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maneiras de receber, filtrar e reorganizar os dados da milhões de páginas escritas que, segundo ele, podem
cultura sempre subjacente aos projetos pedagógicos, revelar uma história ainda não relatada nem analisada.
para encontrar mediadores da construção da memó- A palavra disciplina, tal como se conhece hoje, é
ria histórica, procurando compreender os processos e uma criação recente. Na França, por exemplo, só é
projetos culturais que aí estão envolvidos e incorpo- registrada após a Primeira Guerra Mundial, mas guar-
rar à análise das disciplinas escolares a análise da his- da a idéia de sua origem: disciplinar, ordenar, contro-
tória da cultura que as produziu e que vem sendo pro- lar. A disciplina escolar seria resultado da passagem
duzida por elas. O objetivo deste artigo é refletir sobre dos saberes da sociedade por um filtro específico, a
a trajetória de pesquisa que este grupo vem percor- tal ponto que, após algum tempo, ela pode não mais
rendo e sobre como, partindo de pesquisas sobre a guardar relação com o saber de origem. Para Chervel
história das disciplinas escolares, foi levado ao estu- (1990), a disciplina é o preço que a sociedade paga à
do da história da cultura escolar como um caminho cultura para passá-la de uma geração à outra.
para analisar a história do currículo. Fica claro, portanto, que o referencial epistemo-
Nossa proposta de pesquisa concebe a escola lógico desse campo de investigação sustenta que as
como o lócus dessa história, isto é, o espaço e o tem- disciplinas escolares não são reflexo, vulgarização ou
po em que as disciplinas escolares se construíram his- adaptação pura e simples das ciências de referência.
toricamente. Mais do que apenas entender esses pro- À medida que a história de uma disciplina se
cessos, o que se vem buscando é situá-los dentro do desenrola, sofre transformações no seu interior, as
movimento da cultura escolar no Brasil (Pessanha, quais dificultam a análise de sua relação com a socie-
2003; Menegazzo, 2001). dade, dando a impressão de que só os seus fatores
Embora cultura escolar não seja um conceito sim- internos, ou aqueles relacionados com a sua ciência
ples de delimitar, considera-se que na escola foram de referência, foram responsáveis pela sua história.
sendo historicamente construídas normas e práticas Encontrar os pontos principais desse processo, consi-
definidoras dos conhecimentos que seriam ensinados derando as forças e os interesses sociais em jogo na
e dos valores e comportamentos que seriam inculca- história de determinadas disciplinas, pode lançar mais
dos, gerando o que se pode chamar de cultura escolar. luz sobre seus conteúdos e suas práticas com o obje-
Conhecimentos, valores e comportamentos que, em- tivo de, se necessário, modificá-los para atender a
bora tenham assumido uma expressão peculiar na novas necessidades, em vez de reproduzi-los como
escola, e, principalmente, em cada disciplina escolar, se fossem neutros e independentes.
são produtos e processos relacionados com as lutas e Mais especificamente, é preciso analisar a cons-
os embates da sociedade que os produziu e foi tam- tituição de uma disciplina escolar como “produto e
bém produzida nessa e por essa escola. processo que impõem significado às práticas huma-
nas” (Menegazzo, 2001), isto é, como cultura. Nesse
História das disciplinas escolares sentido, é preciso incorporar a essa discussão não
apenas um número cada vez maior e diversificado de
Segundo Chervel (1990), a prática escolar forne- disciplinas, mas, principalmente, ampliar a discussão
ce informações sobre a produção do conhecimento que dessas histórias, incorporando a discussão sobre a
não são encontradas no nível de sua produção dentro cultura que as produziu e é produto delas.
da ciência ou em outras instâncias da sociedade. Essa Torna-se necessário, por exemplo, analisar o pro-
constatação fez com que seus estudos se dirigissem cesso que levou à introdução e à posterior eliminação
para a investigação da história das disciplinas escola- da disciplina língua latina dos currículos escolares,
res que lida com fontes primárias, como, por exemplo, depois de ter sido considerada uma disciplina-chave
os manuais didáticos e os cadernos escolares, com na formação das mentes; o processo de substituição
dos manuais de língua e civilização francesa pelos agora um lócus, a escola deixou o espaço privado para
manuais instrumentais de língua francesa; como o entrar no público, espaço de construção da cultura
ensino de língua inglesa seguiu a trajetória de estudo escolar.
