Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
vidas.
Alguns são hábitos de uma natureza desejável; alguns são da mais indesejável
natureza. Alguns, embora não tão ruins por si só, são excessivamente ruins em seus
efeitos cumulativos e nos causam por vezes muita perda, muita dor e angústia,
enquanto seus opostos, contrariamente, nos trariam muita paz e alegria bem como
uma energia continuamente crescente.
Será que temos o poder de determinar a todo tempo quais tipos de hábitos
devem tomar forma em nossas vidas? Em outras palavras, a formação de hábitos e a
construção do caráter são uma questão de mero acaso, ou nós temos controle sobre
isso? Nós temos, inteira e absolutamente. “Eu serei o que eu serei”, pode e deveria
ser dito por cada alma humana.
Uma vez que isso tenha sido dito com bravura e determinação, e não apenas
dito, mas totalmente compreendido interiormente, algo ainda permanece. Algo
precisa ser dito a respeito da grande lei subjacente à formação do hábito e à
construção do caráter; pois existe um método simples, natural e totalmente científico
que todos deveriam conhecer.
Aqui, façamos referência àquela lei da mente, que é a mesma que a lei em
Conexão com o Arco Reflexo do corpo, a lei que determina que sempre que alguém
faz uma determinada coisa de determinada maneira é mais fácil fazer a mesma coisa
da próxima vez, e ainda mais fácil repetir o procedimento do mesmo jeito na próxima
e na próxima e na próxima, até que, com o passar do tempo, isso venha a acontecer
sem esforço, ou sem qualquer esforço que se mereça mencionar; mas do contrário,
requereria o esforço. A mente carrega em si o poder que perpetua seu próprio tipo
de pensamento, da mesma forma que o corpo carrega consigo por meio do Arco
Reflexo o poder que perpetua e mantém cada vez mais fáceis seus próprios atos
particulares. Portanto, um simples esforço para controlar os próprios pensamentos,
um simples ajuste destes, ainda que a princípio não obtenha o resultado desejado, e
mesmo que por algum tempo o fracasso pareça ser o único resultado, com o passar
do tempo, mais cedo ou mais tarde, trará o pensamento a um ponto de controle fácil,
pleno e completo.
Vamos agora dar atenção a uns dois ou três casos concretos? Eis aqui um
homem, caixa de um grande estabelecimento mercantil ou de um banco. Em seu
jornal matinal, ele lê sobre um homem que ficou rico de repente, fazendo uma
fortuna de meio milhão ou um milhão de dólares em poucas horas por meio de
especulações no mercado de ações. Talvez ele tenha visto o relato de outro homem
que fez praticamente a mesma coisa recentemente. Entretanto, ele não é sensato o
suficiente para compreender o fato de que embora ele esteja lendo sobre um ou dois
casos desse tipo bem-sucedidos, caso examinasse o assunto com atenção, ele poderia
encontrar cem ou duzentos casos de homens que perderam tudo o que tinham da
mesma maneira. Contudo, ele pensa que será um dos sortudos. Ele não se apercebe
plenamente que não há atalhos para se alcançar a riqueza honestamente. Ele pega
parte de suas economias e, como acontece em praticamente todos os casos desse tipo,
perde tudo o que investiu. Pensa, então, entender o motivo de ter perdido em
primeiro lugar e que, se tivesse mais dinheiro, ele poderia obter de volta o que
perdeu, e ainda, talvez, ganhar um belo adicional, e, para encurtar, lhe vem o
pensamento de usar alguns dos fundos de que está encarregado. Em nove casos de
dez, se não em dez casos de cada dez, os resultados que inevitavelmente se seguem
são conhecidos o suficiente para tornar desnecessário que eu continue a contá-lo.
