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Pede deferimento.
OAB/MG 183.180
À COLENDATURMA RECURSAL
RAZÕES DO RECURSO
Eméritos Magistrados,
Art. 37. § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do
ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.
Art. 4º As contratações de que trata esta Lei serão feitas com a observância dos seguintes
prazos máximos:
(...)
IV - três anos, no caso do inciso V do caput do art. 2º, nas áreas de segurança
pública, defesa social, vigilância e meio ambiente.
(...)
III - no caso do inciso V do caput do art. 2º, por até um ano nas áreas de saúde e educação
e por até três anos nas áreas de segurança pública, defesa social, vigilância e meio
ambiente; e IV - no caso do inciso VI do caput do art. 2º, desde que o prazo total não
exceda três anos.
Neste diapasão, ressalta-se que a contratação efetuada pela parte Requerente viola,
nitidamente, o Princípio da Motivação dos atos administrativos vez que a Administração
Pública sequer cuidou de fundamentar a contratação da parte Recorrida e muito menos as
renovações vindouras, se limitando a aplicar a Lei e sua prorrogação, contudo, sem ao
menos justificar, por meio de decisões a utilização dos dispositivos legais da Lei
18.185/09.
Não pode o judiciário permitir que o ente público fracione a legislação de acordo
com a sua conveniência, corroborando com a ilegalidade, em outras palavras, não se pode
permitir que a Administração utilize-se da Lei 18.185/09 para justificar a ausência de
direito à percepção de FGTS e ignorá-la no que tange a limitação do tempo de
contratação.
III - ser novamente contratado, com fundamento nesta Lei, antes de decorridos vinte
e quatro meses do encerramento de seu contrato anterior, salvo na hipótese prevista
no inciso I do caput do art. 2º, mediante prévia autorização e com amparo de dotação
orçamentária específica, nos termos do art. 5º.
4. A causa de pedir da presente ADI, contudo, vai um pouco mais além daquela que restou
enfrentada pelo Plenário no precedente antes referido, uma vez que o requerente invocou
outros parâmetros de controle que ficaram de fora da deliberação anterior. Aqui se alega
também que a MP 2.164-40/01 teria interferido na autonomia administrativa dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios no tocante à prerrogativa de organizar o regime
funcional de seus servidores, já que instituiu gastos públicos sem a devida previsão
orçamentária, o que não seria condizente com os arts. 2º, 18 e 169, § 1º, da CF. A
alegação é improcedente........
Também não houve criação de obrigação financeira sem previsão orçamentária. Isso
porque, enquanto vigente, as relações empregatícias constituídas sem a observância
do princípio do concurso público produziram efeitos normalmente, como se válidas
fossem. Um desses efeitos foi justamente a obrigação de recolhimento do FGTS na
conta vinculada do trabalhador, prevista no art. 15 da Lei 8036/90. Assim, antes
mesmo do advento da MP 2.164-40/01, o dever de depositar mês a mês o FGTS já
existia para a Administração Pública. A norma questionada apenas dispôs que o
reconhecimento superveniente do vício da contratação não impede seu resgate pelo
trabalhador.? [ADI 3.127-DF] – Grifamos.
?11. Em suma, por todo o exposto, reafirmo que, longe de violar o ordenamento
constitucional, os arts. 19-A e 20, II, da Lei 8.036/90 apenas dão cumprimento à
Carta Política, privilegiando os princípios fundantes de nosso Estado Democrático
de Direito pertinentes à dignidade da pessoa humana e ao valor social do trabalho e
da livre concorrência. Reconhecendo, pois, a constitucionalidade dos arts. 19-A e 20, II,
da Lei 8.036/90, na redação da Medida Provisória 2.164-41/2001, julgo improcedente a
presente ação direta de inconstitucionalidade.? Grifamos.
Com efeito, sendo bem objetivo, tem-se que a contratação firmada entre o
Estado e a parte Recorrida não foi temporária, portanto foi nula, e isso gera o direito ao
recebimento do FGTS.
