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SÃO PAULO
2011
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUC-SP
SÃO PAULO
2011
BANCA EXAMINADORA
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A Deus por ter me proporcionado
tão valioso aprendizado e aos
meus pais, Clodoaldo e Rosiane,
e minha irmã Tatiane por todo
apoio, presença e amor nessa
caminhada.
AGRADECIMENTOS
Eis que chegou um dos momentos mais felizes e de grande satisfação, pois
nesse espaço quero deixar registrada minha sincera gratidão aos que contribuíram
direta e indiretamente para a realização desse trabalho.
À minha família por toda confiança e carinho dedicado.
À minha orientadora Profª Drª Denise Bernuzzi de Sant´Anna pela confiança,
apoio, generosidade, paciência e pelos incentivos que me conduziram de forma
segura e prudente do mestrado ao doutorado.
Aos professores da Pós-Graduação em História da PUC-SP, que
contribuíram para o desenvolvimento dessa tese direta e indiretamente e sempre
foram muito atenciosos comigo.
Aos amigos do NEAJ - Núcleo Espírita de Educação e Apoio à Juventude
que sempre me incentivaram e estiveram presentes nos momentos difíceis e
desafiadores dessa tese e que continuam presentes em minha vida.
À amiga Kênia Rios que sempre me apoiou e com palavras sábias e
sinceras me ajudou durante o caminho do mestrado e do doutorado.
À amiga Raquel Alves pela amizade e auxílio em vários momentos da
pesquisa das fontes.
À amiga Larissa Gifoni pela amizade e ajuda na correção ortográfica dessa
tese.
Ao amigo Jennyson Oliveira por tão generosamente ter me ajudado com o
abstract.
A Tibério Campos e à Aline Medeiros pela grande ajuda com as pesquisas
das principais fontes que utilizei nessa tese.
Ao casal de amigos Angeliza e Lacy pela amizade e acolhida tão generosa
em sua casa.
À família Freitas que sempre me acolheu com tanto carinho e me ajudou nos
momentos em que mais precisei.
À amiga Betinha pelo carinho e paciência que sempre teve comigo.
Ao amigo Antônio Alves que sempre me dedicou atenção e ajuda em várias
ocasiões da vida em São Paulo e compartilhou comigo aprendizados inesquecíveis
em Portugal.
Aos amigos do doutorado Luiz Blume, Bianca Souza, Eduardo Assis, Bebel
Nepomuceno, Patrícia Silva, Denaldo Alchorne, Valéria Alves e Anthoula Fyskatoris
pelos valiosos momentos que passamos juntos e que nunca saíram da minha
memória.
Aos amigos Jiani Langaro, Fernanda Galve, Sandra Soares, Ailton Siqueira,
Leno Barata, Simei Torres e Elizabete Espindola pela oportunidade de conviver e
aprender com vocês, pois são pessoas importantes em minha vida.
As amigas Dulce Pereira, Lilian Vidal, Arianna Lambertini e Mércia Diniz que
me receberam tão solicitamente em Évora - PT e com quem tive grandes
aprendizados.
Ao Profº. Dr. Luis Soares e à Profª Drª Carla Longhi pela importante
contribuição que me deram durante a banca de qualificação e que me ajudou no
melhoramento de algumas das questões centrais da tese.
À Profª. Drª. Laurinda de Abreu pela atenção e orientação durante o estágio
na Universidade de Évora em Portugal.
Aos funcionários da Biblioteca Nacional de Portugal pelo acesso as edições
do jornal A Medicina Contemporânea.
À Fundação Biblioteca Nacional- RJ pela disponibilização do microfilme da
Revista Norte Médico do ano de 1913.
Aos funcionários da Academia Cearense de Medicina por possibilitarem o
acesso às revistas do Centro Médico Cearense.
À Stephanie Godiva que realizou a pesquisa dos relatórios da Comissão
Rockefeller no Brasil e que estão nos arquivos da Fiocruz-RJ.
À Instituição financiadora CAPES, pela bolsa do estágio em Portugal.
À instituição financiadora CNPq, pela bolsa de pesquisa concedida e que
contribuiu para a concretização dessa tese.
RESUMO
This work proposes to analyze the speeches and actions concerning to doctors’
practices at Fortaleza city in the early twentieth century. And, specially, understand
the strategies and measures employed for more active participation of this group in
the city. Among the main issues examined in this work, there are: the role of the
doctors in actions to improve the health, the search for a more effectively workspace
in the field of public health, training and participation of the Centro Médico Cearense
(Medical Center from Ceará), in Fortaleza, and the interventions of doctors from
Ceara and the Rockefeller Commission in preventing and fighting yellow fever. The
diversified research sources contributed to understand how doctors earned at that
time a place in directing and organizing the daily life of Fortaleza (1900-1935).
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO
1
Durante as investigações das obras publicadas sobre a história da medicina e saúde pública em
Fortaleza somente encontraram-se autores médicos, já que são ainda muito poucas as publicações
de pesquisas históricas nessa área no Ceará. Espera-se que possam aparecer mais publicações de
trabalhos de historiadores, uma vez que esse é um campo bastante rico de análises e fatos para a
História do Ceará. Dentre os livros publicados encontrados estão: BARBOSA, José Policarpo de
Araujo. História da Saúde Pública do Ceará: da colônia a Vargas. Fortaleza; Edições UFC, 1994 e
LEAL, Vinicius Barros. História da Medicina no Ceará. Fortaleza; SECULT, 1979.
2
Esta realidade fazia parte dos primeiros momentos da minha pesquisa em 2006, atualmente, isso
foi alterado e já se observa que esse campo de investigação no Ceará foi ampliado e que existem
vários pesquisadores em busca de analisar a História da medicina acadêmica e da saúde pública no
Ceará.
3
Dentre as fontes principais usadas nessa tese encontram-se: jornais da época, relatórios dos
presidentes de estado, relatórios dos inspetores da saúde pública do Ceará, regulamentos da
diretoria de higiene pública do Ceará, memorialistas e médicos que escreveram sobre Fortaleza
nesse período, revistas e jornais médicos, almanaques e anuários do Ceara e algumas imagens.
12
moradores para agirem mais efetivamente nas questões de saúde pública da cidade
e que somente o estudo mais aprofundado do século XX ajudaria nessa
compreensão. Assim, direcionou-se toda a pesquisa para os anos de 1900 a 1935
por acreditar que esse período marcou as principais transformações na área da
saúde pública no Ceará e isso possibilitou perceber a trajetória das ações médicas
em Fortaleza.
Foram diversos os caminhos apontados para a trajetória desses
personagens, que tiveram sua ascensão no Brasil, sobretudo, no começo do século
XX e que lutaram por um espaço físico e imaginário junto à população citadina.
Na atualidade o médico desempenha seu papel cercado de fatores que
acompanham essa profissão, desde os fins do século XIX, e que coloca em xeque o
seu desempenho e a sua credibilidade. Apesar das circunstâncias e contextos
serem diferentes no século XXI, se percebeu a existência de questões que ainda
perduram e fazem parte da definição do papel do médico na sociedade brasileira.
Dentre essas estão a experiência, prestígio, arsenal tecnológico, especializações,
confiança e formação profissional.
No final do século XIX e início do XX, Fortaleza passou por significativas
transformações na organização da saúde pública. Observou-se que, apesar da
intensa divulgação dos novos conceitos médicos de tratamento desenvolvidos na
Europa, houve a permanência de alguns preceitos da ciência que vinham sendo
usados ao longo do século XVIII e XIX, assim também os da medicina popular e da
Igreja Católica que também influenciavam no modo de ver e tratar as doenças.
Deve-se mencionar que os estudos da microbiologia, desenvolvidos por Louis
Pasteur a partir da segunda metade do século XIX, possibilitaram o aparecimento de
novas formas de tratamentos para as doenças e, sobretudo, um aprofundamento
dos estudos científicos sobre o contágio e a transmissão das moléstias, uma vez
que o desconhecimento dos modos de contaminação levava a explicações
relacionadas ao castigo divino e à crença das alterações climáticas.
Para compreender como se processaram algumas das conquistas e até
atuações desses médicos em Fortaleza entre os anos de 1900 a 1935, escolheu-se
direcionar essa tese para analisar a participação deles nos cargos da saúde pública,
suas estratégias para obter a confiança da população e das autoridades locais para
os novos conceitos da medicina, a formação do Centro Médico Cearense como
13
instrumento de organização dessa classe que até então agia individualmente e sem
um ideal coletivo de defesa aos seus interesses profissionais e, por fim, observar as
práticas médicas trazidas pela Comissão Rockefeller e que entraram em choque
com os métodos já aplicados pelos médicos cearenses.
Fortaleza, no começo do século XX, não possuía uma significativa
organização em sua saúde pública; o que havia era um setor responsável pelos
cuidados da higiene pública cujas ações limitavam-se aos períodos de epidemias
enfrentadas pela cidade. Nesse momento grande parte dos médicos atuava em
consultórios particulares, prestavam serviços gratuitos à Santa Casa de Misericórdia
e alguns chegavam a assumir o cargo de inspetores de higiene pública, como foi o
caso do médico e membro do Centro Médico Cearense Carlos Ribeiro.
4
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1915, p. 6.
5
Os estudos e pesquisas com relação ao curandeirismo são bastante significativos para a análise da
História da medicina acadêmica e da saúde pública, contudo, não se priorizou aprofundar as
discussões referentes ao curandeirismo como também a visão da Igreja Católica sobre as questões
da saúde.
14
Desse modo, surgiu em 1913 o Centro Médico Cearense, que tinha entre
suas metas unir os médicos, os farmacêuticos e os odontólogos com o objetivo de
desenvolver suas pesquisas, divulgar seus projetos e buscar aproximar-se mais da
população local. Mas não se pode deixar de mencionar que essa associação teve
duas fases distintas e que em suas atividades já demonstrava seus interesses e
objetivos.
A formação desta associação possibilitou à classe médica uma maior
participação e visibilidade dentro da cidade e também permitiu que aos poucos
esses profissionais tivessem uma participação mais direta nos assuntos ligados à
saúde pública. Entre os instrumentos de divulgação e ação usados pelo Centro
Médico Cearense tem destaque a publicação da Revista Norte Médico, que mais
adiante assumia o nome de revista Ceará Médico.
Essa revista foi uma das principais responsáveis pela propagação das
atividades do Centro Médico e sua pretensão era atingir aos profissionais ligados à
área da saúde através de um texto simples, mas ―interessante e proveitoso‖ como
apontou o médico e diretor da revista o Dr. Aurélio Lavor.
A preocupação inicial era direcionar e delimitar mais a problemática do
trabalho e para isso buscou-se o apoio teórico de alguns autores que também
trabalhavam na temática e que apesar das diferenças de contextos possibilitaram
perceber questões presentes na documentação pesquisada. Desse modo, esses
textos foram base para o entendimento de questões como os interesses médicos e
suas atuações na saúde pública, os meios usados para obtenção de espaços de
trabalho dentro da cidade e a busca por uma confiança junto à população menos
abastada, uma vez que desconheciam seus métodos e também desconfiavam de
seus resultados.
6
Revista Norte Médico de 15 de abril de 1913, p. 1.
15
7
NETO, André de Faria Pereira. Ser médico no Brasil: o presente no passado. Rio de Janeiro-RJ;
Editora Fiocruz, 2001.
8
ROSEN, George. Uma História da Saúde Pública. São Paulo-SP; Editora Hucitec, 1994.
9
ROSEN, George. Op.cit., p. 278, nota 8.
16
uma vez que essa era precária e contava com a ação desses médicos e
profissionais da saúde que tinham interesse em participar mais ativamente das
questões relacionadas ao melhoramento das condições higiênicas urbanas.
Para entender o processo de desenvolvimento de Fortaleza e sua
organização higiênica, buscou-se no livro Fortaleza Belle Époque10 os indicativos
para a compreensão do contexto político, econômico e social. Em seu texto, o
historiador Ponte mostrou como os caminhos da saúde pública entrecruzavam-se
com as questões sociais e estruturais da cidade e também as lutas desses médicos
por uma maior participação e aplicação de suas práticas junto à população local.
Apesar de lento esse processo, pode-se visualizar como esse profissionais
tornaram-se mais presentes no cotidiano da cidade e, sobretudo, como eles
pensaram e atuaram para as transformações desta saúde que estava em processo
de desenvolvimento. Observar essa perspectiva foi fundamental para encontrar
algumas das problemáticas desta tese e tentar perceber a contribuição e
participação dessa classe vigente que passava a direcionar e a influenciar a
população e a organização da saúde em Fortaleza.
Para perceber a participação e os objetivos da Fundação Rockefeller no
Ceará, utilizou-se das ideias da historiadora Maria Gabriela M. da Cunha Marinho
através do livro Elites em Negociação11, em que são mostrados os acordos e ações
da Fundação Rockefeller na formação da Faculdade de Medicina de São Paulo.
Apesar dos contextos serem diferentes de atuação, pode-se observar que a intenção
dessa Fundação no Ceará quanto aos métodos eram os mesmos empregados no
combate às doenças como febre amarela, ancilostomose e malária em outros
estados brasileiros. Desse modo, perceber o processo desenvolvido pela Comissão
Rockefeller em São Paulo fez entender alguns de seus interesses ao manter e firmar
contatos com o Ceará. Assim, buscou-se entender como os médicos cearenses
reagiram e viram a participação e intervenção dessa Comissão em Fortaleza.
No primeiro capítulo ―Itinerários da Medicina em Fortaleza‖, procurou-se uma
divisão em três momentos. O entendimento e análise da cidade no início do século
10
PONTE, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Époque: reforma urbana e controle social (1860-1930),
Fortaleza-CE; Edições Demócrito Rocha, 2001.
11
MARINHO, Maria Gabriela da Cunha. Elites em Negociação: breve história dos acordos entre a
Fundação Rockefeller e a Faculdade de Medicina de São Paulo. Bragança Paulista-SP; EDUSF,
2003.
17
CAPÍTULO 1
12
Robert M. Pechman
12
PECHMAN, Robert Moses. Olhares sobre a cidade. Rio de Janeiro-RJ; Ed. UFRJ, 1994, p.6.
13
Ver, por exemplo, SANT´ANNA. Denise Bernuzzi de. Cidade das águas: usos de rios, córregos,
bicas e chafarizes em São Paulo (1822-1901). São Paulo-SP; SENAC, 2007; BRESCIANI, Maria
Stella M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo-SP; Editora Brasiliense,
2004; CHALOUB, Sidney. Cidade Febril: Cortiços e epidemias na corte Imperial. São Paulo-SP;
Companhia das Letras, 1996; PENSAVENTO, Sandra Jatahy. Uma outra cidade: O mundo dos
excluídos no final do século XIX. São Paulo-SP; Companhia Editora Nacional, 2001; PECHMAN,
Robert Moses. Cidades estreitamente vigiadas: o detetive e o urbanista. Rio de Janeiro-RJ; Casa da
Palavra, 2002; SILVA FILHO, Antônio Luiz de Macedo. Fortaleza: Imagens da cidade. Fortaleza-CE;
Museu do Ceará/Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará, 2001; PONTE, Sebastião
Rogério. Op. cit., nota 10; BARBOSA, Marta Emisia Jacinto. Cidade na contramão: Fortaleza nas
primeiras décadas do século XX. São Paulo-SP; Dissertação de Mestrado em História Social pela
PUC-SP, 1996.
21
14
Nogueira Acioly ocupou a presidência da província em 1878, porém esse cargo durou poucos dias.
Em 1889 foi eleito senador do Império, porém não chegou a assumir devido à Proclamação da
Republica e logo aderiu ao novo regime, fundando a União Republicana, que contava com a
participação dos antigos liberais e também de ex-conservadores. No entanto, sua grande ascensão
veio com a ocupação da Presidência do Estado durante 1896-1912, consolidando sua oligarquia. Ver,
por exemplo, PONTE, Sebastião Rogério. Op. cit., nota 10.
