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Luciano Elia2
Acredito que nunca esgotaremos os dizeres sobre o inconsciente, como este que propus no
título. Não chegará o dia em que teremos dito de uma vez por todas o que já sabemos
sobre isso, porque é próprio disso que um dia nos capturou – a psicanálise – que nunca
saibamos o suficiente. Duas consequências decorrem dessa constatação, logicamente:
Essas considerações feitas aqui a título de preâmbulo já vão, contudo, ao cerne do que
quero trazer nesta jornada que encerra o ciclo dos eventos online do Laço, e celebra,
fechando-o, o fim da pandemia da COVID-19. Como disse Matheus na comemoração dos
5 anos do CAPS Neusa Santos Souza, “o SUS venceu a pandemia, o negacionismo, a anti-
ciência, o fascismo”.
1
Trabalho apresentado na XXIII Jornada Intersedes do Laço Analítico/Escola de Psicanálise, com tema
Variantes da clínica psicanalítica hoje, realizada no dia 20 de novembro de 2021 pela Plataforma Zoom.
2
Psicanalista, membro do Laço Analítico/Escola de Psicanálise, Subsede do Rio de Janeiro.
1
Tornar-se psicanalista é suportar isso: princípios sem fim, dispositivos, lugares, atos,
manejos, diversos modos de intervenção, recusa do humanismo, abdicação de juízos de
qualquer gênero, firmeza desejante (não calorosa), desidealização, tudo isso exigindo a
completa abstinência de padrões. Esta é a invariante da práxis psicanalítica.
E suas variantes são as diversas configurações que podem decorrer desse princípio
invariante, não democrático, não facultativo, que se impõe ao psicanalista como exigência
do real imanente ao seu afazer.
PSIQUISMO/FUNÇÕES PSÍQUICAS
UNIDADE PSICOFÍSICA- INDIVÍDUO HUMANO
PSICOMOTRICIDADE
SENSO-PERCEPÇÃO
APRENDIZEGEM
PENSAMENTO
SEXUALIDADE
INTELIGÊNCIA
CONSCIÊNCIA
AFETIVIDADE
MOTIVAÇÃO
LINGUAGEM
COGNIÇÃO
MEMÓRIA
VONTADE
ATENÇÃO
EMOÇÃO
HUMOR
ORGANISMO/FUNÇÕES ORGÂNICAS
Na psicanálise, não existe o indivíduo, posto que seu primeiro ato foi o de dividir o
indivisível, o indivíduo psicofísico. Se não há indivíduos, tampouco há suas “funções”, e
assim a psicanálise dissolve o paradigma funcionalista do século XIX, que ressurge no
século XXI com toda a força, através das neurociências, da psicologia comportamental e da
psiquiatria organicista, que hoje se apresentam à sociedade, ao mundo científico e ao
Estado como se fossem A Ciência, quando na verdade são o revestimento tecno-moderno
de velharias que o século XX já se encarregou de subverter, sobretudo, mas não apenas
através do movimento estruturalista, que releu Marx (em Althusser) e Freud (em Lacan)4,
3
Cf. ELIA, L. – A Estrutura coletiva do inconsciente freudiano, Projeto apresentado ao Programa
Prociência (Convênio UERJ-FAPERJ) para o triênio 2011-2014.
4
ALTHUSSER, L. – Écrits sur la psychanalyse – Freud et Lacan, Paris, Editions Stck/IMEC, 1993.
2
associando-se ao método dialético. O mundo atual, dito “pós-moderno” (mas atenção: isso
é uma armadilha pseudo-evolucionista), é sem dialética e sem estrutura, e isso não deixa de
se inseminar no próprio discurso psicanalítico, por exemplo, nas versões millerianas de
Lacan, por exemplo, quando vemos, no dito “ultimíssimo Lacan”, a dissolução das
posições estruturais, e não apenas as inflexões, estas sim, exigíveis pelos avanços do
próprio discurso psicanalítico, pelas quais uma estrutura tão flexível quanto rigorosa como
a do inconsciente, cuja invariante determina variantes, deve passar em seus avatares.
