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0 O 1. Capitulo | ABORDAGENS DO MUNDO: uma provocacao Neste capitulo, minha preocupacao é trazer para vocé uma pro- vocacao. Por que provocé-lo? Primeiro, porque a provocacao é uma das boas formas de estimular pensamentos diferentes, requisito para quebra de paradigmas e preconceitos em geral. Segundo, porque tenho percebi- do certas inconsisténcias em classificagées do conhecimento e da Ciéncia que tém me levado a algumas reflexdes. Por coeréncia comigo mesmo, sou obrigado a compartilhar com vocé essa angustia. Convido-o a refletir so- bre o que apresento a seguir acerca da classificacao das abordagens huma- nas. Nao me prendo a nada, exceto a breve histéria que apresentei na Parte I deste livro e do que conhecemos sobre as classificagdes usadas ainda hoje. Nao tenho a ilusao de trazer uma luz a Epistemologia, mas tenho certeza de que as provocacées poderao estimular pessoas mais capacita- das a rever e encontrar melhores solugdes, talvez assim significando al- gum avanco epistemoldgico. Afinal, para a formacao cientifica temos que aprender a olhar as coisas por diferentes angulos e sem a “falacia da au- toridade”, Esse é sinceramente o meu desejo e espero que se valha deste capitulo como uma provocacio, e nao necessariamente uma reconstrugao dessa area. Entretanto, certamente tal provocagao servira para uma maior consolida¢ao do que entendemos ser o papel do cientista na construgao do conhecimento. 53 54 Giusow Lue Vowraro - Ciéncia: da filosofia & publicagso Para essa empreitada, primeiramente vamos entender alguns ¢, ceitossubjacents para evtar mais controvérsias do que as necessiris panos de fundo necessérios para uma primeira aproximacio, poi aos 5 " Sera usados de forma bastante incisiva nas provocagées adiante, » |-1. Evidéncias cientificas ‘As evidéncias empiricas sio quaisquer informagées que existam ny mundo e nos cheguem 4 consciéncia trazidas pelo nosso sistema sensy. rial, Além das alteragdes que esse sistema sensorial impinge as evidencias (veja casos de ilusio de optica, por exemplo), a tradugao dessas impress, em niveis superiores de pensamento no nosso cérebro provoca uma cone. xio entre a evidéncia e nosso conhecimento anterior (uma pequena pare geneticamente determinada e uma grande maioria decorrente de nossas memérias de aprendizagem). Assim, o que nos fica da impressio empiria (evidéncia) é uma resultante desses fatores. Por isso, o olhar de um pode ser bem diferente do olhar do outro; costumo chamar de “objetividade subjetiva’, negada no inicio da Ciéncia. Gradativamente, os cientistas encontraram uma maneira de melhor “objetivar” tais evidéncias, sem a crenga de atingir alguma objetividade absoluta. Usam aparelhos de medio, quantificam e analisam os nimeros com recursos matemiticos e estatisticos, mas também examinam quali- dades por meio de métodos que buscam, cada vez mais, dar maior forcae objetividade as evidéncias qualitativas. Algum grau interpretativo nessis evidéncias (qualitativas ou quantitativas) sempre haverd. A questio €0 quanto a comunidade cientifica aceita tais evidéncias. A nogio de uma objetividade irrestrita (absoluta) jé nao condiz com os debates sobre a légica da pesquisa. Isso ¢ reforgado na Filosofia da Ciéncia, mas também na Fisiologia Humana e na Psicologia. Na Filosofia, veja, por exemplo, o debate entre Karl Popper e Thomas Kuhn, ocorride no século XX, particularmente a partir da década de 1960. O primeiro v lorizando sobremaneira a evidéncia dentro de um sistema dedutivo de fazer Ciéncia (até rechagando a indugao para construgao do conhecim= to) € 0 outro mostrando-nos o quanto nossas crencas gerais (paradigm) determinam ou afetam nossas aceitagdes de teorias. Aceitar que 08 qualitativos sao interpretados pelos autores e leitores é mais fécl 40 Parte 2~Pensando e Fazendo Ciéncia ed imaginar que os quantitativos, obtidos por aparelhos altamente sofistica~ dos (ao menos na ingénua visio de alguém ainda no inicio do século atu- al), sofram igualmente desse viés, Os artigos que trazem maiores avancos na Ciéncia apresentam con- clusdes que se baseiam nos dados, mas também extrapolam essa base € generalizam. Mesmo um trabalho da Fisica que tenha determinado o peso do Béson de Higgs, fe-lo pautado em algumas crengas instrumentais, fisi- cas € matematicas, sendo esse valor susceptivel de ser melhorado, ou mo- dificado, no futuro, Em 1915, Albert Einstein e Wander Johannes de Haas tinham uma teoria que