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Alaor Chaves F orca Elétrica Secao 1.1 = Eletromagnetismo, 2 Secao 1.2 m A carga elétrica, 3 Secao 1.3 = Lei de Coulomb, 5 Secio 1.4 m Um corpo carregado atrai corpos sem carga, 9 Secao 1.5 » Campo elétrico, 10 Secio 1.6 = Linhas de forca do campo elétrico, 14 Problemas, 15 Respostas dos exereicios, 16 Respostas dos problemas, 16 Fisia Basia m Eletromagnetismo Segao 1.1 = Eletromagnetismo A cletricidade e o magnetismo sio conhecids desde a Antiguidade como fendmenos dis- tintos. As primeiras investigagies sobre o assunto So atriburidas a Tales de Mileto. Como descobriu Tales, o Ambar (elekiron em g1 as, a0 ser friccionado dquire a propriedade de atrair objetos muito leves como, por exemplo, penas e plums, Seus relatos incliem também descrigao de propriedades notaveis da magnetita, um 6xido de ferro (Fe,0,) que ocorria como minério na provincia vizinha de Magnésia. Pedagos de magnetita se atraem ou se repelem, dependendo de como se orientam, e tém também a propriedade de sempre atrairo ferro, Os termos eletricidade e magnetismo derivam de elektron € magnetita respectivamente, © magnetismo era também conhecido dos chineses ¢ a biissola foi por eles inventada, possivelmente no século 3 a.C., também baseada na magnetita Em meados do século XVIII, foram dominadas algumas técnicas basicas para se carregar eletricamente 0s objetos € manté-los carregados com carga estavel durante o tempo neces- sario para a realizago de experimentos diversos. Toda essa tecnologia se baseia em um fato notabilissimo apresesitado pela matéria: a eletricidade fui nos objetos de modo extremamente sensivel a composigao destes. Em alguns materiais, tais como mbar, vidro, borracha e ma- deira seca, a eletricidade pode ficar armazenada por perfodos longos, que podem ser virios dias ou até meses, sem fluir para outras partes do corpo ou deste para outros corpos. Jd outros compostos, tais como os metais, o carvio € a |gada, mostram a propriedade oposta de possibilitar que @ eletricidade se transfira rapidamente para grandes distincias. Os materiais ‘podem por isso ser classificados em isolantes e condutores de eletricidade, havendo também ‘materiais com propriedades intermedidrias entre esses dois extremos. A capacidade que cos materiais apresentam de transportareletricidade de um ponto para outro & definida por uma propriedade denominada condutividade elétrica. A maneira como se define operacionalmente 1 condutividade elétrica serd descrita no Capitulo 6 (Corrente Elétrica). A condutividade elétrica de um metal pode ser 10° vezes maior que a de um isolante como a sflica. A enorme disparidade na condutividade dos materiais foi um fendmeno de importancia fundamental para viabilizar as experiéncias de eletricidade realizadas nos séculos XVIII e XIX e que Jevaram & compreensio das leis basicas do eletromagnetismo, Continua sendo o fendmeno ‘mais importante para a eletrotécnica, incluindo a eletrSnica, pois permite um controle rigoroso das correntes de eletricidade. Um fio de cobre ou aluminio transfere a eletricidade gerada em ‘uma usina geradora por centenas ou mithares de quilometros e a distribui entre milhares de Uusuérios, enquanto uma fina camada de esmalte que recubra esses fios é capaz de impedir que ela se transfira para o seu exterior. ‘Com a invengdo da pilha voltaica em 1800 por Alessandro Volta (1745-1827). atingiu- se © controle mfnimo da eletricidade e de suas correntes para que importantes experiéncias fossem realizadas. Uma das experiéncias historicamente mais importantes ocorreu por acaso ‘em uma aula de demonstragdes de Hans Christian Oersted (1777-1851), em 1819. Ao passar corrente elétrica em um fio metélico, percebeu-se que a agulha de uma biissola préxima se orientava perpendicularmente ao fio. Na verdade, tal experiéncia tinha sido feita em 1802 por Gian Domenico Romagnosi (1761-1835), mas seu antincio nao fora notado pela comunidade cientifica. As experiéncias de Romagnosi e de Oersted estabeleceram o elo entte eletricidade ‘e magnetismo. No ano de 1820, André-Marie Ampere (1775-1836) demonstrou que dois fios paralelos conduzindo corrente se atraem ou se repelem, dependendo, respectivamente. de se as correntes tém 0 mesmo sentido ou sentidos opostos. Experiéncias diversas de Ampere neste tema levaram-no a sugerir que os fendmenos magnéticos so em geral resultantes de correntes elétricas e que os {mas tais como a magnetita, apresentam correntes circulantes em seu interior. No iltimo tergo do sculo XIX jé se havia conseguido uma sistematizacio dos fendmenos elétricos e magnéticos em uma ciéncia unificada, 0 eletromagnetismo. Nesta ciéncia, todos oS fenomenos so decorrentes de uma tinica entidade, a carga elétrica. Cargas em repouso inte ragem por meio da forca elétrica, Quando elas se movem umas em relagio as outras, aparece outra forma de interagao, a forga magnética, Tal sintese se concretizou gragas ao trabalho .20), resina fossilizada de drvores conif Gpitulot mw For Btrca Toes de Miko (c. 625-558 aC), proclamado no ordculo de Delfos em S82 aC. 0 primes dos se saios da Antiguidade. Fo o grande precursor do pensamento filosfico, mateméico e cientifico preg Viveu em Mito, no atual suoeste da Turguia, que na €poca era pare da Grécia, mas nilo se sabe seen rego ou fenicio. Nada deixou escrito portanto sua obra