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Olio GESTAD 04 — bacscoua Coordenacao ‘MARINA RODRIGUES BORGES ACURCIO Graduada em Letras (PUC-MG), autora de livios didaticos, Diretora de Produtos e Servigos da Rede Pitagoras / Belo Horizonte. Organizacao e Introducao ROSAMARIA CALAES DE ANDRADE Pedagosa, com especiaizaco em Psicopedagogia, Supervisdo Escolar © Metodolotia do Ensino Superior. Autora de livros eartigns na dtea educacio- nal, consutora pedagogica da Rede Pitagoras/ Belo Horizonte. Autores Aida Linhares Barbosa ‘Graduada em Eduicagdo Fisiea e Pedagogia (UFMG). Pos Graduada em Metodologia do Ensino Superior (CEPEMG/Newton de Paiva). Coordena- dora e professora do Curso Superior de Educacdo Fisica do Instituto Supe- ror da Fundagio Helena Antipof. Professora de Educagio Fisica do Ci ‘lo Picdgoras - Unidade Mangabeiras Albertina Maria Rocha Salazar Graduada em Pedagogia, Foi Assessor-Téenico do Conselho Estadual de Exlucacao de Minas Gerais. Coordenou 0 processo de discussao e implan tacdo da Lei de Ditetrizes e Bases da Educacdo Nacional, Lei Fed. n°9394/ 196, em Minas e nos demas estados, Gilma Alvarenga ‘Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Ciéncias Humanas da Fundacao ‘Minera de Edueacao e Cultura (FUMEC) com especializacio em orientacio, supervisio e administragao escolar. Desde 1986 €diretora do Instituto "Casa da CCrianca” e professora dos cursos optatives do CO.LEG.ULUM , desde 2002 Lucio de Andrade Fonseca Graduado em Pedagogia e Letras pela Universidade Federal de Minas Posgraduado em Tecnologia Aplicada a Educacao e Treinamento. Foi Direior de unidades escolares e de Tecnologia do Grupo Pitagoras. E-con- sultor e palestrante sobre educacao, qualidade e tecnologia. E editor da sega Tecnologia na Escola no site vnwwredepitagoras.com.br. Pedro Faria Borges ‘Graduado em Letras pela Universidacle Federal de Minas Gerais (UEMG), ‘com pés-graduagao etn Gestao da Qualidade Total pela Fundacao Geto Vargas (FGV). Autor de livros didlicos na area de portugués e de livros para formacao de educadores. ISBN 978-85-363-0333-8 1. Acdircio, Marina Rodrigues Borges 6393 gestdo da escola coord. Marina Rodrigues Borges Actrcio: ‘org, ResamariaCalaes de Andrade ~ Porto Alegre/Belo Horizonte “AnimeddRede Pitigoras, 2004. (Colegao Escola em Aga0: 4) 1. Educagio ~ Métodos de investigacio educacional - Observagées pedagigicas. Tl, Andrade, Rosamaria Calaes de. I. Titulo. bus7012 Catalogagdo na publicagdo: Ménica Ballejo Canto ~ CRB 10/1023 @ Aaane da lideranea, segundo Max De Pree, consiste em libertar as pessoas para fazerem o que thes cabe, da ‘maneita mais efciente e humana possivel. O lider ¢ o servidor dos seus seguidores, pois afasta os obstaculos que of impede de executar tarefas. Os lideres que sobrecarregam as pessoas, em vez de capacité-las, nao estao a servico, ‘mas se servindo da lideranca, Liao 3: A Escola Tem uma Responsabilidade Social Asumir a responsabilidade social é um dos indicadores da qualidade de uma organizagio. Uma escola realiza as suas atividades dentto de una sociedade composta por seres hummanos. Ela interage com pessoas, quer sejam alunos, pals, unciondtios, fomecedores,vzinhos, aclonisias, ouras escolas, a comunidad. Nao hd como nao ter responsabil- {dade social Assumir consciente e competentemente essa tesponsabilidade é que 6 a maior necessidade de nossos dias. ‘Aeducacdo, porsi mesma, nao tem sentido. Educacao é meio, endo fim, pois a escola nao trabalha para si mesma, [Em As novas realdades, Peter Drucker afrma que a educacio modema rejeiiou os valores morals, ¢ ess reeico (ouxe ‘como conseqiiéncia a trarsmissdo de valores erraos:incierenca, irresponsablidade. cinismo. Nao ha educacao sem valores morals. O trabalho mais signifcativo, em nosss dias, diz ee, ser definir quis io os valores moras da educa- ‘Gio numa sociedade instru educar com esses valores ¢ estar fortemente comprometido com cles, Escola pata tocos e sucesso de todos na escola nao darao garantia de uma sociedade just, fraterna, democrat ca, se a educacao nao tiver um propésito social. Os