Você está na página 1de 13

Pr. Ricardo M.

Corrêa

Manual do Ministério
de Louvor
Do abc até o xyz
Um manual para ministros, vocalistas, músicos e afins

São Paulo / 2011


Apresentação

Você já passou por momentos em que não sabia como


começar o louvor? E ao regular o microfone não sabia se as
caixas de retorno estavam posicionadas corretamente? Não
sabia como pedir para o operador de áudio melhorar o seu
microfone, falta o grave ou o médio? Como devo alinhar
e distribuir as caixas da igreja? O que fazer para alistar as
pessoas certas para o louvor da igreja? Fazer um teste de ap-
tidão ou apenas o desejo de cantar ou tocar é o requisito para
entrar no ministério de louvor? Como escolher as músicas
certas para as reuniões?
Este é um ótimo livro para ser consultado com o objetivo
de obter uma resposta a várias dúvidas que ocorrem ao
desejar participar do ministério de louvor da igreja ou até
mesmo começar o ministério em uma igreja que também
está principiando. Ao ler detalhadamente os capítulos e
temas, até aqueles que são mais experientes poderão adi-
cionar ao seu conhecimento outras opções para demandas
cotidianas daqueles que estão ligados a este trabalho.
Use as informações aqui contidas como sugestões e não
como receita de sucesso, apesar de ser parte de projetos apli-
cados no decorrer de vários anos de experiência com muitas
ocorrências positivas. Estas propostas foram selecionadas
para compor um compêndio de subsídios úteis e práticos.
Será extremamente vantajoso aplicar as dicas apresentadas,
pois todas são soluções simples, e também eficazes.
Aqui você encontrará ajuda e orientação para:

- Alistamento
- Função de cada componente
- Ensaio
- Importância do áudio
- Ministração
- Ciclo profético
- Conhecimento da Palavra

Aproveite essas incríveis ferramentas disponíveis e de fácil


aplicação, coloque-as em exercício e organize o ministério
de música, louvor e adoração. Acrescente o toque da sua
identidade pessoal, o resultado será surpreendente.
Parte 1

Ministério de Louvor
Alistamento

Qualquer músico cristão sonha em servir ao Senhor


fazendo o que sabe fazer: música. Se pensar apenas no
sonho e não priorizar o reino de Deus, Ele nunca permitirá
que se faça parte de um ministério de resultados positivos e
surpreendentes, e assim você ficará desanimado e muito
desacorçoado de prosseguir. Quando a Palavra diz que se
deve buscar o reino Deus em primeiro lugar, isso não significa
que seja necessário deixar o sonho de ser músico na obra
de Deus para trás. Essa palavra é muito clara. Ela diz que o
reino de Deus é fazer a vontade de Deus, e se for o plano de
Deus você ser um ministro, então tudo bem. Caso o Senhor
não tenha isso para você, então é bom saber qual é o centro
da vontade de Deus para sua vida (Rm 12:2).
Nem todos aqueles que desejam se engajar no ministério
pastoral poderão se tornar pastores efetivos, nem todos
que desejam dirigir a congregação a louvar a Deus poderão
fazê-lo. Todos podem adorar e louvar e, principalmente,
pregar o evangelho, no entanto, alguém sem qualificação,
talento musical e dom profético não exercerá o ministério
com eficiência.
Para participar do ministério de música sem o requisito
“estou aqui para fazer a vontade de Deus” não poderá servir
como manda o figurino. Não é preciso esperar o candidato
ao ministério de louvor se tornar um super ministro ou um
habilidosíssimo músico. Ele poderá servir como aprendiz e
ter a oportunidade para se desenvolver.