de textos à aquisição de habilidades discursivas, pas- As pesquisas sobre a história da educação públi-
sando pelo treinamento mecânico de estruturas bási- ca no Brasil vêm revelando que a escola (física e sim-
cas; como o ensino de língua portuguesa deixou de bolicamente) foi consolidando-se como o lugar mais
ser o ensino da gramática “que sistematizava e des- apropriado para a formação das novas gerações. Nela
crevia a língua consagrada pelos escritores represen- foi sendo construída uma cultura escolar distante da
tantes dessa tradição, mas também devia enriquecer cultura de parcelas da população que se pretendia
o espírito da mocidade com o legado respeitável da modificar através das crianças: uma cultura escolar
boa e velha linguagem colhida nos provérbios popu- que não se articula em torno do conhecimento, mas
lares e com a influência edificante dos princípios da possibilidade de criar uma instituição ordenadora
morais, que eles contêm”, e chegou à virada pragmá- da vida social (Faria Filho, 1996). Foi principalmen-
tica a que se assiste agora (Daniel, 2001). te durante as três primeiras décadas do século XX que
Chervel (1990) propõe algumas questões como este processo ficou mais claro nas escolas brasileiras.
ponto de partida para essa análise: Qual a concepção Embora historiadores da educação no Brasil ve-
de conhecimento daquela sociedade (delimitar: uma nham alertando, há algum tempo, para a tendência,
cidade, um grupo social)? Qual a sua concepção de que acabou proliferando entre os novos historiadores
diferenças culturais? Isto é, quem é o outro que preci- da educação, de privilegiar a década de 1930 como a
sa ser educado? Qual a sua concepção de professor? década inaugural de todas as iniciativas na área, é
Isto é, quem eram, como eram contratados e formados preciso registrar que essa foi a década das inaugura-
e o que se exigia dos professores? Quem era excluído/ ções: de ministérios, institutos, órgãos, leis orgânicas
incluído por essa cultura? Que instrumentos eram in- e outros dispositivos que tiveram a tarefa mais do que
dicados para o professor? Como eles eram usados? simbólica de evidenciar um discurso de que se estava
As respostas a essas questões, mesmo sendo a fazendo a revolução e a civilização do Brasil, tal como
base para o trabalho empírico sobre a história das dis- a República, que tentou instituir a ordem por decretos
ciplinas escolares, precisam ser analisadas como pro- (Carvalho & Nunes, 1990).
cessos e produtos das práticas escolares, isto é, da No caso específico da educação, o livro de
cultura escolar. Romanelli (1983), História da educação brasileira,
parece ter contribuído para a consolidação da percep-
Da história das disciplinas escolares ção de 1930 como marco divisório de um período
à história da cultura escolar caótico para um período de organização, uma vez que
sua coletânea de leis da educação, gestadas ou produ-
Faria Filho (1996), ao descrever a história da zidas na década de 1930, foi organizada a partir dessa
educação da cidade de Belo Horizonte, afirma que, hipótese. Uma análise histórica mais profunda leva-
no início de sua história, a cultura escolar era igual à nos a concluir com De Decca (1988) que 1930 come-
cultura da população. Com a criação dos grupos es- çou, no mínimo, em 1928, isto é, ao escrever a histó-
colares, em substituição às escolas isoladas, criou-se ria a partir do silêncio dos vencidos, o autor mostra
não apenas um lugar físico diferente, mas, principal- como os processos que culminaram com o período
mente, um novo lugar simbólico, capaz de operar uma conhecido como pós-revolução de 1930 apresentam
mudança de sensibilidade, linguagem, comportamen- raízes nas lutas travadas na década anterior.
tos, costumes, e mesmo de projetos e perspectivas Como disse Antonio Candido, “o movimento de
sociais, a começar pelas crianças. No grupo escolar, outubro [1930] não foi um começo absoluto nem uma
causa primeira e mecânica, porque na história não há 1930 pelo menos parte da sociedade parece ter assu-
dessas coisas” (1989, p. 181). O mesmo autor, teste- mido a posição de que era preciso dar uma resposta
munha participante desses acontecimentos, nos diz: convincente, ordenadora, ao movimento renovador dos
anos de 1920, durante os quais a direção do desenvol-
Quem viveu nos anos 30 sabe qual foi a atmosfera de vimento no Brasil apresentou algumas possibilidades
fervor que os caracterizou no plano da cultura sem falar de que provocavam temor nas “elites” (Ianni, 1989).
outros. [...] foi um eixo e um catalisador: um eixo em torno A promulgação de leis, decretos e outros instru-
do qual girou de certo modo a cultura brasileira, catalisando mentos legais com o objetivo de organizar a educação
elementos dispersos para dispô-los numa configuração nova. no Brasil; a inclusão de algumas disciplinas estratégi-
[...] Os anos 30 foram de engajamento político, religioso e cas como canto orfeônico e a direção que se procurou
social no campo da cultura. (p. 181-182) dar a outras disciplinas parecem ter sido uma tentativa
de ordenação e outra de colocar em prática a inserção
A busca da origem de algumas das disciplinas da escola no processo de ajustamento dos indivíduos à
escolares já estudadas no Brasil chegou sempre aos sociedade, isto é, na direção que o movimento vitorio-
anos de 1930 como marco importante. Quer como mo- so em 1930 havia escolhido.
