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Unidade 2

Viga principal em
concreto armado
Gabriela Martins Souza Brisola
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Sumário

Unidade 2
Viga principal em concreto armado����������������������������������������������������������� 5
Seção 1
Análise estrutural do momento fletor na viga principal��������������� 7
Seção 2
Análise estrutural da força cortante na viga principal�����������������23
Seção 3
Dimensionamento da viga principal����������������������������������������������39
Unidade 2

Viga principal em concreto armado

Convite ao estudo
Caro aluno, seja bem-vindo a esta unidade da disciplina de Pontes e
Grandes Estruturas. Nesta etapa, muitos conceitos que você já viu em outras
disciplinas na área de Estruturas serão aplicados para desenvolver o projeto
de uma ponte em concreto armado. Ao longo deste livro, você perceberá que
o conceito do dimensionamento das estruturas é feito de forma similar para
diferentes tipos de materiais.
Nesta unidade, você aprenderá a aplicar os conhecimentos de linha de
influência de momento fletor e força cortante em uma viga principal de uma
ponte, chegando a valores máximos e mínimos de momento e cortante e a
valores finais de área de aço da viga de concreto armado. Após estudar todos
os conteúdos apresentados, você saberá determinar a armadura de flexão e
cisalhamento de uma viga principal de concreto armado de uma ponte.
As estruturas devem estar dimensionadas de forma a garantir a estabili-
dade do elemento estrutural, conforme previsto pelas normas técnicas brasi-
leiras. No caso de pontes e viadutos, a existência de cargas móveis atuantes
sobre a estrutura exigirá uma atenção maior para determinar os esforços
máximos e mínimos para as seções importantes de uma peça, como por
exemplo uma viga longitudinal principal. Com isso, você deverá estar capaci-
tado a conhecer as técnicas de cálculos necessárias e, ao aplicar os conhe-
cimentos de linha de influência de momentos fletores e forças cortantes
em uma viga principal de uma ponte, você determinará valores máximos e
mínimos dos esforços.
Essa etapa é fundamental para que você saiba determinar as armaduras
necessárias, armaduras longitudinais de flexão e armaduras transversais de
cisalhamento, para a construção da ponte do projeto no qual você está envol-
vido. Sendo assim, neste livro, buscaremos desenvolver as noções básicas de
dimensionamento em concreto armado. Lembre-se de que o dimensiona-
mento deve assegurar que os valores de cargas permanentes e móveis, previa-
mente analisados, serão suportados pela estrutura. Para isso, os esforços de
momentos fletores serão importantes e devem ser determinados para os
cálculos, bem como os esforços de forças cortantes. Visando determinar
esses valores de esforços máximos e mínimos, vamos nos debruçar sobre
uma técnica que pode ser utilizada no caso de cargas móveis, como é o caso
da linha de influência.
Nesta disciplina, além da capacidade de dimensionar estruturas de
concreto, o incentivo é também para a aplicação da técnica de linha de influ-
ência – que pode ser aplicada a todos os tipos de carregamentos, estáticos
ou móveis – a fim de determinar o diagrama de esforços em todos os tipos
de estruturas. Aproveite a oportunidade de aprender um pouco mais, seja
proativo e procure informações adicionais, além dos tópicos citados aqui. A
aplicação desse conceito pode ser utilizada em muitos casos na engenharia
de estruturas e, o seu conhecimento poderá ser um diferencial que o tornará
capacitado para o mercado de trabalho.
Bons estudos!
Seção 1

Análise estrutural do momento fletor na viga


principal

Diálogo aberto
Nesta primeira seção da Unidade 2, veremos sobre a linha de influência
de momentos fletores para a viga principal longitudinal do projeto de pontes
em concreto armado. Utilizando essa técnica de cálculo, determinaremos
o momento fletor máximo e mínimo atuante na viga principal, de acordo
com o trem-tipo longitudinal máximo determinado anteriormente e devidos
coeficientes de impacto aplicados aos carregamentos móveis.
Também abordaremos o conceito de envoltória do esforço de momento
fletor. Com esses valores em mãos, será possível dimensionar a estrutura em
concreto armado, que será estudada na Unidade 3.
Vamos relembrar sua situação profissional. Você ingressou como trainee
de engenharia civil em uma grande empresa de projetos estruturais. Devido ao
seu bom desempenho na empresa, o seu superior convidou-o para participar
do projeto de uma ponte que será construída na cidade de São Paulo. Em uma
primeira etapa, foi definido o sistema estrutural da ponte, que será construída
em duas vigas de concreto. Na sequência, você e sua equipe determinaram
os carregamentos atuantes devido às cargas permanentes (Figura 1.20, Seção
1.2) e cargas móveis (Figura 1.31, Seção 1.3), para a viga principal longarina.
Agora, você deve colocar em prática os seus conhecimentos para determinar os
máximos esforços atuantes, de momento fletor, para dimensionamento dessa
viga. Você já sabe como determinar os valores de momentos fletores devido a
uma carga permanente estática. Mas, como determinar os valores de momentos
fletores devido a uma carga móvel, que percorre o tabuleiro da ponte?
Figura 1.20 | Esquema estático de cargas permanentes

Fonte: elaborada pela autora.

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Figura 1.31 | Trem-tipo longitudinal máximo

Fonte: elaborada pela autora.

Para concluir mais essa etapa do projeto, você estudará sobre a linha de
influência de momento fletor, sobre a influência dos coeficientes de impacto
no momento fletor e sobre o conceito de envoltória de momento fletor na
viga principal.

Não pode faltar

Na área de Estruturas, sabe-se que, para o dimensionamento de uma


estrutura, é necessário conhecer os esforços máximos e mínimos que ela
suportará ao ser submetida a um carregamento. Diversas estruturas são
dimensionadas para suportar cargas móveis, como o caso de pontes rodovi-
árias ou ferroviárias, pórticos industriais que englobam pontes rolantes para
o transporte de cargas, entre outros.
Para estruturas submetidas a cargas móveis, existe um diagrama conhe-
cido como envoltória de esforços, que determina os valores limites, ou seja,
os valores máximos ou mínimos para as seções transversais da estrutura
analisada. Por exemplo, o máximo valor de momento fletor em uma viga
contínua com vários vãos não é determinado ao posicionar a carga acidental
de ocupação sobre todos os vãos. Posições selecionadas determinarão os
valores limites de momento fletor que ocorre em uma seção durante todas
as posições da carga móvel sobre a estrutura. Com isso, cabe ao projetista
determinar, para cada seção dimensionada, as posições de atuação das cargas
acidentais que provocam os valores extremos (mínimos ou máximos de um
determinado esforço). A solução para esse problema seria analisar a estru-
tura para várias posições diferentes das cargas móveis ou acidentais e, dentre
os valores encontrados, selecionar os valores extremos. Contudo, esse proce-
dimento não é prático para estruturas com carregamentos complexos. O
procedimento geral e eficiente para determinar as posições das cargas móveis
e acidentais que provocam os valores mais extremos em uma seção de uma
estrutura é feito mediante o auxílio das linhas de influência.

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Linha de influência de momento fletor na viga principal
O conceito de Linha de Influência (LI) já foi visto em uma seção anterior
desta disciplina, porém, foi utilizado para determinar esforços de reações de
apoio de um conjunto de cargas estáticas. Nesta etapa, compreenderemos o
uso de LI de momento fletor em uma seção de uma carga vertical unitária
que passeia sobre a estrutura e, com isso, geraremos uma representação
gráfica do momento fletor. Para melhor compreensão, vemos na Figura 2.1 o
diagrama de LI para uma viga contínua de 3 vãos. Na mesma figura, também
vemos a carga unitária P = 1 , em uma posição x. A ordenada M s (x ) da LI
representa o valor de momento fletor na seção S quando a carga unitária
P = 1 está posicionada em x . Logo, vemos que a LI é uma representação
gráfica dos esforços de momento fletor que ocorrem apenas em uma seção S
quando a carga percorre a estrutura.
Figura 2.1 | Linha de Influência de momento fletor em uma seção de uma viga contínua

Fonte: Holtz (2005, p. 24).

A linha de influência é um método demonstrado através do Princípio dos


Deslocamentos Virtuais (PDV) (MARTHA, 2005) e pode ser aplicado para
qualquer tipo de estrutura, sendo essa isostática ou hiperestática.

Momento fletor máximo e mínimo na viga principal


Para a mesma viga contínua, sob o mesmo diagrama de LI, considere uma
carga móvel acidental atuando sobre essa estrutura. Essa carga é comporta de
uma carga concentrada P e de um carregamento uniformemente distribuído,
representado por q. Por ser uma carga acidental, q pode atuar parcialmente
sobre a estrutura. O objetivo principal nesse momento é determinar quais
são as posições de atuação das cargas P e q que maximizam ou minimizam
o momento fletor em S. Por convenção, adota-se que o valor máximo de
momento fletor M é obtido quando a carga q está posicionada sobre as
ordenadas positivas na LI de momentos fletores e a carga concentrada P
está sobre a maior ordenada positiva. Da mesma forma, o valor mínimo é
determinando quando a carga q está locada sobre ordenadas negativas da LI

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de momentos fletores e a carga P está sobre a maior ordenada negativa do
diagrama. Esse conceito é exemplificado nas Figuras 2.2 e 2.3 a seguir:
Figura 2.2 | Posicionamento da carga móvel para provocar máximo momento fletor em uma seção

Fonte: Holtz (2005, p. 27).

Figura 2.3 | Posicionamento da carga móvel para provocar mínimo momento fletor em uma seção

Fonte: Holtz (2005, p. 27).

Reflita
Se a LI de momentos fletores representa um diagrama com ordenadas
que representam valores de momentos fletores apenas de uma seção S,
quando uma carga solicitante está passeando pela estrutura, em várias
posições, então é verdadeiro dizer que, para cada tipo de estrutura
(seja uma viga bi apoiada ou viga contínua de diversos vãos) e para cada
seção analisada, teremos um diagrama de LI específico?

Influência dos coeficientes de impacto no momento fletor da


viga principal
O diagrama de LI representa um resumo de todos os esforços que
acontecem em uma única seção quando a carga percorre a estrutura.
Visualizamos um exemplo genérico para o caso de uma viga contínua,
contudo, diante desse conceito, é necessário determinar dois itens impor-
tantes para elaborar um diagrama de LI para os demais casos:
• O tipo de viga a ser analisado.
• A seção de análise, que ocasionará os máximos esforços de
momentos fletores.
Para o caso de uma viga de ponte, do tipo bi apoiada, com balanços nas
extremidades, sabemos que os máximos valores de momento fletor ocorrerão

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no meio do vão da viga. Em caso de dúvidas, vemos os diagramas de momentos
fletores para as diferentes posições de carga concentrada P, na Figura 2.4.
Figura 2.4 | Diagramas de momentos fletores para carga P em diferentes posições

Fonte: elaborada pela autora.

Com isso, é possível admitir uma seção de análise, S, como a posição no


meio do vão, para elaborar o desenho do diagrama de LI de momento fletor,
conforme Figura 2.5.
Figura 2.5 | Analisando a seção S dos diagramas de momentos fletores

Fonte: elaborada pela autora.