se confunde com a Jenda. Visitou 0 igi, de ‘onde trouxe a geomeiria, que ele transformou em uma estrutura matemética, Sendo assim um precars 4e Pitigoras (que o visitou quando tina 18 anos) ede Euelides, Foi possivelmente 0 eriador do racin nalisao grego, que ele combinou com observagies ¢ experimentos, Foi o primeiro a fxaro ano em 368 dias. Segundo a lenda, previo eclipse solar de maio de 585 aC, Aprendeu a antever tempo e previa uma supersafra de azeitonas.Arrendou todas as prensas de olva da regio e, com sso, enriqueceu (deve ter sido fenicio!) ao monopolizar um bem altament requerida. experimental ¢ a inovagies conceituais de Michael Faraday (1791-1867) e & percepgdo da simetria global dos fentomenos por James Clerk Maxwell (1831-1879). Por volta de 1865, Maxwell sintetizou todas as leis do eletromagnetismo em quatro equagées fundamentais, as equagées le Maxwell. Em seu trabalho de sintese, previu também que a luz € um fenémeno eletromagnético, o que acabou sendo comprovado experimentalmente em 1888 por Heinrich Hertz (1857-1894), Em 1905, em sua teoria da relatividade, Albert Einstein (1879-1955) ‘ofereceu a explicacao de como o movimento relaciona as forgas elétrica e magnética. O primeiro dos dois trabalhos em que Einstein formulou a hoje chamada relatividade restrita intitula-se “Sobre a eletrodindmica dos corpos em movimento”. Este livro descreve a escalada dessa construglo, até a sintese realizada por Maxwell Primeiramente serdo estudados os fendmenos essenciais do eletromagnetismo e a maneira como eles foram organizados em sinteses parciais. Nesta etapa da apresentagdo, voce ird se familiarizando com os fendmenos bisicos e adquirindo habilidade na solugao de problemas 0s, Em seguida serio apresentadas as equagdes de Maxwell. Sedo 1.2 = A carga elétrica ‘A entidade responsdvel pelos fendmenos eletromagnéticos é a carga elétrica. A matéria ordinéria & composta de dtomos ¢ estes sio compostos de um nticleo em tomo do qual grav tam elétrons. O miicleo contém dois tipos de particulas, o préton e o néutron. A eletricidade dda matéria comum esté associada a um atributo dos prétons e dos elétrons, a carga elétrica, A forga elétrica entre dois protons, ou entre dois elétrons, é sempre repulsiva, mas um préton um elétron sempre se atraem, Portanto, hi dois tipos distintos de carga elétrica, a carga do proton e a carga do elétron, Cargas do mesmo tipo se repelem e cargas de tipos distintos n. As pessoas descobriram que existem dois tipos de cargas muito antes de se saber dda existéneia de prétons, elétrons e até mesmo de stomos,e tiveram a feliz idéia de chamar uma carga de positiva ea outra de negativa. A experiéneia mostra que se friceionarmos vidro ‘com seda, 0 vidro se carrega com carga positiva, ou seja, a carga caracteristica do proton. Hoje sabemos que o vidro perde parte dos seus elétrons para a seda, ¢ esse déficit de elétrons 4 0 que Ihe imprime uma carga elétrica negativa, Mas se friccionarmos um plistico com a ‘mesma seda, o plistico captura parte dos elétrons da seda e se carrega com carga negativa. ‘Como tanto 0 vidro como o plstico sio isolantes elétricos, as cargas permanecem por longo. tempo na regifo atrtada, A Figura I.1 mostra as forgas entre dois bastdes de vidro (A) ou ‘entre um bastio de vidro ¢ outro de phistico (B) cujas pontas foram atritadas com sed. Um dos bastdes € suspenso por um fio flexivel, de mado que a forga sobre ele resulta em um torque que o faz girar se atra Le de conservagio da carga eletica M Leldeconservacio a carga Fisica Bisia m Eletromagnetismo a wz ee Video oi Faw Vio F. (A) Dois bates de vid iecionados som c# > Pisco Seda adquirem carga postivae se repel (B) Dois bastdes, um de vidro e outro de plistico, frccionados com seda, adquirem i ® cargas de sins opostos ese atraem, 1.2.1 A carga elétrica se conserva A sugestio para a designacdo carga positiva e carga negativa, proposta por Benjamin Franklin (1706-1790), veio da observagao do fato de que quando se fricciona um corpo A ‘com um corpo B, se em A aparece carga de um tipo, em B sempre aparece carga do outro tipo, Isto sugere que no processo algo que se conserva transferido de um corpo para o outro. Assim, um excesso do atributo associado a carga significa carga positiva e um déficit significa ‘carga negativa. Importantes precursores do eletromagnetismo moderno, incluindo os ecléticos Benjamin Franklin e Joseph Priestley (1733-1804), pensavam em termos de um fluido elé- trico, Substituindo o fluido por particulas de matéria portadoras de carga, tudo na obra deles faz quase pleno sentido, A lei da conservagao da carga, que se manifesta no fenémeno de fricgdo, e também em experiéncias muito mais complexas que s6 foram realizadas no século XX, diz que nao € possivel gerar uma carga de um tipo sem ao mesmo tempo gerar a mesma uantidade de carga do outro tipo. Formalmente, podemos escrever: 4 = (carga do tipo 1) — (carga do tipo 2) = constante. Com a convengao 4g, = carga do tipo 1 4. =~ (carga do tipo 2), podemos associar uma grandeza fisica & carga total q e escrever a equagio 9=9,+4.