previa que o fator giromagnético do elétron era 1. Eles fizeram um experimento ¢ chegaram ao valor de 1,02 + 0,10. Samuel Barnett, dos EUA, fez experimentos e chegou a valor préximo de 2. Pela discrepancia, Barnett repetiu seus estudos e chegou ao valor de 1,25 + 0,15. Hoje, o valor aceito é bem proximo de 2. Isso sugere que a sugestibilidade do cientista pode levé-lo a aceitar ou a rejeitar evidéncias, ou seja, ideias ditando dados! Como nossas conclusées cientificas serao consideradas daqui a um século? Por isso, néo podemos imaginar que detemos a ver- dade absoluta, mas que temos que guiar nosso pensamento pelo que nos parece verdade no momento (do contrdrio, entrariamos numa paralisia destrutiva). As teorias de Freud ultrapassam e muito as evidéncias qualitati- vas que ele obteve dos poucos pacientes que investigou. Mesmo assim, sua teoria tem ajudado até hoje as linhas psicanaliticas nos consultérios, Igualmente, a teoria de Piaget acerca do desenvolvimento biopsicolégico das criangas baseou-se em algumas evidéncias (casos observados), mas suas conclusdes atingiram a esfera global e serviram de base para teorias de aprendizagem e métodos de ensino, E observe que nao estou discutindo seas evidéncias determinaram as conclusdes num processo indutivista, ou se elas corroboraram hipéteses dentro de uma abordagem dedutiva. Isso é irrelevante para o cientista, pois sio duas ferramentas légicas que podem Ser usadas a qualquer momento, desde que respeitados seus pressupostos. que discuto é sobre o papel das evidéncias para o cientista. E isso nao se aplica apenas a cientistas que conseguiram notoriedade mundial. £ parte da postura de qualquer cientista, néo importa a abrangéncia de suas con- clusoes, desde que tenha impacto, no minimo, em sua especialidade no cenério internacional. . Gusow Lue Vownt0 ~ Ciéneia: da flosofia 8 publicacsg 56 son Luz VouraTO = EN a ee Note que é praticamente impossivel publicar algum trabalhy Geatfca de bom nivel internacional defendendo concua = apresentar evidéncias vilidas (oceitas pela comunidade ‘nternaciong) Quando faltam evidéncias cienificas, 0 texto é considerado pelos Tevisory apenas “opinativo’. A Ciéncia nao quer saber sua mera “opiniao’ ¢ sim sug argumentagio que pretende convencer outros cientistas a adotar como g melhor resposta no momento, Discursos sem bases empfricas tem sey lor como opiniéo, mas nao constroem conhecimento cientifico, SHO esses o viés e a linguagem da Ciéncia. revista Sera exatamente desse conhecimento das revistas cientificas (pring. palmente, pois os livros perderam bastante a forca de divulgaci primi, da Ciéncia numa vasta maioria de dreas) que as ideias mais s6lidas (ie, mya aceitas pela comunidade cientifica) entrarao para os livros-textos, atinginds, assim, a via educacional. Leia livros didéticos para ensino na graduacio terd bons exemplos do que explico. Perceba neles que as informacées cont. das advém de estudos publicados em papers (ou, quando mais antigos, en livros, mas com fundamentagao empirica naquilo que se apregoa cientifr) Teorias podem ainda nio ter a fundamentacao empirica suficiente, mas po- dem ser aceitas (por enquanto) em virtude da conexao légica forte que apre- sentam na sua valida¢ao e também com conhecimentos (com base empirica) bem estabelecidos na érea. Se uma teoria contradiz 0 cerne do que ¢aceto hoje na Ciéncia, certamente serd tejeitada pelos cientistas (nao significa que esteja errada, mas seré rejeitada — veja os paradigmas de Khun), Enquantoa {coria nao se ajusta as evidéncias empiricas, ela fica no limbo, um setor qué Posso denominar de “purgatorio’, no qual a expurgacio é dada pela base empirica. Corroborando essa intepretacao, veja como tanto prémio Nobel quanto publicagdes em revistas de alto prestigio podem ser atribuidos a pes- aisas que “apenas” encontram validages empiricas de ideias j divulgads |-2. Evidéncias “perenes” Para o cientista, nao basta hi: 7 . rf er a aver evidéncias, Blas precisam s ‘perenes”™ oa cae ~ Nao existe a tal prova cabal ou, se existe, & condigdo Fa ee ‘ jenciaco toa coment * Perene significa uma durabilidade enquanto aquela evidéncia ai aheragdo neste nea. Note que, como o conhecimento cientliesé proviso ‘Ho neste pode deixar alguma evidéncia sem fungao no discurso cientifico Parte 2—Pensando e Fazendo Ciéncia nao a regra na Ciéncia. Também nao existe algo que, conhecidamente, dure para sempre, ad infinitum. Mesmo assim, a importancia da evidéncia empirica faze-nos