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24/04/2020 AVA UNINOVE

O currículo escolar: conceito, funções


e articulações
DISCUTIR O QUE É CURRÍCULO, SUAS MÚLTIPLAS INTERPRETAÇÕES, AS FUNÇÕES E ARTICULAÇÕES DO
CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL.

AUTOR(A): PROF. MARIA DO SOCORRO TAURINO

A terminologia “Currículo” possui várias interpretações, a mais comum é a que associamos o currículo a um
documento com informações referentes às experiências profissionais de uma pessoa, onde podemos

entender sua trajetória de formação escolar, acadêmica, e suas experiências profissionais. Para este

documento e atribuído o nome de currículo vitae.


Em educação quando nos referimos a palavra currículo geralmente fazemos uma associação ao currículo

escolar, que de uma maneira sintética pode ser entendido como os valores e os conhecimentos necessários
para o processo formativo de um indivíduo. 

Legenda: DIVERSIDADE DE CURRíCULOS.

Há uma forma equivocada de se entender o currículo escolar como grade de disciplinas, ou como matérias a
serem ensinadas. Quando pensamos em currículo escolar é fundamental que possamos entendê-lo como
percurso de formação. Algumas questões que devem ser levantadas quando se pensa em montar um
currículo escolar são:

- Que sujeito eu pretendo formar?


- Para que sociedade?

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- Com quais valores sociais, econômicos, éticos e estéticos?

A partir das respostas dadas as questões acima elencadas, inicia-se então o processo de construção desta
trajetória, deste percurso, com os conhecimentos necessários para se alcançar tal intento.
O currículo escolar é então a trajetória de formação que um sujeito irá percorrer ao longo de sua vida, e no
caso da educação brasileira, se pensarmos em uma pessoa que entra aos quatro(4) anos na educação infantil

e irá até o ensino superior, se isto acontecer de maneira linear, serão no mínimo 18 anos de trajetória,
quase duas décadas.
Pode-se afirmar que os primeiros vinte anos da vida de uma pessoa ela passa na escola. Desta maneira a

escola na sociedade moderna foi-se tornando o espaço social primordial para a formação da sociedade.

Legenda: A ESCOLA COMO UMA PISTA DE CORRIDA.

Os estudos curriculares no Brasil

Com a chegada dos jesuítas no Brasil em 1549 iniciou o processo de educação escolar em nosso país, com a
fundação das primeiras casas de bê-á-bá, que tinham como objetivo catequizar as crianças indígenas
brasileiras. A partir do final do século XVI e início do século XVII os jesuítas começaram a se dedicar ao
ensino secundário e a educação dos filhos dos colonos, com esta mudança de foco, os jesuítas passaram a se
dedicar a educação escolar dos filhos dos colonizadores, preparando-os para as universidades na Europa, a
partir deste momento foi implementando o primeiro programa curricular no Brasil, o Ratio Studiorum, que
era o plano de organização de estudos da Companhia de Jesus. Este documento era constituído por 467

pontos que determinavam as ações pedagógicas dos padres jesuítas em seus colégios.

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Legenda: LIVRO RáTIO STUDIORUM

Após a expulsão dos jesuítas pelo primeiro ministro português, Marques de Pombal, iniciaram as reformas
pombalinas da instrução pública, que propunha uma educação escolar afastada das questões religiosas,
tornando-se cada vez mais científicas. Esta proposta de Pombal não foi colocada em ação, pois não existiam
professores formados e preparados para o magistério de uma educação laica e científica. Mesmo com a
expulsão dos jesuítas, não houve um rompimento com a Igreja Católica, que permaneceu como a instituição
particular de ensino com maior número de escolar no Brasil até meados do século XX.
Moreira (1990) nos informa que a partir do século XX: 

As origens do pensamento curricular podem ser localizadas nos anos vinte e trinta,
quando importantes transformações econômicas, sociais, culturais, políticas e ideológicas

processaram-se em nosso país. A literatura pedagógica da época refletia as idéias


propostas por autores americanos associados ao pragmatismo e as teorias elaboradas por
diversos autores europeus. Com base em tais idéias os pioneiros da Escola Nova buscaram
superar as limitações da antiga tradição pedagógica jesuítica e da tradição enciclopédica
que teve origem com a influência francesa na educação brasileira, e esforçaram-se por

tornar o quase inexistente sistema educacional consistente com nosso contexto.


(MOREIRA, 1990, p. 81.)

MOREIRA, 1990, P. 81.

Moreira em seu livro “Currículos e Programas no Brasil” de 1990, nos conta que as primeiras propostas

curriculares foram promovidas pelo famoso movimento encabeçado por Fernando de Azevedo, Anísio
Teixeira e Lourenço Filho, que ficou conhecido como Movimento dos Pioneiros da Escola Nova. Estes

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intelectuais da educação promovem reformas curriculares em vários Estados do Brasil, em especial nas

décadas de 20 e 30 do século XX. 

Quando os pioneiros começaram a organizar reformas nos sistemas educacionais de

alguns estados brasileiros, não se havia difundido, no Brasil, uma proposta sistemática de
abordagem de questões curriculares. Existia, no entanto, tradições curriculares

fundamentadas em uma base filosófica híbrida que combinava os princípios de


positivismo de Herbart, de Pestalozzi e dos jesuítas. 