=constante on ‘A Equagio (1) exprime a lei da conservagio da carga, Tal lei parece ter validade irrestrita, « pode ser enunciada em palavras da seguinte maneira: A soma algébrica de todas as cargas em um sistema isolado nunca se altera. A rigor, sistema isolado € um sistema livre de qualquer influencia externa. Ja vimos que vérias grandezas, como energia, momento linear € momento angular, se conservam em um sistema isolado. Na verdade, nao é estritamente necessdrio que o sistema seja isolado para que a sua carga elétrica seja constante, Basta que nao haja troca de cargas entre o sistema ¢ set ambiente, Podemos aquecer 0 sistema, aceleré-lo, iluminé-lo, enfim submeté-Io a toda sorte de influéncias, ¢ sua carga nao ird se alterar, exceto se houver troca de particulas carregadas entre o sistema e seu exterior. 1.2.2 A carga é quantizada Quando uma grandeza fisica nao pode variar continuamente, mas apenas assumir valores discretos, dizemos que ela é quantizada, No livro Fisica Basica / Mecdinica, vimos que 0 mo- mento angular de um sistema € quantizado: ele s6 pode assumir valores que sejam miiltiplos Inteiros ou semi-inteiros de h /2:t, onde h € a constante de Planck. A carga elétrica também & ‘uma grandeza quantizada, Fora sinal, o elétron tem a mesma carga que o préton. No Sistema Coptulot m Fora eta Internacional de Unidades (SI), a unidade de carga € 0 coulomb, © quantum de cage € a do prion, cujo valor € i Valor do quantum de carga, ‘que em modulo éa carga do PiGtonoudoelétron A carga do elétron € ~e. Em um corpo cletrcamente neuro, onimero de prétons€ igual a0 niimero de elétrons; quando hi no corpo um déficit de elétrons, ele tem carga positiva €, {quando hé nele um excesso de elétrons,o compo tem carga negativa. Assim, a quantizagéo da ‘carga nos garante que a carga de um corpo tem o valor 1,602 177 33 x 10. on Quantizaciodacarga = g=ne, n=(0, 22.) 03) © quantum de carga é extremamente pequeno, ¢ por isso a quanzaio da aga é pouco im- pportante no mundo macroscépico. Por exemplo, a quantidade de elétrons que passam pelo filamento de uma lampada de 100 W em | minuto ¢,em ordem de grandeza, igual ao ndmero de gotas de chuva que caem no Brasil em um ano! Existem muitas dezenas de particulas com carga igual 8 do proton e igual nimero de ‘outras particulas com carga igual ado elétron, mas ndo se conhece, na forma livre, nenhuma particula com carga menor do que aquelas. Hd inimeras situagdes em que as pariculas se transmudam umas em outras. Um exemplo comum ocorre com o néutron, quando fora de um niicleo atémico. Nessa situagdo o néutron sore a seguinte transmutagao espontiinea: nop+esi, 0 onde n representa néutron, ¢ representa elétrone ¥, representa 0 antineutrino do elétron. O. préton tem carga postva,oelétron tem carga negativa eo néuron e o antineutrino tm carga + — nla Portanto, a transmutagdo descrita na Equagio 1.4 obedece& Ie da conservasio da carga. Partculassubatémicas porta Um grande miimero de outras transmutagdes de particulas € observado, principalmente na doras de cargas elétricas $80 Colisio de particulas com velocidades muito préximas da velocidade da luz. Com frequéncia, Sempre criadas ou destuidos pessas transmutagdes, so criadas partfculs carregadas, como no caso ilustrado aneriormente. em arescom cavgasdesinals Fy as ransmlajes, particulascaegds fo anigiladas, Enteano, as parla sf0 tlatrica €sempre conservase Sempre criadas ou aniguiladas em pares com cargas de sinais opostos, de modo que a carga total sempre conservads, - —o Exercicio 1.1 Existem tr tipos de particulas chamadas pfons, 01-07% o-t*, que tém as cargas ~¢,0e-+¢, respectvamente. Quas das suites ransmulagSes de patculas so peritdas pla le da conserva de carga (indica oféto, a particul de uz, eleticamenteneuta)? p+p>ptnex (a) p+nopeper @) Rr sy+(O) Poy4yD) Secao 1.3 = Lei de Coulomb Priestley observou que nio hé forga elérica no interior de uma esfera metilica oca care sada, e sugeriu por isto que aforgaelétricateriaa mesma variagio com o inverso do quadrado da distincia da forga gravitacional (ver Fisica Bdsiea / Mecdnica, Capitulo 12, Gravitagdo) CCoube a Chats Augustin de Coulon realizar as medidas diretas € estabelecer em 1785 a denomi- nada lei de Coulomb, enunciada a seguir: ‘Uma particula com carga 4), no ponto t, exerce sobre uma particula com carga q.. no Ponto r,€ em repouso em relacGo a primeira, uma forga F dada por = ee MLeide Coulomb Fisica Basica m Eletromagnetismo Figura 1.2 Balanga de torgio desenvolvida por Coulomb e por cele usada para medida da forga entre cargas elétrieas Reprodugo do desenho contide no artigo original de Coulomb. O instrumento tem altura de 90 em, Esta balanga € muito parecida com aquela usada por Cavendish em 1798 para medir a forga gravitacional ena verdade Cavendish baseou-se na invengio de Coulomb. Para entender o funcionamento da balanga, ver Fisica Basica / Mecdnica, Capitulo 12. Fak hd: a onde k é uma constante universal positiva de proporcionalidade e r = r.