Vamos para o próximo caso? Um caso banal, talvez, mas em que podemos ver
como o hábito é formado e também como o mesmo hábito pode ser desfigurado. Aqui
está um jovem, ele pode ser filho de pais pobres, ou pode ser filho de pais ricos;
alguém de uma classe popular ou alguém de alta posição social, o que quer que isso
signifique. Ele tem um bom coração, geralmente tem bons impulsos... é um bom
sujeito. Ele saiu com alguns companheiros, companheiros do mesmo tipo geral dele,
Eles saíram para ter uma noite agradável, para se divertir, mas, às vezes, eles tendem
a ser imprudentes, descuidados mesmo. A sugestão vem de um deles, não que fiquem
bêbados, não, de jeito nenhum; mas apenas que fossem beber algo juntos. O jovem
que mencionamos no início, querendo ser cordial, mal deu ouvidos à sugestão que
veio à sua consciência interior, de que para ele seria melhor não concordar com os
outros nisso. Ele não parou por tempo suficiente para perceber o fato de que a maior
força e nobreza de caráter está sempre em tomar uma posição firme pelo que é certo,
e não permitir ser influenciado por nada que enfraqueça essa posição. Ele foi, então,
tomar um drink com seus parceiros. Com os mesmos ou com outros colegas, isso se
repete de vez em quando; e a cada vez que se repete, seu poder de dizer "não" diminui
um pouco mais. Assim, ele passa a gostar um pouco de substâncias tóxicas e as
consome sozinho de vez em quando. Ele não sonha nem se dá conta do gosto que
está alimentando, até que chega um dia em que cai em si e percebe que não tem o
poder ou a vontade de resistir ao sabor que gradualmente cresceu e tomou a forma
de desejo por tais substâncias. Pensando, no entanto, que será capaz de parar quando
realmente estiver em perigo de adquirir o hábito da bebida, ele continua
irrefletidamente e sem cuidado. Passaremos pelas várias etapas intermediárias e
chegaremos ao momento em que o encontraremos um bêbado convicto. É
simplesmente a mesma velha história contada mil ou até um milhão de vezes.
Cabe aqui comentar sobre uma grande lei que podemos chamar de "lei da
indiretividade". Um pensamento pode ser retirado da mente com mais facilidade e
sucesso, não ao se insistir nele, nem ao se tentar eliminá-lo diretamente, mas pondo-
se a mente em algum outro objeto, introduzindo-se algum outro pensamento na
mente. Este pode ser, por exemplo, o ideal de autodomínio pleno e perfeito ou pode
ser algo de natureza inteiramente distinta do pensamento que se apresenta, algo ao
qual a mente se dirige fácil e naturalmente. Com o tempo, isso se tornará o
pensamento cativante da mente, e o perigo já terá passado. Esse mesmo curso de
ação repetido gradualmente aumentará o poder de afastar mais prontamente da
mente o pensamento da bebida, conforme ele se apresenta, e aumentará
gradativamente o poder de colocar na mente os pensamentos que mais desejamos.
O resultado será que, com o passar do tempo, o pensamento de bebida se apresentará
cada vez menos e, quando se apresentar, poderá ser eliminado da mente com mais
facilidade a cada vez que se segue, até que chegue o momento em que possa ser
eliminado sem dificuldade e, eventualmente, chegará o tempo em que o pensamento
não mais entrará na mente.
Mais outro caso: você pode ser, naturalmente, de uma natureza mais ou
menos irritável, talvez facilmente provocado à ira. Alguém diz ou faz algo de que você
não gosta e seu primeiro impulso é mostrar ressentimento e, possivelmente, ceder à
raiva. Na medida em que você permite que esse ressentimento se manifeste, que você
se permite ceder à raiva, nesse ponto se tornará mais fácil repetir o comportamento
diante de qualquer motivo que se apresentar, por menor que seja. Além disso, ficará
cada vez mais difícil de você se abster disso, até que o ressentimento, a raiva e,
possivelmente, o ódio e a vingança se tornem características de sua natureza,
roubando-lhe o brilho do sol, seu encanto e seu brilho para todos com quem você
venha a ter contato.
Não há nada mais verdadeiro no tocante à vida humana do que o fato de que
crescemos à semelhança daquilo que contemplamos. Literalmente, cientificamente
e necessariamente verdadeiro é que “como um homem pensa em seu coração, assim
ele é.” O termo “é” representa seu caráter. Seu caráter é a soma total de seus hábitos.
