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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA


ESTEVAM ALVES VASCONCELOS
LUCAS GABRIEL GONÇÁLVES
PEDRO HENRIQUE DE ARAÚJO XAVIER

Redução de jornada e sua constitucionalidade

Betim
2021
2

ESTEVAM ALVES VASCONCELOS


LUCAS GABRIEL GONÇÁLVES
PEDRO HENRIQUE DE ARAÚJO XAVIER

Redução de jornada e sua constitucionalidade

Trabalho apresentado como requisito de avaliação


do curso de Direito do Centro Universitário UNA
para aprovação em disciplina de direito do trabalho.

Betim
2021
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RESUMO

Neste artigo vamos estar abordando informações relevantes quanto a redução


da jornada de trabalho, com o objetivo de apontar e esclarecer os principais motivos
para que essa redução seja parte do nosso cenário atual. Buscamos trazer o
entendimento para um lado mais humanitário, onde a maior parte da população
recorre ao trabalho para ter uma vida boa na qual possa desfrutar de momentos de
lazer com amigos e família, momentos os quais muitas vezes não ocorrem devido a
grandes jornadas na empresa e o cansaço decorrido ao trabalho árduo, deixando de
lado um de seus direitos sociais citado no artigo 6º da CF, sendo ele o direito social
ao lazer.
Outro ponto que será objeto de estudo é a respeito da saúde mental do
trabalhador, onde é comprovado cientificamente que um funcionário bem
mentalmente e fisicamente possui menos chances de faltar ao trabalho, além de
gerar uma grande concentração e disposição na hora de executar suas tarefas,
dando assim a empresa um maior rendimento resultando em lucros, e finalizando
este artigo se encontra o tema relacionado a compensação da jornada e seus
regimes, principalmente no instituto de banco de horas sob a ótica da Reforma
Trabalhista.
Palavras Chave: Reforma Trabalhista, Jornada de Trabalho.
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ABSTRACT

In this article, we will be covering relevant information regarding the reduction in


working hours, in order to point out and clarify the main reasons for this reduction to
be part of our current scenario. We seek to bring understanding to a more
humanitarian side, where most of the population turns to work to have a good life in
which they can enjoy leisure time with friends and family, moments that often do not
occur due to long journeys in the company and fatigue due to hard work, leaving
aside one of their social rights mentioned in article 6 of the FC, which is the social
right to leisure.
Another point that will be studied is about the mental health of the worker, where
it is scientifically proven that an employee who is mentally and physically well has
less chances of missing work, in addition to generating great concentration and
willingness when performing their tasks, thus giving the company a greater income
resulting in profits, and at the end of this article, there is the topic related to the
compensation of the workday and its regimes, mainly in the time bank institute from
the perspective of the Labor Reform.

Keywords: Labor Reform, Workday


5

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................6

MARCO TEÓRICO.......................................................................................................8

REDUÇÃO DA JORNADA E SUA CONSTITUCIONALIDADE.................................12

1 A Jornada de Trabalho............................................................................................12

1.1 A hora extra..........................................................................................................13

1.2 Intervalo intrajornada............................................................................................13

1.3 Descanso semanal...............................................................................................13

1.4 Horas noturnas.....................................................................................................14

1.5 A redução na jornada de trabalho........................................................................14

2 JURISPRUDÊNCIA E A REDUÇÃO DE JORNADA...............................................16

CONCLUSÃO.............................................................................................................19

REFERÊNCIAS..........................................................................................................21
6

INTRODUÇÃO

Desde a revolução industrial, que teve início na Inglaterra a partir da segunda


metade do século XVIII, as conquistas do trabalhador vem ganhando configuração.
A primeira convenção da OIT em 1919 estabeleceu que os países contratantes
deveriam adotar jornada de 8 horas diárias e 48 horas semanais.

No Brasil a industrialização se iniciou no século XX, sem nenhuma


regularização os operários chegavam a trabalhar 18 horas por dia. E foi assim que
os sindicatos e as greves começaram a ganhar força, tendo como sua pauta
principal a duração do trabalho.

Porém, mesmo essa luta sendo antiga apenas na Constituição de 1934 que o
período de trabalho foi regularizado, prevendo que a duração do trabalho seria de
oito horas diárias.

Pela constituição atual, a jornada de trabalho é regularizada em seu artigo 7º


XIII.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e


quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
(Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)

E sendo definido na CLT em seu artigo 4º o que é jornada de trabalho.