-", Observe-se que, na Equacao 1.5, se g, eg, tém o mesmo sinal a forga é repulsiva, enquanto se seus sinais forem opostos a forga é atrativa. O valor numérico da constante k é dado por 3.987 $52 x 10° Nm?C~ 9 10 Nm’C> Ressalte-se 0 fato de que a forga elétrica é muito mais intensa do que a forga gravita- cional. Considere, por exemplo, um dtomo de hidrogénio, no qual um elétron de massa m=9,11 x 10" kg oscila em torno de um proton de massa M = 1,67 x 10" kg, A atragio elétrica entre essas duas particulas tem o valor F,=9%10? x (1,6)? «107 6, A separacio r entre o proton ¢ 0 elétron tem o valor médio 7 = 5,3 x 10°"! m,e nesse caso a forga elétrica média é F. = 8,2 x 10 N. A atragdo gravitacional entre o proton ¢ o elétron vale a Naw 0x10 X r r F, = 6,67 x10" x 9,11 x 1,67 «10° an seu valor médio € F, = 3,6 x 10” N, Vé-se que a atraciio elétrica entre as duas particulas € cerca de 10” vezes mais intensa do que a sua atrago gravitacional. A grande intensidade da forga elétrica € 0 que provoca a condensagdo da matéria em ‘tomos, moléculas, Ifquidos e até mesmo s6lidos de grande rigidez. Exatamente devido a ex- traordindria intensidade da forga elétrica, a matéria condensada é sempre quase perfeitamente eletricamente neutra. Considere, por exemplo, duas pessoas (70 kg) separadas entre si por 1m, Cada qual contém cerca de 2 x 10 prétons, neutralizados por um nimero equivalente de elétrons. Se cada pessoa tivesse um desbalanceamento de uma parte por bilhdo (10") em seu conjunto de cargas — por exemplo, se perdesse um bilionésimo dos seus elétrons —. Gpitulo 1m Fong Eérias hres usta de Cone (1736-1806). Ege roe lsico francés, Najuventude, quando se decom mate Charles Augustin | enyenharia, realizou estudos pioneiros sobre o atrto, podendo ser considerado 0 organtzador dessa rea de Coulomb ‘como ciéncia, Dedicou-se depois ae estude da interago entre cargas elétricas e entre fms. Para oestude da forgaektiea desenvolvew a halanga de trgio, un instrument capaz de medic Forgas minds por meio do torque por elas realizado sobre uma barra suspensa por um fio flexivel (Figura 1.2). Pie assis rad para fora eltriea.Contrariamente a0 que is vezes se afirma. Coulomb foi incapar de demonstra que a fory € proporcional a produto dos valores das carga. pis rio dispunha de um método independente de clétrica. Assim, a lei de Coulomb, express pela Equagio 1S, foi inferida por analogia com aida gra teria uma carga de 3,2 C e entre elas haveria uma forga elétrica de 9 x 10! N. Em ordem de: andeza, isto equivale ao peso do Pao de Agicar! Ura vez conhecida a forga elétrica entre duas particulas carregadas, o principio da super- posicio possibilita calcular a forga de qualquer conjunto de cargas sobre uma particula com carga q, no caso em que nio haja movimento relativo entre as cargas. Sendo F, a posico da carga q * em relagdo a carga q, a forga total sobre esta serd F=ky, a) conde o somatéco cobe todas as prtiulas exceto a portadar de cafe EEE) Exercicio-exemplo 1.1 I Caste fog cnze dus crys de LC sfsdas ct (um ts) plan ‘WSolucao (A) F=9,0x1 =9,0 x10" N. Nm’ _1,0C x 1,0C s (B) F =9,0x 10° —-———__— =5,6 x10" N. & © (27x10 my : [E-€ | Exercicio-exemplo 1.2 3 na mo de niet mss de 9. (Ck aie al os med AAR gr vas niles contida; (B) imagine que todas as cargas positivas da moeda fossem separadas das caryas poms © (8 dois pacotes de cargas fossem reunidos em pacotes separados de 1,0 km, e calcule a forga entre eles wm Solucéo . ws (A) 0 peso atémico do niquel & 58,7, ou seja, cada mol (6,02 x 10") de eabre tem massa de 58.7 g, Portanto, o néimero de stomos na moeda & 6,02 x10" = 6,05 10", (B) Cada étomo tem 28 elétrons, ¢ 0 mimero total de elétrons € n, = 1,69 x 10". A carga total nesse conjunto de elétrons & a ee 8 Fico Basica @ Eletromagnetismo {60 x 10° Cx 1,69 x 10" =-2,7 x 10°C. ‘A forga de atragio entre as duas cargas tem médulo dado por Oo Nm’ (2,7x10°C (10"m) Destaca-se o enorme valor da forga. F=9,0x1 =6,6x10° N. Ed brercicio-exemplo 13 1 Calcule a forga elétrica sobre a particu no vértice inferior esquerdo do tringulo da Figura 1.3. = Onc Figua3 (Exercicio-exemplo 1.3). mSolugso As forcas F, e F, Na (1 510°C x1,0x10C) 20m 208 60°I-+2,0mxe0s 30°) ¢ Gm) 9,0%1,5 4 io respectivamente: F,=9,0x10" ‘Nx (0,501 + 0,866) x 10° N= ~(1,69i + 2,92j) x10°N, Nm? 3 ) 0x10 “(1,5 x10°Cx 2,0 x10°C) Cc (my? 9,0 «3,0 Nx10Ni = 6,75 10° Ni Finalmente, FHF, +F, =~(1,691+ 2,92) x10°N +.6,75x10°Ni F=(5,1i-2,9 j)x10°N, Capitulo 1m Pore léeea os Exercicos 12 Caleuleafrga de repuiio ene dois tons dena dum a aa [| 4 Calcule a forga F sobre a esfera cinza vista na Figura 1.4, supondo que as esferas iém diameto 1.4 Astrés esferas vistas na Figura 1.5 tém didmetro muito menor do que as distincias entre elas. Calcul arelogo x pon que afore sbre a esters cnza ej ula ae 4 “4 L | me 2g a “9 4 aaa 2 Figueaa Figua 1s (Exercicio 1.4) (Exercicio 15). Secao 1.4 = Um corpo carregado atrai corpos sem carga A forga elética inicialmente nio foi observada entre corpos eletricamente carregados. Desde Tales até 0 século XVIII, 0 que se observou foi a atragdo entre um corpo carregado € ‘corpos neutros (sem carga elétrica), Em um dia seco, se vocé passa algumas vezes um pemte em seu cabelo e depois 0 aproxima de papéis picados, plumas ou outros objetos leves, verd {que © pente os atrai. Plumas e papel so corpos isolantes, nos quais a eletricidade no fui facilmente. Mas é fécil verificar que o pente também é capaz de atrair corpos condutores, como, por exemplo, limalha de metal. Isso ocorre porque toda matéria é formada de étomos e, portanto, tem enorme quantidade de cargas positivase negativas (ver Exereicio-exemplo 1.2). © mecanigmo pelo qual um corpo carregado atrai um pedago de metal eletricamente neutro pode ser entendido facilmente. Em um metal, os étomos cedem parte dos seus elétrons mais externas para o corpo. Esses elétrons, chamados elétrons de conducdo, movemn-se no interior do corpo metilico de mancira quase livre. A condugio de corrente