Seus hábitos foram formados por seus atos conscientes; mas todo ato consciente é,
como descobrimos, precedido por um pensamento. E assim temos: pensamento de
um lado, caráter, vida e destino do outro. E torna-se simples quando temos em mente
que é simplesmente o pensamento do momento presente, e do momento seguinte
quando este acontece, e então o próximo, e assim por diante, durante todo o tempo.
Pode-se, dessa forma, atingir quaisquer ideais que se deseje. Duas etapas são
necessárias: primeiro, com o passar dos dias, conceber os próprios ideais; e,
segundo, segui-los continuamente, não importa o que aconteça ou onde o conduzam.
Lembre-se sempre de que um caráter grande e forte é aquele que está sempre pronto
a sacrificar o presente prazer pelo bem futuro. Aquele, portanto, que seguir seus
ideais mais elevados conforme eles se lhe apresentam dia após dia, ano após ano,
descobrirá que, assim como Dante, seguindo sua amada de mundo em mundo,
finalmente a encontrou nas portas do Paraíso, assim ele se encontrará
eventualmente nos mesmos portões.
Não existimos, podemos dizer, para viver um mero prazer passageiro, mas
para o mais alto desenvolvimento que possamos atingir, para o mais nobre caráter
que se possa cultivar e para o maior serviço que se possa prestar a toda a
humanidade. Nisto, entretanto, encontraremos o maior prazer, pois nele reside o
único prazer real. Aquele que buscar o prazer em quaisquer atalhos, ou trilhando
outros caminhos, inevitavelmente descobrirá que seu último estado é sempre pior
do que o primeiro; e se ele prosseguir por caminhos diferentes desses, descobrirá
que nunca encontrará prazer real e duradouro.
Para ser claro, mesmo correndo o risco de me expor, afirmo que várias vezes
surgiram na minha vida circunstâncias e condições das quais eu teria fugido com
prazer na época — condições que me causaram humilhação, vergonha e angústia de
espírito na época. Mas, invariavelmente, com o passar do tempo devido, eu — ou
qualquer outra pessoa, diga-se de passagem — fui capaz de olhar para trás e ver
claramente o papel que cada experiência do tipo que acabei de mencionar
desempenhou em minha vida. Eu vi as lições que eram essenciais que eu aprendesse;
e o resultado é que agora eu não retiraria nenhuma dessas experiências de minha
vida, humilhantes e difíceis de suportar como foram na época; não, não para o
mundo. E aqui está também uma lição que aprendi: quaisquer que sejam as
condições em minha vida hoje que não sejam as mais fáceis e agradáveis, e quaisquer
que sejam as condições desse tipo que todos os tempos que virão possam trazer, eu
as tomarei como elas vierem, sem reclamar, sem depressão, e as enfrentarei da
maneira mais sábia possível; saber que são as melhores condições possíveis que
poderiam estar na minha vida naquele momento, ou do contrário não estariam;
percebendo o fato de que, embora eu possa não ver no momento por que eles estão
em minha vida, embora eu possa não ver exatamente o papel que eles têm a
desempenhar, a hora chegará, e quando chegar eu verei tudo, e agradecerei a Deus
por cada condição assim como ela veio.
Cada um está tão apto a pensar que suas próprias condições, suas próprias
provações ou problemas ou tristezas, ou suas próprias lutas, conforme o caso, são
maiores do que as da grande maioria da humanidade, ou possivelmente maiores do
que as de qualquer outra pessoa no mundo. Ele se esquece de que cada um tem suas
próprias provações, problemas ou tristezas peculiares a suportar, ou lutas em hábitos
a superar, e que o seu é apenas o destino comum de toda a raça humana. Estamos
propensos a errar nisso — no fato de que vemos e sentimos intensamente nossas
próprias provações, ou condições adversas, ou características a serem superadas,
enquanto as dos outros não vemos tão claramente e, portanto, somos capazes de
pensar que elas absolutamente não são iguais às nossas. Cada um tem seus próprios
problemas para resolver.
Se trabalharmos em harmonia com ela, ela cooperará para o nosso bem maior
e nos levará aonde quisermos. Se nos opusermos, se resistirmos, se deixarmos de
trabalhar em harmonia com ela, ela acabará nos quebrando em pedaços. A lei é
imutável em seu funcionamento. Vá com ela, e ela trará todas as coisas em nosso
caminho; resista a ela, e isso trará sofrimento, dor, perda e desolação.