15
BARBOSA, Marta Emisia Jacinto. Op. cit., p. 30, nota 13.
22
16
Dentro das análises feitas nessa tese usou-se o termo modernização para caracterizar as atuações
médicas e governamentais realizadas na cidade e que estavam relacionadas ao melhoramento da
saúde pública. Desse modo, modernizar significa equipar a cidade com instrumentos de salubridade e
também a substituição das práticas de cura tradicionais pelas ações médicas.
23
17
Jornal A República de 19.04.1897 transcrito por CASTRO, José Liberal em ―Arquitetura Eclética no
Ceará‖ In: Fabris, Annateresa (Org.) Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo-SP; Nobel/Edusp,
1987, p. 218.
18
PONTE, Sebastião Rogério. Op.cit., p. 1, nota 10.
19
GIRÃO, Raimundo. Geografia Estética de Fortaleza. Fortaleza-CE; Casa de José de Alencar, 1997,
p.130.
24
Avenida 7 de setembro construída e inaugurada pelo intendente Guilherme Rocha e, que atualmente
é chamada de Praça do Ferreira. (Foto retirada do índice analítico e iconográfico da cronologia
ilustrada de Fortaleza)
25
20
Quando se afirmou que em sua maioria as ações realizadas, sobretudo, no campo da saúde foram
de cunho individualista é para demonstrar que a participação do governo na área da saúde pública
em vários momentos foi secundária e que as atuações de particulares predominaram na construção
dessa organização da saúde pública em Fortaleza.
21
É importante diferenciar história da saúde e história da medicina acadêmica, pois uma não
representa a outra e atuam em campos diferenciados, apesar de terem objetivos próximos. A história
da saúde abrange as diversas práticas de curas tanto ligadas à atuação dos médicos como as
utilizadas pela população a partir de suas crenças e estava voltada ao doente e já a história da
medicina acadêmica limita-se ao âmbito das pesquisas, construção de teoria e práticas médicas
voltadas para o melhoramento da saúde da cidade.
22
Não tive como aprofundar essas questões, mas acredito que esse assunto é bastante importante
para entender como os fatores políticos, religiosos e científicos atuaram nas questões da saúde em
Fortaleza. Para estudar e pesquisar essas questões ver, por exemplo, CHALHOUB, Sidney (Org.).
Artes e ofícios de curar no Brasil. Campinas-SP; Unicamp, 2003; COSTA, Nilson do Rosário. Lutas
sanitárias e controle urbano. Rio de Janeiro-RJ; Vozes, 1985; PIMENTA, Tânia Salgado.
Transformações no exercício das artes de curar no Rio de Janeiro durante a primeira metade dos
Oitocentos. Rio de Janeiro-RJ; In: História, Ciência, Sáude – Manguinhos, vol. 11, 2004.
26
23
VELHO, Gilberto. Projeto e Metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro-
RJ; Editora Zahar, 2003, p.163.
24
A esse respeito ver: CASTRO, José Liberal de. Contribuições de Adolfo Herbster à forma urbana
da cidade de Fortaleza. Fortaleza-CE; Separata da Revista do Instituto do Ceará, 1994.
25
JUCÁ, Gisafran Nazareno Mota. Verso e reverso do perfil urbano de Fortaleza. São Paulo-SP;
Editora Annablume, 2003, p.39.
27
26
O Passeio Público passou a funcionar em novembro de 1879, segundo o cronista João Nogueira.
No entanto pode-se observar pelas bibliografias sobre esse espaço que seu auge foi no início do
século XX, quando esse local era usado mais frequentemente pelos fortalezenses como um local de
lazer e diversão. Ver, por exemplo, NOGUEIRA, João. Fortaleza Velha: crônicas. Fortaleza-CE;
Edições UFC/PMF, pp15-26 e NOGUEIRA, Carlos Eduardo Vasconcelos. Tempo, Progresso,
Memória. Fortaleza-CE; Dissertação de Mestrado em História Social pela UFC, 2006.
27
Em 1904 é que foi oficialmente autorizada a construção do Theatro José de Alencar, através da lei
768, de 20 de agosto. Em 6 de junho de 1908 as obras oficialmente tiveram início, e as peças de ferro
fundido que compõem a estrutura do teatro foram importadas de Glasgow, na Escócia. Foi
inaugurado em 17 de junho de 1910. De acordo com Ponte ―a contrução do Teatro José de Alencar
significou importante triunfo para os adeptos locais da afirmação civilizatória. Ver, por exemplo,
PONTE, Sebastião Rogério. Op.cit., p. 42, nota 10.
28
GIRÃO, Op.cit., p. 225, nota 19.
28
31
GIRÃO, Op.cit., p. 229, nota 19.
30
ansiava por um modo de vida de qualidade e civilizado vai estar distante desses
ideais em seu cotidiano. Assim, analisar a saúde pública de Fortaleza, nesse
momento, é tentar entender as condições estruturais urbanas existentes e como os
profissionais da saúde agiram para tentar organizar a saúde e a higiene da cidade.
As ações governamentais, nos primeiros anos do XX, com relação à saúde
pública em Fortaleza, foram processuais. Possivelmente, a falta de experiência
desses administradores na área da saúde tenha contribuído para essa situação.
Assim, observou-se que os médicos foram os mais assíduos colaboradores na
construção dessa cidade almejada. Os métodos preventivos nesse momento eram
ainda muito precários e a possível falta de materiais e recursos financeiros tenha
limitado as atuações desses dois grupos. No entanto, deve-se observar que
somente nos períodos das epidemias era que ações passavam a ser mais efetivas,
já que a situação se tomava emergencial. Num segundo momento, observou-se que
medidas foram tomadas e se direcionaram as construções de locais próprios para o
tratamento e atendimento aos doentes, como hospitais e casas de saúde, e também
foram realizadas campanhas preventivas das doenças entre citadinos.
Inicialmente as questões ligadas à saúde urbana de Fortaleza estavam
associadas aos períodos epidêmicos e como esses, em geral, apareciam mais
intensamente durante os períodos de seca36, ficavam restritos a tratamentos e a
36
As secas são um tema recorrente nos estudos e pesquisas da historiografia cearense, uma vez que
ao longo da trajetória histórica esteve constantemente presente. Desse modo é necessário para os
estudos e análises sobre a cidade de Fortaleza sempre fazer uma reflexão sobre esses momentos
que influenciaram o cotidiano de seus moradores. No início do século XX o Ceará passou por quatro
períodos centrais de seca -1900, 1915, 1919 e 1932. Estudos mais recentes sobre a questão da
seca; GARCIA, Ana Karine Martins. A sombra da pobreza na cidade do sol: o ordenamento dos
retirantes em Fortaleza na segunda metade XIX. São Paulo-SP; Dissertação de Mestrado em História
Social pela PUC-SP, 2006; NEVES, Frederico de Castro. A Multidão e a História: saques e outras
ações de massas no Ceará. Rio de Janeiro-RJ; Relume Dumará, 2000; RIOS, Kênia Sousa. Campos
de concentração no Ceará: Isolamento e poder na seca de 1932. Fortaleza-CE: Museu do Ceará e
Secretaria da Cultura e Desporto do Ceará, 2001; BEZERRA, José Tanísio Vieira. Quando a ambição
vira projeto: Fortaleza, entre o progresso e o caos. São Paulo-SP; Dissertação de Mestrado em
História Social pela PUC- SP, 2000; MOTA, Felipe Ronner Pinheiro Imalau. Progresso, calamidade e
trabalho: confrontos entre cidade e sertão em fins dos oitocentos. (Fortaleza/1850-1880). Dissertação
de Mestrado em História Social pela PUC-SP 2008; MORAIS, Viviane Lima de. Razões e destinos da
migração: trabalhadores e emigrantes cearenses pelo Brasil no final do século XIX. São Paulo-SP;
Dissertação de Mestrado em História Social pela PUC-SP, 2003; CÂNDIDO, Tyrone Apollo Pontes.
Trem da seca: sertanejos, retirante, operários (1877-1880). Fortaleza-CE; Museu do Ceará e
Secretaria da Cultura e Desporto do Ceará, 2005; CHAVES, Olivenor Sousa. Fortaleza e os retirantes
da seca de 1877-1879: o real de um imaginário dominante. Fortaleza-CE; Editora Demócrito Rocha,
1995; BARBOSA, Marta Emisia Jacinto. Famintos do Ceará: imprensa e fotografia entre o final do
século XIX e o início do século XX. São Paulo-SP; Tese de Doutorado em História Social pela PUC-
SP, 2004; SILVA, Jeovah Lucas da Silva. As bênçãos de Deus: a seca como elemento educador para
o trabalho (1877-1880). Fortaleza-CE; Dissertação de Mestrado em História pela UFC-CE, 2003.
32
soluções momentâneas. No entanto, não se pode pensar que fora dessas crises as
ações médicas estivessem paradas, mas ficavam menos visíveis, posto que os atos
individuais tinham mais destaque, uma vez que as ações caritativas predominavam
e a atuação Governamental em prol da organização e melhoramento da saúde
pública era menos visível.
Percebe-se que os períodos de secas sempre estiveram presentes no
decorrer da história do Ceará, no entanto, no início do século XX, em Fortaleza, os
dirigentes e influentes já se utilizavam mais frequentemente do discurso da tragédia
para justificar os atrasos e problemas estruturais da cidade. Evidentemente que não
se pode negar que nesses períodos tinha-se um agravamento de várias questões
sociais e estruturais, mas apontar isso como o causador de atrasos e barreiras do
crescimento da cidade é equivocado, pois fora desses momentos a cidade
enfrentava os mesmos problemas: as epidemias, a falta de abastecimento de água e
esgoto, as precárias moradias para a população pobre e a iluminação precária.
Desse modo, percebe-se que a seca tornou-se no discurso o problema central para
o impedimento de muitas das realizações no campo da saúde pública em Fortaleza.
A capital cearense contava com 48.369 habitantes37 no ano de 1900 e
observou-se que no decorrer das décadas de 10, 20 e 30 do século XX esse
crescimento apresentou significativas variações. (Tabela 1) Provavelmente, esses
números variavam com os fluxos migratórios que ocorriam tanto nos períodos de
seca, como fora deles e através dos atrativos urbanos proporcionados pelos novos
aparatos tecnológicos, uma vez que morar numa grande cidade significava para
muitos ter uma melhor qualidade de vida.
TABELA 1
HISTÓRICO POPULACIONAL DE FORTALEZA
1900 48.369
1910 65.816
1920 78.500
1930 126.666
37
GIRÃO, Raimundo. Op. cit., p. 225, nota 19.
33
38
ROSEN, George. George. Op. cit., p. 294, nota 8.
39
Para aprofundar mais sobre essas questões ver, por exemplo, ROSEN, George. Op.cit., nota 8; Ver
PORTER, Roy. Cambridge - História da Medicina. Rio de Janeiro-RJ; Revinter, 2006; FOUCAULT,
Michel. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro-RJ; Forense Universitária, 2006 e VIGARELLO,
George. Histoire des pratiques de santé: Le sain et le malsain depuis le Moyen Âge. Paris-France;
Editions du Seuil, 1999.
35
40
Deve-se ressaltar que não se defende a ideia de que a seca era a responsável ou ocasionadora da
pobreza na cidade, mas que essa agravava as precariedades já presentes no espaço urbano,
sobretudo, a proliferação das doenças. Ver; por exemplo, GARCIA, Op.cit., nota 36.
41
MASCARENHAS, Rodolfo dos Santos. História da saúde pública no Estado de São Paulo. São
Paulo-SP; Rev. Saúde Pública, v. 7, n. 4, dez. de 1973, p.435.
42
Para a análise sobre o processo de desenvolvimento da saúde pública no Rio de Janeiro e São
Paulo. Ver, por exemplo, HOCHMAN, Gilberto. A era do saneamento. São Paulo-SP; HUCITEC,
1998; SANTOS, Luiz Antonio de Castro. O pensamento sanitarista na Primeira República: Uma
ideologia de construção da nacionalidade. Rio de Janeiro-RJ; Dados. Revista de Ciências Sociais,
v.28, n.2, p.193-210, 1985; TELOROLLI JUNIOR, Rodolpho. Poder e Saúde: as epidemias e a
formação dos serviços de saúde em São Paulo. São Paulo-SP; UNESP, 1996; ALMEIDA, Marta de.
República dos invisíveis: Emilio Ribas, microbiologia e saúde pública em São Paulo (1898- 1917).
Bragança Paulista-SP, EDUSF, 2003; DANTES, Maria Amélia (Org.). Espaços da Ciência no Brasil
(1800-1930). Rio de Janeiro-RJ; FIOCRUZ, 2001.
36
43
Deve-se ressaltar que predominava entre o final do século XIX e início do XX os ideais do
liberalismo no país e a administração do governo no Ceará já demonstrava que não tinha interesse
em ações centralizadoras e assistencialista, sobretudo, na área da saúde. E que sua participação era
mais presente para subsidiar instituições particulares. Ver; por exemplo, CARVALHO, José Murilo. A
construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro-RJ; Civilização Brasileira, 2003.
44
LYDA, Massako. Cem anos de Saúde Pública: a cidadania negada. São Paulo-SP; UNESP, 1994,
p.34.
45
Ibid. p. 35, nota 44.
37
46
A vacinação com a linfa animal teve início com as investigações do médico inglês Edward Jenner
em 1798 e que demonstrou que os trabalhadores que lidavam com as vacas contaminadas pela
varíola, a chamada “cowpox”, desenvolviam-se pústulas semelhantes às dos animais numa condição
benigna e não eram contagiados com a varíola. Assim, a linfa animal passou a ser retirada das vacas
e usada como vacina para prevenir e proteger a população contra a varíola. Ver; CAMPOS, André
Luiz Vieira de. A história e o conhecimento envolvido na produção da vacina antivariólica. Rio de
Janeiro-RJ; História, Ciência e Saúde - Manguinhos, 2000.
47
Filho de pais cearenses, Rodolfo Teófilo (1853-1932), eventualmente nasceu em Salvador, mas
logo em seguida retornou ao Ceará. Somente voltou a sair do Ceará em 1872 quando foi ao Recife
fazer os exames preparatórios para o ingresso no curso de Farmácia da Escola de Medicina da
Bahia. Ele retorna ao Ceará em 1876 e instala uma pequena farmácia em Pacatuba. Foi testemunha
da epidemia de varíola que atingiu o Ceará na seca de 1877 e diante desse quadro fundou um
instituto de vacinação em 1901 e começou a desenvolver ações para vacinar a população e prevenir
novos aparecimentos da doença durante os anos de 1901 a 1904. Deixou inúmeras obras escritas
que relatam momentos significativos do século XIX e XX, considerado por muitos; como um jornalista,
memorialista, cronista, literário que teve participação na segunda fase da Padaria Espiritual
38
Pode-se dizer que pela primeira vez o Ceará experimentou ações mais
efetivas na área da prevenção de doenças, posto que nos períodos anteriores não
houve resultados tão significativos como os alcançados pela campanha de
vacinação contra a varíola. E nas palavras e elogios do Presidente do Estado, o
médico Pedro Borges, ficou registrado quem foi o responsável por tal feito.
A campanha de vacinação contra a varíola implantada por Teófilo teve seu
diferencial, primeiramente, por ter sido esta vacina fabricada pelo próprio
(agremiação de rapazes e letras, fundado em 30 de maio de 1892, em Fortaleza e que contou com a
participação de escritores como Adolfo Caminha, Antônio Bezerra, Antônio Sales, Juvenal Galeno e
outros). Ver; PONTE, Sebastião Rogério. Op.cit., pp. 107-110, nota 10; TEÓFILO, Rodolfo. Variola e
Vacinação no Ceará. Fortaleza-CE; Ed. fac-sim, Fundação Waldemar Alcântara, 1997 e BARBOSA,
José Policarpo de Araujo. Op. cit., pp. 70-80, nota 1.