mento de consolidação, como foi o caso da geogra- Afirmar que a escola da época foi o reflexo des-
fia, que “encontra nesse contexto histórico [anos de sas tentativas de ordenação e inculcação, e que a in-
1930] o palco ideal para se desenvolver cientifica- trodução da didática nos cursos de formação de pro-
mente e se consolidar enquanto disciplina escolar” fessores, exatamente na década de 1930, tivesse sido
(Barros, 2000, p. 10), da didática que aparece nos cur- a resposta das elites a esse temor, seria negar a especi-
rículos em meados da década, e da disciplina canto ficidade dos processos sociais que se desenrolam na
orfeônico, uma das disciplinas estratégicas 3 do Esta- escola e a própria existência de uma cultura escolar.
do Novo; quer como momento de profundas inflexões, No entanto, a análise da configuração da disci-
como na história da disciplina moral e cívica, exata- plina, durante os anos 30 do século XX, e dos ma-
mente por ter sido excluída dos currículos escolares nuais de didática evidenciou como se tentou impor a
nesse período (Josgrilbert, 1998). Ou como período marca da ordem e do controle (Araújo, 1997). Em
de gestação de experiências que se consolidariam na contrapartida, a criação da disciplina canto orfeônico,
década seguinte, como aconteceu com a disciplina considerada explicitamente uma disciplina estratégi-
prática de ensino, antes ministrada na forma de exer- ca, sob a inspiração e regência de Villa-Lobos, teve
cícios práticos, e que só foi caracterizar-se como dis- como objetivo realizar com a música o que as tropas
ciplina escolar, com conteúdo, professor e horário de- não haviam conseguido: unir multidões de brasilei-
finidos, com a Lei Orgânica do Ensino Normal, em ros cantando a uma só voz, seguindo as instruções de
1946 (Rauber, 1999). um maestro (Feliz, 1998).
Se no final do século XIX a construção da ordem A história dessa disciplina apresenta característi-
e a salvação das almas não exigiam dos professores cas bem instigantes: embora a documentação analisa-
nada que eles já não soubessem de berço, dispensan- da revele a existência de, pelo menos, duas posições
do cursos de formação, provas sobre como ensinar ou conflitantes em relação ao ensino de canto orfeônico,
a disciplina didática (Pessanha, 2000), na década de apenas uma delas, a de Villa-Lobos,4 oficial e oficiali-
3 4
Considera-se disciplina estratégica aquela cujos documen- Vale lembrar que Villa-Lobos é um dos exemplos mais
tos legais explicitam os objetivos políticos de sua inclusão no cur- marcantes da cooptação de intelectuais que, de vanguarda nos anos
rículo. 20 do século XX, passaram a oficiais, sofrendo o processo que
zada, parece ter sido colocada em prática nas escolas derando os riscos de reducionismo dessas análises,
públicas. Segundo as análises de Feliz (1998), a esco- percebe-se em suas histórias traços de uma socieda-
lha dos ritmos e andamentos musicais das obras reco- de que tinha a ordem e a disciplina como valores,
mendadas às escolas parecia obedecer a um padrão pelo menos entre as frações de classe que a dirigiam.
que induzisse à disciplina do corpo; assim, por exem- Valores a serem preservados e cultivados tanto na for-
plo, a escolha do andamento dois por quatro, associa- mação dos professores quanto nas disciplinas esco-
do ao andar, à marcha, seria destinada a regular ou lares. Provavelmente para se contrapor à “desordem”
acompanhar os movimentos de grande número de pes- e à “anarquia” dos anos loucos, dos anos de 1920,
soas, principalmente em sentido militar. quando foi possível o surgimento de movimentos anar-
Nesse sentido, as peças escolhidas não deveriam quistas, comunistas e modernistas, cabia agora “ofi-
apresentar dificuldade para os cantores, deveriam ser cializar”, “normalizar”, “rotinizar”, ou reprimir su-
simples, sem acidentes, sempre iniciando com a pri- mariamente, para que nada saísse dos trilhos, para
meira voz e a segunda entrando em forma de cânones. usar uma metáfora bem cara à época: a de que a so-
Feliz (1998) também chama a atenção para uma das ciedade devia “entrar nos trilhos” do progresso como
marchas encontradas no manual de canto orfeônico as locomotivas (Candido, 1964).
dirigido aos professores. A Marcha Escolar, destina- A análise sistematizada dos resultados das pes-
da a acompanhar a ida ao recreio, apresenta uma letra quisas sobre a história das disciplinas escolares, rea-
que fala em alegria, recreio: lizadas durante os dez anos de existência do grupo,
conduziu à conclusão de que o estudo da história das
Todos em alas/ Como bons soldados/ Bem perfila- disciplinas escolares estaria limitado caso se restrin-
dos/ De cabeça erguida,/ Posição correta,/ Vamos dois a gisse apenas aos processos ocorridos internamente em
dois/ Em linha certa,/ Todos aprumados,/ E bem ritmados, / cada disciplina.
