2ª edição
Natal/RN
2019
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sob quaisquer meios
existentes sem autorização por escrito dos autores.
2ª Edição • 2019
Projeto Gráfico:
Cia Das Ideias • CDI Serviços Gráficos
ISBN:
978-65-81220-00-6
“Você não deve se queixar por estar só, porque mesmo que esteja sem
ninguém, sempre vai ter a Medicina como companheira. Você apenas
amará aquilo que conhece. Ame a Medicina e nunca estará sozinho.”
Munir Massud
Autores:
Anna Julia Lacerda Raposo
Judson Ferreira dos Santos Junior
Thayane Rêgo Dantas
Colaboradores:
Jéssica Maria Sousa de Oliveira
Matheus Marcelino Dias
Severino de Freitas Rêgo Neto
Coordenadores:
Carlos Bruno Fernandes Lima
Letícia Oliveira Sousa
Organizadores:
Eduardo Galvão Freire
Geffty Soares Ferreira
Jéssica Luara Daluz Jales Silva
Revisores
Os Autores
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Sumário
PRONTO-SOCORRO
Admissão no Pronto-Socorro e Orientações
sobre Prescrição em Medicina Interna ........................................................17
Sintomáticos Topográficos e Sindrômicos..................................................21
Analgesia, Sedação e Ajustes Iniciais de Ventilação Mecânica no PS......39
Exames Laboratoriais no Pronto Socorro...................................................45
Exames de Imagem no Pronto Socorro......................................................55
Manual de Diluição e Estabilidade de Antimicrobianos............................67
CARDIOLOGIA
Parada Cardiorespiratória...............................................................................81
Edema Agudo de Pulmão..............................................................................83
Insuficiência Cardíaca Aguda.........................................................................89
Arritmias...........................................................................................................97
IAM com supra do segmento ST................................................................109
IAM sem supra do segmento ST.................................................................115
Urgência e Emergência Hipertensiva.........................................................121
PNEUMOLOGIA / OTORRINOLARINGOLOGIA
Pneumonia Adquirida na Comunidade......................................................129
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.......................................................135
Crise Asmática...............................................................................................141
Tromboembolismo Pulmonar (TEP).........................................................147
Epistaxe e Hemoptise...................................................................................159
Otite Média Aguda........................................................................................165
Vertigem e Tontura.......................................................................................169
HEMATOLOGIA
Neutropenia Febril........................................................................................175
Hemotransfusões...........................................................................................183
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
INFECTOLOGIA
Dengue............................................................................................................191
Infecção do Trato Urinário..........................................................................207
Meningites......................................................................................................213
Faringoamigdalites.........................................................................................225
Acidentes perfurocortantes - Exposição a materiais biológicos.............233
Intoxicações Exógenas.................................................................................239
Anafilaxia........................................................................................................245
REUMATOLOGIA / ORTOPEDIA
Monoartrites Agudas....................................................................................251
Lombalgias no Pronto Socorro...................................................................257
Emergências em Colagenoses e Vasculites................................................261
NEFROLOGIA
Lesão Renal Aguda........................................................................................269
Doença Renal Crônica Agudizada..............................................................275
Cólica nefrética - Urolitíase..........................................................................283
Distúrbios Hidroeletrolíticos.......................................................................287
Rabdomiólise..................................................................................................297
GASTROENTEROLOGIA
Diarréias Agudas...........................................................................................301
Hemorragia Digestiva Alta...........................................................................307
Pancretite Aguda............................................................................................315
Ascite...............................................................................................................323
Peritonite Bacteriana Espontânea...............................................................329
NEUROLOGIA
Acidente Vascular Encefálico......................................................................335
Crises Epiléticas.............................................................................................347
Cefaléias..........................................................................................................353
Hipertensão Intracraniana............................................................................361
Síndrome de Guillain-Barré.........................................................................365
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
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Pronto-Socorro
3. Exames Complementares
Todos os pacientes que serão internados devem ter exames
de admissão, independente do motivo de internamento. Por
exemplo, a causa mais comum de infecção hospitalar é ITU, esse é
um dos motivos para se pedir EAS, para haver um exame de base.
Assim como o RX de Tórax. Cerca de 20 por cento dos pacientes
fazem algum tipo de Insuficiência renal. Mesmo que não pareça
necessário, solicite exames ao se fazer um internamento.
São eles: Hemograma, Glicose, Ureia, Creatinina, Sódio,
Potássio, EAS e Radiografia de Tórax em PA/Perfil. Acima de 50
anos, pedir também ECG.
Outros exames serão solicitados dependendo do diagnóstico
do paciente.
• Sequência:
1. Dieta
2. Hidratação e reposição hidroeletrolítica
Obs.: Reposição para paciente em dieta zero (fornecendo 400
kcal/dia para não entrar em cetose, com eletrólitos basais):
SG 5% 2000ml IV 24h
NaCl 20% 10ml (a cada 500ml de soro)
KCl 10% 10ml (a cada 500ml de soro)
MgSO4 10% 5ml (a cada 500ml de soro)
3. Medicações regulares por ordem: IV, IM, SC, VO
4. Medicações Profiláticas: Úlcera de estresse, TVP,
Convulsão
5. Medicações eventuais: NBZ, analgésicos, antieméticos,
insulina, oxigênio.
6. Cuidados e orientações gerais: sinais vitais, cuidados gerais,
curva térmica, pesar em jejum, diurese, balanço hídrico,
cabeceira elevada, cateter nasogástrico em sifonagem, cateter
venoso, mudança de decúbito, sinais vitais, HGT às 6-11-17-
22h, monitorizações, etc.
Outra ordenação bem lógica e que causa menos esquecimentos
dos itens é a ordenação: Dieta, Hidratação e Eletrólitos, Antimi-
crobianos (IV, IM, SC ou VO, não esquecendo de colocar os dias de
uso), seguidos das outras medicações pelo método de “Sistemas/
Comorbidades”. Se internou por Pneumonia (prescrever o
antibiótico, corticóide, NBZ, oxigênio, fisioterapia Respiratória,
etc); se o paciente possui ICC (todas as medições para ICC); DM
(Insulinas, Glicose se HGT<70, HGT de horários, etc), e por aí
em diante, pois organiza melhor na cabeça do Médico as doenças
e a montagem da prescrição. Depois, manter a mesma sequência
com as medicações profiláticas, as eventuais e os cuidados.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
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Pronto-Socorro
Ácido Comp.: 500mg 500mg, VO, 3x/dia Contra Indicado Interromper se diarreia
mefenâmico <14 anos. ou exantema.
(Ponstan) Se >14 anos C.I.: disfunção renal,
500mg, VO, 3x/dia úlcera gástrica,
gravidez.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
única
46 a 53kg
15 a 35 gts, dose
única
C.I.: deficiência de
G6PD e hepatopatias
graves.
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Pronto-Socorro
Meperidina Amp. (2mL): 25-150mg/dose IM Segurança ainda Uso EV: pode ser
(Dolantina) 100mg ou SC não estabelecida. sem diluir ou diluir
25-100mg EV em SF 0,9% ou soro
lento (2 a 3 min) glicosado.
intervalos de
3a4h Depressão respiratória.
Dose Max.: Nunca associar com
500mg/dia IMAO.
Antídoto: Naloxona
(10 microg./kg)
Morfina Comp.: 10mg e EV: 2-10mg/70kg RN: bolus (EV, IM Começar com menor
(Dimorf) 30 mg EV lento (3-5min) ou SC): 0,05-0,1 dose preconizada e
Sol. Oral: 10mg/ de 3/3 a 4/4h mg/kg/dose de aumentar de acordo
mL (1mL=26 e aumentar 4/4 ou 8/8h com a resposta do
gotas) conforme resposta Infusão contínua: paciente.
para 10 mg/dose iniciar 10microg/ Aumentar doses em
Dimorf SP: e depois 15 mg/ kg/h (aumentar 5 ou 10 microg/kg/h
Amp. (2mL): dose de 4/4h. Se 5/5 até 30 microg/ de cada vez, seguindo
1mg/mL dor intensa pode-se kg/h) uma escala de dor até
Amp. (1mL ): chegar a 10mg/h Lactentes e máximo 100microg./
10mg/mL e se tolerância por crianças: bolus (EV, kg/h
uso prolongado até IM ou SC): 0,1-0,5
80mg/h. mg/kg/dose de Para infusão contínua
VO: 5-30mg/dose 2/2 ou 4/4h (Max.: EV: diluir em soro
de 4/4h (Max.: 15mg/dose) glicosado 5% para 0,1
180mg/dose). Infusão contínua: a 1 mg/mL.
Formulações de iniciar 20microg/
liberação lenta: 30 a kg/h e titular pela Depressão respiratória.
100mg 12/12h. resposta C.I.: crise asmática,
VO: 0,3-0,6 mg/ HIC, tumor
kg/dose intracraniano,
politraumatizados
com hipovolemia,
convulsões, disfunção
respiratória grave (não
intubado), íleo.
Antídoto: Naloxona
Ajuste de IR:
ClCr 10-50: 75%
da dose
ClCr <10: 50%
da dose
Antiácidos
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
Ranitidina Comp.: 150, 300 e VO: 150mg x 2 ou Dose usual: 2 EV: diluir em 100mL
(Antak) 300mg 300mg x 1. a 4mg/kg, VO, de SF0,9% e infundir
Xarope: 15mg/mL Dobrar dose se 12/12h em 15 a 20 min a cada
Amp. (2mL): 50mg necessário. Dose máxima: 6-8h (rápida causa
300mg/dia bradicardia).
EV: 50mg/dose
x 3-4 Manutenção IM: sem diluir
profilática: 0,125 a Corrigir na IR.
0,250mg/kg/h
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Múltiplas interações
(sistema P450).
Omeprazol Cápsulas 10, 20, Dose usual: 20 a 10 a 20kg Cápsulas devem ser
40 mg 40mg, VO, 1x/dia, 10 a 20mg/dia, VO engolidas inteiras e
Frasco ampola: antes do café da >20kg antes das refeições.
40 mg manhã 20 a 40mg/dia, VO Para administrar por
SNG ou fracionar:
abrir cápsula, esmagar
grânulos e mistura
em água com pitada
de bicarbonato ou
diluir uma cápsula de
20mg em 50mL de
bicarbonato a 8,4%.
C.I.: insuficiência
hepática.
Interações: aumenta
níveis de digoxina,
warfarin e dizepam.
EV: 40mg/dia 1x
Antieméticos e Prócinéticos
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
24
Pronto-Socorro
Não infundir
junto com outras
medicações.
Doses venosas acima
de 10mg devem ser
diluídas em Soro
glicosado ou SF e
correr em 30 min.
Doses menores: bolo
em 1 a 5 min.
Domperidona Comp.: 10mg 10mg/dose x3/dia <12anos e <35kg Não administrar junto
(Motilium) Susp. Oral: 1mg/ Dose máxima: 10mg, 3x/dia, com inibidores H2 ou
mL 40mg/dia 30 min antes das antiácidos. Usar antes
refeições por 4 das refeições.
semanas
>12 anos e >35kg C.I.: hemorragia
0,25mg/kg, 3x/dia, ou perfuração ou
30 min antes das obstrução digestiva
refeições
Máxmia: 35mg
Metoclopramida Comp.: 10mg VO: 10mg até <6 anos: EV: diluir para 0,2 mg/
(Plasil) Amp. (2mL): 10mg 4x/dia VO, IM, EV: 0,1- mL como rotina.
(5mg/mL) IV: 10mg até 0,2 mg/kg/dose x Concentração máxima:
Gotas Ped.: 4x/dia 3-4 ou 0,4-0,8 mg/ 5mg/mL.
4mg/mL kg/dia dividido Infundir lento: 5mg/
Solução: 5mg/5mL Dose máxima: 1-2 em 4 min. (rápido provoca
mg/kg/dia >6 anos: 0,5-1 mg/ mal-estar e ansiedade
kg/dia dividido intensa)
em 3-4 Ajuste na IR:
ClCr 40-50: 75% dose
ClCr 10-40: 50% dose
ClCr <10: 25 a 50%
dose
C.I.: obstrução
gastrointestinal,
feocrmocitoma,
convulsões mal
controladas.
Ondansetrona Amp. (2mL): 4mg EV: 8mg 8/8h EV C.I.: gravidez, lactação,
(Zofran) Comp.: 4 e 8 mg VO: 8mg 8/8h 0,6 a 1,2m2 insuficiência hepática.
5mg/m2 no
primeiro dia
>1,2m2
5 a 8mg/m2
VO
2 a 11 anos
4 mg
>11 anos
4 a 8 mg
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
C.I.: glaucoma,
depressão de
SNC, obstrução
gastrointestinal ou
urinária.
Dimenidrato Comp.: 100mg 10-50mg IV 6/6h 5mg/kg/dia 6/6h Não deve ser usado
(Dramin) Amp. IM (1mL): Dose máxima: ou 1-1,5 mg/kg/ por condutor de meio
50mg 400mg/dia dose x 4 de transporte ou que
Amp. IV (10mL): VO: 50-100mg de Dose máxima: tenha atividade que
30mg 6/6 a 4/4h 75mg/dia em exija grande atenção.
Gotas: 1mg/gota <6 anos
C.I.: glaucoma de
150mg entre 6 e 12 ângulo fechado,
anos e 300mg/dia retenção urinária.
para > 12 anos.
Antiespasmódicos e Anticolinérgicos
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
26
Pronto-Socorro
AINEs
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
Cetoprofeno VO: 50, 100 mg VO: 150 a 300mg/ <1ano: 1gt/kg/ Melhor tomar com
VO (LP): 150 e dia ou 50 gts (Max dose x 3-4x leite ou alimentos.
200 mg 300mg/dia) 7 a 11 anos: 25gts
Amp.: 50mg/mL EV: 100 a 300mg/ x 3-4 C.I.: úlcera, gastrite,
AMP 2mL dia porfiria, insuf.
Sol. 20mg/mL Hepática ou renal
grave, depressão
medular, gestação
Ibuprofeno Comp.: 200, 300, 200 a 400mg de 5-10 mg/kg/dose x Melhor ingerir junto
(Advil) 400 e 600mg 4/4 a 6/6h (Max: 3-4/dia com alimentos.
Susp.: 200mg/5mL 1,2 a 3,2g/dia) Máximo: 800mg/ Evitar usar por mais
Gotas: 50 ou dia de 3 dias para febre
100mg/mL e mais de 10 dias
para dor.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Interações:
diminui efeito dos
natriuréticos, aumenta
concentração de
digitálicos, reduz
concentração de
metotrexato.
C.I.: hipersensibilidade
ao ibuprofeno, à
aspirina ou a outros
AINEs, úlcera péptica
ativa.
Tenoxican Comp.: 20mg 20 a 40mg/dia Sem estudos com EV: diluir em 2mL
(Tilatil) Amp.: 20 ou 40mg EV: 20mg 1x dia segurança de ABD e injetar em
bolo. Evitar infusão
prolongada.
C.I.: úlcera, gastrite,
hemorragia digestiva,
porfiria, insuf.
Hepática ou renal
grave, alergia a
aspirina.
2. Dispneia
Todos os pacientes com dispneia devem ser encaminhados
para a sala de emergência e receber oxigênio suplementar se
necessário. Nos casos de insuficiência respiratória, será necessário
suporte ventilatório. O tratamento da dispneia é dependente da
etiologia.
3. Tontura
Tontura e vertigem são sintomas frequentes no pronto-
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Pronto-Socorro
150mg entre 6 e 12
anos e 300mg/dia
para > 12 anos.
Diazepam Comp.: 5 e 10mg VO: 5 a 20mg/dia IV: 0,1 a 0,2 mg/kg Não misturar com
(Valium) Amp. (2mL): 10mg (lento sem diluir) nenhuma droga na
IV ou IM: 5 a mesma seringa.
10mg/dose até VO: 0,1 a 0,3 mg/ Não infundir junto com
4/4h kg/dia adrenalina, bicarbonato,
Máxima: 3mg/ dexametasona,
kg/dia Não usar IM. dobutamina, fentanil,
furosemida, heparina,
hidrocortisona,
isoproterenol, lidocaína,
meperidina, vitaminas.
Se IV, ter suporte
ventilatório pelo risco
de apneia.
Reduzir dose em 50%
em cirróticos e evitar na
IR grave.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
C.I.: miastenia,
glaucoma de
ângulo fechado,
hipersensibilidade ,
disfunção hepática
grave.
Antídoto: Flumazenil
Clonazepam Comp.: 0,5 e 2mg 0,5 a 1 mg/dia <10 anos Retirada da droga deve
(Rivotril) Gotas: 2,5mg/mL dividido em 2 VO: iniciar com ser lenta.
ou 0,2 mg/gota Máximo: 20mg/dia 0,01-0,03 mg/ C.I.: insuficiência
kg/dia dividido hepática grave.
em 2-3
Máxima: 0,05mg/
kg/dia
10 a 16 anos
1 a 1,5mg/dia em
12/12 ou 8/8
4. Soluço
Deve-se tentar identificar a causa, porém se isso não for
possível no momento, a primeira escolha de tratamento são as
manobras físicas. Só no caso de falha dessas, deverá ser iniciado
tratamento farmacológico, começando com a clorpromazina.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Manobras físicas:
• Interromper função respiratória normal
• Estimular nasofaringe ou úvula (ex.: beber água fria)
• Aumentar estimulação vagal (ex.: pressionar globos
oculares)
• Neutralizar irritação do diafragma (ex.: posição
genupeitoral)
Tratamento medicamentoso:
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
Clorpromazina Comp.: 25 e 100mg 25 a 100mg 3x ao Evitar <6 meses IV: diluir em 500 a
(Amplictil) Amp. (5mL): 25mg dia, 7-10 dias 1000mL de SF0,9%.
Gota: 1mg/gota Até 50mg 4x ao dia Dose usual: 1mg/
(40mg/mL) kg/dia, VO ou IM, Quando por via IV
Máximo: 2g/dia 2 a 3x deve ser feito com o
paciente em posição
Dose máxima supina para evitar
<5 anos hipotensão.
40mg/dia
5 a 12 anos CI: Idosos com
75mg/dia demência, depressão
medular, psíquica ou
hepatopatias, coma,
glaucoma de ângulo
fechado.
Metoclopramida Comp.: 10mg VO: 10mg até <6 anos: IV: Diluir para 0,2mg/
(Plasil) Amp. (2mL): 10mg 4x/dia VO, IM, EV: 0,1- mL como rotina.
(5mg/mL) IV: 10mg até 0,2 mg/kg/dose x Concentração máxima
Gotas Ped.: 4x/dia 3-4 ou 0,4-0,8 mg/ de 5mg/mL.
4mg/mL kg/dia dividido Infundir lento:
Solução: 5mg/5mL Dose máxima: 1-2 em 4 5mg/min
mg/kg/dia >6 anos: 0,5-1 mg/ IV rápido provoca
kg/dia dividido mal-estar e intensa
em 3-4 ansiedade.
Ajuste na IR:
ClCr 40-50: 75%
da dose
ClCr 10-40: 50%
da dose
ClCr < 10: 25 a 50%
da dose
C.I.: obstrução
gastrointestinal,
feocromocitoma,
convulsões mal
controladas.
32
Pronto-Socorro
Baclofen Comp.: 10mg Iniciar com Só em > 2 anos: Evitar retirada súbita
(Lioresal) 5mg/dose x iniciar com 5 mg/ da droga.
3 e aumentar dia e aumentar
conforme resposta gradualmente C.I.: lesão cerebral,
até 80mg/dia até10-15 mg/ insuficiência renal,
dia dividido em epilepsia, diabetes.
3. Tomar com
alimentos ou leite.
Dose máxima até 8
anos: 40mg/dia
Dose máxima > 8
anos: 60 mg/dia
5. Tosse
As causas da tosse devem ser investigadas e seu tratamento
específico melhora esse sintoma. Deve-se fazer uma anamnese
detalhada, buscando também sobre exposição a perfumes,
uso de medicamentos (especialmente um IECA) ou infecção.
Existem tratamentos distintos para muitas das causas de tosse,
como anti-histamínicos para rinite alérgica, descongestionantes
anticolinérgicos para secar o muco e corticosteróides para a
inflamação, além de antimicrobianos para tratar os sintomas
causados por uma infecção.
O tratamento empírico de tosse é feito quando uma causa
específica não pode ser identificada ou quando a terapia dirigida
para a causa é inviável ou não é temporalmente eficaz. A base
do tratamento farmacológico para a tosse é a supressão com
antitussígenos, que suprimem o reflexo da tosse por ação central
ou periférica.
De ação central: Para a maioria dos pacientes é recomendável
o tratamento sintomático com um opióide de ação central.
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Morfina Comp.: 10mg e EV: 2-10mg/70kg RN: bolus (EV, IM Começar com menor
(Dimorf) 30 mg EV lento (3-5min) ou SC): 0,05-0,1 dose preconizada e
Sol. Oral: 10mg/ de 3/3 a 4/4h mg/kg/dose de aumentar de acordo
mL (1mL=26 e aumentar 4/4 ou 8/8h com a resposta do
gotas) conforme resposta Infusão contínua: paciente.
para 10 mg/dose iniciar 10microg/
Dimorf SP: e depois 15 mg/ kg/h (aumentar Depressão respiratória.
Amp. (2mL): dose de 4/4h. Se 5/5 até 30 microg/ C.I.: crise asmática,
1mg/mL dor intensa pode-se kg/h) HIC, tumor
Amp. (1mL ): chegar a 10mg/h Lactentes e intracraniano,
10mg/mL e se tolerância por crianças: bolus (EV, politraumatizados
uso prolongado até IM ou SC): 0,1-0,5 com hipovolemia,
80mg/h. mg/kg/dose de convulsões, disfunção
VO: 5-30mg/dose 2/2 ou 4/4h (Max.: respiratória grave (não
de 4/4h (Max.: 15mg/dose) intubado), íleo.
180mg/dose). Infusão contínua: Antídoto: Naloxona
Formulações de iniciar 20microg/
liberação lenta: 30 a kg/h e titular pela Ajuste de IR:
100mg 12/12h. resposta ClCr 10-50: 75%
VO: 0,3-0,6 mg/ da dose
kg/dose ClCr <10: 50%
da dose
Antitussígenos e Mucolíticos
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Carbocisteína/ Xarope adulto: 250-500mg/ 2-5 anos: 5mg/kg/ C.I.: úlcera gástrica e
Carboximetilcis- 250mg/5mL dose x 3 dose x 3 2 gotas/ recém natos.
teína Xarope ped.: Ou 5-10mL do kg ou 1 mL do
100mg/5mL xarope adulto/ xarope pediátrico
Gotas: 50mg/mL dose x 3 para cada 4kg/
(2,5mg/gotas) dose x 3.
Granulado adulto: 5-12 anos: 100-200
250mg/4g mg/dose x 3 ou
Granulado ped.: 5-10 mL do xarope
100mg/4g pediátrico/dose.
6. Prurido
Terapias não farmacológicas:
• Hidratação da pele
• Ambiente frio: uso de roupas leves, ambiente com ar
condicionado, água fria ou morna durante o banho, loções
de calamina ou mentol 4%.
• Evitar irritantes: ex.: roupas de lã e produtos de limpeza.
• Intervenções físicas: evitar coçar, oclusão de áreas
localizadas de prurido, cortar unhas.
Terapias farmacológicas:
• Tópica:
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
36
Pronto-Socorro
Capsaicina Creme 0,025% e 3 a 4 vezes ao dia. Não usar em Não usar se lesões
(Moment) 0,075% < 12 anos. abertas. Pode ocorrer
Loção 0,025% queimação local
transitória
Tacrolimus 0,03 e 0,1% 2 x ao dia, após 6 Só em > 2 anos. Evitar exposição solar
(Protopic) pomada semanas, 1x/dia
• Sistêmica:
◊ Anti-histamínicos.
◊ Antagonistas dos receptores opióides: naltrexona,
naloxona, nalmefeno.
◊ Agonistas dos receptores opióides: butorfanol (1mg/
dia), nalfurafine.
◊ Antidepressivos: inibidores seletivos da recaptação da
noradrenalina-SNRI (mirtazapina), inibidores da recap-
tação da serotonina-ISRS (paroxetina, fluvoxamina,
sertralina), tricíclico (doxepina).
◊ Anticonvulsivantes: gabapentina e pregabalina.
◊ Aprepitant.
◊ Imunossupressores: ciclosporina, azatioprina e micofe-
nolato de mofetil.
Nome Apresentação Dose adulto Dose criança Observações
Hidroxizina Comp.: 25mg 25mg/dose x 3-4 >6 meses Melhor tomar à noite
(Hidroxizine) Sol. 2mg/mL por 10 dias 0,7mg/kg, VO, pelo efeito sedativo.
Xarope. 2mg/mL 8/8h
Loratadina Comp.: 10mg 10mg <30 kg: 5mg/dose Ajuste na IR: ClCr <
(Claritin) Sol. Ped/xarope: 30 mesma dose em
5mg/5mL > 30kg: 10mg/ dias alternados. Na
dose insuficiência hepática
grave: dar 50% ou
mesma dose em dias
alternados.
37
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
38
Pronto-Socorro
AINEs
Opióides Fracos
39
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Opióides Fortes
Morfina (10mg/mL) 0,1mg/kg + 9mL de ABD, IV contínuo (em 1 a 2 min), a cada 5-15 minutos (máximo: 15mg/
hora)
Obs: Usar 50% da dose em pacientes com clearance de creatinina <10mL/min, 75% se Clcr <50mL/min
Tabela 2 - Principais fármacos analgésicos utilizados em nosso meio
2. Sedação
Sedação é definida como a indução de um estado de calma
e tranquilidade, que varia desde o estado vigil até a hipnose.
A técnica de sedação e analgesia permite a realização de
procedimentos desagradáveis ao paciente, sendo o principal a
intubação orotraqueal, mantendo a função cardiorrespiratória
autônoma e controle das vias aéreas.
Todo paciente com indicação de sedação e intubação deve
estar previamente monitorizado (PA, cardioscópio e oxímetro de
pulso). Deve-se definir o nível de sedação que se pretende atingir,
conforme escalas padronizadas.
1. Ansiedade e/ou Agitação
2. Tranquilidade, cooperação e orientação
3. Responsividade ao comando verbal, abertura ocular espontânea
4. Resposta franca à estimulação auditiva intensa ou compressão da glabela, com abertura ocular
5. Resposta débil à estimulação auditiva intensa ou compressão da glabela
6. Irresponsividade
Tabela 3 - Escala de Sedação de Ramsay
Para fim de IOT, o principal sedativo disponível é o
Midazolam e o Fentanil. Quando o Midazolam é contraindicado,
pode-se optar pelo proprofol ou etomidato. Na tabela a seguir são
expostas as principais características de cada sedativo.
Fármaco Observações
40
Pronto-Socorro
Pressões Inspiratórias Pressão de Pico < 50cmH2O Para reduzir incidência de barotrauma
Pressão de Platô < 35cmH2O
Auto-PEEP < 15cmH2O
Frequencia Respiratória 6 a 12
41
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DPOC
Relação I:E 1:4 a1:8 Para permitir uma expiração longa, reduzindo o
aprisionamento aéreo e a auto-PEEP
FiO2 Suficiente para manter PaO2 Evitar hipoxemia (PaO2 > 120)
entre 60-80mmHg, com SaO2
> 90%
FiO2 Deve ser mantida abaixo de Objetivos: manter PaO2 ≥ 60mmHg e/ou
60%, sempre que possível SaO2 ≥ 90%
42
Pronto-Socorro
4. Sugestão de prescrição
“Homem, 76 anos, 70 quilos, AVCi prévio, com história
de astenia, anorexia, perda ponderal não-estimada e dispneia
progressiva. Ao exame, se apresenta hipotenso (80x50mmHg),
taquicárdico (122bpm), taquipneico (FR=32rpm), cianótico, uso
de musculatura acessória, com SaO2 = 73%. Procede-se com
suporte avançado de vida e intubação orotraqueal, até elucidação
diagnóstica e terapia específica.”:
1. Dieta oral zero
2. Ringer Lactato 2000 ml EV, correr em 1 hora
3. Midazolam (Dormonid®)15mg/3mL - 10 ampolas (30mL)
+ 120mL SF0,9% - bolus de 10mL + manutenção de 5mL/h,
EV, em BIC
4. Fentanil 100mcg/2mL - 10 ampolas (20mL) + 80mL SG
5% - bolus de 8 mL + manutenção de 1,5mL/h, EV, em BIC
5. Omeprazol 40mg – 1FA + diluente, EV, 1x/dia
6. Enoxaparina (Clexane®) 40mg - 1 seringa, SC, 1x/dia
7. Passar sonda vesical
8. Monitorização contínua
9. Balanço hídrico
10. Anotar diurese
11. SSVV 6/6h
Bibliografia:
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Pronto-Socorro
Glicose Normal
Ureia/Creatinina Normal
Sódio/Potássio Normal
Troponina Elevação (O valor depende da São mais específicos para o tecido cardíaco;
metodologia usada) começa a se elevar 7h após o evento e se
mantém elevado por 5-14 dias.
2. Pneumonia
Exame Resultado esperado Comentários
Glicose Normal
Creatinina Normal
Potássio Normal
45
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
3. Derrame Pleural
A diferenciação entre transudato e exsudato no líquido pleural
é feito pela aplicação dos critérios de Light. Para tal, deve ser
colhido amostra de líquido pleural e também de sangue periférico.
A presença de qualquer critério de exsudato, já o caracteriza; são
necessários os 03 critérios de transudato para o caracterizar.
Transudato Exsudato
Relação entre proteína do líquido pleural e sérica < 0,5 > 0,5
Relação entre DHL do líquido pleural e sérica < 0,6 > 0,6
4. TEP
Exame Resultado esperado Comentários
Glicose Normal
Sódio/Potássio Normal
D-dímero > 500 ng/dl (para <50 anos) Alta sensibilidade, baixa especificidade
(muitas outras coisas, que não o TEP, elevam
seu valor). Se negativo, exclui TEP.