elétrica pelos elétrons de 10 ser estudada no Capitulo 6 (Corrente Elétrica) ‘A Figura 1.6A mostra o que ocorre quando aproximamos um corpo carregado (no caso, um bastdo de video) de um bastao de cobreeletricamente neutro. Parte dos elétrons de condugo.do ccobre €atrada para a.extremidade préxima ao bas de video, deixando fons postivos de cobre na outra extremidade. Desse modo, 0 bastdo de cobre fica com excesso de carga negativa em. uma extremidade e excesso de carga pasitiva na outra. © basta de vidro repele a extremidade Cobre como Fiqurans r \ vido "ep video 1 \ Umbsstio de vdeo, carga dd, ata un bast de cobre ‘letricamente neutro (A) € ‘ambi uma esferaisolante a ) «encutra(B) m= 10 Fisica Basica m Eletromagnetismo positiva do bastio de cobre, mas atrai com intensidade maior a sua extremidade negativa, ea forga resultante entre os dois corpos acaba sendo atrativa. Na uum corpo isolante eletricamente neutro, O corpo é composto de sitomos eletricamente nk (talvez de fons positivos e fons negativos, mas 0 resultado final & 0 mesmo). Na figura, um tomo foi ampliado para ilustragio, Sob o efeito da forga elétrica exercida pelo bastic, a nuvem eletrdnica do dtomo se deforma, deslocando-se ligeiramente na diregio do bastio. Assim, 0 centro da nuvem eletrdnica ndo mais coincide com a posigao do niicleo atémico, que tem itiva. © dtomo dessa forma deformado acaba sendo atraido pelo bast. Como isso ‘ocorre com cada dtomo do corpo neutro, este € atraido pelo bastio, igura 1,6B vemos o que ocorre quando o basto de vidro carregado se aproximia de ros Secao 1.5 = Campo elétrico Campo elétrico + Carga de prov ¢ uma carga ‘mindscula usada para se medir ‘o campo elérico em um dado pponto. Seu valor tem de ser pPequeno o suficiente para no Perturbar a posigio das cargas virinhas Definicdo de campo eletrico Consideremos 0 conjunto de cargas g, atuando sobre a carga q’. Mesmo na auséncia da carga q’, 0 espago em tomo das cargas q, fica de algum modo alterado por aquelas cargas e, desse modo, pronto para atuar na carga q’ uma vez seja ela reposta em sua posigao. Diz-se entio que as cargas g, criam um campo elétrico no espago vizinho. O valor do campo na posigdo da carga q'é definido por 4 09) © campo criado por uma tinica carga q no ponto P dela deslocado pelo vetor r é (ver Figura 1.7) E=k4 (1.10) forga sobre uma haver uma perturb: ‘sua presenga nao ird deslocar as outras cargas, patina) un tg Nota-se que, na pritica, esse limite ndo pode ser tomado rigorosamente, uma vez que & ‘carga elétrica é quantizada. Em muitas situagdes é também conveniente ignorar a quantizagio e considerar uma dada distribuigdo de cargas como um continuo, Em um dado elemento de volume dV haverd uma ‘quantidade de carga dq = pdV. onde p é a densidade local de cargas. Tal elemento de e: ‘gera um elemento de campo dado por Capitulo 1 morc Eética ae = OY; ' O campo elétrico da distribuigdo de cargas ser B= fae =n OO iay a A unidade de campo elétrico no S1é Unidad de campo newton ; E]= 2 elétrico no St coulomb A introdugio do conceito de campo elétrico possibilita uma anélise mais facil dos fe- ; nomenos elétricos. Entretanto, 0 motivo para se usar tal cone Ocampo elétrico nao é uma m Entretanto, © motivo para se usar tal conceito Mmeraabatragao matemstica questi de convenigneia, O campo conveniente para a realizacao de célculos. € uma entidade real, capaz de transportar energia e momento jo € meramente uma ico é uma entidade fisica real, como fica evidente principalmente no fendmeno das ondas eletromagnéticas. Considere, por exemplo, a luz que vem de uma estrela. Tal luz foi gerada pelo movimento de cargas, mas se emancipou de tal modo que, mesmo que suas fontes deixem de existir, ela continuard sua viagem através do espaco. O campo elétrico transportado pela onda transporta coisas como energia, momento linear e momento angular & Exercicio-exemplo 1.4 Calcule o campo elétrico criado pelo nicleo do stomo de hidrogénio em um ponto dele separado por: 5.3% 10" m, mSolucio Utilizando a Equagio 1.10 e substituindo os valores numéricos, obtemos Nm 16x10"C 5 igi N © (33x10 "my c A diregdo do campo é radial, como se vé na Figura 1.7. E=9,0x10" & Exercicio-exemplo 1.5 18.4) Calcule o campo erica no pontoP da Figura 1.8. (B) Fixa g, = 20 nC eg, valor numérico do campo Figua 18 (Exercicio-exemplol 5), solugio (A) Com o emprego da Equacio 1.9, e observando que + =", obtemos: pag ldmi3m) (Sm) 12 Fisica Basica @ Eletromagnetism (B) Substituindo os valores numéticos, obtemos: 3Ox10°C4H43)) 2051097 Pei peic Ss 3089 CSD 4 : 125m om =9,0N['21+94, 3] Co.seisog7p. ¢ 9 c 12 EB Exercicio-exemplo 1.6 Calcule © campo elétrico eriado por um fio retilineo ito uniformemente carregado, Solu Seja A a quantidade de carga por unidade de comprimento do fio. Figura. Parte de um fio reto infinito com densidade uniforme de carga e 0 esquema utilizado para célculo do ‘campo elétrico. (aa) x=atgd, (as) r=asec. (16) Da Equagao 1.15 obtém-se dx = asec? 646, a7 que, combinada Equacao 1.15, conduz a dx ado _ See tw. ate) Po a’sec’@ a A Equagio 1.14 pode ser agora reescrita na forma jdt dE= 2 (eno i+cos@ j). (149) O campo elétrico sera entio ee i E=-k=i | send a0+k* 5} cose d0= ay ay, =k Ai fcos(a)—cosi-3y}+k 4 j[sen(g)—sen(—3)] qi Leos Dek = 3 3 =kAja4n, a E=24y 1.20) a Gopitulo 1 Fora fica fe Exercicio-exemplo 1.7 ‘Caleule 0 campo