olhar para 0 outro lado: 0 que acontece quando ela de- saparece ou se modifica? ; Se o conhecimento produzido esté ligado as evidéncias, seja porque ‘elas corroboraram ou falsearam alguma hipétese, ou porque serviram de ‘pase para uma construgao epistemoldgica conclusiva, o desaparecimento delas pode sucumbir, total ou parcialmente, esse sistema tedrico desen- yolvido. Isso s6 nao ocorre quando a crenga na ideia é forte demais (veja os paradigmas de Thomas Khun), 0 que nao condiz com boa pratica na Ciénc enquanto o conhecimento anexado requerer. . Assim, a evidéncia deve ser “perene’, i.e., duradoura o suficiente O cientista admite que as mesmas evidéncias podem ser reinterpre- tadas no futuro. Hoje, por exemplo, ha revistas como a Scientific Data (do grupo Nature) e Data in Brief (da Elsevier), que publicam resultados sem a necessidade de incluir discussées que cheguem a conclusdes. Isso € feito no entendimento de que tais dados podem ser interpretados por outros, ou mesmo utilizados para se juntarem a mais dados e construirem bases mais amplas. Por isso, nesses artigos a descri¢éo metodolégica é bastante minuciosa, pois nao se usam dados sem que se conhecam detalhadamente como foram obtidos. E como a Ciéncia mantém as bases empiricas “perenes’, i.e., “per- manentes’, dentro de um tempo sequer definido? Hé duas formas. Numa delas, literalmente fixamos a informagao. Pode ser por meio de fotos, desenhos, ou agentes quimicos ou conservagao capazes de manté- -la em museus ou colegdes (quadros, laminas de tecidos orginicos, or- ganismos biolégicos, materiais de escavagdes arqueolégicas, documentos histéricos etc.). Entretanto, fixar e registrar evidéncias como descrito aqui nao sio sempre faceis ou possiveis em varias areas. A forma mais universal de deixar as evidéncias cientificas perenes, No entanto, é outra: fixa-se o procedimento para se conseguir a evidén- cia. Descreve-se 0 caminho para obté-las. E essa é a forma mais comum na Ciéncia para se garantir a perenidade das evidéncias factuais. E exa- tamente por isso que os trabalhos cientificos nao apenas apresentam as evidéncias (resultados), mas também descrevem como foram alcancadas _ ciancia: da filosofia 8 publicacgy Vouraro Guson Luz VO 58 levemos fazer para encontré-las, Isso oy mo di ente, como . nur i Métodos, ou Materiai: ., m. cedimentos (ou Mét ise Métodos, < : 10s derivados do mesmo processo), oy ial e Método, 04 out! : 8 . Materic ‘unto de procedimentos que, se seguidos, reg al jentista relata um con) tay Sane que ele utilizou no estudo. nas evidéncias 5 es a Nessa segunda forma, nao se tem a ilusao de que tal repeticig re nncontrard exatamente as mesmas evidéncias Teportadas ny tudo. O que se espera é que esses procedimentos levem a evidénciag que tudo. - i . adéquam as mesmas conclus6es defendidas no estudo reportado, Ess. 60 carater de reprodutibilidade de um estudo. Respostas qualitativas ou mesmo quantitativas podem ser diferentes com a reprodugio do estudo, mas condizem com as mesmas interpretagdes (conclus6es). Raridade seria esperar que exatamente as mesmas evidéncias fossem obtidas. ou, mais precisam' je a seco de Pro procedimento ¢ Mesmo que as condicées metodoldgicas variem em certo grau en- tre estudos, a manutengao das mesmas conclusées da a elas corroboracio de um maior alcance empirico, isto é, elas eram validas em face de certo padrao de evidéncias e continuam validas com evidéncias um pouco di- ferentes, ou seja, aplicam-se a um maior universo empirico. Tal quadro condiz com uma proposta antiga na Ciéncia, defendida por Francis Bacon, mas ainda em vigor. Para Francis Bacon, o cientista coletava varios dados dentro de certo tema e, a partir dai, elaborava hipdteses (que seriam suas explicagdes, as conclusées) que seriam sustentadas (na 6poca vivia a era da confirmacio) pelas evidéncias disponiveis. Tais “hipoteses” poderiam set mantidas por mais dados (evidéncias) obtidos em situacées ligeiramente diferentes e esse processo dava maior confirmacio a essas ideias, princi- Palmente Por serem advindos de evidéncias diferentes. Para Bacon, iss? ceorriaatt Um Ponto em que nao se duvidava mais das tais conclusées (as ‘ais “hipéteses”), que entao viravam “leis”, com cardter de “verdade’ eee bea de construgio de conhecimento cic importéncia da base om aie tenha sido bem modificado, a or nao foi perdida e tal ase esas ser dene india co ey Pliagao do alcance das conclasGes, eae cites one seviatas inten de evidencias que ule eieael 