grandes corrupios deste pais nao sto anaifabetos. Sdo pessoas instruida, “competentes”, que estuclaram em “boas” escolase foram bem-sucedidos como alunos. Formar pessoas ccompetentes nao é suficiente; & necessério que sejam também integras. Mas ainda nao ¢ suficente; € preciso que sejam competentes, integrase socialmente responsive Bemardo Toto, educador colombiano, enumera sete aprendizagens bésicas para a convivéncia social: Aprender a nao agredir 0 semelhante ~ Fundamento de todo modelo de convivéncia social, ‘Aprender a comunicar-se ~ Base da auto-afrmacao pesoal ¢ grupal ‘Aprender a interagir ~ Base dos madelos de relacio social Aprencer a decidir em grupo ~ Base da politica e da evonomia ‘Aprender a cuidar-se ~ Base das modelos de saide e de seguridade social Aprender a cuidar do ambiente - Fundamento da sobrevivencia Aprender a valorizar o saber social ~ Base da evolugso sociale cultural, ‘Se se quiser ter novas formas de convivencia social, em que a protecao da vida e a Felicidade sejam possives. deve-se consruflas. A convivéncia se aprende, se consttéi ese ensina, Euma tarefa de toda a vida de uma pessoa e de uma sociedade, A gestdo da escola © Dr. Humberto Maturana ~ médico da Universidade do Chile, biélogo graduado na Inglaterra e nos Estados Unidos, em Biologia del fenémeno social — afirma: ser humano 6, na sua consituigéo, social. Nao existe © humano fora do social. O genético nao determina o humano, somente fundamenta o que é humanizavel. Para ser humano, € preciso crescer hhumano entre humanos. Ainda que isso pareca dbvio, esquece-se de que se é humano somente na maneira de ser humano das sociedades a que se pertence. Se pertencemos a sociedades que valorizam, com a conduta didria de seus membros, o respeito aos ‘mals velhos, a honestidacle consigo mesmo, a setenidade na agao e a verdade na linguagem, esse sera rngsso modo de ser humano e o de nossosfilhos. Pelo contratio, se pertencemos a uma sociedade cujos membros valorizam, com uma conduta cotidiana, a hipoctisia,o abuso, a mentira e o auto-engano, esse ser nosso modo de ser humano e o de nassosfilhos. Mais do que aquilo que fala, a escola ensina aquilo que faz. Os alunos nao apenas ouvem o que dizem os professo- res, mas observa como se relacionam, o que valorizam, como trabalhiam, como se organizam, como vivern, quais sé seus valores, suas crencas. Aprendem como a escola resolve os problemas, como trata seus funcionérios, que importéin- ‘ia dé as disciplinas, aos setores, aos eventos, ao trabalho, ao lucto, ao bem-estar ¢ a satisfacdo das pessoas. Educar & mais que instruir, tansmitir conhecimentos, dar competéncia. Educar dar um sentido ao conheci- ‘mento, ¢ inspirar projetos de vida, 6 despertar 0 projeto de viver em fraternidade, é humanizar, 6 formar cidadaos, ¢, para isso, € preciso direcionar esforcos, ter lucidez em relagdo ao que se quer e ao melhor caminho pata chegar Id Finalidade da Educacao Em marco de 1990, em conferéncia mundial realizada na Tailindia, sob coordenacao da UNESCO, 155 paises colocaram como missao da escola: Satisfazer as necessidades basicas de aprendizagem das pessoas por meio de instrumentose de contetidos, Amissio é a razao de ser, a finalidade da instituigao. Por que existe? A resposta a essa pergunta nos da a missdo da ‘organizagao, mas nao o seu propdsito, a sua finalidade. Nao é na missao, mas no propdsito que uma escola se diferen- cia de outra. Para que e como satisfazer as necessidades bisicas de aprendizagem das pessoas? Por que por meio de instru- ‘mentos e de contetidos? Uma resposta, muitas vezes, deve ser apenas o ponto de partida para outras perguntas. & “A grande preocupacao com os aspectos didéticos é uma forma de evadir-se dos verdadeiros problemas da educagdo: para que trabalhamos? A quem servimos? Para que serve 0 que estamos fazendo?”, nos alerta Maria Teresa Nildecoff, em Uma escola para o povo. (Qual 6 a finalidade da educacao? Muitos se manifestaram em relacdo a essa pergunta e € pouco provavel que se chegue a uma resposta tinica, valida para todo tempo e lugar, Cada instituigao