ALAGOAS – IFAL
CAMPUS PENEDO
CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO EM AÇÚCAR E ÁLCOOL
PENEDO, AL
2021
MARIA ELIZETE JUSTO DOS SANTOS
PENEDO, AL
2021
MARIA ELIZETE JUSTO DOS SANTOS
Nota: 10,0
BANCA EXAMINADORA
Agradeço primeiramente a Jesus Cristo, meu Senhor e meu Deus, por ser sempre fiel
em Suas promessas e me conceder o dom da vida, saúde, inteligência, perseverança e coragem
em todos os momentos de minha vida, principalmente na realização do presente trabalho, me
fortalecendo para não desistir do curso. Sem Ele nada disso teria acontecido.
Agradeço e dedico especialmente esse trabalho aos meus amados pais, João Justo dos
Santos e Valmira dos Santos, por estarem sempre comigo e me ajudarem a superar os desafios
que surgiram ao longo do meu curso, por cuidarem de mim com tanto carinho, paciência e amor
demonstrados a cada segundo de minha vida, por todo incentivo, encorajamento, e apoio
ofertados especialmente no decorrer dessa trajetória tão importante para mim. E à toda minha
família por todo afeto, carinho, contribuição e estímulo que me proporcionaram para não
desistir e nem desanimar.
Agradeço à minha querida orientadora e amiga, Dra. Martha Suzana Rodrigues dos
Santos Rocha, por colaborar com seu conhecimento despendido para comigo, dedicação,
paciência e apoio nessa etapa muito importante de minha vida. Agradeço-a também pela boa
convivência, amizade e vínculo de respeito e consideração que foi criado desde o início deste
trabalho.
Agradeço aos meus queridos amigos, Anderson Vinnycius L. da Silva, Elen Brenda dos
Santos e Liliane Vieira Santos, por toda cumplicidade e afeto que sempre tiveram para comigo
desde o início do nosso curso e por todo o esforço, dedicação e apoio demonstrados para a
realização de todos os nossos trabalhos. Serei sempre grata a todos os momentos que me
proporcionaram. E aos demais colegas estimados de minha turma, agradeço-os por toda
contribuição em minha trajetória escolar.
La caña de azúcar, planta herbácea que pertenece al género Saccharum, tiene abundantes
registros en su valiosa historia, que establecen que este cultivo fue domesticado principalmente
en el territorio de la isla de Nueva Guinea hace miles de años, a medida que se extendía por el
mundo, cultivo y se desarrollaron técnicas de manejo, así como los medios para utilizar lo
produto obtenido. En vista de esto, se cree que llegó a Brasil a mediados del siglo XVI,
promoviendo así el desarrollo económico local y para las regiones directamente vinculadas al
país, de tal manera que el sector azucarero-energético siempre ha tenido una significativa
importancia en la economía brasileña, desde la remota historia del país hasta la actualidad, y se
extendió rápidamente por todo el territorio nacional motivada principalmente por su gran
capacidad de crecimiento derivada del potencial de la materia prima. En este proceso, el azúcar
puede ser considerado protagonista porque tiene una gran notoriedad dentro de este sector
durante un largo período de tiempo, especialmente luego del conocimiento íntimo de la
molécula que lo constituye, ya que el conocimiento del mismo permitió una mejor comprensión
de su propiedades físicas, químicas y biológicas que se utilizan para mejorar sus aplicaciones
en las industrias y la sociedad. Como tal, gana aún más importancia y visibilidad en el proceso
de desarrollo del país. Por ello, el presente trabajo presenta todos los procesos industriales
involucrados en la fabricación de azúcar demerara y VHP (Very High Polarization), así como
los parámetros analíticos y de control adoptados por Usina Caeté S/A – Unidad Marituba para
obtener una mayor calidad del producto final. Teniendo en cuenta que el azúcar es un
componente importante en la formulación de diversos alimentos, ya que aporta dulzor y sabor,
también contribuye al valor nutricional como proveedor de energía, además de incidir en el
color, textura, expansión, globalidade y apariencia del producto, por lo que es fundamental
seguir de forma cuidadosa y rigurosa todas las especificidades para la comercialización del
producto. Concomitantemente, el trabajo también expone la experiencia vivida en la pasantía
supervisada realizada en la referida planta, aportando sus aportes e importancia en la formación
académica del autora.
Figura 44. Comunicação infeior para transição dos subprodutos de cozimento ............ 61
Figura 57. Pesagem do caminhão com açúcar para ser comercializado ......................... 70
SUMÁRIO
2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 18
3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 22
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................ 23
4.4.2. Descarregamento.................................................................................... 36
4.6.1. Peneiramento.......................................................................................... 45
4.6.2. Sulfitação e Caleação ............................................................................. 46
4.7.1. Evaporação............................................................................................. 55
5. CONCLUSÃO........................................................................................................ 74
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 75
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Matrícula: 2017308149
E-mail: mejs1@aluno.ifal.edu.br
CNPJ: 12.282.034/0003 – 67
Fundação: 30/04/1996
Site: www.usinacaete.com.br
Duração: 4 meses
2. INTRODUÇÃO
A Evolução (2020) conta que na mitologia grega, os deuses eram grandes apreciadores
do mel, pois, era a substância natural mais doce que se tinha conhecimento e o usavam como
base para a elaboração da “bebida dos deuses”, o hidromel. Sem contar que também celebravam
as virtudes que o mesmo os proporcionava: a capacidade de prolongar a vida e preservar a
decomposição, por isso, era um produto extremamente raro que ficou restrito apenas à elite por
muito tempo. Um claro exemplo disso, é quando na Grécia Antiga o preço de meio litro de mel
correspondia ao preço de um carneiro, já no Antigo Testamento a expressão “Terra do leite e
do mel” aparece exatamente oito vezes para designar a Terra Prometida, a Terra do povo de
Israel, tamanha era a importância dessa substância doce.