48
Deve-se ressaltar que a Inspetoria de higiene teve um funcionamento, dentro das novas medidas
republicanas, entre os anos de 1893 a 1918, contudo, acredita-se que até o Governo Vagas, com as
reformas da saúde, ela esteve ligada à Secretária de Educação do Ceará, apesar de aparecerem
departamentos e instituições anteriores aos anos 30.
49
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente do Estado Dr. Pedro
Augusto Borges, 1º de julho de 1901, p.60.
39
Não foi uma tarefa tão simples a vacinação doméstica e Teófilo não achou
uma população tão acessível e consciente da importância de seus métodos, mas
encontrou pessoas que desconheciam, temiam as vacinas, e fugiam das represálias
usadas em alguns momentos pelo governo para a manutenção da ordem e do
controle da cidade. Para obter um resultado favorável o farmacêutico usou de
variadas metodologias para persuadir aquela ―pobre gente‖ a aceitar a vacinação.
Desse modo, adaptou a linguagem científica ao contexto e vivência das pessoas que
se encontravam nas áreas visitadas e para isso usou histórias ligadas às crenças
populares, mostrando que as doenças estavam ligadas à cólera de Deus para com
os homens e que com as preces e outros ritos conseguia-se o Seu perdão e Ele
enviava anjos para apaziguar esse mal.
50
TEÓFILO, Rodolfo. Op.cit., p.107, nota 47.
40
É com sincero prazer que registro o facto de se achar por completo extincto
no Ceará a varíola, que, por muito tempo grassou entre nós como
verdadeira endemia, fazendo avultado numero de victimas, sobretudo nas
classes menos favorecidas da fortuna. Passe esse resultado, muito têm
concorrido os esforços perseverantes do Governo do Estado,
fellizmente(sic) auxiliado, nessa obra meritoria por aquelles a quem incumbe
54
a defeza da saúde pública.
51
TEÓFILO, Rodolfo. Op.cit., p.107, nota 47.
52
PONTE, Sebastião Rogério. Op.cit., p. 108, nota 10.
53
Deve-se mencionar que Teófilo também desejava mudanças estruturais na cidade e que suas
críticas eram para as ações de Acioly durante o seu governo. Para os pesquisadores que desejarem
obter mais informação sobre essas desavenças ver, por exemplo, TEÓFILO, Rodolfo. Op.cit., nota 47
e o Jornal A República, ligado ao Governo Acioly.
54
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente do Estado o Dr.
Antonio Pinto Nogueira Acioly, 1º de julho de 1906, pp.10-11.
41
55
PONTE, Sebastião Rogério. Op.cit., p. 107, nota 10.
56
Sabe-se o quanto os estudos e pesquisas da medicina popular são importantes para a
compreensão de muitas questões que envolveram a história da saúde e da medicina acadêmica. No
entanto, optou-se por observar e analisar a visão dos médicos, representantes da medicina
acadêmica, e suas relações com a cidade de Fortaleza no começo do século XX.
42
57
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente do Estado o Dr. Pedro
Augusto Borges, 1º de julho de 1901, p. 60.
58
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente do Estado o Dr. Pedro
Augusto Borges, 1º de julho 1902, p.16.
43
59
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente do Estado o Dr.
Antônio Pinto Nogueira Acioly, 1º de julho de 1909, p. 16.
44
60
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente de Estado o Dr.
Antonio Pinto Nogueira, 1º de julho de 1910, p.15.
61
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente do Estado o Cel.
Antonio Frederico de Carvalho Motta, 1º de julho de 1912, pp.18-19.
45
62
Dentre essas Instituições destaca-se o Centro Médico Cearense, o Instituto de Proteção e
Assistência a Infância (IPAI), a Maternidade João Moreira, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, o
Instituto Pasteur, o Serviço de Profilaxia Rural, O Leprosário Antônio Diogo e outros. No segundo
capítulo desse trabalho abordaremos mais sobre essas instituições.
63
Deve-se destacar que nesse momento todas as ações relacionadas à saúde estavam mais
centradas em Fortaleza e as demais cidades ficavam limitadas aos poucos recursos recebidos do
Governo do Estado e as medidas de seus administradores. Com a criação em 1919 dos serviços de
saneamento rural, pelo Governo Federal, na intenção dos combates às endemias, essa situação foi
mudando e passam a ser criados postos de saúde no interior. Ver, por exemplo, BARBOSA, José
Policarpo de Araujo. Op.cit., pp.67-68, nota 1.
46
64
Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa do Ceará pelo Presidente do Estado o Tenente
Cel. Marcos Franco Rabelo, 1º de julho de 1913, pp.14-15.
65
Infelizmente não se conseguiu encontrar jornais desse período em Fortaleza para que se pudesse
realizar comparativos e apresentar pontos diferenciados dos apresentados pelo Governo do Estado
do Ceará e dos inspetores responsáveis pela saúde pública. A falta de conservação e senso de
preservação histórica fez chegar a tão infeliz situação. Mas, apesar disso, acredita-se que tal
documentação quando analisada mais amplamente pode trazer pontos de discussão pertinentes para
o entendimento do assunto.
47
balanços, que tinham como objetivo o cumprimento da lei criada em 1892, e que
determinava a prestação de contas e detalhamento de suas ações durante seus
mandatos. Segundo, apresentavam as dificuldades e atuações que a princípio
estavam somente voltadas ao combate das doenças, mas que posteriormente
tinham a prevenção como meta de suas obras. E terceiro, como essa repartição
estava sendo organizada e sua relação com a cidade.
É importante notar que algumas das partes dos relatórios da Inspetoria de
Higiene Pública ao Governo do Estado do Ceará66 continham relatos sobre a
prestação de contas da saúde pública e que analisando a estrutura dessa
documentação encontraram-se pontos que possivelmente indicavam alguma das
ações dos inspetores e a forma como estavam organizando a repartição de higiene,
contudo, percebeu-se que eram informações limitadas, já que a falta de alguns
relatórios, sobretudo aqueles dos primeiros anos do século XX impossibilitou a
realização de alguns comparativos sobre as medidas que eram tomadas no combate
a doenças e como estavam atuando os inspetores da higiene junto à população
local.
Escolheu-se analisar entre os relatos desses inspetores pontos que
possibilitassem observar melhor as questões da estrutura dessa repartição, as
ações de seus funcionários, conflitos, descontentamentos e mudanças efetivadas
durante seus mandatos. Porém, em alguns momentos essa análise foi limitada pelas
fontes, já que a ausência de alguns dados dificultou a análise de assuntos
relevantes para as questões apontadas nessa tese. Observando-se a
documentação, percebeu-se que nos cargos de inspetores encontravam-se
médicos67 que já vinham tendo destaque e participação efetiva em trabalhos no
campo da saúde pública de Fortaleza. Essa documentação permitiu a observação
66
Os relatórios dos Inspetores de higiene pública do Ceará são extremamente significativos para os
pesquisadores que desejam trilhar seus caminhos no campo da história da medicina, da saúde
pública e das doenças, pois trazem descrições e referências das principais moléstias e ações
médicas na área da saúde no Ceará no início do século XX. Atualmente, alguns desses relatórios
podem ser encontrados na Biblioteca Pública Menezes Pimentel, no Arquivo Público do Estado do
Ceará e na Academia Cearense de Medicina.
67
Entre os relatórios analisados dos médicos responsáveis pela saúde pública do Estado do Ceará
nos anos 10, 20 e 30 estão os inspetores: o Dr. Abdenago da Rocha Lima em 1913, o Dr. Aurélio de
Lavor em 1914, o Dr. Carlos da Costa Ribeiro entre 1915 a 1918. Com a criação da Diretoria Geral de
Higiene o Dr. Carlos da Costa Ribeiro de 1919 a 1920, o Dr. Paracampos de 1921 a 1922, o Dr.Clovis
Barbosa de Moura de 1924 a 1925, o Dr. Francisco do Amaral Machado de 1926 a 1927. E com a
criação do Serviço Sanitário do Estado do Ceará o Dr. Samuel Uchôa em 1931, o Dr. Antônio Alfredo
da Justa em 1932 e o Dr. Amilcar Barca Pelon entre os anos de 1933 a 1939.
48
...a repartição de higiene presa nos estreitos recursos de uma lei velha, e do
outro uma população desacostumada aos hábitos de uma higiene
regulamentar, tudo ignorando, fugindo assim ao cumprimento de suas
determinações, população que timbra em conservar todas as suas praticas
embora condemnaveis, população que resiste tenazmente ao bem que se
68
lhe procure fazer simplesmente por ter formado na ignorancia deste bem.
68
Relatório da Inspetoria de Higiene do Estado do Ceará, 30 de abril de 1913, pp. 99-100.
49
daquelas apresentadas pela classe médica e não se submeter a essas práticas era
também uma forma de resistência para a manutenção de suas crenças e tradições.
Em sua administração houve diversas ocorrências que demonstraram as
dificuldades em organizar a saúde. Talvez, anteriormente isso era mais intenso, já
que a década de 10 marcava mudanças significativas em várias áreas, inclusive, nas
reformas na saúde pública e na atuação médica. Desse modo, analisar essa
documentação é indispensável para o entendimento de todo esse processo.
Dentre os pontos que preocupava o Dr. Rocha Lima encontrava-se a falta de
hospitais e lugares apropriados ao tratamento das epidemias. Até aquele momento e
nos períodos de crise epidêmica, a cidade somente contava com a Santa Casa de
Misericórdia já que os lazaretos encontravam-se desativados desde 1913. E pela
insuficiência de locais apropriados foram reabertos naquele momento.
69
Relatório da Inspetoria de Higiene do Estado do Ceará, 30 de abril de 1913, p.103.
50
70
Relatório da Inspetoria de Higiene do Estado do Ceará, 30 de abril de 1913, p.108.
71
Ibid, pp. 108-109.
51
72
Deve-se lembrar que o uso de uma polícia sanitária já era prática utilizada desde o século XIX e
outras localidades do Brasil. No Ceará ela esteve mais presente a partir da organização dos serviços
de saúde. Ver: Rosen, George. Da polícia médica à medicina social: ensaios sobre a história da
assistência médica. Rio de Janeiro-RJ; Edições Graal, 1979; PONTE, Sebastião Rogério. Op. cit.,
nota 10.
73
Relatório da Inspetoria de Higiene do Estado do Ceará, 30 de abril de 1913, p.109.
52
eram mais gerais, apesar de apontar questões novas como medidas de prevenção
das doenças vigentes, uma vez que se tinha o costume de esperar o aparecimento
das enfermidades para depois realizar o tratamento. Mas, avaliando os anos
seguintes percebeu-se que os relatórios estavam mais organizados e descreviam
mais especificamente as funções desempenhas pela Inspetoria de Higiene Pública e
suas atuações.74
Devido à imensa quantidade de questões apresentadas pelos relatórios da
saúde pública de Fortaleza entre os anos de 1900 a 1935, decidiu-se centrar as
análises dessa documentação nos anos de 1913, 1919, 1920 e 1934, uma vez que a
partir desses anos ocorreram profundas transformações no campo da saúde. Nos
estudos realizados pelo médico José Policarpo Barbosa sobre história da saúde
pública no Ceará e na documentação apresentada pelos presidentes de Estado do
Ceará, encontrou-se importantes referências que permitiram escolher o
direcionamento desse capítulo.
Entre as questões apresentadas por Barbosa está a criação nacional da
Diretoria Geral de Higiene em 1918, mas que no Ceará vigorou mais efetivamente a
partir dos anos de 1919, junto com o aparecimento da Liga Pró Saneamento Rural,
que também foi criada pelo Governo Federal, e cujo objetivo foi desenvolver um
serviço de assistência ao meio rural, a partir de recursos enviados pela União. No
Ceará, a Liga Pró-Saneamento vai passar a funcionar em 1920 e sua ação a
princípio atingiu as cidades cearenses de Juazeiro do Norte, Sobral e Quixadá.
Para analisar essa reforma na teoria e na prática da saúde pública do Ceará,
e, por conseguinte de Fortaleza, encontrou-se durante as pesquisas o Regulamento
da Diretoria Geral de Higiene que foi aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1643 no
dia 8 de novembro de 1918. Contudo, é necessário ressaltar que sua publicação foi
feita no ano 1919, mas o processo de mudança já era observado desde 1916.
Um dos pontos que permitiu olhar esse processo foi o aparecimento e o
aumento de funções na Inspetoria de Higiene Pública do Ceará e através do
relatório do Dr. Carlos da Costa Ribeiro notou-se os registros dos seguintes cargos:
74
Observou-se uma padronização em geral nesses relatórios e mesmo não tendo acesso aos anos
de 1916, 1917 e 1918 notou-se que nos anos de 1914 e 1915 tinham o mesmo padrão,
diferentemente dos posteriores a 1918 que vão apresentar mudanças mais efetivas, uma vez que
nesse ano deu-se uma das grandes reformas da saúde pública e no ano de 1919 existiu uma nova
organização da saúde. Nas décadas de 20 e 30 os relatórios vão apresentar outras características,
mas é importante perceber que a cada novo relatório notou-se relevantes processos de mudança no
campo da saúde pública no Ceará.
53
Uma vez verificados pela Hygiene as boas condicções de uma casa, o que
ella attestará pelo “habite-se”, essa repartição enviará todos os esforços
possíveis para fazer com que o inquilino repare os damnos causados, a
juízo do inspector sanitário que houver procedido á anterior visita do referido
77
prédio.
75
Fazendo um comparativo com os anos anteriores percebe-se que a partir dos anos de 1916 a
organização e o aumento do número de funções dessa repartição tornam-se mais freqüentes, como
nota-se nos anos de 1916 e posteriormente aos anos de 1918 conforme se analisará nesse capítulo.
Ver: Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1916, p.1.
76
Regulamento da Diretoria Geral de Higiene do Ceará, 08 de novembro de 1918, p.3.
77
Idem.
54
TABELA 2
FUNCIONÁRIOS DA SAÚDE PÚBLICA DE FORTALEZA
Desse modo, a partir de 1918 a saúde foi estruturada pelo Estado do Ceará
com os seguintes cargos públicos: Diretor Geral de Higiene, Conselho de Saúde
Pública, Secretário da Diretoria Geral de Higiene, Conservador do Gabinete,
Químico, Inspetores de Higiene e Delegados de Higiene. (Tabela 2)
Essa tabela foi construída a partir de informações apresentadas pelo
Regulamento da Diretoria Geral de Higiene e, evidentemente, não se detalhou
aprofundadamente as funções desempenhadas por esses funcionários, uma vez que
interessava mostrar apenas o processo das transformações e a organização desse
departamento no decorrer das décadas de 10 e 20 do século XX.
Dentre as questões que também se percebeu nessa tabela, foram as
deliberações de cargos e os novos serviços desse setor. As nomeações em sua
maioria foram realizadas pelo presidente do estado, o que mostrou que ele não
deixou de participar diretamente dessa estruturação e obteve controle sobre
medidas tomadas na saúde pública. Observou-se também que houve um aumento e
aparecimento de novos cargos e funções que anteriormente não eram
desempenhadas nos serviços de saúde do Estado do Ceará, demonstrando que
esse setor tornava-se a cada ano mais complexo e que necessitava de mais
funcionários para a sua organização.
É importante mencionar que ao analisar as fontes notou-se que não houve
referências mais específicas sobre as funções desempenhadas por essa repartição
nos anos anteriores a 1913. Isso permitiu pensar que talvez as preocupações e
ações no campo da saúde foram sendo encaminhadas à medida que ocorreram
mudanças locais, nacionais e internacionais quanto às atuações na área da saúde
pública.
78
BARBOSA, José Policarpo de Araujo. Op.cit., p.68, nota 1.
56
79
Deve-se lembrar que essa forma de ação do governo em apoiar indiretamente a construção de
instituições de saúde pública estava relacionada à visão de administração com base nos ideais
liberais. Para os que desejam estudar essa questão se sugere pesquisar as seguintes instituições de
saúde: o Instituto de Proteção a Infância em 1913, a Maternidade João Moreira em 1915, o Instituto
Pasteur em 1918 e o Leprosário Antônio Diogo em 1928.
