar de estudo e aprendizagem.

Infelizmente a comunidade na maioria das vezes desconhece a existência


destes na sua cidade e região. Quer seja pela falta de divulgação ou mero
comodismo. Dentre tantos espaços públicos de divulgação científica, o que
percebemos é que o que mais chama a atenção das crianças é os de astronomia,
com seus brilhantes observatórios e planetários. A magia desses lugares exerce
fascínio nas crianças, nos jovens e até mesmo nos adultos.

A cidade de Sobral no Estado do Ceará foi a que entrou para o mundo da


ciência, quando em 1919 serviu de palco para a passagem de um fenômeno celeste:
o eclipse solar. Esse acontecimento foi determinante para a comprovação da teoria
da relatividade do físico alemão Einstein. Por conta disso, a prefeitura no ano de
1919 inaugurou a construção do Museu do eclipse e Observatório Astronômico
Henrique Morize na cidade. Não parou por ai, em 2015 foi à inauguração de outro
momento, o Planetário de Sobral. Hoje essas iniciativas contribuem para educação,
ciência e turismo na cidade, recebendo visitas de escolas, pessoas de vários
lugares, até mesmo de outros países.

Não há dúvidas de que esses espaços disseminam e levam aquisição de uma


cultura e alfabetização científica, seja por pesquisas ou simples procura de lazer. No
caso da escola, o professor fazendo esse esforço em prol de uma aprendizagem
significativa, pode levar seus estudantes nesses ambientes e estará fazendo que
64
desenvolvam a capacidade investigativa e cognitiva. O momento para acontecer à
visita fica a critério do professor, se considerar conveniente no começo ou final do
conteúdo letivo. Ao encerrar a visita, uma dica é que o professor peça um relatório
aos estudantes e em seguida faça um círculo na sala de aula e ponha todos a
dialogar sobre a experiência vivida.

Os estudantes adquirem novos conceitos, aprimoram os que já aprenderam


em sala de aula, melhorando assim, o entendimento das questões sociais, culturais
e políticas que as inovações científicas e tecnológicas trazem ao longo da história da
humanidade. A proliferação desse dinamismo metodológico e científico põe o
estudante em contato na prática com o que ver na escola, na Tv ou internet, se
distanciando assim, do tradicional.

Experimentos em sala de aula

A despeito da importância dos experimentos realizados em sala de aula,


estes não podem ser os únicos meios de apresentar o conteúdo de ciências. E
quando utilizados devem estar de acordo com o estudado pelos estudantes, para
que não fiquem sem sentido. Dependendo da forma como são conduzidos podem
gerar desinteresse ou incompreensão. Sabemos que são muitas as teorias
científicas, e carregam consigo uma complexidade e muita abstração, por isso os
experimentos são necessários, para que a criança e o jovem possam obter
aprendizado, durante a comunicação professor X estudante X experiência.

As experiências dão sentido a natureza e a ciência, elas são inseparáveis. E


esse sentido é compreendido diferentemente nos estudantes, pela idade, cultura,
valores, o modo como veem a ciência, que trazem em si, mas que não podem
excluir um conhecimento científico e uma aprendizagem significativa. A prática de
experimentos tem causado certa aversão e críticas, quando apenas são tratadas
como receitas de bolo, com ingredientes e modo de preparo e se chegar ao
resultado esperado. Em resumo, é inviável para a construção do conhecimento
quando o professor é o protagonista na execução dos experimentos e o estudante

65
fica como espectador. Nossa proposta para a prática experimental é envolver o
estudante nessa atividade que seja laboratorial ou em sala de aula.

Agora, quando a aula prática é experimental é necessário muito cuidado e


cautela do professor para com os estudantes, visto que pode ocasionar algum
acidente. Por isso, para evitar essa situação, é bom que o professor teste em casa
antes de levar a escola, assim, como procurar experimentos de uso fácil, com
materiais seguros, sem comprometer a qualidade da ação. Se porventura, o
conteúdo for mais exigente, é mais sensato fazer em laboratórios, com
equipamentos de segurança e ajuda de um técnico. Nunca exercer essa prática
sozinha, principalmente quando precisa de um conhecimento específico.