Artigo 4º: considera-se como tempo de serviço efetivo o período em que o


empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando
suas ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.

Portanto, há uma diferença entre horário de trabalho e jornada de trabalho,


sendo horário de trabalho os marcos de início e fim de um dia de trabalho e a
jornada de trabalho o efetivo tempo de trabalho.
7

A lei garante, também, que os empregadores concedam aos empregados


intervalos dentro da jornada laboral. Existem trabalhos que os intervalos já estão
computados em sua jornada de trabalho, como médicos, profissionais que atuam
em câmaras frigoríficas e os que trabalham nos serviços subterrâneos.

Quando o funcionário ultrapassa a quantidade de horas especificadas em


contrato, há o pagamento pelas horas excedentes, isto se chama hora extra. Elas se
valem mais do que as horas trabalhadas no tempo normal, e se isto ocorrer em
períodos de feriados ou descanso semanal o pagamento será de 100% a mais no
valor da hora.

No que se refere ao trabalho noturno, que são todos os trabalhos realizados no


horário inverso à jornada de trabalho normal, deverá ser pago um adicional, sendo
estabelecido na CLT e na CF as regras específicas em relação a esse tipo de
trabalho. Anteriormente, havia a proibição desse trabalho para mulheres, mas a Lei
7.855/1989 foi revogada e as mulheres passaram a ter os mesmos direitos dos
homens.
8

MARCO TEÓRICO

Segundo a Nota Técnica 87 do DIEESE – Departamento Intersindical de


Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, a Campanha Nacional pela Redução da
Jornada, promovida pelas Centrais Sindicais brasileiras, com apoio técnico do
DIEESE, visa à redução do limite máximo da jornada de trabalho em vigor no país
de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salários. Iniciada em 2003, a
Campanha se insere em uma história de lutas dos trabalhadores muito antiga – que
remonta aos tempos da primeira revolução industrial, quando se trabalhava por até
16 horas por dia –, e, ao mesmo tempo, muito atual. Atualmente, devido a diversas
mudanças na forma de organização do trabalho, e também na sociedade de forma
mais ampla, a questão do tempo de trabalho coloca-se novamente no centro da
discussão.

A melhoria das condições de trabalho, em conjunto com a redução da jornada


de trabalho, não se deu de forma simples, e na realidade, sempre esteve presente
em debates sindicais, desde o início da industrialização no Brasil. Até a década de
1930, 6 era quase inexistente alguma legislação que tratasse de forma completa o
âmbito da jornada de trabalho, regulamentando-a, e estabelecendo limites para o
funcionamento das relações empregatícias. Podemos verificar dentre outros, alguns
dos decretos implementados neste sentido, conforme ensinamentos de Martins:

O Decreto nº 21.186, de 22-3-1932, regulou a jornada de trabalho no


comercio em oito horas e o Decreto nº 21.364, de 4-5-1932, tratou do
mesmo assunto na indústria.

O Decreto nº 22.979/33 regulamentou jornada de trabalho nas barbearias; o


Decreto 23.084/33, nas farmácias;(...)

Durante o processo de revolução industrial, os possuidores de capital,


utilizavam diversas formas para fazer os artesãos utilizarem cada vez mais o seu
tempo para o trabalho, uma das formas, era a utilização das máquinas para impor o
ritmo de trabalho, pagando um salário baixo e tendo mais horas e mais dias de
trabalho. De acordo com a Nota Técnica 16 do DIEESE:
9

A remuneração por tarefa e o pagamento de salários baixos foram


amplamente utilizados: pregava-se a ideia de que somente enquanto a
massa de operários e artesãos fosse mantida pobre, esta se submeteria ao
trabalho dia e noite para suprir suas necessidades.

Também é necessário ressaltar que, a utilização do trabalho infantil foi algo


muito comum durante esse período, pois dessa forma, os empregadores poderiam
utilizar-se de uma mão de obra mais barata, entretanto, com o surgimento da
contabilidade de frequência escolar, essa forma de mão de obra teve uma
diminuição, tendo em vista também, que, foram iniciados os ensinamentos aos
alunos sobre questões relacionadas ao trabalho, disciplina e ordem.