46
Pronto-Socorro
5. Nefrolitíase
Exame Resultado esperado Comentários
Glicose Normal
6. ITU
Exame Resultado esperado Comentários
Glicose Normal
Potássio Normal
Urocultura Quantitativa > 105 UFC Se mulheres muito sintomáticas, >> 102 UFC,
pode ser considerado positivo
47
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7. Colecistite
Exame Resultado esperado Comentários
Glicose Normal
Sódio/Potássio Normal
Fosfatase Alcalina > 130 UI/L Eleva-se em colestase, lesões de vias biliares
e lesões ósseas.
8. Pancreatite aguda
Exame Resultado esperado Comentários
Hemograma Leucocitos > 11000/mm³ Não por falta de insulina causada diretamente
Seg > 7500/mm³ (70%) pela pancreatite, mas por causa da intensa
resposta metabólica à pancreatite.
Glicose Hiperglicemia
Amilase > 100 U/L Seu valor não indica gravidade Descartar
macroamilasemias (ligação de amilase sérica
com imunoglobulina, aumentando seus
valores no soro) através da comparação com
amilase urinária.
48
Pronto-Socorro
9. Cetoacidose diabética
Exame Resultado esperado Comentários
Ureia/Creatinina Normal
Sódio Normal
10. Dengue
Exame Resultado esperado Comentários
Glicose Normal
Ureia Normal
Creatinina Normal
Sódio Normal
Potássio Normal
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Sorologias (IgM) Proteína Positivo a partir do quinto PCR e Isolamento Viral são pouco
NS1 ou sexto dia de início dos disponíveis, deixando maior utilidade para as
sintomas sorologias, em especial a NS1.
11. Sepse
Exame Resultado esperado Comentários
Ureia/Creatinina Normal
Prócalcitonina Acima de 0,1 - 0,5ng/mL Mais sensível e mais específica que a PCR.
(Valor varia com o método Se eleva rapidamente e cai pela metade após
usado) debelada resposta inflamatória/infecção.
12. Meningite
Exame Resultado esperado Comentários
Glicemia Normal
Ureia/Creatinina Normal
Sódio/Potássio Normal
TGO/TGP Normal
50
Pronto-Socorro
Acidose Metabólica ↓ ↓
Acidose Respiratória ↓ ↑
Alcalose Metabólica ↑ ↑
Alcalose Respiratória ↑ ↓
Bibliografia:
54
Pronto-Socorro
Sinais característicos:
• Linha de fratura (as fraturas podem ser simples, completa
transversa, oblíqua, longitudinal, em espiral, cominutiva, etc)
• Investigar continuidade da cortical óssea (sua perda pode
denotar fratura, reabsorção ou até processo neoplásico)
• Investigar medular óssea (atentar para expansões ósseas,
que podem significar neoplasia)
• Reações periosteais (triângulo de Codman, calcificação
em cebola, etc)
• Calcificação da tuberosidade tibial proximal (sugestivo de
Osgood Schlatter)
• Lesão em “lápis no copo” (artrite psoriásica)
2. Tomografia Computadorizada
É um exame que também faz uso de radiação ionizante,
expondo o paciente a um carga muito maior de radiação se
comparado à radiografia convencional. Possui uma acurácia
muito maior em topografar lesões que radiografias convencionais.
No pronto-socorro, sua aplicação mais prevalente é em casos
suspeitos de acidentes vasculares em SNC.
2.1. Crânio
Indicações:
• Suspeita de AVE (mais sensível para os hemorrágicos.
Isquêmicos só com certo tempo de evolução)
• Hipertensão craniana
• Suspeita de hemorragia intracraniana
Contraste:
Os contrastes radiológicos iodados são injetados dentro de
vasos, realçando as lesões. Pode ser um contraste iônico
(com maior risco de reações adversas, mas menor preço) ou
60
Pronto-Socorro
3.1. Crânio
Indicações:
• Suspeita de AVE isquêmico
Contraste:
O contraste utilizado em RNM é o Gadolíneo, que é menos
nocivo que o contraste utilizado em TC.
Principais sequências:
• T1
Sequência utilizada para se estudar a anatomia. O líquor
cefalorraquidiano fica hipointenso (escuro).
• T2
Quando o conteúdo é líquido, seja livre (LCR) ou no tecido,
fica com hipersinal (branco).
• Flair
Sensibiliza mais o estudo de patologias de um modo geral
porque mostra hipersinal em líquido no tecido (edema/
inflamação) ao mesmo tempo que atenua líquido livre. De
forma simplificada, é uma sequência T2 com atenuação
para líquido livre (não tecidual).
• Difusão
É uma sequência especialmente usada em AVE isquêmico
capaz de delimitar a área que não é mais passível de
salvamento, mesmo com terapia trombolítica. Regiões com
“rápida difusão” ficam hipointensas (preto) e com “difusão
lenta” ficam hiperintensas (branco).
• Perfusão
Essa sequência identifica tecido que está em sofrimento por
baixa perfusão. Desse modo, analisando a sobreposição de
imagens das sequências de difusão e perfusão, é possível
encontrar uma área de penumbra (mismatch) passível de
62
Pronto-Socorro
4. Ultrassonografia (USG)
4.1. Abdome total
Indicações:
• Dor abdominal a esclarecer
• Colelitíase
• Patologias de parede abdominal
Preparo:
Jejum de 6h e ingestão de muito líquido, sem urinar, para
distender a bexiga. O uso de dimeticona pode ser indicado
para que se reduza a quantidade de gases intestinais que
prejudicam o exame; dimeticona comprimido 40-150mg
VO ou dimeticona gotas (75mg/mL) 40 gotas (>12anos).
Principais achados:
• Cálculo na vesícula: Imagem hiperecóica (branco) com
sombra acústica posterior. A posição pode mudar de
acordo com a posição do paciente.
• Pancreatite aguda: Aumento difuso do pâncreas com
ecogenicidade diminuída em relação ao fígado.
• Apendicite aguda: Diâmetro aumentado (>6mm); o
apêndice inflamado não é compressível; pode haver fecalito.
• Vasos abdominais: Avaliação de diâmetro e de função
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
(doppler)
• Rins e vias Urinárias (ver afrente)
• Hérnias de parede abdominal
USG FAST:
Focused Assessment with Sonography for Trauma (FAST)
é um protocolo de USG usado no trauma abdominal e que
busca a existência de líquido livre, examinando os espaços:
1. Hepatorrenal
2. Pericárdio
3. Esplenorrenal
4. Supra Púbico
4.2. Carótida
Indicações:
• AVC isquêmico com déficit neurológico reversível que
possa se beneficiar de endarterectomia carotídia
Principais achados:
• Obstruções quantificadas em porcentagem e função
avaliada pelo doppler.
4.3. Rins e vias urinárias
Indicações:
• Cólica nefrética / nefrolitíase
• Hematúria ou anúria
Preparo:
Igual no USG de abdome total
Principais achados:
• Cálculo renal: É capaz de localizar cálculos a partir de
2mm; imagem ecogência com sombra acústica posterior;
pode haver hidronefrose proximal.
• Hidronefrose: Indicativo de obstrução de vias urinárias
ou refluxo vesicoureteral.
64
Pronto-Socorro
5. Exames de vídeo
5.1. Endoscopia digestiva alta
Indicações:
• Hemorragia digestiva alta (hematêmese, melena)
• Suspeita de úlcera péptica
• Remoção de corpos estranhos
• Hemostasia de lesões sangrantes
Preparo:
Jejum 6-8h antes do procedimento. Em casos de obstrução
e esvaziamento gástrico diminuído, pode ser feito um jejum
mais prolongado ou esvaziamento e lavagem com uso de
sonda.
5.2. Colonoscopia
Indicações:
• Investigação da hemorragia digestiva baixa
• Hemostasia de lesões sangrantes
• Retirada de corpos estranhos
• Rastreamento do câncer colorretal em pacientes de alto risco
Bibliografia:
66
Pronto-Socorro
Observações:
• Embora possam existir prazos de estabilidade maiores
na literatura, devido à atual impossibilidade de garantir as
condições necessárias (central de diluição, refrigeradores
exclusivos e etc) para evitar a contaminação das soluções
reconstituídas e diluídas, tais prazos não foram considerados
neste manual. Além disso, esses prazos referem-se apenas
à integridade “química” e “físico-química”, não garantindo
que o medicamento esteja isento de contaminação
microbiológica nesse período.
• Todo medicamento injetável deve ser inspecionado quanto
à presença de partículas estranhas ou coloração diferente
da prevista (em alguns casos é normal haver pequenas
alterações na cor das soluções) antes da administração.
• Quando da reconstituição, a solução deve ser bem
homogeinizada para evitar alterações na concentração dos
medicamentos e, conseqüentemente, nas doses administradas
aos pacientes. Entretanto, essa homogeinização deve ser
feita com movimentos circulares suaves até completa
dissolução do pó para evitar a formação de espuma.
• As instruções de estabilidade, reconstituição e diluição
podem variar conforme o fabricante.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Conceitos:
• Infusão: Significa administração intravenosa “lenta” de
grandes volumes de líquido (geralmente de 50 a 500mL), ou
seja, neste caso o medicamento deve ser diluído.
A administração por infusão classifica-se de acordo com o
tempo necessário em:
→ Infusão Lenta: a administração IV é realizada entre 30 e
60min.
→ Infusão Rápida: a administração IV é realizada entre 1 e
30min.
→ Infusão Contínua: a administração IV é feita de forma
ininterrupta (por ex., quando for de 6 em 6 horas, cada
administração é feita em 6 horas).
• Bolus: Administração que é feita “de uma vez”, em
tempo menor ou igual a 1 minuto. Se aplica tanto a grandes
quanto a pequenos volumes.
• Administração Intravenosa Direta: Administração do
medicamento logo após a reconstituição sem a necessidade
de diluir. Às vezes se usa a expressão “em bolus” como
sinônimo de Administração Intravenosa Direta, todavia a
administração de injetáveis dessa forma geralmente é feita
entre 3 a 10min.
• Reconstituído: Solução resultante da reconstituição da
apresentação em pó na sua forma líquida.
• Diluído: Solução resultante da diluição do reconstituído
com volumes maiores (geralmente 50 a 500mL) de líquidos
apropriados para infusão de medicamentos injetáveis.
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Pronto-Socorro
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Pronto-Socorro
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Pronto-Socorro
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Bibliografia:
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Cardiologia
Parada Cardiorespiratória
Camila Carlos
Carlos Bruno
Geffty Soares Ferreira
PCR/RCP: Suporte Básico e Avançado de Vida
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
82
Cardiologia
2. Achados Clínicos
Paciente se apresenta com queixa de taquidispneia súbita,
associada à taquicardia, palidez cutânea ou cianose e sudorese fria
(sinais adrenérgicos). A ausculta pulmonar é variada, encontrando-
se normalmente estertores inspiratórios e expiratórios, sendo
também comum o encontro de murmúrio vesicular mais rude,
com roncos e sibilos.
A presença de hipotensão arterial e sinais de baixo débito
cardíaco, outra possibilidade de clínica nesses pacientes, é menos
frequente e, em geral, presente naqueles com agudização de uma
83
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
IC prévia crônica.
Outros achados como presença de dor torácica compatível
com insuficiência coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4),
sopros cardíacos e deslocamento da posição do ictus cardíaco
(sinal de aumento da área cardíaca) ajudam na busca da etiologia
do EAP.
4. Tratamento
Na sala de emergência, deve ser imediatamente providenciado
MOV (monitor, oxigênio, acesso venoso).
Os pacientes com edema agudo de pulmão devem ter seu
84
Cardiologia
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
Caso Clínico: AGS, masculino, 43 anos, 80kg, HAS com
uso irregular da medicação, dá entrada na emergência em
franca insuficiência respiratória, com SatO2 de 75%, FC
de 139 bpm, PA 210 x 110mmHg, FR 32 ipm com esforço
respiratório. Na ausculta pulmonar há estertores crepitantes
difusos bilateralmente.
1. Dieta zero
2. Furosemida 20 mg/2ml - 04 amp, IV, em bolus
3. Furosemida 20 mg/2ml - 01 amp + 8 ml SF 0,9%
EV, 6/6h
4. Nitroprussiato de sódio (Nipride®) 50mg/2ml –
01FA + 248 ml SG 5%, IV, em BIC iniciar a 5 mL/h.
5. Dipirona 500mg/ml – 2 amp + 08ml ABD, IV, 6/6h,
se dor ou Tax ≥ 37,8°C
6. Morfina 10 mg/ml - 01 amp + 09 ml SF0,9%, IV,
fazer 02 ml, ACM
7. Metoclopramida 10mg/2ml – 1 amp + 08ml ABD,
8/8h, se náuseas/vômitos
8. Monitorização cardíaca contínua/PA não invasiva/
oximetria de pulso
9. Glicemia capilar 2/2h
10. Glicose 50% 500mg/ml - 4 amp, IV, se HGT <
70mg/dl
11. Insulina regular conforme HGT, ACM.
12. Ventilação não invasiva (BPAP)
13. Cabeceira elevada a 45º
14. Passar sonda vesical de demora (SVD)
15. Medir diurese
16. Sinais vitais e cuidados gerais de 1/1h
86
Cardiologia
Bibliografia:
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
88
Cardiologia
2. Achados Clínicos
Os sintomas são decorrentes do baixo débito cardíaco e/ou
da síndrome congestiva pulmonar e sistêmica, podendo-se dividi-
los em virtude da IC esquerda ou direita.
• IC esquerda: dispneia, ortopneia e dispneia paroxística
noturna (congestão pulmonar);
• IC direita: turgência jugular patológica, edema de membros
inferiores, ascite e hepatomegalia (congestão sistêmica).
Limitação leve com atividades cotidianas, cansaço aos médios esforços; 4-6 METs na
Classe II
ergometria.
Limitação moderada, cansaço aos pequenos esforços; sintomas com qualquer atividade,
Classe III
mesmo as mais leves que as do cotidiano; 2-4 METs na ergometria.
91
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
Para a escolha da melhor conduta terapêutica é preciso realizar
a classificação clínico-hemodinâmica do paciente nos perfis A, B,
C e D (figura 01).
Figura 01: Perfis clínico-hemodinâmicos.
Congestão em repouso?
NÃO SIM
93
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
Caso Clínico 01: FBS, 63 anos, 60 kg, taquidispnéico,
B3 na ausculta pulmonar e estertores finos bilateralmente
na ausculta pulmonar (perfil B), em uso de enalapril 10 mg,
12/12h, espironolactona (Aldactone®) 25 mg 1 vez/dia,
carvedilol 25 mg, 12/12 h.
1. Dieta zero
2. Furosemida 20 mg, 03 amp, IV bolus, agora*
3. Enalapril 10 mg, 01 comp, VO, 12/12 h
4. Carvedilol 25 mg, 01 comp, VO, 12/12 h**
5. Espironolactona 25 mg, 01 comp, VO, 01 vez/dia
6. Enoxaparina 40 mg, 01 amp, SC, 01 vez/dia
7. Oxigenioterapia (cateter ou máscara) se SaO2 < 90%
8. Ventilação mecânica não invasiva se desconforto
respiratório persistente
9. Monitoração cardíaca
10. Cabeceira elevada
11. Cuidados gerais
12. Sinais vitais de 4/4h
*Pode ser repetido até 2 a 3 vezes.
**Deve ter sua dosagem reduzida pela metade se sintomas
refratários, devendo ser suspenso apenas em situação de
choque cardiogênico.
# Caso o paciente persista sintomático:
13. Nitroprussiato de sódio 50 mg 01 amp + 248 ml SG
5%, IV, BIC iniciar com 4mL/h (0,2 µg/kg/min).
Caso Clínico 02: Paciente de 75 anos, 60 kg, pulso fino,
extremidades frias, sem alterações na ausculta (perfil L), em
uso de captopril 25 mg 8/8 h, espironolactona 25 mg 1 vez/
dia, carvedilol 6,25 mg 12/12h.
94
Cardiologia
1. Dieta zero
2. Acesso venoso
3. SF 0,9%, 250ml, correr em 60min
4. Captopril 25 mg, 01 comp, VO, 8/8h*
5. Espironolactona 25 mg, 01 comp, VO, 01 vez/dia*
6. Carvedilol 6,25 mg, 01 comp, VO, 12/12h**
7. Enoxaparina 40 mg, 01 amp, SC, 01 vez/dia
8. Oxigenioterapia (cateter ou máscara) se SaO2 < 90%
9. Monitorização cardíaca
10. Cabeceira elevada
11. Cuidados gerais
12. Sinais vitais
*Devem ser mantidos na prescrição, respeitando valores
mínimos de pressão arterial sistólica (PAS) de 90 mmHg.
**Deve ter sua dosagem reduzida pela metade se sintomas
refratários, devendo ser suspenso apenas em situação de
choque cardiogênico.
Caso ainda assim o paciente persista sintomático e PAS >
90 mmHg, prescrever:
13. Dobutamina 12,5mg/ml 2 amp + 230 ml SG 5%, IV,
BIC iniciar 10 ml/h (5 µg/kg/min).
14. Nitroprussiato de sódio 50 mg 01 amp + 248 ml SG
5%, IV, BIC iniciar com 4mL/h (0,2 µg/kg/min).
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
96
Cardiologia
Arritmias
Severino de Freitas Rêgo Neto
Diogo Mizael Bessa de Medeiros
Gabriela Lins Medeiros de Assunção
Carlos Bruno
TAQUIARITMIAS
1. Introdução
São definidas como ritmo apresentando frequência cardíaca
superior a 100 bpm. Podem ter origem supraventricular, quando
requerem participação do nodo AV, ou podem ter origem somente
no ventrículo (ventriculares). De acordo com o comportamento
das ondas podem ser classificadas em monomórficas, quando
apresentam somente uma morfologia em cada derivação, ou
polimórficas, quando apresentam diferentes morfologias na
mesma derivação. Além disso, podem ter ritmo regular ou irregular,
quando apresentam intervalo RR variável entre os batimentos.
Possuem diferentes mecanismos, sendo mais comum a reentrada,
a atividade deflagrada e o automatismo.
Na maioria dos episódios de taquicardia QRS estreito regular,
os pacientes não apre-sentam cardiopatia e não fazem uso
de medicação. Mais de 50% dos pacientes com TV sustentada
apresentam cardiopatia isquêmica. A incidência de TV também
é elevada em miocardiopatias (chagásica, dilatada, hipertrófica).
Outras possíveis causas são as doenças elétricas primárias do
coração. Aproximadamente 10% dos pacientes com TV têm
coração estruturalmente normal.
2. Achados clínicos
Depende de vários fatores, como: tipo da taquicardia,
duração, presença de doença cardíaca estrutural, grau de disfunção
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
98
Cardiologia
Amiodarona 150 mg IV
Assintomática? em 10 minutos
SIM NÃO
Como segunda opção
Lidocaína 1 mg/kg IV
Ritmo irregular? até 3 mg/kg IV
Observar SIM NÃO Considerar no caso de
Torsade de Pointes
Presença de ondas Sulfato de Magnésio
Considerar SIM “F”? NÃO 1 a 2 g IV em bolo
fibrilação arterial
4. Tratamento
4.1. Taquicardias regulares de QRS estreito (< 3 mm)
• Manobra vagal: Comprimir carótida direita por 10
segundos. Em caso de ausência, tentar manobra na esquerda.
• Fármacológico:
◊ Adenosina: Droga de escolha para reversão de TPSV.
Não deve ser u-sada em pacientes com asma e deve ser
empregada com cautela em pacientes idosos e
portadores de cardiopatia isquêmica grave.
◊ Antagonistas de Cálcio: Atenção para a hipotensão
arterial.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Adenosina 6 mg – 12 mg – 12/18mg, IV, em bolus, rápido, com o braço erguido, seguido por
flush de 20 de SF 0,9%. Intervalo de 1 a 2 min entre as doses.
Diltiazen 0,25 mg/kg, IV, em 2 minutos. Se necessário, 0,35 mg/kg, IV, em 2 minutos 15
minutos após primeira dose.
Instabilidade
SIM hermodinâmica? NÃO
Perda de consciência?
SIM NÃO
Adenosina 6 mg IV em bolo
Caso não haja resposta
Cardioversão Sedação analgesia: Após 1 a 2 minutos
elétrica imediata Midazolam 0,1 a 0,2 mg IV Adenosina 12 mg IV em bolo
SOLICITAR VAGA EM Fentanil 100 mg IV Caso haja resposta
HOSPITAL REFERÊNCIA Após 1 a 2 minutos
Adenosina 18 mg IV em bolo
Sens = 21%
100 SIM NÃO Spec = 100%
Perda de consciência?
SIM NÃO
Adenosina 6 mg IV em bolo
Caso não haja resposta
Cardioversão Sedação analgesia: Após 1 a 2 Cardiologia
minutos
elétrica imediata Midazolam 0,1 a 0,2 mg IV Adenosina 12 mg IV em bolo
SOLICITAR VAGA EM Fentanil 100 mg IV Caso haja resposta
QRS alargado ou uma TV. Em caso de diagnóstico de TSV, aplicar
HOSPITAL REFERÊNCIA Após 1 a 2 minutos
Adenosina 18 mg IV em bolo
condutas explicadas anteriormente. Se houver dúvida quanto ao
diagnóstico, tratar como TV.
Ausência de complexo RS em derivação precordiais
Sens = 21%
SIM NÃO Spec = 100%
TV
Intervalo entre o início da onda R e o nadir de S>100 ms
Sens = 65%
SIM NÃO Spec = 98%
TV
Presença de dissociação atrioventricular
Sens = 82%
SIM NÃO Spec = 98%
TV
Critérios morfológicos para TV em V1-V2 e V6
Sens = 96,5%
SIM NÃO Spec = 98,7%
Critérios de Brugada
• Cardioversão: Se instabilidade hemodinâmica.
• Drogas antiarrítmicas: A escolha é Amiodarona.
Procaínamida também pode ser utilizada. A terceira escolha
é a Lidocaína.
Droga Dose
Amiodarona 150 mg, IV, em 10 min. Seguida por 1 mg/min por 6h, seguida por 0,5mg/min
por mais 18h.
Procainamida 20-50 mg/min, IV. Dose máxima: 17 mg/kg. Interromper se paciente ficar
hipotenso. Manutenção: 1-4mg/min.
101
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Instabilidade
SIM hermodinâmica? NÃO
4.3. FA e flutter
O tratamento dessas arritmias é semelhante.
Passos para a avaliação de uma FA:
1. Avaliar estabilidade hemodinâmica. Se instabilidade,
proceder cardioversão.
2. Definir tempo de início (caso não haja uma definição,
manejar como crônica). Se início menor do que 48h,
submeter reversão de ritmo. Caso contrário, realizar
ecocardio-grama transesofágico para exclusão de trombo
ou anticoagular o paciente mantendo o INR por 3 semanas
em faixa terapêutica. Só após ECO ou anticoagulação
poderá ser realizada a reversão do ritmo.
3. Avaliar fatores desencadeantes ou fatores de piora.
4. Controlar FC para melhora dos sintomas.
5. Avaliar necessidade de anticoagulação (CHADSVASc >
2 indica anticoagulação).
6. Definir terapêutica: Reversão do ritmo X Controle da FC.
102
Cardiologia
Descrição Pontos
C Insuficiência Cardíaca 1
H Hipertensão 1
A2 Idade (≥ 75 anos) 2
D Diabetes Mellitus 1
<48 Horas
I - Com repercussão
hemodinâmica
II - Estável (*)
CV Elétrica
Função Normal Disfunção VE
S/ Cardiop. S/ Cardiop.
Amiodarona
Propafenoma Sotalol
Sotalol Amiodarona CV Elétrica
Amiodarona
CV Elétrica
Amiodarona 150 mg, IV, em 10 min. Seguida por 1 mg/min por 6h, seguida por 0,5mg/min
por mais 18h.
Propafenona 600 mg, VO, dose única ou 1-2 mg/kg, IV em 10/20 min
103
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Diltiazen 0,25 mg/kg, IV, em 2 minutos. Se necessário, 0,35 mg/kg, IV, em 2 minutos 15
Bradicardia
minutos após primeira dose.
Sincope associada a
Deslanosídeo 0,4 mg, IV, em bolus. Repetri dose a cada 2h se necessário até no máximo 1,2 mg.
Frequência cardíaca < 60 bpm
5. Medicações já descritas
6. Transferir para unidade de Cardiologia
BRADIARRITMIAS
1. Introdução
Bradicardia significa FC reduzida, usualmente menor do que
60 bpm. A bradicardia pode ser fisiológica , representar uma
doença do coração, ou ser consequência de uma doença sistêmica.
A bradicardia sinusal pode acontecer em atletas em boas condições
físicas, não sendo patológica.
Existem diversas causas de bradicardia e tais causas devem ser
investigadas quando se está diante de uma bradiarritmia, como:
uso de medicações (beta-bloqueadores, bloqueadores do canal
de cálcio, amiodarona), causas autônomas (hipersensibilidade
do seio carotídeo), doença do nós sinusal (investigar alterações
estruturais e/ou isquêmica cardíacas) e bloqueios átrio-
ventriculares, que também podem ser um sinal de doença
estrutural e/ou isquêmica cardíaca.
2. Achados clínicos
Os sintomas de baixo fluxo e as repercussões hemodinâmicas
secundárias à redução da FC devem nortear as medidas terapêuticas
na sala de emergência. Portanto, esses sinais e sintomas devem ser
rapidamente identificados.
O paciente pode ser assintomático ou levemente sintomático.
Contudo, medidas devem ser tomadas para os casos com sinais
de instabilidade hemodinâmica evidentes em pacientes com
hipotensão, dispneia, alteração do nível de consciência, dor
torácica, insuficiência cardíaca, tontura, síncope e outros sintomas.
105
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
Na ausência de causas reversíveis a atropina se constitui a
principal droga para tratamento. O evitar em síndromes corona-
rianas. Os pacientes com BAV grau Mobitz II e BAVT não devem
receber atropina, sendo indicado o uso do marca-passo temporário.
Nos refratários ao tratamento, mesmo com resposta as drogas
de segunda linha (dopamina e epinefrina), o marca-passo
transcutâneo deve ser utilizado. As drogas de segunda linha podem
ser utilizadas em casos de não resposta a atropina ou enquanto
aguarda marca-passo.
Droga Dose
Sincope associada a
Frequência cardíaca < 60 bpm
Perda da
SIM consciência? NÃO
Congestão
Intubação pulmonar?
SIM NÃO
Assistência ventilatória
SOLICITAR VAGA EM
HOSPITAL REFERÊNCIA Sinais de baixo
Considerar insuf. cardíaca SIM débito? NÃO
ou insuficiência renal
SOLICITAR VAGA EM
HOSPITAL REFERÊNCIA Reposição com volume Considerar Bradicardia
Iniciar Atropina e Aminas como bom prognóstico
Vasoprefessoras SOLICITAR VAGA EM
SOLICITAR VAGA EM HOSPITAL REFERÊNCIA
HOSPITAL REFERÊNCIA
106
•TPSV •TV •TV
Cardiologia
5. Sugestão de prescrição
1. Dieta zero
2. Acesso venoso
3. Atropina 0,5mg – 01 ampola, IV (até 3 mg)
4. Marca-passo transcutâneo se não responsivo ao
tratamento
5. Dopamina 50mg/10ml – 05 ampolas + 200 ml SG 5%,
IV, em BIC. Iniciar 8 ml/h e seguir ACM
6. Epinefrina – 02 ampolas + SG 5% 100 ml, IV, em BIC.
Iniciar 6 ml/h e seguir ACM
7. Monitorização
8. Cabeceira elevada
9. SSVV + CCGG 1/1h
Bibliografia:
107
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
108
Cardiologia
2. Achados Clínicos
O quadro típico é de dor torácica intensa, opressiva, difusa,
retroesternal ou precordial, irradiada para membros superiores,
mandíbula, epigástrio ou dorso. A dor é prolongada (duração >
20 minutos), não aliviada por nitratos ou repouso e geralmente
associada à sudorese fria, náuseas, vômitos e dispnéia. Em alguns
casos, o paciente coloca sua mão espalmada sobre o centro do
precórdio (sinal de Levine), sendo altamente sugestivo de isquemia
miocárdica. Mulheres, idosos e diabéticos, podem se apresentar
com sintomas atípicos: sem dor precordial, com dispneia, náuseas,
vômitos, diaforese, síncope.
É importante investigar fatores de risco para doença
coronariana, como, IAM prévio, doença aterosclerótica já
documentada e história familiar de doença coronariana.
O exame físico é frequentemente normal nos pacientes
com SCA, sendo mais importante para estabelecer gravidade e
auxiliar em seu diagnóstico diferencial. Os achados de estertores
pulmonares, terceira bulha e sinais de disfunção ventricular
109
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
→Medidas gerais:
Primeira medida: MOV = Monitor (de ECG e PA não
invasiva), oxímetro de pulso e acesso venoso periférico.
Tipicamente, o tratamento da SCA envolve o MONABCH
(morfina, oxigênio, nitrato/nitroglicerina, AAS, betablo-
queador, clopidogrel ou outro antiplaquetário, heparina ou
outro antitrombótico).
• Morfina: não usar em hipotensos e bradicárdicos. Além
disso, estudos recentes têm apontado que a morfina pode
reduzir a absorção de medicações orais devido a redução
da motilidade intestinal, afetando diretamente a drogas
essências, como a dupla antiagregação exercida pelo o
ASS e o clopidogrel, podendo elevar o risco de morte.
Ressaltando ainda que seu uso não implica diretamente
111
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestões de Prescrição
Paciente 60 anos e 80 kg, com dor precordial intensa
há 2h, diagnóstico de IAMCSST. PA: 140 × 90, FC: 95 bpm,
clearance de creatinina normal. Fará terapia trombolítica.
1. Dieta zero ate segunda ordem
2. O2 sob máscara 3 L/min
3. AAS 100 mg – 3 comprimidos VO, mastigar e engolir
4. Dinitrato de isossorbida 5 mg SL ACM (na entrada)
5. Clopidogrel 75 mg – 4 comprimidos (300 mg) VO agora
6. Metoprolol 5 mg/ml- 5 mg EV ACM
7. Atenolol 25 mg VO 12/12 horas
8. Morfina 10 mg – 01 amp+ 9 ml de ABD – fazer 2 mL
EV agora e repetir a cada 5 min, conforme necessário.