Sendo assim, construímos, para o caso de uma ponte bi apoiada, a LI de


momentos fletores:
Figura 2.6 | LI de momentos fletores para a seção no meio do vão

Fonte: elaborada pela autora.

Uma vez que a LI de momento fletor para uma viga em análise é deter-
minada, basta incluirmos os carregamentos e, diante disso, determinaremos
o máximo momento fletor de uma viga bi apoiada, ocorrendo na seção S,
localizada no meio do vão, para os carregamentos atuantes na estrutura.
Para as cargas permanentes, previamente determinadas para a viga
principal, conforme visto na Seção 1.2, para o projeto de uma ponte, o
momento máximo, M g máx , no meio do vão se dá por:

11
Figura 2.7 | LI de momentos fletores para seção no meio do vão

Fonte: elaborada pela autora.

Sendo a ordenada máxima positiva do diagrama de LI de momento fletor


dada por:
P ´L
MF( P=1) =
4
Note que, como a viga é simétrica, para simplificar o cálculo, alguns
valores são multiplicados por 2, devido à existência de dois casos do mesmo
carregamento atuando na viga. Sendo assim, o momento máximo devido às
cargas permanentes é dado por:

(h1 )´ 4,50 (53,66 - 44,84) (h1 )´ 4,50


M máx = 2´(111,75´(h1 )) + 2´[(44,84´ )+( ´ )] +
2 2 2
(h2 )´ 4,50 (53,66 - 44,84) (h2 )´ 4,50
2´[(44,84´ )+( ´ )] +
2 2 2
(h2 )´ MF( p=1)
2´[(44,84´ )´8] + (32,20´MF( p=1) )
2

Onde as ordenadas (h1 ) e (h2 ) podem ser determinadas por relação


de triângulos.
Para determinar o máximo momento fletor devido às cargas móveis
acidentais, M q , máx , tem-se a aplicação dos seguinte carregamentos, definidos
na Seção 1.3, posicionados de forma a garantir o cálculo do máximo esforço.

12
Figura 2.8 | LI de momentos fletores para seção no meio do vão

Fonte: elaborada pela autora.

E seguindo os carregamentos móveis e LI da Figura 2.8, tem-se:


9,50´(h1 ) (h1 ) + (MF( p=1) )
Mq máx = 2´[25,54´ ] + 2´[(8,37´ ´3,0)] +
2 2

2´[182, 4´(h2 )] + 182, 4´ MF( p=1)

Assimile
Observe que, conforme aprendido anteriormente nas seções anteriores,
a carga móvel é uma carga acidental que pode existir ou não na estru-
tura. Então, é importante ter em mente que, nem sempre carregando
toda a estrutura com um carregamento acidental você conseguirá
obter o máximo esforço de momento fletor no meio do vão. Note que a
mesma teoria não é válida para cargas permanentes, visto que a carga
permanente nunca pode ser retirada de uma estrutura, pois é perma-
nente. Sendo assim, a carga permanente sempre existirá.

O valor de momento fletor máximo na viga principal do projeto de ponte


será dado por:
M máx = M g máx = M q máx

O coeficiente de impacto vertical foi definido na Seção 1.3 e acrescentado


aos valores do trem-tipo longitudinal máximo calculado para a ponte em
estudo. Alguns autores abordam que esse valor de coeficiente j também
poderia ser aplicado aos valores de momentos fletores encontrados, em vez
de acrescidos aos carregamentos (MARCHETTI, 2008). De qualquer forma,

13
seja acrescentado aos carregamentos ou aos esforços, o coeficiente de impacto
sempre deve ser considerado no caso de cargas móveis rodoviárias, conforme
NBR 7188 (ABNT, 2013).

Conceito de envoltória de momento fletor na viga principal


Com base em vários traçados de LIs, é possível obter o que se conhece
como envoltórias limites dos esforços, necessárias para o dimensionamento
completo das estruturas submetidas a cargas móveis acidentais. As envol-
tórias de momentos fletores descrevem os valores máximos ou mínimos
para um conjunto de cargas móveis acidentais, em cada uma das seções de
uma estrutura, de forma que se obtenha conhecimento do comportamento
completo da estrutura submetida a uma carga móvel. As seções são definidas
pelo engenheiro calculista responsável, de forma que se adote o maior
número de seções relevantes para o cálculo.
Considerando que, para a viga principal em estudo, os carregamentos
são simétricos devido à simetria da própria estrutura, pode-se determinar,
de uma forma simplificada, algumas seções relevantes para demonstrar a
técnica de LI em diferentes seções. Para uma seção localizada no balanço,
tem-se, na Figura 2.9, a aplicação do carregamento móvel acidental de forma
a causar momento fletor (no caso, negativo), de acordo com o diagrama de
LI de momento fletor para a seção S.
Figura 2.9 | LI de momentos fletores para seção S no balanço

Fonte: elaborada pela autora.

De forma análoga, é possível visualizar na Figura 2.10 como seriam os


cálculos para determinar o máximo momento fletor devido às cargas móveis,
para uma seção S localizada a 5 metros à direita do apoio 1, sendo:

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Figura 2.10 | LI de momentos fletores para seção S no vão

Fonte: elaborada pela autora.

Exemplificando
Para o cálculo completo de uma viga de 25 m de vão e 4,5 m nos balanços,
no cotidiano profissional de um escritório de estruturas, as seções
podem ser definidas a cada 1 m. Assim, os valores limites de esforços
de momentos fletores são definidos para todos os trechos da estrutura.
Nota-se que, a cada diagrama de LI, deve-se posicionar os carregamentos
móveis visando obter os esforços limites (máximos ou mínimos).

Conforme visto, para determinar os valores limites dos esforços de


momentos fletores em uma determinada seção transversal, é necessário
conhecer as posições de aplicação do trem-tipo que causam tais esforços
limites. Para casos simples, de vigas simétricas, com carregamentos simples,
como o trem-tipo, e linhas de influências, como no exemplo desse estudo, é
intuitiva a indicação das posições limitantes, como o caso do meio do vão
para o máximo momento fletor positivo. Contudo, em casos complexos,
não é possível essa confiança na determinação das seções e, por isso, a
maior quantidade de seções possíveis assegura o correto dimensionamento
da estrutura, mediante o conhecimento do comportamento de toda a viga
principal longitudinal. O nosso objetivo geral é minimizar e maximizar os
valores dos esforços nas seções transversais no dimensionamento de um
elemento estrutural em função da atuação da carga móvel acidental.

Pesquise mais
Alguns softwares foram desenvolvidos para auxiliar o dimensionamento
das estruturas na engenharia e alguns desses são disponibilizados
gratuitamente pelos produtores do programa. Para Azevedo (2000, p.

15
1), o uso de softwares no ensino universitário visa preparar o aluno para
“começar imediatamente a ser produtivo no seu primeiro emprego”.
Em seu artigo, o autor cita o programa FEMIX, que serve de apoio
pedagógico ao ensino de linhas de influência na análise das estruturas.
AZEVEDO, A. F. M. A utilização de software comercial no ensino universi-
tário. In: VI CONGRESSO NACIONAL DE MECÂNICA APLICADA E COMPU-
TACIONAL, 6., 2000, Aveiro, Portugal. Anais [...].Aveiro, Portugal:
Universidade de Aveiro, 2000.

Agora que você conhece como determinar os esforços de momento fletor


devido a cargas permanentes e cargas móveis, você está preparado para
determinar o máximo esforço devido a essas cargas em uma viga principal
do projeto de uma ponte. Temos um problema e você já conhece a solução.
Vamos superar esse desafio?

Sem medo de errar

Para determinar o valor máximo de momento fletor devido a um carre-


gamento permanente, pode-se utilizar a técnica de LI de momentos fletores.
Figura 2.7 | LI de momentos fletores para seção no meio do vão

Fonte: elaborada pela autora.

Conforme exemplificado na Figura 2.7, tem-se que, para os cálculos das


ordenadas h , os valores são determinados conforme indicado a seguir:
P ´ L 1´25
MF( P=1) = = = 6,25 kN .m
4 4

16
E, com isso:
6,25 h h
= 1 = 2
12,50 4,5 4,5
Sendo:
h1 = 2,25 e h2 = 2,25

Portanto, o valor de momento máximo na seção S (meio do vão) é de:


(-2,25)´ 4,50 8,82 (-2,25)´ 4,50
M gmáx = 2´(111,75´(-2,25)) + 2´[(44,84´ )+( ´ )] +
2 2 2

(2,25)´ 4,50 8,82 (2,25)´ 4,50


2´[(44,84´ )+( ´ )] +
2 2 2
(2,25) + 6,25
2´[(44,84´ )´8] + (32,20´6,25) = 2747,50 kN .m
2

Considere a figura a seguir, a respeito do momento fletor máximo devido


às cargas móveis acidentais:
Figura 2.8 | LI de momentos fletores para seção no meio do vão

Fonte: elaborada pela autora.

De acordo com a Figura 2.8, o momento fletor máximo devido às cargas


móveis acidentais deve ser calculado da seguinte forma:
P ´ L 1´25
MF( P=1) = = = 6,25 kN .m
4 4
E, com isso:
6,25 h h
= 1 = 2
12,50 9,5 11

17
Sendo:

h1 = 4,75 e h2 = 5,50

9,50´ 4,75 4,75 + 6,25


M q max = 2´[25,54´ ] + 2´[(8,37´ ´3,0)] + 2´[182, 4´5,50] + 182, 4´6,25
2 2

M q max = 4575,10 kNm

As cargas permanentes e as cargas móveis atuam gerando um valor de


momento fletor, que já foi encontrado por você neste estudo. Compreender
o comportamento das estruturas e os esforços limites permite o dimensiona-
mento correto da estrutura para suas respectivas armaduras. O uso da LI de
momento fletor permite agilidade no cálculo dos esforços e pode ser usado
em todos os casos de carregamento, sejam permanentes ou acidentais, na
determinação dos valores de esforços em uma seção.

Avançando na prática

Análise estrutural de momento fletor mínimo


na viga principal

O engenheiro calculista, ao dimensionar uma estrutura como uma viga de


ponte, deve determinar os valores limites de momento fletor para cada seção a ser
dimensionada, de acordo com o posicionamento das cargas acidentais, de forma a
provocar os valores extremos (máximos e mínimos) de um esforço. Já discutimos
que uma alternativa para esse problema seria analisar a estrutura para diversas
posições das cargas móveis e selecionar os valores extremos. Contudo, esse proce-
dimento não é prático e por isso será utilizado o diagrama de LI de momentos
fletores para o cálculo do mínimo momento fletor atuante na estrutura devido a
carregamentos móveis. Considerando a ponte que estamos estudando, determine,
para uma seção S no meio do vão, qual o valor de mínimo momento fletor devido
aos carregamentos móveis acidentais, na viga de ponte em estudo.

Resolução da situação-problema
Para determinar o mínimo momento fletor devido às cargas móveis
acidentais, M q mín , tem-se a aplicação dos seguinte carregamentos, conforme
a figura a seguir:

18
Figura 2.11 | LI de momentos fletores para seção no meio do vão

Fonte: elaborada pela autora.