deve buscar, reinventar, ctiar uma resposia, sabendo que deve ser ‘uma resposta presente, sem que esteja circunscrita ao momento presente. (O inicio da Misso Educacional de um grupo de escolas do Estado de Minas Gerais diz o seguinte: Miss4o Educacional ‘A misséo educacional pressupée crenca na vida, crenca na capacidade de o homem compreender a realidade e nela atuar, torando-se melhor e methorando a qualidade de vida de toda a sociedade. E, pois, nossa responsabilidade como insttuigo educacional entender o pasado, viver 0 presente ¢ vislumbrar 0 futuro, para afitmar, com coragem e lucidez, os valores que fundamentam a vida, criando ccondigdes para que as pessoas se desenvolvam integralmente. entender o pasado, viver 0 presente e vislumbrar 0 futuro, Cicero disse que a finalidade da educacao ¢ libertar o homem da tirania do presente, e André Gide definiu a melhor educagao como sendo aquela que vai na diregao contratia ao individuo, ‘Atualmente, dentre as possiveis finalidades colocadas para a educa, nenhuma alcana téo facilmente o consenso quanto a formacio da cidadania. Contribuir para a formiacio ce pessoas conscientes ce seus direitos e deveres, ctiar um. estado de felicidade para as pessoas so propositos ce quase todas as escolas. Para a vivencia plena de direitos ¢ 0 cumpri- mento de deveres de modo auténomo, ha, no entanto, a necessidade de o individuo desenvolver certas competéncies. No inicio desta ligao, viu-se as aprendizagens bésicas para a convivéncia social. O exerefcio da cidadania, além dessas aprendizagens, exige as seguintes competéncias: motora, cognitiva, estética, ética, afetiva Se ndo se trabalhar objetivamente no desenvolvimento dessas competéncias, corte-se 0 risco de continuar falan- do sobre cidadania sem chegar a formar cidadaos. A escola deve harmonizar o desenvolvimento da pessoa nessas competéncias, sem privilegiar nenhuma delas. Do contrario, pode formar aleijados. Segundo Peter Drucker: “Ela (a educacao) nao pode dar-se ao luxo de permitir nem o barbaro letrado que ganha bem a vida mas cuja vida néo vale set vivida, nem o erudito amador que carece de compromisso e de eficdcia” Uma escola, se quiser realizar um trabalho de qualidade, precisa explicitar com clareza a sua finalidade, e, s¢ ‘uiser ser presente, necessita assumir a sua responsabilidade social. Assumir a responsabilidade social, em nosso pats, A.gestao da escola Coleco Escola em Aso tem a ver com 0 aprimoramento de uma ordem social de convivéncia democritica e com a consrucio de um pais ‘com equidade interna, isto €, sem miseraveis, excluldos, marginaizades. Miitos entendem por resporsabilidade social a realizado de campanhas (de agasalhos, de ealgados, de alimen: tos...) em prol das mais necesstados, de vistas a orfanatos, a asilos, a prisoes, de wrabalhos comunitaries. Algumas escolas inovaram assumindo a responsabilidad pela preservagao de rio, matas ou pelo cuidado de pracas,avenidas (ou outras éreas pablicas. Tudo iso ¢ importante e pode fazer parte da formacéo para oexercicio pleno da cidadania, mas nao reside aia essEncia da responsabilidade social que deve ser assuimica pela escola ‘Em um de seus melhores artigos para a revista Veja, em 3 de novembro de 1999, 0 economista Ctsudlo de Moura (Castro afirma: ‘Nossas escolas esido melhoranddo. O momento é bom para pedir-Ihes mais énfase na responsabilidade social. Mas hoje sabemes que adicionar cursos do estilo "morale civica’€ uma parte muito pequena da tatefa. Os alunos nao aprender civismo em aulas de civismo, mas em uma escola que pratica justica, tolerancia, equidade {generosidade. Os alunos aprendem pelo que a escola pratica muito mais que pelos sermoes em aula. A escola tern de tensinar peta exemplo. Se 0 professor trata 0 aluno rica alferente da forma que trata o pobre, falece o aprendizado da feqjidade. Se o professor chega atrasado, a ligdo de pontualidade vai na directo opost” 0 desenvolvimento da responsabilidad social nao pode ser uma atividade paralela ao curriculo escolar, Os ‘alunos nao aprendem civismo em aulas de civismo, assim como nao aprendem