LORENZON. M C e ANDRADE, A O
Realização
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Apoio
Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
Secretaria de Meio-Ambiente
© 2021 Letras e Versos Gráfica e Editora
Todos os direitos resevados e protegido pela Lei dos Direitos Autorais 9.610/98. Nenhuma
parte deste livro deve ser reproduzida, sob quaisquer meios ( eletrônico, fotográfico e
outros)
Layout do livro - Maria Cristina Affonso Lorenzon
Diagramação e capa – Maria Cristina Lorenzon, Edson de Souza e Millena Delmon
Revisor Ortográfico – Marta Rodrigues Pacheco
Fotos da Capa– Projeto Reflora
Contato com Pesquisador - Maria Cristina Lorenzon, Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, Km 7, Rod 465, IZ/DP, Seropédica, Rio de Janeiro, Brasil Fone: 37873975
Email: andrade.ufrrj@gmail.com; affonsoneta@gmail.com
Esta publicação está disponível para leitura. Para impressão acesse se desejar
www.letraseversos.com.br. Link, acesso livre, https://andradeadriana.github.io/book_bee/
Autores dos Capítulos
na defesa da revegetação.
Sumário página
Prefácio 12
Apresentação 14
Mata Atlântica... não podemos nos privar desta
riqueza natural 15
O uso das abelhas e sua conservação 18
O que oferecemos a você leitor nesta obra 19
Referências 20
CAPÍTULO 1
3. A POLINIZAÇÃO E POLINIZADORES 49
4. REFERÊNCIAS 68
CAPÍTULO 2
AVALIANDO ÁREAS REPLANTADAS POR MEIO DAS ABELHAS NATIVAS 80
1. PROCEDIMENTOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS para avaliar área
reflorestada em presença da criação de abelhas nativas 81
3. REFERÊNCIAS 102
CAPÍTULO 3
PARTE 2
6. REFERÊNCIAS 165
CAPÍTULO 4
REPLANTAR, EDUCAR, PARA CONSERVAR A MATA ATLÂNTICA 169
1. INTRODUÇÃO 170
4. REFERÊNCIAS 187
Sumário de Figuras
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
PARTE 2
Figura 11. Distribuição espécies florais predominantes-amostras mel/pólen 147
Figura 12. Espécies florais com alta frequência nas amostras de mel. 150
Figura 13. Espécies florais com alta frequência nas amostras de pólen 152
Sumário de Tabelas
CAPÍTULO 3
PLANTANDO PARA AS ABELHAS DA MATA ATLÂNTICA
PARTE 1
Tabela 1. Amostragem das amostras de mel e pólen, por localidade
e espécie de abelha. 109
Tabela 2. Análise exploratória do número de tipos polínicos presentes
nas amostras de mel e pólen. 111
Tabela 3. Análise exploratória do número de tipos polínico presentes
nas amostras de mel e pólen, por espécie de abelha. 113
Tabela 4. Análise exploratória da soma polínica da amostragem geral e
por tipo de alimento. 116
Tabela 5. Análise exploratória da soma polínica das amostras de mel e
por espécie de abelha. 120
Tabela 6. Análise exploratória da soma polínica presentes em amostras de
mel distintas em plantas nectaríferas e outras fontes. 122
Sumário de Quadros
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
PLANTANDO PARA AS ABELHAS DA MATA ATLÂNTICA
Quadro 1. Demonstrativo da amostragem em campo dos alimentos,
por espécie de abelha e localidade. 110
PREFÁCIO
estudos sobre abelhas. Fiz parte de sua equipe, e me envolvi neste mundo
em todo mundo. Muitos utilizam o termo chamado “Plan B” (Plano B), e a letra “B”
pode ser confundida com a pronúncia em inglês da palavra “bee”, que é abelha.
Acredito que muitos reconhecem que a importância das abelhas vai além
da mera produção dos subprodutos apícolas como, o mel, cera, própolis, geleia
real e apitoxina. Estes pequenos insetos, que somam mais de 30 mil espécies no
“sentinelas da Natureza”.
A equipe se lança nesta obra técnica, para com seus saberes, trilhar e
abordagem para nortear o plano “B” para a preservação das abelhas e de sua
MATA ATLÂNTICA...
Parte desta matéria foi publicada pelo Prof. José Augusto Pádua da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, cuja leitura integral encontra-se em
Pádua (2004).
“Este documento foi escrito pelo jesuíta André João Antonil (1711) que
relata que a floresta era um grande estorvo: ” feita a escolha da melhor terra para
a cana, roça-se, queima-se, alimpa-se, tirando-lhe tudo que possa servir de
obstáculo” (apesar de toda beleza da floresta..).
comunidade humana que por vezes a protege. Verifica-se que a renda das
Zaú (1998) listou outras causas da devastação das áreas naturais: fogo,
quando ateado para a limpeza de terrenos, que por vezes se intensifica em áreas
transmissão.
17
1997);
(B) recuperação de áreas degradadas, em atenção aos trechos protegidos por Lei
como, as margens de rios, de linhas de cumeada, ao redor de lagoas e lagos,
nas nascentes, nos topos de morros, nas encostas com mais de 45o de
entre outros.
serviços ecológicos.
tróficos, mel e pólen, das abelhas nativas. Nessa trajetória saberemos a direção
projetos que utilizam abelhas nestas áreas. Este livro é produto da experiência de
nativas para nos conduzir às espécies florais que, intensamente visitadas por
florais das abelhas para se definir as escolhas corretas de sua dieta em áreas
desbravadas.
Os dados desta obra devem ser desfrutados como uma importante fonte de
Referências
CÂMARA, I. G. Plano de ação para a Mata Atlântica. Roteiro para a conservação de sua
MATHESON, A.; BUCHMANN, S. L.; O'TOOLE, C.; WESTRICH, P.; WILLIAMS, I. H. The
MURCIA, C. Forest fragmentation and the pollination of neotropical plants. Pages 19-36.
In: Schelhas, J.; Greenberg, R. (editors), p. 19-36. Forest patches in tropical landscapes.
p. 14 – 20, 2004
tropics. In: Newbery, D. M.; Prins, H. T.; Brown, N. D. (edits), p. 339-361. Dynamics of
RODRIGUES, R. R.; LIMA, R. A.. F.; GANDOLFI, S.; NAVE, A. G. On the restoration of
high diversity forests: 30 years of experience in the Brazilian Atlantic Forest. Biological
SIMINSKI, A. et al. Secondary Forest Succession in The Mata Atlantica, Brazil: Floristic
Working Group. The SER primer in ecological restoration (version 2). Disponível em:
TERBORGH, J. Diversity and the tropical rain forest. New York: Scientific American
Library, 1992.
p. 98-103, 1997
v. 5, n. 1, p 160-170, 1998.
CAPÍTULO 1
MARIA C LORENZON
ADRIANA O ANDRADE
IZADORA R FONSECA
23
são originárias da região Neotropical. Por volta de 120 milhões de anos, o Brasil e
altitudes de até 4000 metros dos Andes bolivianos (CAMARGO e PEDRO, 2007).
E obviamente habitam a África, Sul da Ásia a Austrália (SOUZA et al., 2006).
desenvolvido que inibe sair da colmeia, além de ser fotonegativa. Em seu meio de
preparam um novo local de ninho, antes que a colônia se divida (ROUBIK, 1989).