'rapassem a; nae a nacionais de bom nivel que 0s revisore’* a a iC enta¢ao do discurso conclusivo por ae s barreiras do grupo de pesquisa dos Parte 2~Pensando e Fazendo Ciéncia 59 res. Por exemplo, solicitando que sejam incluidos suportes de literatura de grupos distintos daquele dos autores. Tal situagio ilustra, de certa forma, a importancia que o cientista da para as bases empiricas e pela interindivi- dualidade dela (item a seguir), 1-3. Evidéncias interindividuais Outra caracteristica importante da evidéncia cientifica é que ela nao pode ser apenas sua. Deve ser de acesso, no minimo, a qualquer outro cientista da especialidade. Nao acesso no sentido de que possam ver sua evidéncia, mas no sentido de produzi-la. Aqui, novamente, esse acesso é dado pelas descrigdes dos procedimentos da pesquisa: “siga-os e vera 0 que eu vi”, Lembro que “o que eu vi" deve ser algo como “parecido com o que eu vi, mas que tem o mesmo valor argumentative”. Uma experiéncia pessoal, mesmo que tenha seu valor individual reconhecido, nao é uma evidéncia valida na argumentacao cientifica. Isto tem que ser bem esclarecido, pois pode levar a interpretacdes equivocadas. A experiéncia pessoal é um fato inegavel®, mas no contexto do “in- dividual’, ou seja, 0 relato de alguém sobre algo é 0 seu relato e assim deve ser considerado. Como o argumento da autoridade nao deve ser utilizado nesse caso, a Ciéncia pode usd-lo como um, entre outros, relato. Assim, se desejo saber se a classe econémica influencia a opinido dos brasileiros sobre a globalizacio, o primeiro passo a ser pesquisado é a relacdo entre a classe social e a opiniao dos brasileiros. Para isso, selecionamos amostra valida de brasileiros e identificamos neles duas varidveis centrais: “classe social 4 qual pertencem” e “o que acham da globalizacio”. Embora cada resposta reflita a experiéncia (percepgio) de cada pessoa entrevistada, o conjunto delas poder ser considerado para caracterizar a varidvel “opi- niao dos brasileiros” em cada nivel de classe econdmica. Comparando-se essa caracterizacao entre as classes, podemos responder a nossa pergunta inicial*, Note que usamos a experiéncia individual, mas numa situa¢ao ——____ 33. Conhecimento tdcito: aquele que é obtido ao longo da experiéncia do individuo, sendo subjetivo e individual. 34, Se, pelo tema, devéssemos controlar possiveis varidveis conhecidas ou esperadas que alterem as respostas (por exemplo, idade, nivel cultural, nivel escolar etc.), poderfamos também ter registrado esses dados e usé-los como controles na anidlise dos dados. ncia: da filosofia a publicagao Guson Luz VOLPATO = dentro de um conjunto deles para express Jemento den” igo sobre globaliza¢ao). Isso é ines js de altura para concluir sobre a altura mi de homicidios de cada cidade = ais... e assim sucessivamente, ta] ba re as diversas disciplinas, Ja foi um ©! (classe ecom que usar dados individus sa dos brasileiros, ou ainda icidi um exprimir a taxa de homicidios de um pi ientifico enti i rocesso cien! iformidade do P' : . aa uni Tentretanto,se¥0 cé quiser apenas caracterizar a experiéncia de uma intretanto, de um pequeno grupo, ela dificilmente 0 levaré a me. thor entender o mundo, exceto pelO fato de poder Ihe dar alguma iis iexenvolvida adiante, Portanto, ela nao é um fato cientifico que sozinha a conclusées, embora possa ser um fato que the inspire alguma pes. entifica. E isso ocorre porque os fatos cientificos (evidéncias, base interindividuais. Esse é um importante quesito que em que él variaveis pessoa, ou mesmo quisa ci empirica) devem ser separa Ciéncia de Religido. Nao se confunde isso com um pressuposto de pesquisa com técni- cas qualitativas, segundo o qual o estudo de poucas variaveis, mas profun- damente, pode revelar expressdes do meio em que essa individualidade esta imersa. No entanto, mesmo nessa suposi¢ao, o objetivo é entender o funcionamento do mundo, apenas fazendo por outra concep¢ao, e nao a classica que lida com mais varidveis observadas em muitos representantes do universo em estudo, A descrigao de procedimentos no texto cientifico visa dar aos cien- tistas a chance de conseguir replicar seu estudo e, assim, mostrar a inte- tindividualidade das suas evidéncias, seja entre cientistas individuais ou grupos de pesquisa. Nao estamos discutindo se tais experiéncias pessoais sao verdadeiras ou nao, pois isso nao & possivel, uma vez que os referen- ciais de verdade nao nos sao disponiveis (dependem da experiéncia indi- vidual). No