57
80
No 3º capítulo desta tese será analisada a atuação da Fundação Rockefeller no Ceará.
81
Relatório da Diretoria de Higiene do Estado do Ceará, 17 de julho de 1920, p.8.
58
do estado, que o fez voltar atrás quando prometeu ao médico a separação das áreas
de atuação desses dois setores.
Contudo, logo após esse início de conflito a Comissão Sanitária Federal
recebeu ordens da Diretoria Geral de Higiene do Rio de Janeiro para cessar todo e
qualquer serviço que não fosse o de profilaxia da febre amarela. É interessante que
de acordo com os relatórios quase não existiu casos de febre amarela no Ceará e
muitos foram os questionamentos sobre a importância da presença de tal Comissão
para o Ceará.
Com a assinatura do contrato entre o Estado do Ceará e o Governo Federal
para as campanhas e medidas contra as endemias reinantes no meio rural foi
implantado os serviços de saneamento e profilaxia rural em 1920 e o Presidente
Justiniano de Serpa nomeou como encarregado da direção desse setor o Dr. A.
Gavião Gonzaga.
82
Relatório da Diretoria de Higiene do Estado do Ceará, 30 de abril de 1922, p. 5.
59
83
Relatório da Diretoria de Higiene do Estado do Ceará, 30 de abril de 1922, pp. 5-6.
84
Ibid, p.8.
60
85
Relatório da Diretoria de Higiene do Estado do Ceará, 25 de maio de 1924, pp. 9-10.
61
86
Não faz parte dos objetivos estudar detalhadamente o Governo Vagas, uma vez que interessa a
compreensão das mudanças ocasionadas na área da saúde pública nesse período, mas é oportuno
indicar algumas obras que ajudam nas reflexões acerca desse governo. Ver: FERREIRA, Jorge e
Lucília de Almeida Neves Delgado (Orgs). O tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da
República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro-RJ; Civilização Brasileira, 2006; GOMES, Ângela de
Castro (Org.). Capanema: o ministro e seu ministério. Rio de Janeiro-RJ, Editora FGV, 2000;
GOMES, Ângela Maria de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro-RJ; Editora FGV, 2005.
87
Não faz parte dos objetivos dessa tese aprofundar-se nas questões ligadas à seca, mas sugere-se
aos interessados que vejam a seguinte bibliografia: RIOS, Kênia Sousa. Op. cit., nota 36.
88
Ver, por exemplo, SOUSA, Simone de (Org.). Uma nova história do Ceará. Fortaleza-CE; Edições
Demócrito Rocha, 2000.
62
das oligarquias que estavam fora do poder. Essa indicação causou conflitos e não
agradou aos tenentes revolucionários que acreditavam que somente um militar
comprometido com os ideais revolucionários poderia realizar as reformas políticas
desejadas por eles. Desse modo, o médico Fernando Távora permaneceu no cargo
durante oito meses e foi substituído pelo capitão Roberto Carneiro de Mendonça.
89
Relatório do Interventor do Estado do Ceará Roberto Carneiro de Mendonça, 22 de setembro de
1931 a 5 de setembro de 1934, p.107.
90
Como já abordado no texto, muitas foram às ações individualistas no campo da saúde pública no
Ceará. E evidentemente as causas estavam ligadas à valorização das questões de saúde. Como
exemplo pode-se observar que no início do século XX ainda não havia a prática das prevenções e os
63
Nada do que é urbano lhe pode ser estranho, sob pena de sua intervenção
se tornar precária ou ineficaz. Todos os componentes urbanos, todos os
seus lugares, objetos e elementos devem estar sob controle e sob seu
92
controle...
tratamentos eram realizados no auge das doenças. Desse modo, é relevante dizer que as instituições
de saúde pública fundadas entre os anos de 1900 a 1930 receberam uma determinada ajuda
financeira e apoio do governo, no entanto suas bases são formadas e administradas por iniciativas
particulares. Para analisar melhor essas questões, é interessante realizar pesquisas das seguintes
instituições: Vacinogênio Rodolfo Teófilo, Instituto de Proteção e Assistência a Infância, Maternidade
João Moreira, o Instituto Pasteur, o Leprosário Antônio Diogo.
91
BARBOSA, José Policarpo de Araujo. Op.cit., p. 111, nota 1.
92
MACHADO, Roberto. Danação da norma: a medicina social e a constituição da psiquiatria no
Brasil. Rio de Janeiro-RJ; Edições Graal, 1978, p. 260.
64
Toda pessôa no Ceará sabe mais ou menos quanto custa aos cofres
estaduais a encenação faustosa do Departamento de Saúde Pública. Com a
inovação da moderna higiene do Sr. Barca Pelon, o nosso Estado vem
passando por uma serie de reformas estapafurdias e inócuas. Em primeiro
logar tentou o esculapio adventício instalar um Centro de Saude, a exemplo
do que se ensaia ha seis meses mais ou menos no Estado de São Paulo e
93
De acordo com alguma das fontes pesquisadas notou-se que o jornal ―A Rua‖ teve publicação
diária durante os anos de 1933 a 1935. Esse jornal se colocava como independente e matutino e
tinha como diretor Paes de Castro e redator – secretario Gastão Justa. Analisando esse jornal
observou-se que alguns dos artigos não têm a assinatura e outros têm. Isto permite pensar que os
textos não assinados podem ser de autoria do redator – secretário Gastão Justa ou do diretor Paes
de Castro. Não se conseguiu informações mais detalhadas sobre esse jornal, já que também não
foram encontrados todos os seus exemplares durante a pesquisa na Biblioteca Pública do Estado
Menezes Pimentel em Fortaleza.
65
94
Jornal A Rua, ―Higiene de Fachada‖, 06 de fevereiro de 1934, p.3.
95
Deve-se mencionar que o jornal A Rua fez forte oposição à administração de Barca Pelon e por
isso deve-se tomar cuidado ao analisar suas críticas para não usar de juízo de valor.
96
Jornal A Rua, “O tratamento do Centro de Saúde‖, 25 de fevereiro de 1934, p.3.
66
97
Sobre o Jornal do Governo Provisório do Ceará encontrou-se apenas dois exemplares do ano de
1933. Sabe-se que é insuficiente para analisar questões como a duração de suas publicações, o
público alvo e os seus objetivos, contudo, permite observar as ações que foram deliberadas pelo
Interventor Carneiro de Mendonça para a saúde pública do Ceará. Esse material foi encontrado no
setor de microfilmagem da Biblioteca Pública do Estado Menezes Pimentel em Fortaleza.
98
Jornal Governo Provisório do Ceará, 09 de maio de 1933.
67
99
Para o médico José Policarpo Barbosa esses outros locais foram precursores do Centro de Saúde
de Fortaleza e que apesar de sua precariedade atuaram significativamente na cidade. Dentre esses
locais destaca-se: o Vacinogênio Rodolfo Teófilo, Inspeção Médico-Escolar, Dispensário Oswaldo
Cruz, Posto de Saúde da Prainha e Dispensário dos Pobres. Ver: BARBOSA, José Policarpo de
Araujo. Op.cit., pp. 112-118, nota 1.
100
Relatório do Interventor do Estado do Ceará Roberto Carneiro de Mendonça, 22 de setembro de
1931 a 05 de setembro de 1934, pp.113-114.
68
Pela análise de alguns jornais percebeu-se que somente o jornal ―A Rua‖ foi
um dos fortes opositores à administração do Diretor Barca Pelon. Através dos seus
artigos foi possível analisar as ações do governo nesse momento. O uso dos demais
jornais nesse capítulo não foi possível, já que poucos foram os artigos sobre Barca
Pelon e os que se encontrou fazem apenas menções sobre os eventos sociais
presenciados pelo diretor da saúde pública.
Ontem por volta das duas horas da tarde, uma criancinha, filha do Sr.
Francisco de Assis, motorneiro da Light, e de sua esposa d. Maria Alves,
brincava despreocupadamente junto a uma maquina de capim, quando
aconteceu esta lhe pegar e lhe esmagar, incontinente, os dedos de uma
mão. Aflita, sem saber o que fazer, vendo o filhinho esvair-se em sangue,
que jorrava da vasta ferida, d. Maria Alves, que reside no Tauape, valeu-se
do carreteiro de nome Henrique Costa, conhecido da família, que
transportou a criança para a cidade, levando-a ao <Centro de Saúde>, afim
de receber curativos. Em lá chegando teve porem, o pobre homem o
dissabor de sofrer uma formal recusa por parte dos funcionários daquela
repartição, tendo um deles lhe gritado, arrogantemente: - Aqui não se pode
atender. Não tem doutor. Veja o publico aonde chega a caridosa serventia e
101
prestabilidade da repartição que é a obra prima da gestão do Sr. Pelon!
101
Jornal A Rua, ―Flagrantes do Centro de Saúde‖, 15 de outubro de 1933, p.3.
69
Essa fonte traz algo bastante significativo, pois até o ano de 1933 a
referência de saúde era o hospital, contudo, como visto no artigo, o local escolhido
para atender às necessidades de saúde da população era o Centro de Saúde,
mesmo cercado das dificuldades apresentas pelo jornal. E novamente pode-se
também observar nessa circunstância que continuava a existir conflitos na
organização da saúde pública de Fortaleza durante a década de 30, mas que tal
fonte permite pensar sobre as mudanças na forma de ver e buscar a saúde por parte
da população.
O Centro de Saúde foi construído a partir do desejo e ideal de um local
moderno e eficiente para o suprimento das necessidades de atendimento e
tratamento da saúde da população, no entanto, na prática não deixou de apresentar
as dificuldades recorrentes da situação limitada e precária que ainda vivenciava
Fortaleza com relação à organização da saúde pública. No fato relatado no artigo do
jornal “A Rua‖ chama atenção a seguinte passagem: ―Aqui não se pode atender.
Não tem doutor‖. Será que entre as dificuldades observadas naquele período, a
insuficiência de médicos para o atendimento nas repartições públicas de saúde foi
um dos graves problemas daquela época? Afinal havia outros locais de atendimento
público como a Santa Casa de Misericórdia. Ou será que esses profissionais
passaram a deter-se mais ao atendimento privado? De qualquer forma não se pode
afirmar que essa problemática foi consequência das reformas e medidas da Diretoria
de Saúde Pública, mas que já era uma questão presente e ligada ao processo de
desenvolvimento da saúde pública em Fortaleza. Mais adiante, ao tratar da ação dos
médicos, essa análise será retomada.
Não se pretende deter aprofundadamente sobre esse período, uma vez que
o objetivo desse capítulo é analisar a trajetória da saúde pública em Fortaleza
durante o início do século XX. Desse modo, ao pesquisar a documentação do
Governo do Estado do Ceará da década de 30, observou-se que poucas foram as
informações mais específicas sobre a administração de Pelon, e que suas reformas
marcaram sua passagem na Diretoria de Saúde Pública. Mesmo com as críticas
realizadas pelo jornal “A Rua‖ não se pode deixar de apontar como significativas as
transformações no campo da saúde do Ceará, já que ela teve uma maior visibilidade
e presença no cotidiano da população cearense.
70
102
O jornal O Povo foi fundado em 7 de janeiro por Demócrito Rocha e tinha como objetivo “defender
os interesses da sociedade contra as oligarquias dominantes". Demócrito Rocha contou com a ajuda
de seu genro, Paulo Sarasate, que além de participar da construção desse periódico, assumiu o
cargo de redator chefe do jornal.
103
Jornal O Povo, 1º Congresso Médico Cearense, 25 de outubro de 1935, p.1.
104
Outras questões referentes ao primeiro congresso médico no Ceará estarão contidas no segundo
capítulo dessa tese, em que será tratado o tema do Centro Médico Cearense.
105
O Centro Médico Cearense foi uma associação criada a partir da reunião de médicos, odontólogos
e farmacêuticos em 1913 e teve como objetivo inicial a união desses profissionais da saúde no Ceará
para que houvesse uma troca de experiências a partir das pesquisas científicas desenvolvidas e uma
maior participação nas questões ligadas à saúde da cidade. A discussão e o debate sobre o Centro
Médico Cearense estão contidos no segundo capítulo dessa tese, uma vez que entender seu
funcionamento permite compreender as ações desses médicos em Fortaleza no início do século XX.
71
106
GIRÃO, Raimundo e Antônio Martins Filho (Orgs.). SAMPAIO, Pedro. A medicina no Ceará.
Fortaleza-CE; Editora Fortaleza, 1945, p.471.
107
Em meados do século XIX o psiquiatra francês Jean Martin Charcot promoveu mudanças no
atendimento aos doentes ao promover a ideia de que os pacientes não poderiam ser atendidos em
seus domicílios, mas em clínicas ou hospitais designados para essas funções. Essa ideia foi bastante
divulgada no Brasil e notou-se que no começo do século XX começa aparecer mais locais para
tratamentos das doenças e os atendimentos domiciliares têm uma diminuição.
73
A profissão que mais apetecia era a de médico. Seu pai e avô o haviam
sido. Esse curso era longo e talvez não pudesse vencê-lo. Assim,
contentou-se com o curso de Farmácia. Mesmo assim, com que meios
sairia para uma terra estranha? Estava pronto para seguir, mas faltava-lhe o
essencial. Cinco anos no comércio não lhe deram para economias; os
ordenados foram péssimo. O pequeno saldo que tinha na casa mal lhe daria
para a passagem até o Recife, onde pretendia fazer os preparatórios.
Estava sem esperança de ir estudar, quando apareceu o seu bom anjo na
109
pessoa de seu grande e devotado amigo Henrique Gonçalves da Justa.
108
Essa revista foi organizada pelo Centro Médico Cearense e serviu de órgão de divulgação de suas
ações e pesquisas. Teve duas importantes fases de publicação: 1ª fase (1913 a 1918) e 2ª fase (1928
a 1960) no 2º capítulo essa revista será analisada mais detalhadamente.
109
Trecho tirado do jornal Tribuna dos dias 19, 20 e 23 de julho de 1917 do Rio de Janeiro. O artigo
completo pode ser encontrado no prefácio da obra de TEÓFILO, Rodolfo. A seca de 1915. Fortaleza-
CE; Edições UFC, 1980, p.8.
74
110
Deve-se destacar que as faculdades de medicina das cidades mencionadas foram inauguradas
nos decorrer do século XIX e início do XX. Rio de janeiro e Salvador em 1808, Porto Alegre em 1898,
Minas Gerais em 1911, Recife em 1920. E apesar da ausência de referências que apontassem
médicos cearenses formados em São Paulo deve-se destacar que desde o século XIX as atividades
de ensino médico em SP já vêm ocorrendo e culminam com a inauguração da Faculdade de Medicina
e Cirurgia de São em 1912. Ver, por exemplo, MARINHO, Maria Gabriela S.M da Cunha. Op.cit., nota
11.
75
TABELA 3
LOCAIS DE FORMAÇÃO E O NÚMERO DE MÉDICOS CEARENSES FORMADOS
ENTRE OS ANOS DE 1900 A 1937.
1901 a 1910
Rio de Janeiro – 46
Bahia – 17 63 médicos formados
1911 a 1920
Rio de Janeiro – 45
Bahia – 25 71 médicos formados
Minas Gerais – 1
1921 a 1930
Rio de Janeiro – 37
Bahia – 34 72 médicos formados
Rio Grande do Sul – 1
1931 a 1937
Rio de Janeiro – 49
Bahia – 55 118 médicos formados
Minas Gerais – 1
Pernambuco – 11
Sem identificação – 2
(Dados retirados do Livro “A História da Medicina no Ceará‖ de Vinicius Barros Leal, pp.192-209)
111
Para estudar mais sobre esse assunto ver, por exemplo, HOCHMAN, Gilberto. Op.cit., nota 42;
FERNANDES, Tania Maria. Vacina antivariólica: ciência, técnica e o poder dos homens (1808 -1902).
