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UNIVERSIDADE BRASIL

Curso de Direito, Campus Fernandópolis

LUCAS MIGUEL LEITE

NULIDADES NO PROCESSO TRABALHISTA

Fernandópolis
2020
UNIVERSIDADE BRASIL 

Curso De Direito, Campus Fernandópolis 

LUCAS MIGUEL LEITE 

NULIDADES NO PROCESSO TRABALHISTA

    
Trabalho apresentado a Matéria de Direito
Processual Trabalhista da Universidade
Brasil, como complementação dos créditos
necessários para obtenção de Nota
Semestral. 
Professora: Janaína G. Mansília

Fernandópolis, SP
2020
1. INTRODUÇÃO

Para que um ato processual produza os efeitos a que se destina no direito,


este deve atender a certos moldes legais, que, neste caso encontram-se
estabelecidos em lei.
Outrora, a preocupação com o cumprimento das formalidades legais era tão
exacerbada que a produção de qualquer desrespeito por elas gerava, portanto, a
nulidade de todo o processo. Entretanto, esta questão mudou.
Atualmente, prevalece o sistema instrumental do processo em que o
resultado é privilegiado sobre a forma, entendendo então que independente da
forma, se esta alcançar o resultado já é o suficiente, sendo somente em casos
especiais que a formalidade seria indispensável para a validade do ato processual.
Neste sentido se dá o art. 188 do CPC/2015:

Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo


quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que,
realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

Sendo assim, neste trabalho será demonstrado como a nulidade se dá no


processo trabalhista.

2. CONCEITO

A nulidade se dá pela ineficácia de ato ou relação processual, quando não


observada a lei disposta, é vício que impregna determinado ato, podendo levar à sua
inutilidade e consequente renovação. Podendo ser absoluta, quando a grave
violação à lei torna o vício insanável, ou relativa, quando torna o ato apenas
anulável, possibilitando que o vício seja suprido pelas partes.
Neste seguimento, é válido as palavras do professor e magistrado Cleber
Lucio de Almeida, Nulidade é a consequência, estabelecida em lei, para a não-
observância das condições necessárias para a regularidade do ato processual.
(Almeida, Cléber Lucio de. 2006, p.437)

2.1. Nulidade Relativa


Esta viola exigência estabelecida pelo ordenamento legal
(infraconstitucional), estabelecida no interesse predominante das partes, pois visa
resguardar interesse de um dos integrantes da relação processual, não tendo assim
um fim em si mesma. Por este motivo é capaz de gerar prejuízo para uma das
partes, mas a vontade é muito mais da parte do que de ordem pública, ficando
condicionada a demonstração do efetivo prejuízo e à arguição em momento
processual oportuno.

2.2. Nulidade Absoluta

Nesse caso, o requisito legal violado não está estabelecido simplesmente


em lei, havendo ofensa direta ao texto constitucional, mais precisamente aos
princípios constitucionais do devido processo legal (ampla defesa, contraditório,
publicidade, motivação das decisões judiciais, juiz natural, etc).
Diante disso, as exigências são estabelecidas muito mais na instância de
ordem pública do que propriamente das partes, e, por esta razão, o prejuízo é
presumido. Esta também prescinde de alegação por meio das partes e jamais
preclui, podendo ser reconhecida ex officio pelo juiz, em qualquer fase do processo.
A única exceção é a Súmula 160 do STF que está abaixo transcrita:

É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida
no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

Para ser reconhecida, a nulidade absoluta exige um pronunciamento judicial,


sem o qual o ato produzirá seus efeitos de modo habitual.

3. PRINCÍPIOS DAS NULIDADES

Os princípios das nulidades são originários da teoria geral do processo e


diferem de doutrinador para doutrinador, desta forma citarei alguns que entendo
serem importantes para a compreensão do todo, tecendo breves comentários sobre
cada um.
3.1. Princípio da Instrumentalidade das formas

Este princípio privilegia o resultado em detrimento da forma, assim embora


tenha sido desrespeitada a formalidade legal para a produção de determinado ato
processual, se atingida a sua finalidade esse ato deverá ser aceito.
Sempre em mente que este princípio não será aceito quando a lei
estabelecer forma essencial para a validade do ato.

3.2. Princípio da Economia Processual

Conseguinte este princípio determina que o juiz na prática do ato processual


deverá sempre obter o máximo resultado, com o mínimo dispêndio da atividade
processual, desta forma o ato processual não será declarado nulo se for possível
seu aproveitamento, desde evidente, que não resultem prejuízo as partes.

3.3. Princípio da Legalidade

Este estabelece que tanto as nulidades quanto as formalidades devem estar


previstas em lei, neste sentido, tanto a formalidade legal quanto a penalidade por
seu descumprimento deverão estar definidas em lei, sob pena de não serem
cumpridas pelas partes.