Essa relação entre colônia mãe e filha favorece a dispersão das colônias apenas
sociais sem ferrão na Mata Atlântica datam do século XVI (1557), de autoria do
mercenário Hans Staden, que foi prisioneiro dos índios Tupinambás (BATISTA,
para as quais encontraram algum uso, conhecendo assim seus habitats, hábitos,
25
diferiam entre si; milhares de espécies da fauna e flora da Mata Atlântica tinham
como mosquito, com variações pela cor. Há referência de cinco espécies de três
gêneros com coloração total ou parcialmente preta que são reconhecidas como
arapuá, saranhó (sanharó): Partamona helleri, Trigona sp., T. spinipes, T.
como abéia-cachorro, em face da aderência aos pelos dos cães pelas abelhas
tataira, conhecida como “Caga-fogo”, temida pela ação defensiva das operárias
ao atacarem o invasor e liberarem uma substância cáustica (ácido fórmico), que
causa leves queimaduras na pele.
26
informante podia relatar três ou mais cores distintas ou, combinações de cores,
menor que a uruçu e, com uma coloração avermelhada foi relatada como extinta
espécie de Melipona, que foi localmente extinta. Estes tipos de abelhas estão
patrimônio genético, por outro lado, ressalta sua extrema fragilidade nos
remanescentes da nova paisagem da floresta. Reforça-se que estas abelhas são
mel e outros produtos em nosso país. Até o presente, ainda há muitos criadores
racionais) para decoração ou, para uso comercial (FABICHAK, 1989; NOGUEIRA-
NETO, 1997). Outras espécies necessitam ser protegidas em seus sítios para a
manutenção dos ecossistemas. Fato é que estes criadores são por vezes
28
que ainda são ricos em espécies de abelhas sem ferrão devem conter uma
comunidades que ali vivem (DIDHAM et al., 1996; FRANCE e RIGG, 1998). Neste
rumo, o retorno econômico das práticas de criação pode ser um incentivo para os
colonizadas por camponeses por 30 anos. Uma informação que precisa ser
espelhada na atualidade, desde que haja proteção do território dos biomas.
desempenhado pelos meliponíneos, que dependem das florações das copas altas
outros animais silvestres que podem contribuir para o declínio de certas espécies.
Para prevenir impactos negativos das ações antrópicas sobre a fauna das
*1 Espécie Bandeira é a espécie escolhida para representar uma causa ambiental, que pode ser para a sua
própria conservação ou, a conservação de seu ecossistema.
30
abelhas sem ferrão. Ao se respeitar o nicho das amplitudes térmicas, ainda assim,
No caso das abelhas que vivem no bioma Mata Atlântica, Ramalho (2004)
florações da copa das árvores mais altas (dossel) e antigas que está ligada à
(PESSON, 1984). A dieta vai além das necessidades nutricionais supridas pelo
excretas de pulgões, fezes e urina, sangue, sal, óleos, esporos, sementes, cinzas,
sucos de frutas, seiva, gomas e resinas, barro etc.. conforme revisão de Roubik
(1992).
31
Costa Rica em floresta baixa (entre 0 e 500 metros de altitude) onde estimou que
40% do total de famílias botânicas e 20% dos gêneros e espécies eram visitadas
na Costa Verde da Mata Atlântica (RJ) ao longo de um ano, verificaram uma dieta
famílias. É possível predizer que estas visitantes devem forragear mais de 500
espécies florais só na região da Costa Verde da Mata Atlântica (RJ).
das fontes florais que é inerente à espécie de abelha; num ambiente tropical não
Saiba que as abelhas requerem seu alimento para construir, para manter
muitas espécies de abelhas para sua manutenção. Não é surpresa que a guilda
das abelhas é uma das mais diversas neste tipo de bioma.
área é atrativa para se criar abelhas”? Na ausência de sua flora atrativa posso
criar abelhas? “Se as abelhas nasceram com a flora da Mata Atlântica, elas
podem gostar de outra flora”?
A fauna e flora das regiões neotropicais são ricas e diversas, porém, seus
estudos são escassos e, por esta razão reside um déficit importante a ser
polinizadores:
· prevenir o uso de pesticidas ou, evitar áreas com estas aplicações, no momento
em que são utilizados;
· disseminar incansavelmente as espécies florais que são atrativas às espécies de
abelhas locais;
· aplicar manejo amigável que respeite a ecologia das abelhas.
· evitar a migração de colméias;
· utilizar apenas as espécies de abelhas locais;
· ter atitudes em favor da consciência ambiental;
· incentivar as coleções biológicas regionais de polinizadores e os métodos de
reconhecimento das espécies;
· evitar o uso das abelhas nativas em cultivos que não lhe são atrativos e que usem
repelentes (adubos químicos, pesticidas etc..);
· promover a capacitação sobre conservação dos polinizadores em todos os níveis.
(a) ao optar pela criação daquelas espécies de abelhas originárias da própria região;
(b) ao garantir área floral nativa (da própria região) para a criação;
(c) ao aplicar as boas práticas, como EXIGÊNCIA HABITUAL no manejo das abelhas;
(d) ao se plantar as espécies florais que lhes são atrativas, respeitando-se as espécies
locais.
tradição oral, mitos, lendas, usos e costumes associados a estas abelhas que
referências: (a) Ministério do Meio Ambiente (2020), (b) Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE, 2019, 2020), (d) World Wide Fund (2020), d) SOS Mata Atlântica (2019,
2020).
florestais nativas: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista ou, Mata de
território brasileiro.
/mata-atlantica/ Figura 1
Amazônia e é chamada de “hotspots” por ser uma das áreas de nosso planeta
por hectare, que pode representar a maior diversidade de árvores por unidade de
área do mundo. Destaca-se o endemismo deste bioma, ou seja, espécies que não
ocorrem em nenhum outro lugar no planeta, chegando aos índices de, 53,5% para
aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes, além de
milhares de espécies de insetos, dentre os quais perto de três mil são espécies de
abelhas nativas, que abrigam as 400 espécies sem ferrão (SILVEIRA et al., 2002).
América do Norte, que conta com 17 mil espécies vegetais e, a da Europa com
12,5 mil. Esse panorama torna a Mata Atlântica prioridade para a conservação da
biodiversidade mundial.
perto de 72% da população e, três dos maiores centros urbanos do continente sul
abastecimento de água para mais de 100 milhões de pessoas, a partir das nove
maiores bacias hidrográficas do país. Esta região nos contempla com belíssimas
do país, de acordo com levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e
entre 2017 e 2018, o bioma perdeu 113 km² (ou 11.399 hectares (ha)) de floresta,
desmatamento foi de 12.562 ha (125 km²). Cinco estados ainda mantém altos
índices de desmatamento: Minas Gerais (3.379 ha), Paraná (2.049 ha), Piauí
jus ao regime de proteção legal são aqueles que existiam em 1990 (ou ao menos
Santos, era ocupada por uma das maiores concentrações humana de todo o
litoral brasileiro: a dos Tupinambás. Para J.A.Sampaio (inf. pessoal) havia uma
população total de 180 mil habitantes por toda a faixa de Mata Atlântica, até os
alimentar dos índios era rica e variada, o que ampliava a perfil de sustentabilidade
leis que já protegem este bioma – a Mata Atlântica é a única cobertura florestal do
país que possui legislação específica – seu território está associado com a
estão associadas à devastação são: (a) carvão; (b) plantio de soja; (c) produção
de celulose.
áreas menores, isoladas umas das outras por uma matriz de habitats diferentes
nidificar como ocorre com as abelhas sem ferrão (SAMEJIMA et al., 2004). Em
dos polinizadores para obter seus recursos, situação que conduz à redução
extinção, já que dependem de certas espécies vegetais para obter seus recursos
área original deste bioma, ocupam uma área de 115.000 km2, alinhadas em
sequer uma comunidade mínima viável de mamíferos, por possuir uma área de
borda muito grande, que altera toda a composição da floresta interna (ROSAS-
43
RIBEIRO et al., 2003). Apesar deste cenário, esta área é reconhecida de grande
bem preservada e que representa a única opção de vida para as espécies nela
existentes.