É válido relembrar que a carga móvel acidental pode ocorrer ou não na


estrutura, de acordo com a necessidade de, nos cálculos, alcançar valores
limites. Com isso, para a seção S no meio do vão, o valor de momento fletor
mínimo ocorre quando as cargas móveis estão posicionadas no trecho em
balanço, com as maiores cargas (como a carga concentrada devido ao veículo
padrão) extremas ao máximo. Dessa forma, tem-se:
P ´ L 1´25
MF( P=1) = = = 6,25 kN .m
4 4
E, com isso:
6,25 h h h
= 1 = 2 = 3
12,50 4,5 3,0 1,50
Logo:

h1 = h4 = 2,25

h2 = 1,50

h3 = 0,75

(-2,25)´ 4,50 (-2,25)´ 4,50


M q min = 8,37´ + 25,54´ + 182, 4´[(-2,25) + (-1,50) + (-0,75)]
2 2

M q min = -992,50 kNm

19
Faça valer a pena

1. Em uma ponte de concreto armado, a viga principal deve ser dimensio-


nada para resistir aos esforços limites (máximo e mínimo) de carregamentos
permanentes e carregamentos móveis. Os carregamentos permanentes se
referem ao peso próprio dos elementos que compõem a estrutura, enquanto
os carregamentos móveis são admitidos por norma brasileira e conhecidos
como trem-tipo. Para as estruturas submetidas a cargas móveis, existe o
diagrama de envoltória dos esforços, que determina os valores máximos e
mínimos para cada uma das seções transversais possíveis.
Diante do conhecimento dos esforços mediante cargas móveis, tem-se as
afirmações a seguir:
I. Para o dimensionamento de qualquer estrutura, é necessário
conhecer apenas os esforços máximos na seção mais crítica da estru-
tura.
II. Em uma ponte extensa, em vigas contínuas em mais de dois vãos,
para obter o máximo momento fletor devido ao carregamento móvel,
deve-se carregar o trem-tipo sobre todos os tabuleiros.
III. A envoltória limite de um determinado esforço descreve os valores
máximos e mínimos desse esforço em cada uma das seções da estru-
tura. Com esse diagrama, é possível saber os valores máximos e
mínimos a que uma seção está sujeita durante a passagem de uma
carga móvel.
IV. A envoltória limite de um esforço é um diagrama que aborda valores
dos esforços, que são as ordenadas do gráfico, de uma única seção
para várias posições da carga percorrendo a estrutura.
Assinale a alternativa correspondente às afirmativas verdadeiras.
a. I, III e IV, apenas.
b. II e III, apenas.
c. III, apenas.
d. III e IV, apenas.
e. IV, apenas.

2. No contexto da análise estrutural, vários carregamentos devem ser consi-


derados para cálculo. Eles podem ser classificados em dois tipos principais:
cargas permanentes e cargas acidentais.

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As cargas permanentes são fixas e atuam com a mesma intensidade durante a
maior parte da vida útil da estrutura. Como exemplos de cargas permanentes
em obras de arte, como pontes, viadutos e passarelas, podemos citar o peso
próprio da estrutura, o pavimento, o guarda-corpo do passeio e as barreiras
rígidas, entre outros. Mediante esses carregamentos, é possível determinar os
esforços solicitantes.
Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta exemplos de cargas móveis.
a. Pessoas sobre arquibancadas e passarelas; barreiras rígidas e pontes
rolantes.
b. Carregamentos rodoviários, como caminhões; placas de sinalização e
pontes rolantes.
c. Carregamentos rodoviários, como carros e caminhões; pessoas sobre
arquibancadas e pontes rolantes.
d. Carregamentos rodoviários; carregamentos ferroviários e tubulações
para passagem de fios.
e. Nenhuma das alternativas.

3. A linha de influência (LI) demonstra a variação de um determinado efeito


(ou esforço) em função da posição de uma carga vertical unitária que passeia
sobre a estrutura. Dessa forma, o método da LI pode ser entendido a partir
do Princípio dos Deslocamentos Virtuais (PDV), pois é traçado inicialmente
um diagrama em função de uma carga unitária e, posteriormente, pode ser
calculado em função de cargas com diferentes valores.
A LI é utilizada para o cálculo dos esforços em estruturas com cargas móveis,
como é o caso de uma viga de ponte, pois garante que, para uma determinada
seção de análise, a LI seja traçada e os carregamentos aplicados causem os
esforços limites (máximos ou mínimos) para a seção analisada. O carrega-
mento móvel utilizado em pontes rodoviárias é conhecido como trem-tipo
e pode ser calculado conforme previsto na NBR 7188:2013 – Carga móvel
rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas
(ABNT, 2013).
A partir de um carregamento móvel definido por um veículo de três eixos e,
portanto, três cargas concentradas, conforme Figura | Carregamento móvel,
e um diagrama de linha de influência de momento fletor traçado para uma
seção S, localizada a 2,50 metros à direita de um apoio, identifique qual
posição do carregamento móvel (veículo) está correta para o cálculo do
máximo momento fletor para a seção S em análise.

21
Figura | Carregamento móvel

Fonte: elaborada pela autora.

Figura | Viga com definição da seção S e Linha de Influência de momento fletor para a seção

Fonte: elaborado pela autora.

a. Para o maior momento fletor em S, o veículo deve ter a roda central


posicionada em cima da ordenada máxima no diagrama da LI, no
valor de 1,25, uma roda à esquerda e uma roda à direita.
b. Para o maior momento fletor em S, o veículo deve ter a primeira roda
à esquerda posicionada em cima da ordenada de valor 1,0, uma roda
em cima da ordenada de 1,25 e uma posicionada sobre a ordenada
1,20.
c. Para o maior momento fletor em S, o veículo deve ter a roda da
esquerda posicionada em cima da ordenada de valor 1,25 e as demais
rodas à direita, sobre ordenadas 1,2 e 1,1, respectivamente.
d. Para o maior momento fletor em S, o veículo deve estar no meio do
vão.
e. Para o maior momento fletor em S, o veículo deve ter a roda sobre o
apoio e as demais rodas posicionadas sob a estrutura.

22
Seção 2

Análise estrutural da força cortante na viga


principal

Diálogo aberto

Linha de influência da força cortante na viga principal


Nesta seção, continuaremos o estudo sobre linha de influência para a viga
principal longitudinal da ponte que você está projetando, contudo, agora
estaremos direcionados para o comportamento do esforço de força cortante.
Dessa forma, é possível determinar os valores de forças cortantes limites
atuantes na viga principal, mediante o carregamento permanente e o carre-
gamento móvel calculado anteriormente.
Conforme visto na seção anterior, além dos esforços de flexão, uma viga
de concreto armado estará sujeita à ação das forças cortantes. A utilização da
linha de influência visa simplificar o cálculo desse esforço para determinar
a envoltória de força cortante ou, em outras palavras, compreender quais os
máximos valores e forças cortantes que atuam por toda a viga longitudinal,
quando o carregamento móvel, ou trem-tipo, está passando pela estrutura.
Baseado no modelo de cálculo em que a viga trabalha de forma
semelhante a uma treliça, quando submetida aos carregamentos próximos
à ruptura, as bielas diagonais, delimitadas pelas fissuras existentes, formam
diagonais comprimidas e as armaduras transversais representam os tirantes
que ligam os banzos de uma treliça. Sendo assim, com os valores limites das
forças cortantes em mãos, o próximo passo será dimensionar a estrutura
para conter uma armadura transversal correta, capaz de resistir aos esforços
solicitados, garantindo a estabilidade da viga.
Vamos relembrar a sua situação profissional? Atualmente você está envol-
vido no desenvolvimento de um projeto de uma ponte na empresa em que
trabalha. Você e a equipe definiram o sistema estrutural da ponte, que será
construída em vigas de concreto armado. Em seguida, vocês determinaram
os carregamentos atuantes devido às cargas permanentes (Figura 1.20, Seção
1.2) e os carregamentos móveis (Figura 1.31, Seção 1.3) para uma das vigas
longitudinais principais da ponte. Na sequência, calcularam os momentos
fletores atuantes da viga, que serão necessários para o dimensionamento da
armadura longitudinal de flexão. Agora, você deve determinar os máximos

23
esforços cortantes, que serão fundamentais para o dimensionamento das
armaduras transversais.
Figura 1.20 | Esquema estático de cargas permanentes

Fonte: elaborada pela autora.

Figura 1.31 | Trem-tipo longitudinal máximo

Fonte: elaborada pela autora.

Para que você consiga vencer mais esta etapa do seu projeto estrutural de
ponte, vamos estudar nesta seção a linha dos esforços, a influência de força
cortante e o conceito de envoltória na viga principal.
Bons estudos!

Não pode faltar

Na área de Estruturas da Engenharia Civil, iniciamos os estudos anali-


sando estruturas comumente submetidas aos carregamentos imóveis, ou
estáticos. Esses carregamentos não se movem ao longo da estrutura durante
a vida útil da obra. De fato, muitos deles são realmente fixos em uma estru-
tura e, como exemplo, podemos mencionar o próprio peso dos elementos
(como vigas, lajes ou pilares). Também são considerados como permanente
o peso do revestimento de uma laje e o peso de uma parede que está apoiada

24
em uma viga, entre outros. Essas cargas, além de estáticas (ou fixas), são
constantes, ou seja, são cargas permanentes, pois sempre estarão atuando na
estrutura. Além delas, aprendemos que as estruturas também estão subme-
tidas a cargas variáveis ou acidentais, as quais em determinados momentos
da vida útil de uma estrutura podem não atuar, o que é o caso dos veículos
que passam sobre as pontes e viadutos, das pessoas que utilizam uma passa-
rela para acessar o outro lado da via, das pessoas e móveis que ocupam uma
sala de aula ou biblioteca, dos automóveis em um estacionamento ou de
materiais que são estocados provisoriamente em um depósito. Dessas cargas,
algumas são intrinsecamente móveis, como o trem que trafega por uma
ponte, e outras cargas que podem se mover eventualmente, como os livros
armazenados em uma biblioteca.
Como vimos anteriormente, o procedimento para determinar os pontos
de colocação das cargas móveis e acidentais, que acarretam valores limites dos
esforços para uma determinada seção da estrutura, é feito com o auxílio dos
diagramas de linhas de influência. Nesta etapa, vamos retomar essa aprendi-
zagem e compreender um pouco mais esse conceito, sob outras perspectivas.
Uma situação frequente e relevante ocorre em estradas que são proje-
tadas para certo tipo de carregamento, porém, em determinas situações,
são utilizadas para o transporte de cargas excepcionais e maiores do que as
previstas em projeto. Nesse contexto, pode-se citar o que ocorreu durante a
construção da barragem de Itaipu, no Rio Paraná, em que a barragem servia
para represar a água e para obter o desnível necessário para operação das
turbinas. Na parte superior da barragem, estavam situadas as tomadas de
água, comportas que permitem que a água passe por elas e alcance a caixa
espiral, fazendo a turbina girar. Os caminhões que transportaram as turbinas
e os geradores da usina tinham um peso muito maior do que o caminhão-tipo
utilizado no projeto das pontes e viadutos das estradas de acesso à usina. Para
resolver esse problema, foram projetados veículos especiais com vários eixos
e rodas para garantir a distribuição da carga total do veículo sobre o tabuleiro
das pontes e viadutos, e foi feita uma verificação das obras de arte para deter-
minar se resistiriam com segurança à passagem desses caminhões. Além
disso, as obras que não apresentaram segurança adequada foram reforçadas.
Nesse contexto, vamos supor que devemos dimensionar uma viga de
ponte rodoviária, conforme exemplificada na Figura 2.12 (a), a qual, por
simplicidade, está sujeita a um caminhão usado para cálculo, conforme a
Figura 2.12 (b), com dois eixos no sentido longitudinal: o dianteiro com peso
de 30 kN e eixo traseiro de 60 kN.

