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ANATOMIA E FISIOLOGIA

DA PELE E DERMATOLOGIA

Autoria: Dalita Gomes Silva Morais Cavalcante

1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2021


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

C376a

Cavalcante, Dalita Gomes Silva Morais

Anatomia e fisiologia da pele e dermatologia. / Dalita Gomes


Silva Morais Cavalcante. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

157 p.; il.

ISBN 978-65-5646-203-5
ISBN Digital 978-65-5646-201-1
1.Patologia da pele. - Brasil. II. 2. Dermatologia estética. – Bra-
sil. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
Estrutura e Função da Pele Humana.......................................... 7

CAPÍTULO 2
Patologia da Pele......................................................................... 61

CAPÍTULO 3
Dermatologia Estética...............................................................113
APRESENTAÇÃO
Olá, caro pós-graduando, seja bem-vindo ao livro da disciplina Anatomia e
fisiologia da pele e dermatologia. Neste livro, você aprenderá sobre a estrutura
morfológica e os processos fisiológicos que acontecem na pele humana e que
são cruciais para a manutenção de uma pele saudável. Porém, existem diversas
situações e causas que podem levar a um desequilíbrio nos mecanismos fisioló-
gicos e anatômicos da pele humana, podendo, consequentemente, proporcionar
o aparecimento de patologias. Sendo assim, neste livro, você também conhecerá
as características anatômicas e fisiológicas da pele não saudável, assim como
as doenças mais importantes observadas na pele humana. Complementando as
patologias, você conhecerá os diversos problemas estéticos e tratamentos derma-
tológicos mais apropriados para a resolução do problema estético, muitas vezes
causados por uma doença. Para facilitar a assimilação dos conhecimentos, o livro
da disciplina será organizado em três capítulos, porém é preciso ter em mente
que se trata de uma divisão meramente didática, uma vez que a pele humana é
um sistema dinâmico e complexo.

No Capítulo 1, você aprenderá a estrutura da pele normal, focando na mor-


fologia das camadas da pele, assim como em suas estruturas anexas. Além da
estrutura morfológica da pele, você também visualizará os processos fisiológicos,
como a termorregulação, entre outros, que acontecem na pele e entenderá como
esses processos são fundamentais para a homeostase da pele e do organismo do
ser humano com um todo.

No Capítulo 2, você aprenderá o conceito de pele não sadia e lesionada, vi-


sualizando diversas alterações que podem ser encontradas na pele como indício
de patologia. Além disso, você aprenderá as características específicas e pecu-
liares de diversas doenças da pele humana, como a acne, a psoríase, o melano-
ma, dentre outras. Desta forma, você conseguirá identificar diversas patologias
presentes na pele humana, através da análise de alterações cutâneas gerais e
específicas.

No Capítulo 3, você aprenderá os principais problemas dermatológicos mais


procurados para correção através de tratamentos estéticos, sendo apresentadas
as causas e os possíveis procedimentos estéticos a serem realizados. Além disso,
você conhecerá as atribuições profissionais tanto dos dermatologistas quanto dos
esteticistas, delimitando as competências de cada área. Você também aprenderá
o conceito de dermocosméticos e suas diversas aplicações. Por último, você visu-
alizará a importância da proteção da pele contra raios ultravioletas e os cuidados
e procedimentos corretos para o bronzeamento natural e artificial.
Neste contexto, esperamos que este livro auxilie você, caro pós-graduando,
na compreensão de conceitos relacionados à pele humana, suas patologias e
possíveis formas de tratamentos estéticos que deixarão a pele humana mais sau-
dável e mais bem-apresentada. Vamos então começar a caminhada.

Bons estudos!

Professora Dalita Gomes Silva Morais Cavalcante.


C APÍTULO 1
ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE
HUMANA

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 aprender a estrutura da pele normal, focando a sua morfologia subdividida em


camadas;
 conhecer as estruturas anexas da pele humana;
 visualizar os processos fisiológicos normais que acontecem na pele, proporcio-
nando a homeostase da pele e do organismo do ser humano;
 analisar e identificar a pele humana normal, através da compreensão das es-
truturas morfológicas e dos processos fisiológicos que caracterizam uma pele
saudável.
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

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Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olhe para o seu braço. O que você vê? Provavelmente, você respondeu:
pele. Agora, olhe para o seu corpo todo. Você observará que você é delimitado
pela pele humana. Mas como será que é a pele humana? Do que ela é formada?
Como será que ela é formada? Que processos acontecem na pele humana que
permitem que ela seja saudável e vistosa?

A pele é muito mais do que você enxerga, há diversas células e camadas de


células que compõem o que você vê. Todas essas células estão realizando suas
funções para que a pele se mantenha íntegra e saudável. Os estudos científicos
relacionados em responder a estas e a outras perguntas são realizados há diver-
sas décadas e muitas descobertas já foram feitas. Isso é verificado pela variedade
de documentos científicos disponíveis publicados sobre o tema. Apesar de todas
as descobertas realizadas, ainda há muito que ser estudado para se compreender
o total funcionamento da pele humana, tanto focando na sua anatomia quanto na
sua fisiologia. A compreensão do funcionamento normal da pele humana é extre-
mamente importante, pois auxilia a interpretação de mecanismos patológicos que
podem ocasionar doenças.

Portanto, o foco principal do nosso estudo neste capítulo é conhecer a ana-


tomia e a fisiologia da pele humana normal, buscando relacionar a estrutura e a
função de cada componente encontrado na pele. Esses conhecimentos são im-
portantes, pois através deles é possível identificar uma pele saudável e diferenci-
á-la de uma pele não sadia.

2 ANATOMIA DA PELE HUMANA


A pele humana é o maior órgão do ser humano e se localiza delimitando o or-
ganismo do ambiente externo e em contato com o ambiente interno do corpo huma-
no. Sobre o tamanho, espessura e peso da pele humana, Harris (2016, p. 1) des-
creve: “[...] a pele apresenta uma área total que varia de 2500 cm2 no nascimento a
18000 a 25000 cm2 em um ser humano adulto. Sua espessura pode variar de 1,5
mm a 4 mm, com peso médio (seca) de aproximadamente 2,0 a 4,0 kg [...]”.

Devido ao fator da pele estar exposta ao meio externo, esta pode estar
em contato com diversos agentes nocivos, sejam eles químicos, físicos ou bioló-
gicos. Como exemplo de agentes nocivos de característica química que podem
entrar em contato com a pele pode-se citar os produtos de limpeza, os compostos
presentes na poluição do ar e até certos produtos de beleza, entre outros. Como

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Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

agentes físicos que podem entrar em contato com a pele pode-se citar os raios
solares, destacando os raios ultravioletas. E como agentes biológicos que podem
entrar em contato com a pele humana pode-se destacar os microrganismos, como
bactérias, fungos e vírus. Neste contexto, uma das funções da pele está relacio-
nada à defesa do corpo humano, uma vez que estas possuem células que podem
impedir que os micróbios entrem para o interior do organismo humano. Além da
função de defesa do corpo humano, outras funções podem ser relacionadas à
pele, como termorregulação, proteção mecânica, percepção sensorial do meio
externo, secreção de compostos, proteção contra desidratação, proteção contra
raios ultravioletas e síntese da vitamina D (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS,
2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

No corpo humano, a pele pode ser lisa, sem a presença de pelos, denomi-
nada de pele glabra. As palmas das mãos e dos pés são um exemplo desse tipo
de pele. É importante ressaltar que não há pelos nessas regiões, pois estes iriam
diminuir a capacidade de diferenciar a textura e a temperatura dos objetos, assim
como dificultaria a realização da função motora. Porém, a pele pode ser consti-
tuída externamente pela presença de pelos, sendo chamada de pele pilosa, que
constitui a maior parte do corpo humano. Outra classificação para a pele humana
leva em consideração a espessura, sendo dessa forma subdividida em pele gros-
sa e pele fina. A pele grossa é encontrada, por exemplo, nos pés para proteção do
atrito e a pele fina é encontrada no restante do corpo (PRESTON; WILSON, 2014;
HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

Independentemente de a pele ser glabra ou pele pilosa, no ser humano, a


pele pode ser dividida em camadas. Alguns autores consideram a pele contendo
somente duas camadas: a epiderme e a derme, porém outros autores consideram
a pele como sendo constituída de três camadas. Nesse contexto, este livro consi-
derará a pele contendo três camadas (Figura 1), que são:

1) Epiderme.
2) Derme.
3) Hipoderme.

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Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 1 – A PELE HUMANA E SUAS TRÊS CAMADAS DIFE-


RENCIADAS: EPIDERME, DERME E HIPODERME

FONTE: <https://bit.ly/3mA9ilk>. Acesso em: 27 set. 2020.

Nem sempre a pele humana foi estruturada da forma como a


visualizamos hoje. Durante a escala evolutiva, muitas modificações
ocorreram, como por exemplo, a redução na quantidade de pelos.
Para conhecermos mais sobre este assunto, leia o artigo científico
A pele humana e sua evolução no tempo. Para isso, acesse o link:
https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/236/261.

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Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

2.1 EPIDERME
A epiderme é a camada da pele humana mais externa. Quando você olha
para a pele do seu braço é a epiderme que você está visualizando. Histologica-
mente, a epiderme é classificada como um tecido epitelial estratificado pavimento-
so queratinizado. Isso significa dizer que a epiderme é formada por diversas filei-
ras de células e que essas fileiras ficam uma em cima das outras. As células que
formam a epiderme são classificadas como justapostas, ou seja, uma está aderida
à outra, com pouca matriz extracelular entre elas. Na epiderme não existem vasos
sanguíneos, desta forma, as células epidérmicas metabolicamente ativas são nu-
tridas pela camada subjacente, que é a derme. Os nutrientes são transportados
para a epiderme por capilaridade. Agora, faça outro exercício: olhe novamente a
epiderme do seu braço. Você provavelmente está vendo pelos sobre a epiderme.
Na verdade, os pelos estão passando pela epiderme, sendo oriundos a partir da
derme (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

A epiderme realiza diversas funções, como:

• Barreira protetora contra microrganismos.


• Proteção contra choques mecânicos.
• Proteção contra os raios ultravioletas solares.

Didaticamente, de acordo com Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e


Sampaio e Rivitti (2018), as células da epiderme são divididas em:

• Queratinócitos: compõem a maioria das células e são responsáveis


pela formação da proteína queratina. A queratina na pele é importante,
pois auxilia a proteção contra choques mecânicos da pele, pois possui
grande resistência e também proporciona impermeabilidade, evitando a
perda de água.
• Melanócitos: são as células que produzem a proteína melanina, respon-
sável pela coloração da pele. Quanto mais melanina, mais escura é a
tonalidade da pele.
• Células de Langerhans: são células imunológicas que morfologicamen-
te apresentam prolongamentos citoplasmáticos. Essas células possuem
a função de apresentar corpos estranhos para os linfócitos circulantes da
epiderme. A maioria das células de Langerhans é encontrada na camada
espinhosa da epiderme.
• Células de Merkell: são células que existem na epiderme com função
de auxiliar a percepção sensorial, sendo consideradas mecanorrecepto-
res. Para isso, essas células se conectam com nervos sensitivos existen-
tes na camada abaixo, que é a derme.

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Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

Dependendo da morfologia e do ciclo de vida que os queratócitos estão na


epiderme, as fileiras de células podem ser divididas em cinco camadas, conforme
Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti (2018):

FIGURA 2 – CINCO CAMADAS PERTENCENTES À EPIDERME

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Skinlayers_esp.
jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 27 set. 2020.

• Estrato germinativo: essa é a camada mais profunda da epiderme. As


células possuem morfologia cúbica e estão em constante divisão celular
através do processo de mitose e possuem bem pouca queratina. As célu-
las dessa camada são dependentes dos nutrientes e oxigênio provenien-
tes da derme. Acredita-se que quando o queratócito passa pelo proces-
so de divisão celular, duas novas células são formadas e em condições
normais, uma célula permanece na camada basal e a outra é transferida
para a camada espinhosa até chegar à camada córnea. Assim, a função
dessa camada é renovação celular.
• Estrato espinhoso: essa é segunda camada mais profunda da epiderme.
As células possuem mais queratina que a camada basal e as células são
aderidas entre si, através de junções celulares chamadas de desmosso-
mos (Figura 3), dando a aparência que as células possuem espinhos.

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Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Estrato granuloso: essa camada está localizada em posição intermedi-


ária entre as camadas e é formada por células com muitos grânulos de
queratina. Aqui as células começam a mudar de morfologia, iniciando o
processo de achatamento. Essas células são responsáveis pela produ-
ção de lipídios que migrarão para a superfície da camada córnea e farão
parte do manto hidrolipídico. O manto hidrolipídico é um filme existente
em cima da epiderme constituído de lipídios, sebo, água e sais minerais
que funcionam como uma barreira de proteção e hidratação da pele.
• Estrato lúcido: essa camada é a segunda camada superficial da epider-
me e onde as células ainda estão vivas e com o citoplasma totalmente
preenchido por queratina.
• Estrato córneo: essa camada é a mais superficial da epiderme e é for-
mada por células mortas altamente queratinizadas. Nesta situação, os
queratócitos passam a ser denominados de corneócitos. Os corneócitos
se encontram incorporados numa matriz lipídica composta por cerami-
das, ácidos graxos e colesterol (SOARES et al., 2015).

É importante destacar que todo queratócito se inicia a partir da camada ba-


sal. Nesta camada, as células estão em constante divisão celular, formando no-
vas células. Com a formação de novas células, os queratócitos que estão mais
externamente, nesta camada, são empurrados para cima até entrarem na próxi-
ma camada, que no caso é a camada espinhosa e adquirem a morfologia celular
desta camada. Nessa nova camada, continuam sendo empurrados para cima até
adentrar a camada granulosa, onde passam a adquirir a morfologia celular dessa
camada e, assim, sucessivamente até chegar à última camada que é a camada
córnea. Sendo assim, a cada mudança de camada, o queratócito sofre modifica-
ções morfofisiológicas, deixando de ser uma célula viva e se tornando uma célula
morta queratinizada. Em média, sabe-se que o tempo estimado para um querató-
cito sair da camada basal e chegar ao extrato córneo pode durar de 26 a 42 dias
(PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

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Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 3 – JUNÇÃO CELULAR DESMOSSOMO UNINDO DUAS CÉLULAS

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Desmosome#/media/Fi-
le:Desmosome_-_2.png>. Acesso em: 27 set. 2020.

Os melanócitos produzem continuamente o pigmento da pele,


que é a melanina. A melanina é secretada dos melanócitos e pene-
tram os queratócitos da epiderme (Figura 4). Os cientistas descobri-
ram que a maior parte da melanina permanece na camada celular ba-
sal, movendo-se apenas um pouco em direção à superfície da pele,
mas as razões para isso não são claras. Os pesquisadores também
descobriram que a distribuição de melanina pode ser alterada quan-
do há estresse no tecido da pele, como regeneração do tecido ou
cicatrização de feridas (JOLY-TONETTI et al., 2018).

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Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 4 – TRANSFERÊNCIA DE MELANINA DOS ME-


LANÓCITOS PARA OS QUERATINÓCITOS

FONTE: Ando et al. (2012, p. 1226)

Entre a epiderme e a derme existe a membrana basal (Figura 5), que é for-
mada pela lâmina basal e pela lâmina reticular. A lâmina basal é constituída ba-
sicamente de glicoproteínas e proteoglicanas, que são secretadas pelas células
epiteliais e a lâmina reticular é formada por colágeno do tipo III secretado pelo
tecido conjuntivo subjacente (MONTANARI, 2016).

FIGURA 5 – MEMBRANA BASAL CONSTITUÍDA DE LÂ-


MINA BASAL E LÂMINA RETICULAR

FONTE: <https://fr.wikipedia.org/wiki/Membrane_basale#/media/Fi-
chier:Membrane_basale.jpg>. Acesso em: 27 set. 2020.

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Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

Atividades de Estudo:

1) A epiderme é a camada da pele humana mais superficial da pele


e realiza diversas funções, como barreira protetora contra micror-
ganismos, proteção contra choques mecânicos e proteção contra
os raios ultravioletas solares. A epiderme é formada por cinco ca-
madas e cada uma possui características peculiares. Nesse con-
texto, a camada da epiderme que possui constante divisão celular
e tem a função de originar novos queratócitos é:

a) ( ) Camada basal.
b) ( ) Camada espinhosa.
c) ( ) Camada granulosa.
d) ( ) Camada lúcida.
e) ( ) Camada córnea.

2.2 DERME
A derme é a segunda camada da pele humana, localizada abaixo da epiderme. Com-
parando as três camadas da pele, a derme é a camada mais espessa. Histologicamente,
a derme é classificada como um tecido conjuntivo. Uma das principais funções da derme é
contribuir com a elasticidade e resistência da pele. Além dessa função, a maioria das célu-
las do sistema imunológico (Figura 6) está localizada nesta camada, funcionando como um
mecanismo de defesa contra agentes patogênicos (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS,
2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

Dentro da derme encontram-se as seguintes estruturas:

• Folículos pilosos que originarão os pelos.


• Glândulas sudoríparas que produzem o suor.
• Glândulas sebáceas que produzem o sebo.
• Vasos sanguíneos que transportam o sangue com nutrientes e oxigênio.
• Nervos que são estruturas constituídas de terminações nervosas respon-
sáveis pelas sensações de tato, dor e temperatura do ambiente.

De acordo com Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti (2018),
além dessas estruturas, a derme é formada por diversos tipos celulares, como:

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Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Fibroblastos: são células responsáveis pela produção das proteínas


colágeno e elastina, cuja função dessas proteínas é proporcionar re-
sistência e elasticidade, respectivamente, para a pele. Além destas, os
fibroblastos também produzem outras moléculas, como glicoproteínas,
glicosaminoglicanos e proteoglicanos.
• Macrófagos: são células imunológicas com a função de fagocitose de
microrganismos.
• Plasmócitos: são células imunológicas diferenciadas a partir dos linfóci-
tos B, atuando na produção de anticorpos.
• Mastócitos: são células imunológicas que liberam histamina e favore-
cem a vasodilatação.
• Neutrófilos: são células imunológicas com a função de fagocitose de
microrganismos.
• Eosinófilos: são células imunológicas que combatem parasitas e pos-
suem um papel central no processo de reações alérgicas.
• Basófilos: são células imunológicas que liberam histamina e heparina e
favorecem a vasodilatação durante o processo de infecção.
• Linfócitos: são células imunológicas, podem ser classificados em linfóci-
tos T e linfócitos B. Os linfócitos B são as células produtoras de anticorpos.
• Monócitos: são células imunológicas que originam os macrófagos.

FIGURA 6 – ALGUNS TIPOS DE CÉLULAS IMUNOLÓGICAS

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/White_blood_cell#/media/File:Blau-
sen_0909_WhiteBloodCells.png>. Acesso em: 28 set. 2020.

Essas células estão imersas em uma grande quantidade de matriz extracelular


(Figura 7), diferentemente do que acontecia com as células na epiderme, que ficam
18
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

justapostas e imersas em pouca matriz extracelular. Na matriz extracelular é encon-


trada a substância fundamental amorfa, que é viscosa e possui bastante afinidade
com a água, sendo formada por glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteí-
nas (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

FIGURA 7 – DERME PREENCHIDA COM MATRIZ EXTRACELULAR

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Extracellular_matrix#/me-
dia/File:Extracellular_Matrix.png>. Acesso em: 28 set. 2020.

A obtenção de uma pele humana que apresente derme e epider-


me, reconstruída em laboratório (in vitro), possibilita a realização de
enxertos de pele reconstruída em pacientes com diversas condições
clínicas, como por exemplo, em casos de queimaduras e úlceras crôni-
cas de pele. Nesse contexto, faça a leitura da dissertação de mestrado
intitulada Modelo de pele humana (Derme + Epiderme) Reconstruída
In Vitro, do autor Luís Ricardo Martinhão Souto, cujo objetivo é apre-
sentar uma técnica reprodutível (modelo) para obtenção de pele hu-
mana reconstruída in vitro, contendo derme e epiderme associadas,
baseada no crescimento de fibroblastos no interior de uma matriz bio-
lógica e no crescimento sequencial de queratinócitos e melanócitos
sobre essa matriz com fibroblastos cultivados em seu interior.

Para isso, acesse https://bit.ly/37vqEtu.

19
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

O colágeno sintetizado pelos fibroblastos (Figura 8) é formado basicamente


pelos aminoácidos glicina, prolina e hidroxiprolina. Sabe-se que três cadeias poli-
peptídicas, ricas nestes aminoácidos, enroladas entre si em alfa-hélice formam o
tropocolágeno. A junção de vários tropocolágenos paralelos forma uma fibrila de
colágeno e a união de várias fibrilas paralelas forma uma fibra de colágeno. De-
pendendo da composição das cadeias polipeptídicas, o colágeno (Figura 9) pode
ser dividido em diversos tipos. O colágeno tipo I e III formam fibrilas e fibras, o
colágeno tipo II somente fibrilas e o colágeno tipo IV forma uma rede. Na pele hu-
mana são encontrados basicamente colágenos do tipo I e III (JUNQUEIRA; CAR-
NEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).

FIGURA 8 – MORFOLOGIA DE UM FIBROBLASTO

FONTE: Adaptada de Delabio-Ferraz et al. (2010)

FIGURA 9 – FORMAÇÃO DO COLÁGENO

FONTE: <https://it.wikipedia.org/wiki/Collagene#/media/File:Colla-
gen_biosynthesis_(it).JPG>. Acesso em: 28 set. 2020.

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Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

Didaticamente, para Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e


Rivitti (2018), a derme humana pode ser dividida em duas camadas (Figura 10):

• Derme papilar: é formada de tecido conjuntivo frouxo, onde as diversas


células encontradas nesta camada estão imersas na matriz extracelular.
• Derme reticular: esta camada é formada por tecido conjuntivo denso
não modelado. Aqui se encontra uma menor quantidade de células, mas
em compensação há uma grande quantidade de fibras de colágeno e de
fibras de elastina.

FIGURA 10 – ESQUEMA MOSTRANDO A LOCALIZA-


ÇÃO DA DERME PAPILAR E DA DERME RETICULAR

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Dermis#/media/File:Blau-
sen_0802_Skin_DermalCirculation.png>. Acesso em: 28 set. 2020.

A derme é altamente vascularizada e por meio desta rede de vasos sanguí-


neos auxilia na nutrição da epiderme. Além dos vasos sanguíneos, na derme tam-
bém são encontrados vasos linfáticos, que têm a função de drenar o excesso
de líquido extracelular (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO;
RIVITTI, 2018).