Como sucede com outros biomas brasileiros, a Mata Atlântica tem sofrido
da Serra da Bocaina (GOMES et al., 2003) ou, viajando pelas estradas vicinais.
das áreas com potencial turístico, desde que integradas aos mecanismos de
participativa dos residentes, a fim de assegurar uma implantação efetiva. Por fim,
por meio da articulação de grupos externos, para que negociem soluções para
Remanescentes da Mata
Atlântica do estado do Rio
de Janeiro. Figura 3
http://www.sosma.org,br/noticias/levantamento-inedito-mata-atlantica-rio/
2018 ).
Diversidade Biológica- CBD (2012), quando foi renovado o acordo global para
planeta.
46
estado do Rio de janeiro ocupa o segundo lugar entre os estados que mais
desmataram entre os anos de1985 e 2015. Dificil crer que houve recuperação
pelo menos de parte de tal área!
histórico repleto de violência contra seu patrimônio natural. Este estado sofreu
remoção de áreas no século XX, quando perto de 84% de sua cobertura florestal
realizadas ainda antes, há pelo menos 200 anos (RODRIGUES et al., 2009).
não atingem 250 hectares (RIBEIRO et al., 2009). O cenário é desanimador para
boa parte dos fragmentos maiores e mais importantes para a conservação, por
não estarem conectados entre si (RIBEIRO et al. ops citado).
47
para estradas. Os autores ops citados pontuam que muitas espécies vegetais
podem ser extintas antes que sejam avaliadas como, a flora endêmica do estado
ser encarado pela sociedade e por seus gestores (SANTOS, 2008). Esta
conservação da rica flora do Bioma Mata Atlântica, sendo importante base para
3. A POLINIZAÇÃO E OS POLINIZADORES
de filósofos e naturalistas, mas foi no século XX que fatos e teorias deram origem
(KERR, 1997).
polinizando. Figura 4
agricultura resultam na cifra de até 90% do sucesso reprodutivo das flores destas
BALESTIERI et al., 2002). A FAO (2004) estima que aproximadamente 73% das
espécies agrícolas cultivadas no mundo sejam polinizadas por abelhas.
em média de 761 bilhões e o valor das culturas que não dependem da polinização
insetos sociais mais utilizados para a polinização de muitos cultivos agrícolas, sua
para obter seus recursos essenciais. A maioria dos cultivos não está em sua
lista;
· o hábito de forragear é por constância floral. No caso, constância não se refere
· por não ferroarem. Porém, existem outras formas de defesa da colônia que
determinado tipo floral e micro clima. Daí ao se utilizar estas colônias para
polinização de cultivos agrícolas busca-se êxito que só pode advir quando são
Os estudos que seguem foram realizados dentro do habitat das abelhas ou,
próximos ao ambiente alterado em Manaus, que podem conduzir ao êxito ou, não
sobre perdas das colmeias, sobre boas práticas, manejo e a manutenção das
colônias.
melíferas, o sistema de manejo tem sido punitivo também a estas abelhas, que
sofrem com os maus tratos, por vezes com resquícios de crueldade, quando não
mel é muito alta e muitas colônias são barbaramente abandonadas sem crias e
alimento após a polinização. Este quadro de más práticas favorece o declínio das
variações ambientais e seu translado deveria ser tratado com muita reserva.
ecológica foi por vezes subestimada ou, mal compreendida nos poucos estudos
culturas agrícolas (KEARNS; INOUYE, 1998). E este também pode ser um fator
responsável pelo seu declínio ou a sua extinção. Antes mesmo que sirvam à
agricultura!
ecossistemas é bem escassa. Para MACHADO et al. (1998) pelo menos três
espécies de abelhas sem ferrão podem estar em risco de extinção. Mais realista,
Kerr et al. (2001) previu que apenas dez espécies deste grupo sobreviverão à
espécies.
al., 2004).
distância do ambiente natural. Nas regiões tropicais, este efeito foi maior que o
obtido nas regiões temperadas e pode ser o responsável pela extinção de muitas
57
espécies de abelhas sem ferrão, por serem estas espécies dependentes das
predominam em florestas com domínio de árvores idosas, que são aquelas que
apresentam ocos adequados para ocupação de novos enxames.
herbicidas e capinas.
inseticidas são os que mais causam danos às abelhas (DE LA RÚAET al., 2009).
et al., 2003).
de 50), não faltam relatos embaraçosos sobre a invasão destas abelhas nas
58
aos polinizadores. Este fato foi pesquisado por Roubik (1996) que apontou um
(2003) também verificou esta ocorrência no Sul do Piauí. Roubik (2000) ressaltou
que há também ecossistemas que não são vulneráveis à invasão das abelhas
africanizadas, possivelmente por não dispor de alta oferta de recursos que esta
espécie requer.
§ Poluentes como metais pesados, (cádmio (Cd), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg)),
interferem nas funções dos ecossistemas e deixam resíduos em altos níveis nos
al., 1996; MIRANDA et al., 1996); sua ocasionalidade em determinadas área pode
prelo).
via de regra, dá-se de forma predatória por meleiros, que predispõe à morte da
colônia e por vezes das árvores que abrigam ninhos naturais, sendo uma das
anos e, segundo ele estas abelhas eram muito “cismadas” (tímidas), difíceis de
de certas espécies arbóreas para abrigar suas colônias. Reforça que se por um
vegetais das florestas, por outro... estas espécies são altamente frágeis. A perda
colonial, por isso Melipona scutellaris é uma forte candidata à extinção local num
das árvores:
consequências sobre as colônias de abelhas que ali residiam, não é provável que
cada espécie nunca excede mais de algumas centenas de metros, o que significa
poder viver dos recursos disponibilizados nas manchas de floresta primária que
Diante destes fatos, conduzo o leitor (a) à reflexão: “Sob tal pressão
antrópica podem as abelhas sem ferrão sair dos ambientes florestais intactos e
procuram por colônias de abelhas sem ferrão nos ambientes em que vivem e
cabe a todos procurar os fatores de predação e trabalhar seu controle.
proteção ambiental, que sofreu autorização para ser devastada por ação da
resgate (apenas sete dias) para a retirada das colônias de abelhas e outros
do criador que vivia nas proximidades da área e auxiliara nos resgates das
colônias. Este fato também evidencia a fragilidade das ações dos órgãos que
por desconhecerem sua importância ou, para obter seu mel. (inf. pessoal não
publicada).
O ano de 1992 foi o marco criado pela Conferência das Nações Unidas
ambiente.
plano de ação para a IIP (via COP6), com desafios globais projetados até 2010. A
partir daí foram estabelecidas várias iniciativas regionais para o estudo dos
dos Polinizadores (API, a Iniciativa dos Polinizadores dos Povos das Montanhas
65
invasor de habitats (e.g. TORERTTA et al., 2006; DAFNI et a., 2010). Até o Brasil
importou esta abelha e, logo após, houve temores sobre sua eminente invasão,
Este plano iniciou seus trabalhos de conservação em 2004, elencando a cada ano
67
neste plano em 2021 junto com outros grupos. O trabalho de averiguar ameaças,
AIZEN, M. A. et al. Long-term global trends in crop yield and production reveal no current
pollination shortage but increasing pollinator dependency. Current Biology, v.18, n.20, p.
1572-1575, 2008.
BALESTIARI, J.B.P.; ALVES JÚNIOR, V.V.; MORAES ALVES, M.M.B.; SILVA, A.C.G.
Levantamento de abelhas Euglossinae ao longo do transecto Dourados Sidrolândia-
Campo Grande/MS, associado à linha de instalação do gasoduto. In: Congresso
Brasileiro de Apicultura. Campo Grande (MS), XIV, 2002, Anais., 2002, p. 45 .