Simbolicamente, há mais de oito mil anos a.C., o homem passou a ter o conhecimento
sobre uma gramínea herbácea que tinha uma forte concentração de uma substância doce muito
semelhante ao mel, mas que era totalmente desconhecida naquela época. Tratava-se, pois, dos
primeiros registros do açúcar que foi encontrado nesta planta, a qual tempos depois passou a
ser denominada de Cana-de-Açúcar, justamente por sua capacidade de armazenar um grande
âmago doce que poderia substituir o mel. Assim, essa planta que tem sua origem atribuída à
região de Nova Guiné e que crescia sob a forma silvestre e ornamental, foi se disseminando em
vários lugares do Sul do Oceano Pacífico, até ser associada intimamente à essência da doçura
e tornou tão certo o seu aparecimento como planta produtora dessa essência que foi levada para
a região do Golfo de Bengala, na Índia.
Segundo Santos (2018), em face de todo o sucesso que estava sendo obtido com esse
precioso produto derivado da cana-de-açúcar, houve a necessidade de impulsionar sua expansão
por mais territórios ao redor de todo o globo terrestre. Foi assim que no fim do século XV
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O consumo de açúcar cresceu sem parar e com isso surgiu a necessidade de aumentar
sua produção além da capacidade que os engenhos poderiam oferecer e, pensando nessa
necessidade, bem como a possibilidade de utilizar os recursos tecnológicos disponíveis, fez com
que surgissem as usinas produtoras de açúcar, com uma grande capacidade para produzir muitas
toneladas de açúcar por dia e, posteriormente, surgiram também as usinas de aguardente
derivada de cana-de-açúcar.
3. OBJETIVOS
3.1.Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo geral relatar como ocorre o funcionamento real
de uma indústria sucroenergética, localizada no interior do município de Igreja Nova-AL, dando
ênfase para a produção industrial de açúcar, a partir da experiência vivenciada através do
estágio supervisionado, em que pôde ser observado e posto em prática os conceitos teóricos e
conhecimentos práticos adquiridos ao longo do curso Técnico em Açúcar e Álcool.
3.2.Objetivos específicos
• Compreender e vivenciar o processo de produção do açúcar, do etanol e cogeração de
energia elétrica;
• Adquirir conhecimentos práticos para melhorar a formação profissional e pessoal da
autora;
• Aprofundar todos os princípios técnicos e analíticos utilizados na indústria de açúcar e
etanol para determinação da qualidade da matéria-prima (cana-de-açúcar) e todo seu
processo produtivo;
• Acompanhar o funcionamento cotidiano de uma usina sucroenergética durante seu
período de safra, bem como suas etapas de produção e manutenção de equipamentos.
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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1.Usina Caeté S/A – Unidade Marituba
A história do Grupo Carlos Lyra teve início no ano de 1951, quando o empresário Carlos
Benigno Pereira de Lyra, chamado carinhosamente de Carlos Lyra, assumiu a empresa
Algodoeira Lagense S/A. A sede da empresa era localizada no município alagoano de São José
da Lage (AL), atuava, principalmente, no ramo de compra, processamento e comercialização
de algodão, milho, mamona e café (USINA CAETÉ, 2020).
A Usina Caeté S/A – Unidade Marituba localizada no município de Igreja Nova – AL,
deu início de suas atividades no ano de 1979, quando foi então idealizada e projetada pelo
Grupo Carlos Lyra. Na década de 1990, com a construção da barragem Salvador Lyra, que é
uma das maiores do Nordeste, a Unidade Marituba viabilizou a implantação de técnicas
modernas de irrigação, utilizando-se de sistemas lineares. Tal fato refletiu um grande ganho de
produtividade e aumento da qualidade para a unidade industrial. Este polo industrial está
localizado a 150 quilômetros da capital alagoana, Maceió, e poucos quilômetros do Rio São
Francisco (USINA CAETÉ, 2020).
A Unidade Marituba foi a primeira usina a ser totalmente projetada pelo grupo, tratou-
se de um projeto moderno onde atendia aos mais avançados padrões de qualidade exigidos nas
indústrias sucroalcooleiras do mundo. Inicialmente a empresa era destinada à produção de
álcool produzindo, logo na primeira safra (1982/83), vinte e seis (26) milhões de litros entre
anidro e hidratado. Somente dez anos depois estava instalada a fábrica de açúcar, cuja primeira
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safra (1993/94) resultou na produção de 13 milhões de litros de etanol e 372 mil sacos de açúcar
de 50 quilos cada (USINA CAETÉ, 2020).
É uma empresa muito importante para o desenvolvimento da região em que está situada,
isso porque a carência de empresas e industrias é muito evidente. Ela gera uma renda anual em
média de 33 milhões de reais, mantendo empregos diretos, indiretos e fornecedores de cana-de-
açúcar segundo os balanços realizados a cada ano.
O histórico desse setor acompanha a história do Brasil, já que ele tem importância desde
o tempo da colonização do país, sendo por diversas vezes o motor central da economia.
Antigamente era baseado apenas na ampla produção de açúcar e com o passar dos anos passou
a ser considerado um setor energético com a cogeração de energia e ao produzir o etanol e
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outros produtos. Assim sendo, este setor ganha ainda mais importância e visibilidade no
processo de desenvolvimento econômico do país.
Fonte: ÚNICA, ALCOPAR, BIOSUL, SIAMIG, SINDALCOOL, SIFAEG, SINDAAF, SUDES e MAPA, 2020.
4.3.Recepção da Cana
4.3.1. Pesagem
A pesagem da carga é realizada em uma balança rodoviária do tipo plataforma que tem
um tamanho de 60 metros e capacidade para suportar até 200 toneladas. Inicialmente, o
caminhão articulado com a carga, ao entrar no polo industrial segue para uma estação de
pesagem onde será pesado, conforme é mostrado na Figura 2. A balança possui sensores
presentes em sua composição que sustentam a plataforma – chamados de células de carga –, e
medem o peso da carga que está sobre ela, em seguida transmitem um sinal elétrico que,
posteriormente, é decodificado e apresentado em valores numéricos no painel de controle do
operador.