entanto, quando varias experiéncias individuais apontam para um mesmo lado, é possivel que algo de consistente exista, Isso. porém, é diferente da Religio, na qual a crenga é compartilhada, pois outros pre Supostos cientificos so violados (por exempli fe osta inicaleevidencias gue Pi empl lo, base Iégica da prop a oldeenn eta as ideias ou sustenté-las). erindividuais e “perene ” yermi- obi snc "ro funcionamento de varias partes do mun set tiu des numa do, incluindo © NO, © que sust q fenta nossas tecnologias e explicagées sobre om! undo. |-4. A literatura como base empirica cientista ainda se vale de evidéncias indiretas, aquelas relatadas ‘em estudos j4 publicados. Apés andlise da literatura, poder usar tais evi- déncias em seu discurso, principalmente* um procedimento, um resulta- do (base empirica) e conclusdes. E nesse sentido que as citagdes entram na argumentagio cientifica para demonstrar ou alicercar conclusdes (validam metodologias, resul- tados e conclusdes). Por conseguinte, uma pesquisa de revisdo, seja com suporte estatistico necessdrio (metandlise) ou nao (todos os demais tipos); resultaré num artigo de revisdo se produzir conclusées novas. Isso faz sen- tido, pois as evidéncias estdo nos artigos citados ¢ sao usadas pelo cientista para uma reorganiza¢ao de tal modo que traga conclusées novas. Contudo, isso € muito dificil de ser conseguido. Veja, por exemplo, que cada artigo representa ideia(s) de algum autor ou grupo de autores. Quando olhamos um conjunto de artigos selecionados sobre determinado tema ou proble- matica, estamos de posse dessas principais ideias (respostas, conclusdes) até mesmo de sugestdes que esses cientistas fazem dentro desse escopo. Serd a partir disso (a tiltima palavra da Ciéncia sobre aquela questo) que temos que trazer nos artigos de revisdo da literatura ideias novas e conclu- sivas. Significa juntar evidéncias anteriormente nao juntadas, ou apresen- tar uma releitura do que jé foi agrupado. Envolve pensar melhor do que aquele conjunto de autores. Por isso nao é tarefa esperada para iniciantes na Ciéncia, mas para pessoas bem experientes nela®*. |-5. Abordagens: uma provocagéo Vamos entao a provoca¢ao prometida. Olhemos as abordagens so- bre 0 uso ou nao do pensamento racional, i.e., uso da Légica e das evidén- cias de que racionalmente nao se duvida existirem no mundo, A inclusio de evidéncias que nao existem no mundo (exceto em nossa imaginagio), 35. Digo “principalmente” pois, teoricamente, o cientista pode usar qualquer informa- Go pata o processo de construgao de conhecimento. No entanto, para propor ages me- todol6gicas, fundamentar resultados ou conclusées, ele deve usar o que € solidamente Sustentado nos estudos que cita, e nao sugestdes, palpites e ideias pouco embasadas. Afinal, Serdo degraus em que ele se apoiard para sustentar argumentacdes. 36. Talver.esse seja um indicador de como a Ciéncia em nosso pais precisa melhorar. iancia: da filosofia & publicagag 62_cusoulu vor ee dentro das explicagdes ou discursos, uso para diferenciar ° Penn, jonal do Racional. Reforgo também a mecessidade da base em Irracional (0 ee eneia das demais abordagens racionais, py Pt para distinguir a Ciéncia das ¢¢ ann ‘Proponty uma divisio da abordagem légica no tocante 40 quanto se utiliza 4 ly guogem matemética, Também considero 2 Légica como um penser to basico para qualquer discurso coerente, seja Trractonal ou Raion F, finalmente, vejo que a LOgica pode ser expressa principalmente duas linguagens nao exclusivas: palavras ou nimeros. Embora Logica Matematica possam ser areas de estudo que se desenvolvem em si Mesmas, sao formas de o ser humano expressar seus pensamentos”. Nesse Sentidg de linguagem, sao usadas para as abordagens do ser humano. Aqui farej e5- sas distingdes, quando necessario. Vamos primeiro conhecer 0 panorama da nova classificagao e depois entender suas razdes, 1. Abordagem Irracional a, Abordagem Irracional Mistica (Mitologia, Religiao) b. Abordagem Irracional Incongruente (Loucura) 2, Abordagem Racional 2.a. Abordagem Filosdfica Qualitativa - (Filosofia tradicional) Légico-Matemética - (Logica e Matematica) Abordagem Cientifica - (Ciencia, em todas as éreas) Zi 3. Abordagem Artistica - (Arte por todas as vias aceitas de expressio) Pane eanEnSCECEE 37. Nao desconsider in "FO outras lingua; aa entre outras. Foco as mais conve ons stds de oe eet et abordagens humanas, a onvencionals usadas de forma mais sistemstica dent > uma ver ir i i