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REFLEXÃO
A graça, a cura e o amor infalível de Deus

Bill Moody

Da edição de Outubro de 2006 dO Arauto da Ciência Cristã

Você alguma vez sentiu que talvez houvesse alguma coisa a mais que precisasse fazer para
merecer o amor de Deus? Ou que a maneira como você viveu no passado tenha lhe valido um
lugar fora do amor de Deus? Para essas perguntas, a graça divina traz uma resposta de conforto
e paz.

Enquanto ponderava toda essa questão sobre graça, senti que Deus simplesmente ama a todos
nós, independentemente do que fizermos. Do ponto de vista da Christian Science, se Deus é
Amor, se Ele é o Amor divino, infinito, eterno, onipresente, então tudo o que Deus pode fazer é ser
esse Amor. Ele nos ama o tempo todo e em toda parte, de forma ilimitada e infinita. Esse amor
existe para cada um de nós, não importa o que façamos no atual estado de existência.

Não podemos conquistar o amor de Deus e certamente não podemos perdê-lo, da mesma forma
que nossas ações não nos fazem ganhar ou perder a luz do sol em um dia de verão ensolarado e
sem nuvens. A mesma luz do sol está presente para todos, sem limite ou restrição pessoal,
porque brilha sempre, universal e imparcialmente, e não apenas ao meio dia, quando nenhuma
nuvem está presente. Da mesma forma, vivemos cada momento na luz do amor de Deus.
Retiramos nosso sustento desse amor. Obtemos dele o significado e o propósito de nossa vida. O
amor de Deus, vivenciado pela Sua graça, é a própria razão para a existência e a maior coisa
para a qual nossa vida foi destinada. Vivemos para o Amor e vivemos para amar.

Será que esse conceito parece inviável ou sem aplicação direta para obtermos sucesso na vida?
Considere isto: O que aconteceria se um empresário, um professor, um operário, uma dona de
casa e o presidente da nação mais poderosa da terra, percebessem que o próprio significado e
propósito da vida fossem a expressão do Amor divino? Isso teria um impacto direto nos negócios
humanos? Mais exatamente, o que não sofreria impacto? O que não seria mudado? Para mim,
esse é o potencial da graça divina, ou seja, que tudo é transformado pelo Amor e sua expressão.

A graça de Deus tem sido fundamental para a teologia Cristã, desde a época de Jesus e seus
discípulos. Por exemplo, no Novo Testamento, a carta aos Hebreus declara: “...porquanto o que
vale é estar o coração confirmado com graça...” (Hebreus 13:9).

Paulo aprendeu muito sobre a graça de Deus e sentiu o toque corretivo de Deus, quando se
dirigia para Damasco. Naquele dia, foi salvo pela graça. Quem mereceu menos do que esse
perseguidor dos seguidores de Jesus? O efeito da graça foi literalmente a transformação de Saulo
em Paulo, elevando-o da posição daquele que julgava e condenava os cristãos para a de um
professor, pregador e sanador nomeado por Deus. Paulo agora seguia os passos do Mestre,
Cristo Jesus. Ele sabia que sua missão recém-revelada era o resultado direto da graça
transformadora de Deus. “Porque eu sou o menor dos apóstolos”, escreveria ele mais tarde,
“...não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de
Deus, sou o que sou...” (1 Coríntios 15:9,10).

As palavras de Paulo oferecem uma promessa poderosa para cada um de nós, ou seja, que não
importam os erros que possamos ter cometido ou pensado, a graça pode nos transformar agora
mesmo, até mesmo em nossa própria estrada para Damasco. Portanto, a graça de Deus nos dá
aquilo de que necessitamos para viver com motivos e afetos mais puros, a fim de realizar todo o
bem do qual somos capazes.

A palavra graça em grego no Novo Testamento é charis. Um estudioso da Bíblia observa que o
significado da raiz dessa palavra inclui: “alegrar, trazer alegria”, e que os gregos comumente
saudavam uns aos outros com “Regozijai-vos!” (os cristãos viriam a saudar uns aos outros com
“Sejas favorecido com graça!”). A mesma referência continua: “existe muito pouco na fraseologia
antiga [antes da era Cristã] que explique a supremacia desse termo específico no Novo
Testamento; uma nova experiência requer um novo nome. 'Graça' indica o princípio da salvação
do homem em Deus por intermédio de Jesus Cristo. É o amor de Deus espontâneo ... revelado e
ativo em Cristo” (ver James Hastings, Dictionary of the Bible [New York: Charles Scribner's Sons,
1948], p. 313). Outra referência na Bíblia amplia a definição de charis (graça), como “a influência
divina no coração, e seu reflexo na vida” (James Strong, “Greek Dictionary of the New Testament,”
Strong's Exhaustive Concordance of the Bible, p. 77).