O principal objetivo desta etapa é obter o peso real da cana recebida na usina. Em função
da cana-de-açúcar ser muito variável em sua composição, seu valor depende da quantidade de
sacarose que pode ser recuperada dela e o custo associado em seu processamento. Por esse
motivo, a indústria define seu valor, ajustando a planta e equipamentos que possibilitem
produzir açúcar e etanol dessa cana eficientemente e ao mínimo custo possível. Dessa forma,
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após o caminhão descarregar a cana na mesa alimentadora, ele retorna à balança para ser pesado
sem a carga, como a Figura 3 mostra.
A estação também conta com semáforo, cancelas, tubo para envio de guia e espelho
retrovisor para indexar os resultados e armazenamento correto dos dados obtidos na pesagem,
para completar esse funcionamento, a carga ainda é identificada de acordo com sua origem e
relação com a usina, isto é, se ela é PA (própria arrendada ou parceria), PP (própria) ou FF
(fornecedor) e todas essas ferramentas atuam em conjunto para um funcionamento excelente e
consequentemente uma obtenção satisfatória dos resultados.
Ademais, o leitor de dados dos caminhões é realizado pela guia que o motorista traz do
campo para ser entregue ao operador da balança, neste guia contém o nome da fazenda, do
caminhoneiro, lote, identificação de carga e número de reboques (julietas).
4.3.2. Amostragem
Suas principais vantagens além de ser plenamente automática, é que ela possibilita
redução de tempo de amostragem, evita o contato do operador com o motorista, tem menor
necessidade de pessoal e a amostra cai diretamente no balde coletor para ser enviada à
forrageira.
A sonda amostradora horizontal está localizada após a balança de pesagem de carga. Ela
proporciona aos fornecedores e a própria usina resultados mais justos na análise do Açúcar
Total Recuperável da cana (ATR), nesta as posições de amostragem são definidas e realizadas
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A forrageira picota a cana abrindo suas células com o auxílio de facas e martelos
presentes em sua composição, facilitando assim a extração posterior do caldo, enquanto que na
betoneira a massa de cana desfibrada é devidamente homogeneizada, essa ação simultânea
contribui para a obtenção de um resultado melhor dos parâmetros a serem analisados.
Por conseguinte, é então retirada uma amostra para ser analisada na bancada de sacarose
do laboratório industrial de PCTS. Entretanto para a análise de maturação, existe uma diferença
na forma como a amostra é coletada, uma vez que o objetivo da análise da mesma também se
difere.
Após a extração do caldo pela prensa hidráulica, o material fibroso é então pesado e
denominado de Peso do Bolo Úmido (PBU), conforme é mostrado na Figura 11. Já o caldo
obtido é usado para a determinação dos parâmetros de qualidade, ou seja, a partir dele é possível
analisar o Brix (sólidos solúveis presentes em uma solução açucarada), a POL (sacarose
aparente presente em uma solução açucarada), AR (açúcar red utor), ART (açúcares redutores
totais), obtendo-se dessa maneira o ATR (açúcares totais recuperáveis).
A impureza mineral é analisada para saber quais são as impurezas minerais, tais como
terra, areia, pedra, dentre outras, que chegam até a usina e que podem prejudicar o processo de
fabricação tanto do açúcar quanto do etanol. Após a amostra de cana ser desfibrada é reservado
um pouco de cada amostra de talhão que entra na usina, como é mostrado na Figura 12, depois
pega-se uma pequena quantidade dessa amostra, aproximadamente 30g, e, encaminha-se para
a mufla por um período de quatro horas à uma temperatura de 600° a 800°C, ao fim, subtrai-se
o peso inicial pelo peso final. É possível ainda realizar a análise de impurezas vegetais, no
entanto, a Unidade Marituba, no período em que foi realizado o estágio, não adotava uma
metodologia que permitisse a realização desta.
O Brix (símbolo °Bx) é o indicador químico do teor de sólido solúveis que se fazem
presentes em uma solução açucarada, em outras palavras, é uma escala numérica que mede a
quantidade aproximada de açúcares em uma solução de sacarose, nesse caso usando o método
refratométrico.
Após ser clarificado, o caldo é analisado em um sacarímetro (Figura 15) para medir o
teor de sacarose contido no caldo e fornecer assim a sua leitura sacarimétrica, °Z, que é essencial
para determinar a Pol, esta por sua vez, pode ser definida como a porcentagem em massa de
sacarose aparente contida em uma solução açucarada de peso normal, determinada pelo desvio
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provocado de uma solução no plano de vibração da luz polarizada, nesse caso, a solução é o
caldo.
para ser processada, dessa forma, otimiza-se a utilização dos veículos canavieiros, além de
evitar grandes movimentações entre o pátio, a via de acesso ao descarregamento e a mesa
alimentadora.
Para garantir um bom processamento, com uma margem de segurança, deve-se ter no
mínimo 30 volumes de carga na usina, isto é, deve-se ter 30 reboques com cana para serem
processadas em até 24 horas após passar pela balança.
Com a adoção desse sistema, é possível garantir uma melhor rotatividade do estoque de
cana, visto que as Julietas são conduzidas por tratores de menor potência, apenas para realizar
a saída do pátio para a área de descarregamento, disponibilizando as composições vazias para
a pesagem final do caminhão vazio, permitindo dessa forma que ele realize um novo
carregamento.
4.4.2. Descarregamento
Após passar pela estação de pesagem ou saírem do estoque, os veículos carregados são
direcionados para a área de descarregamento da usina de acordo com o tipo de cana que
carregam, pode ser inteira ou picada. Em ambos os casos, essa etapa é realizada por meio de
um guindaste tipo hilo que possui guinchos que são encaixados na carroceria ou argolas dos
caminhões tombando-os lateralmente para que haja a descarga da cana na mesa alimentadora.
As etapas que acontecem para iniciar o descarregamento nesse caso, são as mesmas para
a cana inteira, contudo, esse tipo de cana é descarregado em um cesto do lado oposto à mesa
alimentadora, fazendo com que ambas as canas se misturem apenas na esteira met álica. Essa
diferença ocorre porque a cana queimada necessita passar por uma lavagem para evitar
contaminações no caldo e nos produtos finais, bem como desgaste e danificações nos
equipamentos durante o processo.