BOSCH, J.; KEMP, W. P. Developing and establishing bee species as crop pollinators:
the example of Osmia spp. (Hymenoptera: Megachilidae) and fruit trees. Bulletin of
Entomological Research, v. 92, p. 3-16, 2002.
BUCHMAN S.L., O’TOOLE C., WESTRICH P., WILLIAMS I.H. (Eds.), The conservation of
bees. Academic Press: London, p. 163–171.
CAMARGO, J.M.F.; POSEY, D.A. O conhecimento dos Kayapó sobre as abelhas sociais
sem ferrão (Meliponidae, Apidae, Hymenoptera): notas adicionais. Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi Serie Zoologia, v. 6, n, 1, p, 17-42, 1985.
CRUZ, D. O. et al. Pollination efficiency of the stingless bee Melipona subnitida on green
houses weet pepper. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 40, n. 12, p. 1197-1201, 2005.
DAFNI, A., KEVAN, P., GROSS, C. L. & GOKA, K., Bombus terrestris, pollinator, invasive
and pest: An assessment of problems associated with its widespread introductions for
commercial purposes. Applied Entomology and Zoology, v. 45, n. 1, p. 101–113, 2010.
DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Cia das
Letras. São Paulo, 484 p., 1996.
FABICHAK , I. Abelhas indígenas sem ferrão Jataí. São Paulo: Nobel. 1953.
FREE, J. B. Insect pollination of crops. Ed. Academic Press, London, 684 p.1993.
FREITAS, B. M. et al. Diversity, threats and conservation of native bees in the Neotropics.
Apidologie, v. 40, n. 3, p. 332-346, 2009.
FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Mata Atlântica Dia do meio ambiente. Disponível
em: https://www.wwf.org.br/ natureza_brasileira/especiais/ dia_do_meio_ambiente
/mata_atlantica_dia_do_meio_ambiente/ e www.sosma.org.br/conheca/ mata-atlantica/.
Acesso em 20 /fev/2020.
GOTO, Y. et al. Seedling regeneration and vegetative reporting after fires in Pinus
densiflora forests. Vegetation, v. 122, n. 2, p. 157-165, 1996.
GRANT, V. The flower constancy of bees. The Botanical Review. n.16, p. 379-398, 1950.
HEARD, T. A. The role of stingless bees in crop pollination. Annual review of entomology,
v.44, n. 1, p. 183-206, 1999.
73
131,1984.
LARSEN, T. H., WILLIAMS, N. W., KREMEN, C. Extinction order and altered community
structure rapidly disrupt ecosystem functioning. Ecology Letters, v. 8, p. 538-547, 2005.
KERR, W. K.; CARVALHO, G. A.; NASCIMENTO, V.A. Abelha uruçu: biologia, manejo e
conservação. Minas Gerais. 1996. 144p.
KREMEN, C., WILLIAMS, N. M., THORP, R. W. Crop pollination from native bees at risk
from agricultural intensification. Proceedings of the National Academy of Science of the
U.S.A., v. 99, p. 16812-16816, 2002.
75
MARTINELLI, G.; MARTINS, E.; MORAES, M.; LOYOLA, R.; AMARO, R. Livro vermelho
das espécies endêmicas do estado do Rio de Janeiro. Sec do Meio Ambiente:
CNCFLORA. 2018. 456 p.
MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature. v. 403, p. 853-
858, 2000.
NOGUEIRA-NETO, P. A criação das abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Tecnapis, 2.
Ed. 1970. 365 p.
OSBORNE, J. L., WILLIAMS, I. H., CORBET, S. A . Bees, pollination and habitat change
in the European Community. Bee World, v. 72, p. 99-116, 1991.
RAMALHO, M As abelhas sem ferrão podem proteger a Mata Atlântica. Disponível em:
https://cienciahoje.org.br/abelhas-sem-ferrao-podem-proteger-mata-atlantica,2004/
RAMALHO, M. Stingless bees and mass flowering trees in the canopy of Atlantic Forest: a
tight relationship. Acta Botanica Brasilica. v. 18, n. 1, p. 37-47, 2004.
RICKETTS, T. H. et al. Landscape effects on crop pollination services: are there general
patterns? Ecology letters. v. 11, n. 5, p. 499-515, 2008.
ROUBIK, D. W. Loose niches in tropical communities: why are there so few bees and so
many trees? In: HUNTER, M..D.; OHGUSHI, T.; PRICE, P. W. (eds) Effects of resource
distribution on animal-plant interactions. San Diego: Academic Press, .p.327-354, 1992.
103-106, 2010.
SILVA, E. M. S.; FREITAS, B. M.; SILVA, L. A.; CRUZ, D. O.; BOMFIM, I. G. A. Biologia
floral do pimentão (Capsicum annuum) e a utilização da abelha jandaíra (Melipona
subnitida Ducke) como polinizador em cultivo protegido. Revista Ciência Agronômica. v.
36, p. 386-390, 2005.
SOS MATA ATLÂNTICA; INPE. Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica –
período 2013–2014. Relatório Técnico. Disponível em: http://www.sosmatatlantica.org.br.
Acesso em: 20/ jul/ 2019.
SOS MATA ATLÂNTICA. Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica –2014–
2015. Disponível em: https://www.sosma.org.br/105708/fundacao-divulga-obalanco-da-
situacao-da-mata-atlantica-em-3-429-municipios. Acesso em: 20/ jul/ 2019.
SOUZA, C. M. Mappin gland use of tropical regions from space. Proceedings of the
National Academy of Sciences. v. 103, n. 39, p. 14261-14262, 2006.
TANSEY R. Eradicating the pesticide problem in Latin America. Business and Society
Review, v.92, p 55–59, 1995.
WHITMORE, T. C. Tropical rain forest dynamics and itsimplications for management. In:
GOMEZ-POMPA, A; WHITMORE, T. C.; HADLEY, M. (eds.), Tropical rain forest:
regeneration and management, New York: Blackwell:. 1991. p 67-89
ADRIANA O ANDRADE
IZADORA R FONSECA
MARIA C LORENZON
LEILA N MORGADO
RICHIERI A SARTORI
Cantagalo e Marianos (21° 58′ 55″ Sul, 42° 22′ 4″ Oeste, à 311 metros) com 74.928
hectares (749,28 km²)
de padronização:
(a) proximidade com fragmentos de Mata Atlântica;
(b) segurança visando criações de abelhas nativas a implantar;
Figura 1 A
FIGURA 1B
Panorama das áreas monitoradas (Rio de Janeiro); ver pontos da instalação de meliponários
(Figuras 2A (Marianos) e 2B (Cantagalo)
Figura 2A
Figura 2B
Fonte: PMRJ
85
Quadros 1 e 2
ferrão, em duas unidades (Figura 4), sendo seis de cada espécie de abelha: (a)
Fonte: PMRJ
Sul e Central e por isso é tida como “uma das espécies de abelhas mais
onde circula uma abelha de cada vez, tem ao seu redor raios convergentes de
eles as abelhas que o coletam em quantidade nas fontes florais e estocam nos
alvéolos dentro dos favos de seus ninhos para atender a dieta da prole.
sua identificação por meio da análise polínica permite estudos variados sobre
botânica, pela análise polínica significa que estes méis apresentam mais que
45% de pólen dominante desta espécie floral – são chamados de méis tipo
de méis de origem floral diversa. Para Barth (1970b), os méis por vezes se
94
colônias de abelhas. A coleta proveio dos potes de mel e dos potes com
distintas, seis de mel e seis de massas de pólen, por espécie de abelha e por
polinifero, que sofre influência das condições edafoclimáticas. Nem sempre foi
possível obter amostras.
