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Diretrizes Benzodiazepínicos
Diretrizes Benzodiazepínicos
Tratamento
Abuso e Dependência
da Fase Aguda
dos
do AcidenteBenzodiazepínicos
Vascular Cerebral
Associação
Academia Brasileira de Neurologia
Psiquiatria
Elaboração Final: 13
24 de Fevereiro
Julho de 2001
de 2008
Autoria: Nastasy
GagliardiH,RJ,
Ribeiro
RaffinM,
CN,Marques
Fábio SRC
ACPR
Grupo Assessor: Bacellar
Colaboradores: LaranjeiraA,R.-
Longo
coordenador.
AL, MassaroAlves
AR,HNP,
Moro
Araújo
CHC, MR,
André C,
Baltieri DA,
Nóvak
Bernardo
EM, Dias-Tosta
WM, Castro E, LAGP,
Yamamoto
Karniol
FI, IG,
Damiani IT, Maciel
Kerr-Corrêa F, Nicastri
Jr JA,
S, Fernandes
Nobre MRC, JG,Oliveira
Vega MG,RA,
FukujimaM,
Romano MM,Seibel
Lanna
SD,MA,
SilvaOliveira
CJ. RMC, Melo-
Souza SE, Novis SAP, Tognola WA
1
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
OBJETIVO:
Auxiliar o médico que faz atendimento geral, ou primário, a reconhecer,
orientar, tratar ou encaminhar ao serviço especializado o usuário com
potencial de desenvolver, ou que já apresenta, abuso ou dependência
de benzodiazepínico.
PROCEDIMENTOS:
• Reconhecimento das características farmacológicas;
• Cuidados clínicos com o uso do medicamento;
• Diagnóstico da síndrome de abstinência;
• Tratamento da dependência.
INTRODUÇÃO
LIPOSSOLUBILIDADE
Tabela 1
Intermediária
Clordiazepóxido 10-29 93 15 – 100 25mg
Clonazepam 19-42 1–3 2mg
Diazepam 14-61 98 4 – 40 10mg
Nitrazepam 16 - 48 5 – 10 10mg
Quadro 1
Quadro 2
os quais os benzodiazepínicos foram prescritos, dade, podendo durar alguns meses. A retira-
numa intensidade significativamente maior. da gradual e um acompanhamento psicoló-
Ocorrem dentro de poucos dias após a retirada gico mais freqüente e prolongado colaboram
dos benzodiazepínicos e permanecem por vários no alívio destes sintomas 10(D).
dias14(D).
TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DOS
Numa pequena minoria pode ocorrer o BENZODIAZEPÍNICOS
que se chama de síndrome de abstinência
protraída ou pós-abstinência. Os sintomas são Não se justifica o uso de benzodiaze-
similares aos da retirada dos benzodiaze- pínicos por longos períodos, exceto em situa-
pínicos, porém em menor número e intensi- ções especiais 15(D). Apesar do desconforto
Quadro 3
inicial, devido à presença da síndrome de abs- escrito, com desenhos dos comprimidos e da-
tinência, pacientes que conseguem ficar li- tas subseqüentes de redução.
vres de benzodiazepínicos por pelo menos
cinco semanas apresentam redução nas me- SUBSTITUIÇÃO POR BENZODIAZEPÍNICOS DE
didas de ansiedade e melhora na qualidade MEIA-VIDA LONGA
de vida 16(B).
Pacientes que não conseguem concluir o
Não se deve esperar que o paciente plano de redução gradual podem se benefi-
preencha todos os critérios da síndrome de ciar da troca para um agente de meia-vida
dependência para começar a retirada, uma mais longa, como o diazepam ou clona-
vez que o quadro típico de dependência quí- zepam 19(D). Comparado a outros benzo-
mica – com marcada tolerância, diazepínicos e barbituratos, o diazepam mos-
escalonamento de doses e comportamento de trou ser a droga de escolha para tratar pa-
busca pronunciado - não ocorre na maioria cientes com dependência, por ser rapidamen-
dos usuários de benzodiazepínicos, a não ser te absorvido e por ter um metabólito de lon-
naqueles que usam altas dosagens. É impor- ga duração – o desmetildiazepam – o que o
tante salientar que mesmo doses terapêuti- torna a droga ideal para o esquema de redu-
cas podem levar à dependência 17(D). ção gradual, pois apresenta uma redução mais
suave nos níveis sangüíneos 20(D).
A RETIRADA DOS BENZODIAZEPÍNICOS
MEDIDAS NÃO-FARMACOLÓGICAS
A melhor técnica e a mais amplamente re-
conhecida como a mais efetiva é a retirada gra- O tratamento da dependência dos benzo-
dual da medicação18(D), sendo recomendada diazepínicos envolve uma série de medidas
mesmo para pacientes que usam doses terapêu- não-farmacológicas e de princípios de atendi-
ticas. Além das vantagens relacionadas ao me- mento que podem aumentar a capacidade de
nor índice de sintomas e maior possibilidade de lidar com a SAB e manter-se sem os benzo-
sucesso, essa técnica é facilmente exeqüível e de diazepínicos.
baixo custo.
O melhor local para tratamento é o
Alguns médicos preferem reduzir um ambulatorial, pois leva o maior engajamento do
quarto da dose por semana. Já outros nego- paciente e possibilita que, tanto mudanças
ciam com o paciente um prazo. Este gira farmacológicas quanto psicológicas, possam
em torno de 6 a 8 semanas 19(D). Os 50% ocorrer ao mesmo tempo.
iniciais da retirada são mais fáceis e plausí-
veis de serem concluídos nas primeiras duas Suporte psicológico deve ser oferecido e man-
semanas, ao passo que o restante da medica- tido tanto durante quanto após a redução da dose,
ção pode requerer um tempo maior para a incluindo informações sobre os benzodiazepínicos,
retirada satisfatória. É de grande valia ofe- reasseguramento, promoção de medidas não-far-
recer esquemas de redução das doses por macológicas para lidar com a ansiedade.
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