setores imate ‘due outras linguagens ocorrem com maior frequém ‘Por exemplo, nas Artes), Is i que tais li expres 5 » ). Isso nae ins zens Sem pensamentos racionas ou interiors Sci icag te Parte 2—Pensando e Fazendo Ciéncia ce Consideremos 0 uso das evidéncias empiricas como um dos divi- sores de Aguas para as abordagens do ser humano sobre 0 mundo. Outro divisor também sera 0 uso do pensamento ldgico, seja pela Logica ou pela Matematica. Divido inicialmente as abordagens em Irracionais e Racionais. As primeiras, mesmo que falem do mundo real (esse que, de forma interindivi dual, o bom senso nos leva a aceitar que existe), incluem nele elementos que nao existem ou, no minimo, relacées que nio existem. As abordagens racio- nais focam 0 mundo que existe, néo apenas material, mas imaterial no sen- tido tedrico de poder existir (elucubragdes humanas fantasiosas estudadas como ideias, e nao como partes do mundo real). Assim, elementos de meta- fisica e varidveis cientificas sio abordadas pela mesma abordagem racional. As abordagens irracionais divido também em duas. Ha as que se- guem uma fundamentagio-padrao légica, ou até mesmo légico-matema- tica, embora falem sobre elementos misticos; so elementos irreais, exceto por matéria de fé. Ha também as que discursam dentro do mundo irra- cional, mas sem uma fundamentacao légica ou légico-matematica, per- tencendo mais ao campo das psicopatologias (a loucura é sua expressdo). 1. Abordagem Irracional Essa abordagem traz em seu bojo a nogao de um conhecimento ver- dadeiro, ou entdo algo assumidamente irreal. Explica, de forma irracional, parte imaginada ou real do mundo. Divido essa abordagem em duas. A istica e a Incongruente. a. Abordagem Irracional Mistica (Logica ou Légico- -matematica™) Assim, a abordagem irracional légica ou légico-matematica & aquela que faz um discurso argumentativo coerente, desde que se aceite @ existéncia dos elementos ou relagées e fungdes imaginadas. Por exem- Plo, podemos falar do espiritismo dentro de uma légica até com aparéncia pa 38. Por logico-matemitico refiro-me ao uso da Matematica, seja nela propria ou atrela- i a questdes da Légica. O termo Légica implica as duas, por meio das palavras ou das simbologias matematicas. A divisio colocada aqui é por raz6es de énfase para incluir a Matematica, indicando uma forma do discurso logico. Lye VoUrsO- Ciéncia: da filosofia & Publicaggo Guson Lu! 64 tanto, isso requer assumir a elementos (comp - ‘ori, O sistema que nos leva a aceitar esse elemento 20 my % pirito) a priori fé do que de evidéncias. Da mesma forma, podemos * depende mais de iat Elas partem de dogmas preestabelecigo, ty enn pee relativamente l6gicoss alguns até com fundane r cientifica. No € ‘amen, em ¢ : ns at s gu gien-matematcas aceitos 05 pressupostosniiassobreaigy oes de certos elementos. ‘A Filosofia usou tais atitudes no passado, mas nao na atualidade Por ese motivo, opassado da Filosofia deve ser analisado considran, estrutura de pensamento nesse passado, pois somente assim entendemgs 2 evolugio do pensamento humano sobre as abordagens humanas ¢, entendimento que nos faz propor modificag6es que melhor se adéquem ap momento hist6rico atual do conhecimento humano. Logo, néo devem restar diividas a respeito da existéncia do pens. mento irracional nos termos que coloco, seja ele transvestido de légica ou légico-matemética, ou nao, Assim, explicamos contos de fadas, gnomes, deuses mitolégicos, fantasmas, extraterrestres inteligentes, espiritos hu- manos etc. Note que esse discurso, aceitas as prerrogativas dos elementos, ou de produtos desses elementos (por exemplo, “harmonia da natureza’, “proporgées do universo” etc.), pode transcorrer dentro de uma logica Correta, mesmo que novos elementos surjam ao longo do discurso. 6. Abordagem Irracional Incongruente (disruptiva) Essa abordagem nao se apega a discursos l6gicos ou légico-mate- Imaticos. Tudo vale, até 0 absurdo, mas na convic¢ao de que é real e correto. 'ss0 difere esse “absurdo” daquele que pode estar presente em atividades artisticas (por exemplo, Surtealismo). Portanto, so os casos tidos pelo Pensamento légico como Psicopatolégicos ao nivel de loucura. 