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9 – LIGAÇÕES EXCÊNTRICAS
Existem diversas situações onde a resultante das cargas na ligação não passa pelo centro de
gravidade do grupo de soldas. Neste caso temos uma ligação excêntrica e o efeito desta
excentricidade é, em algumas regiões das soldas, esforços superiores aos que ocorreriam se as
cargas fossem centradas. A resultante das cargas pode estar no plano do grupo de soldas, e neste
caso tem-se uma ligação excêntrica por corte (Fig. III.30a), ou fora deste plano, quando se tem
uma ligação excêntrica por flexão (Fig. III.30b). Nas ligações excêntricas por corte os esforços
adicionais que aparecem na solda são de corte no plano da solda; nas ligações excêntricas por
flexão os esforços adicionais que aparecem nas soldas também são de corte, porém
perpendiculares ao plano da solda.
Quando a linha de ação das cargas passa no centro de gravidade do grupo de soldas de filete que
compõe uma ligação soldada, a tensão de cisalhamento na solda é uniforme e é obtida dividindo-
se a resultante vetorial das cargas atuantes pela área total de solda. Quando a linha de aço da
resultante das cargas não coincide com o centro de gravidade do conjunto de soldas a
distribuição de tensões de cisalhamento nas soldas é variável e deve-se determinar o ponto mais
solicitado do conjunto de soldas para efetuar a verificação da ligação.
Para transferir a carga para o centro de gravidade da solda, assim como para avaliar o momento
torsor que ela causa, é aconselhável decompor a carga segundo as duas direções principais da
ligação, direções x e y (Fig.III.31).
M = Px ⋅ e y + Py ⋅ e x
M⋅y
f x2 =
Ip
M ⋅x
f y2 =
Ip
I p = Ix + I y
No caso da solda da Fig. III.31 a posição do centro de gravidade e o momento de inércia polar
são dados por:
b2
xCG =
2⋅b + d
8 ⋅ b3 + 6 ⋅ b ⋅ d 2 + d 3 b4
Ip = −
12 2⋅b + d
onde “b” é a dimensão horizontal da ligação e “d” é a dimensão vertical da ligação. Adotam-se
como dimensões da ligação os comprimentos dos lados da chapa nos quais a solda de filete está
apoiada, em vez do centro da garganta efetiva. Isto faz pouca diferença no resultado e simplifica
muito o cálculo.
Px M⋅y
f x = f x1 + f x 2 = +
lw ⋅ tw Ip
Py M ⋅x
f y = f y1 + f y 2 = +
lw ⋅ t w Ip
2 2
fv = fx + fy
As propriedades geométricas dos cordões de solda da Tab. III.11 são diretamente proporcionais
às espessuras da garganta efetiva da solda. Desta forma podemos trabalhar com as propriedades
das linhas deixando a garganta efetiva da solda em evidência.
Devido à sua complexidade o método da resistência não é viável para cálculos manuais.
Entretanto pode-se utilizar as tabelas constantes no Manual do AISC para encontrar a resistência
de ligações excêntricas calculadas por este método.
Nas tabelas 8.38 a 8.43, extraídas do Manual do AISC, entra-se com a proporção entre diversas
dimensões da solda e uma dimensão básica. Seja o caso da Tab. 8.42, por exemplo: o
comprimento vertical “l” é a dimensão característica da solda, o comprimento horizontal da
solda é dado por “k.l” e a excentricidade da carga é dada por “a.l”. Determinados os valores de
“a” e de “k” entra-se na tabela para obter o valor de “C”. Definido o valor de “C” determina-se a
resistência da ligação φ.Rn, dada por:
φ ⋅ Rn = C ⋅ C1 ⋅ D ⋅ l
onde
φ.Rn = resistência da solda, em kips (1 kip = 4,448 kN)
C1 = coeficiente para considerar o tipo de eletrodo (1,0 para E70 e 0,857 para E60)
D = número de 1/16 de polegada (1,6 mm) na dimensão nominal do filete de solda
l = comprimento característico da solda, em polegadas (1 in = 25,4 mm)
Para se ter o resultado em kN, entrando-se com “D” e “l” em mm, a equação se torna:
φ ⋅ Rn = 0,11 ⋅ C ⋅ C1 ⋅ D ⋅ l
A equação acima não considera o cisalhamento na face de fusão do filete de solda. Para
considerar este estado limite basta multiplicar o resultado obtido da equação acima pela razão
entre a resistência do metal base e a resistência da solda (0,90.AMB.fy/0,75.Aw.fw = 1,70.fy/fw).