Conforme ensinamentos de Alice Monteiro de Barros:

O emprego generalizado de mulheres e menores suplantou o trabalho dos


homens, pois a máquina reduziu o esforço físico e tornou possível a
utilização das “meias-forças dóceis”, não preparadas para reivindicar.
Suportando salários ínfimos, jornadas desumanas e condições de higiene
degradantes, com graves riscos de acidente.

As corporações de ofício foram extintas com a Revolução Francesa, em 1789,


pois foram consideradas incompatíveis com a liberdade de comércio, liberdade do
homem, e provocando encarecimento dos produtos e serviços oferecidos. No Brasil,
a extinção dessas corporações se deu pelo art. 179, XXIV da Constituição de 1824,
conforme consta a seguir: “nenhum gênero de trabalho, cultura, indústria, ou
comércio 7 pode ser proibido, uma vez que não se oponha aos costumes públicos, à
segurança e saúde dos cidadãos”.

As primeiras leis a regulamentarem a jornada de trabalho surgiram na França e


na Inglaterra, de acordo com Sussekind:

a) na França, onde desde 1805 já funcionava os Conseils de prud’homens,


constituídos de empregadores e empregados e com atribuições para
conciliar questões oriundas do trabalho, foi proibido o trabalho de crianças
em minas de subsolo (1813) e o trabalho em domingos e feriados (1814); b)
na Inglaterra, em 1833, foi proibido o trabalho de menor de 9 anos, limitada
a 9 horas a jornada de trabalho de menor de 13 anos e a 12 horas a do
menor de 18 anos, com a instituição de inspetores de fabricas;c) na
Alemanha, em 1839, foi vetado o trabalho de menor de 9 anos e fixada a 10
horas a jornada de trabalho de menor de 16 anos; d) ainda na França, em
10

1841, foi proibido o trabalho do menor de 8 anos, limitada a 8 horas a


jornada de trabalho dos menores de 12 a 16 anos; e) a Inglaterra volta a
legislar, em 1844, para limitar a prestação do trabalho feminino a 10 horas
diárias.

É importante ressaltar que, houve a ocorrência de um manifesto histórico nos


EUA, no ano de 1886, onde cerca de 180 mil trabalhadores saíram nas ruas
reivindicando a redução da jornada de 16 para 8 horas por dia.

Os manifestantes sofreram repressões, havendo morte de participantes da


manifestação, prisões que se finalizaram em pena de morte, porém, a manifestação
resultou na redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, conquistando seu
objetivo principal.

Mesmo com a conquista do objetivo, os trabalhadores do mundo todo


continuaram ingressando em manifestações e lutas pela conquista de seus direitos,
até que 1919, a Convenção I da OIT – Organização Internacional do Trabalho
limitou a jornada diária de trabalho no setor industrial em 8 horas e a semanal em 48
horas.

No Brasil, ocorreu da mesma forma que os demais países, a luta pelos direitos
trabalhistas, redução da jornada de trabalho, são temas que estão sendo debatidos
até os dias de hoje, sendo que fim do século XIX e começo do século XX, a busca
pela redução da jornada de trabalho já se apresentava com bastante força nas
reivindicações.

Depois de muita luta, os trabalhadores brasileiros vieram a conquistar a


redução da jornada de trabalho de 10 para 8 horas diárias. também foram
conquistadas outras reduções de jornadas, com o decorrer de diversas greves
trabalhistas, que lutavam por vários direitos mínimos para os trabalhadores.

Conforme preleciona Sussekind:

Depois da Revolução de 1930 todas as Constituições dispuseram sobre os


direitos sociais do trabalhador. E não poderia deixa de fazê-lo em virtude da
Legislação decretada por GETULIO VARGAS, como chefe do Governo
11

Provisório, a partir da criação do Ministério do Trabalho, Indústria e


Comércio, a 26 de novembro de 1930.

Durante o governo de Vargas, o estado passou a intervir totalmente no que


tange à relação empregatícia, implementando uma vasta legislação trabalhista.

Entretanto, durante a segunda Guerra Mundial, muitos países, incluindo o


Brasil, suspenderam as legislações que limitavam a jornada de trabalho. Dessa
forma, os trabalhadores voltaram com as mobilizações reivindicando seus direitos,
tendo em vista que a jornada de trabalho e seus direitos conquistados estavam
suspensos, nesse diapasão, houveram diversas manifestações requisitando o
cumprimento da legislação trabalhista.