13
Manual do Ministério de Louvor

A seletividade de Deus
Essa ideia não é moderna, mas ela vem do alto; esse
modo de separar e destacar um mais do que outro vem de
Deus. É preciso aceitar isso como a dinâmica da vontade e da
soberania de Deus. Não como funcionário de careira de uma
estatal. Inexistem na Bíblia pessoas preguiçosas ligadas ao
ministério da música na casa de Deus. O Senhor manda separar
os mestres para dirigirem e os aprendizes para auxiliar e o
povo para adorar e louvar sendo dirigidos e orientados pelos
dirigentes de louvor.
A seletividade existe e nenhuma pessoa madura se
sentirá desprezada se for constatado que ela não tem talento
ou dom para esse ou qualquer outro ministério. A pessoa
pode achar que é lindo quando vê alguém dirigir o louvor e
a adoração congregacional cantando ou tocando, entretan-
to não conseguirá desenvolver esse ministério se não tiver
talento característico e dom profético. Não tenha medo de
dizer para alguém que ela não poderá levar a congregação
ao louvor se não tiver esses requisitos. Este livro não é dire-
cionado para a congregação, ele é um livro específico para
ministros e músicos.
Alguém melindroso se queixará e se rebelará diante
da negativa dele em ser um ministro ou cantor que leve a
congregação à adoração. Esse posto somente deverá ser
ocupado por alguém que esteja disposto a ceder a sua posição
a outra pessoa, se for o caso. Maturidade é a premissa
para o ministro de louvor ou para qualquer líder na casa de
Deus. Se as pessoas que ocupam posições importantes no
ministério não tiverem maturidade, estas causarão muitos
problemas advindos de inexperiência e outros deficiências
comportamentais.

14
Parte I - Ministério de Louvor

Explique que as pessoas que irão participar do ministé-


rio devem antes de tudo estarem aptas à renúncia, se for
preciso. Alguém que não está disposto a renunciar não está
disposto a servir a Jesus. Não é necessário uma disciplina
militar no ministério. O trabalho é voluntário, e esse tipo de
serviço tem os seus limites bem distintos daqueles serviços
prestados por ministros remunerados.
Problemas com horário, prioridades, datas, motivação,
pecado e personalidade são os obstáculos comuns encontrados
na rotina ministerial dentro de todas as frentes de trabalho
que use o serviço voluntário. Um projeto com pessoas volun-
tárias necessita de planejamento a fim de minimizar esses
percalços que inevitavelmente ocorrerão. Tudo dependerá de
como a vida espiritual de cada individuo se comporta. Se o
baterista for espiritualmente instável e fanático por um time
de futebol, este falhará premeditadamente se a final de um
campeonato popular acontecer no mesmo horário de uma
ministração. Todos enfrentam isso porque é um trabalho
voluntário e esse tipo de compromisso é raso, superficial e
aberto para exceções. Se for do interesse do voluntário, ele
estará firme; caso o seu interesse mude de lado, você ficará
sem o baterista naquela reunião e com muita raiva.
E se só tiver este baterista na igreja? Ore para Deus mostrar
outro e comece a preparar alguém que tenha o coração
ensinável e disposto a dar a sua vida a Jesus. Essa é uma
triste realidade. Às vezes, é melhor o serviço remunerado
do que depender de voluntários inconstantes, imaturos e
irresponsáveis.
Não tem como isso mudar, pois as pessoas não mudam.
Se não houver uma transformação, não tenha falsas expec-
tativas do serviço voluntário na casa de Deus. O coração
voluntário é aquele que se oferece, mas é preciso saber com