9. Tenecteplase 45mg EV em bolus
10. Aferir PA de 15/15 minutos durante infusão do
113
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
114
Cardiologia
2. Achados Clínicos
O quadro típico é de dor torácica intensa, opressiva, difusa,
precordial, irradiada para membros superiores, mandíbula,
epigástrio ou dorso. Podem ocorrer os seguintes padrões de
angina: angina de repouso, angina de início recente e angina
em crescendo. Geralmente associa-se à sudorese fria, náuseas,
vômitos e dispneia. Mulheres, idosos e diabéticos, podem se
apresentar com sintomas atípicos: sem dor precordial, com
dispneia, náuseas, vômitos, diaforese e/ou síncope. É importante
investigar fatores de risco para doença coronariana, como: IAM
prévio, doença aterosclerótica já documentada e história familiar
de doença coronariana.
O exame físico é frequentemente normal ou com discretas
115
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
• Medidas gerais:
Primeira medida: MOV = Monitorização contínua (ECG e
Pressão Arterial – PA, não invasiva), Oxímetro de pulso
(oxigênio se SatO2 <90%) e Acesso venoso periférico.
Repouso.
Tipicamente, o tratamento da SCASSST envolve os 4 As:
Aspirina. Antagonista do ADP. Anticoagulante. Angiografia
coronariana percutânea.
• Aspirina: 160-325mg, mastigável. Seu uso implica
redução de mortalidade.
• Clopidogrel/Prasuguel/Ticagrelor: O ticagrelor é o
mais potente em ação antiagregante plaquetário, 180mg.
Clopidogrel: dose de ataque de 300mg, VO e manutenção
com 75 mg, VO.
• Enoxaparina: é o anticoagulante de escolha. Seu uso
reduz mortalidade. Dose de 1mg/kg, SC, 12/12h. Evitar
usar em paciente com clearance de creatinina <15ml/min.
• Betabloqueador: só deve ser usado se não houver
117
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
118
Cardiologia
5. Sugestões de Prescrição
Paciente 65 anos e 80 kg, com dor precordial + ECG normal
+ elevação de MNM, diagnóstico de IAMSSST e creatinina = 0,9
mg/dl).
1. Dieta zero ate segunda ordem
2. O2 sob máscara 3 L/min
3. AAS 100 mg – 3 comprimidos VO, mastigar e engolir
4. Dinitrato de isossorbida 5 mg SL ACM (na entrada)
5. Clopidogrel 75 mg – 4 comprimidos (300 mg) VO, agora
6. Metoprolol 5 mg EV ACM
7. Atenolol 25 mg VO 12/12 horas
9. Morfina 10 mg + 9 ml de ABD 9 – fazer 2 mL EV ACM
(se persistência da dor)
10. Enoxaparina 80 mg SC 12/12 horas
11. Tirofiban 50 ml + SF0,9% 200ml EV (0,48 x peso
em ml durante 30 minutos e 0,12 x peso em ml/h para
manutenção).
12. Atorvastatina 80 mg VO 1 vez dia (checar perfil lipídico)
13. Captopril 25 mg VO 8/8 horas
14. Omeprazol 40mg, VO, 01 comprimido pela manhã.
15. HGT 4/4h
16. Glicose hipertônica 50%, 40 ml EV se HGT < 70.
17. Oximetria de pulso + Monitorização cardíaca contínua
18. Sinais vitais e cuidados gerais
119
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
120
Cardiologia
121
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
• Insuficiência cardíaca
• Aneurisma de aorta
Crises renais
• Glomerulonefrite aguda
Vasculites sistêmicas
Perioperatório
Na gestação
• Pré-eclâmpsia
• Cerebrovasculares
- Encefalopatia hipertensiva
- Hemorragia intraparenquimatosa
- Hemorragia subaracnóidea
• Cardiocirculatórias
• Renais
• Crise do feocromocitoma
Hipertensão na gestação
122
Cardiologia
• Eclâmpsia
• Síndrome HELLP
6. Tratamento
1. Urgência Hipertensiva:
O controle da pressão arterial deve ser feito em até 24 horas.
Inicialmente, a pressão arterial deve ser monitorizada por 30
minutos. Caso permaneça nos mesmos níveis, preconiza-se a
administração de anti-hipertensivos de meia-vida curta – captopril,
furosemida, propanolol, hidralazina, clonidina, metildopa etc.
Esquema abaixo:
URGÊNCIA HIPERTENSIVA - PAD≥110mmHg
Sintomáticos
Captopril 25mg,VO e avaliar em 20-30min ↓
PAD≥110mmHg,
Repete Captopril 50mg, VO
Reavaliar em 20min ↓
PAD≥110mmHg
Fazer propanolol 40mg, VO ou clonidina 0,15mg, VO
Reavaliar em 20 min ↓
PAD≥110mmHg
Internar e associar 2 drogas
2. Emergência Hipertensiva:
Os pacientes devem ser hospitalizados, preferindo manuseio
em CTI e submetidos a tratamento com vasodilatadores de uso
endovenoso, como o nitroprussiato de sódio. Na primeira hora a
pressão arterial média (PAM) deve reduzir até 25%. Redução da
PAD para 100 a 110mmHg nas 2 a 6 horas inicias do tratamento,
depois deve-se iniciar a terapia anti-hipertensiva de manutenção e
interromper a medicação parenteral.
3. Pseudo-crise hipertensiva:
Não existe a necessidade de se empregar medicações para
controle rápido da PA, bastando o uso de medicação sintomática.
Está indicado o tratamento ambulatorial.
124
Cardiologia
7. Sugestão de prescrição
“MVS, 60a, hipertenso em uso de captopril 25mg e
hidroclorotiazida 25 mg, sem sinais ou sintomas sugestivos
de LOA, com PA 200x 130mmHg.”
Paciente na sala de observação:
1. Dieta oral zero
2. Captopril 25mg - 01 comp, VO, agora. Repetir se após
30min PAS≥110mmHg
3. SSVV em 30 minutos após item “2”
4. Cuidados gerais
“FCS, 50a, 70kg, com queixa de dor súbita lacerante em
região torácica, com assimetria na palpação de pulsos os
membros superiores, PA 200x 130mmHg, FC 90bpm, FR 18 ipm.”
Paciente em CTI:
1. Dieta oral zero
2. SF 0,9% 1500mL, EV, 14gts/min
3. Metoprolol 5mg/5mL – 05 mL, EV em 03 a 05 minutos
até FC <60 bpm
4. Nitroprussiato de Sódio (Nipride) 50mg/2mL – 1 amp
+ 250mL de SG a 5% - 06 a 12 microGT/min em BIC,
aumentar dose conforme PA (em torno de 110x70mmHg).
5. Morfina 10mg/mL – 01 amp+ 09mL de ABD, fazer 02
mL, EV e, a seguir, ACM
6. O2 sob máscara 5-10 L/min, ACM
7. HGT 1/1h
8. Glicose hipertônica 50% - 40 mL, EV, se HGT < 70 mg/dL
9. Monitorização cardíaca continua + Oximetria digital
10. SSVV
11. Cuidados gerais
12. Solicitar avaliação da cirurgia imediata.
125
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
127
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
128
Pneumologia / Otorrinolaringologia
129
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
2. Achados Clínicos
O quadro clínico da PAC geralmente tem instalação aguda e
dentre os sintomas mais frequentes, estão: febre alta, tosse seca
ou produtiva, dor torácica ventilatório-dependente e dispneia.
Outros sintomas mais inespecíficos são: cefaleia, mialgia, fadiga,
diarreia e vômitos.
Ao exame físico, pode-se encontrar taquipneia, taquicardia
e à ausculta pulmonar, creptos finos localizados e macicez à
percussão do tórax.
A febre pode estar ausente em 20% dos casos, princi-
palmente em idosos e pacientes imunossuprimidos. Os sinais
e sintomas em idosos podem cursar apenas com confusão
mental, desorientação, sonolência, ou descompensação de
alguma doença de base.
4. Tratamento:
O tratamento varia conforme a gravidade do paciente e
consequentemente se houver necessidade ou não de internamento
hospitalar.
Alguns critérios foram propostos no intuito de identificar e
estabelecer objetivamente taxas de risco de mortalidade e evolução
desfavorável. Dentre eles, há o Escore CURB-65, conforme
demonstrado abaixo:
Sigla Variável Alteração Pontuação
131
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Critérios Maiores
Critérios Menores
FR >30ipm
Infiltrado multilobar
Confusão, desorientação
Leucopenia <4.000
Hipotermia
▼ Presença de comorbidades ou FR ▼
▼
▼ ▼
132
Pneumologia / Otorrinolaringologia
5. Sugestão de prescrição
“F, 40a, chega ao PS com febre alta, tosse com
expectoração purulenta e dor torácica há 3 dias. CURB-
65=2”:
1. Dieta branda
2. Acesso venoso periférico
3. Ceftriaxona 1g-01amp, EV, 1 vez ao dia, por 10 dias
4. Azitromicina 500mg-01comp, VO, 1x ao dia, por 5 dias
5. Ranitidina 50mg-01amp+18ml ABD, IV, 8/8h
6. Dipirona 500mg/ml – 01amp + 8ml ABD, IV, até de
6/6h se dor ou T>38°C
7. Sinais vitais, 6/6h
“M, 65a, DM, uso de antibiótico recente, queixa-se de
febre alta, tosse com expectoração purulenta e dor torácica
há 3 dias. CURB-65=4”:
1. Dieta zero, até segunda ordem
2. Acesso venoso periférico
3. SF0,9% 500ml, IV, ACM
4. Cefepime 2g-01 amp, IV, de 12/12h, por 10 dias
5. Levofloxacino 500mg-01 amp+100ml SG 5%, IV, 1x ao
dia
6. Monitorização cardíaca
7. Oximetria de pulso
133
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
134
Pneumologia / Otorrinolaringologia
2. Achados clínicos
O diagnóstico clínico deve ser considerado em qualquer
paciente com dispneia, tosse crônica ou expectoração purulenta e
135
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
137
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
O objetivo do tratamento das exarcebações da DPOC é
minimizar o prejuízo corrente e prevenir novos eventos. Assim, o
primeiro passo ao atender um paciente em exacerbação é oferecer
oxigênio suplementar e classificar o evento em ameaçador a vida
ou não. Caso seja, considerar admissão em unidade de terapia
intensiva (UTI).
As bases do tratamento farmacológico consistem em:
beta2-agonista inalatório de ação curta (associado ou não a
anticolinérgico de curta duração), corticoide e antibiótico.
O beta-2 agonista inalatório deve ser a terapêutica inicial
de qualquer quadro de exacerbação da DPOC, enquanto os
corticoides podem ser sempre considerados, principalmente
naqueles pacientes internados, uma vez que comprovadamente
reduzem o tempo de internação e melhoram a função pulmonar
(VEF1).
O uso de antibióticos, por sua vez, é recomendado em
exacerbações que apresentem três sintomas cardinais (aumento
da dispneia, do volume de escarro e da purulência); ou apenas
dois deles, caso um seja o aumento da purulência do escarro;
ou necessitar de ventilação mecânica (invasiva ou não invasiva).
A escolha do antibiótico deve se basear no padrão local de
resistência bacteriana, entretanto, a terapia empírica inicial de
escolha é amoxicilina + ácido clavulânico ou macrolídeo isolado.
Em pacientes com fatores de risco adicionais, como exacerbações
frequentes, limitação severa do fluxo aéreo, ou necessidade de
ventilação mecânica, culturas de escarro ou outros materiais
do pulmão devem ser realizadas, uma vez que bactérias gram
negativas (por exemplo, Pseudomonas) ou patógenos resistentes
podem estar presentes. A via de administração preferível é a oral,
138
Pneumologia / Otorrinolaringologia
139
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
“H, 68a, tabagista (40 maços/ano), aumento da dispneia
e início de febre há 24 horas, notou piora da tosse com
expectoração amarelada. Paciente orientado, AP com sibilos
e roncos difusos, e creptos bibasais, sem uso de musculatura
acessória, FC: 120bpm; FR: 36irpm; SatO2: 88%”.
1. Dieta para DPOC, VO
2. Azitromicina 500mg – 1 comp, VO, 1x/dia (D1/7)
3. Prednisona 20mg – 2 comp, VO, 1x/dia (D1/5)
4. NBZ: [Salbutamol (Aerolin®) 20 gotas + Brometo
de Ipratrópio (Atrovent®) 40 gotas + SF0,9% 5mL], via
inalatória, a cada 20 minutos, até 3 vezes na primeira hora.
Após, a cada 1/1h, 2/2h, conforme orientação médica.
5. O2 – MV a 50% se SatO2 < 88%. Manter entre 88-92%
6. Dipirona 500mg/ml – 1 comp, VO, de 6/6h, se febre
7. Oximetria digital;
8. Sinais vitais 6/6h e cuidados gerais.
Bibliografia:
Crise Asmática
Iury Daniel Souza de Oliveira
Carlos Bruno
Letícia Oliveira Sousa
1. Introdução
Asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada
por hiper-responsividade e obstrução variável das vias aéreas
inferiores, que comumente é reversível, mas pode ser grave e fatal.
As crises ou exacerbações são episódios de piora progressiva ou
aguda dos sintomas. No Brasil, estima-se que entre 5 a 10% da
população sofra de asma.
A inflamação crônica resulta em hiper-reatividade da
musculatura lisa das vias aéreas, que associada ao edema e
hipersecreção da mucosa explica o estreitamento brônquico
intermitente. Esse processo inflamatório piora com a exposição
da via aérea a infecções virais (mais comum fator precipitante),
exposição à alérgenos, poeira, mudanças climáticas, exercício
físico, agentes químicos, fármacos e estresse emocional, resultando
em crise asmática.
2. Achados Clínicos
O quadro clínico se apresenta com sintomas episódicos
ou flutuantes de dispneia, opressão torácica e sibilância, sendo
essa a tríade da crise asmática. Comumente a tosse também está
presente. É comum o desencadeamento por irritantes específicos
e a piora a noite ou inicio da manhã, bem como a melhora
espontânea ou após uso de medicações específicas para asma. O
exame físico pode evidenciar sinais clássicos de obstrução como
sibilância à ausculta pulmonar. Uma ausculta sem esses sinais,
entretanto, pode indicar gravidade da doença, como murmúrio
141
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
O uso de β2-agonistas de curta duração é a terapêutica
imediata mais importante no manejo do broncoespasmo no
pronto-socorro, e deve ser prescrito assim que o doente chega à
emergência. O β2-agonista mais amplamente disponível no Brasil
é o Fenoterol, mas a preferência, entretanto, é pelo Salbutamol
pelo menor risco de efeitos adversos.
É recomendado inalações de β2-agonista a cada 15 ou 20
minutos, por 3 ciclos na primeira hora.
Fenoterol: 10 a 20 gotas diluídas em 3 a 5 ml de soro
fisiológico.
Salbutamol: 2,5 a 5 mg (10 a 20 gotas) diluídas em 3 a 5 ml de
soro fisiológico.
Posteriormente reavalia-se o paciente e em caso de persistência
de broncoespasmo intenso fazer as inalações a cada 1 hora e então
ir aumentando o intervalo.
A associação com brometo de ipratrópio (40 gotas) reduz a
taxa de admissão hospitalar. O uso de corticosteroides sistêmicos
(prednisona é a escolha – 40 a 60 mg ao dia por 5 a 14 dias),
por sua vez, tem como benefícios a resolução mais rápida da
obstrução ao fluxo aéreo e diminuição da taxa de recidiva. A
oferta de oxigênio, preferencialmente em baixo fluxo, deve manter
a saturação maior ou igual a 92%. E em caso de rebaixamento
do nível de consciência, bradicardia ou iminência de parada
cardiorrespiratória realizar intubação orotraqueal.
A figura 1 contém o algoritmo de manejo da crise aguda de asma.
143
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
144
Pneumologia / Otorrinolaringologia
5. Sugestão de prescrição
“M, 33a, estado mental preservado, com dispneia
moderada, presença de sibilos difusos, não fala frases
completas. FR: 32irpm, FC: 120bpm, SatO2: 94%”.
1. Dieta zero até segunda ordem;
2. Metilprednisolona (40mg/mL) – 02FA + diluente, EV,
agora;
3. NBZ: [Fenoterol (Berotec®) 20 gotas + Brometo de
Ipratrópio (Atrovent®) 40 gotas + SF0,9% 5mL], via
inalatória, a cada 20 minutos, ate 3 vezes na primeira hora.
Repetir conforme orientação médica;
4. O2 – Máscara ou cateter nasal a 50%, se SatO2 < 92%;
5. Oximetria digital;
6. Omeprazol 40mg – 1FA + diluente IV,1x/dia
Bibliografia:
145
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
146
Pneumologia / Otorrinolaringologia
2. Etiologia
A presença de trombose venosa profunda (TVP) consiste
na principal etiologia do TEP. Outras causas de trombos que
levam ao TEP são: TVP de subclávia, cateteres implantáveis e
trombofilia hereditárias.
São fatores de risco para TEP: neoplasias (sobretudo
metastática); trauma múltiplo cirúrgico ou acidental; imobilização;
gestação e puerpério; história prévia de TVP/TEP; varizes
147
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
3. Quadro Clínico
Os principais sintomas do TEP são: dispneia súbita
inexplicada (73%), dor pleurítica (44%), dor na perna (44%),
edema de membros inferiores (41%), tosse (34%), ortopneia
(28%) e chiado no peito (21%). Já os principais sinais são:
taquipneia (54%), taquicardia (24%), estertores (18%), redução do
murmúrio vesicular (17%), hiperfonese de P2 (15%), turgência
jugular (14%) e choque (8%). Deve-se atentar que a clínica de
TEP muitas vezes se mistura e é corroborada pela clínica de TVP.
47% dos TEP confirmados têm clínica de TVP, com dor e
edema de MMII, eritema, palpação de cordão venoso endurecido
em coxa e/ou panturrilha (tromboflebite).
Os casos de TEP podem ser agrupados em síndromes:
1. TEP MACIÇO:
a. Obstrução de pelo menos 50% do leito arterial pulmonar,
usualmente bilateral.
b. Altíssimo risco de morte. O uso do trombolítico está
indicado.
c. PAS < 90 mmHg ou queda ≥ 40 mmHg da PAS basal
por mais de 15 minutos, não explicadas por outra causa
(hipovolemia, sepse, arritmias).
2 TEP MODERADO A GRANDE:
a. Cerca de 30% dos campos pulmonares não são
perfundidos na cintilografia.
b. Não altera PA.
c. Dilatação e hipocinesia do ventrículo direito no
ecocardiograma.
148
Pneumologia / Otorrinolaringologia
149
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Hemoptise +2 Hemoptise +1
Edema unilateral da +4
perna ou dor à palpação
de trajeto venoso
5. Tratamento
5.1. Suporte clínico inicial
Monitorização clínica do paciente, suporte respiratório,
acesso venoso e reposição de fluidos, se necessário.
Falência de VD com hipoperfusão sistêmica é a principal
causa de morte no paciente hipotenso, nesse caso, bolus 500 ml
em 15-30min pode ser realizado no paciente, com cuidado no uso
de volume adicional. Se necessário, pode ser administrada drogas
vasopressoras.
5.2. Anticoagulação
É recomendada em todos os pacientes, exceto na presença
de contraindicações. Objetiva prevenir a extensão da embolia,
reduzindo o risco de morte precoce e evitar recorrência.
Nos pacientes classificados como de intermediária ou alta
152
Pneumologia / Otorrinolaringologia
6. Prevenção
O TEP é a principal causa prevenível de morte hospitalar. A
sua profilaxia é mais eficaz em reduzir o número de mortes do que
o seu tratamento.
Todos os pacientes cirúrgicos com risco moderado ou alto de
TEP devem receber profilaxia farmacológica, exceto na presença
de contraindicações. Os pacientes clínicos com alto risco de
TEV devem receber também trombo profilaxia farmacológica. A
estratégia de escolha na atualidade é a Enoxaparina (HBPM), na
dose de 40mg, SC, 1x/dia.
155
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
7. Sugestão de Prescrição
M.M.F., mulher, 69 anos, obesa, apresentou queixa de
dispneia súbita e dor torácica, com hipotensão arterial com
PAS < 90 mmHg e hipoperfusão periférica. Possui história
prévia de TVP. Ecocardiograma realizado a beira do leito
evidenciou disfunção ventricular direita.
1. Dieta zero até ordem médica.
2. SF 0,9% - 1000 mL – IV. (Evitar reposição salina
agressiva), se necessário utilizar drogas vasoativas).
3. Heparina não fracionada 5000 UI/mL –18 UI/kg/
hora(não administrar a dose em bolus quando iniciar
estreptoquinase) em BIC, diluída em SF 0,9% - IV
(Ajustar dose com base nas medidas de 6/6 h do TTPa –
mantê-lo entre 2,0 e 2,5x o valor normal médio)
4. Omeprazol 40mg – 1FA diluente, IV, 1x/dia
5. Estreptoquinase – 100 mg, EV, em BIC, por 2 horas.
6. Oxigenoterapia (cateter ou máscara) – Observar
atentamente necessidade de IOT/VMI caso a hipoxemia
persista.
7. Monitorização cardíaca contínua
8. Oxímetro digital 6/6h
9. HGT 6/6h e insulina conforme protocolo.
10. Transferência para UTI
11. SSVV e CCGG.
156
Pneumologia / Otorrinolaringologia
Bibliografia:
157
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
158
Pneumologia / Otorrinolaringologia
Epistaxe e Hemoptise
Felipe Maciel de Oliveira Brunet
Judson Ferreira dos Santos Junior
Carlos Bruno
EPISTAXE
Introdução:
Epistaxe é a urgência otorrinolaringológica mais frequente,
definida como sangramento oriundo da mucosa nasal. A maioria
das vezes a hemorragia é autolimitada, apenas 6% necessita de
intervenção do especialista e apenas 1% necessita de internação
hospitalar e a mortalidade é menor que 0,01%.
Etiologia:
Locais: alterações inflamatórias alérgicas ou infecciosas,
trauma, corpo estranho, cirurgia nasal (principalmente a
turbinectomia), alterações anatômicas (desvio de septo e
perfurações septais), tumores (nasoangiofibroma em adolescentes
e adultos jovens, carcinoma espinocelular).
Sistêmicas: Drogas (AINE’s, AAS, anticoagulantes,
corticoides inalatórios), hipertensão arterial sistêmica,
coagulopatias (hemofilias, Von Willebrand, trombocitopenias) e
vasculopatias (telangiectasia hereditária hemorrágica).
Diagnóstico:
O primeiro passo é se certificar que o sangramento é de
origem nasal, já que sangramentos digestivos altos podem simular
epistaxe. Em seguida deve-se realizar anamnese em busca da
etiologia (AAS, AINE’s, hematomas e petéquias que podem
indicar discrasias sanguíneas).
O uso do endoscópio nasal é útil para localizar o ponto
159
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Tratamento:
Compressão digital:
Primeira medida a ser adotada nas epistaxes anteriores. É feita
pela compressão lateral do nariz, ao nível das cartilagens alares,
em direção ao septo. Este tratamento pode ser iniciado com a
colocação de algodão embebido em solução vasoconstrictora
antes da compressão.
Cauterização:
É o tratamento de escolha se o ponto sangrante for visualizado
à rinoscopia anterior. Pode ser química (nitrato de prata, acido
tricloracético), elétrica ou com laser. O procedimento é realizado
sob anestesia tópica.
Tamponamento nasal:
a) Anterior: usada quando as medidas anteriores não
foram eficazes. O tampão atua fornecendo uma pressão
uniforme sob a mucosa como um todo. É realizado com
gazes embebidas com vaselina ou pomada de antibiótico.
As gazes são colocadas em forma de “sanfona” e deve
permanecer por 3 a 5 dias.
b) Posterior: usada quando a epistaxe é posterior ou
quando o tamponamento anterior não for eficaz. O tampão
é posicionado na rinofaringe. Este tampão pode ser feito
160
Pneumologia / Otorrinolaringologia
HEMOPTISE
Introdução:
Hemoptise é a presença de expectoração com sangue,
proveniente das vias aéreas. Na maioria das vezes é de pequena
quantidade e não necessita de terapêutica de emergência.
Hemoptise maciça é definida como uma expectoração de sangue
entre 200 e 600 ml/24 horas (mais comumente originado de
rotura da artéria brônquica); nesses casos exige-se maior atenção
pois estes pacientes 80% das vezes evoluem para o óbito. Em
até 30 % dos doentes com hemoptise não se consegue definir a
origem do sangramento.
Ao exame físico:
• Presença de telangiectasias (THH)
• Rash cutâneo (vasculites, LES, embolia gordurosa e
endocardite infecciosa)
• Hematomas ou marcas de picadas de agulhas (endocardite)
• Baqueteamento digital (pneumopatias crônicas)
• Murmúrios pulmonares que aumentam na inspiração (MAV)
• Sopros cardíacos (doenças congênitas, endocardite e
estenose mitral)
• Examinar membros inferiores para descartar sinais de TVP
• Emagrecimento, dentes em péssimo estado (TB, abcesso
pulmonar)
162
Pneumologia / Otorrinolaringologia
Exames complementares:
Radiografia de tórax, hemograma com plaquetas,
coagulograma, eletrólitos, função renal, função hepática, urina
tipo I, gasometria arterial em ar ambiente, tipo sanguíneo e
reação cruzada, análise do escarro (pesquisa direta, cultura para
M. tuberculosis e fungos, citologia oncótica. Espirometria se
possível para avaliar a reserva pulmonar. O ecocardiograma pode
ser solicitado nas suspeitas de doenças cardiológicas.
Procedimentos diagnósticos:
Broncoscopia, arteriografia e TC de tórax. A arteriografia
(pulmonar ou brônquica) e broncoscopia são métodos invasivos
muito sensíveis para localizar o sitio de sangramento e também
são usados no controle do sangramento ativo. A cirurgia é o
tratamento mais eficiente no controle do sangramento a longo
prazo.
Bibliografia:
164
Pneumologia / Otorrinolaringologia
2. Achados Clínicos
É caracterizada por otalgia progressiva, que costuma ser
pulsátil e agravada por deglutição, espirro ou tosse. Ocorre
165
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
É recomendado o uso de sintomáticos como analgésicos e
166
Pneumologia / Otorrinolaringologia
5. Sugestão de prescrição
“P, 20a, otalgia progressiva há 04 dias, plenitude
auricular, cefaleia, T= 37.8ºC, espirrando há 3 semanas.”:
1. Dieta zero
2. Dipirona sódica 500mg/mL 40 gotas VO
Para casa: Dipirona sódica/Paracetamol/Ibuprofeno; lavagem
nasal com SF, várias vezes ao dia; Amoxicilina com clavulanato
875mg VO 12/12h por 7 dias.
167
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
168
Pneumologia / Otorrinolaringologia
Vertigem e Tontura
Severino de Freitas Rêgo Neto
Juliana Silva Barros
Carlos Bruno
1. Introdução
Diferenciando esses dois sintomas: tontura é a sensação de
per-turbação do equilíbrio corporal, sendo descrita pelo paciente
de maneira vaga (“mal estar”), ou em detalhes com fatores
desencadeantes e duração. Pode ser dividida em quatro grupos:
síncope/pré-síncope, desequilíbrio, inespecífico ou sensações
cefálicas variadas e vertigem. Esta é a forma mais comum de
tontura, sendo caracterizada como rotatória (sensação de rotação
do paciente em relação ao ambiente ou o oposto) ou oscilatória
(como se estivesse mareando, “pisando em falso”).
Esses sintomas são comuns em pronto-socorro e serviços de
emergência. Sendo referidos em 5 a 10% das pessoas atendidas
pelos generalistas e 10 a 20% dos atendimentos dos neurologistas e
otorrinolaringologistas. Limitação das atividades laborais e sociais,
risco para quedas são exemplos do impacto socioeconômico da
tontura e vertigem.
Como forma de facilitar raciocínio clínico, podemos classificar
um episódio em vertiginoso ou não-vertiginoso. Episódios
vertiginosos costumam acometer o labirinto vestibular e/ou
porção vestibular do nervo vestíbulo-coclear (vertigem periférica)
ou estruturas do sistema nervoso central, como cerebelo e tronco
cerebral (vertigem central). Crises não-vertiginosas tem maior
relação com complicações sistêmicas, metabólicas e psicogênicas,
por exemplo AVE, IAM, AIT, ICC, arritmias, hipo/hiperglicemia,
desidratação, ansiedade, estresse, entre outras.
169
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
2. Achados Clínicos
A crise vertiginosa periférica costuma cursar com vertigem,
nistagmo espontâneo ou provocado por fixação visual, e sintomas
neurovegetativo, tais como: mal-estar, náuseas, vômitos, palidez,
sudorese, taquicardia. Pode também apresentar sintomas auditivos
(zumbido, hipoacusia) e otalgia.
Nos quadros vestibulares centrais, vertigem e nistagmo costu-
mam ser mais brandos, há pouca relação com manifestações
auditivas e neurovegetativas e pode haver associação com déficits
motores, parestesias. Na Tabela 1 é feita comparação entre os
achados de vertigem central e periférica.
Na tontura inespecífica e associada a outros quadros, o
paciente pode descrever sensação de como se estivesse flutuando
ou mareando, afundando, sensação de instabilidade/desequilíbrio,
cabeça leve ou pe-sada, turvação visual, estado inespecífico de
fraqueza, mal-estar “como se fosse desmaiar”.
Sinal ou sintoma Manifestação na vertigem Manifestação na vertigem
central periférica
Resposta a manobras provocativas Pouca ou nenhuma latência Latência para observar início do
nistagmo 2-5s
Adaptado de “Case 34-2013: A 69-Year-Old Man with Dizziness and Vomiting”, New England
Journal of Medicine, out/2013.
170
Pneumologia / Otorrinolaringologia
4. Tratamento
O tratamento instituído pode ser: sintomático, reabilitação
vestibular, ou da causa base.