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A água utilizada nos processos da Usina Marituba é captada principalmente dos poços
artesanais próprios, da Barragem do Zé Patrício e da Carmosa, que são reservas naturais que se
encontram próximas à usina. Essa captação é realizada por meio de duas bombas (uma fica em
funcionamento e a outra é reserva) que ficam em uma “casa de bomba”.
Quando captada, a água é bombeada por meio de uma tubulação que fica enterrada e é
armazenada em três tanques de água bruta (Figura 21) que ficam na Estação de Tratamento de
Águas (ETA) da própria usina. Um ponto importante a ser salientado é que a usina, durante o
período desse estágio, não estava realizando o tratamento dessa água, pois os equipamentos
necessários para a realização do tratamento estavam com defeito e, por essa razão, não estava
sendo realizado o processo de desmineralização da água a ser enviada para as caldeiras.
Por isso, as mesmas são limpas minuciosamente sempre que está programada sua
limpeza, uma vez que a ausência desse tratamento da água a longo prazo pode ocasionar a
redução da eficiência das caldeiras por diminuir a área de contato entre a água e a fonte de calor,
afetando assim seu desempenho e obtenção de vapor.
Cabe salientar ainda, que a usina faz o reaproveitamento da água de lavagem da cana,
dessa forma, ao longo do período de um dia é necessário que essas águas passem por um
processo de tratamento em que é adicionado leite de cal na água para neutralizá-la e prevenir
contra possíveis infecções que venham a contaminar a cana, além de ajudar como um
coagulante no processo final do tratamento dessa água, por isso, deve-se manter sempre seu
“pH” entre 7 e 11, e a posteriori ela segue para remoção de areia e bagacilho através do cush-
cush de areia e subnadante, respectivamente, e seu processo de tratamento encerra após passar
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por uma peneira e ser bombeada para realizar uma nova lavagem dentro do circuito fechado,
essa etapa é apresentada na Figura 22. Contudo, se o “pH” se elevar ou tiver um grande volume
de areia junto com a água, mesmo que tenha sido captada em menos de 24 horas, a mesma é
descartada em tanques específicos para o descarte e segue para os canais de vinhaça, juntamente
com a areia e os bagacilhos removidos durante a lavagem da estação de tratamento.
Para uma melhor compreensão dessas informações, é importante ressaltar que a rotação
média do picador 1 é de 6497 rpm, do picador 2 é de 841 amp e do desfibrador é de 6561 rpm,
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tal fato é contundente para que o desfibrador cumpra sua função com maior eficiência, assim
possui um número maior de ferramentas (martelos), bem como giram em uma velocidade maior
com relação à dos picadores, dessa forma possui uma maior área de contato com a cana, tais
equipamentos são apresentados na Figura 23.
Cabe salientar ainda que esses equipamentos ficam dentro de um tambor alimentar que
compacta a cana à sua entrada, forçando sua passagem entre as ferramentas. Quando a cana
desfibrada sai desse compartimento, ela é despejada na esteira de borracha para passar pelo
eletroímã (Figura 24) afim de proteger os equipamentos envolvidos no processo de extração do
caldo, especificamente os rolos esmagadores, contra os materiais ferrosos que venham junto
com o carregamento ou mesmo desprendidos dos equipamentos anteriores, dessa forma evita-
se tanto o desgaste quanto a danificação e perda dos mesmos. E assim, o processo de preparo
da cana é completado.
4.5.Extração do caldo
Quando a cana-de-açúcar finaliza o preparo, ela segue para realizar a etapa de extração
do caldo. Essa operação unitária consiste no processo físico de separação da fibra (bagaço) do
caldo da cana propriamente dito, na Usina Marituba esta operação é executada
fundamentalmente pelo processo de moagem.
4.5.1. Moagem
A cana desfibrada é conduzida pela esteira de borracha até as unidades de moagem, que
são as moendas, chegando nelas por meio de um alimentador vertical chamado de Chutt –
Donelly (Figura 25). Cada conjunto de rolos da moenda são montados em uma estrutura
denominada castelo que fica acoplada ao alimentador e dessa maneira constitui-se um terno de
moenda. Na Usina Marituba o número de ternos utilizados no processo de moagem totaliza um
conjunto de cinco ternos e cada um deles é formado por quatro rolos compressores – rolo de
pressão, de entrada, superior e de saída –, e uma bagaceira, estrutura que fica localizada entre
os rolos de entrada e saída para conferir melhor desempenho do terno. É importante salientar
que apenas o rolo superior gira no sentido anti-horário, os demais rolos giram no sentido
horário. Tal fato deve ser atribuído em função de se obter uma extração de caldo mais eficiente.
Segundo Zocca (2021) o rolo de entrada fica localizado na parte inferior e sua função é
fazer uma pequena extração de caldo e direcionar a cana na abertura de saída, enquanto que o
rolo de pressão fica localizado na parte superior do terno acima do rolo inferior e de entrada e
sua função é compactar a camada de cana permitindo uma melhor alimentação do terno. O rolo
superior está localizado na parte superior do castelo, entre o rolo de entrada e de saída, gira no
sentido anti-horário e é muito importante no conjunto de rolos devido seu maior contato com a
cana. Também recebe a força através do acoplamento e transmite aos demais rolos por
intermédio dos rodetes e finalmente o rolo de saída que também fica localizado na parte inferior
cuja função é expelir o bagaço após a extração do caldo.
Dessa forma, o consumo de vapor sofre uma variação em função da integração térmica
existente entre os processos e tal fato influencia diretamente o consumo de combustível na
caldeira, dito em outras palavras, a quantidade de bagaço a ser consumido para a geração de
vapor. Como uma forma de controlar e evitar acidentes, a usina tem três válvulas de alívio que
jogam os vapores não utilizado pelos equipamentos para a atmosfera.