Segundo a Nota Técnica 16 do DIEESE:

No Brasil, no final dos anos 70, a reivindicação pela redução da jornada de


trabalho volta à cena, em meio à pressão dos trabalhadores pelo fim do
regime militar. Na primeira metade da década de 80 algumas categorias
profissionais conquistaram jornadas entre 40 e 44 horas, fortalecendo a
pressão dos trabalhadores para que fosse garantida sua limitação em 44
horas semanais, na Constituição Federal de 1988. Então, meio século
depois, a jornada legal foi reduzida de 48 para 44 horas semanais. Após a
Constituição de 1988, além de não ter ocorrido nenhuma nova redução da
jornada, várias alterações na legislação foram implementadas no sentido da
sua flexibilização. A partir do final dos anos 90, verifica-se um movimento,
por parte das empresas e do governo, no sentido da desregulamentação ou
da re-regulamentação pela via da flexibilização, da remuneração, da forma
de contratação e do tempo contido na jornada de trabalho. Em 1998, a
ampliação do prazo de compensação das horas extras de uma semana
para um ano, o chamado “banco de horas”, alterou completamente a
relação do trabalhador com o seu tempo de trabalho.

No geral, o ramo do Direito do Trabalho, é muito dinâmico, passando por


diversas modificações em nossa legislação, sendo assim, no Brasil, é evidente as
diversas mudanças e conquistas em relação a jornada de trabalho e direitos
trabalhistas. Passando por diversas modificações, esse ramo do direito sempre está
aberto para solucionar problemas causados pela relação do capital e do trabalho.
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REDUÇÃO DA JORNADA E SUA CONSTITUCIONALIDADE

1 A Jornada de Trabalho

A jornada de trabalho é o lapso temporal que o empregado fica à disposição do


seu empregador para a realização e cumprimento de determinado contrato
estipulado pelas duas partes.

De acordo com a CLT, em seu art. 4º,

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o


empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando
ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.

Ainda é necessário ressaltar que, o tempo que conceitua a jornada refere-se ao


prazo diário que o trabalhador está efetivamente trabalhando, sendo assim, durante
o cumprimento da jornada de trabalho diária, o trabalhador se encontra nas
dependências da empresa realizando a função que lhe foi estabelecida.

De acordo com Sergio Pinto Martins: “jornada de trabalho é a quantidade de


labor diário do empregado”.

Podemos assim verificar que, a jornada de trabalho remete-se ao número de


horas diárias de trabalho que o trabalhador presta seus serviços para determinada
empresa, sendo assim, devemos levar em consideração que o tempo de intervalo
para lanches, descanso, ou algo semelhante, não pode ser computado e
descontado, devendo ser integrado no tempo que o funcionário presta seus
serviços.

Sendo assim, podemos verificar que, a jornada de trabalho é de suma


importância para o contrato de trabalho, pois, dessa forma, pode-se medir o tempo
13

dedicado pelo trabalhador para desempenhar sua função para o cumprimento da


obrigação e consequentemente ser calculado o valor devido de sua remuneração.

Adentrando à análise dos tipos de jornada de trabalho, podemos observar o


trabalhador celetista, correspondendo ao trabalho formal, é registrado na carteira de
trabalho do empregado e nela consta a jornada de trabalho e seus quesitos. No
caso em questão, deve-se cumprir 44 horas semanais, podendo ser distribuído nos
dias da semana ou aos sábados para suprir horas que restam para o cumprimento
da carga horária estipulada.

A jornada de trabalho de estágio, também é regulamentada em lei própria e


possui carga horária menor do que de um funcionário celetista.

1.1 A hora extra

A possibilidade de hora extra é regulamentada de acordo com o art. 59 da CLT,


podendo ser acrescidas de 2 horas extras mediante acordo individual, convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

1.2 Intervalo intrajornada

Devemos ressaltar que o intervalo intrajornada, ou horário de almoço, faz parte


da jornada de trabalho, essa é uma pausa obrigatória que é regida pelo art. 71 da
CLT, sendo assim, qualquer jornada de trabalho que seja superior a 6 horas deve
contemplar o intervalo intrajornada composto por 1 hora de descanso, entretanto,
quando a jornada de trabalho for composta por menos de 6 horas e mais de 4
horas, deve ter o descanso intrajornada de 15 minutos. O intervalo interjornada é
regido pelo art. 66 da CLT, em tal dispositivo, prevê o intervalo que deve ter o
empregado entre o final de uma jornada e o início de outra jornada, dessa forma, o
dispositivo regula que deve haver um descanso de 11 horas consecutivas entre as
jornadas de trabalho.