Sintomáticos: anti-histamínicos (prometazina, dimenidrinato,
dife-nidramina); antieméticos (metoclopramida, domperidona,
172
Pneumologia / Otorrinolaringologia
5. Sugestão de prescrição
“K, 38a, tontura rotatória ao levantar/virar cabeça para
direita, dura segundos, 20x/dia, há 03d. Nauseada. Marcha
instável na crise.”
1. Dieta zero
2. SF 0,9% 1000 ml IV (aberto)
3. Metoclopramida (Plasil) 10mg/2mL + ABD 18mL IV
4. Prometazina 50mg 2ml IM
173
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
174
Hematologia
Neutropenia Febril
Anna Julia Lacerda Raposo
Bárbara Pinho de Souza
Carlos Bruno
1. Introdução
Neutropenia é definida como contagem de neutrófilos < 500/
mm³ ou entre 500-1000/mm³ com previsão de queda para < 500/
mm³ nas próximas 48 horas. Febre é definida por temperatura
oral ≥ 38,3ºC (única medida) ou ≥ 38ºC por um período maior
que 1 hora ou ainda temperatura axilar ≥ 37,8ºC (única medida).
Todo paciente deve ser considerado neutropênico quando estiver
entre o 10º e 20º dia pós quimioterapia (QT), na inviabilidade
da confirmação da neutropenia até 30 minutos da admissão, uma
vez que a grande maioria dos quimioterápicos induz neutropenia
com duração de 2-3 semanas. Nesse cenário, caso a neutropenia
não seja confirmada, deve-se reavaliar a prescrição de agentes
antibióticos.
Germes mais frequentemente envolvidos: gram positivos
(Staphylococcus coagulase positivo e negativo; Streptococcus –
infecções brandas a fulminantes); gram negativos (E. coli;
Klebsiella; Pseudomonas – frequentemente causam quadro de sepse
grave e choque séptico). Deve-se levar sempre em consideração
o perfil de prevalência microbiana da instituição caso o paciente
já esteja internado. Risco de infecção fúngica quando neutropenia
> 7 dias.
2. Achados clínicos
A principal queixa é a febre. Outros achados são infrequentes.
O exame físico deve ser minucioso, atentando aos mais sutis
indícios de infecção, englobando cavidade oral, pele, pulmão,
175
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
O tratamento se baseia no uso de antibioticoterapia de largo
espectro, que deve ser administrado em até 30 minutos e prover
de cobertura antipseudomonas. A terapia empírica inicial só
deve ser alterada após 72h do início do esquema sem melhoras
176
Hematologia
Ausência de hipotensão 5
Ausência de DPOC 4
Ausência de desidratação 3
5. Sugestões de Prescrição
Caso 1: M.A., 54 anos, 60 Kg, após 15 dias de QT, sem
comorbidades. Comparece ao PS por febre. Ao exame: Tax=
38,0ºC. Sem indício de infecção. Sem indicação de vancomicina.
1. Dieta branda, pré-cozida.
2. SF 0,9% 1500mL, EV, 21gotas/min.
3. Ciprofloxacino 500mg – 1 comp, VO, 12/12h (D1/7)
4. Amoxicilina + clavulanato (500 + 125mg) – 1 comp, VO,
179
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
8/8h (D1/7)
5. Omeprazol 40mg – 1 comp, VO, antes do café
6. Dipirona 500mg/mL – 01 amp. + 08mL ABD, EV, até
6/6h, se Tax ≥ 37,8º C ou dor.
7. Metoclopramida 10mg/2ml – 01 FA + 8mL SF0,9%, EV,
até 8/8h se náuseas ou vômitos.
8. Curva térmica.
9. SSVV 6/6h.
Caso 2: F.A, 70 anos, 60 Kg, no 17º dia pós QT, com
instabilidade hemodinâmica, em tratamento atual com cefepime
e vancomicina, porém com persistência da febre após 5 dias de
antibioticoterapia.
1. Dieta branda, pré-cozida.
2. SF 0,9% 1500mL, EV, 21gotas/min.
3. (D4) Cefepime 2g – 01 FA + 10mL ABD. Rediluir em
100mL SF 0,9%, EV, 8/8 h. Correr em 30 minutos (dose
deve ser corrigida de acordo com a função renal)
4. (D4) Vancomicina 1g – 01 FA + 100mL de SF0,9%, EV,
12/12h. Correr em 1 hora.
5. (D1) Meropenem 1g – 01 FA, EV, 8/8h.
6. (D1) Anfotericina B 50 mg – 01 FA + 10mL ABD.
Rediluir em 500mL de SG 5%, EV, 1x ao dia. Correr em 4h.
7. Omeprazol 40mg – 1 comp, VO, antes do café
8. Dipirona 500mg/mL – 01 amp. + 08mL ABD, EV, até
6/6h, se Tax ≥ 37,8º C ou dor.
9. Metoclopramida 10mg/2ml – 01 FA + 8mL SF0,9%, EV,
até 8/8h se náuseas ou vômitos.
10. Curva térmica.
11. SSVV 6/6h.
180
Hematologia
Bibliografia:
181
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
182
Hematologia
Hemotransfusões
Francisco Leandro de Oliveira Freire
Jéssica Maria Sousa de Oliveira
Carlos Bruno
1. Introdução
Por muitas décadas, a decisão de transfusão de concentrados
de hemácias se baseou na regra 10/30, onde a hemoglobina (hb)
deveria ser mantida acima de 10 e o hematócrito (ht) acima de 30.
Desde a década de 80, já se estuda as mudanças nos paradigmas
de transfusão. Sabe-se hoje que a avaliação cínica do paciente e
o aporte de oxigênio às células também devem ser considerados,
não havendo critério único para a decisão de transfundir ou não.
Este capítulo revisa os aspectos gerais dos hemoderivados e suas
indicações na pratica clínica do PS.
2. Tipos de Hemoderivados
2.1 Concentrado de Hemácias
• Obtido através de centrifugação de sangue total, com
obtenção de aprox. 300 ml de sangue com um hematócrito
(Ht) de aprox 80%.
• Cada bolsa corresponde: aumento de 1% da Hb e 3%
do Ht.
• Armazenagem: geladeira com temp. entre 1-6 ºC.
• Validade variável de 35-42 dias dependendo do
conservante utilizado.
2.2 Concentrado de Plaquetas
• Bolsas de 50ml contendo 5,5 x 1010 plaquetas.
• Para cada bolsa: plaquetometria se eleva em 5.000-10.000.
• Armazenagem em geladeira com temperatura entre 20-
24°C (Jamais congelar).
183
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
• Validade de 5 dias.
2.3 Plasma Fresco Congelado (PFC)
• Plasma pobre em plaquetas obtido através de
centrifugação.
• Contém todos os fatores de coagulação.
• Armazenagem em refrigerador em temperatura de - 18° C.
• Uma vez descongelado deve ser utilizado em até 24 horas.
• Validade de 1 ano.
2.4 Crioprecipitado obtido do precipitado (30-50ml)
resultante do descongelamento do PFC.
• Contém os seguintes elementos da coagulação:
Fibrinogenio, fator VIII, fator XIIl, fator de Von-
Willebrand.
• Deve ser mantido em temperatura inferior a -18°C .
• Deve ser transfundido em até 4 horas, se mantido em
temperatura ambiente.
• Validade de 1 ano.
3. Indicações
3.1. Concentrado de Hemácias (CH):
Anemia aguda
Classificação de Baskett, 1990
• Perda de até 15% da volemia (hemorragia classe I): SEM
NECESSIDADE TRANSFUSIONAL, a não ser que haja
anemia previamente, ou quando o paciente for incapaz de
compensar sua perda por doença cardíaca ou respiratória
prévia.
• Perda de 15 a 30% da volemia (hemorragia classe II):
infundir cristalóides e colóides; a necessidade de
transfundir hemácias é pouco provável, a não ser que o
184
Hematologia
4. Sugestão de Prescrição
4.1. Concentrado de Hemacias (CH)
Atenção: Quantidade de bolsas irá depender do alvo
terapêutico de nível de Hemoglobina e Hematócrito.
• CH 300 ml (1 bolsa), IV lento. (número de bolsas
dependendo do alvo terapêutico de Hb)
4.2 Concentrado de Plaquetas (CP)
Atenção: Quantidade de bolsas irá depender do alvo
terapêutico de número de plaquetas.
• CP 50 ml (1 bolsa), IV, para cada 10kg de peso do paciente.
4.3 Plasma Fresco Congelado (PFC)
• PFC 15-20 ml/Kg de peso do paciente, IV lento.
4.4 Crioprecipitado
• Crioprecipitado, 1 bolsa/ 5kg de peso do paciente, IV,
lento.
Bibliografia:
190
Infectologia
Dengue
Breno Medeiros Cunha
Carlos Bruno
Geffty Soares Ferreira
1. Introdução
A dengue é uma virose com amplo espectro clínico, incluindo
desde formas oligossintomáticas, como síndromes febris
indiferenciadas, até quadros graves, podendo evoluir para óbito,
como na dengue grave e choque.
O patógeno implicado é o vírus do dengue, sendo este vírus
transmitido a humanos pela picada de mosquitos infectados. Seu
vetor mais efetivo é o Aedes aegypti, cuja fêmea hematófoga,
8-10 após se alimentar do sangue do indivíduo infectado, torna-se
infectante por todo seu ciclo de vida (30-45 dias).
A fisiopatologia da doença é incerta, mas acredita-se que,
especialmente nos casos graves e com choque, anticorpos com
reatividade cruzada contra o vírus (adquiridos em um contato
prévio com determinado sorotipo), reajam com sorotipos
diferentes, gerando uma resposta imune ineficiente e exacerbada.
Este fenômeno seria responsável pelo grande aumento da
permeabilidade plasmática, levando ao sequestro do volume
plasmático e de plaquetas, marcos característicos da doença.
Um estudo realizado no IMIP em 2011, a pedido do MS, analisou
o grau de implementação das ações e serviços de saúde e a qualidade
da assistência técnico-científica dos pacientes que foram a óbito em
2 municípios do nordeste, concluindo que o que parece influenciar
diretamente a ocorrência de óbitos é o manejo clínico dos casos.
2. Achados Clínicos
Apesar das amplas apresentações clínicas, o pronto reconhe-
191
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Pressão arterial Normal para a idade e Redução de pressão do Hipotensão (ver a seguir). Pressão
pressão de pulso normal pulso (<= 20 mm Hg) de pulso <10 mm Hg. Pressão
para a idade arterial não detectável
Diureses Normal 1,5 a 4 ml/kg/h Oliguria < 1,5 ml/kg/h Oliguria persistente.
< 1,5 ml/kg/h
Tabela 01 - Avaliação hemodinâmica: sequência de alteraçõeshemodinâmicas. Adaptado de
Dengue : diagnóstico e manejo clínico : adulto e criança Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – 5. ed. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2016. Pag. 09
193
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
Ao se identificar um caso suspeito de dengue, torna-se
imperativo avaliar a gravidade da doença, pois isso determina
195
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
A hidratação oral dos pacientes com suspeita de dengue deve ser iniciada ainda na sala de espera enquanto
aguardam consulta médica.
• Volume diário da hidratação oral:
» Adultos: 60 ml/kg/dia, sendo 1/3 com solução salina e no início com volume maior. Para os 2/3 restantes,
orientar a ingestão de líquidos caseiros (água, suco de frutas, soro caseiro, chás, água de coco etc.), utilizando-se os
meios mais adequados à idade e aos hábitos do paciente.
Especificar o volume a ser ingerido por dia. Por exemplo, para um adulto de 70 kg, orientar: 60 ml/kg/dia 4,2 L.
Ingerir nas primeiras 4 a 6 horas do atendimento: 1,4 L de líquidos e distribuir o restante nos outros períodos (2,8 L).
» Crianças (< 13 anos de idade): orientar paciente e o cuidador para hidratação por via oral. Oferecer 1/3 na
forma de soro de reidratação oral (SRO) e o restante através da oferta de água, sucos e chás. Considerar o volume
de líquidos a ser ingerido conforme recomendação a seguir (baseado na regra de Holliday Segar acrescido de
reposição de possíveis perdas de 3%):
- Crianças até 10 kg: 130 ml/kg/dia
- Crianças de 10 a 20 kg: 100 ml /kg/dia
- Crianças acima de 20 kg: 80 ml/kg/dia
Nas primeiras 4 a 6 horas do atendimento considerar a oferta de 1/3 deste volume.
Especificar em receita médica ou no cartão da dengue o volume a ser ingerido.
• Manter a hidratação durante todo o período febril e por até 24-48 horas após a defervescência da febre.
• A alimentação não deve ser interrompida durante a hidratação e sim administrada de acordo com a aceitação do
paciente. O aleitamento materno dever ser mantido e estimulado.
Tabela 02 – Hidratação oral. Adaptado de Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. – 5. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Pag. 19
g) Notificar o caso.
h) Preencher cartão de acompanhamento da dengue.
i) Retorno: para reclassificação do paciente, com reavaliação
clínica e laboratorial, deve ser diário, até 48 horas após a
queda da febre ou imediata, na presença de sinais de alarme.
Avaliação da diurese e da densidade urinária
e ecocardiograma
• Conduta terapêutica:
a) Acompanhamento:
Leito de internação por um mínimo de 48h.
b) Reposição volêmica:
a. Reposição volêmica com 10 ml/kg de soro fisiológico
na primeira hora. Devem permanecer em acompanha-
mento em leito de internação até estabilização – mínimo
48 horas.
b. Em caso de ausência de resposta, adotar conduta de
plano D.
c) Sintomáticos (conforme orientação anterior).
d) Notificar imediatamente o caso
e) Retorno após alta:
Após preencher critérios de alta***, o retorno para a
reavaliação clínica e laboratorial segue orientação
conforme grupo B.
Grupo D:
• Caracterização:
a) Caso suspeito (vide diagnóstico).
b) Presença de sinais de choque, desconforto respiratório
ou disfunção grave de órgãos.
c) Manifestações hemorrágicas presentes ou ausentes.
Sinais de choque
• Taquicardia
• Extremidades distais frias
• Pulso fraco e filiforme
• Enchimento capilar lento (> 2 segundos)
• Pressão arterial convergente (< 20 mm Hg)
• Taquipneia
• Oliguria (< 1,5 ml/kg/h)
• Hipotensão arterial (fase tardia do choque)
• Cianose (fase tardia o choque)
Tabela 02 – Sinais de choque. Adaptado de Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e
criança Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das
Doenças Transmissíveis. – 5. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Pag. 19
201
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
• Conduta diagnóstica:
d) Exames específicos (sorologia/isolamento viral):
Obrigatório
e) Exames inespecíficos: obrigatórios
1. Hemograma completo
2. Dosagem de albumina sérica e transaminases
3. Exames de imagem recomendados
Radiografia de tórax (PA, perfil e Laurell) e USG
de abdome (mais sensível a derrames cavitários em
comparação com radiografia).
4. Outros exames conforme necessidade
Glicose, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE
e ecocardiograma.
• Conduta terapêutica:
a) Acompanhamento:
Leito de terapia intensiva.
b) Reposição volêmica
1. Iniciar imediatamento fase de expansão rápida
parenteral, com solução salina isotônica: 20mL/kg em
até 20 minutos. Se necessário, repetir por até três vezes,
de acordo com avaliação clínica.
c) Oferecer O2 (cateter, máscara, ventilação não invasiva
ou invasiva), definindo a escolha em função da tolerância
e gravidade
d) Reavaliação clínica:
A cada 15-30 minutos. Avaliar hematócrito a cada 2 horas.
e) Se houver melhora clínica e laboratorial após fases de
expansão, retornar para a fase de expansão Grupo C e
seguir conduta recomendada para o grupo.
f) Se a resposta for inadequada, avaliar hemoconcentração:
202
Infectologia
203
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
“JAS, 28 anos, 75kg, sem comorbidades, com febre alta
há 5 dias, dor retro orbitária e osteoartromialgia difusa.
Há 4 horas, queixa-se de lipotímia, dor abdominal difusa
e vômitos incoercíveis. Ao exame: PA: 100x60mmHg,
FC:110bpm, Tax: 37,8ºC, FR: 26 ipm. Exame físico restante
inalterado.
1. Dieta livre, conforme aceitação do paciente (deixar dieta
zero, caso o paciente não tolere)
2. Dois acessos venosos salinizados calibrosos
3. SF0,9%, 1500mL, IV, correr em 2 horas (repetir até 3
vezes, se não houver melhora do hematócrito ou dos sinais
hemodinâmicos. Prosseguir para hidratação do grupo D
caso haja resposta inadequada)
4. Dipirona 500mg/mL, 2mL + 18mL ABD, IV lento.
5. Metoclopramida 10mg/2mL, 2mL + 100mL SF0,9%,
EV, lento
6. Omeprazol 40mg 1FA + dilente próprio, EV lento
7. Glicemia capilar 2/2h
8. Sinais vitais 2/2h
9. Medir e anotar diurese
10. Balanço hídrico
11. Repouso
Obs.: 1. Internamento hospitalar (por pelo menos 48
horas); 2. Solicitar exames complementares inespecíficos
conforme o Grupo C (hemograma solicitado e avaliado a
cada 2 horas); 3. Avaliação clínica seriada (a cada 2 horas);
4. Solicitar sorologia a partir do 6º dia de doença.
204
Infectologia
205
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
206
Infectologia
2. Achados Clínicos
Paciente pode apresentar-se sintomático ou assintomático.
Nos casos sintomáticos os achados irão depender do local do
Trato Urinário acometido.
Na ITU Baixa tem-se como protótipo a Cistite onde há
Disúria (dor a micção), Urgência miccional, Polaciúria (aumento
da frequência urinária), Hematúria e Dor suprapúbica de inicio
207
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
É feito com Antibióticos e irá depender do local da infecção,
se adquirida na comunidade ou se é Nosocomial, se complicada
ou não-complicada, se fez uso prévio de antibiótico ou não.
É feito ainda medidas gerais como aumento da ingesta hídrica e
uso de analgésico.
Cistites: Se deve iniciar o tratamento oral e empírico.
Cistite na Mulher:
Nitrofurantoína (100 mg), VO, 12/12 horas por 5 dias.
OU
Sulfametoxasol-Trimetoprim (160/800 mg),
VO, 12/12 horas, por 3 dias.
OU
Fosfomicina (3 g), VO, dose única.
Cistite nas Gestantes:
Cefalexina (500mg),VO, 6/6 horas, por 7 dias.
OU
Nitrofurantoína (100mg), VO, 6/6 horas, por 7 dias.
209
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Cistite no Homem:
Norfloxacina (400mg), VO, 12/12 horas, por 7 dias.
Pielonefrite: Deve-se colher a Urocultura e iniciar tratamento
empírico oral ou Internar o paciente para tratamento parenteral
dependendo do seu Estado Geral.
Ciprofloxacina (400mg), IV, 12/12 horas, por 10-14 dias.
OU
Ceftriaxone (1-2g), IM/IV, 1 vez ao dia por 10-14 dias.
Critérios para Internação hospitalar:
• Hipotensão
• Vômitos Intensos.
• Febre com Tremores.
• Desidratação.
• Torpor.
5. Prescrição
“Mulher, 25a queixando-se de disúria, polaciúria, dor
suprapúbica e urgência miccional há 4 dias. Há 01 dia com
dor região lombar esquerda, febre (39°C), náuseas e vômitos.
Exame físico apresenta Giordano positivo a esquerda,
Desidratação e rebaixamento do nível de consciência”.
1. Dieta Oral livre (quando a paciente aceitar).
2. SF 0,9% 2000ml, IV, (28gts/min).
3. D1 de Ciprofloxacino 400mg, IV, 12/12 horas.
4. Dipirona 500mg/ml – 02ml + 08ml ABD, IV, 6/6 horas
se dor ou temp. Axilar maior/igual 37,8°C.
5. Tramal 50mg/ml – 02ml + 100ml SF0,9%, IV, se dor
refratária.
6. Metoclopramida 10mg 1 amp + 50ml SF0,9% IV 8/8h
se náuseas ou vômitos.
210
Infectologia
Bibliografia:
211
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
212
Infectologia
Meningites
Filipe Lauria Paulo
Judson Ferreira dos Santos Junior
Carlos Bruno
1. Introdução
As meningites são processos inflamatórios que acometem
a dura-máter, a pia-máter e a aracnoide, além do espaço
subaracnóideo que contêm o LCR. O líquor participa ativamente
na resolução do processo infeccioso seja transportando
elementos imunitários sanguíneos as meninges, seja veiculando os
antimicrobianos administrados no tratamento.
As infecções meníngeas podem se iniciar por via
hematogênica ou por contiguidade de processos infecciosos de
estruturas cranianas como: ouvidos, garganta, seios da face e
ossos cranianos. O processo inflamatório no caso das infecções
bacterianas é supurativo e leva a espessamento das meninges.
Essa invasão pode atrair polimorfonucleares ao longo de paredes
vasculares e bainha de nervos cranianos; em alguns casos, na
evolução ocorre obstrução dos espaços subaracnoideos por
processos fibrinoconjuntivos que podem levar a obstrução da
circulação liquórica. O processo inflamatório ainda pode levar
a edema cerebral e os pacientes apresentam misto de síndrome
infecciosa sistêmica e síndrome meníngea.
Tabela 1 – Agentes mais prováveis de meningite bacteriana por faixa etária
Faixas etárias
< 3meses (mais comuns em menores de 1 mês) S. agalactiae; E.coli; Listeria sp.
213
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
2. Achados Clínicos
Meningite Bacteriana Aguda:
A manifestação clinica usual é o inicio agudo de febre,
cefaleia holocraniana, rigidez de nuca e vômitos. Ocasionalmente
a doença progride de maneira rápida. A tríade clássica de febre,
rigidez de nuca e alteração do estado mental só ocorre em 65%
dos pacientes.
Os pacientes podem apresentar 3 síndromes clinicas
associadas a meningite, das quais pelo menos 2 estão presentes;
• Sindrome Toxêmica
• Queda importante do estado geral
• Febre alta
• Delirium
• Quadro confusional
• Síndrome de hipertensão intracraniana
• Cefaleia
• Náuseas
• Vômitos
• Síndrome de irritação meníngea
• Rigidez nucal
• Desconforto lombar
• Sinal de Kernig positivo
• Sinal de Brudzinski positivo
Tabela 2 – Fatores sugestivos de agentes etiológicos de meningite bacteriana
Agentes Características
Meningococcemia
A Meningococcemia é a infecção generalizada causada pelo
N.meningitidis, onde ¾ dos pacientes apresentam púrpura.
As crianças são mais acometidas (entre 6 meses a 5 anos). 10-
30% dos pacientes com doença meningocócica apresentam
meningococcemia sem apresentar meningite.
O quadro clinico pode ser assintomático, porém pode estar
associado à febre, calafrios, náuseas, vômitos e mialgias. Prostração
é comum. A característica que mais distingue a doença é a presença
do rash. Máculas eritematosas rapidamente tornam-se petequeais e
em casos mais graves, púrpuras ecmóticas. As lesões são comumente
são encontradas no tronco e em extremidades inferiores, também
pode ocorrer em face, braços e membranas mucosas.
As petéquias podem confluir e formar bolhas hemorrágicas
culminando em úlceras e necrose, além de CIVD, falência de
adrenal e choque.
Em muitos pacientes o exame do LCR pode ser normal e as
culturas são negativas.
A ausência de meningite é um sinal de pior prognóstico.
Meningococcemia Fulminante (Púrpura Fulminante)
A meningococcemia fulminante é uma das formas mais
rápidas e letais de choque séptico e se diferencia da grande maioria
das outras causas de choque séptico porque apresenta lesões na pele
215
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
3. Diagnóstico
O exame mais importante para o diagnóstico das meningites
bacterianas agudas é o LCR, muitas vezes completado pelo
diagnóstico etiológico (exame bacteriológico direto, detecção
de antígenos bacterianos pela prova do látex, hemoculturas) e
auxiliado muitas vezes por exames de imagem (TC e RNM).
• Exame do Líquor
Todo o paciente com suspeita de meningite deve ser
submetido a punção liquórica se não houver contraindicação.
Tabela 3 - Contraindicações da punção lombar
Contraindicações da punção lombar
• Suspeita de HIC (paralisia de nervos abducente e oculomotor, hipertensão, bradicardia, irregularidade respiratória
ou apneia, decorticação, descerebração, estupor e coma ou papiledema
217
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
• Sinais focais
• Tumores
• Hemorragias
Tratar Neuro
Toxoplasmose
Com Sem
Sulfadiazina 500mg 3 cp vo Ressonância
Déficit Déficit
6/6 Horas + Piremetamina Magnética
Neurológico Neurológico
25 mg 4 cp 1x/dia +
Ácido folínico 15 mg 1 cp +
Dexametasona 4 mg 6/6h
Líquor com
pesquisa e cultura para BAAR
e fungos
Presença de levedura
Tratar com Anfotericina
50 mg + SG 5% 500 ml
4. Tratamento
Meningites bacterianas
O tratamento é dependente do reconhecimento rápido do
diagnóstico e a terapia deve ser iniciada sem demora.
219
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
N. meningitidis 7 dias Penicilina cristalina 250 a 400.000UI /kg/d até a dose 4/4h
de 24.000.000UI/d
Ceftriaxona 2g IV 12/12h
Meningites Virais
220
Infectologia
5. Sugestão de Prescrição
Meningite bacteriana por S.pneumoniae.
Caso: Paciente 40 anos, com: febre, cefaleia, vômitos e
rigidez nucal.
1. Dieta oral zero
2. Ringer Lactato 20ml/kg IV correr rápido
3. Hidratação venosa de manutenção
4. Ceftriaxone 2g IV, diluir 2g em 100ml de SF 0,9% até
atingindo a concentração entre 10 – 40 mg/ml, infundir em
10 – 30 min de 12/12h
5. Dexametasona 12mg/ dia por 2 dias
6. Dipirona sódica 2ml IV diluído em 10 ml ABD (em caso
de TAx ≥37.8 °C ou dor)
7. Metoclopramida 2ml IV diluído em 10 ml ABD por até
8/8h em caso de náusea ou vômito
8. Glicemia capilar 2/2h
9. Glicose hipertônica 25% 50ml IV em caso de HGT <
221
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
60mg/dl
10. Passar cateter vesical de demora e medir diurese (alvo
> 1ml/kg/hora)
11. Cabeceira do leito elevada a 30°
12. Acesso venoso periférico salinizado
Meningococemia
Caso: Paciente com petéquias e púrpuras em tronco e
membros inferiores, Líquor sem alterações.
1. Dieta oral zero
2. Ringer Lactato 20ml/kg IV correr rápido
3. Hidratação venosa de manutenção
4. Penicilina G Cristalina 200.000 – 400.000 U/kg dia IV
01 Ampola diluída em 100 ml de SF 0,9%, até atingir a
concentração de 50000 UI/ml e infundir em 30- 60 min de
4/4h por 7 dias
5. Hidrocortisona 100mg IV, diluir em 100ml de SF 0,9%,
correr em 30 min dose única imediatamente
6. Hidrocortisona 50-100mg IV, diluir em 100ml de SF
0,9%, correr em 30 min de 6/6h nos primeiros 5 dias
7. Dipirona sódica 2ml IV diluído em 10ml de ABD (em
caso de TAx ≥37.8 °C ou dor)
8. Metoclopramida 2ml IV diluído em 10 ml ABD por até
8/8h em caso de náusea ou vômito
9. Isolamento respiratório nas primeiras 24 horas
10. Glicemia capilar 2/2h
11. Glicose hipertônica 25% 50ml IV em caso de HGT <
60mg/dl
12. Passar cateter vesical de demora e medir diurese (alvo
> 1ml/kg/hora)
13. Cabeceira do leito elevada a 30°
222
Infectologia
Bibliografia:
223
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
224
Infectologia
Faringoamigdalites
Breno Medeiros Cunha
Jéssica Maria Sousa de Oliveira
Carlos Bruno
1. Introdução
Inflamação em orofaringe é uma causa comum de busca do
pronto-atendimento, tendo, portanto, grande impacto dos pontos
de vista médico, social e econômico. Nos EUA, o tratamento
desta queixa é uma das principais causas de uso inapropriado de
antibióticos.
As causas de faringites podem ser categorizadas como
infecciosas ou não-infecciosas. Causas infecciosas são mostradas
na tabela a seguir. Causas não infecciosas incluem alergia,
gotejamento pós-nasal, irritação (ex: exposição a fumaça,
baixa umidade do ar), doença do refluxo gastroesofágico,
corpo extranho, tireoidite aguda e dor referida. Em pacientes
imunocomprometidos, causas fúngicas precisam ser consideradas.
Dentre as causas infecciosas, a mais importante é a estreptocócica,
pelas possíveis complicações.
Causas Infecciosas de Faringite
225
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
-- Herpevirushumano 5 --
(Cytomegalovirus)
-- HIV --
Abreviação: HIV, human immunodeficiency virus.
Tabela retirada de Kociolek L, Shulman S. Pharyngitis. Ann Intern Med 2013;157(5):ITC3-1
2. Achados Clínicos
O exame físico do paciente deve ser focado em cabeça,
pescoço, tórax e pele. Ao exame inicial, é importante a busca de
sinais para situações que ponham em risco a vida, especialmente
em crianças com dificuldade de localizar dor. Sinais de alerta
incluem dificuldade para manejo de secreções, sialorréia,
disfonia/afonia, toxemia e entumescimento cervical unilateral. É
preciso descartar abscesso peritonsilar, abscesso submandibular e
epiglotite, condições que indicam maior gravidade.
Faringites virais: queixa de dor em orofaringe, congestão
nasal, coriza, rouquidão, desconforto sinusal, otalgia, tosse,
conjuntivite, diarreia e discreta estomatite aftosa. Herpangina
(vírus Coxsackie) se manifesta com febre e lesões vesiculares
dolorosas em porção posterior da orofaringe. Na doença mão-
pé-boca (Cocksackie A-16), há presença de vesículas e úlceras em
boca, palma das mãos e sola dos pés.