Atualmente, muitos medicamentos são desenvolvidos para apli-


cações tópicas e transdérmicas na pele. De forma geral, os medi-
camentos são transportados pelo estrato córneo essencialmente por

21
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

difusão passiva, seja através de uma via intercelular (isto é, restrita


à matriz lipídica) ou transcelular (isto é, através dos corneócitos e da
matriz lipídica). A permeação ao longo de tais vias é, portanto, depen-
dente da afinidade de um composto com ambientes lipídicos, com o
ambiente interno do corneócito e com a capacidade de uma molécula
de permear a parede celular do corneócito. Já os medicamentos que
alcançam a derme são transportados por difusão, muitas vezes, pre-
judicada pelo meio aquoso da camada. No entanto, a vascularização
da derme contribui significativamente ao transporte e distribuição de
medicamentos na pele, assim como o sistema linfático; a derme é de
natureza predominantemente acelular; oferecendo muitas oportuni-
dades para a vinculação e sequestro de drogas.

FONTE: Jepps et al. (2013, p. 154).

ATIVIDADES DE ESTUDO:

1) A derme é a camada mais espessa da pele humana e que se lo-


calizada abaixo da epiderme e em cima da hipoderme. Uma das
principais funções da derme é contribuir com a elasticidade e re-
sistência da pele. Sobre as características morfológicas da derme,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.

( ) Células do sistema imunológico não são encontradas nesta ca-


mada.
( ) Glândulas sudoríparas produzem o sebo e as glândulas sebáceas
produzem o suor e ambas são encontradas nesta camada.
( ) As células desta camada estão imersas em uma grande quantida-
de de matriz extracelular.
( ) Na derme reticular se encontram fibras de colágeno e fibras de
elastina.
( ) Vasos sanguíneos e nervos são visualizados nesta camada.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V – V – V.
b) ( ) F – F – V – F – V.
c) ( ) F – V – V – V – V.
d) ( ) F – F – V – V – V.
e) ( ) F – F – V – V – F.

22
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

2.3 HIPODERME
A terceira camada da pele é a de hipoderme, também chamada de panículo
adiposo e é classificada histologicamente como tecido conjuntivo frouxo. A hipo-
derme também é associada ao termo tecido adiposo. Nesta camada são encon-
tradas as células denominadas de adipócitos. Dentro dos adipócitos são armaze-
nadas gotas de gordura, com a finalidade de reserva energética para o organismo.
Quase metade de toda gordura corporal é encontrada na hipoderme, porém essa
quantidade pode variar de acordo com a idade e sexo do indivíduo. De forma ge-
ral, o sexo feminino possui em média mais gordura corporal do que o masculino
(PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

De acordo com Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti


(2018), além da função de reserva energética estar relacionada aos adipócitos,
essas células também realizam a liberação de substâncias que podem afetar o
metabolismo corporal, como:

• Leptina, que sinaliza saciedade.


• Lipoproteína lipase, que degrada triglicerídeos em ácidos graxos.
• Fatores da via do complemento.
• Prostaglandinas.
• Citocinas.

Além destas, outras funções do tecido adiposo são a participação no isola-


mento térmico corporal e a proteção mecânica contra agressões externas.

Sabe-se que o tecido adiposo branco é o maior sítio de produ-


ção da leptina (Figura 11). Uma vez na circulação sanguínea, a lep-
tina se liga a receptores específicos no cérebro, levando ao sistema
nervoso central um sinal de saciedade que reflete a quantidade exis-
tente de energia em forma de gordura no organismo. Além disso, a
leptina sinaliza o estado nutricional do organismo a outros sistemas
fisiológicos, modulando a função de várias glândulas-alvo, como a
tireoide, as gônadas e a glândula adrenal.

23
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 11 – ESQUEMA MOSTRANDO A LEPTINA E SUA INFLUÊNCIA SOBRE O


HIPOTÁLAMO E OUTRAS GLÂNDULAS

FONTE: Adaptada de Negrão e Licinio (2000)

Para Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti (2018), es-
truturalmente, a hipoderme é composta por dois tipos celulares:

• Adipócitos: São as células que contêm uma grande quantidade de lipí-


dios na forma de triglicerídeos (Figura 12), que são formados por uma
molécula de glicerol ligada a três moléculas de ácidos graxos. Baseado
na morfologia do adipócito, o tecido adiposo pode ser dividido em:
o Tecido adiposo unilocular ou branco (Figura 13a): possui adipócitos
com uma grande gota de lipídios no citoplasma, que empurra o nú-
cleo para a periferia. Essa grande gota de lipídios no citoplasma de
cada célula adiposa é o principal reservatório de energia do corpo
humano. Este tecido é encontrado espalhado em quase todo o orga-
nismo humano, inclusive embaixo da derme, na camada hipoderme
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).
o Tecido adiposo multilocular ou marrom (Figura 13b): possui adipóci-
tos com múltiplas gotículas lipídicas e um núcleo redondo e centrali-
zado e muitas mitocôndrias. Esse tecido é abundante em recém-nas-
cidos humanos, ajudando-os na termogênese, ou seja, na produção
de calor. Em adultos, o tecido adiposo marrom é quase inexistente
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).

24
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 12 – ESTRUTURA MOLECULAR DO TRIGLICERÍDEO

FONTE: <https://bit.ly/2JFOoma>. Acesso em: 30 set. 2020.

• Fibroblastos: produzem, assim como na derme, colágeno e elastina


para proporcionar à hipoderme, as características de resistência e elasti-
cidade, respectivamente.

Na hipoderme, assim como na derme, também é encontrada entre as células, a ma-


triz extracelular, que é composta de colágeno, elastina, ácido hialurônico e proteoglicanas.
Na hipoderme, também são encontradas fibras nervosas e vasos sanguíneos, sendo dessa
forma altamente vascularizada (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RI-
VITTI, 2018).

FIGURA 13 – ESQUEMA MOSTRANDO OS ADIPÓCITOS DO TECIDO ADIPO-


SO BRANCO (A) E OS ADIPÓCITOS DO TECIDO ADIPOSO MARROM (B)

FONTE: <https://bit.ly/3qgs9nM>. Acesso em: 30 set. 2020.

25
A iden
cito e sua co
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia biologia da p
para entender
sição de gord
referem à gor
Na literatura, há uma grande confusão entre os termos hipoder- ção precisa do
meFIGURA
e tecido adiposoesquemático
6: Desenho subcutâneo,domuitas
tecidovezes utilizados
adiposo normal ecomo sinô-
na LDG. 8 mente, é imp
nimos. De acordo com os estudos, o tecido adiposo deve ser dividido referência.11
em duas camadas distintas: hipoderme e tecido celular subcutâneo, Sem d
pois são camadas que apresentam anatomia, histologia e metabolis- então descon
CONCLUSÃO
mo completamente distintos. Anatomicamente, a camada hipoderme diferenças ult
se localiza acima do
O tecido tecido celular
adiposo deve subcutâneo.
e precisa serSeguem dois em
dividido quadros
duas entendimento
que diferenciam
camadas morfologicamente
distintas: hipoderme (TAS) essaseduas camadas:
tecido celular subcutâneo a localização
(TAP), pois são camadas que apresentam anatomia, histologia e determinar m
metabolismo completamente distintos (Quadros 1 e 2).
QUADRO 1 – DIFERENÇA MORFOLÓGICA ENTRE HIPO-
adequada. ●
DERME E TECIDO ADIPOSO SUBCUTÂNEO

QUADRO 1: Características anatômicas e histológicas da hipoderme (TAS)

■ reveste praticamente todo o corpo


■ lóbulos adiposos ovais­poligonais bem organizados
■ septos fibrosos conectados à derme
■ adipócitos menores envoltos por tecido conectivo denso e bem
vascularizados
■ alta estabilidade estrutural e nas propriedades elásticas REFERÊN
■ diminui de espessura com o emagrecimento 1. Sbarbati A
Subcutane
54(4):226-3
QUADRO 2: Características anatômicas e histológicas do tecido adiposo 2. Chu, DH. D
subcutâneo (TAP) Katz S, Gil
■ sua distribuição depende do sexo e da idade Dermatolo
■ presente somente em determinadas áreas do corpo: abdômen, Companie
3. Lancerotto
flancos, região trocantérica, parte interna do terço superior das
Layers of th
coxas, joelhos e parte posterior dos braços
tissue and
■ lóbulos de gordura maiores, achatados e pouco definidos com
4. Lookwood
menor vascularização ties: a new
■ septos fibrosos conectados à fascia muscular 5. Gasperoni
■ adipócitos maiores envoltos por tecido conectivo frouxo Liposuctio
■ baixa estabilidade estrutural e nas propriedades elásticas Superficial
■ os lipídeos são mobilizados numa taxa menor durante o 6. Silva SL. Va
emagrecimento ponderal. R
■ determina as diferenças de contorno corporal de acordo com o 7. Kelley DE,
sexo subcutane
Physiol End
FONTE: Cunha, Cunha e Machado (2014, p. 359) 8. Smith SR, L
et al. Contr
se tissue c
26
complicati
9. Paschoal L
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

O processo de utilização e quebra de lipídios dentro do adipócito é chamado


de lipólise. O processo de lipólise acontece quando há a necessidade de energia,
como por exemplo, em condições de jejum prolongado ou realização de ativida-
des físicas muito extenuantes. Dessa forma, gera o processo de lipólise (Figura
14), que apresenta as seguintes etapas, de acordo com Preston e Wilson (2014),
Harris (2016) e Sampaio e Rivitti (2018):

• 1º: no sangue, os baixos níveis de insulina e o aumento das concentra-


ções do hormônio glucagon e do neurotransmissor epinefrina induzem o
início do processo de lipólise.
• 2º: tanto a epinefrina quanto o glucagon se ligam a receptores específi-
cos existentes na membrana plasmática do adipócito, desencadeando
uma cascata de reações intracelulares.
• 3º: entre essas reações ocorre a produção do composto adenosina mo-
nofosfato cíclico, também chamado de AMP cíclico (cAMP), que ativa
quinases.
• 4º: as proteínas quinases fosforilam as enzimas lipases, ativando-as.
• 5º: as lipases são enzimas que têm a função de degradar lipídios, sendo
assim, as lipases quebram os triglicerídeos em uma (1) molécula de gli-
cerol e três (3) moléculas de ácidos graxos.
• 6º: tanto o glicerol quanto os ácidos graxos gerados são liberados do
adipócito e caem na corrente sanguínea.
• 7º: os ácidos graxos na corrente sanguínea se associam a proteínas al-
buminas do sangue e são transportados até os órgãos, como por exem-
plo, o fígado e os músculos.
• 8º: dentro das células desses órgãos, os ácidos graxos serão utilizados
para a geração de energia.

FIGURA 14 – PROCESSO DE LIPÓLISE NO ADIPÓCITO

FONTE: <https://bit.ly/2I1Lp7c>. Acesso em: 30 set. 2020.

27
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

A celulite, também conhecida como lipodistrofia ginoide ou


adipose edematosa, pode ser definida como uma condição femini-
na caracterizada pelo aspecto ondulado da pele de algumas áreas
corporais. É altamente provável que os hormônios femininos desem-
penhem papel fundamental na etiopatogenia da celulite, induzindo
a variações estruturais na arquitetura da gordura subcutânea. His-
tologicamente, sabe-se que na celulite, a epiderme é sempre nor-
mal. Na derme papilar e reticular alta, infiltrado linfocitário discreto é
observado, assim como na pele normal. As fibras de colágeno, nas
camadas superiores da derme, aparecem ligeiramente edematosas.
Os vasos sanguíneos não mostram características patológicas. Já os
vasos linfáticos da derme superior estão, no entanto, quase sempre
visivelmente distendidos. Células individuais de gordura no tecido
subcutâneo aparecem alargadas.

FONTE: Afonso et al. (2010, p. 216).

Atividades de Estudo:

1) O panículo adiposo é a terceira camada da pele e é formado, em


sua maioria, por células denominadas adipócitos. Quando o or-
ganismo necessita de energia, os adipócitos entram em proces-
so de lipólise. Sobre o processo de lipólise, analise a ordem dos
eventos que ocorrem nele:

I- Dentro do fígado e dos músculos, os ácidos graxos serão utilizados


para a geração de energia.
II - AMP cíclico produzido ativa quinases que fosforilam as enzimas
lipases.
III- O glicerol e os ácidos graxos gerados são liberados do adipócito e
caem na corrente sanguínea.
IV- As lipases degradam triglicerídeos em uma molécula de glicerol e
três moléculas de ácidos graxos.
V- O glucagon se liga a receptores proteicos existentes na membra-
na plasmática do adipócito.

28
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – II – IV – III – V.
b) ( ) V – II – III – IV – I.
c) ( ) V – II – IV – III – I.
d) ( ) V – IV – II – III – I.
e) ( ) V – III – IV – II – I.

2.4 ESTRUTURAS ANEXAS:


GLÂNDULAS, PELOS E UNHAS
Na camada dérmica da pele humana, encontram-se localizados os anexos
cutâneos. É importante frisar que essas estruturas são formadas por células da
camada epidérmica, que migraram para a derme (PRESTON; WILSON, 2014;
HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018). São considerados anexos cutâneos,
na espécie humana:

1) Pelos.
2) Glândulas sebáceas.
3) Glândulas sudoríparas.
4) Unhas.

Vamos agora conhecer mais detalhadamente cada um desses anexos cutâ-


neos.

2.4.1 Pelos
Os pelos são estruturas presentes em quase todo o corpo humano, possuin-
do a função de proteger a pele, diminuindo a incidência de raios ultravioletas sola-
res sobre ela. São formados por células mortas da epiderme totalmente queratini-
zadas. Os pelos podem ser divididos em duas partes, segundo Preston e Wilson
(2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti (2018):

• Haste: é a região alongada do pelo, normalmente visível macroscopica-


mente, saindo sobre a pele humana. A haste do pelo cortada transversal-
mente mostra que esta é formada por três camadas:
o Cutícula externa: é a camada mais externa, formada por uma única ca-
mada de células mortas queratinizadas.

29
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

o Córtex intermediário: é a camada intermediária do pelo, formada por cé-


lulas com queratina dura, conferindo resistência ao pelo.
o Medula: é camada mais interna do pelo, formada por células com quera-
tina mole. A diferença entre queratina dura e mole é a quantidade de en-
xofre contida na estrutura molecular da queratina (TIMMONS; MARTINI;
TALLITSCH, 2009).
• Raiz: esta parte do pelo está imersa dentro da derme e não é possível
ser visualizada sem arrancar o pelo. Na raiz também é encontrado o fo-
lículo piloso, que é a estrutura responsável pela produção do pelo. Na
base no folículo piloso é encontrada a matriz do pelo, que é constituída
por células com capacidade proliferativa e, com isso, proporciona o cres-
cimento do pelo. Na matriz também são encontrados os melanócitos,
que são responsáveis pela coloração dos pelos, que vai variar de acordo
com a quantidade geneticamente programada para a síntese de melani-
na (TIMMONS; MARTINI; TALLITSCH, 2009).

Associados aos folículos pilosos são encontrados tanto as glândulas sebáce-


as quanto o músculo eretor do pelo. A contração do músculo eretor do pelo deixa
os pelos arrepiados, como por exemplo, quando há a sensação de frio. Depen-
dendo do tipo de pelo, este pode ser classificado em:

• Lanugo: pelos bem finos, sem pigmentação encontrados nos fetos antes
do nascimento. Esses pelos caem antes do nascimento.
• Penugem: pelos curtos finos, que substituem o lanugo após o nascimen-
to.
• Pelos definitivos: são pelos longos e com coloração, que substituem a
penugem com a chegada do indivíduo à puberdade.

FIGURA 15 – ESTRUTURA MORFOLÓGICA DO PELO

30
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FONTE: <https://bit.ly/3qsygWq>. Acesso em: 11 out. 2020.


Os pelos são constantemente renovados no corpo humano e
são produzidos por ciclos, que são divididos em quatro fases:

• Fase anágena: as células da matriz do pelo (em vermelho, na


Figura 16) estão em constante divisão celular, produzindo novas
células, que em seguida começarão a produzir queratina e forma-
rão o novo pelo.
• Fase catágena: as células epidérmicas do bulbo do pelo come-
çam a entrar em apoptose e com isso a sustentação do pelo an-
terior começa a ser destruída. Além disso, a papila dérmica (em
azul) se move para cima até encontrar uma protuberância sinali-
zadora de parada (em verde).
• Fase telógena: a papila dérmica para de se mover.
• Fase exógena: ocorre a queda do fio anterior, enquanto o novo fio
continua a ser produzido e a crescer.

FIGURA 16 – FASES DE CRESCIMENTO DOS PELOS

31
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FONTE: Adaptada de Lavker et al. (2003)

2.4.2 Glândulas sebáceas


As glândulas sebáceas são estruturas responsáveis pela produção do sebo e
ocorrem em quase toda a pele, com exceção das palmas e plantas dos pés. Ana-
tomicamente, são definidas como glândulas holócrinas, que são glândulas cuja
secreção é liberada com a célula, levando à morte celular (PRESTON; WILSON,
2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

FIGURA 17 – ESQUEMA MOSTRANDO UMA GLÂNDULA HOLÓCRINA

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Holocrine#/media/File:405_Mo-
des_of_Secretion_by_Glands_Holocrine.png>. Acesso em: 11 out. 2020.

A maioria das glândulas sebáceas está associada aos folículos pilosos que for-
mam os pelos, o sebo produzido por elas impregna os pelos e evita a desidratação.
Porém, existem glândulas sebáceas que desembocam diretamente sobre a pele,
sem estarem associadas aos pelos, como as glândulas de Meibomius, que estão
localizadas nas pálpebras oculares e servem para produzir a parte oleosa do filme
lacrimal, evitando assim a evaporação da parte aquosa do filme lacrimal (PRES-
TON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

2.4.3 Glândulas sudoríparas


As glândulas sudoríparas são estruturas responsáveis pela produção do
suor. Elas podem ser classificadas em dois grupos:

• Glândulas sudoríparas apócrinas: são glândulas tubulares, com origem

32
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

epidérmica, mas localizam-se na derme. Este tipo de glândula sudorípa-


ra é encontrado nas axilas e nos órgãos genitais. Nelas, o suor é liberado
com o citoplasma da célula glandular para o meio externo. Essas glându-
las são controladas pela presença de hormônios sexuais, apresentando
aumento de atividade a partir da puberdade. Primariamente, essas glân-
dulas liberam compostos, como triglicerídeos, que não possuem cheiro,
porém, ao entrar em contato com as bactérias da superfície, estas degra-
dam esses compostos em compostos que possuem odores (PRESTON;
WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

FIGURA 18 – ESQUEMA MOSTRANDO UMA GLÂNDULA APÓCRINA

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Apocrine#/media/File:405_Mo-
des_of_Secretion_by_Glands_Apocrine.png>. Acesso em: 11 out. 2020.

• Glândulas sudoríparas merócrinas ou écrinas: são glândulas tubulares,


com origem epidérmica, mas localizam-se na derme. Este tipo de glân-
dula sudorípara é a mais frequente na extensão corporal humana. O suor
é liberado por exocitose para fora das células glandulares e cai na parte
exterior da pele (Figura 20). Essas glândulas são controladas pelo siste-
ma nervoso simpático e estimuladas pelo hipotálamo do encéfalo, quan-
do há o aumento de temperatura corporal. Essas glândulas não alteram
o cheiro da pele (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO;
RIVITTI, 2018).

33
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 19 – ESQUEMA MOSTRANDO UMA GLÂNDULA MERÓCRINA

FONTE: <https://bit.ly/33HSscO>. Acesso em: 11 out. 2020.

CURIOSIDADE: Você sabia que as glândulas mamárias são


glândulas sudoríparas? Sim, elas são glândulas sudoríparas apócri-
nas modificadas que produzem leite. Somente os mamíferos, como
nós, possuímos essa glândula.

FONTE: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 152).

34
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 20 – ESQUEMA MOSTRANDO QUE A GLÂNDULA ÉCRI-


NA DESEMBOCA DIRETAMENTE NA SUPERFÍCIE DA PELE, ENQUAN-
TO A GLÂNDULA APÓCRINA DESEMBOCA SOBRE OS PELOS

FONTE: Adaptada de Hu et al. (2018)

2.4.4 Unhas
As unhas são formadas quando invaginações da epiderme penetram na der-
me e possuem a função de proteção das extremidades dos dedos. A unha é for-
mada pelas seguintes partes, conforme Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e
Sampaio e Rivitti (2018):

• Corpo da unha: é a placa de queratina visível a olho nu e popularmente


conhecida como unha.
• Raiz da unha: é a placa de queratina que fica escondida embaixo da
pele.

35
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Matriz ungueal: são as células localizadas embaixo da raiz da unha e


responsáveis pelo crescimento desta. A região visível da matriz ungueal,
em formato de meia-lua, é chamada de lúnula.
• Leito ungueal: são as células localizadas embaixo do corpo da unha.
• Hiponíquio: é a última camada de epiderme, antes de começar a unha
livre, ou seja, a unha que fica sem sustentação do leito ungueal.

As bordas das unhas estão cobertas com pele, sendo esta denominada de
prega ungueal. Essa prega ungueal proximal é a responsável pela produção da
cutícula, também chamada de eponíquio (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS,
2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

FIGURA 21 – PARTES DA UNHA HUMANA

FONTE: Adaptada de Saito, Ohyama e Amagai (2015)

Atividades de estudo:

1) Os pelos são estruturas presentes em quase todo o corpo humano


e possuem a função de proteção da pele contra os raios solares

36
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

e contra atrito. Os pelos não são estáveis e estão sempre sendo


renovados. Para isso, os pelos passam por quatro fases. Sobre
as fases do pelo, associe os itens, utilizando o código a seguir.

I- Fase catágena
II- Fase exógena
III- Fase telógena
IV- Fase anágena

( ) As células da matriz do pelo estão em constante divisão celular,


que em seguida produzirão queratina e formarão o novo pelo.
( ) As célula epidérmicas do bulbo do pelo começam a entrar em
apoptose e a papila dérmica se move para cima até encontrar
uma protuberância sinalizadora de parada.
( ) A papila dérmica para de se mover.
( ) Ocorre a queda do fio anterior, enquanto o novo fio continua a ser
produzido e a crescer.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – II – III – IV.
b) ( ) IV – III – II – I.
c) ( ) IV – I – III – II.
d) ( ) II – I – IV – III.
e) ( ) III – II – I – IV.