15
Manual do Ministério de Louvor

clareza qual o nível de envolvimento. Ofereça um plano com


alvos e duração de cada fase do ministério de louvor. E que o
voluntário deve cumprir o prazo aceito com total dedicação.
Explique o que significa dedicação, envolvimento e amor.
Durante cada período estabelecido contendo número de
ministrações, reuniões em que deverão fazer parte e tudo o
que fará nesse tempo, tenha um plano para novos músicos.
Talvez você tenha pessoas que não sejam muito talentosas,
contudo a dedicação poderá equilibrar um pouco essa
balança. Trate bem os talentosos, e não deixe faltar pastos
verdes e águas tranquilas para que o diabo não roube o
coração deles. Fale a verdade em amor, não deixe o pecado
tomar espaço na vida deles, confronte com firmeza e deixe
para Deus o futuro. O que for, será! Não permita nenhum
tipo de concessão para segurar um bom músico na igreja,
mesmo que ele seja o único. Se houver pecado, não se ajuste
a ele. Caso haja reivindicações, buque em Deus saber se
elas são legítimas e se fazem parte do plano de Deus para o
seu ministério de louvor. Quebre os paradigmas e reveja os
conceitos; não engesse o louvor da igreja impedindo uma
nova visão ministerial por causa do modelo ou da tradição
denominacional. Caso falte coragem em construir uma ado-
ração dirigida pelo Espírito Santo, Deus entregará o louvor
para outra igreja que esteja aberta para o novo de Deus,
conforme Mateus 25:28 diz: Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o
ao que tem dez.

Requisitos para ministros e músicos


Seguindo os princípios gerais daqueles que almejam o
ministério, mostrado em 1 Tm 3:1-12, quero aprofundar-me
objetivamente nos requisitos. Para que a igreja possa experi-
mentar um louvor dinâmico e uma adoração viva e verdadeira,
o púlpito deve estar intimamente ligado ao ministério de

16
Parte I - Ministério de Louvor

louvor e aos seus componentes. Aqueles que farão parte


ou serão os condutores da adoração devem ter diálogo com
seu pastor. O ministro de louvor jamais deverá ser o ‘pai’
dos músicos. O diabo pode entrar no coração do ministro
e seduzi-lo à rebelião, caso haja divergências ministeriais
futuras, e isso seria doloroso para a igreja.
Os ministros e músicos deverão ser qualificados para a
direção dessa tarefa, ou seja, pessoas preparadas para essa
função, pessoas que estejam no coração de Deus.
A escolha dos ministros e músicos deve ser criteriosa e
precedida de muita oração, bem como a escolha dos líderes
(espero que você ore para escolher os seus líderes). Isso é
para a igreja que realmente quer experimentar e vivenciar
continuamente em seus encontros e reuniões uma dimensão
mais profunda do louvor e da adoração.
Veja que os componentes do ministério de louvor e
adoração são instrumentos de Deus para que a igreja viva o
nível de adoração desejado por Deus. A igreja deve apoiar
a escolha dos músicos. Envolver a igreja gera expectativa, e
prestar contas é uma forma de envolver e responsabilizar a
congregação pela obra do Senhor. Isso não é democratização.
Aconselho você a ler meu livro A teocratização do louvor e
da adoração.
As pessoas envolvidas nesse ministério servem à igreja,
e não o contrário. Na área da música, eles são usados por
Deus para edificar os cristãos e também para desenvolver
seus dons, com o objetivo de levar a igreja a descobrir uma
intimidade maior também e um relacionamento mais pro-
fundo com o Senhor.
Cada candidato deve ser individualmente avaliado e suas
qualificações devem ser analisadas e baseadas primeiro no
que ele é, e segundo pelo que ele faz.

17
Manual do Ministério de Louvor

Primeiro: Deve ser alguém de oração, que busca a santi-


dade, humilde, simples no proceder, que conheça a Palavra
de Deus, íntegro, sem manchas no testemunho, irrepreen-
sível, com autoridade de Deus, que saiba ministrar diante
do Senhor e em quem a igreja confie.

Segundo: O segundo item é pelo que ele faz, isto é, deve


ser uma pessoa aprovada do ponto de vista espiritual e que
não pode ocupar essa função se não tiver aptidão natural,
técnica e conhecimento em música. Ou se for um aprendiz,
que esteja estudando música.