Caminhemos, pois!/Todos em fila,/ Num alegre bando,/ À À medida que se aprofundava a análise das his-
voz do comando,/ Marchemos, assim!/ No campo aberto,/ tórias das disciplinas escolares pesquisadas, a “noção
como é bom a gente/ Ir livremente,/ Recrear, enfim!/ Va- de cultura escolar”5 foi possibilitando articular essas
mos colegas,/ Findo é o estudo/ Esqueçamos tudo/ Vamos histórias, e a história da cultura escolar tornou-se o
recrear/ Já marchar, marchar!/ Todos alerta. objeto de pesquisa do grupo.
do desgaste de sua utilização em diferentes sentidos e às belas-artes, em detrimento dos outros modos de
na própria dificuldade de explicitá-la. expressão (Menegazzo, 2001).
Williams (1992) considera o termo cultura em Elemento fundante para o espírito de moderni-
dois sentidos. No sentido antropológico/sociológico, dade, um dos principais motores de triunfo da mo-
define o modo de vida global e o sistema de significa- dernidade (Pineau, 1999, p. 39), a escola tornou-se o
ções de um determinado grupo; no sentido mais espe- local de transmissão de saberes, símbolos e valores.
cializado, inclui a produção intelectual e as práticas Nesse sentido, a escola é sempre analisada como
significativas (artes, linguagem, filosofia, moda, pu- lugar de cultura, como lugar de formação, de repro-
blicidade...). Essa idéia aponta para o entendimento dução dos valores da sociedade. Williams, no entan-
da cultura como um sistema de significações realiza- to, chama a atenção para o fato de que “a metáfora da
do, voltado a abrir “[...] espaço para o estudo de insti- ‘reprodução’, se forçada em demasia, pode dissimu-
tuições, práticas e obras manifestamente significati- lar os processos essenciais de autonomia relativa e de
vas, mas não apenas isso, também para, por meio dessa mudança, mesmo enquanto insista de maneira con-
ênfase, estimular o estudo das relações entre essas e veniente em um caráter geral e intrínseco” (Williams,
outras instituições, práticas e obras” (p. 207-208). 1992, p. 184).
Certeau (1995, 1998) analisa cultura como as Na mesma direção, Antonio Candido (1971), com
práticas das pessoas comuns, as maneiras de fazer que, base nos estudos de Gurvitch, aponta que, numa pers-
majoritárias na vida social, não aparecem muitas ve- pectiva macrossociológica, “[...] a própria vida interna
zes senão a título de resistência ou inércia em relação da escola [...] reelabora, segundo a sua dinâmica inter-
ao desenvolvimento da produção sociocultural; uma na, as normas, valores, práticas comunitárias, dando-
ciência prática do singular que faz dos espaços públi- lhes uma coloração nova, mas nem por isso alheia ao
co e privado um lugar de vida possível. Um pouco encadeamento geral da sociedade [...]” (p. 128).
mais explícito, Geertz (1978) considera cultura o te- Parece claro, portanto, que há uma especificida-
cido de significados, expectativas e comportamentos, de na vida interna da escola que autoriza a análise de
discrepantes ou convergentes, que um grupo humano uma cultura escolar, mas que o uso da expressão cul-
compartilha e constrói socialmente. tura escolar não implica considerar a existência de
Estudioso da cultura escolar, Viñao-Frago des- uma cultura oposta ou desvinculada da cultura da so-
creve cultura como um “[...] mundo humanamente ciedade que a produziu e foi por ela produzida.
construído, mundo das instituições e dos signos no
qual, desde a origem, se banha o indivíduo humano, Cultura escolar como objeto histórico
tão-somente por ser humano, e que constitui como
que sua segunda matriz” (apud Viñao-Frago & O conceito de cultura escolar aparece sempre re-
Escolano, 1998, p. 168). lacionado com um espaço6 destinado/privilegiado para
Considerando que a noção de significado cons- transmissão de conhecimentos e, principalmente, va-
titui o elemento fundamental do conceito de cultura, lores em determinado tempo (Forquin, 1993; Faria
este grupo concebe cultura como produto e processo Filho, 1996; Julia, 2001; Viñao-Frago & Escolano,
que impõe significado às práticas humanas, concei- 1998; Viñao-Frago, 2000; Silva, 2003).
to adotado já há algum tempo, e que tem permitido
ampliar a visão sobre os bens culturais e seus modos
6
de produção. É nesse sentido, também, que é possí- As origens das palavras disciplina e didática parecem tra-
vel se libertar das visões limitadas que só compreen- zer também a idéia de espaço, pátio onde se reuniam estudantes, ou
dem como cultura aquela chamada erudita e afeita lugares (livros, estantes) onde se reuniam as idéias (Hamilton, 2001).