No laboratório, a análise
plantas via grãos de pólen é feita: (a) por consulta aos dados da literatura (e.g.,
BARTH, 1989; ROUBIK e MORENO, 1991 etc..), (b) por consulta à palinoteca
grãos de pólen utiliza-se o termo “tipo polínico” que significa pólen originário de
assim classificadas:
· Pólen dominante - quantidade de grãos de pólen é maior que 45%.
pelas abelhas nas áreas monitoradas a partir de um banco dos dados formado
com as seguintes variáveis:
(c) soma polínica - soma total do pólen (contagem dos tipos polínicos encontrados
em cada amostra);
d) número de tipos polínicos por amostra;
2. ANÁLISE ESTATÍSTICA
tipos florais mais frequentes entre localidades, entre espécies de abelhas e tipo
reflorestamento.
conjunto.
Grupos
60 64.62
40
diferenças observadas nos valores médios não são suficientes para sustentar
dessas diferenças entre grupos no presente estudo são adotados alguns testes
colhida.
BARTH, O. M. O Pólen no mel brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Luxor, 1989. 151p.
MOLAN, P. The limitations of the methods of identifying the floral source of honey. Bee
World; v. 79, n. 2, p. 59-68, 1998.
MORGADO, L. N.; ROCHA, C. F. D. 2016. Diversity of Wild Bees and their Mediated
Dispersal of Pollen from the Genus Tillandsia (Bromeliaceae, Tillandsioideae) in an
Insular Area. Athens Journal of Sciences,. v. 3, n. 4, p. 297-307.
SIEGEL, S. Non parametric Statistics for the Behavioral Sciences. New York: McGraw-
Hill Book Company, Inc., 1956. 389p.
TÓTH, E., QUELLER, D. C., DOLLIN, A.; STRASSMAN, J. E. Conflict over male
parentage in stingless bees. Insectes Soc. v. 51, p. 1-11, 2004. Doi: 10.1007/s00040-
003-0707-z.
CAPÍTULO 3
Vamos Plantar!
Pequenas ações individuais é
uma força transformadora
para ajudar nossas vidas.
ecológica?
circunvizinhas?
108
1.1. Amostragem
previsível maior destaque nas coletas das colônias de mandaçaia, por ser mais
compensou esta baixa coleta, ao aumentar sua produção de mel, e assim permitiu
Cantagalo 58 09 10 10 29 14 12 03 29
Marianos 32 04 06 11 21 05 02 04 11
Total 90 13 16 21 50 19 14 07 40
Abelhas/Meses Jan c Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Cantagalo
Iraí
Jataí
Mandaçaia
Marianos
Iraí
Jataí
Mandaçaia
apresenta até cinco (5) tipos polínicos, poucas amostras (25%) alcançam entre
seis (6) e sete (7) tipos; e raras apresentam mais de 10 tipos, sendo 13 o maior
número de tipos observados em uma amostra.
Em média, o número de tipos polínicos nos dois alimentos é cinco (5), com
MEL PÓLEN
112
número de tipos polínicos nos distintos alimentos (mel e pólen), sendo menos
científicos sobre o número de tipos polínicos dos campos florais o que dificulta
comparação entre estudos.
são altas;
b) o consumo deste alimento deve ser mais rápido; por ser protéico, seu tempo de
estoque e viabilidade se reduzem, mesmo sendo preparado pelas abelhas na
forma de pão.
Pressupõe-se que isso não deveria ocorrer nas amostras de mel. A razão
para tal afirmação é que na atualidade, com a mitigação das fontes florais nativas,
Para suprir esta deficiência, mais espécies florais deveriam estar presentes
nas amostras de pólen. A tendência deveria ser o domínio de fontes florais poli
nectaríferas, que provê às abelhas os dois alimentos primários (néctar e pólen).
113
distribuições guardam certa semelhança entre si (Tabela 3). Este resultado não
significa que as preferências florais sejam as mesmas.
Tipo de
Amostra de mel
abelha
Iraí 14 3 4 4 5,36 7,5 09 4,04-6,67 2,27 42,44
Amostra de pólen
Iraí 17 1 5 6,0 6,53 8,00 13 5,07-7,98 2,83 43,36
até 13 diferentes tipos polínicos (máximo das amostras) e por ter na maioria das
amostras (75%) até oito (8) tipos florais. Feitas as comparações estatísticas, a
abelha iraí é a que mais forrageia pólen (MW = 197, p-valor < 5%). Quanto ao
As razões abaixo podem explicar maior preferência floral das fontes florais
poliníferas pela abelha irai:
· maior necessidade do pólen, o que amplia a procura;
· menor consumo de pólen, o que torna os potes mais cheios.
114
Número de tipos
Número de tipos
10
10
5 5
0 0
IRAÍ J AT AÍ MAND AÇAIA IR AÍ JATAÍ MANDAÇAIA
criação:
ou, insuficientes de grãos de pólen: cinco nas amostras de mel (50) e duas nas de
pólen (40).
das fontes de recursos florais são poli nectaríferas (44 tipos neste estudo) há
potes de alimento, o que revela escassez muito alta deste alimento na localidade
(Quadro 1).
região de conservação das abelhas nativas. Neste caso cita-se estudo de Braga
et al. (2012) em uma área da reserva da Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Nesta
esta comparação mostra nosso desafio de se reduzir o déficit polínico nas áreas
em recuperação e a importância de se proteger os “oásis” das abelhas nativas.
Apenas três amostras alcançam o patamar acima de 700 grãos (Tabela 4).
entre a menor (com valor diferente de zero) e a maior quantidade é de 603 grãos.
Medidas nas
n Mín 25% 50% Média 75% Máx IC DP CV %
amostras
Geral 83 180 350 500 474,8 593,5 783 442,67-507,18 148,41 31,26
Tipo de alimento
Mel 45 180 329 350 359,8 372,0 624 333,84-385,76 86,42 24,02
Pólen 38 500 556 600 610,9 668,0 783 588,11-633,73 69,39 11,36
Mín - mínimo Máx – máximo DP – desvio padrão IC- intervalo de confiança CV- coeficiente de variação
- a amostragem de pólen mostra 50% das amostras com no máximo 600 grãos; o
valor mínimo de grãos é mais que o dobro comparado ao do mel.
na soma polínica das amostras do mel, que varia entre 372 e 624 grãos
(assinalado de amarelo), esse hiato é menor nas amostras de pólen, que varia
entre 668 e 783 grãos.
117
Estas fontes permitem o transporte dos dois recursos florais pelas abelhas
campeiras e é essa fonte que enriquece o mel em grãos de pólen. Porém, não é
entre as médias dos alimentos (MW = 3486, p-valor < 5%). Este resultado é
de tipos polínicos por amostra e soma polínica do mel e pólen, por meio do teste
praticamente inexistente para mostrar algum perfil entre estes atributos (Figura 5).
Spearman assume valor de 0,34, que mesmo sendo baixo, sinaliza um padrão
esperado.
Geral Mel
Pólen
.
No manejo amigável das colônias de abelhas deve-se atentar para o número de
potes de pólen, por ser área de forte indicativo do crescimento ou, da queda da
população de abelhas.
mesmo sua ausência, que pode ser devida à baixa disponibilidade de grãos em
Saiba que plantas que secretam néctar, substância esta rica em açúcares
que reduzem o quantitativo de grãos de pólen, que neste estudo, não é a causa
presença dos grãos de pólen das plantas nectaríferas e outras fontes, conforme
interpretação da análise da Melissopalinologia:
florais);
variando entre 180 e 624 grãos (mínimo e máximo); sendo metade das amostras
com no máximo 350 grãos (Tabela 5).