Mononucleose infecciosa: paciente se apresentam com a
tríade clássica de dor em orofaringe, linfoadenopatia difusa e febre
(atingindo 40ºC). 90% dos casos são causados pelo vírus Epstein-
Barr. Os 10% restantes são causados por citomegalovírus e vírus
herpes tipo 6. Há um pródromo de febre, calafrios, sudorese e
mal-estar. Um terço dos pacientes se apresentam com exudatos
e petéquias em palato que mimetizam faringite estreptocócica.
Aproximadamente 15% dos pacientes se apresentam com icterícia
226
Infectologia
Febre 1 ponto
Idade (anos)
2 - 14 1 ponto
15 - 44 0 ponto
45 ou mais -1 ponto
Tabela retirada de Kociolek L, Shulman S. Pharyngitis.
Ann Intern Med 2013;157(5):ITC3-1
4. Tratamento
O tratamento das faringoamigdalites estreptocócicas é baseado
principalmente no uso de penicilinas de espectro reduzido, pelo
alto perfil de sensibilidade do S. pyogenes. O número de aplicações
varia conforme a meia vida do antibiótico utilizado. Opções de
tratamento para formas não complicadas incluem:
1. Penicilina G Benzatina 600.000 U para pacientes <27kg e
1.200.000 U para pacientes >27kg, IM, dose única.
2. Penicilina V 500.000 UI, 1 comprimido 6/6h, VO, por
10 dias
3. Eritromicina 250mg, 1 comprimido, VO, 6/6h, por 7
dias (pacientes alérgicos à penicilina).
A solicitação de testes específicos para o diagnóstico de
estreptococcia conforme os Critérios de Centor deve ser
sempre realizada para indicar tratamento da faringoamigdalite
estreptocócica. Contudo, sabendo da baixa disponibilidade de tais
métodos diagnósticos em nosso meio e a gravidade da potencial
morbidade da infecção estreptocócica de orofaringe não tratada
(ou com tratamento tardio), recomendamos o tratamento de
todas as faringoamigdalites purulentas em pronto-socorro com
antibioticoterapia, principalmente quando há sinais indicativos
de infecção estreptocócica (petéquias em palato, exantema
escarlatiniforme difuso, ausência de linfonodomegalias generalizada
e/ou hepatoesplenomegalia, hemograma sem linfocitose, etc).
Orientamos também que pacientes com passado de febre reumática
ou com alto risco de infecção por estreptococo (como profissionais
com contato de diário com um grande número de crianças) devam
230
Infectologia
Bibliografia:
232
Infectologia
Acidentes perfurocortantes -
Exposição a materiais biológicos
Victor Medeiros Brandão Florêncio
Judson Ferreira dos Santos Junior
Carlos Bruno
1. Introdução
Acidentes com material perfurocortante com possível
exposição a material biológico fazem parte do dia-a-dia de todos
os hospitais. Esse é um ferimento de alta relevância médica e
legal, pois pode transmitir os vírus das Hepatites B (HBV) e C
(HCV) e do HIV, além da exposição ao tétano, inerente a qualquer
ferimento. O risco de infecção depende do tipo do acidente,
gravidade e tamanho da lesão, volume de sangue envolvido,
condições do paciente-fonte e uso da profilaxia pós-exposição,
mas em geral, o risco de contaminação por HIV é de 0,3%;
por Hepatite B varia de 6 a 30%; e por Hepatite C, 1,8%; todos
considerando exposição percutânea com sangue contaminado.
Evitar o acidente é a principal forma de prevenir a transmissão,
no entanto, na impossibilidade de prevenir todos os acidentes,
existe a imunização contra a Hepatite B e a quimioprofilaxia para
o HIV.
Todas as pessoas potencialmente expostas ao HIV devem
ser orientadas sobre a necessidade de repetir a testagem em 30
dias e em 90 dias após a exposição. Recomenda-se a realização
de hemograma, transaminases, ureia, creatinina e glicemia como
solicitação mínima de exames laboratoriais na pessoa exposta
para a qual se recomende a PEP. Todos esses exames laboratoriais
devem ser realizados no início da PEP, duas semanas após a
introdução desta, e, quando necessário, a critério médico.
Para efeito de organização, as condutas a serem tomadas serão
233
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
2. Recomendações gerais
Lavagem do local exposto com água e sabão
Estabelecer qual o material biológico envolvido, tipo de
acidente (quanto ao material utilizado, características da lesão e
conhecer a fonte
Orientar o acidentado quanto ao risco do acidente, possível
uso de quimioprofilaxia, adquirir consentimento para exames
sorológicos
Orientar o acidentado a relatar sintomas sugestivos de
soroconversão aguda (linfoadenopatia, rash, dor na garganta, e
sintomas gripais)
Registro do acidente em CAT (Comunicação de Acidente de
Trabalho), e notificação do Sinan.
7. Sugestão de condutas
“J.M.S, 33 anos, técnico de enfermagem, lesão superficial
com agulha sem lúmen. Tem 3 doses da vacina da Hepatite
B, última dose da vacina dT há 3 anos. Traz amostra de
sangue do paciente fonte para exames. O paciente-fonte é
assintomático, nega comorbidades e estava fazendo exames
de rotina”
1. Obtenção de consentimento do profissional e paciente-
fonte para exames
2. Solicitar Anti-Hbs, Anti-HBc, HbsAg, Anti-HIV, Anti-
HCV do profissional acodentado. Revelaram imunização
contra Hepatite B.
237
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
Intoxicações Exógenas
Severino de Freitas Rêgo Neto
Gabriela Lins Medeiros de Assunção
Diogo Mizael Bessa de Medeiros
Carlos Bruno
1. Introdução
A intoxicação exógena aguda é um problema frequente nos
serviços de emergência, seja por ingestão acidental ou por tentativa
de suicídio. Os pacientes com múltiplas medicações ou que tem
metabolização diminuída são os mais acometidos.(Exemplo: Uso
de Digoxina em paciente com insuficiência renal.)
As fontes comuns de intoxicação incluem drogas, fármacos,
produtos domésticos, produtos agrícolas, plantas, produtos
químicos industriais e substâncias alimentícias. Além da
intoxicação por via oral, podemos encontrar intoxicações oculares,
dermatológicas e inalatórias.
A identificação do produto tóxico e a avaliação exata do perigo
são fundamentais para um tratamento eficaz. Sempre considerar
a possibilidade de intoxicação em pacientes com doença aguda e
inexplicável.
Em todas as ocorrências, os Centros de Informações
toxicológicas locais devem ser contatados para orientações.
2. Achados Clínicos
A história e o exame são importantes na avaliação inicial e
manejo.
Investigação:
• Tóxico ingerido: Anotar hora da ingesta, nome, dosagem,
número de cartelas vazias, solicitar busca de frascos,
líquidoS ou qualquer material suspeito.
239
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
240
Infectologia
4. Tratamento
Reconhecer intoxicação → Identificar o tóxico → Avaliar o
risco da intoxicação →Avaliar a gravidade e estabilizar clinicamente
(ABCD) → Diminuir absorção do tóxico → Aumentar a eliminação
do tóxico → Prevenir reexposição (Avaliação psquiátrica)
Êmese: A indução de vômitos não é recomendada pelo risco
de dano aos tecidos e de broncoaspiração.
Lavagem gástrica:
Indicações: Tempo de ingestão menor que 1h.
Contra-indicações: Risco de broncoaspiração (IOT
se necessário), agentes corrosivos (Possibilidade de
haver perfuração esôfago-gástrica), hidrocarbonetos
(Possibilidade de pneumonite se houver aspiração) e risco
de hemorragia ou perfuração do TGI.
Técnica: Passar SNG de grosso calibre, manter paciente
em decúbito lateral esquerdo, administrar lentamente 100
a 250ml de SF 0,9% e manter sonda aberta em posição
inferior ao paciente. Repetir até obter líquido claro.
Carvão ativado:
Idealmente na primeira hora pós ingestão. Mesmas
contraindicações da lavagem gástrica.
241
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
242
Infectologia
Telefones úteis:
CIT - Centro de Informação Toxicológica HGT/Natal:
3232 7969
CIT - Centro de Informação Toxicológica Curitiba:
0800 410 148
CIT -Centro de Informação Toxicológica Porto Alegre:
0800 721 3000
Bibliografia:
Anafilaxia
Eduardo Freire
Alexandra Régia Dantas Brígido
Carlos Bruno
1. Introdução
A anafilaxia é um distúrbio potencialmente fatal que é
pouco reconhecido e subtratado. Isso pode ser devido à falha
em avaliar que a anafilaxia vai além do “choque anafilático”, é
uma síndrome muito mais ampla. O objetivo deve, portanto, ser
o reconhecimento precoce e o tratamento com epinefrina para
prevenir a progressão para sintomas e sinais respiratórios e / ou
cardiovasculares com risco de vida, incluindo o choque.
Após exposição a um antígeno (alérgeno), em indivíduos
previamente sensibilizados, serão desencadeadas reações agudas
(segundos a minutos) ou tardias (horas após), mediadas por
Imunoglobulina E (IgE), com liberação de mediadores pré-formados,
a exemplo da histamina. Essas reações caracterizam o mecanismo de
hipersensibilidade tipo I. Por outro lado, as reações anafilactóides ou
pseudo-alérgicas, apesar de clinicamente semelhante às anafiláticas,
não tem comprovação da participação de IgE.
Os principais desencadeantes de anafilaxia são alimentos
(causa mais frequente, 30% dos casos fatais; leite de vaca, clara de
ovo, crustáceos, moluscos, amendoim, castanha), medicamentos
(principalmente, antibióticos e antiinflamatórios/antipiréticos) e
veneno de insetos (abelhas, vespas, marimbondos e formigas). Outros
agentes comuns são látex e estímulos físicos (exercício e/ou frio).
2. Achados Clínicos
O quadro clínico pode ser monofásico ou bifásico (sem nova
exposição ao alérgeno). As reações anafiláticas podem envolver
245
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
3. Diagnóstico
O diagnóstico de anafilaxia é eminentemente clínico (história
e exame físico). É importante questionar sobre a presença de
sintomas semelhantes no passado, definir o agente causal e a
relação temporal entre o contato e o início do quadro.
A anafilaxia é altamente provável quando um dos três critérios
abaixo estão presentes:
Critério 1: início agudo de doença (minutos a horas)
com envolvimento de pele e/ou mucosa e pelo menos
um dos seguintes:
a) Comprometimento respiratório;
b) Pressão arterial (PA) reduzida ou sintomas associados
a disfunção orgânica;
Critério 2: dois ou mais dos seguintes achados
(minutos a horas) após exposição a alérgeno provável
para o paciente:
a) Envolvimento de pele-mucosa;
b) Comprometimento respiratório;
c) PA reduzida ou sintomas associados a disfunção
246
Infectologia
orgânica;
d) Sintomas gastrointestinais persistentes;
Critério 3: Queda da PA (minutos a horas) após
exposição a alérgeno conhecido para o paciente:
a) PA sistólica baixa (idade específica para crianças ou
<90mmHg para adultos) ou uma queda na PA sistólica
>30%.
O diagnóstico diferencial inclui reação vasovagal, crise
asmática, angioedema hereditário, ataque de pânico, urticária
pigmentosa, convulsão, disfunção de corda vocal, mastocitose
sistêmica, traqueíte, supraglotite, feocromocitoma, aspiração
de corpo estranho. Se disponíveis, as dosagens de triptase e de
histamina podem ser úteis em casos duvidosos. Pesquisa de IgE,
testes cutâneos ou de provocação também podem ser realizados
ambulatorial para diferenciar anafilaxia de reação anafilactóide.
4. Tratamento
A apresentação clínica variável determina condutas baseadas
na gravidade do paciente.
• Remover o agente causal;
• Suporte inicial para controle da pressão arterial:
acesso venoso, fluidos isotônicos por via endovenosa e
elevação de membros inferiores;
• Adrenalina: é o principal tratamento, preferencialmente a
ser administrada no músculo vasto lateral da coxa, deixando
a via subcutânea e a via endovenosa para os casos mais
leves e mais graves, respectivamente. Deve ser realizada a
cada a cada 5, 10 ou 15 minutos.
• Antihistamínicos: Bloqueadores H1 e H2 são
recomendados, por via oral ou injetável.
247
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de Prescrição
Mulher, 30 anos. Queixa dispneia e prurido iniciada
minutos após uso de dipirona. Sibilos difusos, sem edema
de glote. PA=90x50 mmHg.
1. Dieta zero;
2. SF 0,9% - 1000mL, IV, aberto;
3. Adrenalina 1:1000 – 0,5mL, IM, agora (Reavaliar em
5-15min e repetir ACM);
4. Difenidramina 50mg/ml – 01 amp + SF 0,9% 100 mL
EV, de 4/4h;
5. Ranitidina 50 mg/2ml – 01 amp + SG 5% 20 mL, EV,
de 8/8h;
6. Metilprednisolona 125mg/2ml – 1 amp + SF 0,9%
48mL, IV, correr em 20min, agora;
7. MV O2 a 100%;
8. Elevar membros inferiores;
9. Monitorização contínua (eletrocardiográfica, oximetria
de pulso e pressão arterial);
248
Infectologia
Bibliografia:
249
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
250
Reumatologia / Ortopedia
Monoartrites Agudas
Ednor Elias Barbosa Neto
Carlos Bruno
Geffty Soares Ferreira
1. Introdução
A monoartrite aguda (MA) é uma das principais emergências
reumatológicas e consiste no acometimento da articulação
associado a dor, presença de sinais flogísticos e derrame articular,
que teve início há menos de seis semanas. Considerada uma
apresentação frequente nos serviços de emergência, a MA, quando
não tratado de maneira adequada, coloca o emergencista frente a
um quadro potencialmente grave com consequências desastrosas
para o paciente.
Diversas afecções podem se apresentar desta forma, porém
as mais importantes são a artrite traumática, a hemorrágica, a
séptica e a gota. Na primeira, o fator desencadeante é o trauma
e a radiografia faz parte da avaliação pela possibilidade de
fratura. Em geral, há necessidade de cuidados ortopédicos. Já
a artrite hemorrágica deve ser suspeitada quando o paciente é
portador de alguma discrasia sanguínea. Nesse caso, a punção
articular com obtenção do líqüido sinovial faz o diagnóstico. O
tratamento deve ser dirigido à doença hematológica. As duas
últimas condições constituem um desafio maior para o clínico e,
devido à sua grande morbidade, o diagnóstico de artrite séptica
deve ser sempre considerado. Como ela geralmente decorre de
uma infecção hematogênica distante, o foco infeccioso precisa
ser pesquisado.
251
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
252
Reumatologia / Ortopedia
4. Tratamento
4.1. Gota
O tratamento é dirigido, principalmente, para o controle
da crise aguda e da hiperuricemia. Na crise aguda há três
possibilidades de tratamento: colchicina, AINE e corticoides.
O Alopurinol e drogas uricosúricas não são utilizados na
fase aguda.
AINE Naproxeno: 500 mg, a cada 12 horas, por 3 dias. Depois 500 mg, a cada 24 horas, por
4 a 7 dias.
Corticoterapia Prednisona: 30 a 60 mg/dia, por 3 dias. Pode-se diminuir a dose para 10 a 15 mg/dia,
por 3 a 7 dias.
Colchicina 0,5 mg a cada hora, até os sintomas cessarem ou os seus efeitos adversos tornarem-se
limitantes, após 6 ou 8 horas.
Tabela 3: Tratamento da crise gotosa.
4.2. Artrite Infecciosa
O tratamento específico vai depender da etiologia da infecção.
A terapia empírica deve ser feita com drogas que atuem sobre o
principal agente etiológico: Staphilococcus aureus. Institui-se Oxacilina
253
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
254
Reumatologia / Ortopedia
5. Sugestão de prescrição
Paciente sexo masculino, branco, 55 anos, hipertenso e
obeso, deu entrada no PS queixando-se dor na articulação
metatarsofalangeana esquerda há um dia. A dor continua
de forte intensidade e teve início de forma súbita,
associada a edema, calor e rubor. Refere dois episódios
anteriores na mesma articulação do pé direito, que melhorou
espontaneamente em cinco dias, porém neste episódio a dor
está mais forte. Relata libação alcoólica e proteica há três dias.
HD.: Artrite gotosa em crise aguda.
1. Repouso da articulação
2. Narpoxeno (500 mg) – 01 comp VO, 12/12 h.
3. Colchicina (0,5 mg) – 01 comp VO,8/8 h.
4. Encaminhar ao reumatologista para tratamento
específico da gota.
Bibliografia:
255
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
256
Reumatologia / Ortopedia
Osteomielite vertebral (Staphylococcus Perda de peso, febre, dor em repouso e que piora com o
aureus, bacilos Ggram-negativos, movimento, associação com DM, ITU
tuberculose)
Tumor espinal (metastático ou primário) Dor que piora com repouso e à noite, progressão rápida, perda
de peso
Espondilite anquilosante Rigidez matinal lombar com várias horas de duração, dor
sacroilíaca, limitação dos movimentos da coluna
Hérnia de disco lombar Dor esclerotômica (ciática) que se agrava com manobras de
estiramento (como Lasègue) e de aumento da pressão intradiscal
(sentar, Valsalva)
Estenose espinal lombar degenerativa 50 anos ou mais; lombalgia crônica; dor radiculopática ou
(osteófitos e outras alterações degenerativas) esclerotômica, que piora com a marcha (claudicação neurogênica)
e alivia ao sentar
Síndrome da cauda equina (hérnia de disco, Paraparesia, ciática bilateral, anestesia em sela, incontinência
abscesso ou hematoma epidural, compressão esfincteriana
tumoral)
• Perda de peso;
• Febre e outros sinais sistêmicos;
• Dor noturna;
• Dor que não alivia com repouso;
• Dor súbita sugestiva de fratura vertebral;
• Sinais e sintomas neurológicos;
• Idade maior que 50 anos;
• Limitação da mobilidade espinal.
A grande maioria dos casos de lombalgia aguda não apresenta
etiologia anatômica bem-definida e é autolimitada. A causa mais
frequente de lombalgia são os quadros musculares paravertebrais,
como as síndromes miofasciais. Outras etiologias devem ser
suspeitadas se o paciente não melhora com o repouso relativo em
4 semanas. O repouso prolongado não é recomendável para esses
pacientes, devendo-se estimular o retorno às atividades usuais o
mais rápido possível.
Hérnia de disco lombar CT, RNM, ENMG (se duração > 8 semanas)
Estenose espinal lombar degenerativa Radiografia com discopatia degenerativa, artrose zigoapofisária
(osteófitos e outras alterações degenerativas) e osteófitos
258
Reumatologia / Ortopedia
4. Tratamento
DIAGNÓSTICOS A CONSIDERAR TRATAMENTO
Estenose espinal lombar degenerativa Repouso, analgésicos, perda de peso, miorrelaxantes, fisioterapia,
(osteófitos e outras alterações degenerativas) cirurgia se houver envolvimento neurológico
259
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
“JSG, 74a, portador de neoplasia de próstata com
metástase para coluna, com fratura patológica ocorrida há
2 dias”:
1. Dieta branda
2. SF 0,9% 1000 ml IV na admissão (aberto)
3. Tramal 100 mg + 100 mL SF 0,9% IV na admissão
4. Tenoxicam 40 mg 1 amp + 10 mL ABD IV 8/8 h
5. Dipirona 1 g 1 amp + 08 mL ABD IV 6/6 h
6. Morfina 10 mg 1 amp + 09 mL ABD (fazer 2,5ml) IV,
se necessário
7. O2 MV 50%
8. Medir diurese
9. Sinais vitais 6/6h e cuidados gerais
Bibliografia:
260
Reumatologia / Ortopedia
2. Achados Clínicos
Os principais sinais e sintomas que devem alertar para a
presença de uma doença reumatológica sistêmica, seja uma
colagenose ou uma vasculite, são:
• Início insidioso dos sintomas: a maioria desenvolve-se de
maneira subaguda, durante semanas ou meses;
• Presença de sintomas constitucionais inespecíficos:
podem ocorrer, por exemplo, febre, fadiga, inapetência e
261
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
perda de peso;
• Ocorrência de dor: pode haver mialgias, artrites;
• Presença de sinais e sintomas inflamatórios: pode haver
elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS),
ocorrência de anemia de doença crônica, febre, pericardite, etc;
• Evidência de doença multissistêmica: geralmente
acometem mais de um órgão ou sistema ao mesmo tempo,
como pele, sistema nervoso central (SNC) ou periférico
(SNP), rins, pulmões, articulações e trato gastrointestinal.
Os demais sinais e sintomas decorrentes das doenças
reumatológicas sistêmicas supracitadas dependem de qual
colagenose e/ou vasculite o paciente apresenta. Neste capítulo,
abordaremos apenas as doenças que têm maior potencial de
desencadear quadros agudos graves responsáveis por levar o
paciente ao pronto-socorro, quais sejam:
• Vasculites associadas ao ANCA (anticorpo
anticitoplasma de neutrófilos): incluem a granulomatose
de Wegener, a poliangeíte microscópica e a síndrome de
Churg-Strauss.
◊ A granulomatose de Wegener acomete principalmente
vias aéreas superiores, podendo ocorrer sinusite
com secreção purulenta, ulceração de mucosa nasal
(causando epistaxe) e otite média. Pode também
ocorrer capilarite pulmonar com hemorragia alveolar,
uma das manifestações de maior gravidade. Acomete,
ainda, os rins, com glomerulonefrite rapidamente
progressiva. O acometimento ocular também é frequente,
podendo haver ceratite, esclerite e uveíte anterior;
◊ A poliangeíte microscópica frequentemente produz
hemorragia alveolar por capilarite pulmonar, com
262
Reumatologia / Ortopedia
4. Tratamento
Como a apresentação clínica da anafilaxia é variável, as
condutas podem mudar de acordo com a gravidade dos sintomas:
• Vasculites associadas ao ANCA (anticorpo
anticitoplasma de neutrófilos): uso de corticosteroides
aliado a imunossupressão com ciclofosfamida;
• Vasculites de hipersensibilidade: descontinuação da
droga suspeita de deflagrar o quadro. Em casos mais severos,
indicado o uso de corticoides em doses baixas a moderadas.
• Doença de Behçet: corticoide associado a ciclofosfamida;
• Lúpus eritematoso sistêmico (LES):
◊ Convulsões lúpicas: uso de anticonvulsivantes, além
do emprego de corticoides em altas doses, podendo ser
necessário, ainda, o uso de imunossupressores;
◊ Psicose lúpica: corticosteroides e imunossupressores;
◊ Meningite asséptica: uso de corticosteroides;
◊ Mielite transversa: tratamento agressivo e iniciado
prontamente através de pulsoterapia com metilprednisolona;
• Síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF):
tratamento similar ao empregado para AVEs e AITs em
pacientes não portadores de SAAF;
• Crise renal esclerodérmica: uso de IECAs,
especialmente o captopril.
267
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
“MGD, 35a, 50 kg, portadora de LES, com quadro de
vasculite e nefropatia”:
1. Dieta Branda
2. SF0,9% 1000ml IV (14gts/min)
3. Metilprednisolona 1 g em 24 h, EV, por 3 dias consecutivos
4. Prednisona 50 mg, VO – 2,5 comp/dia (dose de
manutenção da prednisona na vasculite lúpica – 1 mg/kg/dia
5. Captopril 25 mg – 1 comp, VO, de 8/8 h
6. Oximetria digital
7. HGT 6/6h
8. Insulina Regular Conforme HGT: 200-250: 4U 251-300:
6U 301-350: 8U >350: 10U SC
9. Omeprazol 40mg 1FA + diluente IV 1 vez/dia
10. Metoclopramida 10mg 1 amp + 50ml SF0,9% IV 8/8h
se náuseas ou vômitos
11. Medir diurese (não passar sonda vesical: pesar fraldas
ou anotar volume do “papagaio”)
12. Sinais vitais 6/6h e cuidados gerais.
Bibliografia:
268
Nefrologia
1 Elevação de ≥ 0,3 mg/dL ou 1,5 a 1,9 vezes < 0,5 mL/kg;h por 6h a 12h
a creatinina basal
2 2 a 2,9 vezes a creatinina basal < 0,5 mL/kg/h por 12 horas ou mais
3 Elevação igual ou maior que 3 vezes a < 0,3 mL/kg/h por 24 horas ou mais
creatinina basal ou para valor igual ou ou anúria por 12 horas ou mais
maior que 4 mg/dL ou início de terapia de
substituição renal
2. Classificação:
2.1. LRA pré renal:
Ocorre quando há uma hipoperfusão renal, mas a integridade
do parênquima renal é mantida. Corresponde à 60-75% dos casos;
2.2. LRA intrínseca:
Causada por algum dano ao parênquima renal, podendo ser
uma evolução da LRA pré-renal ou ser decorrente da ação de
substâncias nefrotóxicas como contrastes, Anfotericina B, AINE.
Corresponde a 15-30% dos casos.
2.3. LRA pós-renal
269
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
FE Na < 1% >1%
3. Achados clínicos:
A LRA é frequentemente assintomática, sendo diagnosticada
rotineiramente em exames de rotina hospitalar. Entretanto,
como quadro clínico, os pacientes podem apresentar desde mal-
estar inespecífico até um quadro urêmico (náuseas, vômitos,
sangramento gastrointestinal, tamponamento pericárdico,
dispneia, hipertensão, alterações neurológicas e do nível de
consciência). Deve-se questionar na história clínica:
• Doença sistêmica crônica prévia;
• Uso de medicações;
• História de trauma ou procedimentos cirúrgicos;
• Antecedentes de uropatia obstrutiva;
• Intoxicação por metais pesados e solventes orgânicos;
• Depleção hídrica (diurese excessiva, drenos, diarreia,
hipertermia, redução da ingesta oral);
• Procedimentos radiológicos.
270
Nefrologia
4. Diagnóstico
4.1 Exames laboratoriais:
• Hemograma; Ureia; Creatinina e Sódio
• Potássio - hipercalemia
• Ácido úrico - eleva-se na síndrome de lise tumoral pós-
quimioterapia.
• Fósforo – hiperfosfatemia.
• Cálcio - hipocalcemia.
• Magnésio - hipomagnesemia associada a cisplatina,
anfotericina B.
• Gasometria arterial- acidose metabólica com aumento de
ânion gap.
• FENA
• FE uréia
• Análise da urina:
◊ Fitas reativas;
◊ Análise microscópica - avalia leucócitos, eosinófilos,
hemácias, cilindros hialinos, hemáticos, granulares etc.
4.2 Exames por imagem:
Útil na avaliação de obstrução do trato urinário, cálculos,
massas renais, doenças com características radiológicas específicas
(necrose cortical bilateral ou pielonefrite aguda), patência de
artérias e veias renais, refluxo vesicoureteral, bexiga neurogênica.
Exames que podem ser solicitados, conforme necessidade:
• USG;
• TC;
• Cintilografia.
4.3 Biópsia renal:
• Pode ser indicada se suspeita de LRA decorrente de
doença sistêmica como vasculite, glomerulonefrite aguda,
271
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Tratamento:
5.1 Correção da volemia:
• Nos casos de hipovolemia: Soluções cristaloides, como
soro fisiológico, são os preferidos para a terapia inicial.
Administração criteriosa, começando com um a três
litros de líquido, 75-100ml por hora. Avaliar a resposta
do paciente à terapia. Caso PAM não atinja valores > 65,
considerar drogas vasopressoras: noradrenalina.
• Hipervolemia com congestão pulmonar associado à
hipertensão: vasodilatadores (nitroprussiato de sódio ou
nitroglicerina) + furosemida.
5.2 Restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico:
• Hipercalemia: Gluconato de cálcio quando se tem
alterações eletrocardiográficas compatíveis com
hipercalemia; podemos associar algumas medicações,
como a inalação com B2 agonista (salbutamol), soluções
polarizantes (insulina associada a glicose) bicarbonato de
sódio, resina de troca (sorcal) e diálise.
• Hipocalcemia: só deve ser tratada quando sintomática
(tetania incipiente ou franca) - 10 a 20ml de gluconato de
cálcio em 20 min.
• Hiperfosfatemia: cálcio oral;
• Acidose metabólica:
◊ LRA, oligúrica, hipervolêmica e pH < 7,1: diálise;
◊ Bicarbonato de sódio VO e/ou EV, pode ser usado
272
Nefrologia
• A hipercalemia (concentração de potássio sérico> 6,5 mEq / L) ou rápido aumento dos níveis de potássio,
refratária ao tratamento clínico.
• A acidose metabólica (pH <7,1) em pacientes nos quais a administração de bicarbonato não é indicado;
• Os sinais de uremia como pericardite, neuropatia, ou um declínio de outra forma inexplicável no estado mental.
Bibliografia:
274
Nefrologia
2. Classificação
A DRC pode ser classificada de acordo com a TFG:
Estágios Filtração glomerular Creatinina Grau de Condutas
(mL/min/1/73m2) (mL/min) insuficiência
renal
3. Achados clínicos
O conjunto de sinais e sintomas que aparece na DRC grave
é definido como Síndrome Urêmica, quando a TFG está menor
do que 30ml/min. As manifestações são resultantes da perda
da função de filtro (acúmulo de toxinas urêmicas), da função
endócrina (deficiência na produção de eritropoietina e calcitriol)
e da regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico do
organismo. Os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básico mais
frequentes são: hipervolemia, hiponatremia, hipercalemia, acidose
metabólica, hiperfosfatemia, hipermagnesemia e hipocalcemia.
A DRC é um fator de risco independente para doença
cardiovascular. As complicações cardiovasculares são a principal
causa de óbito nesses pacientes.
As manifestações da Síndrome Urêmica em diversos sistemas
são mostrados na tabela a seguir:
Disfunção em diversos órgãos causados pela Uremia
276
Nefrologia
• Hemograma.
• EAS.
• Ureia, creatinina, dosagem de eletrólitos (sódio, potássio,
cloreto, cálcio, fósforo e magnésio) e ácido úrico.
• Gasometria arterial.