3 FISIOLOGIA DA PELE HUMANA


Através do estudo da fisiologia da pele é possível compreender como ocorre
o funcionamento deste órgão e como suas estruturas interagem entre si para que
a pele possa exercer suas diversas funções. Além disso, é através da fisiologia
que se pode compreender a interação da pele com outros sistemas do corpo hu-
mano, contribuindo assim para a homeostase do ser humano.

Neste contexto, vamos ver mais detalhadamente o mecanismo fisiológico do


sistema imune presente na pele, assim como a fisiologia da termorregulação, o
mecanismo da percepção sensorial cutânea, a fisiologia da secreção do suor e do
sebo pela pele e a função das células denominadas melanócitos para a proteção
das células da pele.

37
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

3.1 SISTEMA IMUNOLÓGICO


PRESENTE NA PELE
A pele está exposta ao meio ambiente e, desta forma, na maioria dos casos,
é o primeiro lugar onde os microrganismos tentam invadir para iniciar a infecção.
Para proteger o corpo, a pele funciona como uma barreira tanto mecânica quanto
química, dispondo de diversas estratégias com o intuito de evitar a entrada do
patógeno (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

Leia a interessante tese de doutorado intitulada Potencial enzi-


mático da microbiota da pele humana e sua ação sobre insumos de
fragrâncias, da autora Carla Porto da Silva, cujo trabalho teve como
objetivo mapear a microbiota residente na pele humana e as enzimas
por ela expressas, assim como avaliar a degradação de substâncias
presentes em fragrâncias pelas enzimas liberadas pela microbiota.
Para isso, acesse o link: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPO-
SIP/249129.

A primeira barreira de proteção encontrada na pele é o manto hidrolipídico,


que como foi visto, é um filme composto de lipídios. Existem vários compostos
presentes no manto lipídico e o seu pH ácido possui ação bactericida, ou seja,
é tóxico para as bactérias levando-as à morte celular. Várias vias endógenas e
exógenas são atualmente sugeridas para acidificar o pH do manto hidrolipídico.
Os fatores endógenos que influenciam a acidificação do manto incluem a geração
de ácidos graxos livres a partir da hidrólise de fosfolipídios catalisada por siste-
mas enzimáticos (fosfolipase e antiportador de próton-sódio), que são expressos
nas camadas da epiderme. Mecanismos exógenos incluem a geração de ácidos
graxos livres derivados de glândulas sudoríparas ou catalisados a partir de triacil-
glicerol, de origem nas glândulas sebáceas, por lipases secretadas por microrga-
nismos (LEE; JEONG; AHN, 2006).

38
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 22 – ESQUEMA MOSTRANDO A FORMAÇÃO DO MANTO LIPÍDICO

FONTE: Adaptada de Lee, Jeong e Ahn (2006)

Entende-se por imunossenescência o envelhecimento do sis-


tema imunológico e ele está altamente relacionado com a intensifi-
cação da faixa etária a qual o indivíduo pertence. Desta forma, os
idosos, de uma forma geral, possuem um sistema imunológico muito
mais fragilizado que um adulto. Na pele humana, o processo de imu-
nossenescência também ocorre, sendo encontrado declínio do siste-
ma imune e aumento de propensão de infecções de pele em idosos.

FONTE: Eliopoulos (2019).

Além do manto hidrolipídico, existem na pele células imunológicas responsá-


veis por combater os microrganismos invasores da pele. O sistema imunológico
da pele pode ser dividido, didaticamente, em dois grupos, não esquecendo que,
na prática, essas células trabalham conjuntamente para conter a infecção micro-
biana. De acordo com Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti
(2018), os dois grupos são:

a) Células que fazem parte da imunidade inata

39
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

A imunidade inata é definida como o conjunto de componentes de defesa


imunológico que é originário desde o nascimento do indivíduo. Neste caso, não há
necessidade de que o indivíduo tenha entrado em contato com algum antígeno.
Na pele humana, são exemplos de células residentes, ou seja, que permanecem
neste tecido, os mastócitos e os macrófagos. Além das células imunológicas re-
sidentes, em caso de necessidade, é possível recrutar células imunológicas de
outros tecidos que vão para a pele, como monócitos, neutrófilos, eosinófilos, mas-
tócitos e histiócitos. Uma última categoria de células da imunidade inata são as
células recirculantes que estão em constante movimento entre os tecidos, inclusi-
ve no interior da pele, como as células de Langerhans, que são células dendríti-
cas e as células natural killer.

b) Células que fazem parte da imunidade adquirida

A imunidade adquirida é definida como o conjunto de componentes de defe-


sa imunológico que foram adquiridos quando o indivíduo entrou em contato com
algum antígeno. Na pele humana, são exemplos de células residentes que fazem
parte da imunidade adquirida, os linfócitos T e as células de Langerhans. Como
células recrutadas de outros tecidos e que podem ser encontradas na pele, em
caso de infecções, pode-se citar tanto os linfócitos T quanto os linfócitos B.

Para Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti (2018),


além da presença de células imunológicas na pele humana, também é possível
encontrar substâncias químicas que possuem a função de defesa do organismo
contra os microrganismos, como:

• Radicais livres.
• Sistema complemento.
• Anticorpos.
• Citocinas.

As células de Langerhans foram descobertas por Paul Lan-


gerhans, em 1868, na epiderme. Hoje, sabe-se que as células de
Langerhans fazem parte das famílias das células dendríticas. Este
achado abriu um novo campo de pesquisa para desvendar a função
específica das células de Langerhans no sistema imunológico da
pele. Porém, existem estudos demonstrando que as células de Lan-
gerhans são dispensáveis para respostas imunes contra infecções
virais e parasitárias da pele, abalando os alicerces e colocando em
discussão se células de Langerhans estão envolvidas nas respostas

40
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

imunes contra patógenos que invadem a pele. Desta forma, muitas


pesquisas científicas ainda precisam ser realizadas para se entender
se há e qual o papel específico das células de Langerhans no siste-
ma imunológico da pele.

FONTE: Stoitzner (2010, p. 348).

Outra função do sistema imunológico, além do combate a infecções de mi-


crorganismos, está relacionada ao processo de cicatrização da pele. Apesar desta
relação ainda não estar muito bem elucidada, sabe-se que os macrófagos pos-
suem um papel crucial para a cicatrização da pele, através da produção de diver-
sos fatores de crescimentos cutâneos. A reparação de feridas na pele passa pelas
seguintes etapas básicas, segundo Tazima, Andrade e Moryia (2008):

a) Fase inflamatória

Esta fase se inicia com a lesão da pele. Para o local, migram plaquetas, he-
mácias e fibrina, formando um coágulo para estancar o vazamento sanguíneo e
evitar contaminação. Células imunológicas, como neutrófilos e monócitos, são as
primeiras a serem recrutadas para o local. Em seguida, são recrutados os macró-
fagos para defender o organismo.

b) Fase proliferativa

Nesta fase, no local da ferida cutânea ocorre o processo de neo-angiogêne-


se, que é o processo de formação de novos vasos sanguíneos. Além disso, os fi-
broblastos produzem os componentes da matriz extracelular e também colágeno.
Por último, na busca de fechar a ferida, ocorre a migração e a divisão de células
epiteliais da borda da ferida para o interior da ferida.

c) Fase de maturação

Nesta fase, a ferida sofre um processo de contração, reduzindo a quantidade


e o tamanho da cicatriz. Também ocorre o processo de remodelamento, em que
há o alinhamento das fibras de colágeno e com isso ocorre um aumento de resis-
tência no local que antes estava a ferida.

41
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 23 – FASES DE CICATRIZAÇÃO

FONTE: Adaptada de Tazima, Andrade e Moryia (2008)

3.2 TERMORREGULAÇÃO:
SUDORESE
Entende-se por termorregulação, o grupo de sistemas fisiológicos que atuam
conjuntamente ao objetivo de regular a temperatura corporal. Sabe-se que, na es-
pécie humana, em condições saudáveis, a temperatura é regulada para em torno
de 37 °C. É o hipotálamo (Figura 24), localizado no encéfalo humano, o responsá-
vel pelo controle da temperatura do corpo. Para isso, o hipotálamo possui recepto-
res térmicos que percebem a temperatura do sangue que passa pelo hipotálamo.
Além disso, impulsos térmicos recebidos de outros tecidos, como por exemplo, a
pele, chega ao hipotálamo. Atividade física, emoções, assim como substâncias
pirogênicas podem estimular uma resposta do hipotálamo (PRESTON; WILSON,
2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

Em caso de necessidade de ajustes, tanto em resposta ao calor quando ao


frio, o hipotálamo desencadeia diversas respostas fisiológicas, com o intuito de
reestabelecer a temperatura de 37 ºC. No caso da resposta ao calor, o hipotálamo
desencadeia os seguintes mecanismos, de acordo com Braz (2005):

42
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

• Vasodilatação: os vasos sanguíneos dilatam, ou seja, aumentam de cali-


bre. Isso permite uma maior troca de calor com o ambiente.
• Sudorese: eliminação de suor.
• Mudança de comportamento do indivíduo: direcionar-se para um lugar
mais fresco.

FIGURA 24 – LOCALIZAÇÃO DO HIPOTÁLAMO NO ENCÉFALO HUMANO

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Hypothalamus#/media/File:1806_
The_Hypothalamus-Pituitary_Complex.jpg>. Acesso em: 11 out. 2020.

No caso da resposta ao frio, o hipotálamo desencadeia os seguintes efeitos:

• Vasoconstrição: os vasos sanguíneos retraem, ou seja, diminuem de ca-


libre. Isso permite uma menor troca de calor com o ambiente.
• Termogênese: produção de calor corporal.
• Tremores: movimento dos músculos promove a produção de calor.
• Mudança de comportamento do indivíduo: direcionar-se para um lugar
mais quente.

43
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 25 – ESQUEMA MOSTRANDO PERCEPÇÃO SEN-


SORIAL PARA A VARIAÇÃO DE TEMPERATURA

FONTE: Adaptada de Nkurikiyeyezu (2019)

Na pele humana, em resposta ao calor, um dos mecanismos envolvidos com


o objetivo de regular a temperatura é a sudorese, também conhecida como trans-
piração. Quando o ser humano é exposto a uma fonte de calor excessiva ou du-
rante uma intensa execução de atividade física, uma das maneiras para se esfriar
o corpo é através da eliminação do suor pelas glândulas sudoríparas. De forma
geral, o aumento da temperatura interna corporal desencadeia mais fortemente a
transpiração do que o aumento da temperatura da superfície da pele (PRESTON;
WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

Como foi visto, as glândulas sudoríparas podem ser classificadas em apó-


crinas e em merócrinas, e são estimuladas pelo sistema nervoso autônomo, mais
precisamente pelo sistema nervoso autônomo simpático, porém não sofrem es-
tímulos do sistema nervoso autônomo parassimpático. As glândulas sudoríparas
merócrinas são controladas pelo sistema nervoso autônomo simpático colinérgi-
co, enquanto as glândulas sudoríparas apócrinas são controladas pelo sistema
nervoso autônomo simpático adrenérgico. As glândulas sudoríparas merócrinas
também podem ser controladas por drogas, chamadas parassimpatomiméticos,
como por exemplo, as substâncias pilocarpina e metacolina. Isso acontece por-
que essas glândulas são inervadas por fibras simpáticas, porém colinérgicas, o
que é excepcional, uma vez que, via de regra, as fibras simpáticas são adrenérgi-
cas (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018). Con-
fira toda essa explicação observando a figura a seguir:

44
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 26 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E SUA SUBDIVISÃO EM SIMPÁTICO


E PARASSIMPÁTICO. OBSERVE QUE ESTES SISTEMAS TRABALHAM DE FORMA
COORDENADA PARA CONTROLAR DIVERSAS FUNÇÕES DO CORPO. NO CASO
DAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS, ESTA É SOMENTE CONTROLADA PELO SIS-
TEMA NERVOSO AUTÔNOMO SIMPÁTICO, MAS NÃO PELO PARASSIMPÁTICO

FONTE: Adaptada de Eckstein et al. (2017)

45
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Durante a gestação, numerosas alterações consideradas fisio-


lógicas, próprias da gravidez, acontecem. As modificações cutâneas
fisiológicas decorrem, em geral, da maior atividade glandular e, de
forma particular, pela maior produção dos hormônios esteroides (pro-
gesterona e estrogênio). O pico desses hormônios varia de acordo
com o período gestacional, refletindo-se nas manifestações cutâne-
as. Observam-se, então, alterações:

• da pigmentação, com intensificação da cor da linha média do ab-


dome, dos mamilos, da aréola mamária, da área genital e da par-
te superior e interna das coxas;
• dos cabelos e unhas;
• das glândulas sudoríparas, com hiperatividade écrina e hipoativi-
dade apócrina;
• das estruturas vasculares da pele, com aparecimento de telan-
giectasias, eritema palmar, trombose venosa, varicosidades, he-
morroidas e epúlide gravídica;
• do tecido conjuntivo, com estrias no abdome, nas mamas e coxas.

FONTE: Carneiro e Azulay-Abulafia (2005, p. 146).

3.3 PERCEPÇÃO SENSORIAL


A pele é um importante órgão de interação com o meio exterior. Através dela,
diversas sensações podem ser sentidas e desencadear respostas fisiológicas.
Para que isso possa ocorrer, na pele humana são encontradas diversas fibras
nervosas sensoriais. É preciso entender que a percepção começa com um es-
tímulo, que pode ser por estímulos térmicos, mecânicos, químicos ou elétricos.
Sistemas sensoriais são ativados assim que o estímulo for detectado. Eles trans-
formam a energia recebida através dos estímulos para uma alteração do poten-
cial elétrico neuronal (transdução). A informação codificada é então processada
pelo sistema nervoso para produzir sensações. Sistemas sensoriais localizados
no sistema nervoso interpretam essas sensações em comparação com memórias
e sensações conhecidas. Percepções são os resultados desse processo. De for-
ma geral, uma sensação é idêntica ou quase idêntica para todos. No entanto, uma
percepção difere de uma pessoa para outra (ALBERT et al., 2016).

46
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 27 – ESQUEMA MOSTRANDO A VIA DE PERCEP-


ÇÕES SENSORIAIS INTERLIGADA AO SISTEMA NERVOSO

FONTE: Adaptada de Albert et al. (2016)

Através dessas fibras é possível sentir as sensações de tato, de dor, de co-


ceira e de temperatura. Observe a seguir, uma descrição mais detalhada das per-
cepções sensoriais tato e dor:

a) Tato

Para a sensação de tato, o toque, a pele humana possui muitos mecanorre-


ceptores, que conseguem perceber o estímulo assim como a intensidade do es-
tímulo. Isso quer dizer que esses receptores conseguem diferenciar um estímulo
com intensidade forte ou com intensidade fraca. A profundidade dos mecanorre-
ceptores abaixo da pele determinam o tamanho do seu campo receptivo e, con-
sequentemente, a área da pele que esse receptor consegue monitorar o estímulo
tátil (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

Segundo Preston e Wilson (2014), Harris (2016) e Sampaio e Rivitti (2018),


de acordo com o tipo de estímulo tátil, assim como sua localização no corpo, os
mecanorreceptores relacionados ao tato podem ser divididos em:

47
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Corpúsculos de Pacini: são receptores formados por várias camadas


concêntricas de células e que possuem uma terminação nervosa central,
que é estimulada por pressão e vibração da pele. Estão localizados em
camadas mais profundas da pele.

FIGURA 28 – MORFOLOGIA DO CORPÚSCULO DE PACINI

FONTE: <https://bit.ly/33GdIzX>. Acesso em: 11 out. 2020.

• Corpúsculos de Meissner: são receptores encapsulados de tecido con-


juntivo que possuem terminação nervosa com diversas ramificações e
têm a função de diferenciação de dois pontos na pele. Estão localizados
em camadas superficiais da pele.

FIGURA 29 – MORFOLOGIA DO CORPÚSCULO DE MEISSNER

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Tactile_corpuscle#/media/File:Blau-
sen_0808_Skin_TactileCorpuscle.png>. Acesso em: 11 out. 2020.

48
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

• Corpúsculo de Ruffini: são receptores que possuem um terminal nervoso


e que têm a função de perceber o estiramento da pele. Estão localizados
em camadas mais profundas da pele.

FIGURA 30 – MORFOLOGIA DO CORPÚSCULO DE RUFFINI

FONTE: <https://bit.ly/2JLxUsJ>. Acesso em: 11 out. 2020.

• Células de Merkel: são células com morfologia achatada que possuem


terminais nervosos, que têm a função de perceber estímulos como tato
fino e pressão na superfície.

FIGURA 31 – MORFOLOGIA DAS CÉLULAS DE MERKEL

FONTE: <https://bit.ly/3lCArTp>. Acesso em: 11 out. 2020.

49
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Células pilosas: são células receptoras com terminações nervosas que


ficam associadas aos pelos e podem ser estimuladas com a manipula-
ção do pelo.

b) Dor

A capacidade de perceber a dor e responder a ela como mecanismo de defesa


é chamada de nocicepção. Desta forma, os receptores responsáveis pela percep-
ção da dor são chamados de nociceptores (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS,
2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018). Segundo Preston e Wilson (2014), Harris (2016)
e Sampaio e Rivitti (2018), de acordo com o tipo de estímulo, assim como sua loca-
lização no corpo, os nociceptores relacionados à dor podem ser divididos em:

• Mecânicos: esses receptores percebem a pressão intensa que causa da-


nos na pele, como por exemplo, espetar a pele.
• Térmicos: esses receptores percebem temperaturas que podem prejudi-
car a pele.
• Químicos: esses receptores percebem substâncias que podem agredir a
pele.
• Polimodais: esses receptores percebem dois ou mais tipos de estímulos,
como por exemplo, mecânicos e térmicos.

O componente fisiológico da dor é chamado nocicepção, que


consiste dos processos de transdução, transmissão e modulação de
sinais neurais gerados em resposta a um estímulo nocivo externo.
De forma simplificada, pode ser considerado uma cadeia de três-
-neurônios, com o neurônio de primeira ordem originado na periferia
e projetando-se para a medula espinhal, o neurônio de segunda or-
dem ascende pela medula espinhal e o neurônio de terceira ordem
projeta-se para o córtex cerebral.

50
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

FIGURA 32 – CADEIA DE TRÊS-NEURÔNIOS RESPONSÁVEL PELA NOCICEPÇÃO

FONTE: Adaptada de Klaumann, Wouk e Sillas (2008)

3.4 SECREÇÃO DE COMPOSTOS


PELA PELE: SUOR E SEBO
Uma das funções bem definidas encontradas para a pele humana é a secre-
ção de substâncias. Na pele humana são encontradas as glândulas sudoríparas.
Essas glândulas liberam o suor com o objetivo de realizar a função termorregula-
dora, assim como de eliminação de produtos tóxicos do metabolismo celular. Para
que o calor do corpo possa ser dissipado pelo suor é necessário que este passe
pelo processo de evaporação na pele. Fatores ambientais, como a umidade rela-
tiva do ar, podem influenciar a taxa de evaporação do suor, em que o aumento da
umidade relativa do ar diminui a taxa de evaporação do suor, possibilitando, con-
sequentemente, menor liberação do calor corporal (CARVALHO; MARA, 2010).

O suor é um líquido contendo principalmente água, mas outros compostos


como os sais minerais sódio e potássio, bem como ureia podem ser encontrados.
O suor quando é liberado na pele é hipotônico em relação ao plasma sanguíneo,
ou seja, ele possui menor concentração de eletrólitos que a do plasma. A pele é
capaz de produzir grandes quantidades de suor e, em casos extremos, até três
litros de suor já foram detectados (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016;
SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

O mecanismo de produção do suor segue as seguintes etapas, de acordo


com Preston e Wilson (2014):

51
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

1) As células claras que estão localizadas na espiral secretora (Figura 33)


das glândulas sudoríparas aumentam o nível de cálcio citosólico, prove-
niente tanto do retículo endoplasmático como de fontes extracelulares.
2) Este aumento de cálcio estimula a atividade do cotransportador sódio-po-
tássio-cloro, que aumenta a concentração de cloro dentro da célula clara.
3) O cloro atravessa a célula e sai na membrana apical da célula clara por
um canal de cloro.
4) O íon sódio intracelular segue o cloro.
5) A água segue o sódio.
6) O cloro, o sódio e a água que saíram das células claras das glândulas
sudoríparas caem na luz espiral secretora e formam o líquido precursor.
7) O líquido precursor é direcionado para os ductos das glândulas sudoríparas.
8) Pelas células do ducto, grande parte do sódio e do cloro são reabsorvidos.
9) O líquido resultante dentro dos ductos é o suor, o qual será liberado na
superfície da pele.

FIGURA 33 – PARTES DA GLÂNDULA SUDORÍPARA ASSOCIA-


DA A SUA INERVAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO

FONTE: Adaptada de Preston e Wilson (2014)

52
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

Resultados científicos!

Uma pesquisa científica estudou amostras de suor, saliva e con-


teúdo capilar de indivíduos quanto a concentrações de cortisol após
um período de exercício físico intensivo e encontrou que o suor hu-
mano contém cortisol em concentrações comparáveis com os níveis
salivares de cortisol. Este estudo sugere que sudorese profusa, após
exercícios intensos, pode aumentar as concentrações de cortisol de-
tectadas nos cabelos. Esse aumento provavelmente não pode ser
efetivamente diminuído com os procedimentos convencionais de la-
vagem dos cabelos.

FONTE: Russell et al. (2014, p. 30).

Além das glândulas sudoríparas, encontra-se na pele também as glândulas


sebáceas. Estas secretam lipídios, como o sebo, que tem a função de impermea-
bilização da pele e proteção contra o ressecamento e desidratação. As glândulas
sebáceas secretam o sebo diretamente dentro do folículo piloso, que desemboca
na superfície da pele (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RI-
VITTI, 2018).

A produção de suor também é estimulada pelas emoções, como


medo, ansiedade ou vergonha, porém, se esta produção não for dese-
quilibrada, não há problema algum. Entretanto, na doença hiperidrose,
a disfunção da glândula sudorípara leva a um aumento excessivo da
sudorese e pode causar complicações e constrangimentos. Nesta do-
ença, o sintoma principal de sudorese excessiva ocorre principalmente
nas mãos, nos pés e nas axilas. Esta disfunção, geralmente, é diag-
nosticada pelo especialista como sendo de “fundo emocional”, apesar
de em alguns casos apresentarem causas fisiológicas.

FONTE: Colaciti (2006, p. 2).

