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Curso de Qualificação Básica em Refrigeração e Ar Condicionado a Distância - CEFET - SC 1

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO


TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA
UNIDADE SÃO JOSÉ

ÁREA DE REFRIGERAÇÃO E AR CONDICIONADO

CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL E


CONTINUADA EM REFRIGERAÇÃO E AR CONDICIONADO

Condensador

Válvula reversora

Evaporador

Compressor

MÓDULO 2 - PARTE 1
SISTEMAS DE
REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO
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Este módulo foi elaborado visando atender aos alunos do CURSO DE


QUALIFICAÇÃO BÁSICA EM REFRIGERAÇÃO E AR CONDICIONADO A
DISTÂNCIA.

Impresso no Setor de Reprografia da Unidade São José. Proibida reprodução deste


conteúdo sem autorização dos autores.

Grupo de Apoio ao Ensino a distância


 Jesué Graciliano da Silva – Autor do conteúdo teórico (Módulos 1 e 2)
 Jorge Luiz Pereira – Autor do conteúdo prático (Módulos 3 e 4)
 Eduardo M. Wagenführ – Revisor do Módulo 3 e elaboração das vídeo-aulas
 George Henry Wojcikiewicz – Revisor do Módulo 4
 Joaquim Manoel Gonçalves – Revisor do Módulo 1
 Rogério Vilain, revisor do Módulo 2
 Carlos Boabaid Neto – Revisor do Módulo 2
 Hyppolito do Valle Pereira Filho – Criador do mascote Raquinho
 Jorge Luiz Vela – Apoio nas ilustrações e acompanhamento aos alunos
 Daniela Alves – Adequação de linguagem para Ensino a Distância
 Rita Guarezzi – Consultoria Pedagógica
 Gilson Jandir de Souza – Organização do banco de dados
 Maria Lúcia Cidade e Vilmar Silva – Revisão do conteúdo de matemática básica

Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina – Unidade de São José


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Apresentação

Olá, B em vindo s ao
no sso segundo M ó dulo !
Bo m estudo !
Olá ! Vam o s co ntinuar
estudando junto s !
O esfo rço vale a
pena !
I
oI
dul
ó
M

Nesse segundo módulo apresentaremos a você uma visão geral da área de


refrigeração e ar condicionado através das áreas de atuação e suas subdivisões. Além disso,
apresentaremos uma metodologia para avaliação do coeficiente de performance dos sistemas
de refrigeração por compressão padrão e do índice de eficiência energética EER de sistemas
de climatização.
Você pode tirar suas dúvidas via carta, correio eletrônico (ledis@sj.cefetsc.edu.br) ou
pelo telefone (48) 3381-2865.
Desejamos a todos vocês muito boa sorte nos estudos. Até breve.

Grupo de Apoio ao Ensino à Distância


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................5

2. CLASSIFICAÇÃO DA REFRIGERAÇÃO.....................................9

3. SISTEMAS DE COMPRESSÃO MECÂNICA ..............................10


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REFRIGERAÇÃO

1. Introdução

O dicionário define refrigeração como sendo o processo de resfriar alguma coisa, e


“frio” pode ser definido como a ausência de calor. Por isso, a refrigeração é o nome dado ao
processo de remoção do calor. As aplicações da refrigeração são muitas, no entanto entre as
principais temos a conservação de alimentos.
Cientificamente se atribui a Francis Bacon, em 1626, o feito de utilizar a refrigeração
para conservar alimentos. Ele realizou experiências com galinhas enterradas na neve para ver
se isto as preservava; mas apenas com o descobrimento do MICROSCÓPIO em 1683 foi que
se pôde conhecer em detalhes o mecanismo de deterioração dos alimentos.
Com o auxílio do microscópio, os cientistas estudaram as bactérias, enzimas e
fungos. Eles descobriram que estes organismos microscópicos presentes nos alimentos, se
multiplicavam rapidamente em temperaturas elevadas e desta forma deterioravam os
alimentos, porém, pareciam hibernar (dormir) para temperaturas em torno de 10oC ou
menores. Temperaturas mais baixas não matavam estes microorganismos, mas sim
controlavam o seu crescimento.