25
Figura 2.12 | Modelo de cálculo de viga de ponte bil bapoiada (a) e veículo para cálculo (b)

Fonte: elaborada pela autora.

Surge então o seguinte questionamento, fundamental para o projeto


que se deseja fazer: quais esforços solicitantes devem ser considerados para
dimensionar a viga? A resposta para essa questão é bastante intuitiva, pois à
medida que o veículo se desloca de uma extremidade para outra da viga, os
esforços solicitantes nas diferentes seções transversais estarão variando de
valores. Sendo assim, é necessário determinar, para cada seção transversal
da viga, os valores máximos dos esforços, os esforços de forças cortantes, e
utilizá-los no dimensionamento da viga.
Agora, considere uma seção S, indicada na Figura 2.13 e, diante disso,
surge uma outra pergunta: que posição do veículo de cálculo produzirá a
maior força cortante em S?
Figura 2.13 | Seção S da viga longitudinal de uma ponte rodoviária

Fonte: elaborada pela autora.

Embora a resposta para essa questão não seja tão intuitiva, uma resposta
que pode surgir naturalmente é: quando o veículo de cálculo estiver próximo
a S. Ainda não é muito claro afirmar se o eixo mais pesado deve estar sobre
S ou o centro de gravidade do veículo de cálculo, contudo, percebe-se que
será quando o veículo de cálculo estiver perto da seção S. Para responder a
questões como essa, ou seja, para determinar os esforços limites produzidos
por carregamento móveis é que as linhas de influência foram concebidas.
Elas são diagramas que possibilitam determinar os esforços produzidos por
cargas móveis, para uma seção S determinada. Para responder a perguntas
desse tipo, as linhas de influência foram concebidas.

Assimile
Os diagramas de linha de influência dos esforços, como das forças
cortantes, é um método para facilitar o cálculo de máximos esforços

26
quando existem cargas móveis, contudo, não é o único método possível
para determinar esses esforços. Observe que o cálculo pode ser feito
conforme aprendido anteriormente em Estruturas Isostáticas para cargas
estáticas, determinando valores de forças cortantes para várias posições.

Força cortante máxima e mínima na viga principal


Por definição, linha de influência de um esforço, na seção fixa S, é o diagrama
que fornece um valor de esforço produzido por uma carga unitária móvel,
adimensional, a qual percorre por toda a extensão de uma viga. Ou seja, com isso,
entende-se que, utilizando a definição de linha de influência, basta supor uma
força unitária esteja percorrendo a viga e determinar o valor do esforço de força
cortante que essa força produzirá em S, quando estiver em uma posição qualquer
da viga. Graficamente, indicaremos o valor de força cortante sob a posição da
carga que ocorre em S. Para o exemplo supracitado, tem-se o diagrama de linha
de influência de força cortante abaixo, conforme Figura 2.14.
Figura 2.14 | Diagrama de forças cortantes na seção S

Fonte: elaborada pela autora.

Para o caso da viga de ponte, do tipo biapoiada com balanços nas extremi-
dades, que é o caso do projeto no qual você está trabalhando, devemos visua-
lizar onde ocorrem os máximos esforços cortantes para determinar o esforço
limite, devido ao carregamento permanente e carregamentos móveis. Para
comprovar essa informação, vemos os possíveis diagramas de forças cortantes
(Q) para diferentes posições de carga concentrada P, conforme Figura 2.15.
Figura 2.15 | Diagramas de forças cortantes para carga P em diferentes posições

Fonte: elaborada pela autora.

27
Diante disso, é possível admitir uma seção de análise S, como uma
posição próxima ao apoio, interna ao vão, ou seja, analisar a força cortante a
direita do apoio móvel para elaborar o desenho do diagrama de LI de forças
cortantes, conforme Figura 2.16.
Figura 2.16 | Analisando a seção S dos diagramas de forças cortantes

Fonte: elaborada pela autora.

Sendo assim, é possível construir a LI de forças cortantes para a seção S


analisada, que apresentara maiores valores do esforço analisado.
Figura 2.17 | LI de forças cortantes para a seção a direita do apoio esquerdo

Fonte: elaborada pela autora.

Influência dos coeficientes de impacto na força cortante na


viga principal
Agora, com a LI de forças cortantes em mãos, para uma seção S, que
causa maior esforço de forças cortantes no caso da viga analisada, é possível
acrescentar os carregamentos sobre esse diagrama e, diante disso, determinar
a máxima força cortante da viga.

Reflita
Para uma viga biapoiada, a máxima força cortante ocorre nas seções
próximas ao apoio na parte interna do vão. Por isso admitimos a seção
de análise S próxima a um dos apoios. O que ocorre quando anali-
sando uma seção S no meio do vão? Podemos obter o esforço máximo
devido à força cortante (máximo positivo ou máximo negativo) no vão
e comparar com o esforço cortante no apoio. Se transferirmos essa
proporção para o dimensionamento de armaduras, qual a região mais
crítica para a força cortante: próximo aos apoios ou no meio do vão? E
quanto às armaduras, qual região deve conter maior área de aço por
seção transversal?

28
Para as cargas permanentes, determinadas em uma seção anterior deste
estudo, atuantes na viga principal longitudinal da ponte, a força cortante
máxima, Q g , máx , é dada por:
Figura 2.18 | LI de forças cortantes para seção a direita do apoio AP1

Fonte: elaborada pela autora.

Sendo que, para o caso do diagrama de LI de forças cortantes, a ordenada


máxima do diagrama é conhecida, pois, quando uma carga unitária, P =
1, está localizada imediatamente a direita do apoio AP1, a força cortante é
aproximadamente igual a 1. Portanto, no diagrama de linha de influência de
forças cortantes, baseado em uma carga unitária, apresenta uma ordenada
conhecida. Com isso, as demais podem ser obtidas através da geometria, por
meio da relação de triângulos.
1 h h h h h
= 1 = 2 = 3 = 4 = 5
25 4,50 20,50 12,50 4,50 4,50
E a força cortante máxima, devido aos carregamentos permanentes, é
dada por:
(h1 ´ 4,50) (53,66 - 44,84) (h1 ´ 4,50)
Q g , máx = (111, 75´h1 ) + (44,84´ )+( ´ )+
2 2 2
(1´25) (53,66 - 44,84) (1 + h2 )
(45, 47´1) + (44,84´ )+( ´ ´ 4,50) + (32,20´h3 ) +
2 2 2
(53,66 - 44,84) (h4 ´ 4,50) (h5 ´ 4,50) (53,66 - 44,84) (h5 ´ 4,50)
( ´ ) - (111,75´h5 ) - (44,84´ )-( ´ )
2 2 2 2 2

Para a máxima força cortante devido a cargas móveis acidentais, Qq , máx , o


carregamento móvel deve ser locado sobre as ordenadas positivas no
diagrama de LI de forças cortantes. Portanto, ao locar o carregamento móvel,
deve-se colocar sobre as maiores ordenadas, os maiores carregamentos. Com
isso, tem-se:

29
Figura 2.19 | LI de forças cortantes para seção a direita do apoio AP1

Fonte: elaborada pela autora.

Seguindo os carregamentos móveis e LI da Figura 2.8, tem-se:


1 h h h h h
= 1 = 2 = 3 = 4 = 5
25 4,50 1,50 23,50 22,0 20,50

(h1 + h2 ) (h ´1,50)
Qq , máx = (25,54´ ´3,0) + (8,37´ 2 ) + 182, 4´(1 + h3 + h4 ) +
2 2
(1 + h5 ) (h ´20,50)
(8,37´ )´ 4,50) + (25,54´ 5 )
2 2
Com isso, o valor de força cortante máxima na viga principal longitudinal
da viga é:
Qmáx = Q g , máx + Qq , máx

O coeficiente de impacto vertical foi definido na Seção 1.3 e acrescentado


aos valores do trem-tipo longitudinal máximo calculado para a ponte em
estudo. Alguns autores abordam que esse valor de coeficiente j também
poderia ser aplicado aos valores de momentos fletores encontrados, em vez
de acrescidos aos carregamentos (MARCHETTI, 2008). De qualquer forma,
seja acrescentado nos carregamentos ou nos esforços, o coeficiente de
impacto sempre deve ser considerado no caso de cargas rodoviárias móveis,
conforme NBR 7188 (ABNT, 2013).
Ao adotar diversas seções S ao longo da estrutura, é possível calcular
diversos valores de forças cortantes, obtendo a envoltória de forças cortantes.
As seções relevantes podem ser definidas pelo engenheiro calculista respon-
sável do projeto.

30
Exemplificando
Para representar graficamente uma envoltória de esforços, é neces-
sário determinar os valores de forças cortantes para diversas seções
S, ao longo da viga. Veja um exemplo na Figura 2.20. Ao desenhar a LI
para cada seção, deve-se obter o máximo e mínimo esforço. Com todos
esses valores de máximos e mínimos, desenha-se uma envoltória como
exemplo abaixo, de uma viga biapoiada, para um determinado carre-
gamento. É possível identificar que, para uma mesma seção calculada,
encontrou-se um valor de força cortante máximo de 70 kN (positivo) e
mínimo de 35 kN (negativo).

Figura 2.20 | Envoltória de forças cortantes para uma viga biapoiada

Fonte: elaborada pela autora.

Note que a linha de influência é calculada para uma seção S. Ao juntar


os valores de todas as seções, tem-se a envoltória de forças cortantes
para a viga completa.

Ao adotar uma seção no meio do vão, teríamos a seguinte condição:


Figura 2.21 | LI de forças cortantes para seção no meio do vão

Fonte: elaborada pela autora.

31
Seguindo os carregamentos móveis e LI da Figura 2.8, tem-se:

(h1 ´ 4,50) (0,50 + h4 ) (h ´8)


Qq , máx = (25,54´ ) + 182, 4´(0,5 + h2 + h3 ) + (8,37´ ´ 4,50) + (25,54´ 4 )
2 2 2

Conceito de envoltória de força cortante


Para a envoltória dos esforços de forças cortantes, já temos dois valores de
forças cortantes máximas. Um valor de força cortante para uma seção a direita
do apoio AP1 e um valor de força cortante para uma seção no meio do vão.
As demais seções podem ser obtidas seguindo o mesmo desenvolvimento.

Pesquise mais
Para compreender mais sobre técnicas fundamentais de análise dos
elementos estruturais, sugiro pesquisar o capítulo 8 do o livro Funda-
mentos da análise estrutural, de Leet, Uang e Gilbert (2010), com foco
nas páginas 266-271. Você encontra essa obra na Biblioteca Virtual.
LEET, K. M.; UANG, C.; GILBERT, A. M. Fundamentos da análise estru-
tural. 3. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2008.