Nesse espaço foi constituindo-se a cultura esco- dade, as práticas e as configurações dos dispositivos e
lar, através das normas e práticas que definiam os das suas variações.7 Elementos que podem ser recupe-
valores e comportamentos que seriam impostos e os rados apenas quando se vai às fontes primárias.
conhecimentos a serem ensinados. Para analisar a cultura escolar, é preciso analisar
No entanto, se o espaço, ou seja, o lócus, é o terri- o conjunto das normas e práticas definidoras dos co-
tório comum para analisar a cultura escolar, a sua defi- nhecimentos que aquela sociedade desejava que fos-
nição como objeto de conhecimento não é tão simples. sem ensinados, e os valores e comportamentos a se-
Para Julia (2001): rem impostos. Esses elementos nem sempre são
visíveis nos registros oficiais (relatórios, atas, bole-
[...] poder-se-ia descrever a cultura escolar como um tins). Muitas vezes, é preciso ler esses registros de
conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e forma diferente, além de procurar outros menos for-
condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem mais, como: cadernos, planos de ensino, livros, pro-
a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses vas e material didático em geral.
comportamentos; normas e práticas coordenadas a finalida- Constituem fontes privilegiadas para a análise da
des que podem variar segundo as épocas (finalidades religio- cultura escolar: cadernos, exercícios, planos de ensi-
sas, sociopolíticas ou simplesmente de socialização). (p. 10) no, provas e exames, manuais didáticos, relatórios de
inspetores. Importando sempre analisar se, como e
Considerando que a cultura escolar não se arti- por quem eles foram usados, procurando as respostas
cula em torno do conhecimento, mas da possibilidade para as questões levantadas. Essas fontes não são uti-
de construção de uma instituição (Faria Filho, 1996) lizadas freqüentemente na historiografia tradicional:
cuja construção esteve freqüentemente associada a um livros, cadernos escolares, provas, exames, fotos de
projeto político e à noção de progresso (Julia, 2001), formatura, boletins escolares, planos de ensino, atas
estudar a cultura escolar é estudar os processos e pro- escolares, diplomas, relatórios e depoimentos que,
dutos das práticas escolares, isto é, práticas que per- normalmente, não são mantidos nem conservados nos
mitem a transmissão de conhecimentos e a imposição arquivos públicos.
de condutas circunscritas à escola. Nunca é demais enfatizar que a pesquisa históri-
Parece claro, portanto, que ver a cultura escolar ca se alimenta de registros depositados em arquivos
como objeto histórico implica analisar o significado nem sempre organizados, nem sempre preservados,
imposto aos processos de transmissão de saberes e cabendo aos pesquisadores reconstituir práticas so-
inculcação de valores dentro desse espaço. Implica ciais não mais presentes ou ressignificadas nos dias
também definir a transmissão como elemento central atuais. As fontes primárias constituem, assim, o ele-
desse processo, tendo-se cuidado de não fazer exclu- mento mais importante para esclarecer lacunas de
sivamente uma análise ideológica (idem). documentos, de memória, ou mesmo para alterar es-
Segundo o mesmo autor, a constituição de uma tereótipos cristalizados e reproduzidos ad aeternum
cultura escolar exigiu três elementos essenciais: um através da utilização apenas de fontes secundárias.
espaço específico, cursos graduados em níveis e cor- Como depositárias de fontes primárias, as escolas
po profissional próprio. Esses elementos constituem constituem praticamente um manancial pouco explo-
a base para a análise das práticas que permitiram a rado. As sucessivas legislações delegaram aos colé-
transmissão de conhecimentos e a inculcação de con- gios alguns poderes cartoriais, obrigando-os a man-
dutas e valores.