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4.6.Tratamento do caldo
O tratamento do caldo para fabricação de açúcar tem por objetivo obter um caldo
límpido, isento de matéria em suspensão, com reação aproximadamente neutra e com cor
adequada ao açúcar que irá ser produzido. Isto implica na máxima eliminação de não-açúcares.
É de máxima importância processar canas sadias, pois caso contrário, torna-se mais difícil o
êxito de uma boa clarificação e as subsequentes etapas do processo. Contudo, em geral a
eficácia da clarificação depende mais da qualidade do caldo, que está intrinsecamente ligado à
matéria-prima, do que os procedimentos de tratamento do mesmo (ALBUQUERQUE, 2009).
4.6.1. Peneiramento
O caldo isento de partículas mais pesadas passa por um aquecedor antes de entrar na
coluna de sulfitação, tal ato tem por objetivo acelerar e facilitar o processo de tratamento, uma
vez que o caldo já inicia o tratamento químico pré-aquecido e, dessa forma, as reações
acontecerão mais rapidamente. Diante disso, a sulfitação é o primeiro tratamento químico que
o caldo recebe na usina, consiste na passagem com contato direto do gás dióxido de enxofre
(SO 2 ) em contracorrente com o caldo aquecido. O SO 2 age de forma complexa ao reagir com o
caldo, formando um sal pouco solúvel que será removido na seção da decantação, auxiliando
na clarificação do caldo. Além disso, o SO 2 ajuda a converter compostos coloridos em
incolores, impedindo o desenvolvimento de cor pela oxidação e inibindo o desenvolvimento de
cor pela reação de escurecimento entre açúcares redutores e aminoácidos. O gás SO 2 é obtido
pela queima de enxofre, que reage com o oxigênio, como mostra a reação exotérmica: S + O2
→ SO 2 (FATECC, 2021).
Quando se usa a sulfitação, o xarope que será produzido terá uma menor
viscosidade, o que consequentemente facilitará a cristalização da sacarose. O dióxido de
enxofre é produzido em um forno que queima o enxofre sólido, como bem demonstrado na
Figura 29, combinando-o com o gás oxigênio atmosférico. Na Usina Marituba, para acender
este forno, o enxofre é colocado na gaveta e no centro da mesma um punhado de algodão
banhado em álcool é posto para ser o combustível que colocará a coluna de sulfitação em
atividade.
Alguns profissionais defendam que a ordem da sulfitação não irá interferir muito no
processo, podendo então sulfitar antes ou após a caleação, pois o que realmente importa é
chegar ao mesmo pH final do caldo decantado. Entretanto, em geral, principalmente no Brasil,
o processo preferido é a sulfo-caleação, ou seja, primeiro faz-se a sulfitação e somente depois
a caleação é realizada. E é justamente esse método que a Usina Marituba adota em seu processo
de tratamento do caldo para a fabricação de açúcar: a sulfo-caleação.
O que se tem conhecimento é que se a calagem é feita primeiro, o caldo fica exposto
mais tempo a um pH alcalino, favorecendo a formação de gomas, tal como a dextrana,
inconveniente por levar a entupimentos de canalizações e interferir na cristalização do açúcar.
Além do mais, a rapidez da decantação e o volume do lodo dependem do pH do meio (reação
do meio) no qual se forma o precipitado. O lodo sendo formado num meio alcalino será
hidratado, portanto, forma um maior volume de lodo que será enviado para a filtração. E este
lodo formado em meio ácido é mais compacto e apresenta maior velocidade de decantação
(FATECC, 2021).
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Para o Instituto Vitae (2015), o tratamento de caldo com leite de cal não somente
provoca a floculação e favorece a decantação das impurezas posteriormente, mas também
protege os equipamentos contra a corrosão, em relação ao pH alcançado, quanto mais se
aproxima do pH neutro, maior é a remoção de nutrientes do caldo e o excesso de cal pode afetar
o crescimento da levedura em cultura. O pH do caldo decantado é ideal quando se atinge a faixa
entre 5,6 e 5,8, pois não provoca remoção significativa de nutrientes e diminui a ação corrosiva
do caldo sobre os equipamentos, além de favorecer a redução do número de microrganismos
contaminantes.
Desta maneira, na Usina Marituba a cal é preparada em uma área mais afastada da
fabricação, pois conta com um amplo sistema para o seu preparo. Inicialmente, a cal é despejada
na piscina de diluição juntamente com a água fria até ela encher por completo, quando esse
momento chega, uma bomba atua em circuito fechado para ajudar nesse processo, ao puxá-la e
retorná-la para a piscina, fazendo com que a mesma borbulhe. Então, a cal é levada para os
tanques de diluição (Figura 31), primeiramente para o tanque maior que tem 46.000 L para ser
diluída mais ainda por meio das paletas giratórias, que rotacionam para que o pH não aumente
e mantenha-se na faixa neutra. Assim, ela é bombeada para o tanque menor de 20.000 L, e a
partir deste, a cal é enviada para a área de tratamento do caldo.
Finalmente, segundo Albuquerque (2009), é com este processo que se terá como
efeito sobre o caldo de cana a formação de um precipitado de pequenos cristais de CaSO3
(Sulfito de Cálcio) que possuem grande atividade superficial sendo, portanto, fortemente
absorvente e, além disso, em razão de sua alta densidade, resultam em poderosos auxiliares de
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4.6.3. Aquecimento
Na Usina Marituba, essa etapa é realizada por meio de um trocador de calor tubular
horizontal (Figura 33). Seu princípio de funcionamento baseia-se na passagem do caldo por
dentro dos tubos e do vapor vegetal gerado nos evaporadores passando por fora, possibilitando
assim uma troca térmica eficiente. Entretanto, esta troca está sujeita a uma grande incidência
de incrustações nos tubos dos aquecedores, e por isso deve ser feita uma limpeza periódica nos
mesmos, para evitar perdas na transferência de calor.