À medida que damos as boas vindas a essa influência divina em nossa existência, percebemos
que toda nossa vida pode realmente ser uma oração repleta de graça divina. Orar não quer dizer
apenas parar com as mãos postas para esse fim. Nossa vida é prova de nossas orações.
Portanto, uma pergunta fundamental que poderíamos fazer a nós mesmos é: “Que tipo de oração
estou vivendo?”. A Descobridora da Christian Science, Mary Baker Eddy, observou: “Viver de
maneira a manter a consciência humana em constante relação com o divino, o espiritual e o
eterno, é individualizar o poder infinito; e isso é Christian Science” (The First Church of Christ,
Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista e Vários Escritos], p. 160).

Para mim, essa explicação é uma oração viva. Não era isso o que Jesus fazia também? Ele não
“vivia de maneira a manter a consciência humana em constante relação com o divino?”.
Lembremo-nos da ocasião em que ele foi ressuscitar Lázaro da morte. Antes de chamar Lázaro
para fora do túmulo, Jesus disse: “Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que
sempre me ouves...” (João 11:41, 42). Sempre, disse Jesus. O Mestre certamente vivia com “a
consciência em constante relação com o divino” e assim Deus o ouvia sempre. O poder da graça
divina foi testemunhado de forma comovente, quando Lázaro saiu da tumba ainda envolto na
mortalha com a qual fora enterrado. Você pode imaginar o que isso deve ter significado para
aqueles que testemunharam esse momento supremo da graça de Deus em ação?

Creio que é somente pela graça de Deus que podemos ter a esperança de viver como Jesus
viveu, sabendo que Deus nos ouve. Também, ter a certeza da resposta sempre-presente de Deus
às nossas orações é vital para a prática da cura Cristã.
Graça e cura

À medida que sentimos a graça de Deus, a influência do Seu amor em nosso coração, ela se
expressa naturalmente em nossa experiência pela prática da cura cristã científica. A cura, em seu
sentido mais amplo, aponta para a eliminação final de qualquer vestígio de mortalidade e
limitações. Tal cura significa vencer a doença e a dor, o desespero, a imoralidade, a pobreza, o
desânimo, o medo, a violência, enfim, todas as mentiras deibilitantes com as quais a humanidade
se defronta. Cada falsidade e seus aprentes efeitos na vida humana, podem ser eliminados pela
compreensão da verdadeira natureza de Deus e do homem como Sua manifestação pura e
espiritual. Isso inclui a cura do que talvez seja classificado como doença incurável ou pecado
renitente. Sobre tal cura, a Sra. Eddy explicou: “Tudo isso é realizado pela graça de Deus, o efeito
de Deus compreendido” (Christian Science versus Pantheism [Christian Science versus
Panteísmo], p. 10).

Não podemos conquistar o amor de Deus e certamente não podemos perdê-lo, da mesma forma
que nossas ações não nos fazem ganhar ou perder a luz do sol em um dia de verão ensolarado e
sem nuvens.
Mary Baker Eddy associava claramente a graça com a cura. Em uma de suas cartas a um
estudante, Frank Gale, ela o aconselhou sobre seu próprio ministério de cura. Em síntese, disse:
“A cura passará a ser mais fácil e mais imediata à medida que compreenderes que Deus, o Bem,
é tudo e o Bem é Amor. Deves obter o Amor e perder o falso sentido chamado amor. Deves sentir
o Amor que nunca falha, aquele senso perfeito de poder divino que torna a cura não mais poder e
sim, graça. Terás, então, o Amor que lança fora o medo e, uma vez eliminado o medo, desaparece
a dúvida e teu trabalho está feito. Por quê? Porque nunca deixou de estar feito” (L08565, Mary
Baker Eddy a Frank Gale, 9 de junho de 1891, The Mary Baker Eddy Collection, A Biblioteca Mary
Baker Eddy para o Progresso da Humanidade).