Figura 1.1- Ilustração da presença de bactérias nos alimentos.

Dessa forma, não demorou muito para que o comércio de gelo natural se tornasse
uma atividade rentável. Dados da ASHRAE apontam que em 1854, cerca de 160 mil
toneladas de gelo natural foram exportados do porto de Boston. Esse gelo era distribuído até
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longas distâncias por meio de navios dotados de isolamento do tipo serragem. Levado até às
residências em carroças, o gelo era armazenado nas residências em armários isolados
chamados de geladeiras. Veja a Figura 1.2.

ISOLAMENTO
GELO
o o
10 10

o o
8 8

7o 7o

DRENO

Figura 1.2- Geladeira típica utilizada no século passado.

O uso do FRIO ou REFRIGERAÇÃO para este fim estendeu-se para o mundo todo
substituindo-se assim os processos de defumação ou salgamento até então utilizados. Porém,
as dificuldades para obtenção do gelo natural e o inconveniente do derretimento inspirou o
trabalho de diversos cientistas que buscaram uma alternativa ao gelo natural. O objetivo era
produzir gelo artificialmente. Utilizando-se do conhecimento disponível na época, foi possível
dar os primeiros passos nesse sentido. Sabia-se, por exemplo, que a água fervia a 100 °C ao
nível do mar, porém este valor diminuía em altitudes maiores, decorrente da diminuição da
pressão atmosférica sobre a mesma. Este conhecimento, associado ao fato de se perceber que
substâncias como o éter, comumente utilizada pelos médicos da época, esfriavam a pele ao se
evaporarem fez com que fosse possível a primeira experiência de produção de gelo artificial.
Este fato deve-se ao professor universitário Willian Cullen em 1755. Ele utilizou-se de éter,
um fluido altamente volátil (que se vaporiza mais facilmente que a água), baixando a pressão
do mesmo para facilitar a evaporação e acelerar o processo de retirada de calor de uma
pequena quantidade de água. Produziu-se pela primeira vez na história da humanidade gelo de
maneira artificial. Veja o esquema na figura 1.3.
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BOMBA DE
ÉTER
VÁCUO

ÁGUA

Figura 1.3- Esquema de produção do gelo artificial .

Conforme você observa na figura 1.3, o processo de retirada de calor da água pelo
éter é descontínuo, necessitando de constante reposição do éter. A solução para este problema
foi providenciar a condensação do éter num circuito fechado. Isso foi viabilizado através de
posterior compressão do éter após a bomba de vácuo. Os estudos continuaram e a primeira
descrição detalhada de um equipamento para produção de gelo foi patenteada por Jacob
Perkins em 1834. Porém esse trabalho foi esquecido por cerca de 50 anos até que Bromwell
descreveu o mesmo em um artigo para o Journal of the Royal Society of Arts. O primeiro
equipamento real foi construído por James Harrison (escocês) entre 1856 e 1857. Em 1862,
em uma exibição internacional em Londres, Daniel Siebe apresentou este equipamento a
sociedade da época.
A partir daí, o desenvolvimento de equipamentos para produzir gelo artificialmente
foi contínuo, culminando inclusive por uma curiosa competição sobre a qualidade do gelo. Os
empresários do gelo natural alegavam que o gelo artificial fazia mal à saúde. Passado esse
período agitado, o desenvolvimento da refrigeração foi impulsionado de vez pela construção
dos primeiros motores elétricos no final do século XIX e com o desenvolvimento dos
clorofluorcarbonos, CFCs, quando a refrigeração invadiu os lares do mundo inteiro. O
primeiro refrigerador doméstico nos moldes atuais surgiu em 1918 e desde então a
refrigeração está presente na maioria dos lares do mundo inteiro.
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1) Você saberia dizer por que a refrigeração tornou-se um dos métodos mais
difundidos de conservação de alimentos?
Pois bem, existem vários métodos para prolongar a vida útil dos alimentos tais como
a liofilização (eliminação da água), a salga, a defumação, o uso de conservantes, a
pasteurização, o uso de atmosfera com baixa concentração de oxigênio para conservação de
maçãs, entre outros. No entanto, após a invenção da refrigeração artificial e da disseminação
do uso da energia elétrica, tornou-se prático a utilização do frio nas residências, que associada
à não-alteração do sabor dos alimentos fez com que a refrigeração se tornasse um método
bastante utilizado na conservação dos alimentos.
Em muitos casos, os métodos se associam, por exemplo, o leite após pasteurizado é
mantido à baixa temperatura. Você compreendeu todo esse processo?