Albuquerque (2009), diz que os aquecedores devem ser adquiridos e avaliados segundo
sua superfície interna, em que seu dimensionamento deve levar em consideração a velocidade
do caldo no seu interior (normalmente entre 1,5 e 2,0 m/s), que garanta uma boa troca térmica
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interna e dificulte a formação de incrustações. Também é bom ter em mente que a velocidade
alta, embora diminua as incrustações, resulta, por outro lado, em uma grande perda de carga.
Após o seu aquecimento, o caldo vai para o balão flash (Figura 34), que tem a função
de liberar todas as partículas em suspensão das bolhas de ar que ali estão agregadas e que
comprometeriam a decantação e clarificação, se não fossem retiradas. E uma eliminação
eficiente dos gases se faz justamente por flasheamento do caldo na entrada do decantador. Este
processo consiste na expansão brusca do caldo de sua pressão na tubulação para a pressão
atmosférica. Esta ebulição explosiva e violenta elimina o ar e os gases dissolvidos contidos no
caldo, inclusive aquele adsorvido na superfície das partículas de bagacilho, se o flasheamento
não ocorrer, as bolhas de gás que estão aderidas aos flocos reduzem a velocidade de decantação
(PAULINO, 2008).
Durante o período de repouso do caldo no decantador, os efeitos causados pela ação dos
floculantes começam a se manifestar e ao fim do processo é possível observar os efeitos
mencionados, que são a aglomeração dos flocos finos, o aumento da velocidade de
sedimentação, a compactação e a redução do volume de lodo e, consequentemente, a melhoria
na turbidez do caldo claro. Na Figura 37 é representada uma simulação do que acontece dentro
do decantador mediante a ação do floculante após o período de repouso.
Os flocos ou lodo acumulados são retirados das bandejas através dos raspadores do
próprio decantador e, dessa maneira, o lodo é separado do caldo e levado a um recipiente
reservado, denominado de caixa de lodo, para em seguida ser encaminhado para a sua filtragem.
Paralelamente a isso, o caldo é direcionado para as peneiras estáticas da fabricação (Figura 38)
para remover qualquer bagacilho que ainda tiver. A peneira estática é justamente utilizada para
melhorar a eficiência na retirada das impurezas por menores que elas sejam.
Na usina tem-se quatro dessas peneiras e cada uma delas tem uma tela de nylon que
possui uma geometria que não permite entupimento pelos sólidos e sua disposição produz a
rápida saída do líquido que é coletado na parte inferior da peneira, nesse funcionamento é muito
comum o aparecimento de um grande volume de espuma Dos fatores que podem gerar essa
situação, os mais comuns são pelos produtos químicos que foram adicionados durante o
tratamento, bem como a variedade da cana que o caldo foi extraído, dessa forma, esse
equipamento permite que o caldo tenha sua passagem amplamente direcionada e, assim como
acontece com a peneira rotativa, esta peneira também é de forma contínua. Então, o caldo
clarificado pode ser direcionado para a fabricação de açúcar.
Segundo Fatecc (2021), o filtro é composto de um tambor perfurado que gira em volta
de um eixo horizontal, fica parcialmente submerso no líquido a ser filtrado e possui
especialmente duas bombas: uma de vazio baixo que é usada para grudar a mistura de bagaço
e lodo no filtro e a bomba de vazio alto que faz o caldo ser puxado para passar pela tela do filtro
e posteriormente ser bombeado para a peneira rotativa e voltar sequencialmente ao processo de
fabricação. As fases de cada ciclo de filtração são as seguintes: formação e crescimento da torta,
filtração, lavagem, secagem, quebra vácuo e descarga da torta. A formação de camada de torta
porosa propiciará boas condições de lavagem da torta a seguir. A seção submersa do filtro no
tanque emerge do mesmo com a camada de torta formada, há uma transição para o alto vácuo,
20 –22 polegadas de Hg. Inicia-se uma sucção mais forte. Ao ultrapassar a linha de centro
horizontal do tambor, começa a fase de lavagem da torta com bicos pulverizadores com água
aquecida, extraindo o açúcar, fase conhecida como embebição. A fase de secagem da torta sob
a ação do alto vácuo vai até a metade de uma câmara, antes da borda superior da raspadeira. A
capacidade e a eficiência da filtração estão ligadas à velocidade periférica do tambor. Quanto
mais lenta for esta rotação, melhor serão a lavagem e secagem da torta, fatores redutores da Pol,
com consequente redução da capacidade de extração do lodo dos decantadores.
55
O material retido no filtro (Figura 39) recebe o nome de torta de filtro e é enviad o à
lavoura, para ser utilizado como adubo. É de suma importância controlar a perda de açúcar na
torta, uma vez que a Pol da mesma não pode ultrapassar 2%, devendo ficar o menor resíduo
possível de sacarose no filtro rotativo. Enquanto que o caldo filtrado é enviado à fabricação.
4.7.Fabricação de Açúcar
4.7.1. Evaporação
suficiente de evaporar a água e, além disso, que esteja apta a fornecer vapor vegetal para
aquecimento do caldo, para os vácuos de cozimento e colunas de destilação na fabricação de
álcool. Essa operação também fornece água condensada para alimentação das caldeiras.
De acordo com o Instituto Vitae (2015), após ter sido clarificado, o caldo é transportado
por bombas até os trocadores de calor, chamados de pré-aquecedores, onde inicia-se a pré-
evaporação. Esta parte do processo é responsável pela redução da água contida no caldo, isto é,
realizado por aquecimento e consequente evaporação da água. A evaporação completa acontece
quando o caldo é submetido a um processo de concentração mais intenso através da utilização
de equipamentos chamados de evaporadores, estes também são comumente conhecidos como
“Caixa de Evaporação” e operam através de seu conjunto de forma contínua e ligados em série.
Assim, nesse processo o caldo sofre uma concentração progressiva, iniciada no primeiro
evaporador e vai aumentando até o último, à medida que acontece uma redução da temperatura
em cada fase que o caldo vai passando, graças a influência da pressão exercida.
