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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS


DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA - DEFAR
CURSO DE FARMÁCIA
ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM FARMÁCIA HOSPITALAR
DOCENTE: PROF.DR. MARIA LUIZA CRUZ

RESENHA CRÍTICA
INTERVENTIONS TO REDUCE MEDICATION ERRORS IN ADULT MEDICAL
AND SURGICAL SETTINGS: A SYSTEMATIC REVIEW

SÃO LUÍS – MA
2021
EMANUELE FERNANDA LIMA RIBEIRO

RESENHA CRÍTICA
INTERVENTIONS TO REDUCE MEDICATION ERRORS IN ADULT MEDICAL
AND SURGICAL SETTINGS: A SYSTEMATIC REVIEW

Resenha Crítica apresentada como requisito


parcial para obtenção de nota no Estágio Curricular
Obrigatório em Farmácia Hospitalar, supervisionado
pela professora: Dra. Maria Luiza Cruz, da Faculdade
de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão.

SÃO LUÍS – MA
2021
RESENHA CRÍTICA

MANIAS, E., KUSLJIC, S., & WU, A. Interventions to reduce medication errors in adult
medical and surgical settings: a systematic review. 2020. Therapeutic advances in
drug safety, 11, 2042098620968309. https://doi.org/10.1177/2042098620968309

Emanuele Fernanda Lima Ribeiro

O presente resumo traz um olhar crítico-reflexivo baseado no artigo


‘‘Interventions To Reduce Medication Errors In Adult Medical And Surgical Settings:
A Systematic Review’’, ou “Intervenções para reduzir erros de medicação em adultos
em ambientes médicos e cirúrgicos: uma revisão sistemática” das autoras: Elizabeth
Manias, Snezana Kusljic e Angela Wu. O artigo delas trata-se de uma revisão
sistemática que teve como objetivo comparar a eficácia de diferentes intervenções na
redução de erros de prescrição, dispensação e administração de medicamentos em
adultos em ambientes médicos e cirúrgicos, o estudo teve como banco dados as
plataformas: MEDLINE, CINAHL, EMBASE, PsycINFO, Cochrane Database of
Systematic Reviews e o Cochrane Central Register of Controlled Trials, e foram
pesquisados até fevereiro de 2019.
O artigo evidencia inicialmente que os erros ou enganos relacionados à
medicamentos podem acontecer a qualquer momento no hospital, e são uma das
principais causas de morte e danos em todo o mundo. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), erros relacionados a medicamentos chegaram a custar
cerca de 42 bilhões de dólares anualmente em todo o mundo, o que era 0,7% do total
da saúde global despesas em 2019. Mais recentemente, em 2020, de acordo com
dados mundiais, estima-se que aproximadamente 5% a 6% das hospitalizações
estejam relacionadas ao uso de medicamentos, atingindo especialmente os idosos.
Segundo as informações, mais da metade dessas internações seriam evitáveis
(ANVISA, 2020). Ressalva-se que erro de medicação é qualquer evento evitável que,
de fato ou potencialmente, pode levar ao uso inadequado do medicamento. Ou seja,
o uso inadequado pode ou não lesar o paciente, estando o medicamento sob controle
ou não de um profissional da saúde. (ROSA; PERINI, 2003).
No artigo analisado, foram observados um total de 34 estudos os quais foram
incluídos, 12 tipos de intervenções identificadas. A maioria dos estudos foi realizada
em hospitais, sendo a revisão dos prontuários dos pacientes a forma mais comum de
coleta de informações sobre erros de medicação. Em 21 dos 34 artigos, os
pesquisadores examinaram o efeito dos tipos de atividades nos danos aos pacientes
causados por erros de medicação. Muitos estudos não envolveram a utilização de um
grupo controle que não recebia as intervenções.
As autoras ilustraram em sua análise estatística que a combinação de
diferentes tipos de intervenções demonstrou ter sucesso na redução de erros de
prescrição ou administração de medicamentos. Os erros de prescrição foram
reduzidos principalmente por farmacêuticos que realizaram a reconciliação de
medicamentos de forma computadorizada, parcerias entre farmacêuticos e
prescritores com trocas de informações contínuas, educação e treinamento de
prescritores, e entrada computadorizada de pedidos médicos. Os erros de
administração de medicamentos foram reduzidos pelo uso do pedido médico
computadorizado e também pelo uso de um sistema de distribuição automatizado de
medicamentos com intervenções únicas e individuais. As taxas de erro de
administração foram reduzidas em 4 de 11 estudos.
Dois estudos que abordaram intervenções na dispensação, não relataram uma
redução significativa nos erros de dispensação, que é um serviço de cuidado
assistencial no qual o farmacêutico disponibiliza medicamentos para o paciente, em
atendimento a uma prescrição emitida por um profissional da saúde devidamente
habilitado. Sabe-se que a prática é privativa do farmacêutico, e deve ser realizada de
forma centrada nas necessidades do paciente, deve incluir a orientação, a informação
e a educação necessárias para o uso racional dos medicamentos. Importante salientar
que no Brasil o Projeto de Lei 1896/2021 vem sendo debatido pelo Conselho Regional
de Farmácia do Ceará, pois pretende autorizar a venda de medicamentos em
supermercados e outros estabelecimentos, sob a justificativa de ampliar o acesso aos
Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs).(CRF-CE, 2021). Tal iniciativa apresenta
uma ameaça à saúde pública, e a classe farmacêutica, uma vez que dispensa a
assistência farmacêutica, assim como a orientação e a autoridade técnica do
profissional.
Não foram encontradas ou elencadas intervenções que implicassem na
redução de erros relacionados ao fornecimento de medicamentos. Entretanto, a 47a
Assembleia Mundial da Saúde, realizada em 1994, ocupa-se do tema e expede a
resolução 47.12/94, na qual estabelece que é de competência dos profissionais
farmacêuticos, que supervisionem a qualidade, que gerenciem o sistema de
fornecimento, que forneçam informação científica a outros profissionais de saúde e à
comunidade, que promovam o conceito de Assistência Farmacêutica, e que
respaldem pesquisa e formação. (WHO, 1994). Complementa-se que o Farmacêutico
tem papel fundamental na prevenção e diminuição da incidência de erros de
medicação, reações adversas a medicamentos, interações medicamentosas e
incompatibilidades, além disso, atua na promoção do uso correto e racional de
medicamentos, contribuindo com o aumento da segurança e da qualidade da atenção
ao paciente, reduzindo os custos com o tratamento e o tempo de internação e,
consequentemente, aumentando a eficiência hospitalar. (ALBUQUERQUE et al.,
2021).
Em síntese o artigo é um estudo de revisão sistemática com conteúdo muito
rico no segmento de rotina hospitalar e erros relacionados a medicamentos. A falta
de conhecimento do prescritor a respeito dos medicamentos e seus efeitos
farmacológicos, é um fator que pode conduzir a erros, assim como a falta de
conhecimento do farmacêutico, da equipe de enfermagem e técnicos auxiliares.
Torna-se essencial a discussão de atividades de educação em saúde nesses
ambientes de trabalho. Vale lembrar que no Brasil, até o início do século XXI, as
atividades do farmacêutico em um hospital estavam limitadas a área administrativa de
controle dos fármacos e gestão financeira dos recursos. O que começou a mudar com
a introdução da Atenção Farmacêutica, e posteriormente, da Farmácia Clínica no
Sistema Único de Saúde (SUS) e outros sistemas de saúde, o que proporcionou uma
visão mais individualizada e direcionada ao paciente. (ALBUQUERQUE et al., 2021).
A revisão sistemática identificou uma série de tipos de intervenções que foram
eficazes na redução de erros de medicação, as quais os profissionais da saúde e em
às equipes médicas poderiam considerar para implementação em ambientes médicos
e cirúrgicos. Foi sugerido que novas direções para pesquisas futuras devem examinar
abordagens colaborativas, ou seja, examinar atividades envolvendo profissionais de
saúde trabalhando juntos. O que seria de muita importância, pois perante o exposto
ao longo do artigo, os erros relacionados a medicamentos são de fato um desafio aos
profissionais envolvidos. A rotina em ambientes médicos e cirúrgicos de adultos
envolve prescrição médica, solicitação de medicamentos à farmácia hospitalar,
separação e dispensação pela farmácia, recebimento pela enfermagem, além do
preparo e administração pela enfermagem, etapas que envolvem decisões e ações
que seguem um fluxo multiprofissional, os erros podem ocorrer em quaisquer etapas
desses processos o que implica na segurança medicamentosa do paciente.
REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE L.A.B.J.; LEITE R.S.; YOSHIDA E.H.; ESTANAGEL T.H.P.;