a ser socialmente responses vis. tando esporadicamente aslos, orfanatos, hosptais, prises, ou levando de casa para as campanhas ocasionais aquilo que hes sobra, aquilo que j8 nao querem mais, os entulhos. preciso compeeender que a resporssbilidade social esi na esséncia de uma edueagio de qualidade hoje. A maior responsabilidad socal da escola ¢ garantir a formagao de pessoas quc tenham responsabibdade socal. Esta ¢ a sua ContribuigSo espectica. Muita gente anda fazendo o reso em funcao de suas convicgSes ou de necessidades de marketing, ‘Otrabalho masala de aula ena direco de escola me ensinou que ¢ muito difell aprender a interagir. Nas acdes de carater social, empreendldas com alunos de escolas particulares, a interacao com os mais carentes comia sempre Crisco de se tomar uma acio sobre os mais pobres. Raramente encontrel pessoas, mesmo enire os educadotes. que percebiam que toda agio social & sempre uma troca, que ndo ha lado sem caréncia nessa relago, que no existe {quem sabe tudo e quem nada sabe, Nao existe um problema que sejas6 do outro; os problemas sao sempre nassos. (Considerar a pessoa e respeitar a sa dignidade é compreender que toda a solucao é sempre de dentro para fora, & {entender que s6 a interagao ¢ 0 caminho para a promogao humana. E complicado dialogar como diferente, mas & fécil defini, cirecionar, resolver a vida do outro, principalmente quando ele € o mais fraco. ‘Aptendi também que, em termos de responsabilidade social, parece ser mais requente olhar para fora que para dentro de nossas escolas. Quantos funcionsrios analfabetas, quantas famias passando necessidades, quantos doen- tes, quantos professores que deram tanto pelo sucesso da escola, com quantas mazelas se continua convivendo dentro das insttuicdes, mas 6 sempre la fora que se busca os carentes, os necesitados. Duvido daqueles que s6fazem () oy ‘0 bem na casa dos outros, Uma escola deve comegar a exercet a sua responsabilidade social junto a seus alunos, funcianatios, professores, Esta ¢ a melhor forma de edueé les para a cidadania. ESTRATEGIAS Ligo 4: Agées de Planejamento No primeino esbaco que fr deste iro, esta lgo estava com o tulo de Planejamento estratégico. Pensando um [pouco mais, percebi que o fundamental nao € a escola ter um planejamento estratepico, mas tera cultura do planejar, ‘em a qual a organizacao estar, inevitavelmente,fadada ao fraeasso, Assim como nao se constr! um prédio ou uma {estrada sem projeto, nao se deve construir uma escola sem planejamentos. “Nao hi vento afavor para quem nao sabe para onde vai’ a dizia Seneca, ‘© que parece Sbvio nem sempre & levado em consideracio na vida das escolas. Durante um bom tempo, tive ‘como ocupagao principal o trabalho de assessorarescolase conhedi escolas em todas as regioes deste pais também no teterior. Excetuando se as grandes organizagbes educacionaise as escolas que buscam a exceléncia, localizadas prc palmente nas capitais e nas grandes cidades, as pequenas e médias empresas volladas para a educa és rmaioria das vezes, nem mesmo um orcamento elaborado com um minimo de competéncia técnica, Nao é de se tesranhar que seja assim, porque embora a elaboracao de planejamentos seja uma pratica comur na indistria ha um ‘bom tempo, 0 seu surgimento como atvidade das mais importantes nas instituigdes educacionais & bastante recente. ‘A capacidade de planejaro seu futuro, defnindo as suas metas, organizando sstematicamente 0s Tecutso € 0s esfor ‘cos iecessrios para reali las e medindo os resultados em confronto com as expectatvas, € uma estatégia que nenhuma «escola pode ignorar ou desprezar, sem correo roo de perder o rumo e nao ter futuro. A falta de um proxetodficitae, as vveze, até impede o crescimento de ura escola. Uma organizago sem viso ce futuro perde tempo, enetga edinheito, ‘Teno presenciadoo drama de algumas escola de Educacio Infant que, em vinude de seu trabalho séro ecompetente, tiveram de estender, por exigéncia dos pais, 0 seu atendimento para outos seamentos, e que, nos dias atuas,tveram de

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