5. Tratamento
Diversas medidas são necessárias para controle do paciente
com DRC. Medidas dietéticas, nefroprotetoras, controle da pressão
arterial (PA), tratamento da anemia e do hiperparatireoidismo
secundário, etc. Essas atitudes irão depender do estágio da
doença. Porém, o foco aqui será comentar sobre a diálise, que
é a principal medida de tratamento no renal crônico que chega
descompensado ao PS.
• Diálise
A diálise permite a substituição de duas funções renais:
remoção de solutos e a remoção de fluido. Existem duas
modalidades de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal.
A escolha de uma forma ou outra é feita de acordo com o
contexto clínico e a preferência do paciente.
Indicações de diálise em pacientes com DRC
Encefalopatia ou neuropatia urêmica progressiva, com sinais como consusão, Asterix, mioclônus, mão ou pé caído,
ou, em casos severos, conculsões (indicação urgente)
Evidência de desnutrição
278
Nefrologia
◊ Hemodiálise
Exige acesso direto à circulação, através de uma fístula
arteriovenosa nativa (o método preferido, porém requer
a maturação entre 6 e 8 semanas), enxerto arteriovenoso
sintético (maturação de 2 semanas), ou cateteres de
dupla luz percutâneos, que são introduzidos de
preferência na veia jugular interna. O sangue é
bombeado através de fibras ocas de um rim artificial
(o “dialisador”), que serve como uma membrana
semipermeável (passagem de solutos do compartimento
sanguíneo para o compartimento do dialisado por
difusão) e banhado em uma solução favorável (isotônica,
livre de ureia e de outros compostos nitrogenados
e, em geral, com baixo teor de potássio). A eficiência da
diálise depende, em grande parte, de sua duração, da
taxa de fluxo sanguíneo, da taxa de fluxo do dialisado e
da área de superfície do dialisador.
As complicações mais comuns durante a hemodiálise
(agudas) são a hipotensão, as cãibras musculares, as
náuseas, vômitos, a cefaleia e a dor torácica. A remoção
excessiva de líquido constitui a causa mais frequente
de hipotensão, porém outras causas possíveis devem ser
pesquisadas se persistir após reposição de líquido:
sepse, isquemia miocárdica, tamponamento pericárdico,
arritmias ou sangramento ativo.
◊ Diálise peritoneal
Utiliza a própria membrana peritoneal do indivíduo
para remoção dos produtos de degradação e de líquidos.
Geralmente são infundidos na cavidade peritoneal
2 a 3L de solução do dialisado contendo eletrólitos em
279
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
6. Sugestão de Prescrição
H, 66a, HAS, DRC estágio 5, faz hemodiálise. Anorexia,
náuseas, vômitos e diarreia há 24h.PA: 150 x 90. U=260; Cr=
9,0.
1. Dieta com restrição de sal e restrição proteica leve (0,9g/
kg/dia).
Restrição de fosfato (800mg/dia) se hiperfosfatemia
2. Restrição hídrica
3. Enalapril 10mg – 01 comp, VO, 12/12h
4. Sulfato ferroso 300mg – 01 dg, VO, 3x/dia
5. Ácido fólico 5mg – 01 comp, VO, 1x/dia
6. Eritropoeitina Recobinante 4000U/frasco – 50-100U/kg,
SC, 3x/semana.
7. Carbonato de cálcio 500mg – 01 comp, VO, 1x/dia junto
às refeições (Se Osteodistrofia renal)
8. Calcitriol 0,25µg – 01 comp, VO, 1x/dia (se indicado)
9. Hemodiálise
10. Medir diurese
11. Sinais vitais de 6/6h
12. Cuidados gerais
280
Nefrologia
Bibliografia:
281
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
282
Nefrologia
2. Achados clínicos
O paciente pode apresentar-se assintomático. A cólica nefrética
é decorrente de sua mobilização ou da obstrução nas vias urinárias.
Os principais sítios anatômicos de obstrução são: na junção
ureteropélvica, no terço médio do ureter (cruzamento com os vasos
ilíacos internos) e na junção vesicoureteral.
Em geral, o local da obstrução determina a região da dor: se
em ureter proximal ou pelve renal, apresenta-se com dor em flanco;
se em ureter distal, pode apresentar dor irradiada para o ligamento
inguinal, testículos ou grandes lábios. A cólica típica caracteriza-se
em dor de forte intensidade, contínua, independente de posição
ou movimentação, acompanhada de náuseas, vômitos, sudorese,
taquicardia e hipertensão arterial.
Pode também apresentar: hematúria (em 90%), infecção urinária
(se pielonefrite, teremos Giordano positivo) Ao exame físico, a
manobra de Giordano geralmente é negativa ou levemente positiva.
Não há sinais de irritação peritoneal.
◊ Hemograma, EAS,
◊ Dosagens séricas de: cálcio, sódio, uréia, creatinina
◊ Dosagens urinárias de: cálcio, sódio, ácido úrico,
oxalato, citrato, creatinina (duas amostras em dias não
consecutivos)
◊ pH urinário após jejum de 12h
◊ Urocultura se: Sintomas de ITU, leucocitúria ou
bacteriúria importantes ou nitrito positivo.
• Específicos (paciente internado ou ambulatorialmente):
◊ PTH sérico
◊ Densitometria óssea
• Exames de Imagem:
◊ Radiografia e/ou Ultrassonografia de abdome.
Ou:
◊ Tomografia helicoidal de abdome e pelve sem contraste.
Ou:
◊ Urografia excretora.
OBS: cristais de ácido úrico são radiotransparentes, portanto
não são detectados no RX. Já a USG tem dificuldade em
detectar cálculos situados na parte média do ureter. No
entanto, quando complementamos a radiografia com uma
USG, garantimos uma sensibilidade quase equivalente á TC.
A urografia excretora está sendo cada vez menos utilizada,
por necessitar de contraste e ser um exame mais invasivo,
sendo, portanto, a TC helicoidal sem contraste o exame
ideal para conformação diagnóstica.
4. Tratamento
Objetivos:
284
Nefrologia
5. Sugestão de Prescrição
1. Dieta hipossódica e hipoprotéica
2. Acesso venoso
3. SF0,9% 500 ml IV 6/6h (Quantidade suficiente para
atingir diurese de 2l/dia)
4. Dipirona 1g 2mL + Hioscina 20mg 1mL + 17mL ABD
IV 6/6h
5. Metoclopramida 10mg 2mL + 50ml SF0,9% IV Se
náuseas ou vômitos
6. Tenoxicam 20mg 1FA + 20mL ABD IV até 8/8h
(cuidado com a função renal!)
7. Tramadol 100mg 1amp + 100mL SF 0,9% IV ACM
8. Controle de diurese
9. Sinais vitais 6/6h
OBS: recomenda-se ingestão líquida de aproximadamente
285
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
30mL/kg/dia
• Diuréticos tiazídicos em caso de hipercalciúria
• Inibidor da xantina-oxidase (alopurinol) em caso de
hiperuricosúria
• Citrato de potássio em caso de hipocitratúria,
hiperuricosúria, acidose tubular renal ou hipercalciúria
Bibliografia:
286
Nefrologia
Distúrbios Hidroeletrolíticos
Severino de Freitas Rêgo Neto
Marcelo Gallo
Carlos Bruno
1. Introdução
Os distúrbios hidroeletrolíticos são fatores comuns no quadro
clínico de pacientes gravemente enfermos, comprometendo as
funções fisiológicas e elevando a morbidade e mortalidade, caso
não sejam precocemente reconhecidos e devidamente tratados.
2. Distúrbios do Sódio
A natremia é o principal determinante da osmolaridade dos
fluidos corporais. A faixa de normalidade está entre 135-145
mmol/l.
Osmolaridade plasmática =
2x [Sódio] + [Glicose]/18 + [Ureia]/6
A Osmolaridade efetiva ou tonicidade é dado pela concentração
de solutos que não passam livremente pela membrana plasmática.
Como a ureia passa livremente entre membranas, sua concentração
é igual no meio intra e ex-tracelular.
Tonicidade = 2x [Sódio] + [Glicose]/18
Alterações da osmolaridade efetiva provocam oscilações no
volume das células, prejudicando, particularmente, a função do
neurônio.
Quadro Clínico
Encefalopatia Hipo-osmolar: Cefaléia, náuseas/vômitos,
câimbras musculares, agitação, desorientação, letargia, sonolência,
hiporreflexia, rigidez, tremor, nistagmo, ataxia, fasciculações,
distonias
Hiponatremia Aguda Grave (Na < 110-115 mEq/L):
287
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Tratamento
A correção rápida do sódio sérico para níveis superiores
a 130 mEq/L nas primeiras 48 horas de tratamento ou
sua elevação maior que 12 mEq/L em re-lação aos níveis
basais nas primeiras 24 horas relaciona-se com lesões
desmi-elinizantes do SNC, levando ao desenvolvimento
de paralisia pseudobulbar tardia (2 a 5 dias), quadriparesia
espástica, torpor e coma.
a) Hiponatremia sintomática
Reposição de sódio IV com solução salina a 3%
Primeiras 3 horas: elevar natremia em 3 mEq/L
Primeiras 24 horas: elevar a natremia em 12 mEq/L
• Homens: Déficit de sódio = 0,6 x Peso x variação de
sódio desejada
• Mulheres: Déficit de sódio = 0,5 x Peso x variação de
sódio desejada
• Volume de solução salina = Resultado obtido x
100/17 x 3
• Regra prática:
◊ Homem: 3,5 mL/Kg (3h) e 14 mL/Kg (24h) de NaCl
◊ Mulher: 3 mL/Kg (3h) e 12 mL/Kg (24h)
b) Hiponatremia assintomática
Hipovolêmica
Reposição volêmica com SF 0,9% até restaurar volemia
Hipervolêmica
Restrição hídrica (SG 5% 500-1000 mL/dia IV)
Furosemida 40 mg VO
Normovolemica
Dieta hiperssódica
Restrição hídrica (SG 5% 500-1000 mL/dia IV)
289
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Furosemida 40 mg VO
Tratamento
Reposição de Deficit de Agua livre + Perdas insensíveis (1500
ml) através de agua potável por cateter enteral
Objetivo: baixar a anatremia em 0,5 mEq/L/h (até 12 mEq/L
em 24 horas)
• Homem: Deficit de agua = 0,5 x Peso x (Na do paciente/
Na deseja-do -1)
• Mulher: Deficit de agua = 0,4 x Peso x (Na paciente/Na
desejado -1)
• Na desejado em 24h = Na do paciente -12
290
Nefrologia
3. Distúrbios do Potássio
O potássio é um cátion de extrema importância para a
fisiologia do organismo e se localiza, em sua maior parte, no
âmbito intracelular. A calemia deve ser finamente regulada para
que se mantenha numa faixa normal, entre 3,5 – 5,5 mEq/L.
Níveis discretamente inferiores ou superiores a estes já podem ter
implicações deletérias para a fisiologia do organismo.
A hipercalemia e hipocalemia podem alterar perigosamente
a eletrofisio-logia cardíaca, ao modificarem o potencial de
repouso, interferindo no automa-tismo, velocidade de condução
e refratariedade das fibras cardíacas, provo-cando taquiarritmias,
bradiarritmias e distúrbios de condução intracadíacos
3.1 Hipocalemia
Quadro Clínico
Fadiga, fraqueza muscular, distensão abdominal, íleo
metabólico, fraque-za dos músculos respiratórios (insuficiência
respiratória – hipoventilação – aci-dose)
Causas
Perda de K+ urinária (hiperaldosteronismo, alcalose), entrada
de K+ (insulina, adrenalina, beta 2 agonista)
ECG
Achatamento da onda T, onda U proeminente, onda P
apiculada e alta.
Tratamento
Reposição de K+, VO (via de escolha): 3-6g/dia
Reposição IV: Se hipocalemia grave (K+ < 2,8 mEq/L)
sintomarica com repercussão eletrocardiográfica
• Velocidade de infusão = 20-40 mEq/h (0,3 mEq/Kg/h)
• Concentração máxima = 40-60 mEq/L (2 ampolas de
KCl 10%/500 ml de soro).Correr 250 ml/h.
291
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
◊ Sorcal
◊ Furosemida
◊ Dialise
Sugestão de Prescrição
Paciente com 60 anos, 70 Kg, K+ 8,1 mEq/L, onda T
apiculada ao ECG
1. Dieta hipocalemica
2. Gluconato de sódio 10%, 1 ampola, IV lenta (ACM)
3. SG 10% 250 + 5 UI Insulina Regular (correr em 30min).
Repetir SN
4. Bicarbonato de sódio 8,4% 70 ml IV. Correr em 30 min
5. Nebulização com 5 ml de SF 0,9% + 10 gotas de
Fenoterol por 15min
6. Poliestirenossulfonato de cálcio (Sorcalº): um envelope
por via oral diluído em água ou manitol (200 ml a cada 8 h)
7. Furosemida, 1 ampola, IV (ACM)
8. Monitoração cardíaca contínua e ECG a cada 1 h até
queda de K+
4. Distúrbios do Cálcio
4.1. Hipocalcemia (Ca+ < 8,5 mEq/L ou 2,2 mM)
Em seu extremo, os pacientes podem apresentar-se com
quadro de hipe-rexcitabilidade neuromuscular grave e tetania.
Sugestão de Prescrição
Paciente com 70 Kg, Ca em 6.0 mg/dl, apresentando
parestesias e sinal de Trousseau.
1. Gluconato de cálcio 10%, 2 ampolas, IV lento
2. Gluconato de cálcio 10%, 3 ampolas, diluído em 250 ml
de SF 0,9% IV, em BIC de 35-70 ml/h
3. Dosar Ca++ 4/4h
293
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Monitoração cardíaca
4.2. Hipercalcemia (Ca > 10,5 mg/dL)
Regra para correção do cálcio total quando há valores
anormais de albumina:
Ca++ corrigido = Ca++ medido + [(4,0-albumina*)x 0,8]
*Albumina sérica em g/dL.
Em pacientes com hipoalbuminemia significativa e distúrbios
do equilíbrio acidobásico, é importante verificar o cálcio ionizado.
A hipercalcemia provém da alteração de mecanismos
homeostáticos que resultam em influxo de cálcio proveniente do
esqueleto, absorção de cálcio intestinal e diminuição do clearance
renal do cálcio.
Vários fatores influenciam a dosagem do cálcio sérico, entre
eles proteí-nas séricas, gamopatias monoclonais, desidratação,
distúrbios do equilíbrio acidobásico, modo de coleta, entre outros.
5. Sugestão de Prescrição
Paciente com 68 kg, Ca em 14 mg/dl, portador de
Mieloma Multiplo, apre-sentando sonolência.
1. Passar acesso central e medir pressão venosa central
2. SF 0,9% IV BIC 300 ml/h
3. Prednisona 60 mg, VO,1x/dia
4. Acido zoledronico 4 mg IV, diluído em 50 ml de SF
0,9%, infundir em 15 min.
5. Passar sondagem vesical de demora e controle de diurese.
294
Nefrologia
Bibliografia:
295
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
296
Nefrologia
Rabdomiólise
Raquel Bezerra
Judson Ferreira dos Santos Junior
Carlos Bruno
1. Introdução
É uma síndrome clínica e laboratorial aguda, potencialmente
fatal, que decorre da necrose da musculatura esquelética
provocando repercussões multissistêmicas. Os componentes
celulares liberados na circulação pela destruição muscular, quando
filtrados no glomérulo, podem levar a disfunção renal que exacerba
outras funções metabólicas.
A rabdomiólise é responsável por 5 a 7% dos casos de
IRA não traumática e por 25% de todos os casos de necrose
tubular aguda (NTA). 16,5 a 33% dos pacientes que apresentam
rabdomiólise podem desenvolver IRA, nesses casos, o prognóstico
é significativamente pior.
Agentes exógenos que podem ser tóxicos para o músculo,
especialmente álcool, drogas ilícitas e medicamentos como fibratos
e estatinas são causas, não traumáticas, comuns de rabdomiólise.
Outras causas frequentes são exercícios extenuantes, hipóxia
muscular, defeitos genéticos, infecções, alterações da temperatura
corporal como ocorre nos choques elétricos, além de desordens
metabólicas, hidroeletrolíticas e causas idiopáticas.
2. Achados clínicos
A primeira pista diagnóstica é a mioglobinúria (urina escura
pela presença do componente heme). Outros achados típicos são:
mialgia generalizada, hipersensibilidade local, edema, fraqueza
muscular e oligúria (IRA por NTA em 30 a 40% dos casos).
O paciente ainda pode apresentar febre, mal-estar, náuseas,
297
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
Baseia-se na prevenção da NTA e no rápido diagnóstico
e prevenção dos distúrbios eletrolíticos e acidobásicos. É
importante manter a diurese constante através de hidratação
vigorosa; alcalinizar a urina utilizando o bicarbonato de sódio para
manter PH urinário > 6,5, reduzindo a toxicidade da mioglobina e
impedindo a formação de cilindros; utilizar manitol para prevenir
obstrução tubular por mioglobina e neutralizar radicais livres. A
298
Nefrologia
diálise é indicada nos casos que evoluem com IRA grave e a diálise
de urgência nos casos de NTA oligúrica refratária.
5. Sugestão de prescrição
Caso: H, 40 anos, vítima de choque elétrico. Após 72
horas inicia quadro de dor muscular generalizada, fadiga e
redução do débito urinário. TGO=4248, TGP=2177, Ur=140,
Cr=4,8, CPK=1825, CKMB=60, LDH=6486.
1. Dieta hiperproteica e hipercalórica
(≥1,5g/Kg/dia de proteína para evitar desnutrição e
melhorar recuperação tecidual)
2. SF0,9% - 1500ml/h, EV, em 1 hora (até diurese de
200-300ml/h) – Avaliar FC, FR e ausculta respiratória
continuamente
(Depois reajustar visando um balanço hídrico diário +,
considerando perdas insensíveis de 750ml + 2000ml de
perdas insensíveis pelas queimaduras)
3. Bicarbonato de sódio 8,4% - 40 mL + 410 mL SF 0,9%
+ 50 mL manitol (Após atingido débito urinário de 200-
300 mL/h)
4. Gluconato de cálcio 10% - 10 ml, EV, em 10 minutos
(Nos casos de hipercalemia com alteração no ECG. Repetir
em até 10 a 15 minutos se persistência da hipercalemia.)
- Considerar hemodiálise nos casos de hipercalemia
refratária
5. Monitorização eletrocardiográfica contínua
6. Suporte dialítico caso evolua com oligúria/anúria
7. Sonda vesical de demora – Verificar e anotar diurese
299
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
300
Gastroenterologia
Diarréias Agudas
Patrick Vanttinny Vieira de Oliveira
Judson Ferreira dos Santos Junior
Carlos Bruno
1. Introdução
A diarreia aguda é uma alteração do hábito intestinal com
diminuição da consistência das fezes, geralmente com aumento da
frequência (três ou mais evacuações ao dia), aumento do volume
fecal e com duração inferior a duas semanas (geralmente, no
máximo 3 dias). As principais etiologias são as toxinas alimentares
e as infecções (90% dos casos), especialmente virais e tem como
a principal fonte de transmissão a ingestão de água e alimentos
contaminados.
Os vírus são os principais agentes (norovírus e rotavírus).
A etiologia bacteriana predomina quando consideramos os casos
mais graves. Em alguns casos, há efeito direto de toxinas bacterianas
na mucosa intestinal. Infecções por protozoários como giardíase
e amebíase devem ser suspeitadas quando a diarreia aguda dura
mais de 7 dias, especialmente quando há epidemiologia compatível
(cuidadores de crianças, viajantes e imunocomprometidos).
Doenças sistêmicas (diabetes, hipotireoidismo, insuficiência
adrenal), doenças abdominais (intolerância à lactose, doenças
celíaca, doença inflamatória intestinal, síndrome do intestino
irritável) e medicações (antibióticos, anti-inflamatórios, hipoglice-
miantes, digitálicos, hipolipemiantes, antidepressivos) também
podem ser causas de diarréia aguda.
2. Achados Clínicos
Em geral, o período de incubação é curto com surgimentos dos
sintomas em menos de uma semana da infecção. A investigação
301
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
consiste em:
• Duração da diarreia;
• Número de evacuações diárias e o volume fecal (diarreia
alta ou baixa);
• Presença de sangue ou muco nas fezes (sugere etiologia
bacteriana);
• Febre, dor abdominal, anorexia (sugere etiologia
bacteriana, exceto E. coli êntero-hemorrágica);
• Náuseas e vômitos (sugere etiologia viral ou toxinas
bacterianas);
• Hospitalização e antibioticoterapia prévia (C. difficile);
• Comorbidades (manifestações clínicas) e medicações
utilizadas (efeitos adversos);
• Viagens recentes e imunossupressão (etiologia protozoária
e helmíntica);
• História alimentar e quadro semelhante em pessoas de
contato próximo (surto);
• Além disso, deve-se pesquisar indícios de desidratação
como turgor cutâneo, ressecamento de mucosas e estado
hemodinâmico (sinais vitais e diurese).
4. Tratamento
O foco do tratamento deve ser de suporte.
• Hidratação: via de escolha é a oral com estímulo a
ingesta hídrica ou terapia de reposição oral (TRO). A via
parenteral (SF 0,9% 20mL/Kg, em 10 a 15 min. Repetir até
melhora clínica) deve ser escolhida em casos de hipotensão,
taquicardia, desidratação grave, falência da TRO após 8
horas e vômitos incontroláveis;
• Dieta: evitar jejum, bebidas alcoólicas e alimentos ricos
em lipídeos e cafeína. Alguns indivíduos apresentam
intolerância parcial e temporária à lactose; Se houver
náuseas ou vômitos associados, é prudente manter a
hidratação oral até melhora do quadro. Cereais ricos em sal
e vegetais de fácil digestão são recomendados em casos de
diarreia aquosa.
303
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
304
Gastroenterologia
5. Sugestão de Prescrição
Paciente do sexo masculino, 31 anos, 70 Kg, queixa-se
de disenteria volumosa com mais de 10 episódios por dia há
5 dias. Associação com vômitos e cólicas abdominais. Sem
comorbidades e sem uso de medicações recentemente. Febril
(38°C), desidratado (3+/4+), eupneico, PA 80x50, fc 120bpm.
1. Dieta hipolipídica
2. Soro Fisiológico 0,9% - 1500mL, IV, aberto, reavaliar em
seguida.
3. Metoclopramida 10mg/2mL – 1 amp, IV, no item 2, se
náuseas ou vômitos.
4. Escopolamina 20mg/mL – 1amp + 50mL ABD, IV, se
cólicas abdominais.
5. Dipirona 500mg/mL – 2mL + 08mL ABD, IV, até 6/6h,
se Tx >37,8°C.
6. Ciprofloxacino 500mg – 1 comprimido, VO , 12/12h
por 5 dias.
7. Medir diurese
8. Sinais Vitais 6/6h
9. Solicitar Hemograma, eletrólitos, função renal, PCR e/
ou VSH, pesquisa de leucócitos e sangue nas fezes.
Bibliografia:
306
Gastroenterologia
2. Achados Clínicos
Principal apresentação é o paciente com história de
hematêmese ou melena. Atentar para o fato de que, pode ocorrer
hematoquezia com fonte de sangramento no trato digestivo alto e
melena originária de sangramento no trato digestivo baixo.
Investigar ocorrência de episódios prévios de sangramento, uso
de álcool, história prévia de quadro dispéptico, passado de doença
ulcerosa péptica, bem como quadro consumptivo (emagrecimento
e queda do estado geral), ingestão de medicamentos (AINH), uso
308
Gastroenterologia
4. Tratamento
4.1 Estabilização clínica:
É a principal medida na urgência. Atentar para os achados
sugestivos de gravidade. Hipovolemia: ansiedade, torpor, síncope,
dispneia, sensação de extremidades frias e úmidas; sinais de choque:
pressão arterial sistólica <100 mmHg e frequência cardíaca > 100/
min; alterações hemodinâmicas ortostáticas: queda de 10 mmHg
ou mais na pressão sistólica e elevação > 15/min na frequência
cardíaca quando o paciente é mudado da posição supina para a
sentada.
a. Monitorização: monitor cardíaco, monitorização não
309
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
312
Gastroenterologia
5. Sugestão de prescrição
Caso 01: “H, 45a, 60 kg, hematêmese volumosa, PA 80x60
mmHg, pulsos finos e FC de 125 bpm”.
1. Dieta zero;
2. SF 0,9% 1000 ml IV na admissão (aberto);
3. Omeprazol 40mg 2FA + SF 0,9% 100 ml IV na
internação;
4. Omeprazol 40mg 2FA + SF 0,9% 250 ml IV em BIC a
10 ml/h;
5. Concentrado de hemácias 2 U IV gota a gota (manter
Hb>7 g/dL);
6. Plasma fresco congelado se INR>1,5;
7. Concentrado de plaquetas se plaquetas < 50.000;
8. Cateter nasal de oxigênio 2 l/min se dispneia;
9. Passar sonda nasogástrica e lavar com 250 ml de SF 0,9%
frio, até retorno claro;
10. Passar sonda vesical de demora;
11. Controle rigoroso da diurese;
12. Monitorização cardíaca;
13. Oxímetro de pulso;
14. PA não invasiva;
15. Endoscopia digestiva alta em menos de 24 h, se paciente
estiver hemodinamicamente estável.
Caso 02: “H, 50a, 80 kg, hematêmese significativa há
20 min, portador de cirrose hepática alcoólica, primeiro
episódio de sangramento. PA 100x60 mmHg, FC 110, sem
encefalopatia, ascite moderada.
Transferir para terapia intensiva, solicitar exames
laboratoriais (hemograma, função renal e hepática) e
endoscopia digestiva.
313
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
1. Jejum absoluto;
2. SF 0,9% 500 ml IV em 1 h;
3. Ceftriaxona 1g 1 FA + 50 ml de SF 0,9 % IV 12/12 h
(iniciar na internação)
4. Terlipressina 2mg IV a cada 4 h (iniciar na internação);
5. Aguarda endoscopia digestiva alta;
6. Aguarda exames laboratoriais;
7. Controle de diurese 24 h.
Bibliografia:
314
Gastroenterologia
Pancretite Aguda
Marina Ferreira Arruda Câmara
Carlos Bruno
Patrick Vanttinny Vieira de Oliveira
Letícia Oliveira Sousa
1. Introdução
Pancreatite aguda é uma condição inflamatória aguda do
pâncreas decorrente da autodigestão tecidual pelas próprias enzimas
pancreáticas, podendo envolver estruturas peripancreáticas e,
mesmo, órgãos à distância. O processo pode variar de uma forma
edematosa (pancreatite aguda edematosa ou intersticial) até a forma
necrosante (pancreatite aguda necrosante ou necro-hemorrágica).
A primeira acorre em cerca de 80 a 90% dos casos, cursa apenas
com edema do pâncreas, sem áreas extensas de necrose, de curso
autolimitado em 3 a 7 dias (no máximo, 2 semanas) e letalidade
em torno de 3% dos pacientes. A segunda ocorre em 5 a 10%
desenvolvendo necrose em parênquima pancreático, tecido
peripancreático ou ambos após 1 semana e possui letalidade de 17%.
As causas mais comuns são a litíase biliar (35-45%) e o álcool
(35%). Hipertrigliceridemia é responsável pela etiologia em 1,0 a
3,8% dos pacientes. Hiperparatireoidismo primário é causa rara,
menos de 0,5%. A forma idiopática representa cerca de 15-25%
dos casos. Outras causas são: trauma abdominal, infecção viral,
bacteriana ou fúngica, hereditária, fibrose cística, envenenamento
por escorpião, isquemia prolongada, infecções parasitárias, pâncreas
divisum, pâncreas anular, microlitíase biliar, disfunção do esfíncter
de Oddi, CPER (colangiopancreatografia endoscópica retrógrada),
fármacos (azatioprina, estrogênios, tiazídicos, furosemida, sulfas,
tetraciclinas, pentamidina, valproato, clonidina), vasculites, tumor
de pâncreas ou periampular e estenose ampular.
315
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
2. Achados Clínicos
Os principais sintomas são dor abdominal (95 a 100%),
náuseas e vômitos. A dor abdominal é aguda, em andar superior do
abdome, contínua e pode se localizar em mesogástrio, quadrante
superior direito, ser difusa ou, raramente, à esquerda. Em 50% dos
pacientes tem disposição em barra e irradiação para o dorso. A
progressão para a intensidade máxima é rápida (10 a 20 minutos),
mantendo-se por dias. Em cerca de 90%, vem acompanhada de
náuseas e vômitos. Os vômitos podem ser incoercíveis e, em geral,
não aliviam a dor. Inquietação, agitação e alívio da dor em posição
genupeitoral também podem ser notados.
Outros achados são: distensão abdominal por íleo paralítico,
redução ou ausência de ruídos, equimoses periumbilical (Sinal de
Cullen), em flancos (Sinal de Grey-Turner) - são indicativos de
pancreatite aguda necrohemorrágica - e em base de pênis (Sinal de
Fox), necrose gordurosa subcutânea (paniculite), ascite, icterícia,
febre, hemorragia digestiva, retinopatia de Purtscher, alucinação,
confusão mental (que indica encefalopatia pancreática), crises
convulsivas por distúrbios hemodinâmicos, alterações metabólicas
e hidroeletrolíticas, hipovolemia com taquicardia, hipotensão e
choque, atelectasia, derrame pleural, hipoxemia, SARA (Síndrome
de Angústia Respiratória do Adulto), insuficiência renal e SIRS
(Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica). Existe um espectro
de gravidade na pancreatite aguda, e os sinais acima podem estar
presentes em maior ou menor grau.
4. Tratamento
• Hidratação vigorosa: 5 a 10 mL/Kg/h de solução cristalóide
(SF 0,9% ou RS). Nos graves, 20 mL/Kg em 30 min seguido de 3
mL/Kg/h por 8 a 12 horas. Reavaliação em 6h. Avaliar hidratação
pelos sinais vitais, hematócrito e, principalmente, pela diurese e
função renal.
• Dieta oral zero: Na leve, reiniciar a dieta em geral com 3-5
dias, os melhores critérios para iniciarmos dieta são a melhora dad
or abdominal, o retorno da peristalse, a ausência de vômitos e o
paciente manifestar desejo de alimentar-se. Na moderada e grave
manter por períodos prolongados (superiores a quatro semanas),
iniciar dieta enteral inicialmente por sonda nasoenteral. Considerar
parenteral após 5 a 7 dias de insucesso da dieta.