Rio de Janeiro-RJ; Editora Fiocruz, 1999 e CUKIERMAN, Henrique Luiz. Yes, nós temos Pasteur:
Manguinhos, Oswaldo Cruz e a história da ciência no Brasil. Rio de Janeiro-RJ, Relume Dumará:
FAPFERJ, 2007.
112
A esse respeito ver MARINHO, Maria Gabriela da Cunha. Op.cit., nota 11.
113
GIRÃO, Raimundo e Antônio Martins Filho (Orgs). SAMPAIO, Pedro. Op. cit., p.471, nota 106.
77
foi possível, de forma geral, a percepção das divisões e restrições que havia para
fazer parte desse meio profissional em Fortaleza e, para isso, basta notar a ausência
das mulheres nessa profissão. Evidente que naquele período as profissões,
sobretudo no campo da saúde, tinham em sua maioria a atuação masculina e a
participação das mulheres era pequena e limitada aos espaços da enfermagem114 e
da função de parteira115. No entanto, encontra-se entre o final do século XIX e início
do XX os nomes de duas médicas cearenses: Amélia Pedroso B. Perouse, formada
na Bahia, em 1889, e Adalgisa Teixeira Chaves, formada em 1936, mas cujo local
de formação não se encontrou referência.
A referência da falta de lugares apropriados para o atendimento aos
doentes no começo do século XX apareceu nos discursos de médicos que relataram
suas vivências. E como apontou o Dr. Pedro Sampaio as dificuldades enfrentadas
para a realização de uma cirurgia eram grandes, já que na maioria das vezes elas
eram realizadas nas casas dos pacientes. Deve-se abordar que em tempos em que
se falava sobre modernidade, esses e outros fatos acabavam gerando
questionamentos: como se adaptar às mudanças e deixar para trás costumes que
vigoraram de geração a geração? Como deixar de ser um médico de conhecimento
geral e passar a ser um especialista? Como passar a atuar em grupos que
defendam os interesses de sua profissão? Foram períodos de transição que tiveram
um papel muito importante para a consolidação e a construção da medicina
acadêmica em Fortaleza no decorrer do século XX.
114
No Brasil essa profissão somente foi oficializada em 1922, com a criação do Serviço de
Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública e em seguida com a fundação da Escola
de Enfermeiras D. Anna Nery. Ver, por exemplo, MOREIRA, Martha Cristina Nunes. A Fundação
Rockefeller e a construção da identidade profissional de enfermagem no Brasil na Primeira República.
Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro-RJ, v. 5, n. 3, fev. 1999 e PEREIRA NETO, A. F.
Interfaces da História da Enfermagem: Uma potencial agenda de pesquisa. Escola Anna Nery.
Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro-RJ, v. 10, pp. 515-522, 2006.
115
É importante destacar que as parteiras, a princípio, não eram consideradas profissionais e
somente se passou a ter esse valor quando a função começou a ser organizada pelos médicos
através de cursos voltados a ela, ou quando ela foi às mãos dos médicos através da especialidade da
obstetrícia. Antes, não estava ligada ao campo da medicina, mas sim às práticas populares. A esse
respeito ver MOTT, Maria Lucia. Parto. Florianópolis-SC; Rev. Estud. Fem., v. 10, n. 2, July de 2002;
ZÁRATE, Maria Soledad. Dar a Luz em Chile, siglo XIX: De La ―Ciencia de hembra‖ a La ciência
obstétrica. Santiago- Chile; Centro de Investigaciones Diego Barros Arana de La Dirección de
Bibliotecas. Archivos y Museos y Universidad Alberto Hurtado, 2007 e MARQUES, Rita de Cássia.
Imagem social do médico de senhoras no século XX. Belo Horizonte-MG; Coopmed, 2005;
MEDEIROS, Aline da Silva. Trabalhos do parto: a Maternidade Dr. Joao da Rocha Moreira e o corpo
feminino em Fortaleza (1915-1933). São Paulo-SP; Dissertação de Mestrado em História Social pela
PUC-SP, 2010.
78
116
Apesar de alguns dos debates sobre a profissão dos médicos já estarem presentes no final do
século XIX no Brasil, foi somente no século XX que essa questão passou a estar mais recorrente nos
debates e isso acabou por promover diversos trabalhos, congressos e também por criar associações
médicas para em conjunto apontarem as necessidades, ações e posturas que deveriam assumir em
sua profissão. A esse respeito ver PEREIRA-NETO, A. F. A Profissão Médica em Questão (1922):
Dimensão Histórica e Sociológica. Rio de Janeiro-RJ; Cad. Saúde Pública, pp. 600-615, out/dez de
1995 e PEREIRA-NETO, A. F. Identidades profissionais médicas em disputa: Congresso Nacional de
Práticos, Brasil (1922). Rio de Janeiro-RJ; Cad. Saúde Pública, pp. 399-409, abr-jun de 2000.
117
GIRÃO, Raimundo e Antônio Martins Filho (Orgs.). SAMPAIO, Pedro. Op. cit., p.471, nota 106.
79
Todas as vezes que um doente que ali vejo pela primeira vez faz grande
reclamo da sua riqueza, e da prosperidade de seus negócios, não me paga
o meu trabalho quando se queixa elle de difficuldades e da crise, ou paga
muito mal ou também não paga nada; mas ha uma classe delles que
reclamam os nossos serviços sem regatear, mas também sem espalhafatos,
com uma indiferença que não nos deixa perceber si são bons ou maus
clientes, e, com a mesma indiferença...desaparecem depois sem nos dar a
119
menor satisfação.
O autor dessa pequena nota foi o médico Oscar Elly e pelo que se observou
não pertencia à classe médica cearense, contudo essas linhas têm uma importância
significativa, pois esse assunto representava aos interesses de muitos médicos, que
desejavam mudanças nas organizações de seus serviços. Uma delas era o
rompimento da ideia de que sua profissão era filantrópica. Assim, notou-se que em
1916 os novos debates chegavam ao Ceará por intermédio da revista publicada pelo
Centro Médico Cearense, a partir de 1913 e que defendia e apontava as mudanças
na prática da medicina nacional e internacional.
As preocupações com o ganho com os serviços prestados gerou grandes
polêmicas na época. Uma delas foi o desejo de alguns médicos de fixar preços às
consultas, ou seja, que obtivessem um salário fixo, assim como as outras profissões.
118
PEREIRA NETO, André de Faria. Op. cit., p.29, nota 7.
119
Revista Norte Médico (depois conhecida como Ceará Médico) ―Canhenho de um pratico‖.
Fortaleza, julho, agosto e setembro de 1916, p.12.
80
Contudo, nem todos defendiam essa ideia e nas linhas da Revista Norte Médico, de
1916, encontrou-se a seguinte afirmação:
Uma lei que impuzesse um preço só, ou que estabelecesse uma tabella
obrigatória, seria iníqua e inefficaz. Assim, o remedio contra os abusos esta
no arbitramento, podendo ainda nos tribunais reduzir o preço quando
120
exorbitante.
120
Revista Norte Médico. ―Honorários Médicos‖, Fortaleza, julho, agosto e setembro de 1916, p.13.
121
GIRÃO, Raimundo e Antônio Martins Filho (Orgs.). SAMPAIO, Pedro. Op. cit., p.472, nota 106.
122
PEREIRA NETO, André de Faria, Op. cit., p.21, nota 7.
81
123
Observou-se que em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo a preocupação com a atuação
profissional e a formação de associações médicas já estavam presentes desde o final do século XIX,
diferentemente do que ocorreu com o Ceará. A esse respeito ver COELHO, Edmundo Campos. As
profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia no Rio de Janeiro (1822-1930). Rio de
Janeiro-RJ; Recorde, 1999 e SÁ, Dominichi Miranda. A ciência como profissão: médicos, bacharéis e
cientistas no Brasil (1895-1935). Rio de Janeiro-RJ; Editora Fiocruz, 2006.
124
No capítulo seguinte serão analisadas as tentativas de formação dessas associações e a fundação
do Centro Médico Cearense que surgiu dos anseios e desejos desses profissionais.
125
Observou-se com relação aos práticos de farmácia que, para a sua atuação era necessária uma
licença da inspetoria de higiene pública acompanhada de uma supervisão de um farmacêutico, já que
esses práticos não tinham a formação acadêmica. Esse controle nem sempre era efetivo e isso acaba
gerando problemas, pois algumas pessoas burlavam essas licenças e tomavam conta de farmácias
no interior e na capital sem as devidas fiscalizações das inspetorias de higiene pública. Ver, por
exemplo, os relatórios da Inspetoria de Higiene Pública do Ceará entre os anos de 1913 e 1918.
82
allegando não alli funcionário algum com citado nome. Enquanto isto
126
desappareceu da cidade o – cirurgião.
Esta fonte permitiu observar que existiu fiscalização e combate aos que
praticavam ilegalmente a medicina, contudo isso não impediu que esses atos
continuassem e notou-se que estavam imperceptíveis, muitas vezes, aos olhares
daqueles que os vigiavam.
Nesse caso também se observou que as tentativas de fraude eram
realizadas também por estrangeiros residentes no Brasil. E, infelizmente, não se
encontrou outra documentação que apontasse práticas parecidas, contudo acredita-
se que essas ações de charlatães127 foram frequentes e estiveram presentes em
Fortaleza, uma vez que é mencionado nos relatórios e regulamentos é porque isso
de alguma forma era uma questão problemática para aqueles que administravam a
saúde pública da cidade.
126
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1915, p. 15.
127
Não foi possível investigar mais sobre essa questão, mas se deve ressaltar que esse assunto é
muito interessante para as análises sobre a História da Saúde Pública e da medicina no Brasil. Ver;
MACHADO, Op. cit., pp.193-213, nota 92 e CHALHOUB, Sidney. Op. cit., nota 13.
128
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1915, pp. 15-16.
83
129
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 15 de maio de 1914, p.7.
130
Ibid, 1º de maio de 1915, p. 7.
84
Essa foi uma das questões mais recorrentes entre as cobranças feitas pelo
médico e inspetor da higiene pública Carlos Ribeiro. Ele, como membro do Centro
Médico Cearense também se utilizou do espaço da revista Ceará Médico para
relatar suas insatisfações e dificuldades no relacionamento com os outros médicos.
E entre os profissionais da saúde que também lhe causavam desconforto em sua
administração encontravam-se os farmacêuticos.
131
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública, 1º de maio de 1914, p.6.
85
CAPÍTULO 2
2.1 – A FORMAÇÃO
134
Para uma melhor compreensão ver o artigo ―História da sua fundação‖ da revista Norte Médico,
15 de abril de 1913, pp.2-4. Durante as pesquisas realizadas somente encontrei um exemplar da
primeira revista no setor de microfilmagem da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Infelizmente, no
Ceará, nas instituições públicas de pesquisas não exista mais exemplares dos primeiros anos dessa
coleção.
135
Revista Norte Médico, 15 de abril de 1913, pp.2-4.
88
136
Guilherme Chambly Studart, o Barão de Studart (1856-1938) foi um médico, historiador e vice-
cônsul do Reino Unido no Ceará. Filho de John William Studart, comerciante e primeiro vice-cônsul
britânico no Ceará, e de Leonísia de Castro Studart. Fez os primeiros estudos no Ateneu Cearense,
transferindo-se, posteriormente, para o Ginásio Bahiano. Matriculou-se, em 1872, na Faculdade de
Medicina da Bahia, onde doutorou-se em 1877. Exerceu, durante muitos anos, a atividade médica,
principalmente no Hospital de Caridade de Fortaleza e foi membro de várias instituições, entre essas
o Centro Médico Cearense. Ver; Revista do Instituto do Ceará (Comemorativa do primeiro centenário
de nascimento do Barão de Studart).
137
BARBOSA, José Policarpo de Araujo. Op. cit., p.81, nota 1.
89
Essa ideia que já estava vigente na Europa foi uma das bases que deu
incentivo à criação do sistema de previdência social no Brasil. Porém, não teve
138
Revista Norte Médico, 15 de abril de 1913, p.2
139
GIRÃO, Raimundo. Op.cit., p. 471, nota 19.
140
O mutualismo, corrente ideológica que defende que as instituições devam fazer fundos de
contribuição entre seus membros para que mais adiante quando eles não estivessem mais
trabalhando fossem assistidos.
141
Revista Norte Médico, 15 de abril de 1913, p.2.
90
aceitação entre alguns dos associados, uma vez que uma das grandes pretensões
era à pesquisa e os estudos científicos da medicina. Assim, foi retirado do estatuto
qualquer tipo de ação de assistência financeira, com exceção aos auxílios nos casos
de falecimento dos membros efetivos que não contassem de uma boa situação
financeira, mas as homenagens abrangeriam a todos.
142
Revista Norte Médico, “Estatuto do Centro Médico Cearense‖, 30 de abril de 1913, pp.13-16.
91
143
Dentre as Instituições fundadas por alguns dos membros do Centro Médico estão: O Instituto de
Proteção e Assistência à Infância, fundada pelo médico Rocha Lima em maio de 1913, a Maternidade
João Moreira, fundada pelo médico Manuelito Moreira em março de 1915, O Instituto Pasteur,
fundado pelo farmacêutico Afonso de Pontes Medeiros e pelo médico Carlos Ribeiro em 1919 e o
leprosário de Antônio Diogo, fundado pelo médico Antônio Justa em 1928.
144
Revista Norte Médico, “Estatuto do Centro Médico Cearense‖, 30 de abril de 1913, pp.13-16.
145
A Assembleia Geral do Centro Médico era a reunião em que o poder e o direcionamento das
atividades do Centro Médico eram debatidos. Era reunida extraordinariamente e também convocada
para resolver casos de imprevisto. Participavam dessas reuniões a diretoria, o conselho fiscal,
redatores da revista e os membros efetivos.
92
146
Revista Norte Médico, “Estatuto do Centro Médico Cearense‖, 30 de abril de 1913, p.13.
93
147
Revista Norte Médico, “Estatuto do Centro Médico Cearense‖, 30 de abril de 1913, p.14.
94
148
O projeto era bastante amplo, no entanto, as dificuldades impediram o Dr. Rocha Lima de executar
rapidamente seus ideais. Essa instituição também contou com a ajuda da população de Fortaleza,
representada pelas mulheres da sociedade conhecidas como “damas protetoras da infância”. Sua
sede foi transferida em 1915 para a Rua Tristão Gonçalves, onde também funcionou uma enfermaria
destinada às crianças.
149
BARBOSA, José Policarpo de Araujo. Op. cit., p.84, nota 1.
150
Revista Ceará Médico, dezembro de 1928, p.16.
95
Um ponto que também chamou atenção nesse artigo foi o apoio concedido
pelo Centro às obras que tivessem por base a eugenia151. Não se encontrou nas
fontes indícios ou textos mais diretos que apontassem essa ideia.152 Mas, pode-se
pensar que tal conceito tenha recebido adesão de seus membros.
Todo o regulamento foi moldado dentro noção de um Centro Médico
participativo nas questões da saúde. Desse modo, no início dos artigos, já constava
o objetivo do Centro Médico Cearense que era o de “Promover o estudo e trabalhar,
por todos os meios, pela solução de todos os problemas medicos-sociais de
interesse local‖153, mostrando que as práticas e teorias defendidas por essa
associação deveriam abranger os espaços fora do Centro e não mais apenas os
interesses internos e restritos desse grupo, como nos primeiros anos de sua
existência.
Outros pontos relevantes alterados e acrescentados nesse estatuto foram
com relação à forma de pagamento dos membros efetivos, pois se observou que
não era mais exigida uma joia de seus membros como antes e a mensalidade
passou ao valor de dez mil réis (10$000). O comparecimento mínimo dos sócios às
reuniões, que antes era uma vez por mês, nessa nova fase passou para duas vezes
por mês e, por fim, a participação na formação de comissões especiais.
