Questões norteadoras
Quais as possibilidades de transformar conhecimentos já selecionados e impostos em aprendizagens
emancipadoras no sentido da responsabilidade social? Como professores e alunos devem atuar em prol
desta autonomia?
O que se pretende, neste tópico, é analisar a relação entre o ato de conhecer, ou seja, de o aluno apropriar-
se do conhecimento, previamente, selecionado e organizado para compor o currículo escolar e as relações
de poder que aí existem, em contraposição à emancipação do próprio sujeito que aprende.
Emancipar-se diz respeito a tornar-se independente, libertar-se. Para tanto é necessário um conhecimento
que possa, continuamente, ser atualizado, reconstruído, adaptado às novas situações aos novos enfoques da
realidade. Precisa ser um conhecimento vivo, construído de forma autônoma, seguindo os princípios de
autoria e autoridade..
Mas, como fazer isto, se tudo o que é oficialmente curricular está imbricado nas relações de poder?
Essas relações de poder vão desde a escolha das disciplinas e os conteúdos que lhe são inerentes, até as
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[…] o currículo enquanto definição “oficial” daquilo que conta como conhecimento válido
e importante, expressa os interesses de grupos e classes colocados em vantagem em
relações de poder. […] o currículo, ao expressar essas relações de poder, ao se apresentar,
ações pedagógicas que fazem parte do ritual escolar, como chamadas, notas, tipo de gestão, entre outras.
Por outro lado, entre as próprias disciplinas, há aquelas que ocupam uma posição de mais destaque na
grade curricular, seja pelo número de horas a elas concedidas, seja pela dificuldade, às vezes artificial, que
lhes atribuem. Cumpre salientar o que os autores apontaram em relação ao reforço propiciado pelo
currículo no sentido da perpetuação do subjugo.
Tudo faz crer que a saída seria via a abertura das aulas tendo em vista que as que protagonizamos levam ao
isolamento, como se apresenta a seguir utilizando inclusive a metáfora de jaula:
[…] La (j) aula es um limite institucionalizado que sujeta las interacciones de los
participantes y sus instrumentos a un formato casi único, un ritual que ha sido descrito
como una danza en la que el interés se centra em seguir la coreografia más que en lo que
se enseña y aprende.
(BIRDWHISTELL,1970; LEAVE, 2001 APUD ESTRADA; REJAS; URIAS, 2016, P.744)
Para os autores o padrão de aula que vivenciamos nos afasta do projeto de elaboração do conhecimento e
nos distancia da tão esperada autonomia intelectual, e consequente emancipação Os autores sugerem uma
aula que nos reconheça como sujeitos únicos e completos e não;
[…] un lugar vacío que não guarda registro histórico de quienes por ahí pasan y de las
historias que se desarrollan entre sus cuatro paredes. Con esse dispositivo de
vaciamento – que aceptamos cada nuevo curso – también se deja afuera aquello que
discursivamente se proclama como su materia: los conocimeientos y los instrumentos de
la cultura y la ciencia se reducen a versiones fosilizadas, pálidas, desmotivadas.
. ESTRADA; REJAS; URIAS, 2016, P.744
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Os autores afirmam que a aula que vivenciamos, ainda hoje, segue um ritual que não se preocupa,
primordialmente, com o que se aprende e o que é ensinado e confirmam esse ambiente, artificial e
esvaziado, pelo não registro das histórias dos seus participantes e pela redução dos conhecimentos, da
cultura e da ciência ao já ultrapassado.
Freire (1981) analisando a situação escolar e as características da educação, aponta-a como educação
bancária, no sentido de configurar-se como um depósito de informações em que o depositário permanece
passivo, resultando daí sua domesticação e, contrapõe a isto uma educação problematizadora.
na medida em que ele não se descobre enquanto ser inacabado, inconcluso e, portanto,
em condição de “ser mais”. […] os fundamentos da educação problematizadora pensada
por Paulo Freire, tiveram e têm por objetivo esclarecer o educando de seu papel no
mundo e levá-lo a perceber a presença da opressão para que possa lutar contra ela.
FOCHEZATTO; CONCEIÇÃO. 2012, P. 4
Para os autores citados a emancipação demanda reflexão crítica, diálogo, consciência de si e do mundo,
valorização das diferenças e superação dos dogmatismos. Para atingir esse objetivo, haveria necessidade de
uma escola problematizadora que buscasse o entendimento do todo e de suas partes constitutivas, não
desvinculasse a teoria e a prática e tratasse o homem como um sujeito político, social, pensante, atuante e
[…] suficiente para sinalizar outra pedagogia e outro pedagogo, autor, capaz de proposta
própria, que saiba estudar, pesquisar, elaborar, não sendo isto nada de outro mundo, mas
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O autor define pesquisa como questionamento reconstrutivo no qual pesquisar é questionar, é reconstruir
ao contrário do que se encontra na escola: “a expectativa de conheci mento acabado, fixo, estável, a ponto
de caber apenas repassar, não questionar. (DEMO, 2015, p.39)
Esta orientação, por distante que pareça, consta de diretrizes curriculares já conhecidas de professores e
Ai, encontram-se os pontos fundamentais para pensar um currículo que se baseie em projetos a partir de
indagações, de dúvidas teóricas e ou da realidade, que busque verificar hipóteses, analisar dados e
comunicar resultados. Isto está posto pelos autores e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais referentes
ao ensino fundamental. Isto é pesquisa. “O que se tem em vista é que o aluno possa ser sujeito de sua
própria formação, em um complexo processo interativo em que também o professor se veja como sujeito de
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ATIVIDADE
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habilidades para:
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REFERÊNCIA
DEMO, Pedro. Aprender como autor. São Paulo: Atlas, 2015.
ESTRADA, Maria Luiza Castro; REJAS, Maria José Rodrigues; URIAS, Emiliano Urteaga. Abrir las aulas: el
vínculo entre docencia, investigación y vinculación comunitaria. Revista Brasileira de Educação v.21 n. 66
Cortez, 1999.
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