120
Medida nas
n Mín 25% 50% Média 75% Máx IC DP CV%
amostras
Geral MEL 45 180 329 350 359,80 372 624 333,84-385,76 86,42 24,00
Espécie de abelha
Iraí 14 180 309,2 352,5 331,92 365,3 549 279,29-384,56 91,16 27,46
Jataí 13 311 329,0 353,0 370,15 380,0 549 331,16-409,15 64,52 17,43
Mandaçaia 18 236 327,8 348,5 374,00 401,0 624 326,56-421,44 95,10 25,51
Mín - mínimo Máx– máximo DP– desvio padrão IC- intervalo de confiança CV- coeficiente de variação
Há sim certa semelhança (assinalado com cor), que se confirma por teste
estatístico (KW = 0.070727, p-valor ≥ 5%) (Figura 6).
das espécies iraí e mandaçaia, justamente nestas ocorre a menor e a maior soma
polínica (Tabela 5). Por possuir maior talhe, a abelha mandaçaia tende a colher
condições climáticas, que integrados agem sobre a produção dos recursos florais,
direta e indiretamente.
(B) Análise segmentada, com distinção dos tipos polínicos das chamadas plantas
(d) da presença nas flores, que podem cair acidentalmente, já que os campos
florais são mistos, com plantas nectaríferas, poliníferas e anemófilas.
Estes dados nos mostram que o fluxo da soma polínica nas plantas
grãos, termina por não esclarecer sobre os tipos de fontes e do quantitativo dos
Plantas nectaríferas
Geral Mel 45 180 329,0 350 359,8 372,0 624 333,84-385,76 86,4 24,00
Outras fontes
Nectaríferas 44 27 114,5 229 224,0 326,8 623 184,35;263,56 130,3 58,16
Outras 42 1 15,5 127 151,0 270,8 436 109,11; 192,61 134,0 88,82
Mín - mínimo Máx– máximo DP– desvio padrão IC- intervalo de confiança CV- coeficiente de variação
intervalos de 200 e 400 e, poucas amostras (4%) reportam valores acima de 400
outras fontes, o que é previsível, por serem grãos que aparecem ocasionalmente.
Por vezes, pode ocorrer o domínio nas amostras de mel de outras fontes
produzido por Apis mellifera com domínio de várias fontes florais, em detrimento
polínica que as demais (KW, p valor < 5%). Quanto às demais fontes verifica-se
soma polínica com distribuição semelhante.
polínica das plantas nectaríferas e outras fontes. As cargas polínicas das outras
fontes são menores, com diferença marcante entre as espécies de abelha (KW=
Plantas nectaríferas
Iraí 14 67 117,2 206 208,7 306,5 342 152,58; 264,85 97,22 46,58
Jataí 12 27 43,5 185 164,5 263,8 296 96,31; 232,69 107,32 65,24
Mandaçaia 18 40 196,8 319 275,4 345,2 623 200,45; 350,44 150,80 54,75
Outras fontes
Iraí 12 2 22 127 143,8 216,8 436 56,55 ; 230,95 137,24 95,47
Jataí 13 45 106 248 218,2 308,0 396 143,00; 293,46 124,49 57,04
Mandaçaia 17 1 12 17 104,4 227,0 344 40,52; 168.19 124,15 118,97
Mín - mínimo Máx– máximo DP– desvio padrão IC- intervalo de confiança CV- coeficiente de variação
floral em seu mel com destaque para outras fontes (principalmente anemófilas). A
procura intensa por estas fontes, que é muito pobre em nutrientes, sugere que as
campeiras não encontraram fontes mais atrativas, como as fontes poliníferas. Isto
mandaçaia no forrageio de outras fontes, que diverge das demais e mostra que a
Boxplot da soma polínica das amostras de mel nas espécies de abelha (Figura 8)
125
entre si. A diferença de 283 grãos resulta entre a menor e a maior quantidade de
Soma
n Mín 25% 50% Média 75% Max IC DP CV%
polínica
pólen 38 500 556 600 611 668 783 588,11-633,73 69,39 11,36
Mín - mínimo Máx – máximo DP – desvio padrão IC intervalo de confiança CV -Coeficiente de variação
500 e 700 grãos; apenas três amostras estão no intervalo entre 700 e 800 grãos e
nenhuma amostra está acima do intervalo de 800 grãos e nem abaixo de 500
grãos (Figura 9), o que conduz a baixa dispersão dos dados. Comparadas as
médias das amostras de mel e pólen, as de pólen triplicam.
pólen?
Espécie/
n Mín 25% 50% Média 75% Max IC DP CV%
Medida
Iraí 17 503 566 604 603 665 675 574,15;632,67 57 9
Jataí 16 500 548 583 608 672 766 567,72;648,65 76 13
Mandaçaia* 05 536 611 628 645 668 783 532,59;757,81 91 14
Mín - mínimo Máx – máximo DP – desvio padrão IC intervalo de confiança CV -Coeficiente de variação
* baixa amostragem impede a inclusão na análise
como fazem na Natureza. Deve-se evitar a instalação destas caixas com colônias
na área de mata (já que perderam a condição de segurança).
permitida com os alimentos naturais das abelhas, e por ser experimento obriga a
retirada dos enxames que se enfraquecem. A reposição dos enxames com outros
de outra (s) área (s) é medida contrária à restauração ecológica.
risco à manutenção e a vida das colônias. Este é outro importante aspecto que
pesa sobremaneira na decisão de utiizá-las para avaliação do novo nicho.
com ocos, o que desfavorece a reprodução natural das abelhas nativas, que
necessitam desse espaço (oco) para formar o ninho de novas colônias, processo
ninhos artificiais (com feição natural) que devem ser mantidos na área. As
O número de tipos polínicos é razoável para uma área jovem, a média nos
dois alimentos (mel e pólen) é cinco, que varia fortemente ao longo do ano.
de pólen, em média de 500 grãos por amostra; as amostras de mel são as mais
reduzidas.
129
2. COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA
ocorrem devido a fatores in e ex situ que regem a coleta de recursos pela abelha
seja, só aparecem nos méis) e 16 nas amostras de pólen (só aparecem no pão de
ocorre nos dois tipos de alimento, de forma generalizada, condição que revela
uma dieta variada (Tabelas 11 e 12). Este resultado mostra a tendência das
abelhas em escolher as fontes florais para atender seus produtos primários, mel e
Tipo polínico próprio é aqui usado com sentido relativo, ou seja, é distinto
para espécie de abelha e local.
A sobreposição de recurso floral é o uso do recurso floral por vários visitantes.
Trata-se de uma interação da comunidade de abelhas e, ou com outros
insetos. Se houver escassez do recurso floral pode haver competição. Esta é
uma das interações inseto-flor intrínsecas do forrageio.
por duas espécies de Melipona. Fidalgo e Kleinert (2010) chamaram atenção para
Abaixo, lista-se a riqueza dos tipos polínicos na dieta das três espécies de
abelha.
Tabela 14. Número de tipos florais próprios e em sobreposição por espécie de abelha.
* houve importante déficit na amostragem da dieta das abelhas
(a) por registro da visitação nas espécies florais: quando observou a visitação das
abelhas em 61 espécies florais, com dominância para Anacardiaceae e destaque para
espécies de Asteraceae, Sapindaceae, Fabaceae-Mimosoideae e Rhamnaceae;
(b) por análise das cargas polínicas em colmeias artificiais de T. angustula : neste
método verificaram a presença de 39 tipos polínicos, pertencentes a 28 famílias vegetais.
Estes dados estão ilustrados no site ABELHA (2019), que abaixo resume a
visitação das espécies de abelhas tratadas neste estudo:
mesmos recursos), a relação entre as abelhas jataí e irai parece ser mais estreita
(PMRJ) e a lista dos tipos polínicos presentes nas dietas de mel e pólen das
Tabela 15. Taxa presente nos tipos polínicos das dietas de abelhas nativas
na área replantada (RJ).