151
Nos artigos da revista Ceará Médico, entre os anos pesquisados, não se encontrou nenhum artigo
que mostrasse qualquer tipo de apoio ou defesa à eugenia, contudo, não se pode negar que o fato de
constar no estatuto demonstrava certo apoio a essa ideia. Não faz parte dos objetivos desse trabalho
estudar a eugenia, mas para os pesquisadores interessados sugere-se a leitura dos seguintes
trabalhos: SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial
no Brasil (1870-1930). São Paulo-SP; Companhia das Letras, 2003; MOTA, André. Quem é nasce
feito: sanitarismo e eugenia no Brasil. Rio de Janeiro-RJ; DP&A, 2003 e MARQUES, Vera Regina
Beltrão. A Medicalização da raça: médicos, educadores e discurso eugênico. Campinas-SP; Editora
da Unicamp, 1994.
152
Entre as fontes observadas estavam as atas das reuniões do Centro Médico que eram publicadas
dentro da revista Ceará Médico e na década de 30 também eram publicadas nos jornais locais.
153
Revista Ceará Médico, dezembro de 1928, p.16.
154
Idem.
96
Para o Centro Médico não era parte dos seus propósitos, enquanto
associação, assumir sozinho a responsabilidade de realizar preventivos e
tratamentos das doenças predominantes em Fortaleza, ou até mesmo interferir
diretamente na organização da saúde pública, já que acreditavam que o governo era
quem deveria cuidar dessas questões. Assim, notou-se que nessa primeira fase
suas ações foram direcionadas para dois pontos: o primeiro era a publicação dos
artigos de pesquisas médicas na revista Norte Médico e o segundo era o apoio a
alguns dos membros que assumiram cargos públicos na área da saúde e que em
sua maioria eram médicos que tentavam delimitar um campo de atuação na capital
cearense.
O Centro defendeu por várias vezes em reuniões e publicações de sua
revista que o responsável direto pela manutenção e melhoramento da saúde de
155
Revista Norte Médico, novembro e dezembro de 1915, p. 2.
97
Não é, pois, a nós do Centro Médico que se deve dirigir qualquer appello,
não é diante de nós que se devem fazer quaesquer considerações sobre
salubridade de Fortaleza: nós somos apenas melhores conhecedores de
nossas miserias, e mais do que quem quer que seja nos condoemos da
sorte que possa ter a nossa desprotegida população. A arte de curar em
que se resume a clinica, applica-se ao individuo, á collectividade destina-se
157
a arte de preservar a saúde e prevenir as doenças affecta ao Estado.
156
Revista Norte Médico, novembro e dezembro de 1915, p. 5.
157
Ibid, p.4.
98
158
Revista Norte Médico, março e abril de 1916, p. 20.
159
Dentre os associados do Centro Médico Cearense que assumiram essa função destaca-se: em
1913 o Dr. Abdenago da Rocha Lima, em 1914 Dr. Aurélio Lavor, de 1915 a 1920 o Dr. Carlos da
Costa Ribeiro.
160
Revista Norte Médico, outubro de 1915, p. 14.
99
Essa fonte permitiu também pensar se na prática tal fato ocorreu e se foi
cumprida a expulsão. Evidentemente que seriam necessários elementos mais
detalhados sobre o funcionamento do Centro, o que infelizmente não se obteve, pois
sobre tal associação somente se conta com informações obtidas na revista Ceará
164
Para observar mais essa segunda fase do Centro Médico Cearense indica-se o trabalho de
SALES, Tibério Campos. Medicina, associativismo e repressão: O Centro Médico Cearense e a
formação do campo profissional em Fortaleza (1928-1938). Fortaleza-CE; Dissertação de Mestrado
em História pela UFC-CE, 2010.
165
Revista Norte Médico, “Estatuto do Centro Médico Cearense‖, 30 de abril de 1913, p.14.
101
Médico. Contudo, mesmo com a ausência de casos específicos pode-se pensar que
na prática essa associação enfrentou dificuldades e conflitos, afinal, havia reunido
três grupos de profissionais que tinham interesses e objetivos específicos e que
possivelmente as disputas e discordâncias estavam presentes.
No caso da eliminação, a situação era mais extrema e para a execução de
tal ação o associado infringiria os seguintes pontos:
166
Revista Norte Médico, “Estatuto do Centro Médico Cearense‖, 30 de abril de 1913, p.14.
102
2.2 – A REVISTA
Nas palavras do Dr. Lavor é ressaltada a falta que faz ao Ceará não possuir
no meio médico uma imprensa dedicada a noticiar suas pesquisas e feitos. Para ele
é provável que a causa esteja na crença de que no Ceará não há profissionais
capacitados para desenvolver um trabalho dedicado à divulgação dos preceitos
médicos através de um periódico.
Diante desses anseios e debates é que surge a revista, que representou o
Centro Médico Cearense e foi o instrumento de divulgação usado para relatar e
apresentar aos profissionais da saúde os trabalhos que vinham sendo realizados
pelos médicos, farmacêuticos e odontólogos de Fortaleza. E permitiu também a
troca de experiências sobre as novas teorias da medicina implantadas pelos demais
estados brasileiros e de outros países.
167
Revista Norte Médico, 15 de abril de 1913, p.1.
104
(Revista Norte Médico, 15 de abril de 1913 - Setor de microfilmagem da Biblioteca Nacional - RJ)
105
168
Revista Ceará Médico, março de 1917, p.15.
169
Ibid, setembro de 1915, p.2.
106
170
Revista Ceará Médico, outubro de 1928, p. 26.
107
Srs. Médicos
Auxiliae a combater a tuberculose preconisando largamente a vaccinação
preventiva com as vaccinas de Friedmann.
Especificas, efficazzes, idolores, absolutamente sem nenhum perigo.
Aprovados pelo Departamento Nacional de Saúde Pública.
SO PODEM SER VENDIDOS SOB RECEITA MÉDICA, NA QUAL DEVE
171
SER INDICADA A CONCENTRAÇÃO DESEJADA.
171
Revista Ceará Médico, outubro de 1928, p. 26.
108
que entre os anúncios mais frequentes nos anos de 1913 a 1919 estavam os
serviços clínicos particulares.
Foram poucos esses anúncios, provavelmente, não só por que a revista
precisou de um determinado tempo para obter credibilidade, como também pôde
não ter tido a princípio o objetivo de conter em suas páginas esse material. De
qualquer forma, na segunda fase, a partir de 1928, houve uma retomada mais ativa
para essas propagandas e isso possibilitou que não somente os locais de
atendimento desses profissionais fossem conhecidos, mas os medicamentos recém
lançados chegassem mais rapidamente ao conhecimento da população.
172
Revista Ceará Médico, março de 1917, p.20.
110
173
Dentre as fontes pesquisadas em Portugal destacam-se os seguintes jornais: A Medicina
Contemporânea, Porto Medico, Portugal Medico, o Jornal dos Médicos e Farmacêuticos Portugueses.
É importante afirmar que se encontrou referências sobre a existência de revistas e outros jornais de
medicina, mas infelizmente nos locais de pesquisa não foram encontrados. Para os pesquisadores
que desejam estudar esses jornais é importante destacar que alguns dos exemplares das revistas
Porto Medico, Portugal Medico, o Jornal dos Médicos e Farmacêuticos Portugueses foram
encontrados em sebos ou alfarrábios (conhecidos por esse nome em Portugal) na cidade do Porto e
infelizmente somente o jornal A Medicina Contemporânea estava disponível para pesquisa nas
bibliotecas portuguesas da Universidade do Porto e da Biblioteca Nacional de Portugal.
114
174
Esse jornal foi fundado pelos médicos Manoel Bento de Sousa e Miguel Bombarda e Sousa
Martins e nele vão colaborar os principais médicos da época e nomeadamente os de Lisboa. Dirigido
durante anos por Miguel Bombarda, esse jornal se transformou em espaço privilegiado para as suas
conhecidas polêmicas intelectuais no laboratório de histologia do Hospital de Rilhafoles para o qual
convidou Marck Athias, tendo também um papel protagonista na criação da Liga Nacional contra a
Tuberculose.
115
sobretudo, após os anos 1920 outros pontos apareciam para dar ênfase às outras
questões.
Para avaliar a estrutura de todo periódico, priorizou-se definir e destacar os
tópicos centrais apresentados no sumário. Primeiramente, percebeu-se que esses,
em geral, vinham na capa do jornal e que estavam acompanhados de diversas
propagandas de medicamentos. Na primeira parte, o periódico destacava os
trabalhos que eram estudados no meio médico. Assim, esses artigos destacavam
doenças e casos clínicos de Portugal e de outros países.
.
(Foto retirada do jornal A Medicina Contemporânea, 19 de janeiro de 1913)
117
175
Jornal A Medicina Contemporânea, 17 de janeiro de 1915, p. 24.
118
Uma das fortes marcas do Dr. Virgílio em seus artigos foi sempre abordar de
forma enfática como a classe médica atuava no Brasil e, sobretudo, como os
médicos vinham desempenhando suas funções nos espaços de Fortaleza.
Analisando esse tópico da revista percebeu-se que ele seguia sempre uma
característica crítica na escrita de seus vários textos, inclusive nesse trecho notou-se
que ele faz referências à deontologia177, em que deixa claro que não considerava tal
assunto como algo que deveria ser aprendido durante os cursos e carreiras
médicas, mas sim algo que já fazia parte da educação trazida dos lares desses
médicos.
Além dos textos mais críticos e reflexivos, observou-se que apareceu o uso
de imagens que não tinham apenas o interesse da propaganda, mas que pretendia
mostrar os assuntos que causavam discordâncias aos interesses da classe médica
em Fortaleza no decorrer da década de 30 do século XX.
Dentre os assuntos considerados mais problemáticos, citados pelo Centro
Médico Cearense nessa fase, estavam também à questão das prevenções das
doenças, do melhoramento das condições higiênicas da cidade e, sobretudo as
práticas populares de cura. É interessante mencionar que os médicos tinham essa
associação médica como instrumento de alcance de seus interesses e que o Centro
deveria lutar para possibilitar a esse grupo um espaço mais efetivo dentro da cidade
e que obtivesse o apoio da população.
Assim, para que esse objetivo tivesse resultados favoráveis, algumas ações
precisavam ser adotadas. Uma das formas usadas foi a publicação de artigos e de
propagandas na Ceará Médico e possivelmente em jornais e algumas ações
médicas que mostravam que as medidas profiláticas defendidas pela medicina
acadêmica eram eficazes e traziam resultados satisfatórios para a saúde da
população local.
176
Revista Ceará Médico, dezembro de 1930, p. 8.
177
É interessante mencionar que Dr. Virgílio de Aguiar retoma e aponta outras problemáticas do
debate sobre deontologia que foi iniciado com a elaboração do Estatuto do Centro Médico Cearense
em 1913. (Anexo1)
120
178
Para ver mais imagens usadas nesse sentido ver; CHALHOUB, Sidney. Op. cit., nota 13.
179
O uso de água de maravilha era muito comum e a população tratava desde queimaduras a picada
de insetos com esse medicamento. Nessa imagem os autores a usam no intuito de mostrar os
diversos medicamentos populares que ainda predominavam mesmo com a ascensão dos tratamentos
médicos.
122
180
PONTE, Sebastião Rogério. Op. cit., p. 121, nota 10.
124
181
Revista Norte Médico, janeiro e fevereiro de 1916, p.18.
125
As atas das reuniões contidas na revista Ceará Médico, nessa primeira fase,
foram uma importante documentação para analisar a atuação dessa associação nas
questões relacionadas à saúde da cidade. Nessa fonte encontraram-se indicações
tanto das práticas individuais de seus membros como atividades e propostas de
trabalhos a serem executadas para o melhoramento da saúde pública de Fortaleza.
Outro meio em que se notaram as ações médicas na cidade foram nas
reclamações e críticas publicadas na Ceará Médico, onde determinados atos e
medidas tomados com relação à saúde pública traziam prejuízos para a higiene e
controle das doenças na cidade.
182
Revista Norte Médico, agosto e setembro de 1916, p.11.
126
183
sua repartição que vai ser apresentado ao Sr. Presidente do Estado‖ . Esse fato
mostrou o quanto essa associação uniu interesses e compartilhava suas decisões e
procedimentos.
O Dr. Ribeiro compartilhou com os demais membros do Centro Médico
várias de suas medidas e determinações enquanto esteve no cargo de inspetor de
higiene e também se utilizou do espaço da revista e das reuniões do Centro para
solicitar dos médicos algumas mudanças em suas práticas. Dentre os pedidos
estava o cumprimento de algumas normas e o atendimento ao pedido da Inspetoria
como, por exemplo, quando na reunião do Centro Médico de junho de 1917 ele
―communicou que estava organizando a lista dos profissionais diplomados e por isso
pedia a todos os membros do Centro que não tivesse seus títulos registrados que
tratassem de registra-los.184 Dentre os inspetores da higiene pública ele foi um dos
que mais aproximou os membros do Centro Médico Cearense às questões da saúde
pública na cidade. Ele também promoveu diversas modificações na Inspetoria de
Higiene Pública e através da sua participação ativa no Centro conseguiu uma maior
proximidade com os médicos de Fortaleza.
Como já mencionado não foi tão intensa a participação em conjunto do
Centro Médico entre os anos de 1913 a 1919 com relação às atividades de saúde
pública da cidade Provavelmente essa associação seguiu aos poucos as
transformações e os espaços conquistados pela medicina acadêmica e assim
adquiriu experiências que na segunda fase lhe proporcionaram mais autonomia e
participação nos assuntos de saúde local. Deve-se mencionar que as ações do
Centro Médico na cidade favoreceram aos médicos a construção do seu
conhecimento e a credibilidade em suas ações junto à população.
Além das práticas relacionadas à saúde, observou-se que alguns médicos
também aderiram ao campo político. Possivelmente, esse foi um forte aliado na
conquista de espaços para a aplicação de seus métodos e também para legitimar
seus conceitos e ideais, aproximando-os da população local. Não se conseguiu
documentos que apontassem as intenções desses médicos ao buscarem os cargos
políticos, mas acredita-se que dois motivos tenham sido impulsionadores para tal
escolha: o prestígio obtido com esses cargos e uma maior participação nos assuntos
183
Revista Norte Médico, agosto e setembro de 1916, p.15.
184
Revista Ceará Médico, junho de 1917, p.36.
127
O Dr. Manuelito Moreira propôs que o Centro dirigisse um appello aos Snr.
Pharmaceuticos afim de que não aluguem seus nomes como responsáveis
de pharmacias como fazem vários até muitas vezes por preços
insignificantes, o que é, além de contrario a disposição da lei, deprimente
para a classe e prejudicial á saúde publica. Approvada as propostas, foi
deliberado que o Centro por intermedio do secretario dirigisse uma circular
186
neste sentido aos Snr. Pharmaceuticos.
185
Dentre os médicos que assumiram o cargo de presidente do estado do Ceará durante os anos de
1900 a 1935 estavam o Dr. João Moreira da Rocha em 1925 e o Dr. Manuel Fernandes Távora como
interventor em 1930. Evidentemente, que os médicos participaram também de outros cargos públicos
como foi caso do Dr. Cesar Cals que foi prefeito de Fortaleza no ano de 1930 e outros cargos
políticos.
186
Revista Ceará Médico, junho de 1917, p. 36.
128
O programa que adoptamos foi dos mais simples, sem prejuízo da sua
eficciencia. Fizemos realizar todos os dias uma conferência ou palestra de
propaganda anti-alcoolica, procurando para ellas auditorios numerosos de
operarios, de estudantes, de pequenos negociantes, de soldados, em cujo
187
seio as idéias anti-ethylicas pudessem ser propagadas com real proveito.
187
Revista Ceará Médico, novembro de 1928, p.3.
188
Idem.
129
189
Jornal O Nordeste, 13 de agosto de 1928, p.5.
190
O Nordeste foi um jornal vespertino e órgão católico que iniciou suas publicações no dia 29 de
junho de 1922, estava amparado pela Arquidiocese de Fortaleza e tinha como diretor o Padre José
de Lima e como redator chefe Dr. Andrade Furtado. Aos pesquisadores que têm o interesse em
realizar pesquisas nesse periódico, atualmente, há alguns exemplares na Biblioteca Pública do
Estado do Ceará Governador Menezes Pimentel e no Seminário da Prainha.