1.3 Descanso semanal


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O descanso semanal remunerado está disposto no art. 67 da CLT, sendo


determinado um repouso semanal de 1 dia aos funcionários. Tal descanso deve
preferencialmente ser concedido aos domingos, entretanto, caso a empresa
funcione aos domingos, o descanso pode ser remanejado, sendo realizado um
revezamento entre os funcionários.
1.4 Horas noturnas

As horas de jornadas noturnas devem ser remuneradas com valor superior em


relação ao trabalhador diurno, sendo assim, os trabalhadores que possuem jornada
noturna, fazem jus ao adicional noturno em seu pagamento. Para os trabalhadores
urbanos, a carga de horas é compreendida em 22h às 5h da manhã, os
trabalhadores de lavoura de 21h às 5h da manhã, e os trabalhadores da atividade
pecuária de 20h às 4h da manhã.

1.5 A redução na jornada de trabalho

Ao analisar a situação atual do Brasil em relação a redução na jornada de


trabalho, entende-se que, de acordo com a Nota Técnica 87 do DIEESE:

a) há mais de 20 anos que não há redução da jornada legal de trabalho. A


última alteração ocorreu com a Constituição de 1988, quando o tempo de
trabalho foi reduzido de 48 para 44 horas semanais. Desde então,
importantes avanços foram conquistados pelos trabalhadores no âmbito da
negociação coletiva de trabalho. Porém, estes se restringem a categorias
que, devido à força e ao poder de mobilização que possuem, conseguiram
furar o bloqueio patronal e negociar reduções de jornada.

É necessário ressaltar que, de acordo com os dados da PED (Pesquisa de


Emprego e Desemprego – DIEESE/SEADE), em 2009, 36,1% dos assalariados
trabalharam mais do que a jornada legal de 44 horas, sendo assim, podemos passar
ao entendimento que a hora extra, regulada em dispositivo legal, acabou perdendo
a característica excepcional.

Diante de tal realidade, trata-se da necessidade da mudança da situação atual


na legislação, a diminuição de 44 horas para 40 horas na jornada de trabalho
semanal para todos trabalhadores, tendo em vista que um dos principais pontos que
necessita de amparo é a saúde da classe trabalhadora, optando assim para uma
15

melhor qualidade de vida, evitando problemas de saúde devido a extensa jornada


de trabalho.

É válido esclarecer que algumas classes trabalhadoras conquistaram tal


garantia, entretanto, a luta para a diminuição da jornada de trabalho continua a ser
conquistada para todos trabalhadores brasileiros.

A distribuição das horas na jornada de trabalho também é algo de extrema


importância, que deve ser analisado na pauta em questão.

A referida distribuição e flexibilização com o banco de horas é algo de grande


reclamação pela classe trabalhadora, de acordo com a Nota Técnica 87 do
DIEESE:

a) dificuldade para utilizar parte das horas trabalhadas a mais, ficando


sempre a cargo da empresa a definição sobre quando os trabalhadores
devem trabalhar a mais ou a menos, independentemente de suas
necessidades pessoais; b) intensificação do ritmo de trabalho e c) queda da
remuneração, por supressão do pagamento de adicionais de horas extras.

Sendo assim, podemos observar que a necessidade de diversas mudanças se


torna necessária para a conciliação do bem estar do empregado com a disposição
para exercer sua função com excelência.

A intensidade do ritmo trabalhado deve ser observada, tendo em vista que gera
impactos ao empregado dentro e fora do seu local de trabalho.

Os impactos gerados psicologicamente ao empregado devem ser levados em


consideração, a redução estipulada na jornada de trabalho gera um resultado de
diminuição em diversos fatores que colaboram com a ofensa na saúde de diversos
brasileiros.

Tendo em vista a situação atual, é recorrente os diversos tipos de doenças


geradas pelo estresse no trabalho, tais como, ansiedade e depressão que são
decorrentes, muitas vezes, de forte intensidade de trabalho.
16

Mesmo diante de tais fatos, a discussão sobre a intensidade de trabalho é


praticamente inexistente na legislação, sendo assim, é mais um forte ponto que
deve ser levado em conta quando analisamos a redução na jornada de trabalho.