* houve importante déficit na amostragem da dieta das abelhas
Este resultado evidencia que mais de 70% das espécies florais da área
não inclusa na área monitorada. Certamente, o forrageio para outras áreas está
as três espécies. A presença de mandaçaia nesta área mais pobre revela que há
néctar seguem com destaque; a abelha iraí destaca-se por estar mais presente na
área, apesar da diferença ser estreita entre as três espécies.
146
Tabela 16. Análise exploratória da distribuição das frequências das espécies florais
predominantes nas amostras de mel e pólen.
isso, as frequências destas espécies florais oscilam entre 28 e 100%, que indica
importante flutuação na oferta deste alimento por diferentes espécies florais.
há poucas amostras (25%) que alcançam cifra superior a 80%. Ressalta-se que é
Mel Pólen
20 40 60 80 100
Frequência
de seu copioso néctar, por mais de 20 dias. E advém carga de mel, por vezes
bem farta (informação pessoal).
Curioso não ser incomum encontrar tipos polínicos em alta frequência nas
amostras de pólen neste trabalho, o que sugere haver ou, fontes ricas ou,
melissopalinológica indica que 85% das amostras de mel são classificadas como
entre uma ou poucas espécies florais que são predominantes no campo floral. O
restante das amostras de mel (15%) é do tipo heterofloral, que guarda maior
diversidade floral na sua estrutura.
outros tipos polínicos, porém ambos os tipos podem ou não estar envolvidos na
abundância de mel (ou seja, se é possível colheita de mel ou não).
floral é por recrutamento (ROUBIK, 1989), ou seja, uma vez que há preferência
floral pela abelha escoteira (abelha que avalia o campo floral), as demais (as
Espécies florais que apresentam alta frequência nas amostras de mel (Figura 12)
151
*indeterminada
152
Iraí 14 07
Jataí 09 06
Mandaçaia 17 08
(Tabela 19).
forrageio das abelhas pode atingir até 25 km2, distância que facilitava pelas
Tabela 20. Tipos florais predominantes nas amostras de mel, por tipo de abelha
.Espécies florais Iraí (n) Jatai (n) Mandaçaia (n) Total geral (n)
Myrcia/Eugenia sp. 02 04 07 13
Piptadenia gonoacantha 05 01 02 08
Schinus terebinthifolius 03 01 02 06
Anadenanthera colubrina 01 01 02 04
Alchornea sp. 01 01 0 02
Banisteriopsis sp. 01 01 0 02
Eugenia sp. 0 0 01 01
Mansoa sp. 0 0 01 01
Mimosa caesalpiniaefolia 0 0 01 01
Passiflora sp 0 0 01 01
Struthanthus sp. 01 0 0 01
Outra* 01 05 04 10
Total de amostras 15 14 21 50
*indeterminada
155
Predominância dos tipos florais na dieta das abelhas nas amostras de mel:
Myrcia/Eugenia
Mandaçaia , Piptadenia gonoacantha, Anadenanthera colubrina, Eugenia sp., Mansoa sp.,
Iraí 17 13
Jataí 16 08
Mandaçaia 07* 07
* houve importante déficit nesta amostragem
156
destaca (m) como espécie (s) que predominou na dieta da Jatai, preferência esta
que a distingue das demais espécies monitoradas. Na dieta da jataí houve
Tabela 22. Tipos florais predominantes nas amostras de pólen por tipo de abelha
Jataí Piper sp., Mimosa caesalpiniaefolia, Struthanthus sp., Fabaceae, Cecropia sp.,
Artocarpus heterophyllus Melastomataceae, Anadenanthera colubrina (são oito)
é ampla quanto ao número de tipos polínicos e ao táxon das plantas (Tabela 23).
Comparativamente ao nosso estudo com Oliveira Abreu et al. (2014) são nove
L., Eucalyptus spp., Leucaena leucocephala Lam, (De Wit.) e Tipuana tipu Benth.
et al. (2018), Barth et al. (2020) em estudo de pólen das corbículas das abelhas,
Tabela 23. Caracterização polínica: (1) Este estudo; (2) Oliveira-Abreu et al. (2014); (3)
Carvalho e Marchini (1999); (4) Imperatriz-Fonseca et al. (1984);(5) Braga et al (2014); (6)
Iwama e Melhem (1979); Ramalho (1990); (7) Freitas et al. (2018); Barth et al. (2020)
Nt–Nannotrigona testaceicornis Ta-Tetragonisca angustula Mq- Melipona quadrifasciata
Espécie de Número Tipos polínicos
Vegetação
Abelha/Recurso de tipos maisfreqüentes
1- Mq, Ta, Nt 38, 41, 44 Piptadenia gonoacantha Replantada com
(mel e pólen) Myrcia/Eugenia sp., Piper sp. plantas nativas- RJ1
Schinus terebinthifolius
Anadenanthera colubrina
Mimosa caesalpiniaefolia
2- Mq (mel e pólen) 24 Myrtaceae, Melastomataceae Mata Atlântica – SP2
Solanaceae
3- Nt e Ta (pólen) 31 Fabaceae, Liliaceae, Campus ESALQ-SP3
Mimosaceae, Myrtaceae
4- Ta (mel e pólen) 158 e 140 Euphorbiaceae, Moraceae Campus USP-SP4
Fabaceae, Myrthaceae
5- Ta (mel)? 39 Meliaceae, Anacardiaceae, Mata Atlântica,
Asteraceae, Fabaceae, Parque Estadual Ilha
Melastomataceae, Piperaceae, Grande5
Solanaceae e Ulmaceae
6- Ta (mel) Alchornea sp., Triplinervia sp. Campus USP –SP6
Euphorbiaceae, Eucalyptus sp.,
Petrosellinum hortense
Schinus terebinthifolius
7- Mq (bolotas de pólen) - Melastomataceae, Myrcia sp., Mata Atlântica,
Mimosa caesalpiniaefolia, Parque Nacional da
Eucalyptus sp. Tijuca7
159
que as fontes florais advindas de pólen e do mel são similares; este resultado
Paulo revelou 66 táxons de plantas visitadas por T. angustula; desta lista apenas
(2007), Luz et al. (2011), Serr et al. (2012), o que indica quão esta espécie exótica
5. CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
alimento. Mas, este resultado poderá ser feito com as espécies florais indicadas
por meio de seus períodos de floração. Vai aqui este desafio para você, leitor.
Composição florística
De acordo com este estudo, mais de 70% das espécies florais da área
Vamos replantar!
ABSY, M. L.; BEZERRA, E. B.; KERR, W. E. Plantas nectaríferas utilizadas por duas
espécies de Melipona, da Amazônia. Acta Amazonica. v.10, p. 271 – 281, 1980.
BRAGA, J. A.; LORENZON, M. C. et al. A abelha jataí, flora visitada na Mata Atlântica.
Rio de Janeiro, Letras e versos. 2014. 122 p.
CAESAR, L.; CIBULSKI, S. P.; CANAL, C. W.; BLOCHTEIN, B.; SATTLER, A..; HAAG, K.
L. The virome of an endangered stingless bee suffering from annual mortality in southern
Brazil. Journal of General Virology, v. 100, p. 1153–1164, 2019 DOI 10.1099/jgv.0.001273
166
FREITAS, S. R.; NEVES, C. L.; CHERNICHARO, P. Tijuca National Park: Two pioneering
restorationist initiatives in Atlantic forest in southeastern Brazil. Brazilian Journal of
Biology, v. 66, n. 4, p. 975–982. 2006. Doi:10.1590/S1519-69842006000600004
HUBBELL, S.P.; JOHNSON, L.K. Competition and nest spacing in a tropical stingless
bees community. Ecology, n. 58, p. 849-965, 1978.
IWAMA, S.; MELHEM, T. S. The pollen spectrum of the honey of Tetragonisca angustula
angustula Latreille (Apidae, Meliponinae). Apidologie, v. 10, p. 275-295, 1979.