Você já está preparado para determinar os esforços limites de forças


cortantes na viga principal do projeto da ponte que você está envolvido. Que
tal encarar esse problema?

Sem medo de errar

Para determinar a máxima força cortante devido a um carregamento


permanente, pode-se utilizar a técnica de LI de forças cortantes. Conforme
exemplificado na Figura 2.18, tem-se que para os cálculos das ordenadas, os
valores são determinados de acordo com o seguinte:
1 h h h h h
= 1 = 2 = 3 = 4 = 5
25 4,50 20,50 12,50 4,50 4,50
h1 = 0,18 h2 = 0,82 h3 = 0,50 h4 = 0,18 h5 = 0,18

E a força cortante máxima, devido aos carregamentos permanentes, é


dada por:

32
(0,18´ 4,50) (53,66 - 44,84) (0,18´ 4,50)
Q g , máx = (111,75´0,18) + (44,84´ )+( ´ )+
2 2 2
(1´25) (53,66 - 44,84) (1 + 0,82)
(45, 47´1) + (44,84´ )+( ´ ´ 4,50) + (32,20´0,50) +
2 2 2
(53,66 - 44,84) (0,18´ 4,50) (0,18´ 4,50)
( ´ ) - (111,75´0,18) - (44,84´ )-
2 2 2
(53,66 - 44,84) (0,18´ 4,50)
( ´ ) = 641,91kN
2 2
De acordo com a Figura 2.19, a força cortante máxima devido às cargas
móveis, para a seção S adotada (a direita do apoio AP1), é de:
1 h h h h h
= 1 = 2 = 3 = 4 = 5
25 4,50 1,50 23,50 22,0 20,50
h1 = 0,18 h2 = 0,06 h3 = 0,94 h4 = 0,88 h5 = 0,82

(0,18 + 0,06) (0,06´1,50)


Qq , máx = (25, 54´ ´3,0) + (8,37´ ) + 182, 4´(1 + 0,94 + 0,88) +
2 2
(1 + 0,82) (0,82´20,50)
(8,37´ )´ 4,50) + (25,54´ ) = 772,88 kN
2 2
Com esses cálculos, você acabou de determinar os esforços máximos de
força cortante atuantes da viga longitudinal da ponte. No presente estudo,
você percebeu que o uso de LI de forças cortantes permite agilidade no
cálculo dos esforços limites em uma viga principal de uma ponte de concreto
armado, pois ao aplicar o diagrama de LI de forças cortantes, torna-se mais
claro identificar qual a posição do carregamento móvel que causa o valor
limite de força cortante para uma determinada seção. Na próxima etapa
de estudos, já será possível aprendermos a dimensionar a armadura de aço
(estribos) para resistir a esses esforços que você encontrou.

Avançando na prática

Análise estrutural de força cortante mínima na


viga principal

Para o dimensionamento de uma estrutura, como o caso de uma viga de


ponte, você deve determinar os valores limites de forças cortantes para cada
seção ao longo da viga. Com as diversas posições das cargas acidentais ao
longo da viga, é possível calcular os valores extremos (máximos e mínimos

33
de um esforço). Já discutimos que uma alternativa para esse problema seria
analisar a estrutura para diversas posições das cargas móveis e selecionar os
valores extremos (máximos e mínimos). Contudo, esse procedimento pode
ser demorado e por isso será utilizado o diagrama de LI de forças cortantes
para o cálculo. Determine, para uma seção S a direita do apoio AP1, qual
o valor mínimo de forças cortantes devido aos carregamentos móveis
acidentais na viga de ponte em estudo.

Resolução da situação-problema
Para determinar o valor mínimo de forças cortantes devido a cargas
móveis acidentais, Qq , tem-se a aplicação dos seguinte carregamentos,
mín

conforme a Figura 2.22:


Figura 2.22 | LI de forças cortantes para seção a direita do apoio AP1.

Fonte: elaborada pela autora.

É importante relembrar que a carga móvel acidental pode ocorrer ou não


na estrutura, de acordo com a necessidade de, nos cálculos, alcançarem-se
valores limites. Por isso, as cargas maiores (devido às rodas do veículo-tipo)
foram posicionadas sobre as maiores ordenadas e a multidão (que repre-
sentam os veículos menores) foi locada de acordo com a possibilidade de
espaço sobre a estrutura. Com isso, para a seção S, o valor de força cortante
mínimo ocorre quando as cargas móveis estão posicionadas no trecho de
diagrama de LI de forças cortantes negativo. Dessa forma, tem-se:
1 h h h
= 1 = 2 = 3
25 1,50 3,0 4,50
h1 = 0,06 h2 = 0,12 h3 = 0,18

34
(-0,18´ 4,50)
Qq ,min = (8,37´ ) + 182, 4´(-0,06 - 0,12 - 0,18) = -69, 05 kN
2

Faça valer a pena

1. Em um projeto de estruturas submetidas a cargas fixas, os esforços


internos podem ser determinados facilmente, conforme a teoria de Estru-
turas Isostáticas. Já em estruturas solicitadas por cargas móveis, os esforços
internos variam de acordo com a posição de atuação das cargas. Sendo assim,
a análise minuciosa para esse caso deve ser feita analisando diversas seções
ao longo da estrutura, pois, para cada posição de carga móvel, é possível
determinar um valor máximo e mínimo de esforço resistente. Para resolução
desse problema, podemos utilizar o método de linha de influência (LI).
Diante do exposto, assinale a alternativa que contém as afirmações verdadeiras.
a. Para análise de uma viga de ponte, submetida a carregamentos
móveis, o principal é determinar os esforços de forças cortantes
atuantes sempre no meio do vão, que é a seção na qual sempre encon-
traremos os valores limites de máximos e mínimos. Com esses valores
em mãos, o Engenheiro de Estruturas está capacitado para o correto
dimensionamento da estrutura.
b. Para cada seção analisada, ao longo de uma viga de ponte, é possível
determinar um valor máximo de força cortante, bem como um valor
mínimo de força cortante. Com o diagrama de LI, é possível identi-
ficar onde se deve posicionar o carregamento móvel para encontrar
esses valores limites da seção em estudo. Ao analisar muitas seções
ao longo da estrutura, encontramos vários valores limites. Com esses
valores calculados, obtemos a envoltória dos esforços.
c. Diferentemente do que ocorre com carregamentos estáticos, os
valores de forças cortantes limites em uma estrutura dependem da
seção analisada, para uma carga móvel. Contudo, cargas móveis
são carregamentos específicos que ocorrem apenas em estradas de
acesso a grandes construções, como barragens e usinas hidrelétricas,
por exemplo, que recebem caminhões de grandes pesos carregando
equipamentos como turbinas e geradores de energia.
d. A determinação de valores máximo e mínimo de forças cortantes em
uma seção de estudo, ao longo de uma viga de ponte, pode ser calcu-
lada com base em LI. Porém, para determinar o máximo valor de força
cortante, devemos aplicar os carregamentos permanentes e carrega-
mentos móveis apenas nas posições de diagramas positivos de LI.

35
e. Para obter a força cortante máxima em uma seção de uma viga de
ponte, é necessário analisar carga permanente e variável (móvel).
Deve-se analisar três casos: a aplicação da carga permanente; a soma
da carga permanente com carregamento móvel; e apenas a ação do
carregamento móvel.

2. O esforço cortante representa o efeito de uma força cisalhante em uma


seção transversal de uma estrutura em barra, como é o caso de uma viga de
ponte submetida a passagem de um caminhão. Para determinar esse esforço,
devido ao carregamento móvel atuante, usamos a linha de influência (LI). A
LI é utilizada para o cálculo dos esforços em estruturas com cargas móveis,
como é o caso de uma viga de ponte, pois garante que, para uma determinada
seção de análise, a LI é traçada e os carregamentos aplicados vão causar os
esforços limites (máximos ou mínimos) para a seção analisada.
Um carregamento móvel é composto por dois eixos, de 10 kN e 12 kN, e uma
ponte de viga de comprimento L conforme a figura a seguir:
Figura | Carregamento móvel e viga

Fonte: elaborada pela autora.

Com base nesses dados, determine a LI de forças cortantes e, na sequência,


determine qual deve ser a posição do carregamento móvel capaz de provocar
os maiores valores de forças cortantes em módulo (maior valor, seja positivo
ou negativo) em uma seção S, definida por:
Figura | Viga

Fonte: elaborada pela autora.

Diante disso, assinale a afirmação correta.

36
a. A posição que provoca o maior valor de força cortante em módulo
corresponde à máxima força cortante negativa e, portanto, a roda de
12 kN deve ficar sobre a seção S e a roda de 10 kN à sua esquerda.
b. A posição que provoca o maior valor de força cortante em módulo
corresponde à máxima força cortante negativa e, portanto, a roda de
10 kN deve ficar sobre a seção S e a roda de 12 kN à sua esquerda.
c. A posição que provoca o maior valor de força cortante em módulo
corresponde à máxima força cortante positiva e, portanto, a roda de
10 kN deve ficar sobre a seção S e a roda de 12 kN à sua direita.
d. A posição que provoca o maior valor de força cortante em módulo
corresponde à máxima força cortante positiva e, portanto, a roda de
12 kN deve ficar sobre a seção S e a roda de 10 kN à sua direita.
e. A posição que provoca o maior valor de força cortante em módulo
corresponde à máxima força cortante negativa e, portanto, a roda de
12 kN deve ficar sobre a seção S e a roda de 10 kN à sua direita.

3. No contexto da análise estrutural, vários carregamentos devem ser consi-


derados para cálculo, podendo classificá-los em dois tipos principais: cargas
permanentes e cargas acidentais.
As cargas permanentes são fixas e atuam com a mesma intensidade durante
maior parte da vida útil da estrutura. Mediante esses carregamentos, é
possível determinar os esforços solicitantes. As cargas acidentais são cargas
que variam no tempo e no espaço. Ainda, as cargas que apresentam variação
espacial são denominadas cargas móveis. Para essas cargas, deve-se verificar
as posições mais desfavoráveis que podem ocupar sobre a estrutura a fim de
determinar os esforços solicitantes. A LI é utilizada para o cálculo dos esforços
em estruturas com cargas móveis, como é o caso de uma viga de ponte, pois
garante que, para uma determinada seção de análise, a LI é traçada e os carre-
gamentos aplicados vão causar os esforços limites (máximos ou mínimos)
para a seção analisada.
Com um carregamento móvel definido, com dois eixos, conforme abaixo,
Figura | Carregamento móvel

Fonte: elaborada pela autora.

37
Atuando ao longo de uma viga de ponte biapoiada, definidas por,
Figura | Viga de ponte

Fonte: elaborada pela autora.