O caldo entra na parte inferior do evaporador, passando por dentro dos tubos (Figura
41) no sentido de baixo para cima, o caldo concentrado é retirado do evaporador pelo tubo
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O xarope produzido deve sempre ter seu Brix na faixa padrão de 65° a 75°Bx. Quando
o brix encontra-se abaixo dessa faixa, a evaporação deste excedente de água ocorrerá durante o
cozimento e esta ação de remoção de água nessa operação seguinte faz com que o açúcar cresça
além de seu tamanho programado e pode ocorrer o aumento de cor, além do processo ser muito
demorado.
Em contrapartida, quando o brix está acima dessa faixa existe um grande risco que
compromete todo o processo de fabricação, uma vez que ao chegar nos vácuos de cozimento e
à medida que o processo for acontecendo, ele pode pedrar completamente e ser necessário uma
ação radical para reverter essa situação e dar continuidade na cadeia produtiva. Por conseguinte,
58
Essa semente é entregue aos operadores em pequenas embalagens para a utilização nos
cozimentos e sua utilização não pode exceder o período de 30 dias. O ponto de semeadura, isto
é, a introdução das sementes em estado líquido no interior dos vácuos de cozimento, acontece
quando a solução açucarada de mel e xarope atinge a região metaestável após ser concentrada
adequadamente.
Nesse momento, começam os cortes nessa massa que estão diretamente relacionados
com o tipo de açúcar que estiver sendo produzido, por isso, a Tabela 2 mostra o número de
partes obtidas para cada tipo de açúcar fabricado pela usina. Cada corte que for realizado nas
massas tem um destino específico para ser reservado e posteriormente poder ser trabalhado.
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VHP1 4
DEMERARA 2 16
DEMERARA ESPECIAL 3 8
1 O açúcar VHP é um tipo de açúcar bruto, que permite aos clientes transformá -lo em diferentes tipos de açúcar
para o consumo, por isso, que é utilizado como matéria -prima para outros processos e destinado ao refino, devido
sua alta polarização, podendo ser usado para o consumo direto, contudo, ele é exportado a vários países,
principalmente da Europa, para a produção do açúcar refinado, assim ele torna -se um dos principais produtos da
pauta para a exportação do Brasil.
2 O açúcar demerara é um tipo de açúca r que passa por um refinamento leve e não recebe nenhum aditivo químico,
por isso, seus grãos são marrom-claros e têm valores nutricionais altos, parecidos com os do açúcar mascavo, que
é o açúcar bruto, escuro e mais úmido, extraído depois do cozimento do caldo de cana.
3 O açúcar demerara especial, segundo os responsáveis pelo setor de fabricação, é um tipo de açúcar que é
Após cada corte, o volume total de cada vácuo é reduzido à metade do volume anterior
ao corte, ou seja, dos 400 hL iniciais, após o corte ele é reduzido a 200 hL, uma vez que estes
são transferidos para serem reservados, enquanto os 200 hL que ficaram naquele vácuo é
novamente alimentado até atingir 400 hL e poder ser trabalhado conforme a sua demanda. Esse
processo se repete até que seja atingido o número máximo de partes permitidas para cada tipo
de açúcar, haja vista que cada corte leva consigo sempre a metade da capacidade total. Por
exemplo, se o açúcar produzido é o VHP, o qual só é permitido a obtenção de quatro partes no
total, quando a alimentação após a semeadura é realizada e ocorre o primeiro corte para a
sementeira 2, significa que foi enviado um “pé de dois” para a sementeira e ficaram dois no
vácuo, este que ficou será alimentado até 400 hL e será cortado novamente, dessa vez será
enviado para a sementeira 3 um “pé de arriar”, enquanto um ficou no vácuo que será alimentado
até 400 hL, apertado (concentrado) o suficiente, em média, por uma hora e meia para ficar no
ponto de “arriar” (Figura 45) e ser então enviado para o cristalizador.
Em sequência, a massa que foi enviada à sementeira 3 será puxada para o vácuo e
passará pelo mesmo processo que a anterior até chegar na concentração ideal para ser resfriada
nos cristalizadores e posteriormente ser centrifugada. O mesmo irá acontecer com a massa
enviada à sementeira 2, que será alimentada até 400 hL e depois cortada pela metade, mandando
200 hL para a sementeira 3, enquanto será “cozinhada” até atingir a concentração ideal e ser
“arriada”. Finalmente, a massa enviada à sementeira 3 também será puxada para o vácuo,
alimentada até 400 hL, apertada por uma hora e meia, mais ou menos, até seguir o destino das
anteriores: ser “arriada” para os cristalizadores a resfriarem e ela ser enviada às centrífugas.
62
4.7.3. Centrifugação
Após sair dos cristalizadores, a massa cozida resfriada segue para o setor de
centrifugação da usina, onde é descarregada nas centrífugas. Estas são máquinas construídas
por um cesto perfurado, fixado a um eixo e é acionada por um motor que funciona a 1500 rpm,
tanto para as centrífugas em batelada quanto as contínuas. A ação da força centrífuga faz com
que o mel envolto dos cristais de açúcar atravesse as perfurações da tela do cesto, ficando
retidos, em seu interior, somente os cristais. O processo se completa pela lavagem do açúcar
com água e vapor, ainda no interior do cesto. O mel removido anteriormente é coletado em um
tanque e retorna aos cozedores para a recuperação do açúcar dissolvido ainda presente, até que
atinja um maior esgotamento do mesmo. A partir deste ponto o mel passa a ser denominado
mel final ou melaço e é enviado para a fabricação de álcool (SANTOS, 2021).
Na época em que o estágio foi realizado, a Usina Marituba possuía cinco centrífugas em
batelada e quatro centrífugas contínuas. Estas recebem a massa C juntamente com água quente
para realizarem a centrifugação continuamente, como o próprio nome sugere, isto é, a todo
momento as centrífugas contínuas (Figura 47) recebem massa de 3ª juntamente com água
quente na parte superior, realizam seu ciclo de forma ininterrupta e obtém-se ao final o açúcar
de 3ª que é misturado com água fria na parte inferior da centrífuga e enviado para a sementeira
de magma e será utilizado no processo de cozimento.