de um disco ular com densidade uniforme de carga, em pontos sobre seu eixo de mw Solugio A Figura 1.10 mostra o disco de raio R, com densidade de carga positiva o, divi- ido em anéis de raio varidvel pe largura diferencial dp. Figura 1.10 Disco com densidade uniforme de carga e ‘esquema utilizado para o célculo do campo létrico sobre 0 xo do disco, ‘As componentes do campo perpendiculares a0 eixo z de simetria do anel se can- celam, de forma que 0 anel gera no ponto Po campo pois cos@= a / r. Considerando que dA=2npdp @ r=\a" +p". obtemos B= fapakbna| 2 °@ +p? ; . Exercicios E1.5Um niicleo de ouro-197 tem 79 protons e 118 néutrons. Considerando esse nicleo uma esfera de raio 64 10-" m uniformemente caregada com a carga de 79 prétons,caleule a intensidade do campo eletrico ma sua superice £ 1.6Um disco de rai igual «10,0 em estécarregado com uma densidade de carga uniforme = 400% 10 Clem. Calle o eampoelétrco & distincia de 1,00 em do disco, em um pono sobre E 1.7 Um fio de comprimento igual a5 m ests carregado com uma densidade uniform de carga igual a 1,0 8C /m, Calle o campo eric distincia de 2,0 em do fio, em um ponto distant de suas extremidades, £ 1.8Calcute o campo eltrico no ponto Q da Figura 1. Finalmente, obtemos E ora a Va? +R —o 4 Fisia Basia m Eletromagnetismo Secao 1.6 Linhas de for¢a do campo elétrico Ticaananeameas —_ Oconceito de campo clétrico fo introduzido por Furafay. que o representa pels chan definidas de tal modo qucem — das linhas de fora do ampoeltric, ou linhas de campo. Estas constituem um modo muito pritieo cada ponto o campo elétrico é de se visualizar o campo elétrico. $ nhas continuas definidas de tal modo que o e: tangente a clase aintensidade —elétrico é tangente a elas ¢ ude do campo € proporcional A d do campo é proporcional A yyero de linhas por unidade de direa transversal) em cada ponto. A Figt elétrico gerado por varias configuragdes de cargas. Na Figura 1.11A, vé-se a representagao por lin de forga do campo de uma carga positiva. Na Figura 1.11B vé-se 0 mesmo para uma carga negativa, A Figura 1.11C mostra as linhas de forga do campo criado por du: is de igual intensidade (mesmo modulo) ¢ sinais opostos. A Figura 1.1 1D mostra o campo de duas cargas de sinais opostos e intensidades diferentes. mpo le de linhas (nti 1.11 ilustra o campo ntensi nsida densidad de linhas Figura 1.11 Figur 1.118 Linhas de forga do campo criado por Linhas de forga do campo criado ‘uma carga positiva, por uma carga negativa. 4 ow Figura 1.11€ Figura 1.110 LLinhas de forga do campo eriado por um Linhas de forga do campo eriado por um par par de cargas opostas de igual médulo, de cargas opostas de médulos distintos. Alguns fatos de cariter geral merecem ser ressaltados: A) No caso de uma carga isolada, as linhas de forga divergem (irradiam) simetricamente da particula para o infinito, se a carga for positiva (1.11A). Quando a carga € negativa (1.11), as linhas de forga convergem simetricamente do infinito para a particula B) Quando hé duas cargas isoladas de igual intensidade e sinais opostos (1.1 1C), as linhas divergem da carga positiva e convergem na carga negativa. Nenhuma linha de forg diverge para o infinito, do que a negativa (1.11), parte das linhas que divergem da carga positiva carga negativa, A outra parte das linhas, correspondente & carga positiva que no est sendo neutralizada, diverge para oinfinito. ; De modo geral, as cargas positivas vas so sumidouros (convergéncias) dessas linha: uum ponto do espago em que na do fontes divergéncias) de linhas de forga eas negati- ‘Nenhuma linha de forga se interrompe em carga elétrica. Uma vez que vocé esteja familiarizado ha com essas regras, no serd dificil desenhar qualitativamente as linhas de forga de muitas Aistribuigdes de carga de interesse. = Exercicio ) o E 1.9 Esboce qualitativamente as linhas de forga do par de cargas mostrado na Figura 1.12. Figura 1.12 (Exercicio 1.9). PROBLEMAS —#— P 1.1 As us esferas vistas na Figura 1.13 tém didmetro muito ‘menor que a separagao entre elas. Caleule a relacdo W/L para que a forga sobre a esfera de carga q’ seja nula. 2g zn ——E ye a Figura 1.13, (Problema 1.1). P 1.2 Duas esferas metilicas de mesmo raio a esto separadas entre si por uma distincia r muito maior do que a. Uma esfera tem. carga q, € a outra tem carga -g,,€ elas se atraem com forga de in- tensidade F, Um fio condutor faz contato simultineo com as duas esferas de modo que elas possam trocar cargas entre si € ap6s isto 0 fio € retirado. (A) Mostre que as du ase repelir (exceto se q, = 4.) ¢ calcule a intensidade da forga F’ de repulsio ntre elas. (B) Determine os valores possiveis para a razio g/g, para que se tenha F =F’ © P13Asduas pequi ‘de mesmo raio, esto suspensas por fios finos de tre que 6 = 6. (B) Imagine que um fio fino condutor fa simultineo com as du: \s, sendo retirado depois de redistribuigio de cargas, Demonstre que 0 valor de @ aumenta, exceto seq’ = 4, ceargas passa as esferas metilicas Vistas niilon. (A) Mos- 1 contato ita a Figura.i¢ (Problema 1.3), P14 Daas paniculas de igual carga 4 esti separadas entre si Por uma distineiafixa. Quer-seintroduzir uma terceira particula, ry. Cm Exercicios Sedo 2.2 CO fluxo do campo elétrica de ‘uma carga q em uma casca esferica centrada na carga é igual a-4zkq Copitulo2 m Let de Gauss (1 Um vento com velocidade de 5,0 