Para alguém ter tempo de ver claramente as coisas que alcançaria, e então
manter esse ideal firme e continuamente diante de sua mente, nunca permitindo que
a fé — suas forças de pensamento positivo — ceda ou seja neutralizada por dúvidas e
medos, e então começar a fazer a cada dia o que suas mãos encontram para fazer,
nunca reclamando, mas gastando o tempo que gastaria reclamando para concentrar
suas forças de pensamento no ideal que sua mente construiu, mais cedo ou mais
tarde trará a plena materialização daquilo a que se propõe. Existem aqueles que,
quando começam a compreender o fato de que existe o que podemos chamar de
"ciência do pensamento", que, quando começam a perceber que por meio da
instrumentalidade de nossas forças mentais interiores, espirituais, temos o poder de
moldar gradualmente as condições de vida cotidianas como as gostaríamos, em seu
entusiasmo inicial não são capazes de ver os resultados tão rapidamente quanto
esperam e tendem a pensar, portanto, que afinal não essas verdades que acabaram
de tomar conhecimento não são tudo o que achavam. Eles devem se lembrar,
entretanto, que ao se esforçar para superar um antigo hábito ou para cultivar um
novo hábito, não se pode fazer tudo de uma vez.
E por que isso? Por acaso? De jeito nenhum. Pessoalmente, não acredito que
exista algo como o acaso em toda a vida humana, nem mesmo no mundo ou no
grande universo em que vivemos. A única grande lei de causa e efeito é absoluta; e o
efeito é sempre semelhante à sua própria causa peculiar, embora possamos às vezes
ter que voltar muito mais longe do que estamos acostumados a fim de encontrar a
causa, o pai deste ou daquele efeito, ou condição atualizada, embora não
necessariamente ou permanentemente atualizada.
Por que, então, a grande diferença entre os dois tipos de idosos? Um evita
preocupações, temores, irritações e imaginações infundadas, enquanto o outro
parece cultivá-los com carinho para se entregar especialmente a eles. E por que isso?
Em um determinado momento da vida, diferindo um pouco entre os
temperamentos, estados mentais de longa data, hábitos e características começam a
se destacar e vir à superfície, por assim dizer. Os pensamentos e estados mentais
predominantes passam a “se mostrar” em qualidades e características atualizadas
como nunca antes, e ninguém está imune.
No caminho que leva ao pomar está uma árvore. Por anos, ela cultivou apenas
“frutas naturais”. Não faz muito tempo que foi enxertada. A primavera veio e se foi.
Metade da árvore estava em flor e a outra metade também. As flores em cada parte
não puderam ser distinguidas pelo observador casual. As flores foram seguidas por
frutos jovens que abundam em toda a árvore. Há apenas uma pequena diferença nela
e em seus frutos agora; mas algumas semanas mais tarde, a diferença na forma, no
tamanho, na cor, no sabor, em manter as qualidades, será tão marcada que ninguém
poderá deixar de distingui-los ou ter dificuldade em escolher entre eles. O primeiro
será uma maçã pequena, um tanto dura e retorcida, azeda, verde-amarelada, que
durará apenas algumas semanas no outono. A outra será uma maçã grande,
delicadamente saborosa, suave, de cor vermelha profunda, e permanecerá até que a
árvore que a gerou florescer novamente.
Mas por que esse incidente no jardim da natureza? Isto. Até um certo período
no crescimento do fruto, embora as qualidades interiores, formadoras das maçãs,
fossem ligeiramente diferentes desde o início, pouco havia que as distinguisse. Em
certo período de seu crescimento, entretanto, suas diferentes qualidades interiores
começaram a exteriorizar-se tão rápida e marcadamente que os dois frutos se
tornaram de um tipo tão diferente que, como vimos, ninguém hesitaria ao escolher
entre eles. E, conhecendo uma vez a alma, a formação, as qualidades determinantes
de cada uma, podemos, então, dizer de antemão com uma certeza absolutamente
absoluta o que será o produto exteriorizado de cada porção da árvore.