Determine a LI de forças cortantes e, com base nesse diagrama, determine


qual deve ser a posição do carregamento móvel capaz de provocar os maiores
valores de forças cortantes em módulo (maior valor, seja positivo ou negativo)
em uma seção S e assinale a afirmação com a resposta correta.
a. 20,10 kN
b. 38,95 kN
c. 52 kN
d. 73,55 kN
e. 109,0 kN

38
Seção 3

Dimensionamento da viga principal

Diálogo aberto
Caro aluno, esta terceira seção da Unidade 2 aborda o dimensionamento
da viga longitudinal da ponte que você está projetando. Com isso, é possível
definir as áreas de armadura necessárias para a seção de esforço máximo da
ponte, seja devido ao momento fletor ou ao esforço cortante.
De acordo com o que foi visto nas seções anteriores, para a viga longitudinal
principal da ponte em análise, determinou-se os valores limites, máximos e
mínimos, para uma seção crítica. Com esses valores em mãos, é possível partir
para um dimensionamento adequado da estrutura, com o objetivo de se alcançar
uma capacidade resistente segura para o adequado funcionamento da estru-
tura, conforme orientado por normas brasileiras. Em projetos de estruturas de
concreto armado, são utilizados barras ou fios de aço, padronizados por uma
norma específica, de acordo com o valor característico de resistência ao escoa-
mento. Dessa forma, o dimensionamento é necessário para determinar a quanti-
dade necessária de aço a fim de garantir a segurança da estrutura de concreto,
verificada quanto aos estados limites últimos. Grande parte dos elementos estru-
turais, na Engenharia de Estruturas, pode ser dimensionada por meio de um
método simplificado, e esse conceito será abordado neste material. Esse método
é prático e suficiente para atender a sua necessidade com esse projeto.
Agora, vamos relembrar o projeto em que você está inserido. Você foi convi-
dado pelo seu chefe, da empresa em que trabalha, para compor a equipe respon-
sável pelo cálculo estrutural de uma ponte a ser construída na cidade de São Paulo.
O projeto estrutural já está em andamento e, até o momento, vocês determinaram
o tipo estrutural da ponte e todos os detalhes geométricos, conforme a Figura 2.23.
Figura 2.23 | Seção transversal com mesa colaborante destacada (medidas em cm)

Fonte: elaborada pela autora.

39
Na sequência, calcularam os carregamentos solicitantes, devido às cargas
permanentes (G) e aos carregamentos móveis (Q), e, com base nessas cargas,
determinaram os máximos esforços de momentos fletores:
M g máx = 2747,50 kN × m M g mín = 2747,50 kN × m
M q máx = 4575,10 kN × m M q mín = 992,50 kN × m
E forças cortantes:
Q g máx = 641,91 kN Q g mín = 641,91 kN
Qq máx = 772,88 kN Qq mín = 69,05 kN
Agora, sua missão nesta etapa é prosseguir com o dimensionamento e
determinar as armaduras necessárias para compor essa estrutura. A armadura
utilizada é do tipo aço CA-50 e você foi informado que o cobrimento das
armaduras exigido pela sua empresa é de 10 cm, para garantir a durabilidade
das estruturas ao longo dos anos. O seu projeto estrutural de uma ponte está
cada vez mais próximo de se tornar completo e você é o grande responsável
por concluir essa nova missão.
Bons estudos!

Não pode faltar

Dimensionamento das armaduras


Para projetar um elemento estrutural, garantindo o grau de segurança
adequado, é indispensável a verificação para que não ocorra uma série de
estados considerados como limites da estrutura. Portanto, as estruturas de
concreto são dimensionadas e verificadas para atender às condições dos
Estados Limites Últimos (ELU), que correspondem à ruína ou ao colapso
das estruturas, e às condições dos Estados Limites de Serviço, ou de utili-
zação (ELS), que estão relacionados à aparência, à durabilidade, ao conforto
do usuário e à funcionalidade da estrutura durante o seu período de uso.
A norma brasileira NBR 6118 (ABNT, 2014) define as verificações a serem
realizadas, para garantir a segurança das estruturas de concreto, calculadas
para os estados limites supracitados.
Para realizar as verificações das estruturas, seja no ELU ou no ELS, as
cargas utilizadas podem sofrer variações de majoração ou minoração de sua
intensidade, de acordo com a sua natureza e probabilidade de ocorrência. A

40
fim de determinar as solicitações referentes a esses estados limites, são utili-
zadas as combinações de ações, no caso de estruturas de concreto. A NBR
8681 (ABNT, 2003) tem como objetivo fixar os requisitos exigíveis para a
verificação da segurança de estruturas, definindo critérios de quantificação
das ações e de resistências a serem consideradas nos projetos estruturais.
Dessa forma, a norma apresenta coeficientes para combinações últimas de
carregamento e combinações de serviço.
Para o dimensionamento das armaduras (longitudinais e transversais)
das estruturas de concreto armado, no caso de pontes e viadutos, verificadas
para o estado limite último (ELU), é necessário considerar a combinação
última normal.
Segundo a norma, deve-se considerar os seguintes critérios:
a. As ações permanentes devem ser consideradas em todas as combina-
ções de ações.
b. Para a ação variável: em cada combinação, uma das ações variáveis é
considerada principal, atuando integralmente com os valores caracte-
rísticos e, caso ocorram mais ações variáveis, essas devem ser conside-
radas secundárias e, portanto, com seus valores reduzidos de combi-
nação (j) .
Sendo assim, tem-se a seguinte equação:
Fd = å g g . Fg ,k + g q .(Fq1,k + å j0 j .Fqj ,k )
Onde:
g g = g q = coeficiente de ponderação.

Fg ,k = ação permanente com valor característico.

Fq1,k = ação variável principal com valor característico.

j0 j = coeficiente de minoração.

Fqj ,k = ação variável secundária com valor característico.

De acordo com a NBR 8681 (ABNT, 2003), para o caso de ações perma-
nentes diretas e ações variáveis agrupadas, os coeficientes são dados pela
Tabela 2.1 e Tabela 2.2.

41
Tabela 2.1 | Ações permanentes diretas e agrupadas na combinação normal

EFEITO
COMBINAÇÃO TIPOS DE ESTRUTURA
DESFAVORÁVEL FAVORÁVEL

Grandes pontes
1 1,30 1,0

Edificações tipo 1 e pontes em


Normal 2 1,35 1,0
geral

Edificação tipo 2
3 1,40 1,0

1
Grandes pontes são aquelas em que o peso próprio da estrutura supera 75% da totalidade
das ações.
2
Edificações tipo 1 são aquelas em que as cargas acidentais superam 5 kN/m².
3
Edificações tipo 2 são aquelas em que as cargas acidentais não superam 5 kN/m².

Fonte: adaptada de NBR 8681 (ABNT, 2003, p. 11).

Tabela 2.2 | Ações variáveis consideradas conjuntamente na combinação normal

COEFICIENTE DE
COMBINAÇÃO TIPOS DE ESTRUTURA
PONDERAÇÃO
Pontes e edificações tipo 1 1,5
Normal
Edificação tipo 2 1,4

Fonte: adaptada de NBR 8681 (ABNT, 2003, p. 16).

Dimensionamento das armaduras longitudinais de flexão


Além do conhecimento sobre as combinações que utilizaremos para os
esforços encontrados, é importante relembrar a definição da seção trans-
versal T, segundo as recomendações na norma NBR 6118 (ABNT, 2014). Para
o caso de uma viga de concreto armado ligada às lajes maciças, é necessário
considerar a ação conjunta desses dois elementos. Esse efeito é considerado
por meio da adoção de uma largura colaborante da laje associada à viga. Para
definir as dimensões desta seção T, é necessário adotar os critérios orien-
tados pela norma. Para determinação da geometria, tem-se como referência
as dimensões apresentadas na Figura 2.24.

42
Figura 2.24 | Largura de mesa colaborante

Fonte: adaptada de NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 88).

Para o caso de uma viga longitudinal contínua, como ocorre no projeto


de ponte em análise, a norma permite calcular uma largura de mesa colabo-
rante, como demonstrada anteriormente, que pode ser utilizada nas seções
com tensões de compressão na região da mesa, como nos trechos em que
ocorre o momento fletor positivo no vão. A maior área de concreto auxilia
nos valores de tensões de compressão para o equilíbrio das tensões no dimen-
sionamento das peças. A distância a é a distância estimada em função do
comprimento do tramo considerado. No caso de uma viga com balanços nas
duas extremidades, como a da viga longitudinal da ponte em análise, tem-se:
a = 0,60 × l (NBR 6118, ABNT, 2014).

Assimile
A utilização de uma viga retangular com uma largura de mesa colabo-
rante foi uma medida definida pela norma a fim de se estabelecer a
forma mais realista de como ocorrem as distribuições dos esforços
internos, das deformações, tensões e dos deslocamentos para a viga
quando associada a uma laje maciça.
Não considerar uma largura de mesa colaborante no dimensionamento à
flexão na seção do meio do vão representa um dimensionamento desfa-
vorável e distante do que ocorre realmente no conjunto estrutural.

43
Com essas informações, é possível realizar o cálculo da armadura longi-
tudinal de flexão, devido ao momento fletor máximo, segundo a rotina de
cálculo proposta por Pinheiro, Muzardo e Santos (2010), que nos fornece
uma tabela para resolução do método simplificado de cálculo. Para utilizar
esse método de tabelas, tem-se inicialmente o cálculo do coeficiente kc ,
dado por:
bw .d 2
kc =
Md
Sendo:
bw = largura da seção transversal, em cm. Para vigas seção T, largura da
alma. Para momentos fletores positivos, com laje colaborante, usar b f .
d = altura útil da seção transversal, em cm.

M d = momento fletor de cálculo (mediante as combinações dos valores


de M g e M q ), em kN .cm .

Em seguida, com o auxílio da tabela de flexão simples em seção retangular


(cujo trecho é demonstrado na Tabela 2.3), que pode ser utilizada para
resolução de métodos simplificados, identifica-se o valor de ks , correspon-
dente ao valor de kc calculado anteriormente. Nessa etapa, é importante a
definição da resistência característica à compressão do concreto ( f ck ) e resis-
tência à tração do aço ( f yk ) . Com o auxílio da expressão, tem-se:
As .d
ks =
Md
E com essa expressão, temos como incógnita o valor de área de aço As .
Tabela 2.3 | Trecho da tabela para cálculo de flexão simples
FLEXÃO SIMPLES EM SEÇÃO RETANGULAR – ARMADURA SIMPLES

D
O
2
bd Ad M
X kc = (cm2 / kN ) ks = s (cm2 / kN ) Í
bc = Md Md
d N
I
C10 C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 CA-25 CA-50 CA-60 O
0,02 103,8 69,2 51,9 41,5 34,6 29,7 25,9 23,1 20,8 0,046 0,023 0,019
0,04 52,3 34,9 26,2 20,9 17,4 15,0 13,1 11,6 10,5 0,047 0,023 0,020
2
0,06 35,2 23,4 17,6 14,1 11,7 10,1 8,8 7,8 7,0 0,047 0,024 0,020
0,08 26,6 17,7 13,3 10,6 8,9 7,6 6,7 5,9 5,3 0,048 0,024 0,020
Fonte: adaptada de http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/concreto/Textos/20%20Tabelas%20gerais.pdf.
Acesso em: 2 ago. 2019.