A análise da história da cultura escolar fundamenta-
se, como qualquer história cultural, na história de três 7
A esse respeito ver Carvalho e Nunes (1993) e Valente
elementos indissociáveis: os objetos em sua materiali- (2001).
ter sob sua guarda documentos que, embora tenham Gvirtz (1995), baseando-se em Foucault, consi-
adquirido um caráter de registro legal, podem trazer dera que, enquanto dispositivo escolar, os cadernos
elementos fundamentais para se analisar as práticas são um conjunto de práticas discursivas escolares que
escolares. Livros de atas, cadastro e termo de posse se articulam de um determinado modo, produzindo
de professores, boletins, diários de classe, pastas in- um efeito. Esse discurso, produzido na e pela escola,
dividuais de alunos, registro de provas orais e escri- mais do que um dispositivo escolar, constitui um dos
tas, são alguns dos documentos que as escolas eram processos e produtos mais significativos das práticas
obrigadas a manter como comprovantes. Embora um escolares, isto é, práticas que permitiram a transmis-
certo furor desburocratizante tenha levado muitas es- são de conhecimentos e a imposição de condutas cir-
colas a incinerarem, a partir da década de 1980, com cunscritas ao espaço escolar.
amparo legal, seus arquivos e, mais recentemente, a Ao lado dos cadernos, livros, relatórios, atas e
informatização tenha alterado as formas de arquivar outras fontes, oficiais ou não, a constituição do espa-
documentos, algumas escolas ainda mantêm registros ço físico da escola também se constitui em importan-
importantes para a história da cultura escolar. te fonte para a história da cultura escolar.
Se à escola cabia a guarda de documentos ofi- Os edifícios escolares, como qualquer outro edi-
ciais, nem sempre é possível encontrar fontes não- fício, constituem-se como lócus à medida que seus
oficiais como as provas mensais, os planejamentos ocupantes experimentam e interpretam esse espaço e
dos professores, os cadernos escolares, a não ser quan- dele apropriam-se, atribuindo-lhe significados e va-
do, por alguma pendência jurídica, eles se tornavam lores. Assim, a forma não apenas determina o uso e a
oficiais, como no caso de transferências. experiência, mas também é igualmente determinada
Os cadernos,8 por exemplo, são instrumentos pelos dois na medida em que é interpretável e, por-
usados pelos alunos desde o século XVI e chamados tanto, pode ser influenciada (Hertzberger, 1996). Des-
de “livro branco” no Ratio Studiorum. Mais recente- se modo, o homem imprime, primeiro, um caráter in-
mente, uma pesquisa realizada na França pelo Institut dividual nos edifícios que constrói, através do uso de
National de Recherche Pédagogique (INRP) mostrou determinado material, forma e outras qualidades, e,
que dentro de duas classes pelo menos uma utilizava então, são esses atributos que passam a exercer sua
cadernos desde, pelo menos, 1883, mesmo em esco- influência sobre o homem, ou seja:
las consideradas reacionárias para a época (Hébrard,
2001). O autor considera que “o caderno, tanto por [...] sua capacidade de absorver e comunicar significado
sua inserção na história da escola quanto pela preo- determina o efeito que a forma pode ter sobre os usuários,
cupação de conservação da qual ele é objeto, é certa- e, inversamente, o efeito dos usuários sobre a forma [...].
mente um testemunho precioso do que pode ter sido e Como as palavras e as frases, as formas dependem do modo
ainda é o trabalho escolar de escrita” (p. 121). como são “lidas” e das imagens que são capazes de suscitar
Embora não haja nenhuma indicação sobre a con- para o “leitor” [...]. A capacidade de absorver significados
servação institucionalizada de cadernos escolares no e também de abandoná-los sem mudar essencialmente, faz
Brasil, como ocorre na França, pesquisas como as de da forma um portador potencial de significado – em suma,
Araújo (1997) já localizaram cadernos escolares bem significável [...]. (Hertzberger, 1996, p. 150)
conservados em arquivos pessoais, que se constituí-
ram em valiosa fonte de pesquisa. Assim, a produção do espaço escolar, como de
qualquer outro espaço arquitetônico, se faz baseada em
8
Em sua origem etimológica, do latim quatternus, guarda uma linguagem decodificada a partir dos sentidos, ca-
relação com quattor, quatro em latim, indicando o número de fo- paz de constituir um discurso que fala sobre o seu usu-
lhas desse objeto (Gvirtz, 1995). ário, e, concomitantemente, dialoga com ele.
Viñao-Frago (2000) também considera que: primeiro mestre-escola da região (Bittar & Ferreira
Jr., 1999). No entanto, há registro de reclamações de
[...] esses lugares e tempos são determinados e determinam seus representantes de que o desenvolvimento da edu-
uns ou outros modos de ensino e aprendizagem. [...] Em cação, ao sul do estado de Mato Grosso, não figurava
síntese, o espaço e o tempo escolares não só conformam o entre as prioridades dos governos estaduais.10 Motivo
clima e a cultura das instituições educativas, mas também que levou Arlindo de Andrade, quando intendente, a
educam. (p. 99, tradução nossa) enfrentar a administração estadual e contratar a cons-
trução do primeiro Grupo Escolar da cidade, situado
Espaço e tempo constituem, assim, os dois ele- na avenida Afonso Pena, transformado, posteriormen-
mentos-chave para a compreensão da cultura escolar. te, na escola primária mais famosa da cidade: a Esco-
la Joaquim Murtinho.