3.4. Princípio do prejuízo ou da transcendência

Este princípio estabelece que a parte somente poderá arguir a nulidade do


ato se este efetivamente prejudica-la, neste sentido importa o disposto no parágrafo
1 do artigo 282 do CPC/2015:

Artigo 282:
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não
prejudicar a parte.

3.5. Princípio da lealdade processual


O princípio da lealdade estipula que as partes, bem como seus procuradores
procedam de boa-fé no processo, sendo que a nulidade sempre deva ser arguida no
primeiro momento em que a parte puder falar. Nesse caso, também em
consideração a este princípio, a nulidade não será declarada se a parte prejudicada
foi quem lhe deu causa.

4. AS REGRAS DA NULIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO

A seção de Nulidades na CLT, se encontra do artigo 794 ao 798, onde se


manifesta os princípios de nulidade que o legislador empregou no referido código.
Começamos, portanto, pelo artigo 794, a nulidade somente será declarada
quando o ato viciado acarretar manifesto prejuízo as partes, portanto este artigo está
relacionado ao princípio da transcendência, o prejuízo apresentado será de ordem
processual e não material às partes litigantes.

Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só


haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às
partes litigantes.

Esse ato gera um efeito maléfico para uma das partes, então é passível
de nulidade.
O artigo 795 contém atos referentes a nulidade relativa, pois, a parte tem
que arguir a nulidade na primeira oportunidade. Porque o § 1º nos diz “Deverá,
entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro.
Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.”. Como já explicitado a
nulidade relativa tem que ser suscitada pela parte, pois se não for aquele ato será
convalidado.
O parágrafo 2 nos diz: “O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente
determinará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à
autoridade competente, fundamentando sua decisão.”.
O artigo 796, alínea “a” nos remete ao princípio da economia processual como
se demonstra transcrito:  
Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:
a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato;
Pode se dar o exemplo quando a parte é citada em endereço errôneo, mas
por algum motivo fica sabendo da ação movida contra o mesmo e comparece a
audiência, não há, portanto o que se falar em nulidade do ato processual.
Na alínea “b” a parte não pode arguir nulidade de ato praticado por ela
mesma, de mesma maneira, a parte não pode se pronunciar pedindo nulidade de
ato que ela lhe deu causa.
Os artigos finais são uma complementação um do outro pois o artigo 797
nos diz que o juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende,
complementando o 798 que diz que a nulidade do ato não prejudicará senão os
posteriores que dele despendam, ou sejam, consequências.
Conferindo assim que a nulidade somente atingirá os atos despendidos do
qual se pronunciou ela e que o juiz ao explicitar isso declare quais são os atos
atingidos pela decisão.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Isto posto, justamente pelo processo do trabalho pautar-se pelos princípios


da oralidade e celeridade processual, e ainda, pela adoção em nosso ordenamento
jurídico do sistema da instrumentalidade das formas, em que privilegia o resultado
em detrimento do ato, deve-se expender que as nulidades somente serão
declaradas se o ato inquinado de nulo resultar em prejuízo para alguma das partes,
conquanto, desde que não seja possível julgar o mérito da causa em favor da parte
que seria prejudicada pela nulidade.
Sendo fato que a parte deve alegar a nulidade na primeira oportunidade que
tiver, sob pena do ato ser considerado válido, e no mesmo sentido, não será
considerado nulo o ato se resultou de ato da parte que pretende se beneficiar.
Ainda nesse sentido, o juiz não declarará nulidade se for possível suprir a
falta do ato ou ordenar a sua repetição, sendo que se declarada atingirá apenas os
atos posteriores, dependentes ou consequentes do ato nulo.

REFERÊNCIAS
BRASIL, DF, Código de Processo CIvil, DF: Senado Federal, 2015. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm;
Acesso em 10. Junho. 2020.

CASSAR, Vólia Bomfim. CLT Organizada: consolidação das leis do trabalho. 3


ed. Rio de Janeiro: Forense – São Paulo: MÉTODO, 2019.

FILGUEIRAS, Anna Carolina Melo. Nulidades Processuais. Disponível em:


https://domtotal.com/direito/pagina/detalhe/32775/nulidades-processuais. Acesso
em: 10 de Junho de 2020.

FRÁCASIO, Graciúza. Nulidades Processuais. Disponível em:


https://jus.com.br/amp/artigos/75118/1. Acesso em: 10. Junho. 2020.

TADEU, Leonardo. As Nulidades no processo do Trabalho. Disponível em:


https://www.jurisway.org.br/v2/cursoonline.asp?id_curso=14146&id_curso=1185.
Acesso em: 10. Junho. 2020.

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