2 JURISPRUDÊNCIA E A REDUÇÃO DE JORNADA

Segundo a MP 1045/21, o Novo Programa Emergencial de Manutenção do


Emprego e da Renda garantirá o pagamento de uma parte do seguro-desemprego
ao trabalhador que tiver o contrato suspenso ou o salário e a jornada reduzidos.

Segundo o artigo do blog Coalize alega que “A MP 1045/21 tem como


finalidade evitar a demissão de trabalhadores brasileiros, e o reajuste define
que esses novos acordos façam com que as empresas consigam manter
seus funcionários em meio a crise econômica.”

A princípio, as regras serão por 120 dias contados da edição da medida


provisória (28 de abril), mas poderão ser prorrogadas para as gestantes pelo Poder
Executivo.

Dando continuidade sobre o tema, é necessário entendermos como e quanto


vai ser descontado do empregado, visto que com a diminuição de sua carga horária
é necessário que seu salário sofra uma mudança também, e segundo a nova MP o
valor que vai ser recebido implicará em quanto for a redução. Se o acordo ocorrer
pelo empregador e empregado for individual, ou seja, sem participação do sindicato,
será de 25%, 50% ou 70%, incluindo o salário e jornada de trabalho.

“É importante ressaltar que, se aredução da carga horaria não implicar em


redução do sálario do trabalhador, não haverá a necessidade de
consentimento do sindicato profissional, uma vez que se trata de uma
situação mais benéfica”, segundo a página Conjur.

Nessa ocasião, caso haja redução de 50%, o funcionário terá o direito de


receber 50% do salário mais 50% do seguro-desemprego mensalmente. Vale
ressalvar que o seguro é calculado sobre a média dos salários, e o valor não é o
mesmo que o reduzido.
17

Nesta nova MP, apenas serão aceitos contratos que já eram existentes antes
de ter sido editada, e ao contrário da lei 14.020/20, não poderão receber esse
benefício aqueles que possuem contratos intermitentes. As reduções e suspensões
podem abranger setores ou departamentos da empresa e todos ou alguns dos
postos de trabalho.

A MP autoriza que seja feita a redução da jornada e do salário com percentuais


divergentes em acordos coletivos, vale ressalvar que se a redução for menor que
25% o funcionário não terá o direito de receber nada do governo, pois o benefício
apenas se enquadra em reduções de 25% até 50 %.

Caso ocorra uma diminuição de salário tão elevado que fique perto dos 50 %
até 70%, será concedido o benefício da metade do seguro-desemprego de forma
mensal. Em casos em que a redução chegue a ser maior que 70% do salário e sua
jornada de trabalho, receberá de seguro-desemprego 70% que teria direito.

Falando um pouco agora sobre acordos individuais ou coletivos, podemos


indagar que poderão ser feitos, desde de que o funcionário recebe como salário o
valor de até R$3.300,00 que seria a mesma coisa em dizer 3 salários mínimos, ou
que recebam um salário igual ou maior que o teto da Previdência, onde atualmente
é de R$12.867,14 e que já sejam graduados no ensino superior.

“Tendo como base o artigo escrito pela página PontoTel, “O acordo


individual poderá ser negociado diretamente com o empregado, sem
intermediários, no acordo coletivo a negociação é feita com o sindicato dos
empregados.”

No acordo individual poderá ser feito para aqueles que aceitarem a redução
em 25%, da mesma forma o trabalhador que venha continuar a ganhar o mesmo
salário somando-se o benefício, o salário reduzido, se for o caso, e o complemento
que o empregador pagar. Seja em outras circunstâncias a suspensão e redução
dependem de acordo coletivo ou convenção coletiva.
18

Caso o funcionário decida realizar algum acordo, o mesmo terá uma garantia
provisória em casos de ocorrer demissões sem justa causa, e posteriormente ao
final da suspensão ou redução do contrato, pelo mesmo período de tempo em que
recebeu o benefício.

Caso o empregador resolva rescindir o contrato do funcionário sem justa


causa, esse ato implicará no pagamento das parcelas rescisórias e uma
indenização.

Outro tema que é importante mencionarmos é sobre as gestantes, onde a MP


impõe regras para a usufruir do benefício.

Quando a gestante entrar em licença-maternidade, o empregador terá a


obrigação de avisar ao Ministério da Economia, e paralisar o programa de redução
ou suspensão salarial e de jornada e pagar o salário com base no que ela recebia
antes de entrar no programa. Pois segundo a MP o empregador deverá pagar
juntamente com o desconto do INSS a recolher dos demais empregados da folha de
pagamento.