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ser utilizado no cozimento. Aquele é o mel obtido com a lavagem com água quente dos cristais
de açúcar após a separação principal e também é coletado e enviado para a caixa de mel rico e
será utilizado no cozimento de acordo com a necessidade do processo mencionado.
Após esse tempo ele sobe o descarregador e aciona o sensor de repouso para dar
continuidade no processo. E para finalizar, o sensor de cone fechado é acionado quando a
centrifugação começa e o de cone aberto quando a descarga irá começar. É importante ressaltar
que ambos dependem da paleta que está dentro do cesto da centrífuga, dessa forma quando o
açúcar encosta nela, ela fecha a alimentação, abrindo somente quando o açúcar desencosta, tal
fato acontece somente no fim do ciclo.
Além disso, ela também conta com sensores de balanço e vibração, para casos de
emergência, fazendo com que ela automaticamente acione o freio superior para pará-la
(desarmá-la), evitando assim um acidente e garantindo a segurança dos operadores, na Figura
50 está assinalado os principais sensores da centrífuga em batelada.
66
O ciclo de uma centrífuga começa com a lavagem do cesto, para poder iniciar a
alimentação de acordo com o sensor. Posteriormente, ocorre a lavagem do tubo de alimentação
da turbina e então a separação para retirar o mel pobre começa, por meio da aceleração do cesto
de aproximadamente 1500 rpm. Após finalizar a separação do mel pobre, o açúcar é lavado e
então tira-se o mel rico. Para finalizar o ciclo, seca-se o açúcar para retirar a água que restar
com vapor e começa a descarga para o açúcar ser encaminhado ao secador. A temperatura da
água usada na lavagem é, majoritariamente, proveniente das caixas de evaporação e possui uma
temperatura de 90°C. Cada uma dessas etapas possui um tempo determinado para acontecer,
contados em segundos, quanto maior for o tempo de duração do ciclo mais seco o açúcar tenderá
a sair, o contrário também acontece: quanto menor for, mais úmido poderá sair e esse é
justamente o motivo pelo qual o açúcar demerara tem um ciclo menor, haja vista que está de
acordo com suas especificações de umidade para comercialização, diferentemente do açúcar
VHP, que necessita ser menos úmido para que esteja de acordo com suas especificações para
comercialização.
4.7.4. Secagem
secador, fazendo com que o açúcar assim que secar possa ser armazenado em sacos de 50 Kg
ou 1000 Kg chamados de Big Bag (Figura 52) ou diretamente no caminhão de transporte de
açúcar, utilizado geralmente para importação (Figura 53).
Entretanto, quando a produção de açúcar está alta, os Bag’s são armazenados nos pátios
externos (Figura 55). Para esse armazenamento fazem-se necessários maiores cuidados a fim
de evitar que transformações indesejadas aconteçam, tais como a diluição, empedramento ou
mesmo o escurecimento do açúcar, fazendo com que saia das especificações para
comercialização.
Dessa forma, todo o açúcar armazenado nos Big Bag’s é transferido para os caminhões
que o transportarão para seu destino final, tal como é mostrado na Figura 56. Este procedimento
é realizado onde os Bag’s estão armazenados, desta forma, tanto pode acontecer dentro do
armazém de açúcar quanto no pátio externo.
Para realizar a pesagem, o motorista sempre deve descer do caminhão de modo que
somente o produto seja pesado e mediante sua identificação e o conhecimento prévio de seus
dados, tais como a placa, o tipo de veículo, a safra, o produto transportado, o destino e o peso
de tara, é possível determinar com precisão o peso líquido do produto, que neste caso, é o
açúcar.
O controle de qualidade tem como objetivo principal verificar e analisar cada etapa da
produção de açúcar e etanol. De maneira específica, na Usina Marituba, o setor responsável
pela realização de todas as análises de qualidade do que é produzido na usina desde a entrada
de cana (como mencionado anteriormente) até a produção final dos principais produtos, é o
Laboratório Industrial. Durante o período do estágio (safra 2020/21) o mesmo era dividido,
principalmente, em um laboratório de microbiologia e seis bancadas, denominadas da seguinte
maneira: bancada de sacarose (laboratório PCTS), bancada de açúcar, bancada de álcool,
bancada de caldos e méis, bancada de água e bancada geral, dispersos e organizados de acordo
com os produtos, os subprodutos e os insumos industriais necessários para a produção.
5. CONCLUSÃO
Em vista disso, afirmo com grande convicção que o meu estágio realizado na Usina
Marituba foi de insigne importância para meu curso técnico, tendo em vista que foi possível
vivenciar intensamente o cotidiano de uma indústria produtora de açúcar, etanol e energia
elétrica, tanto por presenciar seus problemas e mecanismos para encontrar soluções eficazes
que aumentem e melhorem cada vez mais os seus produtos e a qualidade dos mesmos, como
também por ter contato diretamente com os operadores das máquinas e equipamentos e todos
os funcionários do setor de produção industrial, que, conjuntamente com bastante empenho,
compreenderam a minha situação de estudante e estagiária, e, assim explicavam, de maneira
simples e clara, todo o conhecimento que eles tinham diante dos processos adquiridos com suas
experiências ao longo dos anos de trabalho e, por outro lado, o conhecimento mais aprofundado
sobre os processos foi obtido no convívio com os coordenadores de cada área, que, com
paciência, explicaram detalhadamente de maneira técnica e incrementada todas as reações que
ocorriam desde o segmento macro ao micro.
Por fim, após finalizar esse período que vivenciei, posso garantir que ele foi
significativamente inesquecível, pois, acima de todos os meus conhecimentos profissionais que
pude ampliar e aprofundar, levo como aprendizado do meu estágio um grande crescimento e
desenvolvimento pessoal, a superação de medos e inseguranças, o aperfeiçoamento da minha
habilidade de comunicação e trabalho em equipe com pessoas de diferentes meios, a rede de
contatos que formei e todas as amizades estremes que fiz, e, o ponto crucial para ter este efeito
bem sucedido foi a atenção, a disposição em aprender, a harmonia e a boa convivência mútua.
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REFERÊNCIAS