As atividades práticas através de experiências podem ser elaboradas pelo


professor da seguinte forma para a turma: demonstração de um fenômeno natural;
simulação de modelos, leitura e interpretação de gráficos e tabelas, construção de
equipamentos ou materiais simples. Deste modo, os estudantes poderão ter acesso
às situações didáticas que se tornam complicadas quando reproduzidas exatamente
como a ciência almeja. Em outras palavras, as experiências devem ser consideradas
como recurso didático e pedagógico o que é muito importante para os estudantes
aprenderem por si: formular uma hipótese, um modelo e saber explicar, argumentar
de maneira coerente os dados ou resultados da experiência.

Ainda sobre a escolha de experiências, outra dica é: procurar situações que


se aproximem ao máximo do cotidiano dos estudantes. Isso facilita bastante a
compreensão de problemas da vida com explicações científicas, propiciando uma
melhor aprendizagem em ciências naturais. Feito isso, o professor no diálogo com
os estudantes mostra a presença da ciência em coisas tão simples do dia a dia que
às vezes passam despercebidas e o estudante percebe como utilizá-las nas tarefas
domésticas. Saber a causa e efeito de determinada coisa, ser assim e não de outro
jeito, por exemplo: o gelo ser sólido, o óleo não se misturar com a água, as
temperaturas, os perigos do gás de cozinha, do álcool, a gravidade das coisas,
evitar choque elétrico etc.

66
Com esse pensamento acreditamos e defendemos que a partir de um
planejamento o professor pode fazer experimentos em sala de aula, fazendo dela
um laboratório interativo. Têm em mente quais objetivos se pretende alcançar, quais
os conceitos que os estudantes já possuem e que necessitam conhecer com essa
prática. Os conteúdos procedimentais serão importantes nessa atividade. O
professor pode antes da experiência, realizar uma sondagem, com expectativas dos
estudantes.

Com a finalidade de tornar a atividade simples mais com significados e que o


estudante possa realmente aplicar na vida, elencamos alguns experimentos que o
professor pode selecionar e verificar em qual conteúdo se adequa em seu plano,
podendo realizar em sala de aula com a turma. Confira nos anexos algumas
experiências para ampliar seus conhecimentos, que nomeamos de atividades
complementares - AC.

Sites educativos

A internet pode ser uma ótima opção pedagógica. Diante de uma sociedade
tecnológica, informativa e do conhecimento, a prática escolar tem que acompanhar
esse contexto atual. O professor pode utilizá-la de várias formas por ser dinâmica e
também estar presente em nosso cotidiano. No momento de colocar em prática é
importante ter cuidado para que a aula não se torne um passatempo ou sem
significados. Além de poder elaborar uma pesquisa para os estudantes realizarem
em casa individualmente ou em grupo, conforme o professor deseja.

Sempre desejando um desempenho e eficácia na aprendizagem do


estudante, compete ao professor traçar um plano estratégico para aplicar com a
turma. Diante de inúmeras possibilidades de atividades que podem ser feitas, vamos
aqui apresentar três sites educativos bastante interessantes e de credibilidade para
usar como ferramentas didática no ensino de ciências.

67
Seara da ciência

A Universidade Federal do Ceará- UFC possui um ambiente reservado e


dedicado à divulgação tecnológica e científica a Seara da ciência.

Além de ser aberto à visitação agendada em Fortaleza. O objetivo maior


desse espaço é estimular a curiosidade e interesse do público em geral pela ciência,
tecnologia e cultura. E ainda proporciona uma viagem nas relações desses três
temas com o cotidiano, e desenvolvendo um diálogo interdisciplinar entre as várias
áreas de conhecimento. Esse órgão de divulgação possui uma equipe diversificada
que fica disponível online para os usuários estudantes, professores, escolas etc, a
fim de levar a Seara mais próximo possível destes, ao se comunicar conectados
pelo Skipe. Podendo então tirar dúvidas, trocar ideias, enfim o que quiser saber
sobre a Seara.

Ciência em show

Em vários programas de TV esse trio já se apresentou, trazendo a ciência de


maneira descontraída e descomplicada como eles mesmos dizem. O site ciência em
show é composto por três rapazes Wilson, Gerson e Daniel que buscam tornar-se a
ciência sempre divertida e de fácil compreensão para o público em geral. Esses
meninos possuem hoje grande credibilidade em seus trabalhos, inclusive fazem
shows de ciência em muitos lugares. Desde o ano de 2004 a equipe alcançou seu
espaço na mídia brasileira, como também levam seu conteúdo no programa ciência
em casa disponibilizada na emissora de rádio e televisão BBC.