53
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Na puberdade, com a produção dos hormônios sexuais, a maioria dos ado-


lescentes apresenta um aumento na produção de sebo pelas glândulas sebáceas.
Quando essa produção de sebo fica bloqueada, não conseguindo desembocar
sobre a pele, ocorre o aparecimento da acne. As inflamações visualizadas nas
espinhas provêm das bactérias que passam a se alimentar do sebo bloqueado e
leva a um processo inflamatório. Além das espinhas, os cravos também podem
aparecer pelo excesso de produção de sebo, quando pode ocorrer o bloqueio de
saída do sebo por camadas de queratina, formando os cravos brancos. Quando
não há o fechamento total do sebo, formam-se os cravos pretos pela oxidação do
sebo pelo oxigênio do ar que entra na pele (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS,
2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

FIGURA 34 – FORMAÇÃO DO CRAVO CLARO E DO CRAVO ESCURO

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Acne#/media/Ficheiro:Blau-
sen_0811_SkinPores.png>. Acesso em: 11 out. 2020.

3.5 FUNÇÃO MELÂNICA


Como vimos, os melanócitos existentes na epiderme da pele teêm a função
de produzir melanina. A quantidade de melanina presente na pele é a responsável
pela sua tonalidade. Mas como a melanina é sintetizada? Por que a produção na
quantidade de melanina aumenta quando estamos expostos ao sol?

54
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

A melanina é uma proteína produzida a partir do aminoácido tirosina. Para


que a melanina possa ser produzida é necessária a atuação de uma enzima co-
nhecida como tirosinase, que está localizada dentro de uma organela específica
dos melanócitos, chamada de melanossomas. Dentro desta organela, a tirosinase
converte a tirosina em 3,4-diidroxifenilalanina (L -DOPA). Em seguida, a mesma
enzima converte o DOPA em DOPA quinona e em reações subsequentes é trans-
formada em melanina (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RI-
VITTI, 2018).

FIGURA 35 – REAÇÕES QUÍMICAS ENVOLVIDAS NA PRODUÇÃO DE MELANINA

FONTE: Adaptada de Kamal et al. (2014)

Na exposição aos raios ultravioletas, a quantidade de produção de melanina


é intensificada. O mecanismo ainda não está completamente claro, mas acredita-
-se que os raios UV aumentem a atividade enzimática da tirosinase que passa a
converter mais tirosina em DOPA. Este processo é um mecanismo de defesa do

55
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

corpo, visto que a maior concentração de melanina se localiza ao redor do DNA


das células, com a função de proteger esta molécula contra danos genéticos. Isso
explica porque as pessoas de pele mais escuras possuem proporcionalmente me-
nos cânceres de pele que as pessoas de pele com tom mais claro (PRESTON;
WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAMPAIO; RIVITTI, 2018).

Descobertas científicas - dímeros de ciclobutano pirimidina

De acordo com pesquisa científica, foi descoberto que nos me-


lanócitos, dímeros de ciclobutano pirimidina são gerados por até 3
horas após a exposição aos raios UVA, um componente importante
da radiação na luz solar. Os dímeros de ciclobutano pirimidina sur-
gem quando espécies reativas de oxigênio e nitrogênio induzidas por
UV se combinam para excitar um elétron em fragmentos do pigmento
melanina. Isso cria energia de um fóton UV, que induz a formação de
dímeros de ciclobutano pirimidina por transferência de energia para o
DNA. Baseado nos resultados deste estudo foi mostrado que a mela-
nina em algumas condições pode ser protetora contra o câncer, mas
em outras a melanina pode ser cancerígena.

FONTE: Premi et al. (2015, p. 842).

Uma condição não muito comum, mas existente é o albinismo. Os portadores


dessa condição possuem deficiência genética para a produção da enzima tirosi-
nase. Desta forma, não há a conversão do aminoácido tirosina para a produção
de melanina e, com isso, a pele, os cabelos e os olhos podem apresentar-se es-
branquiçados. Outra patologia também relacionada é o vitiligo, que é uma doen-
ça autoimune que leva à destruição dos melanócitos da pele e o aparecimento
de manchas esbranquiçadas (PRESTON; WILSON, 2014; HARRIS, 2016; SAM-
PAIO; RIVITTI, 2018).

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A pele humana é o maior órgão do ser humano e é dividida em três camadas:
epiderme, derme e hipoderme.

56
Capítulo 1 ESTRUTURA E FUNÇÃO DA PELE HUMANA

A epiderme é a camada da pele humana mais externa e realiza diversas fun-


ções, como barreira protetora contra microrganismos, proteção contra choques
mecânicos e proteção contra os raios ultravioletas solares. A epiderme é formada
por células justapostas e é avascular. As células predominantes da epiderme são
os queratinócitos, que são responsáveis pela formação da proteína queratina.

Abaixo da epiderme, encontra-se a derme, que é a segunda camada da pele


e mais espessa. Uma das principais funções da derme é contribuir com a elasti-
cidade e resistência da pele, pois nela se encontra colágeno e elastina, que são
produzidos pelos fibroblastos. As células da derme estão imersas em uma gran-
de quantidade de matriz extracelular. Dentro da derme encontram-se estruturas,
como os folículos pilosos que originarão os pelos, as glândulas sudoríparas que
produzem o suor, as glândulas sebáceas que produzem o sebo, os vasos sanguí-
neos e os nervos.

Abaixo da derme, encontra-se a hipoderme, que é a terceira camada da pele.


Nesta camada são encontradas as células denominadas de adipócitos, onde são
armazenadas gotas de gordura com a finalidade de reserva energética para o
organismo. Quando o organismo precisa de energia, os lipídios dentro dos adipó-
citos são mobilizados e entram em processo denominado de lipólise.

Fisiologicamente, a pele funciona como uma primeira barreira de proteção


contra agentes infecciosos. A primeira barreira de proteção encontrada na pele
está relacionada ao manto hidrolipídico, que é um filme composto de lipídios com
pH ácido do e ação bactericida. Além do manto hidrolipídico, existem na pele cé-
lulas imunológicas responsáveis por combater os microrganismos invasores da
pele, como linfócitos, macrófagos, neutrófilos, basófilos, entre outros.

Além da função imunológica, a pele possui função termorreguladora, regu-


lando a temperatura corporal. Para isso, ocorre o fenômeno de sudorese, em que
o suor é liberado sobre a pele para resfriá-la. Outra função da pele humana está
relacionada à percepção sensorial, sendo que são encontradas diversas fibras
nervosas sensoriais que permitem sentir estímulos do ambiente. Estímulos como
o tato são percebidos por mecanorreceptores, como os corpúsculos de Pacini e os
corpúsculos de Meissner. Já estímulos como a dor são percebidos por nocicepto-
res, que podem ser subdivididos em mecânicos, térmicos, químicos e polimodais.

Por último, pode-se destacar a função da pele relacionada à proteção con-


tra os raios ultravioletas. As células responsáveis por proporcionar essa função
chamam-se melanócitos, que produzem o pigmento melanina. A melanina prote-
ge principalmente a molécula de DNA contra danos em função da exposição aos
raios ultravioletas e, com isso, diminui a probabilidade de incidências de câncer.

57
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

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60
C APÍTULO 2
PATOLOGIA DA PELE
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:

 aprender o conceito de pele não sadia e lesionada;

 visualizar diversas alterações que podem ser encontradas na pele como indício
de patologia;

 conhecer as características específicas e peculiares de diversas doenças da


pele humana;

 conseguir identificar diversas patologias presentes na pele humana, através da


análise de alterações cutâneas gerais e específicas.
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

62
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A compreensão da anatomia e da fisiologia da pele humana saudável, assim
como o entendimento das suas importantes funções para equilíbrio do organismo
em sua totalidade, é fundamental para compreender os diversos distúrbios que
a pele, sendo o maior órgão do corpo humano, pode estar sujeita. Tanto fatores
externos, como por exemplo, a exposição à radiação solar, como fatores internos,
como por exemplo, um erro genético durante o processo de divisão celular, po-
dem comprometer a homeostase do tecido cutâneo humano e, com isso, afetar a
saúde do indivíduo.

Diversas doenças acometem a pele humana e entender o mecanismo fisio-


patológico e os sintomas característicos de cada doença, como as lesões cutâ-
neas que aparecem na pele, é imprescindível para o diagnóstico da doença e a
definição do melhor tratamento. A correta identificação dos tipos de lesões cutâ-
neas, observando características indicativas de patologia não é uma tarefa fácil e
depende de incessante treino e muito prática.

Neste contexto, o foco principal do nosso estudo neste capítulo é conhecer


as principais lesões encontradas na pele humana durante um processo patoló-
gico, enfatizando as alterações morfológicas visualizadas nestas lesões, tanto
macroscópica quanto microscopicamente. Além disso, vamos conhecer diversos
exemplos de doenças que acometem a pele humana, detalhando os possíveis
agentes etiológicos, o mecanismo fisiopatológico e os tipos de lesões característi-
cos de cada doença.

2 DEFINIÇÕES E ALTERAÇÕES
ANÁTOMO-PATOLÓGICAS DA PELE
A pele humana pode ser atingida por diversas patologias que podem mo-
dificar as características anatômicas e fisiológicas básicas do tecido cutâneo.
Qualquer alteração na pele é chamada de dermatose, que pode ser localizada ou
espalhada por várias regiões do corpo. A identificação dessas modificações é de
suma importância, uma vez que auxilia no diagnóstico da doença e, consequente-
mente, na elaboração do tratamento. Uma das formas de diagnóstico das lesões
da pele é através da visualização da morfologia macroscópica dessas lesões.
Além da análise morfológica macroscópica, a análise microscópica das lesões,
através da utilização de técnicas de biópsias para a coleta do material cutâneo as-
sociadas à histopatologia é muito importante para auxiliar no diagnóstico correto.

63
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Para compreender um pouco mais a importância da biópsia da


pele e dos procedimentos histológicos realizados com o intuito de es-
clarecimento diagnóstico de lesões neoplásicas ou inflamatórias de
pele, leia o artigo científico intitulado Biópsia de pele e seu estudo
histológico. Por quê? Para quê? Como? Parte I. Para isso, acesse o
link http://www.scielo.br/pdf/abd/v84n4/v84n04a10.pdf.

Vamos então conhecer, mais profundamente, as lesões da pele através da


visualização da morfologia macroscópica dessas lesões, assim como através da
análise microscópica das lesões.

2.1 ANÁLISE MACROSCÓPICA


Para a análise macroscópica de uma lesão cutânea é necessário observar os
seguintes parâmetros:

• Tipo de lesão.
• Coloração da lesão.
• Formato da lesão.
• Distribuição da lesão.

Vamos agora compreender cada um desses parâmetros.

2.1.1 Tipos de lesões cutâneas


Quando há a constatação de uma lesão sobre a pele, ou seja, uma modi-
ficação ou alteração do que é morfofisiologicamente considerado normal para a
pele, esta sempre precisa ser analisada para fim de diagnóstico. As modificações
encontradas na pele são chamadas de lesões elementares. As lesões na pele
podem ser classificadas como primárias e como secundárias. Entende-se como
lesões primárias, as lesões que surgem sobre a pele saudável. Já as lesões se-
cundárias surgem sobre as lesões primárias, indicando que a lesão pode estar
evoluindo para danos maiores (DUNCAN et al., 2013; RIVITTI, 2018). As lesões
primárias podem ser subdividas em:

64
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

• Máculas.
• Manchas.
• Pápulas.
• Urticas.
• Placa.
• Nódulos.
• Tumores.
• Vesículas.
• Bolhas.
• Pústulas.
• Escamas.

Já as lesões secundárias podem ser subdividas em:

• Escamas.
• Crostas.
• Escoriações.
• Úlceras.
• Escaras.
• Atrofia.
• Cicatrizes.

A seguir, apresentamos algumas dessas lesões, focando sua morfologia,


uma vez que se trata de um critério muito relevante para a identificação da lesão.

A1. Máculas

As máculas são alterações na coloração da pele menores que um centíme-


tro. Essas alterações podem ter origem vascular ou pigmentar. Segundo Duncan
et al. (2013) e Rivitti (2018), as manchas causadas por alterações vasculares po-
dem ser classificadas em:

• Mácula eritematosa: provocada pela dilatação dos vasos sanguíneos e


normalmente possui a coloração avermelhada.
• Mácula cianótica: provocada pela diminuição da circulação sanguínea e
normalmente possui coloração azulada.
• Mácula lívida: provocada durante um processo de isquemia e normal-
mente possui coloração do cinza pálido ao azulado.
• Mácula anêmica: provocada por agenesia vascular e normalmente pos-
sui coloração esbranquiçada
• Mácula telangiectásica: provocada por uma dilatação permanente dos
vasos sanguíneos na derme da pele e normalmente possui a coloração
avermelhada.

65
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Mácula angiomatosa: provocada por uma formação de novos vasos san-


guíneos na derme da pele e normalmente possui a coloração avermelha-
da.
• Mácula hemorrágica: ocorre quando há extravasamento de hemácias na
derme. Esse tipo de mácula não desaparece sob compressão manual, sen-
do este um dos métodos de diagnóstico. Quando tem menos de um centí-
metro é chamada de petéquia (Figura 1a), e se for maior que um centímetro
é chamada de equimose (Figura 1b). Normalmente, possui coloração púrpu-
ra, que com o passar dos dias pode ficar arroxeada ou esverdeada.

FIGURA 1 – EXEMPLO DE MÁCULA HEMORRÁGICA


A) MÁCULA DO TIPO PETÉQUIA; B) MÁCULA DO TIPO EQUIMOSE

FONTE: < https://bit.ly/3lD4V7V >; <https://bit.ly/2VwzDFd>. Acesso em: 15 out. 2020.

O eritema é uma condição da pele caracterizado por vermelhi-


dão e é tipicamente causado pela vasodilatação dos capilares super-
ficiais na derme. É uma característica importante das reações infla-
matórias da pele provocadas por irritantes ou alérgenos. O eritema é
um dos sinais mais frequentes de uma pele patológica com ou sem
função da barreira epidérmica prejudicada (CHAMCHEU; SYED;
WHITFIELD, 2018).

As máculas causadas por alterações pigmentares podem ser provocadas


por modificações na quantidade do pigmento melanina, assim como alterações

66
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

nas concentrações de outros pigmentos, sejam eles endógenos ou exógenos ao


corpo. Por exemplo, o pigmento caroteno encontrado em frutas e legumes, se
ingerido em excesso pode provocar o amarelamento da pele (DUNCAN et al.,
2013; RIVITTI, 2018). De acordo com a quantidade de pigmento de melanina, as
máculas pigmentares podem ser classificadas em:

• Hipercrômicas: são manchas com excesso de pigmentação, normalmen-


te possuem tons escuros.
• Hipocrômicas: são manchas mais claras que a coloração da pele normal
do indivíduo, que podem ter variação de coloração desde castanhas,
avermelhadas até esbranquiçadas.
• Acrômicas: são manchas com total falta de pigmentação, normalmente
são de coloração branca.

FIGURA 2 – MÃOS COM MÁCULA E MANCHAS ACRÔMICAS

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Discromia#/media/Fi-
cheiro:Vitiligo2.JPG>. Acesso em: 15 out. 2020.

A2. Manchas

As manchas são máculas com um tamanho maior que um centímetro. Dessa


forma, essas alterações podem ter origem vascular ou pigmentar, seguindo o pa-
drão de classificação para as máculas.

67
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 3 – DIFERENCIAÇÃO DE MÁCULA E MANCHA EM RELAÇÃO AO TAMANHO

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%B5es_elementares_da_pele#/
media/Ficheiro:Macule_and_Patch.svg>. Acesso em: 15 out. 2020.

A3. Pápulas

As pápulas são alterações sólidas menores que um centímetro, podendo ser


formadas por células epidérmicas e dérmicas e que levam ao levantamento da
pele, sendo, portanto, visíveis e palpáveis.

FIGURA 4 – EXEMPLO DE UMA LESÃO ELEMENTAR DO TIPO PÁPULA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1pula#/media/Ficheiro:-
Fibrous_papule_of_the_nose_01.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

A4. Placas

As placas são alterações sólidas maiores que um centímetro, podendo ser


formadas por células epidérmicas e dérmicas e que levam ao levantamento da
pele, sendo, portanto, visíveis e palpáveis (DUNCAN et al., 2013; RIVITTI, 2018).

68
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 5 – DIFERENCIAÇÃO DE PÁPULA E PLACA EM RE-


LAÇÃO AO TAMANHO E A MORFOLOGIA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%B5es_elementares_da_pele#/
media/Ficheiro:Papule_and_Plaque.svg>. Acesso em: 15 out. 2020.

A5. Nódulos

Os nódulos são alterações sólidas maiores que um centímetro, que se locali-


zam em regiões mais aprofundadas da pele, como a derme e a hipoderme, e que
podem provocar o levantamento da pele ou não. Quando os nódulos provocam o
levantamento da pele são chamados de nódulos exofíticos. Já quando não provo-
cam o levantamento da pele são chamados de nódulos endofíticos.

FIGURA 6 – DIFERENCIAÇÃO DE NÓDULO EXOFÍTICO E ENDOFÍTICO

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%B5es_elementares_da_
pele#/media/Ficheiro:Nodules.svg>. Acesso em: 15 out. 2020.

A6. Vesículas

As vesículas são alterações não sólidas preenchidas por líquido seroso. En-
tende-se por líquido seroso, os fluidos filtrados do plasma sanguíneo.

69
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

A7. Pústulas

As pústulas são alterações não sólidas preenchidas por líquido purulento.


Entende-se por líquido purulento, um fluido de consistência viscosa de coloração
amarelada, denominada de pus.

A8. Bolhas

As bolhas são alterações não sólidas maiores que um centímetro, podendo


ser preenchidas por líquidos serosos, purulentos ou por sangue (DUNCAN et al.,
2013; RIVITTI, 2018).

FIGURA 7 – DIFERENCIAÇÃO DE VESÍCULA E BOLHA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%B5es_elementares_da_pele#/
media/Ficheiro:Vesicles_and_Bulla.svg>. Acesso em: 15 out. 2020.

A9. Tumores

Os tumores são alterações sólidas maiores que três centímetros, que se lo-
calizam em regiões mais aprofundadas da pele, como a derme e a hipoderme, e
que podem provocar o levantamento da pele ou não.

A10. Urticas

As urticas podem apresentar diversos diâmetros e trata-se de pápulas ou


placas com duração na pele em torno de 24 horas, normalmente com coloração
rosa-vermelhada e altamente pruriginosas que, na maioria das vezes, têm etiolo-
gia alérgica (DUNCAN et al., 2013; RIVITTI, 2018).

70
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 8 – EXEMPLO DE URTICAS

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Hives#/media/Fi-
le:Urticaria.png>. Acesso em: 15 out. 2020.

A urticária constitui uma das dermatoses mais frequentes: 15%


a 20% da população tem pelo menos um episódio agudo da doen-
ça em sua vida. A urticária é caracterizada pelo rápido aparecimento
de urticas, que é um edema da derme superficial. Diversos são os
agentes causadores da urticária, como alergia a insetos, alergia a
alimentos, urticas devido ao calor, urticas relacionadas a infecções
bacterianas e virais, entre outros (CRIADO et al., 2005).

A11. Escamas

As escamas são lâminas de queratina que se formam sobre a lesão e podem


se destacar da pele, em um processo conhecido como descamação.

A12. Crosta

As crostas são compostas por uma massa em cima da lesão formada de cé-
lulas mortas, pus ou sangue.

A13. Escoriação

A escoriação ocorre devido a pequenas perdas de tecido cutâneo em uma


região da epiderme.

71
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

A14. Úlcera

A úlcera é a perda de tecido da pele, formando uma ferida que abrange tanto
a epiderme quanto a derme, podendo em casos mais graves atingir a hipoderme
e alcançar os músculos.

FIGURA 9 – EXEMPLO DE UMA ÚLCERA EM UM PÉ HUMANO

FONTE: <https://bit.ly/2JKIujI>. Acesso em: 15 out. 2020.

A15. Escaras

As escaras, também conhecidas como úlceras de pressão, são feridas ocasio-


nadas pelo processo de necrose tecidual, que pode aparecer quando uma região cor-
poral fica sendo pressionada pelo peso do corpo, sempre em uma mesma posição.
As escaras acometem frequentemente pacientes acamados durante muito tempo.

FIGURA 10 – EXEMPLO DE UMA ESCARA

FONTE: <https://bit.ly/3mFeWCL>. Acesso em: 15 out. 2020.

72
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

A16. Atrofia

A atrofia é um tipo de lesão elementar, em que a espessura da pele se en-


contra diminuída devido a perdas no número de células. O tamanho diminuído
das células também pode ser observado.

A17. Cicatrizes

As cicatrizes são lesões derivadas do processo de reconstrução da pele que


foi lesionada. Dependendo do grau de destruição da pele, as cicatrizes podem
assumir diversos aspectos anatômicos, como saliências, depressões ou enruga-
mentos e diferentes colorações (DUNCAN et al., 2013; RIVITTI, 2018).

FIGURA 11 – EXEMPLO DE CICATRIZ NO BRAÇO

FONTE: <https://es.wikipedia.org/wiki/Cicatriz#/media/Archi-
vo:Scar_(xndr).jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

A cicatrização de feridas consiste em perfeita e coordenada


cascata de eventos que culminam com a reconstituição tecidual. O
processo cicatricial é comum a todas as feridas, independente do
agente que a causou. O processo de cicatrização é dividido didatica-
mente em três fases: inflamatória; proliferação ou granulação; e re-
modelamento ou maturação. O colágeno é a proteína mais abundan-
te no corpo humano e também é o principal componente da matriz
extracelular dos tecidos. Estrutura-se numa rede densa e dinâmica
resultante da sua constante deposição e reabsorção. O tecido cicatri-
cial é resultado da interação entre sua síntese, fixação e degradação
(CAMPOS; BORGES-BRANCO; GROTH, 2007).

73
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Atividades de estudo:

1) As lesões elementares são modificações anormais da pele, na


maioria das vezes macroscopicamente visíveis e que podem
estar relacionadas, por exemplo, com processos inflamatórios,
neoplásicos, alterações fisiológicas e de metabolismo, entre ou-
tros. De acordo com as suas características peculiares, as lesões
elementares são subdivididas em diversos tipos de leões. Nesse
contexto, associe os itens, utilizando o código a seguir.

I- Máculas
II- Nódulos
III- Pápulas
IV- Pústulas

( ) Alterações sólidas menores que um centímetro e que levam ao


levantamento da pele, sendo, portanto, visíveis e palpáveis.
( ) São alterações na coloração da pele menores que um centímetro.
Essas alterações podem ter origem vascular ou pigmentar.
( ) São alterações não sólidas preenchidas por líquido viscoso de co-
loração amarelada, denominada de pus.
( ) São alterações sólidas maiores que um centímetro, que se loca-
lizam em regiões mais aprofundadas da pele, como a derme e a
hipoderme.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – II – III – IV.
b) ( ) III – IV – II – I.
c) ( ) III – I – IV – II.
d) ( ) I – IV – II – III.
e) ( ) IV – III – II – I.