Não é mau para cada um desde cedo introduzir um pouco de “filosofia” na sua
vida. Será de grande ajuda à medida que se avança na vida; muitas vezes será uma
fonte de grande conforto, bem como de força, nos momentos de provação e na vida
adulta. Podemos até, ainda que com tato, zombar de quem tem sua dose de filosofia,
mas, a menos que tenhamos algo semelhante, chegará o tempo em que a própria
falta dela se virará contra nós. Pode ser que às vezes, embora não necessariamente,
aquele que a possui nem sempre seja tão bem-sucedido nos negócios quando se trata
de um sucesso puramente financeiro ou comercial, mas suprirá, muitas vezes, algo
muito real na vida, algo de que aquele que tem o dinheiro ou o sucesso nos negócios
está faminto, embora este último não saiba o que realmente lhe falta e que, ainda
que tenha todo o dinheiro do mundo, não seria suficiente para comprá-la.
É melhor encontrar o nosso cerne cedo, mas se não o conseguir, então tarde.
Entretanto, seja cedo ou tarde, o que precisamos é encontrá-lo. Enquanto estamos
vivos, o essencial é desempenhar nossa função bem e com coragem, e manter o nosso
interesse ativo em todas as suas variáveis fases, da mesma forma que é sempre bom
que nos adaptemos às condições mutáveis. É pelos ventos do céu, que sopram
continuamente e a mantém em constante movimento que a água numa piscina ou
riacho se mantém doce e límpida; caso contrário, ficaria estagnada e coberta de lodo.
Se gostamos ou não de nós mesmos, e como os outros nos percebem – cativantes ou
não –, a causa disso está em nós mesmos; isso é válido para todas as idades, e é bom
que nós, jovens ou velhos, o reconheçamos. É bom, em igualdade de condições, nos
adaptarmos aos que estão ao nosso redor, mas não é muito justo que os velhos achem
que toda a adaptação deva ser por parte dos jovens, sem obrigação semelhante da
parte deles. Muitas vezes, a velhice perde muito de sua atratividade por causa de uma
noção peculiar desse tipo. O princípio da reciprocidade deve ser válido em todas as
idades da vida e, seja qual for a idade, se deixarmos de observá-lo, isso sempre
resultará, mais cedo ou mais tarde, em nossa própria ruína.
Na minha opinião, estamos aqui para uma divina auto realização por meio da
experiência. Progredimos na medida em que manipulamos sabiamente todas as
coisas que entram em nossas vidas e que perfazem a soma total da experiência de
vida de cada um. Sejamos corajosos e fortes diante de cada problema que se
apresenta e tiremos o melhor de todos. Ajudemos nas coisas que podemos ajudar e
não nos deixemos incomodar ou paralisar pelas coisas que não podemos fazer. O
grande Deus sobre tudo está observando e manipulando muito sabiamente essas
coisas, e não precisamos temer ou mesmo nos preocupar com elas.
Viver ao máximo em todas as coisas que nos dizem respeito, ajudar o próximo
o melhor possível também com esse mesmo propósito, de ajudar a corrigir os erros
que cruzam nosso caminho apontando um caminho melhor para o “transgressor” e,
assim, ajudando-o a se tornar uma potência para o bem, para permanecer com uma
natureza sempre doce, simples e humilde e, portanto, forte, para nos abrirmos
completamente e nos mantermos prontos para ser canais para que o Divino Poder
possa trabalhar por nós, nos abrirmos e manter nossas faces sempre voltadas para a
luz, amar todas as coisas e nos maravilharmos ou temermos somente o que diz
respeito aos nossos próprios erros, reconhecer o lado bom de todas as coisas,
esperando por sua expressão, tudo a seu próprio tempo e jeito bom — isso tornará
grande nosso papel na vida, e ainda que não compreendamos completamente a
“peça” verdadeiramente gloriosa, não precisaremos temer nada, nem vida nem
morte, porque a morte é vida. Aliás, ela é a rápida transição para uma vida em outra
forma; o despir-se de um casaco velho e o vestir-se de um novo; a queda da matéria
física e a ascensão da alma a um novo e melhor corpo para si mesma, melhor
adaptado à suas necessidades e arredores em um outro mundo de experiências e
crescimento e ainda maior auto realização divina. Uma saída com tudo o que se
ganhou da natureza neste mundo, mas sem quaisquer bens materiais; uma passagem
não da luz para a escuridão, mas da luz para a luz; uma retomada da vida em uma
outra, bem de onde a deixamos aqui; uma experiência a ser não evitada ou temida,
mas benvinda quando nos sobrevém em seu próprio tempo e modo bons.