2s Abordagem Racional Nessa abordagem usamos a deter elementos do mand re disc; ‘ssipar por certos questionament, mais Macro pode revelar entrave ‘ue existimos base do pensamento racional. Ela foe al. O que € esse mundo real? Sem ™° 0s filoséficos, cuja andlise num seni S desnecessarios e improdutivos, Po € Que também existe um mundo do 4%" Acordar com voce Parte 2—Pensando e Fazendo Ciéncia o participamos. Dessarte, falemos desse mundo a partir de uma abordagem " racional. O que significa isso? Na abordagem racional, consideramos o mundo objeto de nossa fala como aquele composto de elementos e processos (relages, fungdes) que aceitamos como reais, que o conhecimento humano permite afirmar que existe. Sei bem que isso é dificil, mas esse “existe” deve acompanhar inexoravelmente 0 conhecimento do momento. Hoje nao aceitamos gno- mos ou fadas como parte do mundo real. Também nao hé consenso de que espiritos ou deuses existam. Portanto, discutimos aqui pensamentos ¢ elementos que nao precisam dessa fé. Note que a palavra fé tem duas conotagées. Uma é mistica, aquela que nos leva a aceitar elementos do mundo mistico (veja o item 1a), ¢ @ outra esté atrelada a tudo o que a humanidade aceita que existe. Neste livro que vocé lé, hé uma matéria de {@ de que vocé realmente esteja endo este livro e que nao seja tudo um mero sonho. Acreditamos também que certo experimento cientifico tenha produzido conclusdes vlidas no momento. Essa segunda “fé’, a no mistica, é inexoravel para o ser humano e bastante razodvel. Mesmo que vocé nao acredite em buracos negros, caso se propo- nha a gastar alguns anos de sua vida para estudar toda a base que alicerga esse penisamento, passaré a aceitar, mas nao por fé mistica, e sim por per- ceber e compreender os elementos de sua validacao a partir de elementos que nao dependem de fé mistica. O mesmo raciocinio vale para tantas outras coisas que hoje aceitamos de forma bastante universal (no sentido das especialidades racionais, e nao das crengas populacionais). Entao, espero que para vocé esteja claro 0 conceito de mundo real que adoto. Veja que a religiao, matéria de que tratarei num livro especifico, pois exige muito mais detalhamento, possui uma variedade de formas no mundo, inclusive com pressupostos bastante antag6nicos, e cada um segue a sua. Portanto, sio mundos imaginarios proprios ¢ & mercé das opgdes individuais, Nao discuto aqui sobre a verdade absoluta ou a nao verdade dessa crenca. Tente perceber que quero apresentar a vocé a esséncia das abordagens humanas, num prisma pouco convencional. Logo, a abordagem racional trata desse mundo real usando ferra- mentas légicas e logico-matematicas, A partir da relevancia das evidéncias (base empirica) na abordagem racional, divido-a em duas: Abordagem Filos6fica e Abordagem Cientifica. sanciat da filosofia 8 publicacao _ciencia: da VoLratO Guson Lu VOLT 6 em Filosofica 2a, Abordeg mados coma Filosofia, minha pp, 4 este} tu ja estejam acos ; ora todos ja est “ a eee : Embi 4 base empirica para distingui-la, 0 que trarg a jo aqui € usar F voces tras areas. Mais ainda, um ponto central nessas dis. ificacao de ou . a marae olharei mais para 0 que nos leva a aceitar as conclusées qy ingdes € qu 7 bes ee ra ° objeto de estudo ou 0 que nos leva a criar ideias. No campo q, que pa 40 de ideias, nao temos acordo e é, realmente, um vale-tudo. Todavia, criagao : po das justificativas, para aceitarmos as ideias a questo é bem no camy diferente. ; ‘A abordagem filoséfica nao esta preocupada necessariamente com a ligagio de suas conclus6es com a base empirica. Meena que isso possa ocorrer em alguns casos, essa postura nao oxcacterie a abordagem filo. sofica. Assim, se olharmos pelo lado da “abordagem’, podemos ver que, num dado momento, um filésofo poder exercer outra abordagem (veja a cientifica, adiante) e depois retornar a filoséfica. Parece estranho, pois estamos acostumados a entrar numa caixinha e viver nela eternamente. No entanto, nao ha nada que nos force a isso, exceto nosso costume ou cren¢a. A abordagem filos6fica trata do mundo real, mesmo que seja 0 me- tafisico, usando um pensamento légico bastante forte. E muito comum que se utilizem do pensamento dedutivo, mas temos também a filosofia empirista (fonte importante para o surgimento da Ciéncia, mas que nao se confunde com ela pela énfase que da as evidéncias). No discurso filos6fico, embora fatos do mundo possam ser usados na argumenta¢ao, a légica é imprescindivel e ela se apresenta em duas lin- guagens: a linguistica por meio das palavras e a matematica por meio de muimeros e outros simbolos. Se prestarmos atencao, veremos que do ponto come pcan oy paraa Filosofia do que pane ar as abordagens, iw Materodiics: cath mais a Ciéncia vem, possivelmente, Srp gin eae » Pela nocao de que