Para que não se pense que esta crítica desconsidera os avanços lacanianos, darei alguns
exemplos, na práxis psicanalítica, dessas inflexões que me parecer ser confundidas com a
dissipação pós-moderna da estrutura e da dialética: (1) a topologia do nó borromeano e
suas consequências clínicas nas invenções que sujeito é levado a fazer ativamente em sua
análise, indo dos sintomas ao sinthoma; (2) os artefatos de lalíngua desmontando o bloco
da linguagem, que parece uno, duro e consistente mas não é, e permite uma preciosa
extensão clínica do trabalho com as muitas marcas e formas de gozo do sujeito; (3) o
declínio no pai e de sua condição de significante-marechal, o nome-do-pai, declínio que é
uma operação interna e exigível de toda análise levada a termo, mas que para alguns é uma
lastimável obra da ultra-modernidade, para outros é um atestado de que já estamos mesmo
em uma nova onda, na qual devemos surfar.
Mas, como, desde o século XX, com Freud relido por Lacan e não com Lacan des-lido por
Miller, já havíamos destruído o paradigma funcionalista da psicologia e da psiquiatria,
temos, no lugar de um indivíduo dotado de funções que ele conteria em seu “mundo
psíquico”, as velhas “faculdades mentais”, um sujeito que é, ele próprio, uma função: não
contém funções psi, mas é, ele mesmo, uma função... de quê? Da linguagem, aqui
comcebida como campo e não como função, campo do inconsciente que é estruturado de
forma homóloga à linguagem, e, em termos freudianos, do campo sexual, o campo do
desejo e da pulsão, de Eros, inconcebível em qualquer perspectiva vitalista, biótica, e
portanto só pensável de modo articulado com a pulsão de morte.
5
FREUD, S – Três ensaios sobre a teoria sexual (1905), in Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Rio de Janeiro, Imago Editora, 1969, Vol. V II.
6
Cf. LACAN, J. – Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise (1953), in Escritos, Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1998.
7
Idem - O Seminário, Livro 11 (Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise), 1964, Rio de Janeiro,
Jorge Zahar Editor, 1979, p. 143.
3
ESQUEMA DO PARADIGMA PSICANALÍTICO
Pois, como determinar que posições subjetivas deverão aparecer ou não nos nossos
dispositivos, consultórios ou não? Como circunscrever o que são e o que não são casos
para psicanálise antes de um sujeito encontrar um psicanalista? Como traçar perfis, se o
próprio conceito de perfil é forjado na ideia de um contorno classificatório que, ainda por
cima, traça uma silhueta lateral do corpo?
O sujeito deve ser olhado de frente, nunca de perfil, mas para depois ser ouvido de costas.
Mas, mesmo olhado olho-no-olho, ele não será visível, e mesmo ouvido de costas, ele não
será, como sujeito do inconsciente, audível, mas poderá, se transferência – o laço social do
inconsciente – houver, por sua fala livre dos caprichos de sua consciência seletiva, moralista
e intelectualista, fazer com que as formações do seu inconsciente atravessem, não como
palavras, mas como hiatos não falados porém ruidosos que se infiltram entre suas palavras,
indicando os caminhos de seu sintoma, de seu gozo sofrido, de seu desejo obstruído, de
seus engodos fantasísticos que visam manter tudo como está, a despeito do fato de que
tudo vai bem mal e dá errado, sem cessar.
E que sujeito poderá passar por esta experiência? Apenas o neurótico adulto, branco,
burguês e cis-gênero? Ou não-importa qual sujeito, seja de que classe social, cor e gênero
for, que “diagnóstico” vier a receber, não convindo, aliás, que receba demasiadamente um
4
diagnóstico? As variantes do trabalho psicanalítico tem a ver com a multiplicidade de
configurações das diferentes posições subjetivas que se apresentarem, que, como vimos,
por imposição real do inconsciente, não podem ser contadas, previstas ou delimitadas.