130
Essa fonte permitiu notar o quanto o Centro Médico esteve ativo e ligado às
ações na cidade e também no empenho de combater as doenças através de
campanhas preventivas entre a população. Isso possivelmente fez com que a
credibilidade das suas ações e práticas no campo da saúde recebesse aprovação
dos moradores de Fortaleza e também o apoio governamental.
Através da pesquisa em alguns dos jornais publicados no período da
segunda fase do Centro, observou-se que o uso desse espaço na imprensa local
passou a ser mais utilizado pelos membros do Centro Médico e além da revista
Ceará Médico tinha-se nesses periódicos outros meios de divulgação de suas ações
e atividades para toda a população, diferentemente da primeira fase, em que se
notou uma associação menos ativa nos assuntos da saúde pública. Assim,
encontrou-se nas páginas desses jornais as chamadas dos associados para as
palestras e também as atas das reuniões do Centro realizadas nas semanas
anteriores.
191
Jornal A Rua, 13 de março de 1934, p. 3.
192
Jornal O Nordeste, 13 de maio de 1928, p.1.
131
193
Jornal O Nordeste, 06 de julho de 1928, p.8.
194
Jornal Correio do Ceará, 18 de fevereiro de 1935, p.7. Jornal vespertino, político, independente
que foi fundado no dia 2 de março de 1915 pelo jornalista Álvaro da Cunha Mendes e tinha como
objetivo de trazer ao Ceará um verdadeiro jornalismo, de cunho informativo e que estivesse cercado
de técnicas avançadas e inspiradas nos jornais do sul do país.
195
LEAL, Vinicius Barros. Op. cit., p. 157, nota 1.
132
Nas palavras do Dr. Virgílio notou-se sua decepção com a classe médica de
Fortaleza, uma vez que esperava que todos pudessem participar mais ativamente
desse ideal, no entanto, ao ver na inauguração do sindicato apenas 11 colegas, um
jornalista e um representante do interventor do Ceará compreendeu que essa era
uma tarefa solitária.
Observando também as constantes de publicações das convocações para
as reuniões do Centro Médico nos jornais notou-se uma maior aproximação dessa
associação com a imprensa local. E tal fato foi importante para a ampliação das
divulgações de suas ações. Isso, possivelmente, estava relacionado com os novos
objetivos almejados nessa segunda fase do Centro Médico Cearense.
A proximidade com a imprensa local também favoreceu que esses médicos
estimulassem seus membros a participarem mais das reuniões, além de tornar
públicas suas atividades. Em alguns jornais encontrou-se várias chamadas e
convites para os médicos locais, mesmo aqueles que não eram sócios, para
assistirem as palestras promovidas pelo Centro Médico.
196
LEAL, Vinicius Barros. Op. cit., p. 158, nota 1.
197
Revista Ceará Médico, janeiro de 1932, p.7.
133
198
Jornal Correio do Ceará, 18 de janeiro de 1935, p.1.
134
Não houve um médico cearense que não vibrasse em uníssono com a onda
de entusiasmo dos que assinam a sessão. E a população, e os poderes
públicos, tudo foi envolvido na avalanche de amor ao Ceará que, sempre
aumentado, sempre se avolumando irá dar na realização do projetado
200
congresso.
199
Revista Ceará Médico, junho de 1935, p. 3.
200
Idem.
135
201
Revista Ceará Médico, junho de 1935, p. 4.
202
Idem.
203
Revista Ceará Médico, outubro e novembro de 1935, p.20.
136
204
Foram vários os jornais que publicaram matérias e divulgaram o primeiro congresso médico
cearense. Nos jornais A Rua, O Povo, Unitário, Correio do Ceará e O Nordeste encontraram-se a
programação completa do evento e artigos abordando as atividades do congresso.
205
Jornal A Rua, 04 de agosto de 1935, p. 3.
206
Ibid, 27 de agosto de 1935, p.1
137
207
É importante abordar que o turismo já era estimulado em Fortaleza desde os anos 20 do século
XX, porém toma uma maior visibilidade a partir da década de 30. Muitas dessas referências podem
ser encontradas nos relatos dos jornais e um exemplo de tal fato é que no ano de 1932, durante o
período de seca, foi noticiado por um cronista que participava do “Touring Club”, no jornal “O
Nordeste” no dia 16 de junho de 1932, ―Ouvimos a bordo, da parte dos excursionistas, os mais
elogiados termos à formosura desta ―loira desposada do sol‖-Se não fosse esse porto horrível –dizia
um deles - seria ideal...‖. Para ver mais sobre essa questão RIOS, Kênia Sousa. Op. cit., pp. 19-28,
nota 36.
208
Revista Ceará Médico, outubro e novembro de 1935, p.27.
138
A exposição foi vista como um dos pontos fortes do congresso, uma vez que
foi um dos instrumentos usados pela comissão executiva para fazer com que a
população de Fortaleza também participasse desse evento, a fim de que trouxesse
benefícios para a saúde pública da cidade. Em um dos convites realizados pelo
médico Ivan Porto, através do jornal O Nordeste, observou-se um dos motivos
principais da exposição médica.
209
Jornal A Rua, 08 de agosto de 1935.
139
Esse artigo foi publicado no dia 20 de outubro de 1935, dois dias após o
início do evento. Isso faz pensar que possivelmente essa exposição não recebeu
muitas visitas, principalmente da população em geral e desse modo não estava
atingindo seu real objetivo, que era fazer com que o público mais pobre e que
apresentava uma maior incidência nos casos de doenças reinantes em Fortaleza
comparecesse àquele lugar para obter as devidas orientações sobre como se
proteger e evitar a propagação de determinadas doenças. Assim, quando no convite
o Dr. Porto direciona o chamado para trabalhadores e operários é que
possivelmente, na opinião médica, eles eram os mais atingidos pelas moléstias e
afetavam a cidade num todo e esse fato era motivo de preocupação para os
médicos e governantes.
Observando os temas das teses na programação do congresso percebeu-se
que o objetivo principal desse evento estava voltado aos debates das doenças
reinantes, às formas de tratamentos empregadas e às questões sanitárias na
cidade, e não se encontrou na documentação debates com relação à profissão
médica em si ou sobre a ética, como houve em outros congressos no Brasil. No
entanto, o médico Policarpo Barbosa defende que os assuntos tratados neste evento
foram reflexos das problemáticas enfrentadas por esses médicos e que esses
debates contribuiriam para a construção de uma “consciência sanitária” entre os
profissionais de saúde, no entanto, todos esses discursos e ideais não passaram de
desejos que na prática tiveram outros resultados. (Anexo 3)
Como se pode observar nessa fonte houve também sessões solenes e que
tinham a finalidade de tratar de assuntos mais gerais como aprovação de pareceres
e também discursos das várias autoridades de Fortaleza presentes nesse evento,
como o Governador do Estado Menezes Pimentel.
Observando a foto do encerramento de uma das sessões ordinárias do 1º
Congresso Médico em outubro de 1935 (Figura 12), permitiu notar que a presença
feminina existiu, e que mesmo de fora dos debates e apresentações do congresso,
elas participaram desse evento.213 É já fato que naquele período ainda o número de
médicas era inexpressivo, já que esse era um espaço masculino, mas o registro na
212
Revista Ceará Médico, outubro e novembro de 1935, p. 21.
213
Apesar de não aprofundar as questões referentes à participação feminina nesse espaço é
importante mencionar que as mulheres nunca estiveram ausentes totalmente, nesse espaço
masculino, e que esse relevante assunto pode trazer importantes análises para as pesquisas na área
da História da medicina e da saúde pública.
141
foto faz pensar que possivelmente havia nesse congresso médicas, enfermeiras,
parteiras, uma vez que essa década marcou uma participação intensa das mulheres
em diversas áreas de trabalho ou possivelmente as mulheres na foto estavam
somente com seus maridos, já que nas fichas de inscrições era citada a presença de
um acompanhante e que tinha durante a programação desse evento a oportunidade
de realizar passeios pela cidade e outras atividades culturais.
CAPÍTULO 3
214
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1916, pp.19-20.
215
Ibid.
145
216
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 30 de abril de 1913, p.100.
146
sobre esse assunto nesse período e também a participar mais ativamente das ações
voltadas ao tratamento e prevenção das doenças transmitidas pelos mosquitos.
Vários fatores contribuíram provavelmente para que a partir da década de 10
do século XX houvesse uma maior preocupação com a prevenção e luta contra
esses mosquitos. É possível que o aumento das pesquisas e as descobertas de
novas teorias, os interesses econômicos, o aumento das doenças na cidade e
também o início das campanhas do Governo Federal e da Fundação Rockefeller
tenham sido fatores importantes para que esse assunto tivesse uma maior
repercussão entre os médicos e a administração pública de Fortaleza.
Além da apreensão com as doenças causadas pelos mosquitos, apareceu
também nos relatos dos inspetores de higiene pública a preocupação com o
excessivo aparecimento das moscas, uma vez que elas eram responsáveis por
grande parte das infecções intestinais que ocasionavam óbitos em muitos casos.
para o aumento das doenças provocadas, sobretudo, pelos mosquitos. Desse modo,
é importante notar que a cidade ainda estava cercada pelas práticas do campo e
que na visão médica isso era um dos grandes empecilhos para a saúde pública.
Nas páginas do relatório, o médico Carlos Ribeiro também fez destaque aos
procedimentos que a população deveria seguir. Infelizmente, não se teve contato
com as matérias publicadas nos jornais locais e que tinham o intuito de alertar e
orientar a população para os cuidados a serem tomados contra os mosquitos, pois já
não há mais exemplares disponíveis nos locais de pesquisas referentes aos
periódicos dos primeiros anos do século XX. No entanto, se pode comprovar a
existência desses artigos também nos jornais através dos indicativos e menções
feitas em algumas das publicações dos relatórios da Inspetoria de Saúde Pública
contidos também nas páginas da revista Ceará Médico.
...Não tomar leite cru, salvo quando se tem certeza de ser ordenhado com o
maximo asseio previa e rigorosa lavagem das mãos e tetas; Não ingerir
grande porção dagua mesmo pura e potavel, porque dilue os succos
gástricos e lhes diminue o poder defensivo contra os micróbios; Evitar o
excesso, como a deficiencia, a ma qualidade ou mau preparo dos alimentos
que perturbando a regularidade da digestão facilitam a acção pathogena e
219
os germes.
218
Revista Norte Médico, maio e junho de 1916, p. 8.
219
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1916, pp.11-12.
148
220
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1916, p. 19.
221
A febre amarela já se encontrava entre as doenças mais recorrentes no Brasil desde o século XIX,
no entanto, somente no começo do século XX com as novas pesquisas sobre as causas dessa
doença é que as medidas profiláticas e ações médicas se intensificaram. Não é objetivo dessa tese
estudar a febre amarela, mas atualmente já se encontra diversos estudos sobre o assunto que
permitem analisar além da doença as ações dos profissionais de saúde na busca pelo seu
tratamento. Ver, por exemplo, BECHIMOL, Jaime Larry (coord.). Febre amarela: a doença e a vacina,
uma história inacabada. Rio de Janeiro-RJ, Editora Fiocruz, 2001; FRANCO, Odair. História da febre
amarela no Brasil. Rio de Janeiro-RJ; Ministério da Saúde,1969 e LOWY, Ilana. Virus, mosquitos e
modernidade: febre amarela no Brasil entre ciência e política. Rio de Janeiro-RJ; Editora Fiocruz,
2006.
149
É relevante mencionar que essas ações não eram inéditas dentro do campo
de combate aos mosquitos, pois tanto nos demais estados brasileiros como nas
campanhas de divulgação e atuação da Fundação Rockefeller223 em outros países
no começo do século XX vinham empregando esses e outros métodos para que tais
enfermidades fossem eliminadas.224
Observando-se as diversas descrições do relatório da Inspetoria de Higiene
Pública notou-se que todas as ações sugeridas precisavam da colaboração da
população para que houvesse resultados favoráveis, uma vez que a maioria das
cacimbas e poços estavam localizados em suas moradias. Esse processo não foi
tão simples e as notícias dos jornais locais mais adiante vão mostrar que apesar dos
escritos voltados à orientação dos citadinos, os chamados “conselhos ao povo‖,
contidos nos relatórios de 1916, não tiveram o resultado esperado, e as medidas
ficarão mais fiscalizadas e obrigatórias a partir de 1923 com a contratação dos
“mata-mosquitos”225, ocasionando diversos conflitos junto aos moradores de
Fortaleza.
Desse modo, analisando a situação a partir das diversas opiniões formadas
sobre os processos de tratamentos dessas doenças transmitidas pelos mosquitos
percebeu-se que os médicos atestavam a proliferação e existência dessas doenças
à falta de cuidados da população quanto às questões de higiene e aos preventivos
contra esses insetos; o governo seguia as orientações médicas, uma vez que
desejava evitar as epidemias e o caos e sempre associava esses problemas com
222
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1916, pp. 19-20.
223
Mais adiante será abordado sobre a presença e atuação da Fundação Rockefeller no Ceará entre
os anos de 1916 a 1935 em Fortaleza.
224
Para ver mais sobre esse assunto ver: BECHIMOL, Op. cit., e LOWY, Op. cit., nota 221.
225
Eram contratados entre os populares para visitarem e fiscalizarem as casas dos moradores de
Fortaleza no intuito de tentarem eliminar as larvas dos mosquitos causadores da febre amarela. Esse
nome já era empregado desde 1902 com Oswaldo Cruz em suas campanhas preventivas no Rio de
Janeiro.
150
226
Não se pretende nessa tese abordar de forma mais detalhada as questões ligadas à medicina
popular e também a relação da população com a religião nesse processo de cura, sabe-se que são
relações próximas, que tiveram e têm ainda na atualidade muita influência. Mas, deseja-se destacar e
perceber como os médicos conseguiram tornar-se visíveis e mais próximos da população de
Fortaleza dando credibilidade as suas ações.
227
Relatório da Inspetoria de Higiene Pública do Estado do Ceará, 1º de maio de 1916, p.22.
151
228
LOWY, Ilana. Op. cit., p. 87, nota 221.
152
229
Revista Norte Médico de julho, agosto e setembro de 1916, p.15.
230
Ibid, novembro e dezembro de 1915, p.4.
153
231
FARIA, Lina. Saúde e política: a Fundação Rockefeller e seus parceiros em São Paulo. Rio de
Janeiro-RJ; Editora Fiocruz, 2007, p. 55.
154
232
Revista Norte Médico, outubro, novembro e dezembro de 1916, p.16.
155
233
Revista Norte Médico, outubro, novembro e dezembro de 1916, p.16.
234
Não se pretende estudar nessa tese a construção e formação da Fundação Rockefeller e nem
aprofundar os debates quanto a suas ações filantrópicas em diversos países, mas se deseja perceber
as intervenções e teorias trazidas para o combate às doenças como a febre amarela, a malária e a
ancilostomose no Ceará e a aceitação e rejeição desses métodos pelos médicos e pela população.
Assim, para os que desejam aprofundar nesse assunto indica-se as seguintes bibliografias:
MARINHO, Maria Gabriela S. M. da Cunha. Op. cit., nota 11; MARINHO, Maria Gabriela S. M. da
Cunha. Norte – americanos no Brasil: uma história da Fundação Rockefeller na Universidade de São
Paulo (1934-1952). Campinas-SP, Autores Associados, 2001; FARIA, Lina. Op. cit., nota 231.
156
235
MARINHO, Maria Gabriela S. M. da Cunha. Op. cit., p.38, nota 11.
236
FARIA, Lina. Op. cit., p.16, nota 231.
157
237
Revista Norte Médico, outubro, novembro e dezembro de 1916, p.19.