Para o ensino de ciências é mais uma opção interessante com referencial


teórico que envolve temas da atualidade e de tecnologia. Além disso, encontramos
produtos pedagógicos como: kits e almanaques da ciência. Diante de muitas opções
nossa dica para o professor utilizar em sala de aula é a seguinte:

Projeto Nau dos mestres, o qual reúne tecnologia e educação para o


conteúdo de ciências no ensino fundamental, evidenciando os passos do método

68
científico etc, apresenta também em forma de vídeos, coleção de livros, laboratório
móvel e capacitação docente; Tirinhas, estas são bastante conhecidas do
professor, como não se lembrar da famosa mafaldinha de Quino. Mas nesse caso, o
site traz tirinhas com histórias cotidianas, com temáticas relevantes de ciências. É
bem interessante, pois além de estimular e desenvolver habilidades de leitura e
escrita, o estudante aprendeu ciências brincando, com humor e criatividade.

Ciência a mão

Para o professor de ciências outra dica que vale a pena ser conferida é o site
ciência a mão. Trata-se de uma página de busca desenvolvida pela Universidade de
São Paulo – USP. Todo seu design é semelhante ao Google, pois disponibiliza
gratuitamente para estudantes e professores um leque de material didático, links,
textos, e-books, revistas, programas e outras sugestões de sites sobre educação em
ciências.

Os conteúdos são diversificados como sustentabilidade, meio ambiente e


ciência de um modo geral. Além da pesquisa sobre esses temas, na página tem as
seguintes opções para o professor escolher de acordo com a sua necessidade e da
turma. São eles:

Banca da ciência – como próprio nome diz, refere-se a levar a ciência em


forma de biblioteca ambulante. Esse projeto também faz exposições de seu acervo
em eventos de divulgação científica. A banca recebe visitação de escolas do ensino
fundamental.

Ludoteca da ciência – esse projeto busca oferecer ao público docente um


material didático com kits, e empréstimos. Para usar o professor ou instituição
devem realizar cadastro, para saber mais acesse o site:
http://www.cienciamao.usp.br/tudo/pagina.php?projeto=/experimentoteca e veja os
requisitos.

69
Mão na massa – trata-se de um projeto que se chama ABC na educação
científica. A proposta é levar à teoria a prática literalmente, direcionado para o
docente de ensino de ciências nas séries iniciais, traz várias atividades como:
experiências, incentivo à leitura e a oralidade. O projeto ABC revela uma
metodologia investigativa e questionadora colocando o estudante como ser
importante na construção do conhecimento. Essa é uma forma de enriquecer e
fortalecer o trabalho do professor em sala de aula.

70
Explicando melhor com a pesquisa

Caro estudante, sugerimos a leitura do artigo: o papel da experimentação


no ensino de ciências. Esse artigo procura determinar as várias fases do
pensamento científico, ressaltando a contribuição da experimentação na forma de
um dispositivo sócio técnico inerente a esse pensamento.

Caro estudante, propomos também a leitura do artigo: O ensino de Ciências


na 5ª série através da experimentação. Esse artigo relata que através do estímulo
e o desenvolvimento da Educação Científica se fazem necessários por
possibilitarem ao estudante melhor acompanhamento da evolução da Ciência, das
transformações que ocorrem na natureza e da história do homem.

Guia de estudo: Após a leitura desses artigos faça uma resenha crítica sobre
a contribuição da experimentação no processo de ensino - aprendizagem no
ensino de ciências.

71
Leitura obrigatória

Caro estudante, propomos a leitura dos Parâmetros


Curriculares Nacionais de Ciências Naturais. É um texto
que deve ser lido pelos professores que irão ministrar
aulas de ciências na educação básica. A Proposta dos
(PCNs) facilita e traz um norte para o trabalho docente na
escola, trazendo uma discussão importante sobre o ensino
de ciências naturais. Uma coleção de documentos
desenvolvida pelo governo federal para o ensino básico
com metas e referenciais a serem atingidos na educação,
já que compõe a grade curricular de uma instituição educativa.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: ciências naturais. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

Guia de estudo: Logo após a leitura dessa obra, faça uma reflexão e construa
um texto abordando os (PCNs) como uma ferramenta que auxilia o professor
no processo de ensino-aprendizagem.