MOREIRA, 1990, P. 83

Para os Pioneiros o que ajudaria a construir uma nova sociedade seria investir na educação do humanista

científico-tecnológico. E para isso seria necessário pensar as relações do homem com a sociedade, o
processo da educação e sua estrutura, construindo uma escola para a democracia social. Alguns princípios

considerados pelos Pioneiros da Educação Nova como condições sociais essenciais para uma educação

democrática eram: a laicidade, a gratuidade, a obrigatoriedade e a co-educação (CURY, 1988).


Na primeira metade do século XX, o tema da educação e as discussões curriculares na arena educacional

tomavam conta do debate político. No  Estado de São Paulo este debate possuía várias frentes com variados
projetos de escola, o regime republicano tinha uma proposta educacional, ou seja, a idéia de implementar

um sistema escolar que educasse toda a sociedade “mas escalonando o seu alcance conforme se tratasse do
trabalhador imigrante ou das camadas dominantes” (HILSDORF, 2005, p.71). Outras forças também

reivindicaram uma educação escolar que estivesse adequada às necessidades da sociedade, estas forças

vieram dos movimentos operários que contestavam a proposta de educação elitizada dos republicanos
paulistas. Estas forças foram representadas pelos movimentos Socialistas que com suas iniciativas

objetivam realizar uma educação que politizasse o trabalhador. Os Libertários, um grupo composto por
imigrantes portugueses, espanhóis e italianos, constituiu uma formulação pedagógica e didática, que não

consideravam a educação a partir da realidade brasileira e sim das diretrizes do anarquismo internacional.
Diferentes dos Socialistas a proposta educativa dos Libertários não lutavam por um ensino público e

gratuito oferecido pelo Estado, mas por construir suas próprias escolas e fazer com que seus alunos

pudessem freqüentá-la.
Com tantos embates e projetos educacionais diferentes e as mudanças do Brasil ao longo do século XX,

como o processo de industrialização, e as demandas por mão de obra especializada, foi cada vez mais se
tornando necessário repensar o papel da escola e sua função na formação das novas classes sociais no

Brasil, desde a educação do trabalhador da fábrica até a formação da força intelectual.


Devido à complexidade do sistema educacional foi tornando-se necessário cada vez mais a formação de

professores e a definição dos conhecimentos escolares, a partir daí começa-se a introdução da disciplina de

currículo nas universidades brasileiras, que foi se estruturando da seguinte maneira:


- A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 4024/1961 evidencia uma preocupação em estabelecer

um currículo nacional para o ensino primário;


- 1962 a disciplina de currículo e programa foi introduzida nos cursos de pedagogia como disciplina eletiva;

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- 1969 a disciplina de currículos e programas torna-se obrigatória nos cursos de pedagogia;

- Na década de 70 a principal tendência dos currículos escolares era a tecnicista;


- Na década de 80 do século XX com as mudanças sociais e o fim do Regime militar começa-se a pensar o

currículo de maneira mais crítica e menos tecnicista.


O campo dos estudos curriculares não nasceu pronto, foi se construindo ao longo dos cinco séculos da

história do Brasil e continua em processo contínuo de construção e transformações. Percebemos que a

função do currículo é muito ampla, e que esta associada a objetivos de formação. Que deverá estar
articulado com os anseios de uma sociedade mais justa e igualitária, projetando relações sociais mais

humanas, igualitárias e sustentáveis, e a escola é um dos principais espaços para esta proposta formativa.

TEXTO DE APROFUNDAMENTO!!!
Os estudos sobre currículos são extremamente complexos, para se aprofundarem leia o artigo:O
CAMPO DO CURRÍCULO NO BRASIL: CONSTRUÇÃO NO CONTEXTO DA ANPED,  do autor Antônio

Flávio Barbosa Moreira. 

http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15553.pdf 

ATIVIDADE

Qual foi o primeiro currículo implementado no Brasil?

A. O primeiro currículo implementado no Brasil foi em 1961 por meio da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

B.  Foi Ratio Studiorum.


C. Foi em 1827 com a lei da instrução pública.

ATIVIDADE

Quando a disciplina de Currículos e Programas se tornou obrigatória

nos cursos de pedagogia?

A. Em 1969 a disciplina de currículos e programas torna-se obrigatória nos


cursos de pedagogia.

B. Currículos e programas tornou-se obrigatório a partir de 1964.

C. Em 1985 o currículo deixou de ser obrigatório no Brasil.

ATIVIDADE

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Na década de 70 qual era a principal tendência dos currículos

escolares?

A. Era a construtivista;

B. Era o método silábico;


C. Era a tecnicista;

REFERÊNCIA
CURY, Carlos R. Jamil. Um olhar sobre o manifesto dos pioneiros da educação nova de 1932. In: XAVIER,

Maria do Carmo et all (orgs.) Manifesto dos pioneiros da educação: um legado educacional em debate. Rio
de Janeiro: FGV; Belo Horizonte: FUMEC, 1988.

HILSDORF, Maria Lúcia Spedo. História da educação brasileira: leituras. São Paulo: Thomson Editora, 2005.

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículos e programas no Brasil. Campinas, S.P.: Papirus, 1990. –
(Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)

______________. O Campo do Currículo no Brasil: Construção no Contexto da ANPED. Cadernos de Pesquisa,


n. 117, novembro/ 2002 Cadernos de Pesquisa, n. 117, p. 81-101, novembro/ 2002

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