2) Vamos falar agora sobre o éter. Você sabe o que levou o éter a ser utilizado como
refrigerante em sistemas de refrigeração?
O éter já era uma substância utilizada em tipografias, em contato com a pele vaporiza
rapidamente provocando o efeito de resfriamento, ou seja, é altamente volátil, por estas
razões o éter veio a ser uma das primeiras substâncias utilizadas para produção de
refrigeração artificial.

Tudo bem? Então vamos em frente, mas antes reflita sobre a interessante frase
abaixo.

Quando a minha professora afirmou em sala de aula


que estavam sendo formados ali, naquele momento, os novos
poetas, músicos e artistas da nação, esta idéia nunca mais me
saiu da cabeça: a de que poderia ser alguém na vida.
Tom Zé
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2. Classificação da Refrigeração

A área de refrigeração cresceu de tal maneira no último século que se espalhou em


diversos campos. Para conveniência de estudos, as aplicações da refrigeração podem ser
classificadas dentro das seguintes categorias: Refrigeração doméstica; Refrigeração
comercial; Refrigeração industrial; Refrigeração para transporte e Refrigeração para
condicionamento de ar. Vamos conhecer melhor todas estas classificações?
A refrigeração doméstica abrange principalmente a fabricação de refrigeradores de
uso doméstico e de freezers. A capacidade dos refrigeradores domésticos varia de 60 litros até
cerca de 600 litros com temperaturas na faixa de - 8oC a - 18oC no compartimento de
congelados e +2 a +7 no compartimento dos produtos resfriados.
A refrigeração comercial abrange os refrigeradores especiais ou de grande porte
usados em restaurantes sorveterias, bares, açougues, laboratórios, etc. As temperaturas de
congelamento e estocagem situam-se, geralmente, entre -5oC a -30oC.
Já a refrigeração industrial tem como regra geral, o fato de serem sistemas maiores
que os comerciais em tamanho e têm como característica marcante o fato de requererem um
operador de serviço. São aplicações típicas industriais as fábricas de gelo, grandes instalações
de empacotamento de gêneros alimentícios (carnes, peixes, aves entre outros); cervejarias,
fábricas de laticínios, de processamento de bebidas concentradas e outras.
A refrigeração Marítima, se refere à refrigeração a bordo de embarcações marítimas
e inclui, por exemplo, a refrigeração para barcos de pesca e para embarcações de transporte de
cargas perecíveis.
A refrigeração de transporte relaciona-se com equipamentos de refrigeração quando
aplicados a caminhões e vagões ferroviários refrigerados.
Como podemos observar, as aplicações de refrigeração são as mais variadas, sendo
de certa forma bastante difícil estabelecer de forma precisa as fronteiras de cada divisão.
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3. Sistemas de Compressão Mecânica

Em Termodinâmica abordamos como ocorrem as trocas de calor e quais as


propriedades das substâncias que possibilitam a construção de um sistema de refrigeração,
lembra-se? Como sabemos, a mudança de estado de uma substância ocorre com rejeição ou
absorção de calor. A condensação se dá com rejeição de calor e a evaporação com absorção
de calor. Veja a figura 1.4.