• Analgesia (com opiáceos, sendo a Meperidina a droga de
escolha), monitorização cardíaca, oxímetro
• Sonda nasogástrica, se distensão abdominal e vômitos
incoercíveis.
319
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de Prescrição
Caso de pancreatite aguda edematosa leve, 70 Kg.
1. Dieta zero
(O paciente não deve receber dieta até que haja melhora
da dor, estabilização clinica e retorno dos movimentos
intestinais. Preferencialmente a dieta deve ser iniciada por
via enteral).
2. Ringer lactato 1.500ml IV em 2h
320
Gastroenterologia
4/4h
9. Imipenem 500mg 1FA + 100ml SF0,9% IV 8/8h por
14 dias
10. Omeprazol 20mg 1FA + diluente IV 1x/dia
11. Metoclopramida 10mg 1amp + 50ml SF0,9% IV 8/8h
12. Heparina profilática: HNF (Heparina Sódica) 5.000U
1amp SC 8/8h ou Enoxaparina 0,5mg/kg SC 12/12h
13. HGT 4/4h e Insulina conforme HGT
14. Glicose 50% - 02 ampolas, no soro, se HGT <70
15. Monitorização cardíaca + oxímetro
16. MV 50%, se dispneia ou SpO2 <92%
17. Controle do balanço hídrico rigoroso
18. Curva térmica e sinais vitais
Bibliografia:
Banks PA, Bollen TL, Dervenis C, Gooszen HG, Johnson CD, Sarr
MG, et al. Classification of acute pancreatitis - 2012: revision
of the Atlanta classification and definitions by international
consensus. Gut. 2013;62:102–111.
Vege SS. Etiology of acute pancreatitis. Uptodate.com, 2014.
Disponível em: http://www.uptodate.com.
Vege SS. Clinical manifestations and diagnosis of acute
pancreatitis. Uptodate.com, 2014. Disponível em: http://www.
uptodate.com.
Vege SS. Management of acute pancreatitis. Uptodate.com, 2014.
Disponível em: http://www.uptodate.com.
Martins HS, Neto RAB, Velasco IT. Medicina de emergência:
abordagem prática. 12. ed. Barueri: Manole; 2016.
322
Gastroenterologia
Ascite
Carmem Ciarlini Gazineo
Carlos Bruno
Geffty Soares Ferreira
1. Introdução
Ascite é o termo utilizado para definir o derrame patológico
de líquido na cavidade peritoneal, sendo a complicação mais
frequente da hipertensão portal da cirrose, responsável por cerca
de 80% dos casos. Diversas são as causas de ascite, dentre elas
podemos citar: câncer metastático (10%), insuficiência cardíaca
- IC (3%), tuberculose peritoneal (2%), pancreatite (1%), IRC
dialítica (1%), as demais causas perfazem apenas 2% dos casos e
5% dos pacientes apresentam duas causas associadas.
2. Achados Clínicos:
Pesquisar fatores de risco para doença hepática, doenças
prévias como tuberculose, IC e câncer metastático, doenças
autoimune extra-hepática. Como a principal causa de ascite é
a hipertensão por cirrose hepática, faz-se necessário a busca de
sinais sugestivos de doença hepática crônica.
Na ascite volumosa o abdome encontra-se globoso podendo
apresentar aplanação ou até mesmo eversão da cicatriz umbilical.
O sinal de piparote é positivo nos casos em que o volume é
superior a 5 litros, podendo ser negativo se houver grande tensão
na parede abdominal.
Nas ascites de médio volume os semi círculos de Skoda
auxiliam no diagnóstico, sendo positivo em volume entre 1 a 3
litros.
Na ascite não volumosa o abdome pode se apresentar na forma
de avental (cai sobre o púbis) ou em batráquio (alarga-se para os
323
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
A abordagem terapêutica depende, basicamente, da causa da
ascite e dos sintomas provocados por ela. Na ascite por hipertensão
portal (GASA > 1,1g/dl), principal causa, o tratamento envolve
repouso, restrição de sal (4 a 6g de sal/dia ou 2g de sódio/dia),
controle de perda ponderal diária após terapia diurética (até 0,5kg/
dia nos paciente sem edema de MMII, e até 1kg/dia nos que
apresentam edema).
A hidratação venosa desses pacientes com solução salina 0,9%
deve ser feita de forma judiciosa e, se possível, evitá-la uma vez que
causa tendência a aumentar a ascite e a promover edema. Deve ser
dada a preferência pela hidratação oral.
Os diuréticos de escolha são a Espironolactona 100 a 400mg/
dia juntamente com Furosemida 40mg a 160mg/dia, mantendo-
se a relação de Espironolactona 100mg/Furosemida 40mg. Os
diuréticos são contra-indicados nos casos em que a encefalopatia
hepática está associada.
Outras modalidades de tratamento podem ser necessárias
como paracentese de alívio, octreotide, TIPS (Derivação intra-
hepática transjugular), shunt-peritoneo-venoso, cirurgia de
derivação portossistemica e transplante hepático. A TIPS é usada
em pacientes que exigem paracentese frequente e naqueles que são
intolerantes a paracentese de grande volume.
326
Gastroenterologia
5. Sugestão de prescrição
Caso: Paciente com 55 anos, 70kg, com queixa de
aumento de volume e desconforto abdominal, portador de
cirrose hepática. Ao exame físco: sem sinais de encefalopatia
e presença de ascite moderada.
Conduta: realizar paracentese diagnóstica e solicitar exames
laboratoriais. Prescrição:
1. Dieta hipossódica (2g sódio/dia), restringir água apenas
se hiponatremia dilucional.
2. Controle de diurese 24h.
3. Peso diário.
Se Nau/Ku < 1, iniciar diuréticos. Na impossibilidade
de realizar essa dosagem, após excluir complicações é
recomendado o início da terapia diurética empírica.
4. Espironolactona100mg – 01comp, VO, pela manhã.
5. Furosemida40mg – 01comp, VO, pela manhã.
Em caso de ascite tensa recomenda-se paracentese associada
à terapia com diuréticos. Se a retirada for de 6 litros, por
exemplo, infundir albumina (6L de ascite retirados x 8g de
albumina/litro de ascite = 48g de albumina).
6. Albumina humana 20% - 05 FA (50g), IV. ( 01 FA contem
10 g de Albumina)
Bibliografia:
328
Gastroenterologia
2. Achados Clínicos
O quadro clínico costuma ser inespecífico. Geralmente
cerca de 10 a 30% dos casos são assintomáticos no momento
do diagnóstico. Frequentemente, a PBE apresenta-se através
do agravamento da função renal ou do início de encefalopatia
hepática. Assim, sempre que houver deterioração clínica de um
cirrótico com ascite a paracentese diagnóstica é recomendada.
Quando presentes, os sintomas mais comuns são: febre
329
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
Instituído o diagnóstico de PBE pela presença de ≥250/mm³
de polimorfonucleares na ascite, o tratamento se dá através do
suporte clínico, antibioticoterapia empírica e albumina (em casos
especiais). A droga de escolha são as cefalosporinas de 3ª geração,
tem duração de 5 dias e não há necessidade de paracentese de
controle após 48 h, exceto em pacientes que não melhoram com o
tratamento ou pioram apesar do tratamento.
Sugestão de tratamento de acordo com a classificação:
a. PBE clássica: tratar com antibiótico e albumina;
b. Ascite neutrocítica: tratar com antibiótico e albumina;
c. Bacteriascite: repetir a paracentese. Tratar com antibiótico
se a nova contagem de PMN for > 250/mm3;
d. Peritonite bacteriana secundária (PBS): tratar como
331
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
Caso: “H, 50a, queixa de icterícia, aumento do volume
abdominal e desconforto abdominal, portador de cirrose
hepática, ascite há 6 meses. Ao exame:encefalopatia grau II,
ascite moderada e doloroso à palpação.
Solicitados exames laboratoriais e paracentese diagnóstica.
BD: 6,4 mg/dl, GASA em 1,5, 270/mm3 PMN no líquido ascítico
e PT 0,9 g/dl.
1. Dieta hipossódica (2g sal/dia) + líquido à vontade;
2. Cefotaxima 1 g 2 FA + 100 ml SF 0,9% IV 8/8 h (correr
em 30 minutos);
3. Albumina humana 20% 7 FA (70 g) IV imediatamente;
4. Controle de diurese 24 h;
5. Aguarda o resultado da cultura do líquido ascítico;
6. Peso diário.
Bibliografia:
333
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
334
Neurologia
alterações de neuroimagem.
Os déficits neurológicos, tanto no AIT como no AVCi,
dependem do território vascular acometido, como mostrado na
tabela abaixo.
TERRITÓRIO CAROTÍDEO
TERRITÓRIO VERTEBROBASILAR
4. Tratamento
AVCi
Medidas de Suporte Clínico:
1. Idealmente, o paciente deve ser encaminhado a unidade
hospitalar especializada em AVC por apresentarem
melhores resultados
2. A dieta deve ser iniciada nas primeiras 48h. Pode-se fazer
jejum nas primeiras 24h, pela possibilidade de vômitos e
aspiração, em especial em paciente com rebaixamento do
nível de consciência;
3. Manter hidratação adequada, evitar hiper-hidratação e
soro glicosado;
4. Monitorar a natremia diariamente;
5. Correção distúrbios metabólicos: manter a glicemia
entre 140 a 180 mg/dl, a hiperglicemia aumenta o risco de
transformação hemorrágica em pacientes submetidos ao
trombolítico, enquanto a hipoglicemia compromete a área
de penumbra isquêmica;
6. Fisioterapia motora e respiratória logo após estabilização
clínica;
7. Profilaxia de complicações não neurológicas, como
infecção urinária, pulmonar, úlceras de decúbito, trombose
venosa profunda e tromboembolismo pulmonar;
a. Profilaxia para tromboembolismo venoso (TEV):
Para pacientes com restrição de mobilidade, deve ser
feita com compressão pneumática intermitente (CPI)
339
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
• História pregressa:
AVCi ou trauma craniano severo nos últimos 3 meses
AVCh prévio
Neoplasia intracraniana intra-axial
Neoplasia gastrointestinal ou hemorragia nos últimos 21 dias
Cirurgia intracraniana ou intraespinhal nos últimos 3 meses
• Clínica:
Sintomas sugestivos de hemorragia subaracnoide
Pressão arterial persistentemente elevada (PAS ≥ 185mmHg ou PAD ≥ 110mmHg)
Sangramento interno ativo
Apresentação consistente com endocardite infecciosa
AVC com conhecida ou suspeita associação com dissecção de arco de aorta
Diátese hemorrágica aguda, incluindo condições hematológicas
• Hematológico:
Plaquetopenia < 100000/mm³
Uso atual de anticoagulante com INR > 1,7 ou TP > 15 segundos ou TTPA > 40 segundos
Uso de dose terapêutica de HBPM dentro de 24 horas
Uso atual de inibitor de trombina ou de inibidor direto do fator Xa com evidência de efeitos anticoaguntes por
coagulograma
• TC de crânio
Evidencia de hemorragia
Regiões extensas de óbvia hipodensidade consistente com injúria irreversível
AVCh
Em geral, o tratamento do AVCh é de suporte e tratamento
das complicações neurológicas que por ventura aconteçam, como
ressangramento, vasoespasmo, hidrocefalia e convulsões.
342
Neurologia
5. Sugestão de prescrição
Caso 1. “F, 64a, com hemiparesia esquerda há 6 horas.
PA 160X120 mmHg. TC sem sinais de hemorragia cerebral”
1. Dieta zero nas primeiras 24h
2. Ringer Simples – 1.000ml IV (14 gts/ min)
3. (D1/1) AAS 100mg 3 comp. VO 24/24h
4. Enoxoparina 40mg/0,4ml – 1 amp, SC, 24/24h
5. HGT 6/6h (manter entre 140-180mg/dl)
6. Insulina regular conforme HGT
7. Glicose 50% 500mg/ml - 4 amp, IV, se HGT < 70mg/dl
8. Dipirona 500mg/ml – 2 amp + 08ml ABD, IV, 6/6h, se
dor ou Tax ≥ 37,8°C
9. Metoclopramida 10mg/2ml – 1 amp + 08ml ABD, 8/8h,
se náuseas/vômitos
10. Metoprolol 1 mg/ml – 1amp, IV em 2-3 minutos se
PAD entre 120 -140mmHg ou se PAS > 220 mmHg.
Repetir a cada 10-20 minutos (máximo 20mg), ACM.
11. Nitroprussiato de sódio 50mg/2ml – 1 amp + 248 ml
de SG 5% iniciar 10ml/h (titular a dose para redução de no
máx 15% da PAD), ACM
12. Compressão pneumática intermitente
13. Mudança de decúbito 2/2h
14. Passar SVD e anotar débito urinário
15. Decúbito dorsal com cabeceira elevada a ≤ 15°
16. Temperatura axilar de 4/4h (curva térmica)
17. Solicitar natremia a cada 24h
18. Avaliação neurológica de 6/6h no primeiro dia
Caso 2. “M, 45a, 70kg, sem antecedentes patológicos,
apresenta cefaleia súbita, de forte intensidade, acompanhada
de náuseas, vômitos e rebaixamento do nível de consciência,
343
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
prophylaxis&search=acidente%20vascular%20cerebral%20
avc&topicRef=1126&anchor=H6&source=see_link#H6.
346
Neurologia
Crises Epiléticas
Eduardo Freire
Clarice Matias de Medeiros
Carlos Bruno
1. Introdução
Crise epiléptica é um evento paroxístico decorrente de
atividade neuronal excessiva anormal e sincrônica no cérebro.
Pode se apresentar sob diversos contextos:
• Crise: ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas de
etiologia desconhecida ou que em virtude de uma lesão
cerebral preexistente ou distúrbio progressivo do sistema
nervoso;
• Crise Provocada: crise decorrente de uma causa imediata
identificada;
• Epilepsia: doença crônica caracterizada pela predis-
posição persistente a crises epilépticas espontâneas, sendo
necessário a ocorrência de pelo menos duas crises;
• Estado de Mal Epiléptico (EME): ocorrência de crise
única ou crises repetidas sem recuperação do nível de
consciência por período superior a 30 minutos. No entanto,
do ponto de vista prático, é reconhecida a necessidade de se
iniciar o tratamento específico antes desse tempo.
2. Achados Clínicos
Na história, é necessário caracterizar o evento: sintomas
iniciais e sequência em que estes ocorrem, fatores desencadeantes,
comprometimento do nível de consciência, duração e alterações
pós-ictais. A descarga neuronal pode gerar sintomas motores,
sensoriais, autonômicos e cognitivas. A classificação das crises
epiléticas pode ser visualizada na tabela abaixo.
347
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Lesões Estruturais do SNC: aneurisma, mal formação arteriovenosa, tumores primários ou metastáticos, doenças
degenerativas ou doenças congênitas
4. Tratamento
Na emergência, a maioria dos pacientes chega após a crise
ter cessado, em razão de a duração habitual ser de 2 a 3 minutos.
Entretanto, quando há sinais de persistência da atividade epiléptica,
a prioridade inicial é realizar manobras de suporte avançado de
vida: verificar permeabilidade de vias aéreas, administrar oxigênio,
monitorização cardíaca e estabelecer acesso venoso periférico. O
paciente deve ser colocado em posição semipronada com a cabeça
de lado para evitar aspiração. A conduta farmacológica é reservada
para casos selecionados, uma vez que a grande maioria dos eventos
é autolimitada.
Nas crises agudas sintomáticas, os agentes antiepilépticos em
geral são pouco eficazes. Nesses casos, o melhor tratamento é a
correção da causa base.
349
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
“Homem, 21 anos, 70kg, história de epilepsia com má-
adesão ao tratamento, com quadro convulsões tônico-
clônicas generalizadas reentrantes”:
1. Dieta oral zero
2. SF 0,9% 2000mL, EV, 28gts/min
3. Glicose 50% - 5 ampolas em cada SF0,9%
4. Diazepam 10mg/1mL + 4mL sangue aspirado (con-
centração: 2mg/mL) - 1 ampola, EV, 1mL/minuto
5. Fenitoína 250mg/5mL – 5 ampolas + 100mL SF0,9%
(concentração: 10mg/mL), em BIC, até 300ml/h
6. Fenitoína 250mg/5mL – 2 ampolas + 40mL SF0,9%
(concentração 10mg/mL), em BIC, até 300mL/h, se crise
350
Neurologia
refratária, ACM
7. Fenobarbital 200mg/2mL – 5 ampolas + 90mL SF0,9¨%
(concentração 10mg/mL), em BIC, até 450mL/h, se crise
refratária, ACM
8. Midazolam (50mg/10mL) – 3 ampolas + 120mL SF0,9%
(concentração: 1mg/mL), em BIC, bolus de 14mL+
manutenção em BIC, até 28mL/min, se crise refratária,
ACM
9. Glicemia Capilar 6/6h
10. Monitorização contínua
11. MV O2 50%, ACM
12. Cabeceira elevada 30º
13. Sinais Vitais 6/6h
Bibliografia:
351
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
352
Neurologia
Cefaléias
Eduardo Freire
Carlos Bruno
1. Introdução
Cefaleia é uma das queixas mais frequentes na pratica clínica.
Estima-se que 2% a 4% de todas em consultas em pronto-socorro
(PS) se devam à cefaleia. Apenas 5% revelam-se ser um processo
potencialmente maligno e que necessita de tratamento específico.
2. Achados Clínicos
a) Primárias: a cefaleia constitui a própria doença. Dentre
elas, destacam-se seus critérios diagnósticos (ex.: migrânea,
cefaleia tensional e em salvas):
Migrânea
A. Pelo menos 5 crises preenchendo critérios B-D.
B. Crise de cefaleia durando 4 a 72 horas (não tratada ou
tratada sem sucesso).
C. Cefaleia tem no mínimo duas da seguintes características:
1. Localização unilateral.
2. Qualidade pulsátil.
3. Intensidade moderada ou forte (limitando ou
impedindo atividades diárias).
4. Agravamento por subir degraus ou atividade física
semelhante de rotina (ou o paciente evita realizar as
funções habituais).
D. Durante a cefaleia há no mínimo um dos seguintes
sintomas:
5. Náuseas e/ou vômitos.
6. Fotofobia e fonofobia.
E. Não há causa secundária atribuível à cefaleia:
353
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Cefaleia súbita, forte intensidade Trombose de seios venosos Fase venosa da angiorressonância
e descartada HSA; presença de
trombofilia
4. Tratamento
356
Neurologia
A. Triptanos
Específicos para o tratamento da dor na migrânea. As
principais contraindicações são: gravidez, doenças coronarianas,
insuficiência vascular periférica e hipertensão arterial grave.
• Sumatriptano:
◊ Subcutâneo: 6 a 12 mg/dia.
◊ Oral: 50 a 200 mg/dia.
◊ Nasal: 10 a 40 mg/dia.
• Zolmitriptano: 2,5 a 5 mg/dia VO.
• Rizatriptano: 5 a 10 mg/dia VO.
• Naratriptano: 2,5 a 5 mg/dia VO.
• Eletriptano: 40 a 80 mg/dia VO.
B. Analgésicos não anti-inflamatórios
Nesse grupo, damos preferência à dipirona IV, 1 a 2 g
intravenosa; pode-se usar via oral, em gotas ou comprimidos,
na mesma dose. O nível de evidência para o uso de dipirona é
muito ruim, devido à ausência de sua administração em países de
primeiro mundo.
C. Metoclopramida
Em caso de associação entre migrânea e vômito, o uso da
metoclopramida pode ser útil para alívio do desconforto. Sua dose
é de 10 mg, com apresentações parenterais (IM/IV) ou 4 mg/ml,
na via oral. Entretanto, a administração IV deve ser lenta, podendo
desencadear reações extrapiramidais agudas.
D. Anti-inflamatórios não hormonais (AINHs)
Muitos AINHs apresentam boa efetividade na migrânea,
atuando na redução da inflamação perivascular. Podem ser usados
por via oral, IM ou IV.
• Naproxeno: 250 a 500 mg VO, 8/8h a 12/12h.
• Ibuprofeno: 600 a 1200 mg, VO, 8/8h a 12/12h
357
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
• Diclofenaco:
◊ Via oral: 50 mg; de 8/8h.
◊ Intramuscular: 75 mg; de 12/12h.
◊ Não deve ser usado por via intravenosa.
• Cetoprofeno: 100 mg IM ou IV, 12/12h.
• Tenoxicam: 20 a 40 mg IV ou IM; uma vez ao dia.
Deve-se evitar o seu uso em hipertensos e idosos.
E. Corticosteroides
Dexametasona, IV, na dosagem de 4 a 10 mg, também é útil
na crise aguda da migrânea. Quando falamos no estado de mal
migranoso, passa a ser quase mandatório seu uso. Sua utilização
deve ser associada a outros analgésicos, a exemplo da dipirona e/
ou metoclopramida.
F. Ergotamínicos
Associada a risco aumentado de indução de cefaleia de rebote,
abuso de analgésicos e piora dos vômitos.
G. Opioides
Não há recomendação de uso rotineiro, apesar de sua eficiência,
em virtude da possibilidade de dependência. Na migrânea, seu uso
se retringe a situações muito especiais, quando outras medidas
tiverem falhado ou por intolerância ou contraindicação aos
medicamentos acima citados.
• Tramadol:50 a 100 mg IV,IM ou VO, até de 6/6h.
• Codeína: 30 a 60 mg, VO, até de 4/4h.
• Oxicodona: 10 a 20 mg, VO, de 12/12h.
5. Sugestão de prescrição
Caso 1: paciente KV, sexo feminino, 25a, refere cefaleia
unilateral, pulsátil, de intensidade forte, associada a vômitos.
Possui diagnóstico prévio de “enxaqueca”.
358
Neurologia
Bibliografia:
359
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
360
Neurologia
Hipertensão Intracraniana
Frankswell Mackson Soares de Moura
Jéssica Maria Sousa de Oliveira
Carlos Bruno
1. Introdução
O volume dentro do crânio é fixo, então qualquer aumento
no conteúdo pode levar a hipertensão intracraniana (HIC). Isso
pode significar efeito de massa, edema ou obstrução da circulação
liquórica. A pressão intracraniana (PIC) normal em adultos é de <
15mmHg. Entre as possíveis causas, podemos elencar:
• Tumores primários ou metastáticos
• Trauma cranioencefálico
• Hemorragia intracraniana
• Infecção (meningite, encefalite, abscesso cerebral)
• Hidrocefalia
• Edema cerebral
• Estado epiléptico
2. Achados Clínicos
• Cefaleia progressiva;
• Vômitos;
• Rebaixamento do nível de consciência;
• História de trauma;
• Diminuição da frequência cardíaca e elevação da pressão
arterial (reflexo de Cushing);
• Respiração de Cheyne-Stokes;
• Anisocoria;
• Diminuição da acuidade visual;
• Papiledema.
361
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
O objetivo do tratamento é diminuir a PIC e prevenir
lesão secundária. É necessária neurocirurgia de urgência para
tratamento definitivo da HIC ocasionada por causas focais (em
geral, hematomas), o que acontece via craniotomia ou trepanação.
Além disso, a monitoração da PIC pode ser necessária. A cirurgia
é geralmente desnecessária após lesões isquêmica ou anóxicas.
O manejo imediato no pronto-socorro inclui sequencialmente:
• Suporte clínico: realizar monitorização, prover oxigênio e
disponibilizar um acesso venoso de grosso calibre.
• Corrigir hipotensão, mantendo PAM > 90mmHg e tratar
convulsões.
• História e exame físico breves, tentando buscar pistar que
indiquem a etiologia (rash meningocócico, neoplasia prévia
etc).
• Elevar a cabeceira do leito a 30-40°.
• O recomendado seria manter uma PC02 entre 30 e 35 mmHg.
• Manter normotermia.
• Agentes osmóticos (em geral, manitol) podem ser úteis
temporariamente, mas podem levar a elevação da PIC após
362
Neurologia
5. Sugestão de prescrição
Vejam esse exemplo de paciente que chega ao pronto-socorro
após trauma cranioencefálico:
“Paciente do sexo masculino, 30 anos, 70 kg, vítima de
acidente automobilístico, apresentando vômitos, convulsões
tonico-clônicas, anisocoria, FC = 50 bpm e TA = 200 x 110
mmHg”
1. Dieta via sonda nasoenteral.
2. SF 0,9% - 1500 ml, IV, 21 gotas/min.
3. Glicose hipertônica 50% - 5 ampolas em cada frasco do
item 2.
4. Midazolam (5mg/mL) 40mL + SG 5% 60ml. Administrar
1,5mg/kg/min em BI.
5. Difenilhidantoína (50 mg/mL) 1000mg, diluído (dose de
363
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
Síndrome de Guillain-Barré
Anna Julia Lacerda Raposo
Clara Palhano
Carlos Bruno
1. Introdução
É uma polirradiculoneuropatia inflamatória aguda, autolimitada
e desmielinizante. Acredita-se que sua etiologia provenha de uma
resposta imune contra uma infecção prévia devido reação cruzada.
Em 66% dos casos é possível identificar uma infecção prévia, de
origem gripal ou gastroenteral, sendo o principal agente associado
o Campylobacter jejuni. Outros desencadeadores: Mycoplasma,
Epstein-Barr, Citomegalovírus, HTLV, HIV, Zika vírus e diversos
outros vírus respiratórios.
2. Achados clínicos:
A Síndrome de Guillain-Barré (SBG) apresenta-se com
fraqueza muscular flácida, simétrica e com arreflexia, que inicia
distalmente e ascende progressivamente, iniciando nos membros
inferiores, e evoluindo para os membros superiores e face. O
tempo de instalação desses sintomas é variável, podendo evoluir
de forma aguda ou hiperaguda. Em até metade dos casos podemos
encontrar disfagia, disartria, disfonia e paralisia facial periférica
(caso seja bilateral, é denominada de diplegia facial, devido ao
acometimento do VII par craniano). Outros nervos cranianos
podem ser atingidos – a fraqueza da musculatura oculomotora, por
exemplo, ocorre em 15% dos pacientes. Em 10% a 30% dos casos
pode haver comprometimento da musculatura diafragmática,
com risco de insuficiência respiratória. Em 70% dos pacientes há
manifestação de disautonomia (taquicardia sinusal, bradicardia,
eritema facial, hipotensão e hipertensão flutuantes). Em 15% dos
365
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento:
a) Plasmaférese: Consiste em retirar o plasma do paciente e
substituí-lo por solução salina com albumina. São realizadas
quatro a seis sessões em dias alternados, trocando-se ao
todo aproximadamente 250mL/kg de plasma.
b) Imunoglobulina intravenosa (dose de 400mg/kg/dia
durante cinco dias)
O tratamento com imunoglobulina humana intravenosa ou
plasmaférese é considerado modificador da doença, e deve ser
instituído nos pacientes com incapacidade de deambulação ou
caso não esteja obtendo melhora após quatro semanas do início
366
Neurologia
5. Sugestão de prescrição:
Caso: Paciente com 40 anos, 70 kg, apresentando-se no
primeiro dia de SGB.
1. Dieta leve, pastosa, com cabeceira a 60°
2. Acesso venoso
3. Imunoglobulina humana 5g/100ml – 6FA + SF 0,9%
400 ml, IV, em BIC por 6h (D1/D5)
4. Ranitidina 150mg – 1comp, VO, 12/12 h
5. Heparina 5.000UI – 1amp, SC, 12/12 h
6. Monitor cardíaco
367
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
368
Neurologia
2. Achados clínicos:
A dor é o sintoma mais freqüente estando presente em mais de
95% dos pacientes, e antecede os achados neurológicos da doença
em média de 1-2 meses. Tem caráter progressivo e mecânico,
piorando com a manobra de Valsalva e com o movimento. Embora
a dor lombar seja um indicador muito sensível para compressão
medular de origem neoplásica, ela carece de especificidade quanto
ao local da lesão.
A fraqueza, localizada principalmente em membros inferiores,
é o segundo sintoma mais freqüente, em aproximadamente 75%
dos casos, podendo surgir gradualmente ou de forma aguda,
quando ocorre falência vascular grave, o chamado choque
medular. Inicialmente a musculatura proximal é a mais afetada e,
com a evolução, a musculatura distal também é comprometida.
Adeambulação fica muito prejudicada, e a flacidez e a arreflexia
inicial são substituídas pela plegia em flexão. As alterações
sensoriais podem ocorrer em seguida, em torno de 50% dos
casos, manifestando-se como parestesias ou hipoestesias, que se
iniciam nos pés e podem subir até chegar ao nível afetado. As
disfunções autonômicas e as paralisias são os sinais da última etapa
da síndrome. O diagnóstico se baseia na história, e nos achados
clínicos e neurológicos presentes, que indicam o nível medular
afetado.
4. Tratamento
O diagnóstico precoce é de grande importância, pois se associa
a um me-lhor prognóstico neurológico e melhor qualidade de vida.
Embora a compressão medular seja freqüentemente de instalação
insidiosa deve ser tratada como uma emergência. As metas do
tratamento são: Tratar a dor; Preservar a função neurológica;
Controlar o crescimento tumoral e Estabilizar a coluna. A droga
de escolha é a dexametasona, na dose inicial de 10-20mg IV em
bolus. Durante as próximas 48h manter a dose de 4-8mg a cada
6h e posteriormente a mesma dose é usada via oral. Manter esta
dose durante o tratamento radioterápico, reduzindo progressi-
vamente após o seu término. De maneira geral, recomenda-se
que o corticóide seja prescrito imediatamente, e a associação
de radioterapia e cirurgia é a melhor opção terapêutica. É
recomendado associar um inibidor da bomba de prótons, as-sim
como o controle dos níveis de glicemia, da pressão arterial e dos
eletrólitos no sangue
A radioterapia tem um papel central no tratamento da
compressão medular maligna. Realizada junto com a administração
da dexametasona apresenta os se-guintes resultados: descomprime
o tecido nervoso por citorredução tumoral, diminui o déficit
371
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
Caso: 60 kg, câncer de mama metastático para osso com
dorsalgia e discreto déficit motor em membros inferiores
(força muscular grau IV). RNM de coluna em emergência
evidenciou implantes secundários em toda a coluna com
colapso de T10 e com pressão do saco dural nesse nível. Em
uso de dipirona e tramadol 100 mg a cada 6h.