44
Sendo assim, de acordo com as expressões mencionadas, é possível calcular
as áreas de aço necessárias para a viga longitudinal. É importante lembrar que
as áreas calculadas devem ter valores maiores do que a área mínima normativa
da armadura de tração, que é dada por uma taxa mínima absoluta de r = 0,15%
da área de concreto da seção transversal, ou seja, r = 0,15% Ac . Ou seja, a área
de armadura deve ser sempre maior do que a armadura mínima necessária,
conforme orientação da norma técnica brasileira.

Reflita
Se um esforço de momento fletor varia ao longo de uma viga, como
uma viga de ponte, como devemos garantir que todas as seções estejam
com área de aço devidamente necessárias, devido à flexão? Em um
projeto real, o dimensionamento deve ser calculado para várias seções
ao longo da viga, como na região de máximo momento fletor positivo
(vão) e negativo (apoios), bem como nas regiões próximas dos apoios.
A armadura necessária para um valor de máximo momento fletor
positivo é necessária ao longo de toda a viga? Ou é possível racionalizar
materiais e garantir que cada trecho da viga seja executado de acordo
com a quantidade de aço necessária?

Além da armadura de flexão, devido ao momento fletor, outras armaduras


devem ser previstas na construção de uma viga, mediante a ocorrência de outros
esforços, como o caso das forças cortantes. Como a armadura longitudinal não é
projetada para resistir aos esforços de forças cortantes, nesse momento, é neces-
sário determinar o dimensionamento da armadura transversal. Para isso, o
modelo utilizado será feito conforme o Modelo de Cálculo I, segundo orientação
da Seção 17.4.2.2., da norma NBR 6118 (ABNT, 2014). Esse método constata
diagonais de compressão com inclinação de 45° , em relação ao eixo horizontal
longitudinal da viga, fazendo uma analogia com o comportamento de estruturas
treliçadas, conforme exemplificado na Figura 2.25.
Figura 2.25 | Analogia de treliça

Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2010, p. 3).

45
Exemplificando
O modelo clássico de treliça é uma teoria idealizada por Ritter (1899)
e Mörsch (1908), em que se idealizou uma analogia entre uma treliça
e uma viga fissura. Após a fissuração de uma viga biapoiada de seção
transversal retangular, o seu comportamento é semelhante ao de uma
treliça, quando analisamos o encaminhamento dos esforços. Na parte
superior da viga, ou banzo superior da treliça, existe uma região de
concreto comprimido. No trecho inferior, ou banco inferior, uma região
tracionada é contida por uma armadura longitudinal de tração. Além
disso, as diagonais comprimidas estão inclinadas e representam as
fissuras. Por fim, os estribos representam as diagonais tracionadas em
uma treliça, dispostos usualmente na vertical.
Essa analogia de elementos estruturais permite a correlação dos
métodos de cálculo, de forma que é possível adotar esse modelo para
os cálculos de área de armadura transversal (estribos) no dia a dia da
Engenharia Estrutural, para o método simplificado.

Os passos para o desenvolvimento do método são apresentados a seguir:


c. Verificação da diagonal de compressão do concreto ( VRd 2 ):
VRd 2 = 0,27.av 2 . f cd . bw . d
Onde:
æ f ö
av 2 = çç1- ck ÷÷
çè 250 ÷ø

Com f ck em MPa .
d. Cálculo da armadura transversal ( VRd 3 ), considerando a parcela de
Vc e Vsw .
VRd 3 = Vc + Vsw ou Vsw = VRd 3 -Vc
Onde:
æA ö
Vsw = çç sw ÷÷.0,9.d. f ywd (sena + cos a)
çè s ÷ø

Vc = 0,60. f ctd .bw .d

0,7 . f ct ,m
f ctd =
gc

46
Sendo:
VRd 3 = no cálculo da armadura transversal, adota-se VRd 3 = VSd (ouQSd ) .

bw = menor largura da seção, ao longo da altura útil d .


d = altura útil, ou seja, distância entre a borda comprimida de
concreto até o centro de gravidade da armadura de tração.
s = espaçamento entre estribos.
f ywd
= tensão na armadura transversal passiva não superior a 435
Mpa.
a = inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal da viga,
sendo 45° £ a £ 90° .
Os valores de área de aço encontrados devem sempre ser superiores aos
valores mínimos da norma, portanto:
Asw f
rsw = ³ 0,20. ct ,m
bw . s . sena f ywk

Sendo:
rsw = taxa de valores, retirado da Tabela 2.4.

Asw = área da seção transversal da barra do estribo.


f ct ,m = 0,30. f ck 2/3 .

Tabela 2.4 | Valores mínimos de rsw


CONCRETO
AÇO
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
CA-25 0,1768 0,2052 0,2317 0,2568 0,2807 0,3036 0,3257
CA-50 0,0884 0,1026 0,1159 0,1284 0,1404 0,1580 0,1629
CA-60 0,0737 0,0855 0,0965 0,1070 0,1170 0,1265 0,1357

Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2010, p. 10).

Verificações de estado limite e fadiga nas armaduras da viga


principal
Após o dimensionamento das armaduras, a norma NBR 6118 (ABNT,
2014) sugere que seja verificado o estado limite último devido à fadiga, utili-
zando uma combinação frequente de ações, esforços permanentes (G) e
acidentais (Q), de acordo com a expressão a seguir:

47
Fd = å Fgk + y1 .Fq1k + å y2 .Fqjk

Segundo a norma NBR 8681 (ABNT, 2003), para verificação de vigas de


pontes rodoviárias, tem-se y1 = 0,50 .
Com isso, a norma orienta o cálculo no estádio II, definindo a posição da
linha neutra e da inércia. A expressão utilizada é do conceito de resistência
dos materiais e para o cálculo das tensões máximas smáx ,s e mínimas smín,s na
armadura longitudinal, tem-se, de forma resumida, as seguintes expressões:
ae .M d ,máx .(d - x II )
smáx ,s =
I II

ae .M d ,mín .(d - x II )
smín,s =
I II

Onde a posição da linha neutra é dada por:


-a2 ± a22 - 4.a1 .a3
x II =
2.a1

E o valor do momento de inércia, de seção T, é dada por:


3
h f ö bw .( x II - h f )
2
b f .h3f æ
+ b f .h f .ççç x II - ÷÷÷ + + ae . éê As .(d - x II ) + As' .(d ¢ - x II )²ùú
2
I II =
12 çè 2 ÷ø 3 ë û

Onde:
bw = largura da alma (seção T).
b f = largura da mesa colaborante. Em momentos negativos, considerar
b f = bw .
hf = espessura da mesa colaborante. Em momentos negativos, considerar
hf = 0 .

As = área de aço da armadura longitudinal tracionada.


As ' = área de aço da armadura longitudinal comprimida.

ae = razão entre módulo de elasticidade do aço e do concreto. Na falta de


valores precisos, adotar 15 para carregamentos frequentes.

a1 = bw .

a2 = 2 éêh f ×( b f - bw ) + ae ×( As + As¢)ùú .
ë û

48
a3 = - êéh f ²×( b f - bw ) + 2ae ×( As .d + As¢ ×d ')úù .
ë û

d = altura útil, em relação à armadura tracionada.


d' = altura útil, em relação à armadura comprimida.
A verificação devido à fadiga é concluída se a máxima variação de tensão
calculada, Dss , para a combinação frequente de ações, obedecer à
seguinte condição:
g f × Dss £Df sd , fad

Pela norma NBR 6118 (ABNT, 2014), deve-se adotar g f = 1 . Os valores


de Df sd , fad são extraídos a partir das Tabelas 23.2 e 23.3 (resumidas pela
Tabela 2.5) da norma NBR 6118 (ABNT, 2014):
Tabela 2.5 | Analogia de treliça

Armadura passiva, aço CA-50

Df sd , fad , mín 6
Valores de , para 2´10 ciclos ( MPa)
f (mm) Tipo
Caso
10 12,5 16 20 22 25 32 40
Barras retas ou dobradas com
190 190 190 185 180 175 165 150 T1
D ³ 25 f
Barras retas ou dobradas com:
D < 25 f
105 105 105 105 100 95 90 85 T1
D = 5 f < 20 mm
D = 8 f ³ 20 mm
Estribos
85 85 85 - - - - - T1
D = 3 f £ 10 mm
Ambiente marinho T4
65 65 65 65 65 65 65 65
Classe IV
Barras soldadas (incluindo sol-
da por ponto ou das extremida- 85 85 85 85 85 85 85 85 T4
des) e conectores mecânicos

Fonte: adaptada de NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 197).

O efeito de fadiga nas armaduras de aço em casos de pontes de concreto


armado é um fenômeno relacionado à ocorrência de ações dinâmicas repeti-
tivas, o que pode causar uma perda progressiva da resistência do material.
Durante o projeto de pontes e viadutos, os elementos de concreto se
apresentam suscetíveis à fadiga devido à concretagem em diferentes etapas,

49
a concretos de idades diferentes, associada à ocorrência dos carregamentos
cíclicos ou móveis.

Vigas estruturais pré-fabricadas e moldadas in loco


As vigas longitudinais, que podem ser moldadas previamente (pré-mol-
dadas ou pré-fabricadas), estão em contato com pré-lajes moldadas anterior-
mente e com a capa de laje final, moldada in loco. Em casos de elementos
estruturais pré-moldados (ou pré-fabricados), associados a elementos de
concreto moldado in loco, pode ocorrer o aumento de seção resistente dos
elementos, desde que seja garantida a transferência dos esforços por meio da
interface entre esses dois sistemas construtivos.

Pesquise mais
Para saber mais sobre os elementos pré-fabricados, sobre seu compor-
tamento e evolução tecnológica, sugerimos a leitura do artigo a seguir,
sobre a evolução dos pré-fabricados de concreto, que foi publicado em
um evento sobre projetos em concreto pré-moldado.
SERRA, S. M. B.; FERREIRA, M. de A.; PIGOZZO, B. N. Evolução dos Pré-fa-
bricados de Concreto. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA-PROJE-
TO-PRODUÇÃO EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO, 1., 2005, São Carlos.
Anais [...]. São Carlos: USP, 2005.

Sem medo de errar

O projeto estrutural da ponte a ser construída na cidade de São Paulo, do


qual você está participando, está na etapa de dimensionamento e determinação
das armaduras. Para o cálculo da área de aço de armadura longitudinal, devido
ao momento fletor positivo máximo (meio do vão), deve-se:
M d = å 1,30 × M g +1,50 × M q

M d ,máx = å 1,30 × 2747,50 +1,50 × 4575,10 = 10434, 40 kN × m

Para a definição da seção transversal da viga, segundo algumas dimensões


previamente conhecidas (Figura 2.23) e considerando a mesa colaborante,
tem-se já conhecidos os valores para a seção transversal da ponte em estudo:
c = 0,10 m e b2 = 4,85 m

Portanto, tem-se que segundo a Figura 2.23, os valores mínimos:


b1 £ 0,50 × b2 = 2, 42 m

50
b3 £ 0,1× a = 0,1×(0,60×25) = 1,50 m

Sendo bw = 0,25 m , então, b f = b3 + bw + b1 = 1,50 + 0,25 + 2, 42 = 4,17 m .