72
Saiba mais

Para aperfeiçoar ainda mais seus conhecimentos na disciplina sugerimos que


assista a entrevista. Formação de Professores de Ciências - Ana Maria Pessoa
de Carvalho. Essa entrevista aborda alguns aspectos fundamentais para a
formação de professores em ciências.

Guia de estudo: Ao assistir essa entrevista elabore um texto sobre a


influência do professor como estímulo para o ensino de ciências. Compartilhe
sua reflexão no ambiente virtual através da página do fórum.

73
Vendo com os olhos de ver

Para enriquecer seus conhecimentos e melhorar seu domínio no assunto


estudado recomendamos:

Vídeo 1: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Ciências - UAB


IFPA. Duração (8min. 47seg). Neste vídeo é abordada a interação do conhecimento
científico com o conhecimento cotidiano.

Vídeo 2: Ensino de Ciências: métodos e técnicas. Duração (14min.


27seg.). Neste vídeo o “ensinar” é baseado no cotidiano do estudante, com aulas
práticas do dia a dia.

Guia de estudo: Ao assistir esses vídeos construa um texto apontando a relação


do conhecimento científico X conhecimento do cotidiano, em seguida interaja com
seus colegas suas descobertas no ambiente virtual através da pagina do fórum da
disciplina.

74
Revisando

A sociedade atual, que recebeu a nomenclatura: conhecimento, informação e


tecnologia, nos apresenta um mundo que é manipulado por essas características. A
ciência faz parte desse contexto chegando a vários setores da vida humana, e sem
ela não haveriam tantas transformações sociais, políticas, econômicas, mesmo que
em nosso país ainda seja baixo o conhecimento científico. O conhecimento científico
evidencia soluções para os problemas das pessoas e da comunidade. Isso faz com
que se torne mais fácil o diagnóstico e tratamento de doenças, ampliaram o acesso
à informação, encurtaram distancias e viabilizaram com um click serviços de bancos,
supermercados, farmácias e lojas.

Diante tantos avanços, pode se compreender que o homem pode fazer uma
leitura da realidade de várias formas, usando o senso comum, senso crítico,
científico, religioso, entre outros. Sabendo que esses conhecimentos são apenas
maneiras diferentes de relacionar-se com o mundo e, por isso, não devemos rivalizar
com a pluralidade de saberes e entendimentos.

O ensino de ciências no Brasil além de recente, precisa melhorar e muito


ainda na educação desta. Isso faz com que a educação desse país não possua uma
tradição relevante de inúmeros avanços, assim como na produção de cientistas.
Entretanto, tem se preocupado com o ensino, a formação e criação de espaço que
demostrem diretamente uma aproximação e familiarização com a ciência, possuindo
uma alfabetização cultural e científica. A escola pode ser um pontapé inicial para
que esse saber seja introduzido e exemplificado de maneira lúdica e fundamentada,
pois somente na escolarização o conhecimento é sistematizado e desenvolvido para
requerem as capacidades intelectuais em sociedade.

Com isso, a prática e formação docente torna-se uma das questões


discutidas hoje no âmbito da educação científica. Já que em avaliações externas o
nível de conhecimento dos estudantes deixa a desejar. É importante que o professor

75
se capacite sempre para que possa auxiliar nesse quadro e poder mudar essa
realidade.

A sociedade assim como o mercado de trabalho está evoluindo e no


contexto educacional a cobrança é ainda mais restrita, pois não há mais espaço
“para fazer de conta” as instituições de ensino estão cada vez mais atentas para um
perfil que requer e exige um profissional qualificado para desenvolver atividades em
qualquer área de conhecimento.

76
Autoavaliação

1- Quais as transformações que a ciência proporcionou ao cotidiano do homem?

2- Apresente sua compreensão sobre:


a) ciência b) senso comum

3- Quais são as fases básicas do método cientifico? Explique cada uma delas.

4- Faça uma distinção entre senso crítico e senso comum.

5- Faça uma pesquisa sobre as explicações existentes sobre a origem do universo.