O ensino secundário, objeto de desejo da classe
À guisa de conclusão, uma proposta média em ascensão (Sposito, 1984, 1993; Pessanha,
de pesquisa sobre cultura escolar 1994), foi inicialmente ministrado apenas em esco-
las particulares: dois colégios católicos – um mascu-
Nessa direção, as pesquisas desenvolvidas atual- lino, o Colégio Dom Bosco, outro feminino, o Colé-
mente pelo grupo vêm tendo como objetivo a análise gio Auxiliadora, fundado em 1926 – e uma escola
da história da cultura escolar na cidade de Campo não-confessional, o Colégio Oswaldo Cruz, aberta na
Grande, Mato Grosso do Sul. mesma década.
Embora o ensino público em Mato Grosso/Mato A origem do Colégio Dom Bosco foi o Instituto
Grosso do Sul já tenha sido objeto de importantes Pestalozzi, fundado em Aquidauana, em 1915, por
pesquisas9 cujos resultados servem de base para ana- Arlindo Lima, transferido para Campo Grande em
lisar a sua história, as pesquisas a respeito da história 1917, passando a se chamar Ginásio Municipal de
do ensino em Campo Grande, além de escassas, não Campo Grande (por ser subvencionado pela prefeitu-
focalizam a cultura escolar como seu objeto. Mesmo ra). A Missão Salesiana adquiriu a escola em 1930,
as pesquisas realizadas no âmbito deste grupo sobre a mudando seu nome para Ginásio Municipal Dom
história das disciplinas didática e língua portuguesa, Bosco. Reconhecido por decreto federal de 1934, pas-
apesar de localizarem a história dessas disciplinas no sou a ser denominado Colégio Dom Bosco, em 1948,
âmbito de escolas de Campo Grande, são mais des- através de outro decreto federal.
critivas e apenas fornecem pistas para a análise da Em 1939, Maria Constança Barros Machado pro-
história da cultura escolar nesta cidade (Araújo, 1997; pôs ao interventor Júlio Muller e ao doutor João Ponce
Daniel, 2001). de Arruda, secretário de Fazenda do Estado, a cria-
Segundo os historiadores, a história da educação ção de um ginásio estadual que pudesse resolver os
escolar em Campo Grande começou a ser escrita em
1895, com um abaixo-assinado para angariar fundos
destinados a auxiliar o professor José Rodrigues 10
Paulo Coelho Machado registra que, com cerca de dez mil
Benfica, gaúcho que participara da guerra contra o habitantes, em 1921, a cidade contava apenas com seis estabeleci-
Paraguai, para que ele continuasse seu ofício como mentos estaduais com 197 alunos; três municipais, com 67 alu-
nos; dois colégios particulares, além do Instituto Pestalozzi, sub-
vencionado pela municipalidade, com 306 alunos; a Escola Repu-
9
Para citar apenas algumas: Saboya Filho (1993), Araújo blicana, com 157; e onze escolas primárias particulares, espalha-
(1997), Alves (1984), Bittar (1999), Corrêa (1995), Rodrigues das pela campanha, com 206 alunos. Na cidade, a freqüência total
(1988), Alves (1998), Correia Filho (1969) e Marcílio (1963). era de 727 alunos (cf. Bittar & Ferreira Jr., 1999).
problemas dos que precisavam continuar a estudar e ticulares, e que a escola em questão tenha se tornado
não tinham meios de pagar a escola (Machado apud uma referência de educação mesmo para as escolas
Rosa, 1990). mais antigas, podendo ser considerada a referência
O primeiro ginásio público foi instalado em 1939, mais importante para iniciar a análise da cultura es-
como resultado de mobilização política dirigida pela colar em Campo Grande.
professora cuiabana 11 Maria Constança Barros Assim como em Belo Horizonte a constituição
Machado, que hoje dá nome à escola que fundou. do espaço físico dos grupos escolares como espaço
As famílias brigavam para colocar seus filhos nes- social da cidade (Faria Filho, 1996) é um dos traços
sa escola (Bittar & Ferreira Jr., 1999), que, inaugurada da cultura escolar da cidade, a mudança da escola
com o nome de Liceu Campo-Grandense, funcionou Maria Constança do prédio do Joaquim Murtinho para
no mesmo prédio do Joaquim Murtinho, tendo muda- um prédio projetado por Oscar Niemeyer, considera-
do de nome para Ginásio Estadual Campo-Grandense, do pelos historiadores da arquitetura regional como
depois Colégio Estadual Campo-Grandense, sendo o marco da arquitetura moderna local (Arruda, 2000,
conhecido simplesmente como Colégio Estadual até p. 29), provocou alterações na vida da cidade de Cam-
receber o nome de sua fundadora. Em 1954 foi inau- po Grande, razão pela qual o estudo de sua cultura
gurado o edifício onde funciona até hoje, projeto en- escolar não pode deixar de passar pela análise da ar-
comendado a Oscar Niemeyer pelo então governador quitetura dessa escola.