No campo das variantes da clínica, cabe aqui problematiza-las em nesse trinômio que se
tornou clássico na cultura política contemporânea: classe, raça e gênero. Que a psicanálise
não seja uma prática elitista, segundo critérios internos ao seu discurso, já é tese
demonstrada e realizada há muito tempo. Na verdade, esta é uma questão que nem deveria
mais ser colocada. O próprio Freud sustentou o não-elitismo da psicanálise nas suas
propostas e preocupações com o alcance populacional da psicanálise, e o excelente livro de
Elizabeth Danto, As clínicas públicas de Freud 8, o demonstram muito bem. Ele sabia inclusive
que a formação do psicanalista e a própria sobrevivência da psicanálise como práxis
dependia de sua saída da sua trincheira contingente e circunstancial de origem: o
consultório dito “privado”, mas que não segue em nada os parâmetros do mundo privado,
o mercado, sendo, antes, um consultório íntimo e sem mediação do Estado.
Assim, não podemos considerar variante da clínica psicanalítica aquela que se pratica fora do
consultório “privado” do psicanalista, em consultórios instalados numa favela, como
temos, há quatro anos, no coração da favela do Jacarezinho, no Rio, ou na rua, como
tivemos em Cuiabá, ambas as experiências sustentados financeiramente por nossa própria
conta, sem qualquer apoio – e portanto sem qualquer interferência – do Estado. Tão
psicanalítico, em sua estrutura, quanto qualquer consultório que mereça o atributo de
psicanalítico em qualquer bairro ou cidade do mundo. Ali, ou se pratica a psicanálise
“rigorosa e não tendenciosa”, como dizia Freud, psicanálise “sem tirar nem por”, stricto
sensu, ou é melhor desistir da empreitada. Como assinalou André Morse recentemente10, o
“valor social” é uma falácia depreciativa: ele transmite o sentido de “valor menor”, “valor
baixo”, e sabemos a importância do significante no engendramento do significado em
nossa práxis. O valor cobrado é aquele que se situa no limiar máximo que o sujeito pode
8
DANTO, E. – As clínicas públicas de Freud – Psicanálise e justiça social, São Paulo, Perspectiva, 2019.
9
LACAN, J. – A direção do tratamento e os princípios de seu poder (1958), in Escritos, Rio de Janeiro,
Jorga Zahar Editor, 1998, p. 596.
10
MORSE, A. - Psicanálise no Jacarezinho: Caminhos para a psicanálise na favela, Dissertação de
Mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em Psicanálise do Instituto de Psicologia da UERJ
em 27/09/2021.
5
despender para sua análise, e esse limiar pode ser igual a zero, o que significa que o que está
sendo pago é o valor máximo e não o mínimo.
No que diz respeito às outras categorias – raça e gênero – podemos dizer que não há nem
deveria haver variantes: não existe uma psicanálise diferenciada para negros ou indígenas,
como não pode existir uma psicanálise para a população LGBTQIA+. Verificamos, no
entanto, que existe uma forte tendência, fruto do furor identitário atual, de que um sujeito
negro, por exemplo, só possa ter como psicanalista um negro – que teria a experiência, em
sua própria carne, da condição de opressão e segregação historicamente sofrida pelo povo
negro. Deveria a população homo e transexual, igualmente, reivindicar a mesma condição
de seu psicanalista? Entendemos a importância da afirmação social do Movimento Negro e
do Movimento LGBTQIa+, e é possível que esta afirmação política precise se fazer, pelo
menos por algum tempo, de forma radical, o que implica excessos e eventualmente
equívocos discursivos.