E em seguida pense como você abordaria esse conteúdo em sala de aula com seus
estudantes.
6- Leia o trecho:
O percurso das Ciências tem rupturas e depende delas. Quando
novas teorias são aceitas, convicções antigas são abandonadas em
favor de novas, os mesmos fatos são descritos em novos termos
criando-se novos conceitos, um mesmo aspecto da natureza passa a
ser explicado segundo uma nova compreensão geral, ou seja, um
novo paradigma (BRASIL, 2000, p. 23).

A partir da leitura, como você pode estabelecer os benefícios que a ciência traz ou
pode gerar na vida do homem?

7-O que significa alfabetização científica?

8- Em sua opinião, qual a importância ou necessidade de ensinar ciências na


educação infantil?

9- Cite os eixos temáticos apontados pelos parâmetros curriculares nacionais de


ciências naturais?

10- Que atitude o professor de ciências deve ter em sala de aula para desenvolver
uma aprendizagem significativa nos estudantes?

77
Bibliografia

ANGOTTI, José André; DELIZOICOV, Demétrio; PERNAMBUCO, Marta Maria.


Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano: compaixão pela terra. 19. ed.
Petrópolis: Vozes, 2013

BRASIL. DECRETO No 3.276, DE 6 DE DEZEMBRO DE 1999. Dispõe sobre a


formação em nível superior de professores para atuar na educação básica, e dá
outras providências. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos
Jurídicos. Disponível em
http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/decreto/D3276.htm>. Acesso em: 10
jul.2009.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: ciências naturais. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (Org.). Ensino de ciências: unindo a pesquisa


e a prática. 2. ed. São Paulo: cengage learning, 2009.

CARVALHO, Maria Cecília M. D. (Org.). Construindo o saber: metodologia


científica: fundamentos e técnicas. 24. ed. Campinas: Papirus, 2011.

DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta Maria.


Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
Coleção Docência em Formação.

FREINET, C. Pedagogia do Bom Senso. SP. Martins Fontes, 2004.

78
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira. PISA
2015: Relatório Nacional. Apresentação. Brasília, 2001. Disponível em: . Acesso em:
25/05/2017.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. Coleção Magistério 2º
grau - Série Formação do Professor.

PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo. Editora WMF Martins Fontes,
2012.

POLYA, G. A arte de resolver problemas. Rio de Janeiro: Interciência, 1978.

SANTOS, César Sátiro dos. Ensino de ciências: abordagem histórico-crítica.


Campinas: Armazém do Ipê, 2005

79
Bibliografia Web

ANA, Maria Pessoa de Carvalho. Formação de Professores de Ciências.


Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=IMyfqxACezE. Acesso em
16/05/2017.

GABRIEL, D. Bevilacqua ;Robson, Coutinho Silva. O ensino de Ciências na 5ª


série através da experimentação. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
58212007000100009. Acesso em16/05/2017.

Interfaces e núcleos temáticos de estudos e recursos da fantasia nas artes, ciências,


educação e sociedade. Ciência Mão
http://www.cienciamao.usp.br/tudo/pagina.php?projeto=/experimentoteca.
Acesso em 25/05/17.

MARCELO, Giordan. O papel da experimentação no ensino de ciências.


Disponível em
http://fep.if.usp.br/~profis/arquivos/iienpec/Dados/trabalhos/A33.pdf. Acesso
em 15/05/2017

80
Vídeos

Formação de Professores de Ciências - Ana Maria Pessoa de Carvalho.


Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=IMyfqxACezE. Acesso em
15/05/2017.

Ensino de Ciências: métodos e técnicas. Disponível em


https://www.youtube.com/watch?v=qynHlQkj93Y. Acesso em 14/05/2017.

Fundamentos Metodológicos do Ensino de Ciências - UAB IFPA. Disponível em


https://www.youtube.com/watch?v=taPOiGiAIRc. Acesso em 16/05/2017.

81
Atividades complementares

Experiência 1: Quente e frio

O calor pode incendiar as coisas, mas só


quando há oxigênio. Você pode acender uma
vela e depois apagá-la num passe de mágica.
Basta cortar seu suprimento de oxigênio.

Conteúdo: Temperatura

Objetivo: Fazer com que os estudantes compreendam a diferença entre frio e


quente e aprender medir a temperatura.

Materiais: 1 colher de sopa de vinagre;


Fósforos;
Vela;
Vinagre;
Travessa de Vidro;
Fermento em pó;
Massa de modelar;

Procedimentos: observe abaixo o passo a passo dessa experiência didática

1 - Cole a vela no fundo da travessa com a massinha.