SANTOS N.S.D. Importância Da Farmácia Clínica Para A Identificação E Resolução
De Problemas Relacionados A Medicamentos (PRM). Revista Saúde em Foco –
Edição nº 13 – 2021. Acessado em 4 de Novembro de 2021. Disponível em:
https://portal.unisepe.com.br/unifia/wpcontent/uploads/sites/10001/2021/01/IMPOR%
C3%82NCIA-DA-FARM%C3%81CIA-CL%C3%8DNICA-PARA-A
IDENTIFICA%C3%87%C3%83O-E-RESOLU%C3%87%C3%83O-DEPROBLEMAS-
RELACIONADOS-A-MEDICAMENTOS-PRM-9-%C3%A0-20.pdf
ANVISA. Boletim de Farmacovigilância aborda erros de medicação. 2020. Acessado
em 4 de Novembro de 2021. Disponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/resultado-de-
busca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_
col_id=column-
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e=boletim-de-farmacovigilancia-aborda-erros-de-medicacao&inheritRedirect=true
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO CEARÁ. Farmacêutico (a) diga não ao
PL 1896/2021 – Medicamento é coisa séria!. [online]. 2021. Acessado em 4 de
Novembro de 2021. Disponível em: http://crfce.org.br/2021/05/21/farmaceutico-a-
diga-nao-ao-pl-1896-2021-medicamento-e-coisa-seria/
MANIAS, E., KUSLJIC, S., & WU, A. Interventions to reduce medication errors in adult
medical and surgical settings: a systematic review. 2020. Therapeutic advances in
drug safety, 11, 2042098620968309. https://doi.org/10.1177/2042098620968309
ROSA, M. B.; PERINI, E. Erros de medicação: quem é o responsável?. Revista da
Associação Médica Brasileira [online]. 2003, v. 49, n. 3. Acessado 4 Novembro 2021,
pp. 335-341. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-42302003000300041
Epub 05 Nov 2003. ISSN 1806-9282. https://doi.org/10.1590/S0104-
42302003000300041.
WORLD HEALTH ORGANIZATION/DRUG ACTION PROGRAM. (WHO/DAP)
Indicators for Monitoring National Drug Policies. Geneva: WHO, 1994.
(WHP/DAP/94.12)

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