1. Dieta laxativa VO
2. Dexametasona(Decadron) 4mg/ml 2,5ml + 17ml ABD
IV em bolus
3. Dexametasona(Decadron) 4mg/ml 1,0ml + 19 ml ABD
IV 6/6h
4. Dipirona 500ml/ml 40 gotas VO 6/ 6h
5. Morfina(Dimorf) 10 mg 1com VO 4/4h
6. Omeprazol 20 mg VO em jejum
7. Enoxaparina(Clexane) 40mg 1amp SC à noite.
8. Óleo mineral 10 ml VO 12/12h
9. Fisioterapia (avaliar confecção de colete rígido)
10. Sinais vitais + cuidados gerais
11. Solicitar avaliação do serviço de radioterapia e
neurocirurgia.
372
Neurologia
Bibliografia:
373
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
374
Psiquiatria
2. Achados clínicos
Os sinais e sintomas variam em intensidade e em gravidade.
Em média podem surgir de 5 a 10 horas após a última dose,
desaparecendo entre 4 a 14 dias. As manifestações clínicas mais
comuns são insônia, agitação, ansiedade, alteração do humor
(irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia,
hipertensão arterial, febre, entre outros. Podem ocorrer, ainda,
complicações como alucinose alcoólica (alucinações sem
tremor), delirium tremens (DT), convulsões (nos primeiros 3 dias),
e encefalopatia de Wernicke. Alguns fatores estão associados
ao desenvolvimento dessas complicações, funcionando como
preditores de gravidade da SAA, nesse sentido ganham destaque
375
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
Baseia-se em medidas farmacológicas e não farmacológicas,
cujos objetivos gerais são:
• Fornecer suporte clínico – hidratação, correção dos
distúrbios eletrolíticos e da hipóxia;
• Manter paciente em lugar confortável, seguro e calmo.
376
Psiquiatria
5. Sugestão de prescrição
“H., 49a, etanolista de longa data, em abstinência há
2 dias, há 24 horas vem agitado, com tremores, sudorese e
vômitos, há poucas horas tornou-se confuso e desorientado”
1. Dieta zero
2. SF 0,9% 500ml
SG 5% 500ml } IV 6/6 h
KCL 19,1% 10ml
3. Tiamina 100mg - 3 ampolas + SF 0,9% 250ml IV
4.Diazepam 10mg - 1 ampola, IV em 4 minutos (ACM, se
convulsões ou recusa da via oral)
5.Diazepam 10 mg - 1 com, VO até de 1/1h (máx. 70 mg/dia)
6.Ranitidina 50mg - 1ampola + 10ml ABD IV
7. HGT 4/4 h. Insulina regular SC, conforme glicemia capilar
8. Glicose 50% - 3 ampolas IV se glicemia capilar < 70
9. Repouso no leito / conter paciente se agitação
10. Monitorização contínua
11. Sinais vitais de 6/6 horas e cuidados gerais
12. Parecer da psiquiatria
13. Exames complementares de rotina
377
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
378
Psiquiatria
Transtorno Somatoforme
Eduardo Freire
Clitson Sousa
Carlos Bruno
Filipe Teodoro
1. Introdução
Os transtornos somatoformes têm em comum a produção
inconsciente de sintomas físicos para os quais não se encontra
uma base orgânica após a investigação através de exame físico ou
exames laboratoriais. Os sintomas causam ao paciente sofrimento
significativo e prejuízo do funcionamento social e ocupacional.
É um transtorno crônico, flutuante, mais frequente em mulheres
e não deixa sequelas. Pode estar associado a comorbidades
psiquiátricas.
2. Achados clínicos
São mais frequentes sintomas recorrentes em quatro
sistemas: gastrointestinal (disfagia, náuseas diarreia, constipação),
geniturinário (disúria), neurológico (tremor, sensação de desmaio,
dormência, cefaleia inespecífica) e dor (dor na ausência de
correlato neurológico), além de sistema respiratório (dispneia
“suspirosa”) e cardiocirculatório (palpitações, dor torácica).
O exame físico é normal e as manobras semiológicas ajudam a
descartar doenças potencialmente graves.
3. Diagnóstico
Vale lembrar que qualquer sintoma deve ser encarado, a priori,
como de possível causa orgânica, só podendo ser classificado
como psicossomático após afastadas todas as possibilidades
(o diagnóstico é de exclusão). Geralmente são portadores de
379
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
Tranquilizar pacientes e familiares. Colocar o paciente em um
local tranquilo e calmo, deixando-o em observação com alguma
medicação psicotrópica. Um acesso venoso e mantê-lo com
oxigênio em baixos volumes não causam iatrogenia e o paciente
retorna mais rapidamente a um estado de normalidade. Após
atendimento, orientar a procura de consulta psiquiátrica.
5. Sugestão de prescrição
“M, 32a queixa-se de falta de ar, dor torácica e
parestesia em mãos após discussão com a filha. Exame
físico e complementares normais. Realiza tratamento para
depressão. ”
1. Dieta zero
2. O2 MV 35%
3. SF 0,9% - 500ml, IV (7 gts/min)
4. Diazepam 10mg – 01 comp, VO.
Se o paciente estiver agitado:
5. Haloperidol 5mg/ml 1 ampola IM + Prometazina 50mg
– 01 amp, IM
380
Psiquiatria
Bibliografia:
381
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
382
Psiquiatria
Crise Psicótica
Eduardo Freire
Clitson Sousa
Carlos Bruno
Filipe Teodoro
1. Introdução
A crise psicótica pode ser considerada uma síndrome que cursa
com alterações de determinadas funções psíquicas, principalmente
do pensamento e da sensopercepção, prejudicando a crítica e
distanciando o paciente da realidade. Diversos transtornos, não
somente a esquizofrenia, podem cursar com sintomas psicóticos
como condições médicas gerais, uso de medicações, drogas e
álcool.
2. Achados clínicos
Os sintomas predominantes da síndrome psicótica aguda
são as alucinações, delírios e desorganização do processo de
pensamento e comportamento. As alucinações podem ser
auditivas, somáticas, olfativas, visuais e gustativas. Alucinações
de comando para o homicídio ou suicídio requerem intervenção
imediata. Também podem estar presentes os delírios, uma crença
fixa e falsa. Quando há delírios persecutórios e de referência,
observamos maior tendência a comportamento agressivo,
devido à reação de defesa do paciente frente às supostas
ameaças. A desorganização do pensamento, que se traduz em
comportamento e discurso bizarro e desorganizado, leva à
incapacidade de autocuidados e a comportamentos de risco para
si e para terceiros. Em caso de agitação associada a agressividade,
uma intervenção adequada deve ser instituída com o intuito de
minimizar danos.
383
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
3. Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, mas exames complementares podem
ser usados com o intuito de estabelecer diagnóstico diferencial
com uma série de condições que podem cursar com sintomas
psicóticos como:
• Transtornos mentais orgânicos: intoxicação ou abstinência
por álcool ou outras substâncias psicoativas, trauma crânio-
encefálico, infecções do sistema nervoso central, epilepsias,
doenças metabólicas (hipoglicemia, hipóxia), entre outros.
• Transtornos psicóticos primários e afetivos: esquizofrenia,
mania com sintomas psicóticos (TAB), depressão grave
com sintomas psicóticos.
• Outros transtornos mentais primários: transtornos
de personalidade (boderline, anti-social e paranóide),
transtorno de controle dos impulsos, retardo mental.
4. Tratamento
O primeiro passo é avaliar o risco de auto e heteroagressividade
diante do quadro, com o intuito de proteger o paciente e a equipe
de saúde. Em caso de comportamento agressivo, ainda assim é
necessário conversar e acalmar o paciente para evitar a contenção
física. Esta pode ser necessária em casos com alto potencial de
agressividade, no entanto, a prática não deve ser incentivada para
todos os pacientes com agitação psicomotora, apenas em casos
específicos.
Descartando o risco de agressividade, seguimos com a
continuidade da história, exame físico e neurológico e exclusão
de causas gerais. A rápida avaliação para determinar a gravidade
do caso será fundamental para condução adequada e eficaz do
quadro psicótico.
384
Psiquiatria
5. Sugestão de prescrição
“NC, 38a, agitada, chega ao departamento de
emergência referindo que está sendo perseguida por cobras
e seus familiares são cúmplices”
1. Dieta livre
2. Haloperidol 5mg/ml - 1 ampola IM 1/1h s/n (Máx.
80mg/dia) OU Haloperidol 5mg VO, 1 a 4x/d (Máx.
40mg/d)
3. Contenção física S/N
4. Sinais vitais de 2/2h
Bibliografia:
386
Endocrinologia
2. Achados Clínicos
Classicamente, a apresentação da cetoacidose diabética se dá
em um paciente mais jovem (20-29 anos), de instalação rápida,
muitas vezes em horas, precedida por um dia ou mais de poliúria
ou polidipsia, associada à fadiga importante, náuseas e vômitos.
Na maioria das vezes, o paciente encontra-se desidratado, com
hálito cetônico e taquipneico. Nos casos mais graves, pode-se
apresentar com respiração de Kussmaull. A dor abdominal é um
achado peculiar da CAD que tende a melhorar com a hidratação
387
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
do paciente.
No EEH, a faixa etária é maior (>40 anos), com apresentação
mais insidiosa - poliúria, polidipsia e astenia costumam ocorrer
durante semanas - com desidratação mais acentuada e presença de
rebaixamento do nível de consciência, devido à hiperosmolaridade.
Os fatores precipitantes da CAD ou do EHH são, em sua
maioria, de natureza infecciosa aguda, associados ou não ao
tratamento insulínico interrompido ou inadequado às condições
do paciente. O tratamento da causa da descompensação é o ponto-
chave no manejo do paciente.
388
Endocrinologia
4. Tratamento
Os três componentes mais importantes na terapia da CAD
e EHH incluem: correção hidroeletrolítica, insulinoterapia e
tratamento dos fatores precipitantes.
A. Hidratação > Fase de expansão rápida: inicia-se com
SF 0,9% 1000 a 1500 mL/h para corrigir hipotensão ou
choque. Fase de manutenção: manter SF 0,9% 250 a 500
mL/h (4 -14 mL/kg/h), se sódio <135 ou trocar por soro
com NaCl a 0,45% 250 a 500 mL/h, se sódio> 135.
Nesse momento, iniciar insulinoterapia (se K+ > 3,3
mEq/L)
Evitar hipoglicemia: quando glicemia atingir 250 - 300
mg/dL, continuar a hidratação associada à glicose. Fazer SF
0,45% com glicose a 5% também 250 a 500 mL/h.
Como preparar? 22mL de NaCl a 20% em 1L de SG 5%.
B. Insulinoterapia > apenas prescrever se K+> 3,3
mEq/L. Fase de ataque (bolus): insulina regular 0,1-
0,15U/kg, EV. Fase de manutenção: bomba de infusão
contínua 0,1U/kg/h. Como preparar? 50 U Insulina
Regular + SF 0,9% 250 mL (1mL = 0,2U). Monitorização:
glicemia capilar de 1/1h. Taxa ideal da queda da glicemia:
50 a 70 mg/dL/h. Caso a glicemia reduza menos de 10%
do seu valor na primeira hora, administrar 0,15 UI/kg EV
389
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
390
Endocrinologia
5. Sugestão de prescrição
JS, masc, 68 anos, 70 kg, DM 2; poliúria e astenia há
duas semanas. Uso recente de glicocorticóide para dores
na coluna. Desidratado e com rebaixamento do nível de
consciência. Glicemia capilar: HI
1. SF 0,9% 1000 mL, EV, na admissão (correr em 1 hora).
Etapa de manutenção: Potássio = 3,8 mEq/L Sódio = 132
1. Dieta zero ate 2ª ordem
2. SF 0,9% 500 mL + KCl 19,1% 05 mL, EV (correr em
1 hora)
3. Insulina Regular 50 U + SF 0,9% 250 mL, EV, 35 mL/h
em BIC.
4. Enoxaparina 40 mg, SC, 24/24h
5. HGT 1/1h
6. Sinais vitais e cuidados gerais 1/1h
7. Medir e anotar diurese
Quando glicemia = 250-300 mg/dL: SF 0,45% com
glicose 500 mL/h. (22mL de NaCl a 20% em 1L de SG 5%)
391
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
392
Endocrinologia
Insuficiência Adrenal
Ana Cláudia Moraes Medeiros
Carlos Bruno
Letícia Oliveira Sousa
1. Introdução
A insuficiência adrenal (IA) é caracterizada pela alteração da
função adrenocortical da glândula, com manifestações clínicas
relacionadas à diminuição dos níveis de catecolaminas, andrógenos,
esteróides e/ou mineralocorticoides.
Há 3 causas de IA: primária, quando é o córtex da glândula
que encontra-se afetado, conhecida como Doença de Addison.
Secundária, quando o acometimento está na hipófise, levando a
deficiência na produção de corticotropina (ACTH) e por fim, a
forma terciária, quando há déficit na produção do hormônio
liberador de ACTH (CRH).
Dentre as causas temos: adrenalite auto-imune, responsável
pela destruição do córtex adrenal e consequentemente a Doença
de Addison. Há também as infecções fúngicas, tuberculose e
citomegalovirose. A IA secundária tem como causas: tumores
hipofisários, craniofaringiomas, doenças infiltrativas, cirurgias
e radioterapia hipofisárias. Já a IA terciária tem como principal
etiologia, a suspensão abrupta de corticoterapia em altas doses.
2. Achados Clínicos
A IA aguda geralmente mostra um quadro clínico mais
evidente, enquanto que a IA crônica, os sintomas são inespecíficos
e mais insidiosos.
As manifestações da IA, de forma geral, podem incluir:
Deficiência de glicocorticoide: perda de peso, anorexia,
hipotensão arterial, náuseas e vômitos. A hiperpigmentação pode
393
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
A insuficiência adrenal aguda representa uma emergência
endócrina, em caso de suspeita clínica deve-se colher cortisol
plasmático, renina, ACTH, bioquímica e iniciar a terapia
imediatamente. Inicialmente hidrocortisona deve ser prescrita na
dose de 100 mg, IV, seguida de 50 a 100 mg, IV, de 6/6 horas.
Em paciente hipotenso repor volume agressivamente com soro
395
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Corrigir hipovolemia
Corrigir hipoglicemia
Corrigir Distúrbio hidroeletrolítico
5. Sugestão de prescrição
“M, 30a, chega ao PS com fraqueza, anorexia, náuseas,
vômitos e dor abdominal de forte intensidade. PA:
90x60mmHg”:
1. Dieta zero
2. Acesso venoso calibroso
3. SF 0,9% 500ml + KCL 19,1%, 01 ampolas, EV (correr
em 1 hora e ACM)
4. Glicose 5% 500ml + Glicose 50% 03 ampolas, IV, 8/8
(muitas vezes a simples reposição de hidrocortisona já
corrige a glicemia sem necessidade de glicose venosa)
5. Hidrocortisona 100mg 01 FA + 20ml ABD, IV,
imediatamente
6. Hidrocortisona 100mg 01 FA IV 6/6h, iniciar 6 horas
após item 5
7. HGT 4/4h (ou se o paciente apresentar hipoglicemia na
396
Endocrinologia
Bibliografia:
398
Endocrinologia
Crise tireotóxica
Kallil Monteiro Fernandes
Carlos Bruno
Letícia Oliveira Sousa
1. Introdução
Crise tireotóxica é uma rara manifestação clínica, mais
frequente em mulheres e é resultante de uma quantidade excessiva
de hormônios tireoidianos no organismo. Apesar de incomum,
é importante ter seu quadro clínico em mente, pois seu início é
súbito e ameaçador a vida (mortalidade entre 16-30%).
A crise tireotóxica é mais frequentemente presente na vigência
de infecção aguda. Outras etiologias possíveis:
• Por interferência na ligação hormonal com sua proteína
carreadora:
1. Hipoxemia;
2. Acidemia;
3. Procedimentos cirúrgicos.
• Por aumento hormonal total:
1. Doença de Graves (causa mais frequente);
2. Adenoma tóxico;
3. Bócio multinodular tóxico;
4. Após tireoidectomia e/ou tratamento com I¹³¹;
5. Uso de amiodarona;.
6. Tireoidites;
7.Tireotoxicose factícia
2. Achados Clínicos
Os sinais e sintomas são decorrentes do estado de
hipermetabolismo e resposta adrenérgica excessiva, sendo os
sistemas mais afetados o cardiovascular e o nervoso simpático.
399
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
A. Correção da tireotoxicose: Propiltiouracil para controlar
a produção de hormônios, solução iodada para diminuir a
400
Endocrinologia
5. Sugestão de prescrição
“M, 33 anos, com taquicardia + febre + agitação +
diarreia + história de hipertireoidismo. Nega passado de
disfunção cardíaca e renal”:
1. Dieta livre hiperproteica, hipercalórica e normoglicêmica.
2. Ringer Simples - 1000ml, IV, aberto na admissão. Seguido
por 1500ml, IV, 20 gotas/min.
3. Propiltiuracil 100mg – 6 a 10 comprimidos, VO, na
admissão. Seguido por 2 comprimidos, VO, 4/4h.
OU
Metimazol 10mg – 2 comprimidos, VO, 4/4h.
4. Solução de Lugol (iodeto de potássio 10% + iodo
metálico 5%) – 8 gotas, VO, 6/6h. Iniciar 2 horas após
início de propiltiuracil ou metimazol.
5. Propranolol 1mg/ml – 1ml + 9ml ABD, IV em 5
401
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
402
Endocrinologia
Coma Mixedematoso
Kallil Monteiro Fernandes
Carlos Bruno
Letícia Oliveira Sousa
1. Introdução
Coma mixedematoso é uma forma grave e potencialmente fatal
do hipotireoidismo não tratado. Mesmo com o reconhecimento
precoce, cuidados intensivos e reposição hormonal, ainda há uma
taxa de mortalidade por volta de 15%.
É mais frequente em mulheres idosas, com doença
cardiovascular ou pulmonar, em épocas de frio. Há associação
comumente com hipocortisolismo. Geralmente há um fator
desencadeante, como hipotermia, infecções, redução do volume
sanguíneo (sangramentos, uso de diuréticos), IAM, insuficiência
respiratória e fatores que comprometem a função SNC (sedativos,
AVE, hiponatremia).
2. Achados Clínicos
Há 3 elementos essenciais:
• Alteração do nível de consciência;
• Termorregulação defeituosa (principalmente hipotermia);
• Presença de fatores precipitantes.
Outros achados: história de hipotireoidismo, hipotensão,
bradicardia, edema de face/periorbitário/mãos/pés, macroglossia,
distensão gástrica (estase gástrica, íleo paralítico ou megacolon),
fraqueza muscular, diminuição dos reflexos tendinosos.
Hipoglicemia, hipotermia, hiponatremia, hipoventilação
4. Tratamento
Deve ser iniciado juntamente com a suspeita clínica, antes dos
resultados da dosagem hormonal!
Realizar reposição hormonal tireoidiana com levotiroxina (T4)
na dose de ataque 300 a 500 μg EV e de manutenção 50 a 100
μg/dia ou liotironina (T3) na dose de ataque 10 a 20 μg EV e de
manutenção 10 μg/dia de 4/4 horas por 24 horas e em seguida 10
μg de 6/6 ou 8/8 horas ou, ainda a associação: ataque (levotiroxina
200 a 300 μg EV + liotironina 10 μg) e manutenção (levotiroxina
50 a 100 μg/dia + liotironina 10 μg de 8/8 a 12/12 horas) além
de medidas de suporte adequadas. Fazer reposição de corticoide
(hidrocortisona 100 mg EV a cada 6 a 8 horas) até que se prove
ausência de insuficiência adrenal associada, isto é, cortisol basal >
34 μg/dL (no Greenspan o valor de referencia é 20mcg/dl) (colher
antes de iniciar reposição). Restrição hídrica se hiponatremia (ou
deixar como está – medidas de suporte)
Pode ser necessário intubação orotraqueal e ventilação
mecânica, uso de drogas vasoativas e antibioticoterapia empírica.
Portanto, de preferência, o tratamento deve ser realizado em
Unidade de Terapia Intensiva.
404
Endocrinologia
Bibliografia:
406
Dermatologia
2. Achados Clínicos
ERISIPELA CELULITE
4. Tratamento
Observações:
• Critérios de internamento: em casos graves(bolhas,
hemorragias, púrpura, necrose, confusão mental e
agitação, sepse), localização facial, idade acima de 60 anos,
407
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
5. Sugestão de prescrição
“BRT, 75a, aposentada, deu entrada com história de
surgimento de lesão eritematosa em perna, dolorosa, iniciada
em tornozelo e estendendo-se até joelho, com bordas bem
delimitadas e quentes há 4 dias, evoluindo com surgimento
de lesão bolhosa hoje. Refere febre de 39° iniciada ontem,
apresentando intensa prostração. Nega comorbidades de
base ou uso de medicações. Ao exame: EGR, vigil, orientada,
acianótica, anictérica, normocorada, eupneica, febril (38°C).
PA: 130 X 75 mmHg. Demais aparelhos sem alterações.
Exames laboratoriais: PCR positiva, Leucocitose:18.000,
com neutrofilia".
1. Dieta oral livre
2. Oxacilina 500mg 4FA + 50mlSF0,9%, IV, 4h/4h, por 7 dias
3. Dipirona 1g 1amp + 8ml ABD IV 6/6h Se dor ou T>38ºC.
4. Enoxaparina 40mg 1amp SC 1x/dia
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Dermatologia
Bibliografia:
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
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Dermatologia
Herpes Zoster
Mônica Lucena
Jéssica Luara Daluz Jales Silva
Carlos Bruno
1. Introdução
É uma infecção aguda que geralmente envolve a pele e os
nervos de um dermátomo, caracterizando-se por uma erupção
vesicular unilateral dolorosa, e está associada à reativação do vírus
varicela-zoster. Pode atingir indivíduos de quaisquer idades, mas
a incidência aumenta com a idade, relacionada à diminuição da
imunidade celular.
2. Achados Clínicos
Caracteriza-se por dor unilateral do tipo nevrálgica com
subsequente erupção com agrupamento de vesículas sobre base
eritematosa, cuja extensão limita-se a um ou dois dermátomos.
Formação de crostas e escamas geralmente se observa com
a progressão do quadro. A dor durante os surtos é intensa e
lacinante.
As lesões podem ser precedidas por uma fase prodrômica,
que pode ocorrer de 4 dias a 2 semanas antes, se apresentando
através de dor intensa e parestesia no local onde surgirão as lesões.
Distribuições: nervos torácicos (53%), cervical (20%),
trigêmeo, incluíndo oftálmico (15%) e lombossacro (11%). Os
nervos cranianos (facial, óptico, auditivo, faríngeo, laríngeo)
produzem erupções correspondentes aos seus trajetos anatômicos.
A neuralgia pós-herpética é um quadro bastante frequente,
sendo necessária sua abordagem para garantir qualidade de vida
ao paciente.
411
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
As lesões apresentam involução espontânea, mas o tratamento
deve ser instituído precocemente para diminuir a incidência de
neuralgia pós-herpética e risco de complicações sistêmicas –
instituir preferencialmente entre 48h-72h de início do quadro.
4.1 Gerais
Medidas para evitar infecção secundária (compressas com
antissépticos), analgésicos em função da intensidade da dor.
• Compressas de permanganato de potássio (1:40.000) ou
água boricada a 2%, várias vezes ao dia.
4.2 Específico
Antivirais sistêmicos.
• Aciclovir 800 mg, VO, 4h/4h, durante 7-10 dias.
• Aciclovir 10 mg/kg, IV, 8/8h, durante 7 dias. (pacientes
imunocomprometidos ou casos graves).
• Valaciclovir 1 g, VO, 8/8h, durante 7 dias.
• Fanciclovir 250 a 500 mg, VO, 8/8h, durante 7 dias.
4.3 Corticóide
Usar em zoster oftálmico, acometimento do nervo facial, e em
maiores de 50 anos (controverso nesse último grupo).
• Prednisona 0,5 mg/kg/dia, VO, 7-14 dias.
4.4 Tratamento neuralgia pós-herpética:
412
Dermatologia
5. Sugestão de prescrição
“JDV, 60a, diabético,queixa-se de dor intensa em
hemiface esquerda, iniciada há 2 dias, evoluindo com o
surgimento de lesões vesiculares em região periorbitária
e frontal esquerda. Ao exame: EGR, vigil, orientado,
anictérico, acianótico, normocorado, eupneico em ar
ambiente. PA 120x90 mmHg. Ao exame: lesões vesiculares
e algumas crostas em topografia de região naso-frontal
esquerda e periorbital esquerda”:
1. Dieta livre.
2. Scalp hidratado.
413
Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Bibliografia:
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Dermatologia
Farmacodermias
Mônica Lucena
Jéssica Luara Daluz Jales Silva
Carlos Bruno
1. Introdução
As reações cutâneas estão entre os tipos mais frequentes de
manifestações adversas relacionadas a drogas. São consideradas
graves quando podem resultar em lesão cutânea extensa ou
envolver múltiplos órgãos.
As reações cutâneo-mucosas mais comuns são: exantemas,
urticária, eritema multiforme, erupção fixa medicamentosa e
fotossensibilidade. Dentre as causas de maior gravidade estão:
Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), Necrólise Epidérmica Tóxica
(NET), DRESS (Drug Reaction With Eosinophilia and Systemic
Symptoms), e Pustulose Exantemática Aguda (PEAG).
2. Achados Clínicos
• Exantemas: exantema maculo-papular difuso, simétrico,
inicia em tronco e membros, com progressão confluente.
Poupa mucosa. Pode ocorrer prurido e febre baixa. Lesões
somem após 7-10 dias de suspensão da droga.
• Urticária Aguda: vide capítulo
• Eritema Multiforme: lesões “em alvo” com centro
eritêmato-violáceo, que duram cerca de 7 dias.
• Fotossensibilidade: exacerbada por exposição à luz após
uso de determinadas drogas (geralmente tópicos). Lesões
eczematosas, de aspecto em queimadura, acompanhadas de
prurido.
• PEAG: eritema vivo, edematoso, que se torna recoberto
de pústulas nas horas ou dias seguintes, de início súbito.
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
4. Tratamento
• Suspender agente causal;
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
• Específicos:
1. Exantemas: anti-histamínicos e corticoides (tópicos
ou sistêmicos)
2. Fotossensibilidade: não se expor ao sol; corticoides
tópicos ou sistêmicos.
3. PEAG: hidratação adequada e higiene local (evitar
infecção secundária). Corticóides tópicos ou sistêmicos
podem ser usados – sem consenso.
4. SSJ-NET: suspensão da droga precoce + admissão
em unidade de queimados + prevenção e identificação
de infecções. Suporte respiratório, balanço hidro-
eletrolítico, nutrição enteral, analgesia. Avaliação ocular,
ginecológica e urológica. Específico: plasmaférese,
pulsoterapia com corticoide, imunoglobulina EV
(melhor tratamento). Antibioticoterapia terapêutica,
apenas se infecção (não fazer profilaticamente).
5. Sugestão de prescrição
“ACL, 30a, apresenta-se em PS com rebaixamento do
nível de consciência e presença de lesões bolhosas extensas,
de conteúdo serossanguinolento, associadas a áreas de
necrose, acometendo inclusive mucosa oral. Familiares
informam que a paciente havia iniciado há 10 dias uso de
AINES sem indicação médica devido a dor em coluna.
Negam outras patologias de base. Ao exame: Afebril, ECG =
11, taquicárdica, PA 90x60mmHg. Lesões apresentam sinal
de Nikolsky positivo, acometimento de 40% da superfície
corporal. Peso: 60kg”:
1. Dieta enteral, hiperproteica e hipercalórica.
2. Ringer Lactato , 4800ml, IV, nas primeiras 8h. Correr
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Dermatologia
Bibliografia:
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Dermatologia
Urticária
Mônica Lucena
Jéssica Luara Daluz Jales Silva
Carlos Bruno
1. Introdução
Erupção pruriginosa constituída por lesões eritematosas e
edematosas, que são geralmente redondas ou ovais. Apresentam
centro proeminente, de aspecto pálido, e variam em tamanho
desde alguns milímetros a alguns centímetros.
Drogas, alimentos, parasitas, doenças auto-imunes, neoplasias
e fatores psicológicos são causas de urticária.
2. Achados Clínicos
Manifesta-se em geral 7-14 dias após a exposição. Reação a
analgésicos e anti-inflamatórios pode ocorrer de 20min a 4h após
administração dos mesmos.
Lesões: urticas eritematosas pruriginosas, de curta duração,
podendo envolver derme profunda e tecido subcutâneo
(angioedema). Em casos mais graves, associa-se a anafilaxia
sistêmica e choque anafilático.
3. Diagnóstico
Reconhecimento das lesões e busca ativa na história por
algum fator desencadeador do quadro. Atentar para a presença de
sinais e sintomas sugestivos de anafilaxia.
4. Tratamento
• Suspender agente causal;
• Casos leves: anti-histamínicos até 2 semanas até o
desaparecimento das lesões. (preferir os de 2ª geração)
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
Urticária/Angioderma - Emergência:
5. Sugestão de prescrição
“MSD, 22ª, apresenta-se em OS com rash cutâneo
maculo-papular pruriginoso, iniciado há 3h, após uso de
dipirona. Refere ter apresentado episódio previamente,
diante da mesma situação”:
1. Prometazina 50mg/2ml - 1 amp, IM. Observar o paciente
por até 6h, ou até melhora dos sintomas.
2. Dexametasona 4mg/ml - 2 ml + 18 ml ABD, IV.
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Dermatologia
Bibliografia:
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Manual de Condutas em Clínica Médica do Hospital Dr. José Pedro Bezerra
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