2.1.2 Coloração da lesão


As lesões podem se apresentar de diversas colorações e a atenção a este
parâmetro é extremamente importante, pois pode auxiliar na identificação da cau-
sa da lesão e, com isso, colaborar com o diagnóstico do problema. Por exemplo,

74
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

a coloração rosa de uma lesão pode indicar vasos sanguíneos dilatados. A colo-
ração castanha de uma lesão pode indicar aumento de melanina. Já a coloração
azul de uma lesão pode indicar escassez de oxigênio (DUNCAN et al., 2013; RI-
VITTI, 2018).

2.1.3 Formato da lesão


As lesões podem diferenciar-se quanto ao formato e este ser um critério para
a análise e auxílio para o diagnóstico, uma vez que muitas enfermidades da pele
possuem lesões com formatos característicos. Por exemplo, a infecção denomi-
nada de tinha do corpo tem lesões características em formato de anel, em que o
centro é mais claro que a periferia da lesão (DUNCAN et al., 2013; RIVITTI, 2018).

FIGURA 12 – LESÃO EM FORMATO DE ANEL

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3a/Rin-
gworm_on_the_arm%2C_or_tinea_corporis_due_to_Trichophyton_men-
tagrophytes_PHIL_2938_lores.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

De forma geral, o formato das lesões é classificado em:

• Gutata: lesão em forma de gota.


• Numular: lesão em forma de moeda.
• Discoide: lesão em forma de disco.
• Anular: lesão em forma de anel.
• Irisada: lesão em formato de alvo.
• Geográfica: lesão em formato de mapas.

75
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

2.1.4 Distribuição da lesão


A localização das lesões também é um parâmetro importante para o auxílio
do diagnóstico, uma vez que muitas enfermidades da pele possuem lesões com
distribuição característica. Por exemplo, a herpes labial possui lesões muito próxi-
mas das outras, em uma distribuição agrupada.

FIGURA 13 – EXEMPLO DE LESÕES AGRUPADAS NA REGIÃO DOS LÁBIOS

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Herpes_simplex#/media/Fi-
le:Herpes(PHIL_1573_lores).jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

2.2 ANÁLISE MICROSCÓPICA


Através da observação macroscópica de uma lesão elementar é possível
observar diversas alterações na morfologia da pele. Juntamente a essas modifi-
cações macroscópicas nas lesões elementares também ocorrem diversas altera-
ções microscópicas, que muitas vezes antecedem as modificações macroscópi-
cas. As alterações microscópicas mais comuns que podem ser visualizadas nas
lesões elementares são:

• Degenerações: são alterações intracelulares, na maioria dos casos, re-


versíveis, nas quais ocorre o acúmulo de substâncias dentro da célula.
Quando há acúmulo de água no citoplasma da célula, a degeneração é
chamada de hidrópica. Quando há acúmulo de gordura no citoplasma da
célula, a degeneração é chamada de gordurosa ou esteatose. Quando
há acúmulo de glicogênio no citoplasma da célula, a degeneração é cha-
mada de glicogênica. E quando há acúmulo de proteínas no citoplasma
da célula, a degeneração é chamada de hialina (RIVITTI, 2018).

76
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 14 – SEÇÃO HISTOLÓGICA DE UM FÍGADO COM ESTEATO-


SE GRAVE. OS VACÚOLOS CLAROS CONTINHAM LIPÍDIOS, NO ENTAN-
TO, A FIXAÇÃO HISTOLÓGICA FEZ COM QUE FOSSEM DISSOLVIDOS

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Steatosis#/media/File:Li-
ver_steatosis_fatty_change.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Alterações metabólicas: são anormalidades que acontecem nas vias


metabólicas normais nas células da pele, que levam ao comprometimen-
to da homeostase celular.
• Proliferações: é o aumento no número de células da pele. As prolifera-
ções podem ser subdivididas em hiperplasia, que é um aumento no nú-
mero de células, sendo que a quantidade celular volta ao normal quando
há a cessação do estímulo e em neoplasias, que é o aumento descontro-
lado no número de células. As proliferações neoplásicas podem ser be-
nignas ou malignas, de acordo com sua capacidade de invadir e destruir
tecidos normais e gerar metástases (RIVITTI, 2018). Os tumores benig-
nos são caracterizados por hiperproliferação e as células são morfologi-
camente diferentes das células normais e estão rodeadas por membra-
na ou cápsula de tecido conjuntivo fibroso. Já nos tumores malignos, as
células são capazes de se infiltrar nos tecidos vizinhos e colonizar locais
distantes (metástases) (Figura 15).
• Malformações: são defeitos genéticos, na maioria das vezes, congêni-
tos e que levam a malformações da pele devido a excessos ou defici-
ências de um ou vários dos constituintes normais da pele. Por exemplo,
o nevo sebáceo é uma malformação congênita que leva ao excesso de
glândulas sebáceas.

77
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

O termo nevo é derivado do latim naevus e significa mancha,


nódoa, verruga ou sinal. Na literatura científica, nevo é sinônimo de
uma malformação circunscrita, de origem embriopática (falha na em-
briogênese) ou hereditária, neoplásica ou não neoplásica. O termo
nevo também pode ser empregado se referindo a nevos melanocí-
ticos, que é uma neoplasia benigna constituída de células névicas,
que formam estruturas como as pintas (LOPES et al., 2006).

FIGURA 15 – ESQUEMA MOSTRANDO O SURGIMEN-


TO DOS TUMORES BENIGNOS E MALIGNOS

FONTE: <https://www.researchgate.net/publication/7397584_Tumor_progres-
sion_Small_GTPases_and_loss_of_cell-cell_adhesion>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Inflamações: são reações que acontecem no organismo para combater


algum processo patológico, como uma infecção ou uma lesão tecidual.
De forma geral, o processo inflamatório é benéfico, porém se for desre-
gulado pode gerar prejuízos ao organismo, podendo levar ao apareci-
mento de doenças (RIVITTI, 2018). Todo esse processo é mediado por

78
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

mediadores inflamatórios específicos, que levam ao surgimento dos se-


guintes eventos:
1) Dilatação dos vasos sanguíneos que causa o aumento de fluxo sanguí-
neo para o local infectado ou lesionado, gerando os sinais na pele de
calor e rubor.
2) Com isso, há o aumento da permeabilidade capilar que causa o extra-
vasamento de fluidos para a região afetada, gerando o sinal na pele de
edema na pele.
3) Com o edema, há um aumento da pressão no tecido que leva a estímu-
los das terminações nervosas e o aparecimento dor.
4) O extravasamento dos fluidos e o aumento da permeabilidade permite
que os leucócitos se infiltrem no local da lesão.
5) Os leucócitos no local infectado ou lesionado realizam diversas funções,
como destruição de patógenos invasores através de fagocitose.

FIGURA 16 – LEUCÓCITOS SAINDO DA CORRENTE SAN-


GUÍNEA E SE INFILTRANDO NA ÁREA INFECTADA

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/
NeutrophilerAktion.png>. Acesso em: 15 out. 2020.

6) Em fenômenos inflamatórios crônicos pode haver o aparecimento de gra-


nulomas, que são aglomerados de células de defesa, principalmente de
macrófagos que se organizam ao redor do agente agressor, isolando-o.
Existem diversos tipos de granulomas, que são classificados de acordo
com o agente etiológico que os causa. Por exemplo, se for um agente
infeccioso, o granuloma é denominado de granuloma infeccioso (Figura
17). Se for um corpo estranho, como por exemplo, farpa, é chamado de
granuloma de corpo estranho.

79
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 17 – GRANULOMA DO TIPO INFECCIOSO

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Granuloma#/media/Fichei-
ro:Granuloma_mac.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

Atividades de estudo:

1) Normalmente, antes que as lesões elementares se tornem ma-


croscópicas, inicialmente pode ocorrer diversos tipos de modifica-
ções microscópicas, como por exemplo, alterações bioquímicas
- moleculares intracelulares. Nesse contexto, o acúmulo de glico-
gênio no citoplasma da célula refere-se a uma alteração micros-
cópica do tipo:

a) ( ) Inflamação.
b) ( ) Degeneração.
c) ( ) Anormalidades metabólicas.
d) ( ) Proliferação.
e) ( ) Malformação.

3 DOENÇAS DE PELE
Diversas são as enfermidades que acometem a pele humana. Essas doen-
ças podem estar restritamente relacionadas ao tecido cutâneo ou podem ser ma-

80
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

nifestações clínicas de outras doenças correlacionadas. Sobre as doenças der-


matológicas, relata Agostinho et al. (2013, p. 716):

Muitas vezes, as patologias dermatológicas são consideradas


um problema essencialmente estético. Entretanto, comumente
tais doenças afetam amplamente os aspectos sociais e
psicológicos da pessoa acometida, pois estas convivem com
situações constrangedoras e preconceituosas que podem
interferir em sua autoestima e na vida social.

Além de problemas emocionais, as doenças de pele podem ser altamente in-


capacitantes, impedindo o portador de realizar tarefas físicas simples e de execu-
tar suas atividades laborais. Karimkhani et al. (2017) realizaram um dos maiores
estudos científicos sobre mapeamento de doenças incapacitantes de pele, com o
objetivo de medir a taxa de doenças de pele em todo o mundo, entre os anos de
1980 e 2013, e observaram que as condições da pele contribuíram 1,79% para
a carga global de doenças consideradas e que 0,38% da carga total correspon-
de às dermatites (dermatite atópica, de contato e seborreia), 0,29% à acne vul-
gar, 0,19% à psoríase, 0,19% à urticária, 0,16% a doenças de pele virais, 0,15%
a doenças cutâneas fúngicas, 0,07% à sarna, 0,06% ao melanoma maligno da
pele, 0,05% à pioderma, 0,04% à celulite, 0,03% ao carcinoma de queratinócitos,
0,03% à úlcera de decúbito, e 0,01% para a alopecia areata. Todas as outras do-
enças cutâneas e subcutâneas representaram 0,12% da carga total de doenças.
Ainda segundo os autores, esse tipo de estudo é importante, pois ajuda nas deci-
sões de definição de prioridades da pesquisa e nos esforços de políticas públicas.

No Brasil, os estudos epidemiológicos, buscando compreender as doenças der-


matológicas que mais acometem os brasileiros são escassos. O Censo de Doenças
de Pele no Brasil, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), bus-
cando quantificar quais doenças de pele que mais levam pacientes aos consultórios
dermatológicos mostrou que, das 25 doenças mais prevalentes, a acne ficou em pri-
meiro lugar, com 14%, seguida por micoses superficiais, com 8,7% (FIOCRUZ, 2007).
Já outro estudo mais amplo mostrou que dor lombar e cervical, doenças dos órgãos
dos sentidos e doenças de pele foram as principais causas de anos vividos com defi-
ciência de brasileiros entre 1990 e 2016 (MARINHO et al., 2018).

Nesse contexto, vamos conhecer mais detalhadamente algumas das princi-


pais doenças de pele, focando em seus diferentes agentes etiológicos, transmis-
são, mecanismo fisiopatológico e sintomatologia.

3.1 DERMATITES
As dermatites, também chamadas de eczemas, são um grupo de doenças
não contagiosas, que causam lesões nas camadas superficiais da pele, sempre
relacionadas a reações inflamatórias. As dermatites podem ser subdivididas em:

81
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Dermatite de contato: para que esta patologia aconteça é necessário


que a pele entre em contato com substâncias exógenas ao corpo. Se-
gundo Rivitti (2018) e Soutor e Hordinsky (2015), didaticamente, a der-
matite de contato pode ser subdividida em:

a) Dermatite de contato alérgica: neste tipo, a pele entra em conta-


to com uma substância pela qual o indivíduo possui alergia. A maioria
dessas substâncias são chamadas de haptenos, ou seja, pequenas mo-
léculas que interagem com proteínas cutâneas e juntas formam um antí-
geno. Para que a dermatite de contato alérgica ocorra é necessário que,
anteriormente, o indivíduo tenha entrado em contato com este hapteno
e tenha desencadeado uma reação de hipersensibilidade do tipo IV. São
exemplos de possíveis agentes etiológicos causadores de dermatite de
contato alérgico: alguns cosméticos, metais como o níquel e o cromo,
medicamentos tópicos, extratos de plantas, entre outros. Como sinto-
matologia, podem ser encontradas na pele lesões como bolhas, além de
prurido e descamação.
b) Dermatite de contato irritativa: é a forma mais comum de dermatite
de contato, sendo encontrada em 80% dos casos. Neste tipo, a pele en-
tra em contato com uma substância que causa lesões nas células epidér-
micas da pele, nas células conhecidas como queratócitos e estas lesões
são restritas ao local do contato. Aqui não há a sensibilização anterior-
mente do indivíduo pela substância, sendo assim, há pouca participação
do sistema imune no aparecimento da lesão. São exemplos de agentes
etiológicos para esta doença: detergentes, sabões, produtos de limpeza
em geral contendo ácidos e bases, entre outros. Como sintomatologia
são observados pruridos, dor, sensação de queimação no local atingido
e descamação.

Seja para a dermatite de contato alérgica ou para a dermatite de contato ir-


ritativa, a principal forma de tratamento é descobrir a substância exógena com a
qual se teve contato, afastar-se dela e aguardar o restabelecimento da pele lesio-
nada. Como coadjuvantes em casos mais graves, tratamentos com medicamen-
tos como corticoides podem ser utilizados para amenizar os sintomas.

As famosas assaduras encontradas nas peles dos bebês são


conhecidas como dermatite das fraldas, sendo classificada como
uma dermatite de contato irritativa. As regiões mais acometidas dos
bebês são a região perianal, nádegas e virilhas. A troca infrequente
das fraldas, o contato com irritantes químicos (óleos, desodorantes,

82
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

talco), diarreia e antibióticos podem ser considerados como possí-


veis causas para o aparecimento deste tipo de dermatite (FERREIRA
et al., 2014).

• Dermatite atópica: é uma doença não contagiosa que ocorre em pes-


soas geneticamente predispostas de qualquer faixa etária, porém é mais
comum em crianças. Já está evidenciado cientificamente que indivíduos
com asma e rinites alérgicas possuem maior probabilidade de desenvol-
ver dermatite atópica. Fatores ambientais também podem desencadear o
aparecimento da doença, como estresse e alérgenos alimentares. Neste
tipo, encontra-se como sintomas intensa coceira acompanhada de pele
seca e escoriações.

Robl et al. (2013) concluíram em estudos uma relação inversa


entre níveis de vitamina D e a gravidade da dermatite atópica e de-
monstraram que a suplementação vitamínica promove alteração da
imunidade e da integridade da barreira epidérmica, podendo levar à
melhora clínica da dermatite atópica. No entanto, estudos prospecti-
vos com casuística maior são primordiais para esclarecer essa corre-
lação e investigar se a suplementação de vitamina D reduz, de fato, a
gravidade da dermatite atópica em indivíduos com deficiência desta
vitamina, bem como investigar qual a real influência da insuficiência
de vitamina D sobre a dermatose. Além disso, devem ser conside-
radas as diversas variáveis, como raça, idade, fototipo, presença de
outras doenças atópicas, sexo e história familiar de atopia, com ne-
cessidade de estudos longitudinais sobre a influência da suplemen-
tação oral de vitamina D em pacientes com dermatite atópica (ROBL
et al., 2013).

• Dermatite numular: neste tipo de dermatite, as lesões na pele são arre-


dondadas com presença de descamações e crostas. A pele normalmente
se encontra seca e a dermatite numular é mais frequentemente encon-
trada em idosos. O mecanismo fisiopatológico desta doença ainda não
está esclarecido.

83
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 18 – LESÕES ARREDONDAS ENCONTRADAS NA DERMATITE NUMULAR

FONTE: <https://bit.ly/2JHqzuo>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Dematite disidrótica: este tipo de dermatite ocorre primariamente nas


palmas das mãos e nas plantas dos pés, onde são visualizadas peque-
nas vesículas e intensa coceira.
• Dermatite seborreica: este tipo de dermatite é classificado como não
contagiosa e crônica. Nesta enfermidade, a pele se apresenta com le-
sões eritematoescamosas e com subsequente descamação. Os locais
mais afetados por esse tipo de dermatite são o couro cabeludo e áreas
da face. A causa dessa doença ainda é desconhecida, mas existem di-
versos artigos científicos que relacionam a etiopatogenia da dermatite
seborreica a fatores genéticos, assim como a fatores ambientais como
estresse, ingestão de álcool e processos alérgicos. Em recém-nascidos,
a dermatite seborreica é conhecida como dermatite do lactente ou crosta
láctea. Neste caso, lesões inofensivas formando crostas grossas apa-
recem no couro cabeludo do lactente. Uma das possíveis explicações
para a formação dessas crostas é a passagem de hormônios através do
aleitamento materno para a criança.

3.2 PSORÍASE
A psoríase é uma doença de pele classificada como crônica e não contagio-
sa, com etiologia multifatorial, estando associada tanto a fatores genéticos con-
trolados por vários genes quanto por fatores ambientais, como estresse, medica-
mentos, tabagismo, entre outros. Na maioria dos casos, as lesões da psoríase são
pápulas eritematoescamosas, sendo que essas lesões aparecem e desaparecem,
em diversas reincidências. Estudos indicam que o mecanismo fisiopatológico des-
sa doença está relacionado com o mau funcionamento do sistema imunológico do

84
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

indivíduo portador. Mais especificamente é possível afirmar que a desregulação


dos linfócitos T do sistema imunológico levam ao aparecimento das lesões psorí-
ticas, uma vez que estas células produzem desenfreadamente diversas citocinas,
como o TNF-alfa, que estimulam outras células do sistema imunológico que ata-
cam as células da pele. Nessa situação, para tentar conter as lesões, a produção
de queratócitos é aumentada e, com isso, há o comprometimento do ciclo de re-
novação dessas células, dificultando a eliminação de células mortas, que formam
as escamas encontradas nas lesões. Dependendo do tipo e localização da lesão,
a psoríase pode ser classificada em diversos tipos, sendo a psoríase vulgar a
mais comum, também conhecida como psoríase em placas (RIVITTI, 2018; SOU-
TOR; HORDINSKY, 2015).

FIGURA 19 – PSORÍASE EM PLACAS

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Psor%C3%ADase#/media/Fi-
cheiro:Psoriasis2010a.JPG>. Acesso em: 15 out. 2020.

Como características macroscópicas para a identificação de uma lesão re-


lacionada com a psoríase, a visualização de placas vermelhas ou róseas com
descamação branco-prateada nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo são fortes
indícios. O tratamento da psoríase se baseia na utilização de corticosteroides tópi-
cos associados a outros medicamentos como inibidores tópicos da calcineurina,
análogos tópicos da vitamina D e ácido salicílico tópico, dependendo sempre da
gravidade da psoríase.

85
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

A frequência relativa dos tipos clínicos de psoríase e as formas


de apresentação da doença diferem entre os adultos e as crianças.
A psoríase em placas é a variante clínica mais comum em crianças e
adolescentes (34-84%), desconsiderando-se a forma que acomete a
área das fraldas. As lesões se caracterizam por pápulas e placas eri-
tematosas, bem delimitadas, de tamanhos variados e com descama-
ção prateada, dispostas, não raro, de maneira simétrica. Na infância,
a psoríase pode apresentar características atípicas, ou seja, placas
eritematosas únicas ou pouco numerosas e ligeiramente descama-
tivas, acometendo áreas insólitas, especialmente a região da face
– incluindo a porção periorbitária, perioral e nasal – e dificultando o
diagnóstico, muitas vezes (ROMITI et al., 2009).

3.3 ACNE
A acne é uma doença de pele não contagiosa, comumente reconhecida pelo
aparecimento de espinhas e cravos, principalmente nos rostos dos adolescentes,
porém também podem aparecer em rostos e costas de pessoas adultas. Diversos
fatores podem levar ao aparecimento da acne, porém a principal causa relacio-
nada é o excesso de produção de sebo pelas glândulas sebáceas estimuladas
pelos hormônios sexuais, como os andrógenos. Esse excesso de sebo causa a
obstrução dos poros, levando ao aparecimento da acne, que pode se manifestar
através de quatro tipos de lesões, de acordo com Rivitti (2018) e Soutor e Hor-
dinsky (2015):

• Comedões, popularmente conhecidos como cravos, são glândulas sebá-


ceas obstruídas que podem ser subdivididas em dois grupos: os come-
dões brancos e os comedões negros. Nos comedões brancos, o poro da
glândula está totalmente fechado pelo sebo. Já nos comedões negros, o
poro da glândula ainda não está totalmente fechado, permitindo a passa-
gem de oxigênio, que oxida o sebo, tornando-o escurecido (Figura 20a).
• Pápulas inflamatórias.
• Pústulas, popularmente conhecidas como espinhas (Figura 20b).
• Nódulos.

Essas lesões, de forma geral, não causam grandes problemas sistêmicos


para o portador, porém o grande problema mais relacionado está envolvido com

86
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

distúrbios emocionais, uma vez que o indivíduo pode sentir vergonha de sua apa-
rência e desenvolver ansiedade, depressão e baixa autoestima. Fatores como es-
tresse, período do ciclo menstrual, medicamentos, exposição ao sol, entre outros,
podem intensificar a gravidade da acne. Atualmente, existem diversos tipos de
tratamentos para a acne, sendo que estes dependerão da intensidade da acne.
Em acnes leves, normalmente se recomenda a lavagem do local afetado com
soluções de remoção de oleosidade e utilização de medicamentos tópicos, como
ácido salicílico, peróxido de benzoíla e tretinoína. Em casos mais severos de acne
deve-se associar a utilização de antibióticos orais (SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

FIGURA 20 – LESÕES ENCONTRADAS NA ACNE. EM (A) SÃO OBSER-


VADOS COMEDÕES E EM (B) SÃO OBSERVADAS PÚSTULAS

FONTE: <https://bit.ly/3qqPSlh>; <https://bit.ly/3g41VAm>. Acesso em: 15 out. 2020.

Para compreender mais sobre os fatores etiopatogênicos da


acne vulgar, acesse o artigo científico publicado pelos autores Adil-
son Costa, Maurício Motta de Avelar Alchorne e Maria Cristina Bez-
zan Goldschmidt, através do link: http://www.scielo.br/pdf/abd/v83n5/
v83n05a10.pdf.