Pois, se a psicanálise deve abrir-se ao acolhimento universal, não elitista nem especialista,
ela precisa fazer isso sem fazer concessões em princípios que lhe são essenciais, como a
desqualificação identitária do sujeito do inconsciente e a própria dessubjetivação do
psicanalista, que radicaliza ainda mais a destituição de seus atributos identirários. As
populações que sofrem opressões de várias ordens precisam, por seu lado, admitir que um
psicanalista não opera a partir de sua identidade e, mais do que isso, opera na direção
contrária às identidades tanto imaginárias quanto socialmente construídas, porquanto o
sujeito do inconsciente não é, enquanto tal, negro, mulher, homem, branco, rico, pobre, cis,
homo ou trans, culto ou inculto. A psicanálise, ao se fazer acessível a todos, nem por isso há
de ceder quanto a seus princípios constitutivos, e o próprio Freud nos adverte: “...Apraz-
me evitar fazer concessões à covardia. Não se pode saber onde esse caminho nos leva:
cede-se primeiro nas palavras e gradualmente também nas coisas”11. Se tais princípios
forem considerados colonizadores, europeus ou de algum modo identificados a uma
cultura dominante, teremos então que abandonar a própria psicanálise.
Onde então se situam as variantes que se apresentam à clínica psicanalítica hoje? No leque
em que transformamos o V de variantes em nosso belo cartaz, aparecem: violência policial,
autismo, racismo, cutting, suicídio (sobretudo na adolescência), homofobia/transfobia,
violência contra a mulher, pandemia, clínica com vulneráveis. Escolhemos como
paradigmáticas, sem querer ser exaustivos, situações de forte impacto subjetivo que tem
sido endereçadas cada vez mais aos psicanalistas em consultórios, instituições públicas
(com mediação do Estado) ou em dispositivos instalados em espaços populares (sem
mediação alguma), por conta e risco dos psicanalistas, como convém, e como deveriam ser
os consultórios do universo burguês, não popular.
Penso que essas situações são variantes justamente por exigirem – o que poderia passar por
paradoxo – que o psicanalista se mantenha em seu lugar invariável, imutável e intacto,
11
FREUD, S. – Massenpsychologie und Ich-Analyse (1921), in Studienausgabe, Frankfurt-am-Main, S.
Fischer Verlag, Band IX, p. 86. [Tradução livre do original alemão: “...Ich vermeide gern Konzessionem an
die Schwachmütigkeit. Man kann nicht wissen, wohin mana uf dieser Wege gerät; mas gibt zuerst in
Worten anch und dann allmählich auch in der Sache”].
6
justamente para dar espaço ao que varia no multidirecionamento dos ventos que agitam o
laço social contemporâneo. O psicanalista pode – e, a meu ver, deve – intervir em várias
situações sintomáticas, problemáticas e geradoras de sofrimento subjetivo no laço social
amplo, a chamada civilização.
A intervenção do psicanalista pode se dar através de seu ato clínico, sua escuta, o seu
manejo dos emaranhados transferenciais, sua palavra interpretativa e seu ato, em qualquer
estrato social e com qualquer configuração clínica do sofrimento subjetivo. Como escutar e
agir com pessoas que sofrem violência policial permanente, vivem sob pressão de ameaças,
assassinatos, chacinas? Como intervir junto a adolescentes que declaram que nada mais faz
sentido na sua vida, cortam-se e querem se matar, sem contudo apresentar sintomas
subjetivos tal como os conhecemos? Estamos tendo, nesta Jornada, a ocasião de ouvir
instigantes trabalhos de nossos colegas do Laço sobre isso. Meu propósito aqui é
intencionalmente mais amplo e ao mesmo tempo especifico, sobre as condições discursivas
das variantes de práxis estruturada por um eixo invariante.