a criagio de qualquet corpo de conhecimento é uma Cie vine erg nnesimento € uma Ciéncia. Aqui, rfiro-me a Ciéncia como especifca do pensamento racional Entio, tanto a Légi tanto a Logica can constroem continuamente quanto a Matematica sio sistemas que 5¢ tohumano. Nesse sentide tar ee quer Outro sistema do conhecime®” NGO, tem suas ferramentas e métodos. Contudo, Po" Parte 2~Pensando e Fazendo Ciéncia St a se tratar da base do raciocinio humano, séo também ferramentas nas ou- tras abordagens do ser humano. Por exemplo, vocé viu que usei a Logica ea Matematica na abordagem Irracional Mistica e na Racional Filos6fica. Serio também utilizadas na abordagem Racional Cientifica. Por con- seguinte, divido a abordagem Racional Filoséfica em duas: Qualitativa, aquela tradicional da Filosofia, usando Légica e Linguistica; e a Légico- Matematica, que se aplica 4 Matemética e A Légica. Na primeira, a Logica é ferramenta e na segunda, tanto a Logica quanto a Matematica so ferra- mentas, mas indispensaveis. Note que pode parecer um abuso, ou incongruéncia, colocar a Matematica como parte da Filosofia. No entanto, isso s6 acontece por ter mudado o prisma basico para a classificagio. Do contrario, tudo ficaria como esté tradicionalmente. Afinal, o inicio das ideias e as bases para acei- taco delas so os mesmos na Filosofia tradicional e na Matematica, exceto que a Matematica foca uma tinica linguagem, que é expresso numérica. Nesse prisma, sao bem diferentes da Ciéncia. 2.b. Abordagem Cientifica A Ciéncia, assim como a Filosofia, visa explicar 0 mundo real, ten- do a consciéncia de que tais explicagées serio eternamente provisérias. O distintivo aqui é que a Ciéncia busca, incansavelmente, contrapor suas ideias as evidéncias do mundo real. Vale-se dessas evidéncias (empiricas) para a construgao dos discursos sobre 0 mundo. Para criar ideias, pode ou nao usar as evidéncias, mas para aceité-las conclusivamente é funda- mental que sejam coerentes com os fatos. Tais contrastes entre ideias e fatos podem utilizar raciocinios dedutivos ou indutivos. Esse pressuposto da Ciéncia est ilustrado na fala do fildsofo Bertrand Russell, exposto na Introducao deste livro. Vale agora ressaltar um tipo de abordagem que nao pretende, ne- cessariamente, explicar ou entender o mundo. 3. Abordagem Artistica Nessa abordagem, o foco nao é entender as partes do mundo, mas Suas relacdes estéticas. Assim, interessa-se pela estética das formas fisicas, dos cheitos, dos sons, das palavras, dos desenhos, entre outras. Nao se trata de ser algo real ou nao, nem de imaginar inverdades ou verdades. & on filosofia & publicaca, — Ciéncia: da sso -ATO Gitson Luz VoLPs ee smitir informagoes com 0 que se conhece Ouse j agi, uma forma de aa reocupa com a objetividade da informacig, tho, no mundo, Nao se Eo valorizar um pouco mais essa informagio, 0 _ algumas escolas roam ola diferente para o mundo, Pode usa, elemen cams aa racionais ou Racionais. O ponto de coesio que Berane de a Unica, embora multifacetada, é a busca pela Estéticg “ ew fetios nao é mais do que a relacao entre partes, Distinguimo, ma melodia pelas relacdes entre notas, pausas e intensidades de Som, u A bela de um quadro pode advir do tipo de estéticaadotado enteg tragos, as cores ¢ a distribuigéo das informagies. Enfim, esse é 9 olhat, Embora pela Arte possamos crticar a sociedade, fazer apelos em pro| alguma causa, mostrar a beleza ou mesmo a feiura a algumas coisas, fender ideologias e tantas outras coisas, nesse sentido estamos usanc como ferramenta de comunicacio. de. doa Ela é uma forma de expressio e, po tanto, comunicagao. Ela também capta elementos do mundo, descreve-os, caracteriza-os, mas ela nao descobre o funcionamento do mundo, 6 Comentarios adicionais sobre a Ciéncia 1. O que e como estudamos o mundo? Imagine o mundo composto de elementos, car coisas similares, no importa se quali ou do mundo teéric Cada elemento, porindi- Pode ser categorizado dentro de variaveis especificas, litativas ou quantitativas, nem se sio do mundo fisico ‘© organismos vivos, mas nao tresse, bem-estar, frustracio, variavel massa Sera representada por elemen- ‘0M a especificidade que o cientista oriente. Por om (Por exemplo, es Tesisténcia, justica ete,), A do de acordo «: de nenéns, Outrossim, se falamos de mass varios outros elementos. Se & ivers0 de idade, reduzimos o univers ee também eliminamos Pecificamos nenéng brasileiros até 3 meses

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