3.4 VITILIGO
Um dos grupos de enfermidades da pele que mais causa impactos sobre a
saúde psicológica de seus portadores são as doenças em que há falta ou excesso
da pigmentação da pele. Muitas pessoas afetadas por esses distúrbios desenvol-
vem sentimentos de vergonha de si mesmas, ansiedade e até depressão, e em
casos mais graves, até pensamentos suicidas. As doenças conhecidas como vitili-

87
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

go e o melasma são exemplos de distúrbio pigmentares na pele. Vamos conhecer


mais detalhadamente a doença vitiligo.

O vitiligo é uma doença não contagiosa que afeta em torno de 1% da popu-


lação mundial. Nessa enfermidade ocorre a despigmentação da pele, levando à
formação de lesões esbranquiçadas que podem atingir diversas regiões do corpo.
Fatores ambientais, como estresse e exposição ao sol, associados à predispo-
sição genética estão sendo relacionados ao surgimento dessa doença. Apesar
do mecanismo patológico não estar completamente elucidado, acredita-se que o
vitiligo é uma doença autoimune, ou seja, está relacionado a distúrbios no sistema
imunológico do indivíduo, que causam a destruição dos melanócitos (células que
produzem os pigmentos, como a melanina) da pele (RIVITTI, 2018; SOUTOR;
HORDINSKY, 2015).

FIGURA 21 – LESÕES ESBRANQUIÇADAS OBSERVADAS NO VITILIGO

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-
mons/b/b6/Vitiligo.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

Segundo Nogueira, Zancanaro e Azambuja (2009), o vitiligo é


uma das dermatoses mais intrigantes existentes. Em termos físicos,
ela pouco representa na pele, uma vez que é caracterizada por po-
breza de sintomas e não ameaça a integridade do paciente. Talvez
por isso, e infelizmente, muitos médicos a consideram somente uma
alteração estética, negligenciando ou desqualificando o profundo
efeito psicológico que provoca em cada portador. Neste estudo, no
conjunto dos pacientes avaliados, as nuances mais citadas foram:

88
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

medo – especificamente – de que as manchas se espalhassem


(71%), vergonha (57%), insegurança (55%), tristeza (55%), inibição
(53%), desgosto (50%), impaciência (43%), irritação (36%), infelici-
dade (35%), imagem negativa perante os outros (35%), raiva (26%),
amargura (25%), falta de autoconfiança (25%), nojo de si mesmo
(18%) e outras (16%). Nenhum paciente citou nenhum sentimento
positivo em relação à doença, embora tivessem possibilidade de fa-
zê-lo (NOGUEIRA; ZANCANARO; AZAMBUJA, 2009).

O diagnóstico dessa doença é basicamente clínico, através da observação


macroscópica das lesões. Para o vitiligo, ainda não existe cura, mas existem di-
versos tratamentos, como medicamentos e fototerapia, que buscam retardar ou
estabilizar a evolução do aumento das lesões, assim como auxiliam na repigmen-
tação da pele lesionada.

Curiosidade!

Acredite ou não, um dos termos mais pesquisados com vitiligo


na pesquisa do Google é Michael Jackson. Provavelmente, porque
ele é a pessoa mais famosa que alegou sofrer de vitiligo. Mas, pos-
sivelmente, a discussão mais controversa sobre Michael Jackson é
o fato de que sua pele parecia ficar mais clara ao longo do tempo,
fato que, combinado com várias cirurgias plásticas, sugeriu que ele
queria se parecer menos com ele e mais com outra pessoa – alguns
disseram que “queria parecer branco”. Michael Jackson teve vitiligo?
Após sua morte, seu relatório de autópsia afirmou que havia “man-
chas de áreas pigmentadas claras e escuras” no exame de sua pele
e o vitiligo foi listado como um diagnóstico em seu histórico médico.
Além disso, um tubo de creme Benoquin 20% foi observado entre
seus medicamentos, revelando que ele usou esse tratamento apro-
vado pelo FDA para vitiligo. Desta forma, muitos acreditam que Mi-
chael Jackson tinha mesmo vitiligo e não apenas queria se tornar um
homem branco (HARRIS, 2016).

89
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

3.5 INFECÇÕES FÚNGICAS


Na pele podem aparecer diversas doenças associadas a infecções de fun-
gos, que são organismos eucariontes e heterótrofos, ou seja, que necessitam se
alimentar de nutrientes provenientes do ambiente. De forma geral, as infecções
por fungos causam prurido e descamação da pele. Os fungos mais relacionados a
problemas de pele são pertencentes ao grupo conhecido como dermatófitos. Ba-
seados em Rivitti (2018) e Soutor e Hordinsky (2015), vamos conhecer um pouco
mais sobre esses organismos.

Os dermatófitos são fungos que se alimentam da queratina da pele, cabelos


e unhas. As doenças causadas por esses fungos são denominadas de dermato-
fitoses, ou mais popularmente, como micoses. As formas de transmissão desses
fungos, para que ocorra a contaminação, pode ser de pessoa para pessoa ou de
animal para pessoa, ou de ambiente, como solo e superfícies infectadas, para a
pessoa. Infecções por dermatófitos são mais comuns em climas mais quentes e
úmidos, como a região tropical. Três gêneros de dermatófitos são identificados
como os maiores causadores de infecção de pele, que são:

• Trichophyton.
• Microsporum.
• Epidermophyton.

As infecções por dermatófitos podem atingir diversas regiões do corpo, como


o couro cabeludo, o tronco e os membros, as mãos, os pés, a região perianal, as
unhas, entre outras regiões. Seguem mais detalhes sobre a infecção do couro ca-
beludo, corpo e mãos por dermatófitos, focando na espécie do agente etiológico,
transmissão, sintomatologia e tratamento (SOUTOR; HORDINSKY, 2015):

• Tinha do couro cabeludo (tinha capitis): a infecção ocorre no couro ca-


beludo e é causada pelos fungos Trichophyton tonsurans e Microsporum
sp. Essa infecção é mais comum em crianças, sendo rara em adultos,
e pode ser transmitida de pessoa para pessoa através do compartilha-
mento de objetos como escovas e pentes. Como alguns dos sintomas
pode-se visualizar descamação no couro cabeludo e alopecia com pon-
tos pretos decorrentes da fratura de fios de cabelos. Como tratamento,
além de medicação tópica é necessário medicamento oral para atingir os
esporos fúngicos alojados na pele do couro cabeludo, como o composto
griseofulvina.

90
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 22 – ALOPECIA COM PONTOS PRETOS DECOR-


RENTES DA FRATURA DE FIOS DE CABELOS

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e0/
Teigne_-_Tinea_capitis.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Tinha do corpo: a infecção ocorre na pele do tronco e dos membros e é


causado pelo fungo Trichophyton rubrum ou Tricophyton mentagrophytes.
O Microsporum canis também pode causar a doença no ser humano e é
transmitido pelo contato com cães e gatos contaminados. Essa infecção
pode ser transmitida de pessoa para pessoa através do compartilhamen-
to de objetos. Como alguns dos sintomas pode-se visualizar pápula des-
camativa vermelha arredondada com um centro de coloração mais clara.
Como tratamento usa-se basicamente medicação tópica antifúngica.
• Tinha das mãos: a infecção ocorre em todas as regiões das mãos e pode
ser causada pelos fungos das espécies Trichophyton rubrum, Trichophy-
ton mentagrophytes e Epidermophyton floccosum. Essa infecção pode ser
transmitida de pessoa para pessoa e de animal contaminado para a pes-
soa. O principal sintoma dessa infecção é a descamação das mãos. Como
tratamento usa-se basicamente medicação tópica antifúngica.

Para entender mais sobre os fungos dermatófitos, sugerimos lei-


tura do artigo intitulado Dermatófitos: interação patógeno-hospedeiro
e resistência a antifúngicos, o qual trata de uma revisão muito rele-
vante que aborda diferentes aspectos da biologia dos dermatófitos,
com ênfase na interação dermatófito-hospedeiro e nos mecanismos
de resistência a antifúngicos. Para isso, acesse ao link: http://www.
scielo.br/pdf/abd/v85n5/v85n05a09.pdf.

91
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

3.6 INFECÇÕES VIRAIS DA PELE


Os vírus são partículas formadas por uma cápsula proteica que envolve o
material genético, podendo ser DNA ou RNA. Por não serem formados por cé-
lulas, ainda há uma discussão entre os cientistas, se os vírus podem ou não ser
considerados seres vivos. Além de serem acelulares, os vírus necessitam utilizar
a maquinaria enzimática de uma célula para conseguir se replicar, sendo assim
considerados parasitas obrigatórios. Os vírus podem infectar diversos tipos de cé-
lulas, inclusive as células humanas, acarretando diversos tipos de doenças huma-
nas. A seguir, alguns exemplos de doenças de pele causada por vírus.

• Herpes simples

A herpes simples é causada pelo vírus conhecido como herpesvírus, que é


formado por uma cápsula proteica com uma fita dupla de DNA em seu interior.
Esse herpesvírus pode ser classificado em tipo 1 e tipo 2. O herpesvírus do tipo 1
(HSV-1) normalmente está associado a lesões na boca, enquanto o herpesvírus
do tipo 2 (HSV-2) está associado a lesões nos órgãos genitais. De forma geral, a
maioria dos adultos da população mundial já entrou em contato com o herpesví-
rus do tipo 1 e já manifestam imunidade. A principal forma de contaminação do
vírus da herpes é o contato direto com lesões e secreções infectadas. O vírus da
herpes pode permanecer latente no interior dos neurônios nos gânglios do orga-
nismo, podendo assim causar infecções recorrentes no indivíduo, quando este
passa por episódios de estresse, ingestão de medicamentos corticosteroides e
imunodepressão.

O principal sintoma relacionado ao vírus da herpes do tipo 1 é o aparecimento


de vesículas agrupadas. Já para o vírus da herpes do tipo 2, além das vesículas
pode-se encontrar pequenas úlceras. Em portadores imunocompetentes, normal-
mente não há a necessidade de tratamento. Já em indivíduos em que o sistema
imunológico não consegue combater o vírus, tratamentos com medicamentos,
como o remédio Aciclovir, podem ser utilizados, com o objetivo de diminuir o po-
tencial replicativo do vírus (RIVITTI, 2018; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

92
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 23 – PROCESSO BÁSICO DE REPLICAÇÃO DE UM VÍRUS

1. Ligação do vírus na membrana da célula hospedeira; 2. Entrada do vírus para o


interior da célula hospedeira; 3. Liberação do material genético viral; 4. O vírus utiliza
a maquinaria enzimática da célula hospedeira para produzir proteínas virais; 5. O vírus
utiliza a maquinaria enzimática da célula hospedeira para produzir novas cópias do
material genético; 6. Montagem de novos vírus; 7. Liberação de novas partículas virais,
que recomeçam o ciclo em outras células hospedeiras.

FONTE: <https://bit.ly/2VBlWVm>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Herpes zóster

A herpes zóster, popularmente conhecida como cobreiro, é causada por um


vírus com DNA de fita dupla (herpesvírus humano tipo 3) que ficou latente nos
gânglios nervosos do organismo após a infecção primária de catapora, também
chamada de varicela durante a infância. Dessa forma, o vírus pode ficar em latên-
cia até a fase idosa do portador, podendo se manifestar em diversas situações,
como por exemplo, na imunossupressão. Como sintomatologia dessa doença,
normalmente são visualizadas lesões na pele na forma de vesículas agrupadas
sobre placas eritematosas e presença de crostas associadas a uma dor localizada
nos nervos afetados. O tratamento para o herpes zóster se baseia principalmente
na administração de drogas antivirais (SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

FIGURA 24 – PLACAS ERITEMATOSAS E PRESENÇA DE


CROSTAS NA DOENÇA HERPES ZÓSTER

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Herpes_zoster#/media/Fichei-
ro:Herpes_zoster_3days_passed.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

93
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

A maioria dos casos de herpes zóster evolui para a cura, porém


em alguns pode haver progressão para complicações. A neuralgia
pós-herpética (NPH) é a complicação mais comum do herpes zóster.
A NPH é caracterizada por dor neuropática crônica com persistência
mínima de um mês no trajeto do nervo afetado e que se inicia entre
um e seis meses após a cura das erupções cutâneas, podendo du-
rar anos. A NPH pode se manifestar com diferentes tipos de dor e
sintomas sensoriais. A dor possui caráter crônico caracterizado por
queimação, formigamento ou ardor.

FONTE: Portella et al. (2013, p. 211)

• Molusco contagioso

O molusco contagioso é causado pelo vírus do grupo dos poxvírus com DNA
de fita dupla e atinge pele e mucosas. A sua forma de transmissão é por contato
direto de pele com pele, podendo atingir qualquer parte do corpo. Também podem
ser encontrados nos órgãos genitais, sendo considerada uma doença sexualmen-
te transmissível. Os principais sintomas são o aparecimento de pápulas com um-
bilicação central e prurido. Essa doença é frequentemente encontrada em crian-
ças. Em pessoas imunocompetentes, a infecção desaparece sem necessidade de
tratamento específico (RIVITTI, 2018; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

94
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 25 – LESÕES TIPO PÁPULAS COM UMBILICAÇÃO CENTRAL ENCONTRADAS


NA DOENÇA MOLUSCO CONTAGIOSO

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Molusco_contagioso#/me-
dia/Ficheiro:Molluscaklein.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Verrugas

As verrugas são causadas pelo vírus de DNA de fita dupla chamado de papi-
lomavírus humano (HPV). Atualmente, se conhece mais de 100 tipos de genótipos
para o vírus HPV. Esse vírus invade qualquer pele e mucosa e estimula o cresci-
mento anormal das células da epiderme, formando uma protuberância sob a pele.
Dependendo da região afetada, assim como o tipo de genótipo do HPV infectan-
te, as verrugas podem mostrar diversas apresentações clínicas. As verrugas são
classificadas em verrugas não genitais e verrugas genitais, sendo que estas últi-
mas são encontradas nos órgãos genitais. Existem diversos tipos de tratamento,
desde medicamentosos, utilização de nitrogênio líquido e excisão cirúrgica (SOU-
TOR; HORDINSKY, 2015).

FIGURA 26 – LESÃO DO TIPO VERRUGA

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Verruca_vul-
garis#/media/File:Verruca.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

95
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

A vacinação é uma das maneiras mais eficazes para se proteger


de infecções contra HPV que causam verrugas genitais e que tam-
bém estão relacionadas ao câncer cervical e lesões pré-cancerosas
do trato anogenital masculino e feminino. Para se aprofundar neste
assunto, leia o artigo intitulado Vacina como agente de imunização
contra o HPV. Acesse ao link http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n9/
1413-8123-csc-19-09-3799.pdf.

3.7 INFECÇÕES BACTERIANAS


As bactérias são organismos microscópicos unicelulares procariontes. Isso
quer dizer que são formadas por uma única célula e que possuem o material ge-
nético, a molécula de DNA, disperso no citoplasma da célula. Existe uma grande
diversidade de espécies de bactérias que variam em sua forma, tamanho e podem
ser encontradas em qualquer lugar do planeta. Entre os diversos tipos de bacté-
rias, existem aquelas que são agentes infecciosos e podem comprometer a saúde
dos organismos, incluindo o ser humano. Existem várias espécies de bactérias
que colonizam a pele humana, sem causar qualquer problema de saúde, porém
existem espécies de bactérias, como o Staphylococcus aureus, que podem cau-
sar infecções da pele e estão relacionadas com diversas enfermidades. Vamos
conhecer agora, dois exemplos de doenças cutâneas causadas por bactérias.

a) Impetigo

O impetigo é uma doença cutânea contagiosa, na qual se verifica lesões tipo


crostas com presença ou não de bolhas que se rompem, sendo estas lesões res-
tritas à epiderme da pele. Essas lesões aparecem principalmente no rosto, sendo
mais frequentemente encontradas na faixa etária infantil. A infecção por bactérias
das espécies Staphylococcus aureus coagulase-positivo e Streptococcus pyo-
genes são as causas mais comuns de impetigo bolhoso e não bolhoso. Como
tratamento, indica-se a limpeza das lesões, sempre tomando cuidado para não
contaminar outros locais do corpo e a administração de antibióticos, sendo que
dependendo da gravidade podem ser tópicos ou orais (RIVITTI, 2018; SOUTOR;
HORDINSKY, 2015).

96
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 27– LESÕES VISUALIZADAS NO IMPETIGO

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Impetigo#/media/Ficheiro:OSC_Mi-
crobio_21_02_impetigo.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

Em estudo científico realizado por Bowen et al. (2015), com base


em dados de estudos publicados desde 2000 envolvendo países de
baixa e média renda, estimou-se que a população global de crian-
ças que sofrem de impetigo a qualquer momento seja superior a 162
milhões, predominantemente em contextos tropicais e com poucos
recursos. O impetigo é uma doença sub-reconhecida e, em conjunto
com a sarna, compreende uma importante condição dermatológica
na infância, com possíveis consequências ao longo da vida se não
for tratada (BOWEN et al., 2015).

b) Furúnculos

Os furúnculos são uma doença causada pela bactéria Staphylococcus au-


reus coagulase-positivo, que se instala e se desenvolve ao redor dos folículos pi-
losos da pele, gerando um nódulo purulento, dolorido, duro e avermelhado. O tra-
tamento convencional para esta doença consiste em rompimento do nódulo para
extravasamento do pus e a administração de antibióticos orais como cefalexina
(RIVITTI, 2018; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

97
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 28 – LESÃO TIPO NÓDULOS ABERTA COM LÍQUIDO PURU-


LENTO EM SEU INTERIOR OBSERVADA NOS FURÚNCULOS

FONTE: <https://bit.ly/3lDFgMg>. Acesso em: 15 out. 2020.

Atividades De Estudo:

1) A pele humana está sujeita a diversos tipos de doenças que po-


dem estar restritamente relacionadas ao tecido cutâneo ou podem
ser manifestações clínicas de outras doenças correlacionadas.
Diversos são os agentes patogênicos que estão relacionados a
estas manifestações patológicas na pele. Neste contexto, associe
os itens, utilizando o código a seguir.

I- Fungo
II- Vírus
III- Bactéria

( ) O furúnculo é uma doença infecciosa em que ocorre o compro-


metimento dos folículos pilosos da pele, gerando um nódulo pu-
rulento, dolorido, duro e avermelhado. O tratamento convencional
para esta doença consiste em rompimento do nódulo para extra-
vasamento do pus e a administração de medicamentos orais.
( ) O molusco contagioso é uma infecção em que a sua forma de
transmissão ocorre por contato direto de pele com pele infecta-
da, podendo atingir qualquer parte do corpo. Também podem ser
encontrados nos órgãos genitais, sendo considerada uma doença
sexualmente transmissível.
( ) A tinha das mãos é a infecção que ocorre em todas as regiões
das mãos e que pode ser transmitida de pessoa para pessoa e

98
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

de animal contaminado para a pessoa. O principal sintoma desta


infecção é a descamação das mãos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) III – I – II.
b) ( ) II – I – III.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) II – III – I.
e) ( ) III – II – I.

3.8 TUMORES NA PELE


Entende-se por tumor um aumento anormal no número de células, sendo as-
sim chamado de neoplasia. Diversos fatores podem desencadear o aparecimento
de um tumor, como a predisposição genética, envelhecimento, exposição intensa
à luz solar, exposição a compostos químicos, infecções, entre outros. Pessoas
com mais de 40 anos e com pele muito branca também são consideradas fato-
res de risco para o desenvolvimento de tumores. Dependendo do comportamento
deste tumor, este pode ser classificado em tumor benigno e tumor maligno.

O tumor benigno é aquele em que o crescimento anormal das células ocorre


de forma lenta e organizada, ficando delimitado à região do corpo e não invade
outros tecidos adjacentes. Segundo Rivitti (2018) e Soutor e Hordinsky (2015),
são exemplos de tumores benignos que acometem a pele humana:

• Ceratoses.
• Lentigo simples e solar.
• Nevos.

Já os tumores malignos são aqueles em que o crescimento anormal das


células ocorre de forma mais rápida e desorganizada, não ficando delimitado à
região do corpo. Essas células invadem outros tecidos adjacentes, podendo ge-
rar metástase pelo corpo. Por definição, metástase é a disseminação das células
tumorais através da corrente sanguínea, espalhando-se por diversos órgãos do
corpo humano. Os tumores malignos são popularmente conhecidos como câncer
de pele. Segundo Rivitti (2018) e Soutor e Hordinsky (2015), são exemplos de
tumores malignos que acometem a pele humana:

99
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Câncer de pele não melanoma. Os tipos de câncer de pele mais encon-


trados na população mundial são o carcinoma basocelular e o carcinoma
espinocelular.
• Câncer de pele do tipo melanoma.

Uma das formas utilizadas para o diagnóstico inicial de possíveis tumores na


pele é a observação de manchas, como as pintas, obedecendo à regra ABCDE.
Esse método é uma maneira simples de detecção de anormalidades tumorais na
pele e altamente difundido pelos dermatologistas para seus pacientes, uma vez
que estes próprios podem ficar atentos a sinais suspeitos de possíveis tumores.
Na regra ABCDE são levados critérios como assimetria, bordas, cor, diâmetro e
evolução das manchas na pele.

FIGURA 29 – REGRA ABCDE E A DIFERENCIAÇÃO DE TUMOR BENIGNO E MALIGNO

FONTE: <https://portalbeneficios.grupocase.com.br/wp-content/uplo-
ads/2019/12/ABCDE.png>. Acesso em: 15 out. 2020.

100
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

Vamos agora conhecer mais profundamente alguns tipos de tumores de pele:

• Ceratoses: neste tipo de tumor benigno, as células da camada córnea


da epiderme apresentam um crescimento anormal, formando lesões que
lembram protuberâncias verrugosas e com aspecto escamoso. As cera-
toses podem ser divididas em três tipos:

1) Ceratose actínica: nesse tipo, as lesões são provocadas por exposição


intensa ao sol. Pessoas claras possuem uma maior predisposição a de-
senvolver este tipo de tumor. As lesões são de coloração avermelhada e
com aspecto áspero e normalmente aparecem em locais do corpo que
ficam mais expostos ao sol, como rosto, pescoço, mãos e braços. Essas
lesões são consideradas pré-malignas, pois a partir delas aumenta a pro-
babilidade de desenvolvimento de um câncer de pele, como o carcino-
ma espinocelular. Existem diversos tratamentos para a ceratose actínica,
como medicamentos tópicos, crioterapia e remoção cirúrgica das lesões
(SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

FIGURA 30– LESÕES DA CERATOSE ACTÍNICA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Queratose#/media/Ficheiro:Acti-
nic_keratoses_on_forehead.JPG>. Acesso em: 15 out. 2020.