Tab. III.11 – Propriedades das soldas tratadas como linha
II.9.2 – LIGAÇÕES EXCÊNTRICAS POR FLEXÃO
Quando a carga aplicada é excêntrica ao plano que contém a solda (Fig. III.33) a ligação é
chamada de ligação excêntrica por flexão. O momento fletor causado pela excentricidade da
carga ocasiona esforços adicionais de cisalhamento na direção normal ao plano da solda.
Para determinar a resistência de uma ligação soldada excêntrica por flexão tem-se dois métodos
de cálculo: o Método da Resistência que, como já foi explanado, é de execução complexa, e o
Método Elástico¸ que é de aplicação mais simples, porém é mais conservador. O Manual do
AISC fornece a resistência de cálculo, obtida pelo método da resistência, para um único caso de
ligação excêntrica por flexão. Este caso particular consiste de dois filetes verticais e está na
Tab. 8.38 do Manual do AISC (reproduzida na página III.61 deste trabalho). Nesta tabela utiliza-
se a coluna k=0 para obter o coeficiente C, o qual é utilizado nas fórmulas da página III.59 para
determinar a resistência da ligação.
O método elástico de avaliação dos esforços na solda poder ser feito de duas formas distintas:
2. Método Elástico 1 – considera como seção resistente somente a área efetiva de solda.
Este método está ilustrado na Fig. III.34 e utiliza o módulo resistente à flexão “S”
fornecido pela Tab. III.11. As tensões no plano da solda e perpendicular ao plano da
solda são dadas respectivamente por:
P
fy =
lw ⋅ tw
M
fx =
S
2 2
fv = fx + fy
Fig. III.34 - Tensões nas soldas da ligação excêntrica por flexão – Método Elástico 1
2) Método Elástico 2 – utilizado quando se tem peças mais largas sendo ligadas. Neste caso
admite-se que a compressão devida à flexão é transmitida por contato entre as peças soldadas,
utilizando uma distribuição triangular (Fig. III.35). Os cálculos a seguir demonstram a
utilização deste método.
c1 c b
c1 ⋅ 2 t w ⋅ = c2 ⋅ b ⋅ 2 → c1 = c 2 ⋅ (a)
2 2 2 tw
c1 + c 2 = h (b)
Com (a) e (b) obtém-se c1 e c2. Definidos c1 e c2 determina-se o momento de inércia “I” e o
módulo resistente à flexão “S”:
3 3
2t ⋅ c b ⋅ c2 I
I= w 1 + → S=
3 3 c1
As tensões na solda valem:
P⋅e P P 2 2
f vx = f vy = = fv = f vx + f vy
S lw ⋅t w 2 h ⋅t w
II.10 – COLAPSO POR RASGAMENTO
Alguns tipos de ligação, como os indicados na Fig. III.36, podem apresentar a possibilidade de
colapso por rasgamento ao longo de seções críticas. Nas ligações da Fig. III.36 as seções
indicadas por “Av” se rompem por cisalhamento, enquanto que as seções “At” se rompem por
tração. Como não existem furos nas peças as áreas Av e At são áreas brutas e a resistência de
cálculo ao colapso por rasgamento é dada por:
φ Rn = 0,90 f y (0,6 Av + At )
Para os tipos de ligação indicados na Fig. III.37 ocorre a superposição de tensões normais e
tensões de cisalhamento, com valores elevados, no metal base adjacente à solda. Para estes casos
as tensões de cálculo no metal base podem ser obtidas a partir das tensões de cálculo no metal da
solda multiplicadas por:
As tensões de cálculo assim obtidas são consideradas de cisalhamento e devem ser limitadas em:
φ ⋅ Rnv = 0,54 ⋅ f y
Fig. III.37 – Ligações com superposição de tensões normais e de cisalhamento