No caso da gestante, a garantia provisória contra demissão contará depois


daquela prevista na Constituição, que vai do momento da confirmação da gravidez
até cinco meses após o parto.

Caso a gestante não consiga realizar seu trabalho, a mesma poderá ter seu
contrato de trabalho suspenso, trazendo a responsabilidade para o empregador em
ter que pagar a diferença entre o que ela recebe por meio do programa e o salário
normal.
Segundo o Juiz do Trabalho Otavio Calvet, “a MP tenta reduzir a
possibilidade de contaminação das gestantes, grupo de risco como
evidenciado pelas estatísticas, preservando sua renda integral. Tanto que o
legislador, ainda que de forma simplista, criou a regra para que a gestante
pudesse deixar de conviver com outras pessoas no ambiente de trabalho
e, além disso, permanecer em seu domicílio, sem deslocamentos
desnecessários.”
19

E por fim vamos tratar sobre a suspensão do contrato, onde podemos começar
dizendo que o ato da suspensão não retira o vínculo que trabalhista que o
funcionário possui, mas passa a receber o valor que é equivalente apenas ao
seguro-desemprego, mesmo com o contrato suspenso o funcionário ainda pode
gozar de benefícios que outrora era concedido pelo empregador.

No tempo em estiver com seu contrato suspenso, o mesmo não poderá realizar
trabalhos para seu empregador, seja teletrabalho, trabalho remoto ou outra
modalidade, pois caso isso ocorra o empregador terá que realizar o pagamento da
remuneração e encargos sociais.
CONCLUSÃO

Durante o ápice da era do liberalismo econômico, os detentores do capital


utilizavam a mão de obra dos trabalhadores de forma exaustiva, impondo grandes
cargas horárias de trabalho intenso que gerava um alto nível de exploração.Tal fato
se mostrava comum durante esse período, tendo em vista que a imposição de altas
cargas horárias geravam menos gastos para o empregador, sendo assim, como não
existiam leis que protegiam o empregado, as condutas exploradoras eram
frequentes no âmbito trabalhista.

A criação do Direito do Trabalho versava sobre a visão de hipossuficiência da


classe trabalhadora em relação ao empregador, garantindo uma segurança para
diminuir a exploração da classe trabalhadora. É necessário ressaltar que, o
benefício de garantia de hipossuficiência, leis trabalhistas, entre outros, somente
foram conquistados após muitos anos de luta, manifestações e greves, que gerou o
reconhecimento da igualdade jurídica. A luta ainda continua para garantir melhores
condições de trabalho, redução na jornada de trabalho entre outros direitos para a
classe proletária.

A redução na jornada de trabalho demonstra vantajosa e benéfica para os


trabalhadores que desempenham funções de risco e insalubridade, tendo em vista
que tais funções geram um desgaste físico e mental elevado, aumento no nível de
estresse, depressão, ansiedade, que podem também decorrer de pressão no
ambiente de trabalho cumulado com altas cargas horárias de trabalho. Sendo
20

assim, o risco gerado na saúde do empregado é algo extremamente preocupante


que atualmente está presente na realidade brasileira.

Além disso, a competitividade no mercado de trabalho demonstra aumentar


cada vez mais no Brasil, dessa forma, a redução na jornada de trabalho não
resultaria no prejuízo da competitividade, sendo, de fato, a forma mais saudável de
geração de novos empregos e oportunidade para os jovens obterem seu primeiro
emprego.

Nesse diapasão, demonstra-se necessário estabelecer um equilíbrio entre o


trabalho e a vida social do trabalhador para obter condições trabalhistas saudáveis.

Além disso, a redução na jornada de trabalho demonstra-se também, como


uma alternativa capaz de gerar novos empregos de qualidade, sendo uma forma de
redistribuição social com um nível superior de salubridade no ambiente de trabalho.
21

REFERÊNCIAS

Ramos, Aline da Silva. FLEXIBILIZAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO: Uma


análise sobre regime de Compensação e Banco de Horas à luz da Reforma
Trabalhista. ¹.Disponível em:
<https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27853/1/Flexibiliza
%C3%A7%C3%A3oJornadaTrabalho.pdf> Acesso em: 05.out. 2021.
BARROS, Alice Monteiro. Curso de direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2016.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr,
2006.
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