LUZ, C. F. P.; FERNANDES-SALOMÃO, T. M.; LAGE, L. G. A., et al. Pollen sources for
Melipona capixaba Moure & Camargo: an endangered Brazilian stingless bee. Psyche, p,
1 – 7, 2011. Doi: 10.1155/2011/107303.
PROCTOR, M., YEO, P., LACK, A. The natural history of pollination., Timber Press Inc.,
2003, 487p.
RAMALHO, M. Stingless bees and mass flowering trees in the canopy of Atlantic Forest: a
tight relationship. Acta Botanica Brasilica. v. 18, n. 1, p. 37-47, 2004.
WHITE, B. ; CRIBB, B. W.; HEARD, T.A;. Flower constancy of the stingless bee Trigona
carbonaria Smith (Hymenoptera: Apidae: Meliponini). Australian Journal of Entomology, v.
40, p. 61–64, 2001.
CAPÍTULO 4
Fhttps://www.mensagenscomamor.com/dia-
nacional-da-educacao-ambiental
1. INTRODUÇÃO
ambiental pública.
Outro ato valioso ocorreu em Maio de 2012 quando foi sancionada a Lei
natural, cultural e histórica. São ações a serem trilhadas para que haja uma
2. ESTUDOS DE CASO
infra estrutura verde das cidades, formada pela arborização e, ou por florestas
que vivem em favelas no município do Rio de Janeiro e até o momento são raros
socioambientais.
fauna (com frutos, flores, néctar, seivas etc.) e áreas de refúgio (como corredores
a insolação tende a ser mais alta, ao ser comparada à vertente sul (OLIVEIRA et
2002). Esta localidade foi declarada como área de especial Interesse social, e
condições de vulnerabilidade social, por vezes sem acesso à rede formal de água,
_____________________________________________
* planta zoocórica, anemocórica e autocórica - por ação dos animais, por ação do vento e por
ação da própria planta, respectivamente.
** planta pioneira - espécies vegetais que auxiliam outras a se colonizar em ecossistemas
inóspitos. Elas são capazes de se manter perfeitamente em locais com poucos nutrientes e
água.
176
foram: Mangifera indica L., Psidium guajava L., Persea americana Mill.,
90% dos seus indivíduos levantados são nativos e relevantes para alimentação da
uniflora (pitangueira).
originária do México (SKERMAN, 1977). Esta espécie é registrada como uma das
principais invasoras no Brasil (SMITH, 1985; SCHERER et al., 2005), que pela
espécie mais abundante representa 9,1% do total, o que significa que as espécies
*índice de Shannon - índice que busca medir a diversidade de espécies, considerando sua
uniformidade. ** índice de Pielou – relaciona-se ao índice anterior, permite representar a
uniformidade da distribuição dos indivíduos entre as espécies existentes.
178
estudos:
são espécies exóticas (perto de 39%); 11 espécies não foram identificadas (em
táxon baixo). Entre indivíduos, 613 são exóticos (60%) e 416 nativos (40%).
Apesar das espécies nativas mostrarem riqueza mais alta, estas estão em menor
catappa (amendoeira) (25% dos indivíduos) e Licania tomentosa (oiti) (23%). Para
Siqueira e Mendonça (2015), este padrão foi estabelecido por Glaziou a partir de
179
indivíduos destaca-se nos quintais das casas (50% das árvores) e em terrenos
a) ocorre ao acaso;
75% são zoocóricos, 14% são autocóricos e 10% anemocóricos. O fato de haver
maior dispersão zoocórica por muitos indivíduos significa que esta área pode
avifauna.
podem ser usadas de várias formas e ser adotada apenas como seu uso
madeira (0,1%). Fato é que as espécies usadas para a alimentação são de alta
exóticas para três variáveis: origem, local e uso; e comprova que os indivíduos
Rio de Janeiro, realizado entre 2013 e 2015. (FIGUEIREDO et al. 2014; 2018).
feita uma reunião participativa ao final do ano para saber das opiniões do grupo
escolar sobre as ações do projeto. Nesta oportunidade, as crianças revelaram sua
pedagógicos.
Em 2014, o projeto foi direcionado para uma turma do quinto ano (indicada
O primeiro contato com este grupo foi feito utilizando-se uma dinâmica de
Uma trilha interpretativa no Parque Nacional da Tijuca foi visitada para que
Atlântica.
183
ativo e, resultou para o grupo uma relação mais rica, quanto à construção das
atividades.
uma turma por ano embutia limitações para incentivar a educação ambiental na
havia apenas conteúdos de matemática e português. Alteração essa que foi bem
3. CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
consolidada.
nos últimos 30 anos, o emprego das técnicas mais recentes e inovadoras ainda é
séculos.
Por vezes, o replantar por mudas, é ainda citado solitário frente a um dos
maiores desafios para quem assiste: de se repor aquilo que era original, ou pelo
possível.
Sabemos que a atuação humana pode introduzir novos gatilhos limiares para
suprimindo-as.
apreciação do ser humano pelas árvores é secular, com discursos e lendas que
atravessaram os tempos
futuro da natureza neste planeta pode depender do que Aldo Leopold chamou de
ALVEY, A. Promoting and preserving biodiversity in the urban forest. Urban For
Urban Green, v. 5, n. 4, p. 195–201, 2006.
DURIGAN, G.; ENGEL, V. L.; TOREZAN, J. M.; MELO, A. C. G.; MARQUES, M. C. M.;
MARTINS, S. V., REIS, A. & SCARANO, F. R. Normas jurídicas para a restauração
ecológica: Uma barreira a mais a dificultar o êxito das iniciativas? Revista Árvore, v. 34, p.
471-485, 2010.
IBAMA, 1990.
IPP. INSTITUTO PEREIRA PASSOS, 1998. Chuva média anual. Disponível em:
<http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/arquivos/1319_chuva%20m%C3%A9dia%2
0anual%20(1997-1998).JPG> Acessado em: 23/06/2015.
JORDAN, W.; LUBICK, G. M. Making Nature Whole. In: A history of ecological restoration.
ARONSON, J.; HOLL, K. D.; FALK, D. A.; PALMER, M. A. (Eds.). Washington DC: Island
KOLBE, S.; MILLER, A. I.; CAMERON, G. N.; CULLEY, T. M. Effects of natural and
anthropogenic environmental influences on tree community composition and structure
in forests along an urban-wildland gradient in southwestern Ohio. Urban Ecosystem,
n. 19, p. 915-938, 2016.
MASCARÓ, L.; MASCARÓ, J. Vegetação Urbana. 2 ed. Porto Alegre: Mais Quatro
Editora, 2005.
NOWAK, D. J.; DWYER, J. F. Understanding the benefits and costs of urban forest
ecosystems. In: KUSER, J. E. (Ed) Urban and community forestry in the Northeast.
New York: Springer, 2007. p 25–46.
OLIVEIRA, R. R.; ZAU, A. S.; SILVA, M. B. R.; VIANA, M. C.; SODRE, D. O.,
SAMPAIO, P. D. Significado ecológico da orientação de encostas no maciço da
Tijuca, Rio de Janeiro. Oecologia brasiliensis, v. 1, n. 1, p. 523-541, 1995.
SMITH, C. W. Impact of alien plants on Hawai'i's native biota. p. 180-250. In: STONE,
C.P. J.; SCOTT, M. (Eds.). Hawaii'i's Terrestrial Ecosystems: Preservation and
Management. Hawaii, Manoa: Cooperative National Park Resources Studies Unit,
University of Hawaii, Manoa, 1985.
191
UNITED NATIONS. World Urbanization Prospects: The 2011 Revision. New York:
United Nations Publication, Department of Economics and Social Affairs: Population
Division, United Nations. 2011.