Veja as principais qualificações espirituais


Valores e requisitos espirituais para qualquer função no
ministério de louvor:

1. Escolhido por Deus, segundo os Seus critérios. 1 Sm


13:14; 16:7.
2. Adorador incondicional, que não vive segundo as
circunstâncias. At 16:25-26.
3. Conhecedor do princípio espiritual do quebranta-
mento. Sl 51:17.
4. Deus em primeiro lugar. Sl 132:1-5
5. Sedento e que busca incessantemente a presença de
Deus. Sl 63:1.
6. Disponível, desprendido e sensível à voz do Espírito
Santo. At 3:8.
7. Ávido pela orientação do Espírito Santo para conduzir
o povo. Sl 43:3-4.

18
Parte I - Ministério de Louvor

8. Ansioso pela fonte de inspiração em Deus. Sl 87:7.


9. Persistente em louvar a Deus e em conduzir outros
a fazê-lo. Sl 34:1,3.
10. Obreiro aprovado na Palavra. 2 Tm 2:15.
11. Vivificante e completamente guiado pelo Espírito. Gl
5:16-26.
12. Valente, corajoso e ousado do ponto de vista espiritual.
Ef 6:10-17. Sl 18.30-42.
13. Constante na casa e na obra de Deus. 1 Co 15:58.
14. Desembaraçado de coisas mundanas, negócios, livre
das coisas seculares, e separado. 2 Tm 2:4
15. Pronto a servir. Lc 22:26.
16. Instrumentista cheio da unção. 1 Sm 16:23.
17. Disposto a dizer espontânea e humildemente: “Não
sei. Quero aprender.” 1 Rs 3:7
18. Pronto para compartilhar o que sabe e a tocar com
os aprendizes. 1 Cr 25:8.

As qualificações de aptidão

1. Habilidoso no instrumento e na voz. Sl 33:3


Um único requisito que sintetiza tudo o que envolve a
parte prática da música. Se a pessoa indicada para exercer
a função de ministro de louvor ou músico não apresentar
“habilidade na música”, vai ser difícil executar a trilogia es-
crita em Sl 33:3: “novo, vivo e com arte”. O item “com arte”,
ficará manco, até que se alcance um nível regular de prática
no instrumento ou voz. Aconselho você a ler o meu livro Os
princípios inegociáveis do louvor e da adoração.

19
Manual do Ministério de Louvor

O ministério de louvor não é completo só com a unção


(isso não é uma regra), mas acompanhado e somado com
a técnica torna-se uma poderosa ferramenta de edificação.
Alguns defendem que só a unção é suficiente para exercer,
mas eu quero que você me responda: como uma pessoa
pode ter a unção do Espírito Santo para ministrar se está
em pecado? Pecado porque muitos usam desculpas para
esconder a “preguiça” de gastar tempo e dinheiro no estudo
de um instrumento ou com a voz. Preguiça é pecado, e a
mentira também é! Assim como negligência e outros piores.
Há casos em que a igreja é muito humilde e simples e o
povo com pouco ou nenhum acesso à instrução, mas hoje
existem cursos gratuitos de instrumentos dados por ONGs
e por órgãos municipais e estaduais. Basta esforço para
alcançar um objetivo mais elevado.
O ministro de louvor deve procurar sempre curso, semi-
nário ou conferência para reciclar a sua visão. Deve estar
pronto para aprender mais, pesquisar, atualizar-se, e nunca
dizer: “Já sei tudo!”. Esse pensamento é o começo do fim.
O exercício desse ministério exige santificação, compromis-
so, dedicação, disciplina, fidelidade, coragem, constância e
muita, muita paciência.
Quando você vai a uma reunião de adoração, e o dirigente
e os músicos estão preparados na unção do Espírito Santo
e na técnica adquirida pela prática, tudo se harmoniza, o
povo é levado a uma experiência maravilhosa com Deus, mas
quando o líder do louvor não está preparado para exercer
essa função, nem aqueles que o acompanham, você logo
percebe. O ambiente fica pesado, o louvor não flui, o povo
é forçado a ter atitudes religiosas, e todos notam que o líder
e os levitas estão perdidos na direção da reunião.

20

Você também pode gostar