Para o cálculo de área de aço para o máximo momento fletor positivo,
deve-se adotar um cobrimento ( co ) para o cálculo de d (altura útil). Sendo
co = 10 cm previamente definido, tem-se:
d = 200 -10 = 190 m
417 ×1902
kc = = 14, 43
1043440
Com auxílio da Tabela 2.3 sobre flexão simples em seção retangular, é neces-
sário adotar resistência do concreto e das barras de aço. Para kc = 14, 43 ,
adotamos f ck de 40 MPa , e, para aço CA-50, tem-se ks = 0,023 . Sendo assim:
As × d A ×190
ks = ® 0,023 = s
Md 1043440

E, com isso, As = 126,31cm² (adotando-se: 26 f 25).


Para a armadura mínima, admite-se uma Ac simplificada de:
Ac = 417 × 25 + ((200 - 20 -10)× 25) @ 14675 cm2

r = 0,15% Ac = 0,15%×14675 = 22 cm2 .


Para a armadura transversal:
QSd = å 1,30 × Q g +1,50 × Qq
QSd ,máx = å 1,30×641,91 +1,50×772,88 = 1993,80 kN
æ f ö æ 40 ÷ö
av 2 = çç1- ck ÷÷÷ = çç1- ÷ = 0,84
çè 250 ø çè 250 ÷ø

Ajustando as unidades, tem-se:


4
VRd 2 = 0,27 × av 2 × f cd × bw × d = 0,27 ×0,84 × ×25×190 = 3078 kN
1, 40
Em seguida:
0,7 × f ct ,m 0,7 ×(0,3× f ck 2/3 )
f ctd = = = 1,75 MPa
gc 1, 40

Vc = 0,60 × f ctd × bw × d = 0,60× 0,175×25×190 = 498,75 kN

51
Sendo VRd 3 = QSd ,máx = 1993,80 kN .
Vsw = VRd 3 -Vc = 1993,80 - 498,75 = 1495,05 kN
Com a expressão:
æA ö
Vsw = çç sw ÷÷× 0,9 × d × f ywd (sena + cos a)
çè s ÷ø

æ Asw ö÷ Vsw 1495,05


ççç ÷= = = 0,20 cm2 / m
è s ÷ø 0,9 × d × f ywd (sena + cos a) 0,9×190×43,5×(sen90° + cos90°)
Então:
Asw f
rsw = ³ 0,20 × ct ,m
bw × s ×sena f ywk

Asw A
0,1404 = ® sw = 3,51cm2 / m
25 × s × sen90° s
E,
f ct ,m (0,3× f )
ck
2/3

0,20 × = 0,20 × = 0,016


f ywk 43,5

Portanto, ( Asw / s) = 3,51cm2 / m .


Para a verificação da fadiga, adota-se:
M d ,máx = å M gk + y1 × M q1k = 2747,50 + 0,5×4575,10 = 5035,05 kN × m

M d ,mín = å M gk + y1 × M q1k = 2747,50 + 0,5×992,50 = 3243,75 kN × m

a1 = 25 cm

a2 = 2 éëê20 ×( 417 - 25) + 15×(126,31+0)ùûú = 19469 cm

a3 =- éëê202 ×( 417 - 25) + 2 ×15×(126,31×190 + 0)ùûú = -876767 cm

-19469 ± 194692 - 4 × 25×(-876767)


x II = = 42,69 cm
2 × 25
3
20 ö 25 ×(42,69 - 20)
2
417 × 20³ æ
+ 417 × 20 ×çç42,69 - ÷÷÷ + + 15 × éê126,31×(190 - 42,69) + 0ùú
2
I II =
12 çè 2ø 3 ë û

I II = 50,23 ×106 cm4 ou 0,5023 m4

52
Com isso:
15×5035,05×(1,90 - 0, 43)
smáx ,s = = 221028,97 kN / m²
0,5023

15×3243,75×(1,90 - 0, 43)
smín,s = = 142394,36 kN / m²
0,5023

g f ×(221028,97 -142394,36)£Df sd , fad

Da Tabela 2.5, com barras dobradas, para 26 f 25, tem-se:


Df sd , fad = 175 MPa

1,0×(78634,61) £175000 kN / m² \ Verificação da armadura longitudinal à


fadiga: ok.

Avançando na prática

Resistência característica do concreto em


estruturas de concreto armado

A resistência à compressão do concreto é a característica mecânica mais


importante desse material. A norma NBR 8953 (ABNT, 2015) estabelece as
classes do concreto para elementos de concreto armado, em função da sua
massa específica, consistência e resistência ao ensaio de compressão axial.
Durante o dimensionamento de uma estrutura, a resistência à compressão
do concreto deve ser um critério a ser avaliado pelo engenheiro de estru-
turas, orientado pelas recomendações das normas técnicas, como a NBR
6118 (ABNT, 2014), visando economia dos materiais e, acima de tudo,
segurança para a obra a ser construída. Com base nisso, determine, para a
viga de ponte da Figura 2.26, qual a área de armadura longitudinal, de
flexão, seria necessária caso se utilizasse um concreto de f ck = 20 MPa .
Dado: b f = 4,17 m .

53
Figura 2.26 | Seção transversal com mesa colaborante destacada

Fonte: elaborada pela autora.

Resolução da situação-problema
Como o valor de cobrimento das armaduras é dado por co = 10 cm ,
tem-se:
d = 200 -10 = 190 m
417 ×1902
kc = = 14, 43
1043440
Com auxílio da tabela flexão simples em seção retangular, é necessário
adotar resistência do concreto e das barras de aço. Sendo f ck de 20 MPa e,
com isso, a coluna de C20, tem-se que, para o valor mais próximo de kc ,
calculado anteriormente, pode-se adotar kc = 13,3 e, com isso, tem-se o valor
na tabela de ks = 0,0024 , para aço CA-50. Sendo assim:
As × d
ks =
Md

As ×190
0,024 =
1043440

E com isso, As = 132 cm² (adotando-se: 27 f 25).


Com a diminuição de resistência à compressão do concreto, por equilí-
brio dos esforços em qualquer estrutura, deve-se aumentar a resistência à
tração, das barras de aço. Exigindo assim, maior quantidade de armadura.

Faça valer a pena

1. No dimensionamento à flexão de uma viga de ponte de concreto armado,


como a da figura a seguir, as seções submetidas a um determinado momento
fletor positivo se comportam como uma viga T, pois a mesa colaborante,

54
representada pela laje do tabuleiro, é considerada na resistência à flexão na
seção. No caso da análise de um momento fletor negativo, ou seja, na região
dos apoios, em uma viga longitudinal com balanços nas extremidades, a
mesa colaborante devido à laje do tabuleiro deve ser considerada?
Figura | Viga de seção T

Fonte: elaborada pela autora.

Diante disso, assinale a alternativa correta.


a. Não, pois, no trecho de momento fletor negativo, a mesa colaborante
não auxilia a seção resistente do concreto, pois a mesa está situada na
região tracionada, em que o concreto não apresenta bom comporta-
mento.
b. Sim, pois, no trecho de momento fletor negativo, a mesa colaborante
auxilia a seção resistente do concreto, pois toda área de concreto a
mais na seção transversal colabora na resistência do concreto à tração.
c. Sim, pois, no trecho de momento fletor negativo, a mesa colaborante
auxilia a seção resistente do concreto, uma vez que está situada na
região tracionada, em que o concreto apresenta bom comportamento.
d. No trecho de momento fletor negativo, a mesa colaborante pode ou
não ser utilizada como parte da seção transversal.
e. Não, pois o uso de mesa colaborante, representando a laje associada
à viga, só pode ser utilizada em casos de momentos fletores positivos.

2. A analogia de uma treliça com uma viga fissurada é um modelo para o


dimensionamento das armaduras transversais das vigas. A norma NBR 6118
(ABNT, 2014) orienta dois modelos de cálculo para armadura, conhecidos
como modelos de cálculo I e II. A equação para determinar a tensão na
diagonal comprimida denota que o valor da tensão está relacionado com o
ângulo a de inclinação da armadura (estribos) em relação ao eixo horizontal
longitudinal. Essa informação nos permite questionar o comportamento da
armadura em posições diferentes, com valores de a que pode variar entre 0
a 90° . Usualmente, nas construções, os estribos estão dispostos na vertical

55
em relação ao eixo horizontal. Verifique, para o exemplo a seguir, qual o
acréscimo ou decréscimo de área de armadura para estribos ( Asw / s) com
a = 90° se comparados a estribos a = 45° . Admita os valores dados:

QSd ,máx = 3500 kN


f ck = 30 MPa

g c = 1, 40

Aço CA-50
f ywd = 435 MPa ou 43,5 kN / cm ²

bw = 30 cm e d = 210 cm
Diante dos resultados, assinale a alternativa correta.
a. Para estribos inclinados em 90° , é necessário um decréscimo de 23%
de armadura, se comparados a estribos inclinados em 45° .
b. Para estribos inclinados em 90° , é necessário um decréscimo de 33%
de armadura, se comparados a estribos inclinados em 45° .
c. Para estribos inclinados em 90° , é necessário um acréscimo de 30,6%
de armadura, se comparados a estribos inclinados em 45° .
d. Para estribos inclinados em 90° , é necessário um acréscimo de 0,30%
de armadura, se comparados a estribos inclinados em 45° .
e. Para estribos inclinados em 90° , é necessário um acréscimo de 0,23%
de armadura, se comparados a estribos inclinados em 45° .

3. As pontes e viadutos são estruturas que estão sujeitas a variação de tensões


devido à passagem de cargas móveis, como veículos de diferentes configura-
ções e pesos. A magnitude dessa variação pode causar danos à estrutura por
fadiga, promovendo assim a danificação da estrutura, corroborando para o
fim de sua vida útil. A norma NBR 6118 (ABNT, 2014) orienta uma verifi-
cação à fadiga através de um método mais simplificado, para garantir que a
máxima variação de tensões provocada pela ocorrência de cargas móveis seja
menor do que o limite de fadiga com uma tensão constante.
Diante da informação sobre o fenômeno da fadiga em estruturas de concreto
armado em pontes e viadutos, assinale a opção correta.
a. A fadiga nas armaduras de aço é um fenômeno que está associado à
ocorrência de ações dinâmicas repetitivas, oriundas do tráfego dos

56
automóveis. Quanto maior a intensidade dos carregamentos, mais
danificada pode ficar a estrutura.
b. O fenômeno da fadiga só ocorre quando há variação de tensão ou
de deformação. A cada ciclo de carregamento, pode-se causar perda
progressiva de resistência do material.
c. De maneira geral, a fadiga está relacionada com a existência de uma
tensão constante em estruturas já danificadas, prejudicando a durabi-
lidade dos elementos estruturais.
d. Mediante a passagem de veículos pesados, o efeito de fadiga ocorre
em estruturas fissuradas, causadas em pontos de baixa concentração
de tensão, como uma imperfeição da estrutura.
e. Ainda que uma estrutura esteja sujeita à fadiga, a ruptura do elemento
estrutural não ocorrerá, pois as fissuras por fadiga não tendem a se
propagar.

57
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118. Projeto de estru-


turas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7187. Projeto de pontes


de concreto armado e de concreto protendido – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7188. Carga móvel rodoviária


e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 8681. Ações e


segurança nas estruturas – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 8953. Concreto para


fins estruturais - Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e consistência.
Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

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