2) Ceratose seborreica: neste tipo, as lesões apresentam-se como pápulas


e placas acastanhadas sobressaltadas na pele, preferencialmente, na re-
gião do tronco corporal. Uma das formas de tratamento mais indicada é a
crioterapia – ou cauterização com ácidos.

101
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 31 – LESÕES DA CERATOSE SEBORREICA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Queratose#/media/Ficheiro:Sebor-
rheic_keratosis_on_human_back.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

3) Ceratose pilar: neste tipo, as lesões se apresentam como pápulas ver-


melhas ou brancas e são decorrentes do acúmulo de queratina nos folí-
culos dos pelos. Áreas como braços, coxas e nádegas são mais acome-
tidas.

FIGURA 32 – LESÕES DA CERATOSE PILAR

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Queratose#/media/Fichei-
ro:Keratosis_pilaris_arm.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Lentigo: neste tipo de tumor benigno, os melanócitos apresentam um


crescimento anormal, que podem ser de origem congênita ou adquirida.
De acordo com Rivitti (2018) e Soutor e Hordinsky (2015), as lesões se
apresentam como máculas de coloração acastanhadas. Os lentigos be-
nignos podem ser classificados em:

102
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

1) Simples: são as lesões formadas sem a necessidade de exposição da


pele à luz solar e normalmente as primeiras manchas aparecem antes
dos dez anos de idade do portador.

FIGURA 33 – MANCHAS DE LENTIGO DO TIPO SIMPLES

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lentigo#/media/Ficheiro:Na-
veus_spilus_new_photo.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

2) Solar: são as lesões formadas com a necessidade de intensa exposição


da pele à luz solar, sendo popularmente conhecidas como manchas do
envelhecimento ou senis.

Além dos lentigos benignos, existe também o lentigo maligno. O


lentigo maligno ocorre em áreas de exposição solar, preferencialmen-
te na face e em mulheres, representando uma forma de melanoma
“in situ”, ou seja, melanoma em seu estágio inicial. O termo lentigo
maligno melanoma é utilizado quando o lentigo maligno assume ca-
ráter invasivo, o que acontece em aproximadamente 5% dos casos.
O fator etiológico mais provável é a radiação ultravioleta, iniciando-se
como mácula pigmentada de 0,5 a 1 centímetro, evoluindo com va-
riedades de cores castanhas e de bordas irregulares (NETO, 2003).

103
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Nevos melanocíticos típicos: os nevos melanocíticos, popularmen-


te conhecidos como pintas ou sinais, são tumores benignos formados
de aglomerados de melanócitos que não migraram adequadamente na
pele e que comumente são encontrados na população mundial, em es-
pecial na população branca. Sabe-se que o aparecimento de nevos é
dependente de diversos fatores, sendo eles tanto genético, através de
mutações, quanto ambientais, como a exposição à luz solar e à luz ul-
travioleta. De forma geral, os nevos possuem formato regular e podem
variar de coloração, desde cor de pele ao negro (Figura 34). Os nevos
são caracterizados como máculas localizadas na epiderme, sendo cha-
mados de nevos juncionais e como pápulas localizadas na derme, sendo
chamados de nevos intradérmicos. Os nevos encontrados tanto na epi-
derme quando na derme são denominados de nevos compostos. Os ne-
vos melanocíticos, de forma geral, não promovem problemas de saúde
e, na maioria das vezes, o incômodo é estético. Os nevos melanocíticos
só se tornam preocupantes se passarem a demonstrar características de
melanoma, como aumento de tamanho e bordas irregulares (SOUTOR;
HORDINSKY, 2015).

FIGURA 34 – NEVO MELANOCÍTICO TÍPICO NA PELE

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Nevo#/media/Ficheiro:-
Graindebeaute.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

Além dos nevos melanocíticos típicos existem os nevos melano-


cíticos atípicos, também denominados de nevos displásicos. Pela re-
gra ABCDE, uma lesão é considerada nevo atípico quando apresenta
Assimetria em relação à forma (A), Bordas irregulares (B), Múltiplas
Cores (C), Diâmetro maior que 5 mm (D) e Elevação de parte da
lesão, conferindo aspecto maculopapular (E). O nevo atípico pode

104
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

estar presente em qualquer região do corpo, mas é mais comumente


encontrado na região superior do tronco posterior. Acredita-se que
os nevos atípicos sejam lesões precursoras do melanoma cutâneo
(REZZE; LEON; DUPRAT, 2010).

• Carcinoma basocelular: é um tumor maligno não melanoma, sendo con-


siderado o tipo de câncer de pele mais comum. Neste tipo de tumor, as
células localizadas na camada basal, que é a mais profunda da epider-
me, apresentam um crescimento anormal, após exposição intensa à
radiação ultravioleta, que induz o aparecimento de mutações no DNA
nestas células. Porém outros fatores, como a predisposição genética,
podem contribuir para o aparecimento deste câncer. O carcinoma baso-
celular normalmente é um tumor de crescimento lento e com pouca ca-
pacidade de produzir metástase a distância (RIVITTI, 2018; SOUTOR;
HORDINSKY, 2015).

FIGURA 35 – ESQUEMA QUE MOSTRA A CAMADA COM AS CÉLULAS


BASAIS QUE QUANDO HÁ CRESCIMENTO DESORDENADO
PODE ORIGINAR O CARCINOMA BASOCELULAR

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Layers_of_the_skin.jpg>.
Acesso em: 15 out. 2020.

105
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Há diversos tipos de carcinoma basocelular, sendo o mais comum, o carci-


noma basocelular nodular. Neste tipo específico, as lesões em estágio inicial pos-
suem a aparência de pápulas, que podem sangrar. Com a evolução do tumor, as
pápulas sofrem ulceração, formando orifícios na pele. Os portadores deste tumor
possuem altas chances de cura, se o tumor for descoberto em estágios iniciais.
O tratamento para esse tumor vai depender de vários fatores, como por exemplo,
a localização e a extensão das lesões, sendo que de forma geral, a excisão do
tumor associado à remoção de tecidos de pele normal adjacentes ao tumor é indi-
cada (RIVITTI, 2018).

FIGURA 36 – CARCINOMA BASOCELULAR NA LATERAL DO NARIZ DE UM PACIENTE

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Carcinoma_basocelular#/media/Fi-
cheiro:Basal_cell_carcinoma2.JPG>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Carcinoma espinocelular: é um tumor maligno não melanoma, sendo


considerado o segundo tipo de câncer de pele mais comum e que pode
se desenvolver em qualquer parte do corpo, porém aparece com mais
frequência em áreas com maior exposição à luz solar. Neste tipo de tu-
mor, os queratinócitos da epiderme, apresentam um crescimento anor-
mal, após exposição intensa à radiação ultravioleta. Outros fatores, como
infecções virais e exposição a compostos químicos também estão sendo
relacionados ao aparecimento deste tipo de tumor. O carcinoma espino-
celular normalmente são tumores de crescimento lento e com capacida-
de de produzir metástase local e a distância. As lesões deste carcinoma
podem possuir a aparência de verrugas e de feridas com superfície es-
camosa e normalmente têm coloração avermelhada. Existem diversos
tratamentos para esse tipo de tumor, sendo que a remoção cirúrgica é
sempre a mais indicada (RIVITTI, 2018; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

106
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 37 – LESÃO TÍPICA DO CARCINOMA ESPINOCELULAR

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5f/Squa-
mous_Cell_Carcinoma.png>. Acesso em: 15 out. 2020.

• Melanoma: é um tumor maligno que pode aparecer em qualquer faixa etá-


ria, porém é raro em crianças. O melanoma pode acometer qualquer par-
te do corpo em que os melanócitos da pele apresentem um crescimento
anormal. Diversos são os fatores de risco de desenvolvimento desta doen-
ça, abrangendo tanto fatores genéticos, como mutações em oncogenes,
quanto fatores ambientais, como exposição aos raios ultravioletas. A pre-
sença de nevos atípicos pode ser um determinante para o desenvolvimen-
to do melanoma, assim como histórico familiar da doença. É considerado
um tumor grave devido a sua alta capacidade de produzir metástase.

O estabelecimento de parâmetros sobre o melanoma maligno


cutâneo no Brasil e diretrizes nacionais para diagnóstico, tratamento
e acompanhamento dos indivíduos com esta doença é de suma im-
portância. Para aprofundar este assunto, leia a PORTARIA Nº 357,
DE 8 DE ABRIL DE 2013 do Ministério da Saúde que aprovou as Di-
retrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Melanoma Maligno Cutâneo.
Para isso, acesse o link: https://bit.ly/2JyHtf4.

Como sintomatologia deste tumor é observado o surgimento de manchas


que modificam de tamanho e alteram o formato e a cor. Prurido e descamação
também podem ser notados. Um dos diagnósticos mais utilizados para a identifi-
cação do melanoma é a Regra do ABCDE. Em seguida, a biópsia da pele afetada

107
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

é realizada, com o objetivo de identificar o estadiamento do tumor. De forma geral,


quanto mais precoce for a descoberta do melanoma, maiores são as chances de
tratamento, que na maioria dos casos é indicada a remoção cirúrgica associada
à quimioterapia ou radioterapia, dependendo do estágio do melanoma (RIVITTI,
2018; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

FIGURA 38 – LESÃO TÍPICA DO MELANOMA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Melanoma#/media/Fi-
cheiro:Melanoma.jpg>. Acesso em: 15 out. 2020.

No Brasil, estima-se a ocorrência, em 2016, de 3 mil casos no-


vos de melanoma em homens e 2.670 em mulheres, correspondendo
a taxas de 3,03 casos novos a cada 100 mil homens e 2,59 para
cada 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência em homens e
mulheres encontram-se na Região Sul, com destaque para os Esta-
dos do Rio Grande do Sul (8,02/100 mil) entre os homens e de Santa
Catarina (7,10/100 mil) entre as mulheres. Quanto ao câncer de pele
não melanoma, sua ocorrência é muito mais frequente, estimando-se
80.850 casos novos em homens (81,66/100 mil) e 94.910 em mulhe-
res (91,98/100 mil). Ele é mais incidente nas Regiões Sul, Centro-O-
este e Sudeste. As maiores taxas são observadas nos Estados de
Santa Catarina entre os homens (186/100 mil) e Rio de Janeiro entre
mulheres (165/100 mil).

108
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

FIGURA 39 – CÂNCER DE PELE DO TIPO NÃO MELANOMA E DO TIPO MELANOMA


EM HOMENS E MULHERES DISTRIBUÍDOS PELOS ESTADOS BRASILEIROS

FONTE: INCA (2016, s.p.)

Atividades de estudo:

1) O tumor é definido como um aumento anormal no número de cé-


lulas de uma região do corpo. Dependendo do seu potencial de
infiltração nos tecidos do organismo, ou seja, a sua capacidade
de realizar metástase, o tumor pode ser classificado em benigno
e maligno. Neste contexto, são exemplos de tumor benigno e ma-
ligno, respectivamente:

a) ( ) Carcinoma espinocelular e lentigo simples.


b) ( ) Nevo melanocítico típico e carcinoma basocelular.
c) ( ) Ceratose pilar e nevo melanocítico típico.
d) ( ) Carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular.
e) ( ) Carcinoma espinocelular e ceratose pilar.

109
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A pele humana pode ser acometida por diversas doenças, que são respon-
sáveis pelo aparecimento de lesões cutâneas e essas lesões da pele podem ser
analisadas macroscópica e microscopicamente. Para a análise macroscópica de
uma lesão cutânea é necessário observar os seguintes parâmetros: tipo de lesão,
coloração da lesão, formato da lesão e distribuição da lesão. Quanto ao tipo de le-
são, as lesões pode ser subdividas em lesões primárias e secundárias. As lesões
primárias são aquelas que surgem sobre a pele saudável, sendo exemplo dessas
lesões as máculas, as manchas, as pápulas, as urticas, as placas, os nódulos,
os tumores, as vesículas, as bolhas, as pústulas e as escamas. Já as lesões se-
cundárias surgem sobre as lesões primárias, indicando que a lesão pode estar
evoluindo para danos maiores.

As lesões cutâneas são encontradas em diversas doenças, conhecidas como


doenças da pele. Cada doença possui lesões características que podem ajudar
no diagnóstico da doença. Na dermatite de contato alérgica são encontradas le-
sões como bolhas, prurido e descamação. Na dermatite atópica são encontra-
das lesões tipo escoriações acompanhada de pele seca e coceira. Na dermatite
numular, as lesões na pele são arredondadas com presença de descamações
e crostas. Na dermatite seborreica, a pele se apresenta com lesões eritemato-
escamosas e com subsequente descamação. Na psoríase, há a visualização de
placas vermelhas ou róseas com descamação branco-prateada. Na acne, os qua-
tro tipos de lesões visualizadas são os comedões, as pápulas inflamatórias, as
pústulas e os nódulos. Já no vitiligo ocorre a despigmentação da pele, levando à
formação de lesões esbranquiçadas.

Diversas são as causas para o aparecimento de doenças da pele e uma de-


las está relacionada à invasão de agentes microscópicos patogênicos. Os fungos
do grupo dermatófito são os mais relacionados a problemas de pele, e infecções
por dermatófitos podem atingir diversas regiões do corpo, como o couro cabeludo,
o tronco, os membros, entre outras regiões. Os vírus também podem invadir a
pele humana e serem responsáveis por doenças cutâneas, como a herpes sim-
ples, a herpes zóster, o molusco contagioso e o aparecimento de verrugas. Além
dos fungos e dos vírus, as bactérias também causam diversas doenças que afe-
tam o tecido cutâneo.

Uma das doenças mais temerosas em relação à pele humana é o apareci-


mento de tumores. Dependendo do comportamento deste tumor, este pode ser
classificado em tumor benigno e tumor maligno. Os tumores benignos são aqueles
em que o crescimento anormal das células ocorre de forma lenta e organizada, fi-
cando delimitado à região do corpo e não invade outros tecidos adjacentes. Já os

110
Capítulo 2 PATOLOGIA DA PELE

tumores malignos são aqueles em que o crescimento anormal das células ocorre
de forma mais rápida e desorganizada, não ficando delimitado à região do corpo,
podendo gerar metástase pelo corpo. Os tumores malignos são popularmente co-
nhecidos como câncer de pele e os tipos de câncer de pele mais encontrados na
população mundial são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o
câncer de pele do tipo melanoma.

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112
C APÍTULO 3
DERMATOLOGIA ESTÉTICA
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:

 conhecer as atribuições profissionais dos dermatologistas e dos esteticistas,


delimitando as competências de cada área;

 aprender os principais problemas dermatológicos mais procurados para corre-


ção através de tratamentos estéticos;

 apresentar os possíveis procedimentos estéticos a serem realizados;

 apresentar o conceito de dermocosméticos e suas diversas aplicações;

 abordar a importância da proteção da pele contra raios ultravioletas e os cuida-


dos e procedimentos corretos para o bronzeamento natural e artificial;

 identificar os diversos problemas estéticos e recomendar os tratamentos der-


matológicos mais apropriados para a resolução do problema.
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

114
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Os padrões de beleza mudaram durante os tempos, e antes, o que podia ser
considerado belo, hoje não é mais, assim como o que não era considerado belo,
talvez hoje o seja. Segundo o trecho retirado de Poli Neto e Caponi (2007, s.p.):

[...] a sociedade contemporânea assiste deslumbrada à pas-


sagem dos “corpos perfeitos”, que invadem progressivamente
todos os espaços da vida moderna. A expectativa de corpo das
pessoas em relação a esses padrões de beleza é o que pro-
vavelmente interliga uma variedade de fenômenos cada vez
mais comuns, como a maior incidência de bulimia e anorexia,
as malhações e as cirurgias plásticas estéticas.

O medo de envelhecer prevalece e diversos métodos de tratamentos para


tentar minimizar os efeitos desse envelhecimento são buscados. Segundo Moren
(2009 apud LIMA; SOUZA; GRIGNOLI, 2015, p. 93), “[....] É de conhecimento ge-
ral que todos buscam ter uma pele com aspecto saudável, viçosa, radiante, livre
de manchas e cicatrizes ou qualquer disfunção estética. Alguns tratamentos pro-
porcionam uma pele com mais qualidade e livre de imperfeições”.

O Brasil é um país com pessoas muito vaidosas, visto que aqui se encontra o
terceiro maior mercado de estética do mundo, perdendo apenas para os Estados
Unidos e a China. De forma geral, a maioria dos consumidores deste mercado
estético são as mulheres, porém os homens já contribuem para uma parcela ex-
pressiva deste mercado. Segundo Pereira et al. (2008, p. 3):

O segmento da estética e beleza expande-se também


para o público masculino. É notável nas últimas décadas
o aumento da vaidade masculina e a importância que os
homens dão para uma boa aparência. A preocupação do
homem com o corpo e a beleza ainda não se iguala a da
mulher, porém, estão dedicando mais tempo e dinheiro a
tratamentos estéticos.

Neste contexto, o mercado estético tem grande importância na vida das pes-
soas, e os profissionais dessa área têm buscado cada dia mais se aperfeiçoar
e trazer novidades para os centros estéticos. As pessoas têm buscado realizar
procedimentos que tragam certo conforto e resultados verdadeiros e comprova-
dos. Além de procurarem se sentir especialmente tratadas e cuidadas, buscando
tratamentos personalizados (FILGUEIRAS, 2018).

Baseado nos fatos descritos anteriormente, o objetivo deste capítulo é com-


preender as atribuições profissionais do esteticista, assim como aprender os prin-
cipais problemas dermatológicos estéticos mais procurados para correção através

115
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

de tratamentos estéticos. Além disso, serão apresentados diversos tratamentos


estéticos e suas aplicações para a correção de problemas estéticos mais procura-
dos pelas pessoas, focando principalmente em estética facial e estética corporal,
sendo estas uma das possíveis áreas de atuação profissional que mais crescem
no mercado.

2 DERMATOLOGISTAS E
ESTETICISTAS: ÁREA DE ATUAÇÃO
DE CADA PROFISSIONAL
Diversos são os profissionais que atuam no cuidado e saúde da pele huma-
na, sendo os mais conhecidos nesta área, os dermatologistas e os esteticistas. O
dermatologista é o profissional que fez graduação em medicina e fez programa
de Residência em Dermatologia. Já o esteticista é o profissional que fez curso
técnico ou realizou curso superior de graduação em estética. Mas quais seriam as
diferenças na área de atuação desses dois profissionais?

O dermatologista atua na área que visa ao diagnóstico e tratamento de do-


enças relacionadas à pele e seus anexos, como unhas, pele e cabelos. Dentro
da dermatologia há um ramo específico, conhecido como cosmiatria, que utiliza
procedimentos estéticos tecnológicos com o objetivo de melhorar a aparência da
pele, tornando-a visualmente mais suntuosa.

Já o esteticista é o profissional responsável pela realização de tratamentos


e procedimentos corporais e faciais com o objetivo de embelezamento pessoal,
ou seja, estético. Além disso, o esteticista também pode atuar na área de saúde,
auxiliando vítimas de queimaduras ou pacientes em fase de pós-cirurgia.

Segundo dados epidemiológicos, por ser um grande problema


de saúde pública, constatamos a necessidade de criar grupos de
profissionais da área da saúde, gerando campanhas de orientação
para prevenção das queimaduras em ambientes domésticos. Segun-
do Pedrosa Junior et al., a queimadura interfere na autoimagem, di-
ficultando o relacionamento com outras pessoas. Percebemos a ne-
cessidade de um esteticista junto à equipe médica, para o cuidado
específico da pele e da camuflagem da cicatriz, logo após a recu-
peração das sequelas inestéticas. Com estas medidas, acreditamos

116
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

em uma significativa melhora no convívio social, afetivo e sexual do


paciente (NASCIMENTO et al., 2014).

Para ser um esteticista, o interessado pode seguir os seguintes caminhos:

1) Curso de graduação de Estética, com duração de quatro anos, tornando-


-se bacharel em estética.
2) Curso superior de Tecnologia em Estética, com duração de três anos,
tornando-se tecnólogo em estética.

Além da graduação, existem também os cursos técnicos de estética, com


duração de um a três anos, em que após a formatura, o indivíduo se torna técnico
em estética.

Os profissionais formados em estética podem atuar em salões de beleza,


clínicas médicas, hotéis, academias, entre outros locais. Para o exercício de sua
função, todo esteticista precisa ter:

• Conhecimento profundo das técnicas.


• Conhecimento em métodos de segurança.
• Conhecimento em métodos de higienização.

FIGURA 1 – EXEMPLOS DE ATUAÇÃO DO ESTETICISTA

FONTE: <https://bit.ly/3lER0yj>.; <https://bit.ly/3lEeefyj>. Acesso em: 19 out. 2020.

Para uma leitura mais detalhada sobre procedimentos estéticos,


sugerimos a leitura do livro De Esteticista Para Esteticista - Diversifi-

117
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

cando os protocolos faciais e corporais aplicados na área de estética,


da autora Andrea Lourenço de Oliveira.

OLIVEIRA, A. L. de. De esteticista para esteticista: diversifi-


cando os protocolos faciais e corporais aplicados na área de estética.
São Paulo: Matrix Editora, 2017.

A regulamentação da profissão de esteticista é extremamente recente e, le-


galmente, passou a existir em 3 de abril de 2018, através da Lei nº 13.643. Devido
à importância deste marco, segue a lei completa para leitura.