DISPOSITIVO
DE EXPANSÃO

CALOR PARA MEIO EXTERNO


4 3
MEIO REFRIGERADO

e
Q
CALOR

(Q ) c

1 2

EVAPORADOR CONDENSADOR

COMPRESSOR W c

FLUIDO REFRIGERANTE LÍQUIDO

FLUIDO REFRIGERANTE - VAPOR

MISTURA DE LÍQUIDO E VAPOR REFRIGERANTE

Figura 1.4 – Ciclo de compressão de vapor

Um ciclo de compressão mecânica de vapor funciona basicamente fazendo um fluido


refrigerante circular através de quatro componentes principais: evaporador, compressor,
condensador e dispositivo de expansão.

Nesse caminho o fluido sofre diversas transformações, conforme a Tabela 1.1.


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Tabela 1.1 – Resumo dos processos termodinâmicos ocorrendo em um ciclo

Componente Transformação sofrida pelo fluido refrigerante


Evaporador Vaporização do fluido refrigerante à baixa pressão e isobaricamente
(4 para 1)
Compressor Compressão do fluido refrigerante considerada isoentropicamente
(1 para 2)
Condensador Condensação a uma pressão elevada e constante – processo
isobárico (2 para 3)
Dispositivo de Expansão do fluido refrigerante que passa de alta para baixa
Expansão pressão isoentalpicamente (3 para 4)

Um diagrama pressão versus entalpia pode ser utilizado para representar estes
processos conforme você vê na figura 1.5:

LIQ.SUBRESFRIADO
Pressão
(kPa) s =s
1 2
Temperatura
Constante
(isotérmica)
(isoentrópica)
3
P c

SATURAÇÃO
(líquido + vapor)

4 1
P e
VAPOR
SUPERAQUECIDO

Entalpia específica
(kJ/kg)

Figura 1.5– Diagrama pressão versus entalpia


característico de um sistema de refrigeração simples.

Observe no diagrama que o processo de evaporação do fluido ocorre de 4 para 1,


enquanto que a compressão de 1 para 2, a condensação de 2 para 3 e a expansão de 3 para 4.
Note também que “pe” é a pressão de evaporação enquanto “pc” é a pressão de condensação. É
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preciso ficar atento, ainda, para o fato de que o fluido no estado 2 está superaquecido e na
pressão de condensação. A linha 2 até 3 corresponde a uma isobárica, a linha 3 até 4 numa
isoentálpica, 4-1 numa isoterma e isobárica e 1 a 2 numa isoentrópica. Na Figura 1.6 temos
um esquema de um refrigerador doméstico onde podemos visualizar os componentes
mostrados na Figura 1.4.

Aqui atrás tem o s


o co ndensado r !

R
AC

Figura 1.6- Esquema de um refrigerador doméstico.


(Fonte: Catálogo de Compressores EMBRACO)

Isso mesmo Raquinho ! Perceba ainda que um sistema de refrigeração é dividido,


quanto à pressão, em duas partes: Lado de alta pressão e Lado de baixa pressão. A alta
pressão existe no sistema desde a válvula de descarga do compressor até a entrada do
dispositivo de expansão. Já o Lado de baixa pressão começa na saída do dispositivo de
expansão e segue até a sucção do compressor.
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Questionamentos para reflexão sobre o conteúdo apresentado:

1- Quais os 4 processos termodinâmicos sofridos pelo fluido em um sistema simples de


refrigeração por compressão mecânica de vapor?
2- Quando foi patenteado o primeiro equipamento para produção de gelo?
3- Quais as principais aplicações da refrigeração?
4- Quais os principais componentes de um sistema de refrigeração por compressão
mecânica de vapor?
5- Quais os níveis de pressão do evaporador e do condensador?

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