Apenas para reforçar este argumento vale lembrar que durante anos e anos os
julgados do TFR, Tribunal Federal de Recursos, foram usados pelos tribunais brasileiros
para fundamentar suas decisões [quando o presente subscritor formou isto ainda era
comum]. Diz assim a súmula n. 363 do TST:
Mais uma vez a posição dos tribunais superiores é favorável à parte Recorrida. No
julgamento de um dos precedentes que deu origem à súmula acima a situação ficou bem
explanada:
Em verdade o que o TST diz acima está em perfeita consonância com os princípios
basilares do Direito e da Justiça. Senão vejamos – todos os empregadores privados do
Brasil pagam FGTS aos seus empregados, o Estado não paga o FGTS, mas dá garantias
até muito maiores para seus servidores concursados. Aí o Estado, seja através de lei, como
a Lei 100 de MG, ou através de sucessivos contratos temporários que se prolongam por
anos e ano, simplesmente não garante praticamente nenhum direito aos seus contratados,
apenas o salário como contraprestação aos serviços prestados. Isso atende ao
ordenamento jurídico da nação??
O Estado, ao arrepio da Carta Magna de 1.988, segue contratando reiteradas vezes
servidores não concursados, muitas vezes usando de subterfúgios, como diversos
contratos ou mesmo a legislação [Lei 100]. A necessidade de concurso para provimento
dos cargos do Estado é flagrantemente desrespeitada e o Estado ainda é premiado ao não
ter que pagar FGTS aos seus contratados em contratos eternamente temporários [ou em
situação de Lei inconstitucional, como a Lei Complementar n. 100 de MG].
?Art. 37. (...) IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;?
Em âmbito federal a matéria foi regida pela Lei n° 8.745/93, que dispõe sobre a
contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público.
1.O contrato temporário de trabalho por excepcional necessidade de interesse público tem
natureza de direito administrativo, com regime estatutário, consoante artigo 37, inciso IX,
da Constituição da República.
4.O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento, mediante repercussão geral,
de que o contrato temporário de trabalho firmado com a Administração Pública, quando
renovado sucessivamente, viola o acesso ao serviço público por concurso, inquinando-
o de nulidade, conforme art. 37, § 2º, da Constituição da República.? Grifamos.
Não há dúvidas quanto ao direito da parte Recorrente, sendo que o direito está
devidamente comprovado, bastando apenas a declaração do direito da parte Recorrente,
conforme jurisprudência recente:
Relator: Des.(a) José Antonino Baía Borges Data de Julgamento: 19/03/2015 Processo:
Apelação Cível 1.0637.09.072028-4/001 ?Ementa: APELAÇÃO CÍVEL -
CONTRATO TEMPORÁRIO - PRORROGAÇÕES SUCESSIVAS - NULIDADE -
PAGAMENTO DO FGTS- POSSIBILIDADE - PRECEDENTES DO STF - MULTA
RESCISÓRIA - VERBA TRABALHISTA - IMPROCEDÊNCIA - RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. -Conforme entendimento proferido pelo STF em
julgamento de Recurso Extraordinário, em que restou reconhecida a repercussão geral do
tema, e nos termos do art. 19-A, da Lei 8.036/90, é devido o depósito do FGTS aos
trabalhadores contratados temporariamente, de forma irregular, pela
Administração Pública. -A multa rescisória somente é devida na hipótese de demissão
do empregado sem justa causa, na esfera trabalhista, não sendo cabível quando se trata de
contrato administrativo temporário, considerado nulo, em razão das indevidas
prorrogações. Grifamos.
DOS PEDIDOS
Não seja dado provimento ao Recurso Inominado interposto, de modo que seja mantida
a sentença atacada, a fim da manutenção do reconhecimento da nulidade da relação
jurídica entre as partes, por ser a mesma inconstitucional, bem como seja declarado o
direito da parte Autora a receber o Fundo de Garantia Tempo de Serviço [FGTS], com a
condenação da parte Ré a realizar o pagamento dos valores devidos de todo o período
trabalhado nos 5 [cinco] anos que antecederam a distribuição da presente demanda, bem
como as parcelas vincendas, conforme o ordenamento jurídico vigente [art. 19-A da Lei
8.036/90];
OAB/MG 183.180