Na cura pela Christian Science, precisamos abandonar qualquer sugestão de que a cura seja um
“poder” pessoal que possuímos mediante um talento especial ou que possamos adquiri-la
meramente por intermédio de meios e esforços humanos. Ao contrário, precisamos estar
dispostos a nos render incondicionalmente à graça do Amor divino em nosso trabalho de cura.
Grande parte da cura genuína é a simples evidência exteriorizada da graça divina.

Não seria todo exemplo de cura pela oração, a manifestação exteriorizada da graça de Deus, uma
demonstração da Verdade que destrói aqueles elementos materiais do pensamento que
obscurecem nossa harmonia inata? O fundamental para a cura cristã é vencer a ignorência e o
medo, abandonar a vontade humana, aquilo em que falsamente se confia e os conceitos
limitados, e se afastar do pecado e erradicá-lo sempre que necessário. Tal transformação do
pensamento resulta no ajuste apropriado de qualquer situação que necessite ser corrigida e o
resultado é a cura.

Isso é o que a graça do Amor efetua em nós. A ação do amor de Deus nos purifica da doença, do
pecado e das concepções errôneas limitadas. O Amor divino, que extrai o erro e aniquila o mal, é
o Amor poderoso; ele pode remover do nosso pensamento montanhas de falsas crenças. O
abraço do Amor, por meio da atividade do Cristo (a influência divina no pensamento humano), nos
tira da escuridão e nos traz para a luz da Verdade. A graça de Deus nos liberta para
manifestarmos o que verdadeiramente somos: puros, completos, alegres filhos de Deus, o reflexo
espiritual da Vida, da Verdade e do Amor. Não existe alegria maior do que a de descobrir como o
Amor cuida constantemente de cada um de nós e como sua graça embeleza nossa vida.

No Velho Testamento, existe o relato da mulher sunamita, cujo filho falecera, a qual foi até o
profeta Eliseu pedir ajuda. A resposta dela foi fundamental para a cura. Quando o servo de Eliseu
a encontra no caminho, ele pergunta: “Vai tudo bem contigo, com teu marido, com o menino?” Sua
resposta imediata, muito embora seu filho tivesse falecido, permanece como um testemunho
notável da graça divina: “Tudo bem” (2 Reis 4:26). Quando, em meio a algum tremendo desafio,
surge a pergunta: “Vai tudo bem conosco?” é somente por meio da graça que nós também
podemos humilde e honestamente responder: “Vai tudo bem”.

Esse ponto de vista pode ser a chave para nossa prática de cura na Christian Science. As
insistentes sugestões do que Paulo chama de mente carnal, de que algo não está bem, de que
algo está longe de estar bem ou pode não estar bem, podem ser contestadas com firmeza. As
sugestões insistentes que questionam nosso bem-estar, nossa saúde, nossa relação com Deus,
que impõem crenças doentias e sintomas de dor, que negam a presença de Deus e que declaram
que somos mortais limitados, fracos e frágeis, predispostos a doenças, tudo isso pode ser
enfrentado com a afirmação cheia de expectativa: “Vai tudo bem!”.

Na verdade, qualquer que seja o desafio, tudo sempre vai bem, porque somos a semelhança pura
e perfeita de nosso Criador, que está sempre bem. A perfeita bondade e saúde de Deus são
refletidas para sempre em Seus bons e saudáveis filhos, ou seja, você, eu e toda a humanidade.
Somos os filhos amados em quem Deus se compraz (ver Mateus 3:17).

Todo o bem que recebemos por meio da graça, assim como a cura e o progresso espirituais, dão
testemunho não apenas do fato de que o amor de Deus por nós é abundante, mas também da
realidade de que o poder de Seu Cristo salvador é insuperável. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy
escreveu extensamente sobre as obras de Jesus e como ele as realizou. Ela concluiu um
parágrafo afirmando: “A graça e a Verdade são muito mais potentes do que todos os outros meios
e métodos” (Ciência e Saúde, p. 67). Podemos ter grandes esperanças com essa compreensão e
nos regozijar nela. Podemos confiar no poder supremo e na influência contínua da graça divina
em nossa vida, agora mesmo.

Bill Moody é Praticista e Professor de Christian Science. Vive em West Tisbury, Massachusetts,
EUA.

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