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Vigilância em Saúde Ambiental Municipal

(Município do Salvador-BA)
Apresentação

A vigilância em saúde ambiental é um conjunto de ações que proporciona o


conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores do ambiente que
interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e
de controle de riscos ambientais relacionadas a doenças ou outros agravos à saúde. No
Brasil, a Vigilância em Saúde Ambiental começou a se estruturar no final da década de 90
no Centro Nacional de Epidemiologia – CENEPI, da Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA). Com a extinção do CENEPI, suas atividades passaram a ser competência da
Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS, criada em 2003. A SVS atualmente é responsável
por todas as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças transmissíveis,
vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela análise de situação de
saúde da população brasileira.

Baseado nas atribuições do SUS, contidas na Lei nº 8.080/1990 o Ministério da Saúde


criou a Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM), que foi estabelecida no
Decreto Federal nº 3.450/2000.

A estruturação da vigilância em saúde ambiental no Brasil se consolidou com o


surgimento da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), criada pelo Decreto Federal nº
4726/2003 e do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, instituído pela
Instrução Normativa nº 01/2005 do Ministério da Saúde.

SUBCOORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE


SALVADOR

No município de Salvador, as ações da Vigilância em Saúde Ambiental se iniciaram no ano


de 2005, vinculadas à Vigilância Sanitária, através da implantação do Programa
VIGIAGUA, com suas ações de monitoramento da qualidade da água sendo desenvolvidas
pelos técnicos da vigilância sanitária. A partir de 2006, foi criado um grupo de trabalho
que deu início a estruturação da Subcoordenação de Vigilância em Saúde Ambiental de
Salvador, para o desenvolvimento das ações de vigilância ambiental preconizadas pelo
Ministério da Saúde. Entre os anos de 2006 e 2013, a Vigilância em Saúde Ambiental
atuou como subcoordenação, embora não existisse oficialmente no organograma da
Secretaria de Saúde, desenvolvendo as três linhas de atuação definidas pela CGVAM:
Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano; Vigilância de Populações
Expostas a Contaminantes Químicos; e Vigilância relacionada aos Riscos decorrentes dos
Desastres de Origem Natural, de Fatores Físicos e de Acidentes com Produtos Perigosos.
Em maio de 2013, a Vigilância em Saúde Ambiental se inseriu no organograma da
Secretaria de Saúde, vinculada à estrutura da Diretoria de Vigilância da Saúde (DVIS) da
Secretaria Municipal da Saúde.
ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

As atividades da Vigilância em Saúde Ambiental são desenvolvidas nos doze distritos


sanitários, em parceria com órgãos intra e inter-setoriais, nas seguintes áreas de atuação:
Vigilância da qualidade da água para consumo humano – VIGIAGUA; Vigilância em saúde
de populações expostas a contaminantes químicos – VIGIPEQ; e Vigilância em saúde
ambiental relacionada aos riscos decorrentes de desastres – VIGIDESASTRES.

VIGIAGUA
O Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano –
VIGIAGUA – é um instrumento de implementação das ações de vigilância da qualidade da
água para consumo humano e consiste num conjunto de ações adotadas continuamente
pelas autoridades de saúde pública para garantir à população o acesso à água em
quantidade suficiente e qualidade compatível com o padrão de potabilidade,
estabelecido na legislação vigente. Estas ações visam à promoção da saúde e prevenção
dos agravos transmitidos pela água.
As principais atividades desenvolvidas pelo programa são: exercer a vigilância da
qualidade da água para consumo humano em sua área de competência, em articulação
com os responsáveis pelo controle de qualidade da água, de acordo com as diretrizes do
SUS, em parceria com o Laboratório de Água do Município; sistematizar e interpretar os
dados gerados pelo responsável pela operação do sistema; realização de inspeções
periódicas nas Estações de Tratamento da Águas (ETA’s) da concessionária local; efetuar
permanentemente avaliação de risco à saúde humana de cada forma de abastecimento
de água; e garantir à população informações sobre a qualidade da água e riscos à saúde
associados.
Dessa maneira, a VISAMB realiza o monitoramento da qualidade da água desde o ano de
2006 e a partir de 2015 a VISAMB deu início ao monitoramento da vigilância da qualidade
da água para consumo humano em relação à presença de cianobactérias e a
concentração de cianotoxinas, conforme os parâmetros de potabilidade estabelecidos
pela legislação vigente, bem como deu início à análise da correlação entre qualidade da
água e ocorrência de casos de diarreia no município.
Outra atribuição do Programa VIGIAGUA é monitorar a utilização das fontes de
abastecimento alternativas pela população da cidade de Salvador. Por ser uma cidade
com aquífero abundante, é comum o abastecimento por poços artesianos,
principalmente nas áreas periféricas da cidade. Além disso, sabe-se que durante as crises
de abastecimento de água, a população recorre às fontes públicas, que no passado
abasteciam a cidade.
VIGIPEQ
O Programa de Vigilância em saúde de populações expostas a contaminantes químicos –
VIGIPEQ tem como objetivo o desenvolvimento de ações de vigilância em saúde de forma
a adotar medidas de promoção, prevenção contra doenças e agravos e atenção integral
à saúde das populações expostas a contaminantes que interferem na saúde humana e
nas inter-relações entre o homem e o ambiente, buscando articular ações de saúde
integradas – prevenção, promoção, vigilância e assistência à saúde dessas populações.
O Programa VIGIPEQ está subdividido em dois subprogramas de atuação, a saber:
Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solos Contaminados – VIGISOLO; e
Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica – VIGIAR.