Vou finalizar pensando no Brasil, esse país tão gracioso quanto desgraçado. Como
podemos, por um só instante, pensar no sujeito do inconsciente, na estrutura do sujeito,
sua posição entre S1 e S2, sua emergência sempre instável e muitas vezes revogável em
relação ao objeto a, suas posições de gozo, desejo, seu sintoma, sua fantasia, suas relações
erótico-agressivas, enfim, como se toda essa parafernália estrutural fosse dissociada do que
chamarei de Tragédia Social Brasileira, com as maiúsculas que lhe conferem o estatuto de
categoria que designa um real assaz contundente?
12
Como bem o demonstra o Coletivo Psicanalistas Unidos pela Democracia (PUD), fundado em outubro
de 2018 do qual fazemos parte e de cuja fundação temos a honra de ter participado. Este coletivo reúne
mais de 300 associados e instituições psicanalíticas das mais variadas orientações teóricas, que
habitualmente não dialogam entre si, em torno da luta pela democracia e por uma sociedade justa.
7
Mas a psicanálise não sustenta isso, como tampouco sustenta qualquer natureza humana
independente do meio. Então a posição da psicanálise é, como sempre, “terceira” em
relação a essa dualidade, e inédita: ela sustenta que o sujeito ultrapassa as determinações
culturais, não admitindo, assim, qualquer culturalismo, em função do furo que o inconsciente
funda no Outro, sem incorrer, no mesmo golpe, em qualquer espécie de essencialismo
metafísico?
Lacan afirma que o inconsciente é a política. Essa frase tem dado muito trabalho aos
psicanalistas lacanianos que se preocupam com o entendimento e o rigor do que está em
sua doutrina. Podemos na verdade tomar essa frase sob vários ângulos, mas vou aqui
privilegiar um: não há sujeito fora do campo do gozo, e então uma política do gozo se
impõe ao inconsciente e portanto ao trabalho do psicanalista, que consiste em analisar o
inconsciente, liberando-o dos grilhões que o acorrentam. E o gozo atravessa o espaço
social – todo sujeito é concebido, a partir da teoria dos discursos, a partir do seminário
XVI13, como efeito de laço social. Este laço é o mesmo, e ao mesmo tempo é outro, se o
tomamos no trecho da banda de Moebius que passa pelo lado de dentro ou pelo lado de
fora da banda, que estão em continuidade, sendo, na verdade, um só e mesmo lado. Não
existe antinomia entre interno e externo, individual e social, dentro e fora, no campo do
sujeito.
Assim, não existe algo como “um sujeito brasileiro”: o sujeito é sem qualidades. Mas outra
coisa é indagar em que ponto do meu campo subjetivo se localiza o gozo que atesta minha
linhagem num país colonizado como foi e é, que escravizou os africanos como o fez, que
“libertou os escravos” como o fez, que os mantém à margem dos direitos sociais e os mata,
muitos, todos os dias, que mantém uma população imensa, negra ou branca, no estado da
mais completa miséria, que ostenta uma das piores disparidades de renda do mundo, que é
líder em homicídio contra a mulher, homossexuais e transexuais, enfim, que, como seus
vizinhos da Latinoamérica, suportou ditaduras militares sanguinárias mas, diferentemente
desses vizinhos, transige quanto à memória desses crimes do Estado, anistiando ampla,
geral e irrestritamente, igualando-os, cidadãos que foram à luta armada causados pelo
desejo de justiça e Estado que os prendeu, torturou e assassinou e, last but not least, que
elege um criminoso miliciano, idólatra de torturadores, ignaro e grosseiro, odiento, inimigo
do saber, da ciência, da cultura e das artes, e portanto da sociedade e o povo, como seu
presidente da República?
Em qual inflexão de seu discurso o sujeito indicará o ponto em que o gozo de ser
brasileiro, um rebento da Tragédia Social Brasileira, o afetou, o marcou, escreveu alguma
letra em seu corpo? Penso que essa pergunta não pode ser ignorada pelo psicanalista atento
às localizações do gozo e à subjetividade de sua época.
13
LACAN, J. – De um Outro ao outro, (1968-69), Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2008.