mvs ince sobre uma parede a um ingulo de nal. pare tem uma janela com érea de 1,5 m?. Sabendo que 0 ar tem densidade de Caleue o fluxo de ar que penetra pea janela 2.2 Considere um cano transportando égua ¢ um plan fcticio conando 0 can de “Mosire que ofluxo de guano plano independ da sua inclnagéo. Fluxo do campo de uma carga em uma esfera Consideremos uma particula de carga positiva qe calculemos o fluxo de seu campo elétrico em uma casca esférica de raio r cenrada na posiglo da panticula, como mostra a Figura 2.5. Figura (© campo elétrico K de uma carga q € sempre normal a uma casca esférica centrada na carga, ‘O célculo da integral expressa na Equacio 2.6 € neste caso muito simples, uma vez que E €edA sao paralelos em todos os pontos da superficie e, além disso, o médulo de E é constante durante a integragao, Devemos lembrar que o lado positivo de uma superficie fechada é o lado externo, Podemos entio escrever kK Lane 24kg. en O= f EdA= Ef dd 3 ain- circulo colocado na integral serve para indicar que a superficie S em que € fe tegragao € fechada. Observa-se que 0 fluxo independe do raio da esfera e é proporcional & carga q no seu centro. Secdo 2.3 = Lei de Gauss fato que acabamos de demonstrar é um caso particular de uma lei muito mais geral, a lei de Gauss. Como mostraremos, 0 caréter geral dessa lei pode ser entendido por argumen- tos simples. Consideremos a Figura 2.6. Uma carga pontual q € circundada por duas cascas esféricas S, ¢ S,,nela centradas. Pelo que vimos, o fluxo do campo elétrico € o mesmo nas duas cascas, pois o raio da esfera no altera o fluxo. Essa invaridncia do fluxo com o raio exprime uma lei de conservagao, que é inteiramente Gbvia no caso do fluxo estacionério de um fluido. De fato, imagine que na Figura 2.6, em vez da carga q tivéssemos a fonte de um fluido, E claro que, em um regime estaciondrio de escoamento, 0 mesmo fluxo do fluido cruzara as duas cascas esféricas. Além disso, esse também sero fluxo na superficie S (de forma genérica) contida entre as duas cascas esféricas, Pois bem, o mesmo ocorre com 0 Axo do campo elétrico. As linhas de campo divergem de cargas positivas e convergem em cargas negativas e nfo podem desaparecer no vazio. Sio algo que, em uma regio livre de cargas, se conserva. Do mesmo modo, as linhas de corrente de um fluido em escoamento se originam em uma fonte e convergem para um sumidouro, mas nao aparecem nem desaparecem, exceto em fontes e sumidouros, respectivamente - fo aoe 22 1 Permissividade elétrica do vacuo ee Lei de Gauss (0 fiuxo do campo elétrico em qualquer superficie fechada ¢ igual &razio entre a carga total ‘qno seu interior e a permissivi- dade do vieuo. Mei de Gauss Lei de Coulomb em termos dda permissividade do vcuo Fiskca Basica @ Eletromagnetismo Figura26 © fluxo do campo elétrico & 6 mesmo para as duss csferas jos cortes Sio vistos na figura, Portanto, deve ser também o mesmo para a superficie fechada § ccontida entre as duas esferas, o=fea={(Sx,}aa-¥ fe a= 30, =42k Ya, ol @=4akq, : : ‘ ‘onde q é a carga total contida dentro da superficie. A Equaco 2.8 exprime matematicamente allei de Gauss. O agrupamento de fatores 4:tk aparece tio freqtientemente nas equacdes do eletromagnetismo que se definiu um simbolo especial para designé-lo: 1 nk A constante e, € denominada permissividade elétrica do vacuo. No sistema SI de unids- des, seu valor é €, = 8,854 187 817 x 10-2 CN", (2.10) A lei de Gauss estabelece a seguinte regra: O fluxo do campo elétrico em qualquer superficie fechada & igual a razdo entre a carga | total q no seu interior e a permissividade do vacuo. Matematicamente, a lei se expressa por o=fEda=4 2) & Em termos da permissividade do vacuo, a lei de Coulomb se exprime na forma F= (2.12) ‘A Figura 2.7 ilustra a forma como a lei de Gauss funciona. Temos ali uma carga positiva 24 uma carga negativa -g. Linhas de forga irradiam da carga positiva, ou seja, a carga positiva€ uma fonte de linhas de forga. J4 a carga negativa é um sumidouro de linhas de forga, ou se. Jinhas convergem para ela. Mas apenas metade das linhas que irradiam da carga 2g converge para a carga—g. Na superficie de Gauss que envolve as duas cargas, cruza um niimero liquid de linhas de forga (linhas que saem da superficie e no entram de volta) que é proporcional A carga iquida q = 2q -q em seu interior. Capitulo 2 m Lei de Gauss a Superficie Figura Parte das linhas de forga que iradiam da carga positiva 2g converge para carga. Um nimero menor de inhas cruza a superficie de Gauss S. Na verdade, 0 nimero de linhas que eruzam S sem retorar a esta superficie € proporcional 2 carga liquids 2g ~ q = q dentro da superficie —. - 2 Exercicio 2:3 A Terme aionosfera ém cargas de sins opostos que gram um campo eGo que Upon para bax e cue valor a pequenas altades, de 100 NC, Qual €0 valor da carga da Tera? EEE) Exercicio-exemplo 2.3 | Um corpo condutor neuro tem um orificio dentro de qual se encontra uma carga +4 sem contato com suas paredes, Mostre que iso induz eargas +q ¢-q distribuidas,respectivamente, nas supeficies externa € interna do condutor. Condutor Figua2s (Exercicio-exemplo 2.3), 1 Solugao ‘A Figura 2.8 mostra o condutor oco com a carga +g em seu interior. Como 0 campo dentro do condutor & nulo, o fluxo do campo na superficie de Gauss ‘mostrada na figura é nulo, Portanto, pela lei de Gauss, a superficie