2- Espalhe uma colher de fermento ao redor da vela.
3- Acender a vela com um fósforo.
4- Junte uma colher de vinagre e o fermento começará a espumar.
5- Espere. De repente, a chama se apaga.
6- Tente acender a vela de novo. O fósforo se apaga antes de atingir o pavio.

82
1

2
5

3 4

83
Experiência 2: Luz para a vida

Todos os seres vivos precisam de luz. As plantas só crescem na presença da luz:


sem elas, a vida na Terra desapareceria, pois os animais e as pessoas se alimentam
de plantas ou de animais que comem plantas.

Conteúdo: Luz solar


Objetivo: Mostrar que as plantas só crescem com luz do Sol.

Materiais: Jarra com água;


Tesoura;
Toalhas de papel;
Sementes de agrião;
Caixa com tampa;
Duas tiras de papel;
Pedaço de plástico;

Procedimentos: Observe abaixo o passo a passo dessa experiência didática.

1 – Recorte uma janela grande na lateral da caixa


2- Corte fora um terço da tampa
3- Ponha o plástico e algumas toalhas de papel dentro da caixa. Devagar, despeje
um pouco de água.
4- Divida a caixa em três seções com as tiras de papel cartão
5- Semeie igualmente cada seção
6 – Tampe a seção da janela e a do meio. Coloque a seção da janela ao Sol. As
sementes provavelmente precisarão ser aguadas diariamente.
7- Depois de mais ou menos uma semana, retire a tampa. Os brotos de cada seção
estão crescendo de modo bem diferente.

84
7

2
5

85
Experiência 3: Arco-íris

A luz tem cor?

O arco-íris sempre nos chamou a atenção por sua beleza. Ele é composto por 7
cores, que na ordem são: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
Existem também outras ondas eletromagnéticas que constituem o arco-íris, porém
não são visíveis ao olho nu.

Conteúdo: Luz
Objetivo: mostrar que a luz do sol é formada de várias cores.

Materiais: 1 folha de papel em branco;


1 copo com água;
1 lanterna;

Procedimentos: Observe abaixo o passo a passo dessa experiência didática.

1 – Coloque o papel em frente ao copo com água


2- Coloque a lanterna ao lado do copo e acenda

Veja no link a seguir: http://cmais.com.br/x-tudo/experiencia/02/exarcoiris.htm

86
Experiência 4: Carga elétrica

Quando algo tem eletricidade estatística, dizemos que está carregado. Há dois tipos
de carga – positiva e negativa. Elas podem atrair-se ou repelir-se

Conteúdo: Eletricidade
Objetivo: Mostrar a existência de cargas elétricas que se atraem e que se repelem.

Materiais: caneta de plástico;


Linha;
Lenço seco e limpo;
Pote de vidro;
Garrafa plástica.

Procedimentos: Observe abaixo o passo a passo dessa experiência didática.

1 – Amarre uma linha em volta da garrafa plástica e pendure-a.


2- Esfregue o lenço na parte da cima da garrafa.
3- Friccione o lenço com a caneta.
4- Segure a caneta perto da garrafa. A garrafa se afastará.
5- Agora pendure o pote de vidro e esfregue-o com o lenço.
6 – Friccione a caneta novamente. Segure-a perto da garrafa. Ela será atraída.

87
1
6

88
Experiência 5: Cartolina mágica?

A pressão atmosférica é o peso do ar atmosférico sobre todas. Entretanto, essa


força na cartolina age de baixo para cima. Ela é maior que o peso da água sobre a
cartolina. ·.

Conteúdo: Pressão atmosférica.


Objetivo: Mostrar que o peso da água é compensado pela pressão atmosférica.

Materiais: Cartolina;
Copo;
Tesoura;
Água;

Procedimentos: Observe abaixo o passo a passo dessa experiência didática.

1 – Encha o copo com água.


2 - Recorte um pedaço da cartolina.
3- Deslize a cartolina sobre o copo, tapando-o.
4- Vire o copo de cabeça para baixo e levante o copo.

Fonte: http://cmais.com.br/x-tudo/experiencia/11/cartolinagrudenta.htm

89
90
91
92

Você também pode gostar