158
recursos financeiros e na adoção dos procedimentos pela população. E que isso vai
ser resolvido aparentemente pela Rockefeller a partir dos recursos aplicados nesta
área da saúde no Ceará e da obrigatoriedade no cumprimento das prevenções e
ações higiênicas, através de práticas rígidas e fiscalizadoras da população.
159
238
LOWY, Ilana. Op.cit., p. 134, nota 221.
239
Idem.
240
Jornal O Imparcial, 13 de janeiro de 1916 apud LOWY, Llana. Op.cit., p. 134, nota 221.
160
241
FARIA, Lina. Op. cit., p.56, nota 231.
161
242
A atuação mais direta nos outros estados brasileiros do Governo Federal foi motivada sobretudo
pela epidemia da gripe espanhola em 1918, que atingiu tanto a Capital Federal como outras cidades
brasileiras e que demonstrou a fragilidade e incompetência do Departamento Geral de Saúde pública.
Até aquele momento as questões de saúde pública ficavam sempre ao encargo de seus estados que
esses nos períodos de crise contavam com a determinada colaboração financeira do Governo
Federal, contudo, as propagações de epidemias fizeram com que se repensassem tais ações e assim
fossem tomadas medidas que atingissem aos estados geradores dessas epidemias mais recorrentes.
Ver, por exemplo, HOCHMAN, Gilberto. Op. cit., nota 42.
243
LOWY, Ilana. Op.cit. p.149, nota 221.
244
Oficialmente a região Norte passa ser chamada Nordeste, a partir dos anos 1922, e de acordo
com o historiador Durval Muniz ―O termo Nordeste é usado inicialmente para designar a área de
atuação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), criada em 1919.‖ Ou seja, a
denominação Nordeste foi dada para designar as áreas atingidas pela seca e somente a partir dos
anos de 1922 passou a definir uma determinada região que abrangia tanto as áreas secas como
outras. A esse respeito ver ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz. A invenção do Nordeste e outras
artes. São Paulo-SP; Editora Cortez, 2001.
162
245
Relatório da Diretoria de Higiene do Estado do Ceará, 25 de maio de 1924, p. 26.
246
Idem.
163
regulamentação dos serviços de água e esgoto não era encargo dessa Comissão.
Assim, essas problemáticas acabavam por afetar diretamente as ações no campo da
saúde pública, uma vez que contribuíam para que as causas dessas doenças
permanecessem. Mas, mesmo diante de todo esse relato o Dr. Barbosa não deixou
de apontar também um dos grandes equívocos na atuação da Comissão Rockefeller
no Ceará.
247
Relatório do Diretor do Serviço de Saúde do Estado do Ceará, 25 de maio de 1924, p. 26.
248
Relatório de Lucian Smith a Joseph White, 1 de novembro de 1924, RAC, RG 5, série 2, caixa 24,
dossiê 144 (Fiocruz) Apud LOWY, Ilana. Op.cit. p.262, nota 221.
249
LOWY, Ilana. Op.cit., p.262, nota 221.
164
A cidade foi uma vez mapeada por conta dos orifícios, cuja conta total
desses apresentava 32. O resultado da inspeção foi de 6 com larvas, 3 com
depósitos de casulo de larvas e cerca de 6 em que os mosquitos estavam
voando. Dois dos buracos encontrados com focos estavam situados,
respectivamente, próximo ao Hotel Bitu e ao Hotel de France, em ambos
dos quais casos de febre ocorreram na última epidemia. Estes depósitos
foram tratados com óleo. Bueiros do novo sistema de água – 73 ao todo –
250
foram então examinados e um dos focos de larva foram descobertos.
250
Relatório de Lucian Smith a Joseph White, 31 de dezembro de 1924, RAC, RG 5, série 2, caixa 24,
dossiê 147 (Fiocruz), p. 4.
251
Deve-se mencionar que a febre amarela quando eclodia atingia, sobretudo, a população
estrangeira. Ver, por exemplo, CHALOUB, Sidney. Op. cit., nota 13.
165
...o uso de peixes nas caixas deu origem a reclamações sem fim por parte
dos municípios que encontraram os tonéis para banho cheios de peixe
morto, transmitindo um odor horrível para a água. Muito nervosa, uma
oposição indignada ao serviço foi engendrada dessa maneira. Para atender
a essa condição, uma chapa grossa de estanho, de formato cônico e
coberta com um fio de malha larga foi planejado para ser colocado no
252
orifício das caixas de dreno.
...A determinação para empregar esse método foi alcançada após uma
conversa com o Dr. Scanell, que afirmou que o Sr. Figueroa, o diretor em
São Luiz, estava empregando um funil em tanques para o uso de se impedir
253
a saída dos peixes através do tubo de descarga.
252
Relatório de Lucian Smith a Joseph White, 31 de dezembro de 1924, RAC, RG 5, série 2, caixa 24,
dossiê 147 (Fiocruz), pp. 7-8.
253
Ibid, p.8.
166
Agora que estamos a braços com o copioso inverno que nos bate á porta,
alagando as praças e ruas de maneira a deixa-las intransitaveis,é que bem
avaliamos a falta dos relevantes serviços da Rockefeller na obra do
saneamento rural. As aguas estagnadas que permanecem nas sargetas e
nas depressões do calçamento, após o desencadear das chuvas
torrenciaes, tornam-se o fóco dos mosquitos e carapanãs que já são vistos
a ensamear por sobre essas poças de lama, como uma ameaça terrível ao
somno e a saúde dos habitantes desta capital. Nas ruas que não são
calçadas, esses insectos pullulam ainda com mais facilidade, por quanto ahi
se formam depressa lodaçaes que somente após alguns dias de sol veem a
seccar. Urge, portanto sr. redactor que os srs.do saneamento urbano
desenvolvam a máxima actividade a cidade nesses casos, afim de, dando
vasão ao ajuntamentos dagua nas ruas, tenhamos prevenido a saúde.
Clarmeis, pois Sr. redactor pelas columnas do “Povo” afim de que, sejamos
257
attendidos pelas autoridades competentes.
257
Jornal O Povo, “Terra de ninguém‖ – A falta que nos faz a Rockefeller, 09 de março de 1928, p. 6.
169
258
Jornal Diário do Ceará, 03 de julho de 1928, p. 2.
259
Este jornal iniciou suas publicações em 1º de setembro de 1920, pela fusão de dois jornais; a
“Folha do Povo” e do “Estado do Ceará” que eram órgãos do Governo de Acioli e de Franco Rabelo.
Assim, com a nomeação de Justiniano de Serpa à presidência do Estado do Ceará, este jornal
passou a ser órgão oficial do governo de Justiniano de Serpa, até que deixou de existir com a
Revolução de 1930. Ver, por exemplo, NOBRE, Geraldo da Silva. Introdução à história do jornalismo
cearense. Fortaleza-CE; NUDOC/Arquivo Público do Estado do Ceará, 2006, p. 139.
170
260
Jornal O Povo, ―Mosquitos e sangue-sugas‖, 02 de fevereiro de 1928, p.1.
171
261
Jornal O Nordeste, ―Já começaram as reclamações contra os mata-mosquitos‖, 08 de julho de
1928, p.1.
172
262
Jornal A Rua, ―O serviço de febre amarela‖, 04 de fevereiro de 1933, p.3.
263
Jornal A Rua, ―A Rockefeller‖ é uma instituição estrangeira inútil á saúde pública, 06 de outubro de
1933, p.3.
173
Esse artigo foi assinado com o pseudônimo “um observador”, e trouxe outras
críticas à atuação da Rockefeller na saúde pública do Ceará, pois dentre as suas
colocações apontou que os gastos maiores não estavam saindo dos cofres da
Rockefeller mais sim do Governo Federal. E que não via como útil a presença
desses estrangeiros junto aos órgãos de saúde pública do Brasil.
Um ponto que se pode supor dessa parte expressa por esse observador é
que possivelmente ele teve acesso a essas informações pessoalmente, sendo um
dos reclamantes ou através de outra pessoa. Mas, de qualquer forma, em suas
descrições demonstra que os problemas das ações da Rockefeller iam
provavelmente, além dos modos de tratamentos dos mata-mosquitos, mas que
adentrava também a organização desse trabalho como um todo e para esse crítico
não havia por parte dessa Comissão o interesse de resolver as questões
conflitantes, mas sempre tentar controlar para manter seus objetivos.
E as questões não pararam somente nos mata-mosquitos e na
administração desses trabalhos por parte da Comissão Rockefeller, mas como vai
apontar o secretário do jornal “A Rua‖ em 1933, a falta de água devido à seca e o
modo com que esse grupo lidava com esse problema trouxe alguns conflitos nessa
relação com os moradores de Fortaleza.
264
Jornal A Rua, ―A Rockefeller‖ é uma instituição estrangeira inútil á saúde pública, 06 de outubro de
1933, p.3.
174
Uma das questões descritas pelo jornalista foi que não havia há tempos
casos de morte pela febre amarela e pelo que apresentou nesse artigo supõe-se que
ele via como desnecessária a fiscalização rígida que era aplicada por essa
Comissão. Diante dessas questões e das fontes analisadas percebeu-se que
durante a década de 30 a imagem de salvação sofreu abalos e as críticas apontadas
com relação às ações de profilaxias implantadas pela Rockefeller mostraram que
essa atuação ocasionou empecilhos para o cotidiano dos moradores de Fortaleza.
Um dos pontos ressaltados pelo secretário do jornal ―A Rua‖, o Sr. Gastão
Justa, estava relacionado à falta de água que atingia a cidade em decorrência da
seca cujo início foi o ano de 1932, mas que ainda continuou trazendo problemas
para a população naquele momento. Assim, percebe-se nas palavras desse
jornalista o quanto era contraditória a situação que se encontrava a cidade, pois
necessitava de água e não podia armazená-la, uma vez que isso ia de encontro às
ações da Comissão Rockefeller no combate aos mosquitos.
No ano de 1933 o conflito tornou-se mais acentuado e diversas foram as
reclamações com relação aos serviços de combate aos mosquitos na cidade. As
denúncias vinham tanto das pessoas menos favorecidas economicamente quanto
daqueles que detinham um determinado poder econômico. Infelizmente não se
encontrou respostas de defesa a nenhuma dessas acusações, mesmo nos jornais
do governo que apoiavam as ações desse grupo.
265
Jornal A Rua, “Entre a cruz e a caldeirinha”, 18 de outubro de 1933, p.3.
175
Para Fox os locais de ataque aos mosquitos deveriam ser outros e foram
improdutivas as ações da Rockefeller. Mas, o interessante é que a falta de sono
devido às muriçocas foi o motivador para suas críticas e observações.
Possivelmente, se não tivesse tal “incômodo” esse artigo não existiria.
As constantes denúncias que aparecem nos jornais quanto às atitudes dos
mata-mosquitos tornaram-se constantes na década de 30 do século XX. Isso foi um
dos motivos fortes para abalar a confiança que era depositada nas mãos dessa
266
Jornal Correio do Ceará, “Campanha contra os mosquitos”, 02 de fevereiro de 1935, p.5.
267
Fox não era o seu real nome, mas apenas um pseudônimo.
268
Jornal Correio do Ceará, “Campanha contra os mosquitos”, 02 de fevereiro de 1935, p.5.
176
Comissão. Pelo que se observou das fontes foi o período de maior conflito e não se
encontrou outras referências da atuação da Rockefeller no Ceará que não fossem
essas reclamações. E possivelmente, essa credibilidade voltou a ter mais força com
a partida da Rockefeller para o interior cearense em 1939 no combate à Malária.
.
178
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANEXOS
182
Art. 15º - o membro que for excluído, eliminado ou expulso do Centro perde
todos os direitos nelle adquiridos, sem direito a indemnisação alguma.
1º - o excluído poderá ser readmitido mediante quitação com o Centro.
2º - o eliminado só poderá ser readmitido após um praso de dois annos e a
juízo da Assembléa Geral.
3º - o expulso não poderá ser readmitido.
ASSEMBLÊA GERAL
DAS ELEIÇÕES
Art. 25º - Cada votante lançará em uma cédula os nomes dos candidatos que
haja escolhido, com especificação dos cargos, devendo esta cédula trazer a sua
assignatura.
Art. 26º - A apuração far-se-há após a votação com assistência da
Assembléa sendo logo, pelo Presidente proclamados eleitos a nova Directoria,
Conselho fiscal Redactorial da Revista.
DA DIRECTORIA
DO CONSELHO FISCAL
DA REVISTA
DA ASSISTENCIA A INFANCIA
Art. 48º - Esta instituição será creada logo que o permittir o estado de
progresso do Centro.
Unico – dado o caso da fundação de tal instituição nesta Cidade, por
iniciativa outra, ao Centro cabe tomar o patrocínio de tal tentament. (sic)
DISPOSIÇÕES GERAES
A COMMISSÃO
PALESTRANTE(S) TESE(S)
Drs. Antônio Justa e Carlos Ribeiro A lepra no Ceará
Dr. Mello e Silva O grande problema da educação médico-social
Dr. Bonifacio Paranhos da Costa Saneamento e polícia sanitária
Dr.Cesar Cals Tratamento obstétrico da placenta prévia
Dr. Miguel Rodrigues de Carvalho Contribuição ao estudo sanitário do Ceará
Drs. Jurandir Picanço e Pedro As infecções do grupo coli-tifico
Sampaio
Dr. Amadeu Fialho Febre tifóide
Drs. Hugo Firmeza e Miguel Como instituir um serviço de vacinação geral no
Rodrigues de Carvalho Ceará
Dr. Virgílio de Aguiar Uma espécie de classificação para intoxicação
gravídica e correções na nomenclatura da
eclampsia
Dr. Ivan Porto Bouba e sífilis
Dr. Abdenago da Rocha Lima A mortalidade infantil em Fortaleza suas causas
e meios de atenuá-las.
Dr. Miranda Leão A mortalidade infantil em Fortaleza
Dr. Benjamin Hortencio de Considerações em torno de letalidade infantil no
Medeiros Ceará.
Dr. Cesar Cals O toque vaginal e a infecção puerperal
Dr. Severino Cabral Sombra Escolas para tracomatosos em higiene infantil
Dr. Moreira de Souza Vacinoterapia regional pélvica
Dr. Irineu Nogueira Pinheiro Abastecimento d`agua e esgoto no Crato-Ceará
Dr. José Alcântara de Oliveira O problema da bouba no Ceará
Dr. José J. de Almeida O problema da bouba no Ceará
Dr. Augusto Hyder Correia Lima O impaludismo no Ceará
Dr. Francisco Araujo O impaludismo no sertão: uma das suas causas
no Município de Sobral
Dr. Jurandir Picanço O Alastrim no Ceará
Dr. Severino Sombra Valor índices de nutrição: fórmulas de ração e
biotipologia, na alimentação infantil
Dr. Manoel Batista Leite O cálcio no tratamento das afecções
pulmonares
Dr. Hélio Goes Ferreira O problema do tracoma nas escolas
Dr. José Romagueira Contribuição do estado de tracoma em
Pernambuco
Dr. João Otavio Lobo Sobre climatoterapia
Dr. Jurandir Picanço Malário terapia no Ceará
Dr. Fernando Viana Vacinação contra difteria
Dr. J. Saraiva Leão Vacinação anti-difiteria
Dr. Ossian de Aguiar Um tratamento das hérnias estranguladas
(Dados retirados do texto de BARBOSA, José Policarpo de Araujo. História da Saúde Pública
do Ceará: da colônia a Vargas, 1994)
190
FONTES
Obs: Durante a pesquisa não se encontrou alguns dos números dos anos de 1913,
1914, 1915, 1917, 1918, 1919, 1930, 1931 e 1932.
RELATÓRIOS E MENSAGENS
SETOR DE MICROFILMAGEM
JORNAIS
LIVROS
ALMANAQUES E ANUÁRIOS
SETOR DE MICROFILMAGEM
- Relatório de Lucian Smith a Joseph White, 1924, RAC, RG 5, série 2, caixa 24,
(dossiê 144 e 147).
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Arana de La Dirección de Bibliotecas. Archivos y Museos y Universidad Alberto
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