contém em seu interior uma carga nula; conseqientemente, na superficie interna do con- E=—1_¢. i & dae,r ous a, © campo elétrico de uma carga pontual tem diregao radial e varia com o inverso do quadrado da distancia, Isso ¢ outra forma de enunciar a lei de Coulomb, pois se 0 campo de uma carga q € dado pela Equagio 2.13 a forga que ela exerce sobre outra carga q’, dada por F = Eq’ obedeceri lei expressa pela E g a lei de Gauss tem cariter ‘muito mais geral do que a lei de Coulomb, Esta tiltima foi estabelecida empiricamente e tem validade apenas para cargas em repouso, enquanto a lei de Gauss tem validade absolutamente geral: independentemente do estado de movimento das cargas no interior da superficie, 0 fluxo do campo elétrico sempre obedecerd 2 lei de Gauss. Posso prever que 0 atento leitor Vai argilir: foi demonstrado, poucas linhas antes, que a lei de Coulomb pode ser obtida da lei de Gauss e, portanto, sempre que a lei de Gauss valer também valeré a lei de Coulomb. Ocorre, porém, que a demonstrago nao tem validade geral. A afirmacao inicial de que, por simetria 6 campo & radial, e tem a mesma intensidade em todos os pontos eqiiidistantes da gera, s6 vale quando a carga esté parada, Se a particula carregada se move. a diregiio de seu movimento é uma direedo especial e distinta das outras, Ou seja, a simetria é rompida com seu movimento. Nao hi razdo para se supor que na diregao do movimento se tenha o mesmo ‘campo que nas outras. Na verdade, o movimento altera 0 campo gerado por uma carga. Por um lado, como ve remos no Capitulo 7 (Campo Magnético), quando uma carga esté em movimento, além do campo elétrico ela gera outro campo, o campo magnético. Nao apenas 0 campo magi ‘mas também 0 campo elétrico € sensivel ao movimento da carga. A Figura 2.9 mostra as linhas do campo elétrico de uma carga q parada (A) e em movimento (B). Quando a carga se move, as linhas de forga nao irradiam simetricamente da carga. Na dirego paralela a velocidade, as Jinhas se tornam menos densas, ou seja, o campo fica menos intenso do que o campo da carga parada. Jé nas diregdes perpendiculares & velocidade, o campo fica mais intenso. A explicagio desse fendmeno € dada pela teoria da relatividade restrita. Na verdade, essa modificagio do ‘campo elétrico e aparecimento do campo magnético so efeitos relativisticos. A distorgio do campo elétrico s6 € significativa quando a velocidade v & uma fragdo considerdvel da velocidade da luz e pode ser ignorada nas situagGes ordindrias. Devido ao efeito relativistico do movimento sobre o campo elétrico, a lei de Coulomb nio vale para cargas em movimento, apesar de ser uma boa aproximagao para velocidades pequenas comparadas 8 velocidade da luz. Entretanto, a lei de Gauss vale em qualquer situaglo. Veja Pi SLI a aS w ®) Figura29 © movimento altera 6 campo elétrico gerado por uma carga. Se uma carga est parada, seu campo (a ut {dada distincia dela) tem o mesmo médulo em todas as diregdes (Figura 2.9). Mas, quando ela se move. sc ‘campo fea menos intenso na difegig do moxinpento mais intenso na diego lateral (Figura 2.98). $ Cpitulo2 m Lede Gauss ——————*— okeitor a que si ‘Mleide Coulomb 50.6 vida ; lao surpre a sorte nos conduziu. Partimos da lei de A dedurir outea equivalente e acabamos de posse de algo muito mais geral. Chegamos a uma let chelate toutes Inaier ue ainda vale quando aquela que a inspirou jé perdeu a validade. Isto € muito interessamle, Ge-Gauss vale paraeargas€ 1 verdade nao chega a ser um fato raro na fisica, H4 outros exemplos de lei obtida a partir fem qualquer regime de de outra lei empitica e que acaba demonstrando ter validade muito mais ampla do que ai lei movimento original que a inspirou. As leis de conservacao da energia, do momento finear e do momento. angular sio exemplos desse fenéimeno, Todas elas foram estabelecidas no contexto da mecd- rica newtoniana e permanecem inteiramente validas ¢ exatas em situagdes que s6 podem Ser descritas pela relatividade ou pela mecénica quantica, ou pela combinagio de ambas. Seco 2.5 = Aplicacées da lei de Gauss Ae de Gauss permite soluco muito simples para océleulo do campo elérico de dstribui- «es estticas de cargas com alta simetria, Algumas aplicagies ilustativas serdo apresentadas nesta sega, 2.5.1 Fio reto infinito com densidade de carga uniforme Hy Superfcie dde Gauss ey Figura 2.10 Fi retoinfinito, com densdade uniform de carga © uma superficie (cilindrca) de Gauss uilizada para océleulo do campo etic, ——+— A Figura 2.10 mostra fioe uma superficie cilfndriva de raio re comprimento h com eixo Superfcie de Gauss sobre o fio, Uma superficie imaginaria construfda com o fim especifico de se calcular o campo ¢ uina superficie imaginatia4éiricq pela aplicagao da lei de Gauss & denominada supercede Gauss, Seja2 a densidade linear utilizada para se ealcular © 4 carga do fio. Por simetria, o campo elétrico sera radial e uniforme na superficie curva do cilindro. © fluxo do campo nas bases do cilindro sera nulo, pois o campo ¢ paralelo ao plano das bases. Podemos escrever imediatamente campo elétrico com base na lei de Gauss fie-an =#2nm ano a total dentro da superficie de Gauss (0 cilindra) é q = Ah. Portanto, pela lei de Gauss, obtemos ah (215) 2arh=—— (216) = Campo de um fio infinito E com densidade uniforme de carga

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