VIGISOLO
O Programa VIGISOLO tem como objetivo mapear, cadastrar e monitorar as áreas de
contaminação ambiental da superfície e do subsolo terrestre que tenham potencial de
risco à saúde humana, incluindo resíduos tóxicos e perigosos. O campo de atuação do
programa abrange áreas onde exista exposição ou risco de exposição da população a
solos contaminados por substâncias químicas, que possam produzir efeitos na saúde, tais
como: hortas urbanas, postos de combustíveis, depósitos químicos, aterros sanitários,
cemitérios, etc. A atuação da Vigilância Ambiental neste programa acontece a partir da
identificação e avaliação de risco em áreas com solos contaminados, buscando a
construção de uma proposta de intervenção, cujas ações sejam sistematizadas e
articuladas às diferentes esferas e setores governamentais e da sociedade. Para adoção
de medidas de controle e gerenciamento de risco, faz-se necessário à socialização dos
dados, o conhecimento do meio ambiente e as relações estabelecidas entre este e a
população exposta ou sob risco de exposição, buscando utilizar metodologias e
instrumentos mais adequados em cada situação, como as análises de risco e os
monitoramentos. O cadastramento e monitoramento de áreas consideradas
contaminadas, tendo sido comprovadas ou não, é uma das atividades principais do
programa, que foi implementado na Vigilância em Saúde Ambiental de Salvador em 2008.

VIGIAR
O Programa VIGIAR tem como objetivo desenvolver ações de vigilância para populações
expostas a poluentes atmosféricos, de forma a recomendar e instituir medidas de
prevenção, de promoção da saúde e de atenção integral, conforme preconizado pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). Seu campo de atuação prioriza as regiões onde existam
diferentes atividades de natureza econômica ou social que gerem poluição atmosférica
de modo a caracterizar um fator de risco para as populações expostas. As atividades
desenvolvidas pelo programa incluem: biomonitoramento da poluição atmosférica na
cidade de Salvador; análise dos boletins da qualidade do ar; realizações de capacitações;
implantação de unidades sentinelas; monitoramento da qualidade do ar em áreas de
academias de rua.
A elaboração de indicadores de monitoramento da vigilância ambiental é considerado
um importante suporte na tomada de decisão em planejamento de políticas públicas,
especialmente no que tange à mitigação dos riscos relacionados às fontes poluidoras e o
manejo adequado da saúde de populações vulneráveis aos efeitos da poluição
atmosférica urbana.

VIGIDESASTRES
O Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos associados aos
Desastres – VIGIDESASTRES tem por objetivo desenvolver um conjunto de ações a serem
adotadas continuamente pelas autoridades de saúde pública para reduzir o risco da
exposição da população e dos profissionais de saúde aos desastres, reduzir doenças e
agravos decorrentes deles bem como os danos à infraestrutura de saúde. O
VIGIDESASTRES estabelece estratégias para a atuação em emergência em saúde pública
por desastres de origem natural e tecnológica. Nesse contexto, dentre seus objetos de
atuação estão os desastres naturais (inundações, seca e estiagem, deslizamentos, dentre
outros), os acidentes com produtos químicos, a emergência radiológica e a nuclear. Sua
organização propõe uma atuação baseada na gestão do risco, contemplando ações de
redução do risco, manejo dos desastres e recuperação dos seus efeitos. Além disso, atua
na articulação das agendas de mudanças climáticas e seus efeitos à saúde humana.
No município de Salvador, o VIGIDESASTRES atua principalmente em situações como:
deslizamentos de terra, desabamentos de imóveis e alagamentos causados por chuvas
intensas. Dentro do programa VIGIDESASTRES são desenvolvidas atividades relacionadas
com a prevenção dos desastres naturais, a exemplo do levantamento das unidades de
saúde e escolas situadas em áreas de risco que pudessem eventualmente servir como
abrigo em situações de emergência; elaboração do Plano de contingência para acidentes
com produtos perigosos e o Plano de emergência para acidentes químicos em Ilha de
Maré, área de risco priorizada pela equipe devido à sua vulnerabilidade frente a esse tipo
de evento; realização de simulados, salas de situação e elaboração de boletins com
alertas à população para os eventos de risco.

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