para o Colégio Maria Leite de Corumbá, e duplicado No caso do edifício do Colégio Maria Constança,
em Campo Grande (Arruda, 1999). chama particularmente a atenção o fato de ter sido
A fundação do primeiro ginásio público na cida- um projeto encomendado para a Escola Maria Leite,
de foi justificada porque muitas famílias não teriam em Corumbá, duplicado em Campo Grande e cons-
condição de pagar para que seus filhos ampliassem truído num dos vazios da cidade (Ebner, 1999), entre
sua escolaridade. Com um ginásio público, o único o núcleo central e o Bairro Amambaí, primeiro bairro
obstáculo seria o “exame de admissão”: aparentemen- da cidade, onde residiam os operários que tinham tra-
te, a disputa por uma posição social deslocava-se das balhado nas obras dos quartéis, e onde se instalou a
posses da família para o terreno da capacidade indi- Vila Militar. Segundo a autora, a legislação sobre ocu-
vidual.12 pação urbana, de 1941, reflete tanto a segmentação
É razoável supor que, como em outras cidades das funções urbanas quanto das classes sociais.
do país, essa possibilidade alterou a cultura escolar As instituições não podem ser analisadas isola-
da cidade, afetando inclusive o ensino nas escolas par- damente porque, no decorrer de suas histórias, se es-
tabelece uma espécie de diálogo entre elas, diálogo
considerado mais do que uma troca de fala entre os
11
É recorrente, em depoimentos e documentos da época, a interlocutores, “como um processo de autoconheci-
importância atribuída à influência das professoras cuiabanas na mento e de conhecimento do outro, um exercício de
história da educação em Campo Grande, na primeira metade do alteridade para a consciência de si e do outro”
século XX (Araújo, 1997). (Meserani, 1998, p. 66-67). A gênese de uma escola
12
A percepção de que o exame de admissão era um obstá- está, portanto, entrelaçada à gênese de várias outras,
culo levou o governador Arnaldo Estevão de Figueiredo a propor, contemporâneas ou não. Assim, por exemplo, quan-
em 1948, a criação de um curso de admissão para preparar alunos do na cidade de Campo Grande foi fundado um giná-
da 4ª série primária para realizarem esse exame, afirmando: “O sio estadual, já existiam três particulares. Realizou-
curso é gratuito e se destina aos filhos dos funcionários públicos se, então, um diálogo interinstitucional, cujos efeitos
estaduais e de operários de modestos proventos...” (Alves, 1998, sobre cada um dos estabelecimentos expressaram-se
p. 144). em suas práticas.
Quando a diretora desse ginásio estadual, a pro- MARIA ADÉLIA MENEGAZZO, doutora em teoria literá-
fessora Maria Constança, revela em entrevista que ria e literatura comparada pela Universidade Estadual Paulista, é
professora do Departamento de Letras do Centro de Ciências Hu-
Se um aluno se recusava a usar o uniforme, ou se compor- manas e Sociais e dos Programas de Mestrado em Educação e em
tava mal, o castigo eram as cópias. Depois vinham as sus- Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Publicou
pensões e por último as transferências. Felizmente nunca em co-autoria: Alquimia do verbo e das tintas nas poéticas de
expulsei um aluno. Quando ele se tornava inconveniente, vanguarda (Campo Grande: Editora da UFMS, 1992); Memória
incapaz de viver bem com os colegas, depois de chamá-lo da arte em MS (Campo Grande: Editora da UFMS, 1993); Estu-
inutilmente para admoestações e conselhos, dava-lhe a guia dos de linguagem: inter-relações e perspectivas (Campo Grande:
de transferência, que lhe permitia procurar outro estabele- Editora da UFMS, 2003). E-mail: menmar@nin.ufms.br
cimento de ensino, sem interromper os estudos. (Machado
apud Rosa, 1990, p. 65) Referências bibliográficas
Cabe uma pergunta: que outro estabelecimento? Cer- ALVES, Gilberto L., (1984). Educação e história em Mato Gros-
tamente uma outra escola da cidade, cuja cultura per- so: 1719-1864. Campo Grande: Editora da UFMS. (Publica-
mitia aceitar alunos como esses. ções UFMS, v.1).
Conversas como essa provavelmente serão en- ALVES, Laci M. A., (1998). Nas trilhas do ensino; educação em
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história da cultura escolar da cidade de Campo Gran- de mestrado. Programa de Pós-graduação em Educação, Cen-
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