Toda vida vem de dentro para fora. Isto é algo que não pode ser repetido muito
frequentemente. As primaveras da vida vêm todas de dentro. Sendo isso verdade,
seria bom que concedêssemos mais tempo à vida interior do que costumamos dar,
especialmente neste mundo Ocidental.
Isso identifica a religião com cada ação e cada momento da vida diária. Aquilo
que não se identifica com cada momento da vida diária e com cada ato da vida é
religião só no nome e não de fato. Essa consciência de Deus na alma do homem é a
única coisa ensinada uniformemente por todos os profetas, por todos os inspirados,
por todos os videntes e místicos da história do mundo, em qualquer tempo, qualquer
lugar, qualquer religião, quaisquer que sejam as pequenas diferenças que possamos
encontrar em suas vidas e ensinamentos. Nisso, todos eles concordam; na verdade,
essa é a essência de seus ensinamentos, assim como tem sido também o segredo de
sua força e o segredo de toda a sua duradoura influência.
Isso significa você; significa eu; significa cada alma humana. Quando
percebemos totalmente esse fato, vemos que a hereditariedade é uma cana que se
quebra facilmente. A vida de cada um está em suas próprias mãos e cada um pode
fazer no caráter, na realização, no poder, na auto realização divina e, portanto, na
influência, exatamente o que quiser. Todas as coisas com que ele mais ternamente
sonha são suas, ou podem tornar-se se ele for realmente sério; e à medida que ele se
eleva mais e mais ao seu ideal e cresce na força e influência de seu caráter, ele se
torna um exemplo e uma inspiração para todos com quem entra em contato; de
modo que por meio dele os fracos e vacilantes são encorajados e fortalecidos; de
modo que aqueles de ideais inferiores e de um tipo de vida inferior instintiva e
inevitavelmente têm seus ideais elevados, e ninguém tem seus ideais elevados sem
que isso se manifeste em sua vida exterior. À medida que avança em dominar e
compreender o poder e potência das forças do pensamento, ele descobre que muitas
vezes, por meio do processo de sugestão mental, pode ser de grande ajuda para
alguém que está fraco e lutando, enviando-o de vez em quando o pensamento mais
elevado e mantendo-o continuamente nele, no pensamento da maior força,
sabedoria e amor. O poder da “sugestão”, sugestão mental, é aquele que tem
tremendas possibilidades para o bem, se apenas o estudarmos cuidadosamente,
compreendermos completamente e usarmos corretamente.
Aquele que leva tempo suficiente na quietude mental para formar seus ideais,
tempo suficiente para fazer e manter continuamente sua conexão consciente com o
Infinito, com a vida e as forças Divinas, é aquele que está mais bem adaptado à vida
árdua. Ele é quem pode sair e lidar, com sagacidade e poder, com quaisquer questões
que possam surgir nos assuntos da vida cotidiana. Ele é quem está construindo, não
pelos anos, mas pelos séculos; não para o tempo, mas para as eternidades. E ele pode
sair sem saber para onde vai, sabendo que a vida divina dentro dele nunca o deixará,
mas o guiará até que ele veja o Pai face a face.
Ele está construindo ao longo dos séculos porque somente o que é mais
elevado, o mais verdadeiro, o mais nobre e o melhor suportará o teste dos séculos.
Ele está construindo para a eternidade, porque quando a transição que chamamos
de morte ocorrer, ele terá vida, caráter, autodomínio, auto realização divina — as
únicas coisas que a alma, quando despojada de tudo o mais, leva consigo — em
abundância, em vida; ou quando o tempo da transição para outra forma de vida
chegar, ele jamais sentirá medo, jamais temerá, porque ele sabe e percebe que por
trás dele, dentro dele e além dele, estão a sabedoria e o amor infinitos; e nisso ele
está eternamente centrado e disso nunca pode ser separado.