Lei 13.643 DE 3 DE ABRIL DE 2018

Regulamenta as profissões de Esteticista, que compreende


o Esteticista e Cosmetólogo, e de Técnico em Estética

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei regulamenta o exercício das profissões de Es-
teticista, que compreende o Esteticista e Cosmetólogo, e de Técnico
em Estética.
Parágrafo único. Esta Lei não compreende atividades em estéti-
ca médica, nos termos definidos no art. 4º da Lei nº 12.842, de 10 de
julho de 2013.
Art. 2º O exercício da profissão de Esteticista é livre em todo o
território nacional, observadas as disposições desta Lei.
Art. 3º Considera-se Técnico em Estética o profissional habilita-
do em:
I - curso técnico com concentração em Estética oferecido por
instituição regular de ensino no Brasil;
II - curso técnico com concentração em Estética oferecido por
escola estrangeira, com revalidação de certificado ou diploma pelo
Brasil, em instituição devidamente reconhecida pelo Ministério da
Educação.
Parágrafo único. O profissional que possua prévia formação téc-
nica em estética, ou que comprove o exercício da profissão há pelo
menos três anos, contados da data de entrada em vigor desta Lei,

118
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

terá assegurado o direito ao exercício da profissão, na forma estabe-


lecida em regulamento.
Art. 4º Considera-se Esteticista e Cosmetólogo o profissional:
I - graduado em curso de nível superior com concentração em
Estética e Cosmética, ou equivalente, oferecido por instituição regu-
lar de ensino no Brasil, devidamente reconhecida pelo Ministério da
Educação;
II - graduado em curso de nível superior com concentração em
Estética e Cosmética, ou equivalente, oferecido por escola estrangei-
ra, com diploma revalidado no Brasil, por instituição de ensino devi-
damente reconhecida pelo Ministério da Educação.
Art. 5º Compete ao Técnico em Estética:
I - executar procedimentos estéticos faciais, corporais e capila-
res, utilizando como recursos de trabalho produtos cosméticos, técni-
cas e equipamentos com registro na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa);
II - solicitar, quando julgar necessário, parecer de outro profissio-
nal que complemente a avaliação estética;
III - observar a prescrição médica ou fisioterápica apresentada
pelo cliente, ou solicitar, após exame da situação, avaliação médica
ou fisioterápica.
Art. 6º Compete ao Esteticista e Cosmetólogo, além das ativida-
des descritas no art. 5º desta Lei:
I - a responsabilidade técnica pelos centros de estética que exe-
cutam e aplicam recursos estéticos, observado o disposto nesta Lei;
II - a direção, a coordenação, a supervisão e o ensino de disci-
plinas relativas a cursos que compreendam estudos com concentra-
ção em Estética ou Cosmetologia, desde que observadas as leis e as
normas regulamentadoras da atividade docente;
III - a auditoria, a consultoria e a assessoria sobre cosméticos e
equipamentos específicos de estética com registro na Anvisa;
IV - a elaboração de informes, pareceres técnico-científicos, es-
tudos, trabalhos e pesquisas mercadológicas ou experimentais relati-
vos à Estética e à Cosmetologia, em sua área de atuação;
V - a elaboração do programa de atendimento, com base no
quadro do cliente, estabelecendo as técnicas a serem empregadas e
a quantidade de aplicações necessárias;
VI - observar a prescrição médica apresentada pelo cliente, ou
solicitar, após avaliação da situação, prévia prescrição médica ou fi-
sioterápica.
Art. 7º O Esteticista, no exercício das suas atividades e atribui-
ções, deve zelar:
I - pela observância a princípios éticos;

119
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

II - pela relação de transparência com o cliente, prestando-lhe o


atendimento adequado e informando-o sobre técnicas, produtos utili-
zados e orçamento dos serviços;
III - pela segurança dos clientes e das demais pessoas envolvi-
das no atendimento, evitando exposição a riscos e potenciais danos.
Art. 8º O Esteticista deve cumprir e fazer cumprir as normas re-
lativas à biossegurança e à legislação sanitária.
Art. 9º Regulamento disporá sobre a fiscalização do exercício da
profissão de Esteticista e sobre as adequações necessárias à obser-
vância do disposto nesta Lei.
Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 3 de abril de 2018; 197º da Independência e 130º da


República.
MICHEL TEMER

FONTE: <https://bit.ly/2VAHGks>. Acesso em: 20 out. 2020.

Mas quando deve-se procurar um dermatologista ou um esteticista? O der-


matologista deve ser procurado quando há um sinal de patologias na pele a ser
diagnosticada, como por exemplo, aparecimento de manchas que aumentam de
tamanho ou mudam de coloração. Já os esteticistas devem ser procurados quan-
do há queixas em relação à aparência da pele, como os sinais de envelhecimento.
É importante destacar que, em certas situações, os dermatologistas e esteticistas
podem trabalhar juntos, havendo complementação para que o tratamento ao pa-
ciente seja mais eficaz.

É importante destacar que o campo de atuação na área de estética não está


restrito apenas aos profissionais formados em graduação de medicina e gradua-
ção em estética. Profissionais de outras áreas da saúde, após curso de pós-gra-
duação especializado podem atuar em diversas áreas estéticas. Seguem exem-
plos de profissionais graduados que podem trabalhar com estética:

• Enfermeiros.
• Biomédicos.
• Biólogos.
• Dentistas.
• Fisioterapeutas.
• Farmacêuticos.
• Nutricionistas.

120
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

Atividades de estudo:

1) Através da Lei nº 13.643 de 3 de abril de 2018, a profissão de


esteticista, que compreende o esteticista e o cosmetólogo, assim
como o técnico em estética, foi regulamentada e, com isso, di-
reitos e deveres destes profissionais foram estabelecidos. Neste
contexto, sobre as providências desta lei, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas.

( ) O profissional que possua prévia formação técnica em estética,


ou que comprove o exercício da profissão há pelo menos cinco
anos, contados da data de entrada em vigor desta Lei, terá asse-
gurado o direito ao exercício da profissão, na forma estabelecida
em regulamento.
( ) Compete ao Técnico em Estética, a responsabilidade técnica
pelos centros de estética que executam e aplicam recursos estéti-
cos, observado o disposto nesta Lei.
( ) O Esteticista deve cumprir e fazer cumprir as normas relativas à
biossegurança e à legislação sanitária.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F, V, V.
b) ( ) V, F, F.
c) ( ) V, F, V.
d) ( ) F, F, V.

3 PROBLEMAS DERMATOLÓGICOS
ESTÉTICOS
Os problemas dermatológicos normalmente são caracterizados como aque-
les que causam na pele, modificações patológicas e, consequentemente, diversos
sintomas que precisam ser tratados. O profissional mais adequado para diagnós-
tico e indicação de tratamento nestas situações são os médicos com especializa-
ção em dermatologia. Já os problemas dermatológicos que não são diretamente
relacionados a doenças específicas e que incomodam mais por questões estéti-
cas podem ser tratados por diversos profissionais da saúde e beleza, entre eles o

121
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

esteticista. Assim, as principais queixas estéticas que levam às pessoas a procu-


rarem procedimentos estéticos de correção são:

• Olheiras.
• Estrias.
• Celulite.
• Cicatriz.
• Flacidez corporal e facial.
• Rugas.
• Excesso de pelos.
• Manchas.

Pesquisa realizada por Martins et al. (2013) com mulheres de


três diferentes estados (São Paulo e Rio de Janeiro, no Sudeste, e
Santa Catarina, na Região Sul), ao questionar sobre as principais
queixas estéticas desta população, chegaram aos resultados em
ordem decrescente de frequência: 1a) manchas (84,7%), 2a) acne
(61,3%), 3a) rugas (43,4%), 4a) envelhecimento, rejuvenescimento e
“sinais” de idade (16,4%), 5a) estrias (12,6%), 6a) verrugas e pintas
(11,7%), 7a) celulite (11%), 8a) cicatrizes (10,4%). Outras queixas,
como pele seca, pele oleosa ou doenças como câncer e psoríase,
resultaram cada uma em torno de 3%.

Neste contexto, segue o detalhamento anatômico-fisiológico de algumas das


queixas dermatológicas citadas anteriormente.

3.1 OLHEIRAS
Entende-se por olheiras a hiperpigmentação, basicamente, de três regiões
ao redor dos olhos:

• Região periorbital.
• Região supraocular.
• Região subocular.

122
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

FIGURA 2 – DENOMINAÇÕES ANATÔMICAS DE TRÊS


REGIÕES AO REDOR DO GLOBO OCULAR

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Olho_humano#/media/Ficheiro:MP_
Sectoral_heterochromia.jpg>. Acesso em: 20 out. 2020.

Nas regiões acometidas por olheiras, há uma diferença de cor entre a pele
e o restante da pele facial. Esse problema estético pode provocar importante im-
pacto na qualidade de vida, ao produzir aparência de cansaço e envelhecimento
(LUDTKE et al., 2013). Diversos são os fatores que podem causar o aparecimento
de olheiras, como:

• Genética.
• Cansaço.
• Estresse.
• Ciclo pré-menstrual.
• Alergia.
• Estilo de vida, como o uso de álcool e cigarro.

De acordo com a sua causa e morfologia, as olheiras podem ser subdivididas em:

• Vasculares:
o geralmente possuem coloração azulada;
o são causadas pelo acúmulo de pigmento hemossiderina na região dos
olhos associado ao aumento de circulação sanguínea no local.

• Melânicas:
o geralmente possuem coloração amarronzada;
o são causadas pelo aumento do pigmento melanina na região;
o normalmente aparecem em pessoas com tendência genética, podendo
ser agravada pelo estilo de vida como noites mal dormidas, tabagismo e
álcool.

123
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 3 – REGIÃO ESCURECIDA EMBAIXO DO OLHO


DE UM HOMEM, CARACTERIZANDO OLHEIRA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Olheiras#/media/Fichei-
ro:Dark_circles.jpg>. Acesso em: 20 out. 2020.

Para mais informações sobre hiperpigmentação periorbital,


acesse o artigo intitulado Hiperpigmentação Periorbital, dos autores
Jaquelina Aparecida de Araújo e Lílian de Abreu Ferreira. Para isso,
acesse o link: http://www.psicodebate.dpgpsifpm.com.br/index.php/
periodico/article/view/V4N3A6/257.

Segundo Roh e Chung (2009), uma série de terapias estão disponíveis para
o tratamento de olheiras infraorbitais. As modalidades terapêuticas devem diferir
dependendo da causa, por que os círculos escuros infraorbitais são devidos a
múltiplos fatores. Os autores citam como possíveis tratamentos para as olheiras
causadas por excesso de melanina:

• Agentes tópicos como a hidroquinona e o ácido retinoico.


• Peeling químico.
• Laser.

Além desses tratamentos, estudos científicos são feitos com o objetivo de en-
contrar substâncias ativas derivadas de vegetais, que possuem a capacidade de
reduzir os círculos escurecidos ao redor dos olhos. Nesse contexto, pode-se citar
um estudo realizado por Klettke, Marchetti e Foppa (2014), o qual avaliou o poten-
cial físico-químico do extrato de aveia (Avena sativa L.) na inibição da tirosinase,

124
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

como potencial utilização para tratamento de olheiras. Como resultados, as auto-


ras chegaram à conclusão de que a aveia apresentava atividade inibitória sobre
a enzima tirosinase e que podia, sim, ser associada ao tratamento das “temidas”
olheiras. Possuindo segurança de aplicação, além de ser rica em ativos químicos,
os quais atuam além das olheiras, a aveia possui atividade calmante, atuação nos
processos inflamatórios locais, diminuindo o edema, protegendo contra os raios
ultravioletas e diminuindo o envelhecimento facial.

3.2 ESTRIAS
São cicatrizes visualizadas em áreas cutâneas que estão sujeitas à distensão
da pele, como as áreas cutâneas das coxas, nádegas e mamas. Devido a esta
distensão, ocorre o rompimento das fibras colágenas e elásticas da pele e, conse-
quentemente, o aparecimento de cicatrizes. As estrias normalmente aparecem em
pessoas do sexo feminino. Diversas são as causas pelo surgimento das estrias,
podendo-se destacar as causas mais comuns, como a obesidade e a gravidez.

Addor et al. (2010) estudaram a relação da gestação e predisposição ao apa-


recimento de estrias, por meio do acompanhamento de sessenta gestantes. Os
autores observaram como resultado que houve uma correlação positiva entre o
aumento de elasticidade e a não ocorrência de estrias, e inferiram que as gestan-
tes que não desenvolveram estrias possuem uma maior propriedade de distensão
cutânea, a partir das medidas de elasticidade. Estudos vêm mostrando que alte-
rações no nível de hormônio relaxina, produzido durante a gestação, tem associa-
ção direta com o aparecimento de estrias (SATO et al., 2012).

FIGURA 4 – PELE MOSTRANDO DIVERSAS CICATRIZES DO TIPO ESTRIAS

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Estria#/media/Fichei-
ro:Belly_Strech_Marks.jpg>. Acesso em: 20 out. 2020.

125
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Para mais informações sobre estrias na gravidez, acesse o artigo


intitulado Estrias de distensão na gravidez: fatores de risco em primí-
paras, dos autores Marcus Maia, Carolina Reato Marçon, Sarita Bar-
tholomei Rodrigues e Tsutomu Aoki. Para isso, acesse o link: https://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0365-05962009000600005&script=s-
ci_arttext&tlng=pt.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017), os tratamentos


conhecidos podem ser feitos de forma isolada ou em associação, sempre com
acompanhamento médico:

• Cremes com ácido retinoico, com ácido glicólico ou com vitamina C.


• Microdermoabrasão.
• Radiofrequência.
• Microagulhamento.
• Laser.
• Luz intensa pulsada.

Amaral et al. (2007) afirmam que existem diversos tratamentos que visam
minimizar as estrias, e entre estes destacam-se a microdermoabrasão e o peeling
químico, que são tratamentos regulamentados para profissionais esteticistas. Ain-
da segundo os autores, estas técnicas realizam uma diminuição da capa córnea a
fim de proporcionar uma melhor penetração de substâncias como os ácidos, para
gerar um novo aspecto à pele de modo efetivo, sem risco de maiores danos ao
tecido, se adequados às normas descritas por órgãos competentes.

O tratamento adequado para minimizar as estrias vai depender de diversos


fatores, dentre eles, um que precisa ser levado em consideração é a coloração da
pele. Neste contexto, a utilização de microagulhamento no tratamento de estrias
albas em pele negra foi estudada por Domingos (2018). Para isso, profissionais
da área da estética foram entrevistados por meio de questionário, em que a auto-
ra chegou às seguintes conclusões:

• O microagulhamento pode ser usado na pele negra para o tratamento de


estrias.
• Intercorrências podem surgir durante o tratamento, como hiperpigmenta-
ção pós-inflamatória e queloide.
• Utilização de protetor solar diariamente ajuda a evitar as prováveis inter-
corrências.
126
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

• O tamanho da agulha deve ser observado pelo profissional e os interva-


los das sessões devem ser respeitados para que o processo inflamatório
não seja prejudicado.
• Existem poucos estudos na literatura avaliando o microagulhamento
para estria.

3.3 CELULITE
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017), a celulite é o nome
popular da lipodistrofia ginoide. A celulite não é considerada uma doença e é ca-
racteriza pelo aspecto ondulado da epiderme, tipo “casca de laranja”, em algumas
áreas do corpo e afeta praticamente todas as mulheres.

De acordo com Afonso et al. (2010), as três principais hipóteses etiológicas


para o surgimento da celulite se baseiam em:

• Alterações anatômicas e hormonais: sabe-se que o hormônio estrogênio


tem influência direta com o aparecimento de celulite.
• Microcirculação.
• Processo inflamatório crônico.

Ainda segundo Afonso et al. (2010), as celulites podem ser classificadas por
grau:

• Grau 0: sem alterações da superfície cutânea.


• Grau I: a superfície da área afetada é plana quando o indivíduo está dei-
tado ou em pé, mas as alterações podem ser vistas quando se pinça a
área com os dedos ou sob contração da musculatura local.
• Grau II: aspecto em pele de laranja ou acolchoado é evidente quando o
indivíduo está em pé sem nenhuma manipulação (pinçamento ou contra-
ção muscular).
• Grau III: as alterações descritas em II estão presentes e associadas a
sobrelevações e nodulações.

127
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 5 – NÁDEGAS MOSTRANDO ASPECTO ON-


DULADO, CARACTERIZANDO CELULITE

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Celulite#/media/Ficheiro:Dim-
pled_appearance_of_cellulite.jpg>. Acesso em: 20 out. 2020.

Sobre o surgimento das celulites, Cunha, Cunha e Machado (2015, p. 1) des-


crevem:

O aumento da resistência lipolítica resultante da hipóxia e o


aumento da lipogênese, causada pela ação do estrógeno,
prolactina e dietas ricas em carboidratos, levariam à hipertrofia
dos adipócitos. Os adipócitos alargados, juntamente com a
hipertrofia e hiperplasia das fibras reticulares periadipocitárias,
formariam micronódulos cercados por fragmentos de proteínas
que, posteriormente, causariam esclerose dos septos fibrosos,
levando ao aparecimento da lipodistrofia ginoide. O efeito
geral desse processo seria a redução do fluxo sanguíneo e da
drenagem linfática.

FIGURA 6 – ESQUEMA MOSTRANDO CAMADA ADIPOSA


NORMAL E CAMADA ADIPOSA COM CELULITE

FONTE: Adaptada de Paschoal et al. (2012 apud CUNHA; CUNHA; MACHADO, 2015)

128
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

3.4 CICATRIZ
Entende-se por cicatriz uma marca na pele produzida pela tentativa do corpo
em regenerar o tecido danificado da pele. Normalmente, a derme da pele é lesio-
nada e um tecido fibroso é formado com o objetivo de fechar a lesão. Segundo
Ferreira e Assumpção (2006), pode-se destacar a cicatriz por tipos:

• Hipertrófica:
o ocorrem a partir de hiperproliferação de fibroblastos, com consequente
acúmulo de matriz extracelular, especialmente pela excessiva formação
de colágeno;
o cicatrizes elevadas;
o confinadas às margens da lesão original;
o tendem à regressão espontânea.

• Queloide:
o também ocorrem a partir de hiperproliferação de fibroblastos, com con-
sequente acúmulo de matriz extracelular, especialmente pela excessiva
formação de colágeno;
o lesão elevada, brilhante, pruriginosa ou dolorosa;
o ultrapassa os limites da ferida original;
o não regride espontaneamente.

FIGURA 7 – FOTO DE CICATRIZES NA PELE. (A) CICATRIZ DO


TIPO HIPERTRÓFICA; (B) CICATRIZ DO TIPO QUELOIDE

FONTE: <https://bit.ly/3gfrMW8>. Acesso em: 20 out. 2020.

129
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

3.5 RUGAS
O envelhecimento é um processo multifatorial que inclui fatores intrínsecos
e extrínsecos. Os fatores intrínsecos referem-se aos próprios processos do orga-
nismo e os extrínsecos referem-se às situações exógenas, como má alimentação,
tabagismo, álcool, falta de exercício físico, exposição solar, poluição, que amplifi-
cam o efeito dos primeiros (LOZADA; RUEDA, 2010). Com o envelhecimento da
pele, ocorre o aparecimento das rugas. Entende-se como rugas, depressões na
pele que acontecem devido à perda do colágeno e elastina da pele associada aos
movimentos repetitivos dos músculos da face durante os anos de vida do indiví-
duo. Os locais do rosto mais afetados pelas rugas são:

• Testa.
• Embaixo da boca, sendo popularmente conhecido como linhas de mario-
nete.
• Embaixo do nariz, sendo popularmente conhecido como bigode chinês.
• Embaixo dos olhos, sendo popularmente conhecido como pé de gali-
nhas.

FIGURA 8 – IDOSA COM RUGAS NO ROSTO

FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/retrato-pessoa-idosa-ve-
lho-enrugado-4690094/>. Acesso em: 20 out. 2020.

Didaticamente, as rugas podem ser classificadas em:

• Dinâmicas: são conhecidas como linhas de expressão e desaparecem


quando a musculatura facial está em repouso.
• Estáticas: são as depressões faciais que permanecem visíveis mesmo
quando a musculatura facial está em repouso.

130
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

As rugas não podem ser evitadas, pois o envelhecimento é um fator que não é
reversível pois a pele sofre um processo fisiológico. Contudo, existem medidas que
podem ser utilizadas para amenizar e retardar o envelhecimento, usando métodos
que possam aumentar a circulação local, com a finalidade de favorecer a nutrição
e o metabolismo, bem como levando a uma melhora do aspecto geral da pele, e
fazendo com que haja o retardamento precoce desta (CRUZ; PEREIRA, 2018). Di-
versos são os possíveis tratamentos para tentar minimizar as rugas, tais como:

• Peeling químico.
• Dermocosméticos.
• Preenchimento com ácido hialurônico.
• Aplicação de injeção de toxina botulínica.
• Radiofrequência.

Sobre a radiofrequência, Silva et al. (2014) realizaram uma revisão de lite-


ratura em que avaliaram a radiofrequência no tratamento das rugas faciais. Os
autores concluíram que através dos dados de literatura, a radiofrequência produz
calor nos tecidos da derme que pode chegar até a temperatura de 43 ºC, fazendo
estimulação nos fibroblastos do tecido conjuntivo para formação de novas fibras
de colágeno e elastina, podendo ser um recurso eficaz para produzir efeitos de
redução nas rugas faciais e melhora na textura da pele, retardando o envelheci-
mento e prolongando os resultados de cirurgias plásticas.

Além destes, diversos estudos científicos tentam encontrar protocolos que


possam ser utilizados para minimizar as rugas. Neste contexto, pode-se destacar
o estudo realizado por Almeida et al. (2013), que avaliou efeitos da massagem
estética facial no tratamento de rugas faciais em mulheres saudáveis entre 50-55
anos. Segundo os autores, embora os resultados encontrados tenham sido sa-
tisfatórios, é preciso mais investigação quanto à técnica em questão, devido aos
poucos relatos na literatura. Outro fator que deve ser considerado é o número de
sessões realizadas, uma vez que mais sessões poderiam melhorar os resultados.

Atividades de estudo:

1) A lipodistrofia ginoide não é considerada uma doença e afeta pra-


ticamente todas as mulheres e quase nunca o sexo masculino.
Uma das possíveis causas para o aparecimento da lipodistrofia
ginoide está relacionada à ação hormonal, envolvendo principal-
mente hormônios estrogênicos. Neste contexto, sobre a classifi-
cação da lipodistrofia ginoide, associe os itens, utilizando o códi-

131
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

go a seguir.

1- Grau 0
2- Grau I
3- Grau II
4- Grau III

( ) A superfície da pele afetada é plana quando o indivíduo está


deitado ou em pé, mas pequenas ondulações podem ser vistas
quando se pinça com os dedos ou sob contração.
( ) Sem alterações visíveis na superfície da pele que se mostra lisa,
independentemente de o indivíduo estar em pé ou se a pele é
pinçada com os dedos ou contraída.
( ) Aspecto de pele ondulada com nodulações é evidente quando
o indivíduo está em pé sem nenhum pinçamento ou contração
muscular.
( ) Aspecto de pele ondulada é evidente quando o indivíduo está em
pé sem nenhum pinçamento ou contração muscular.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) 1 – 3 – 2 – 4.
b) ( ) 2 – 1 – 4 – 3.
c) ( ) 4 – 3 – 2 –1.
d) ( ) 3 – 1 – 4 – 2.

2) Considere a situação hipotética: Uma mulher de 35 anos, ao se


olhar no espelho, incomoda-se com a formação de rugas em sua
testa quanto contrai os músculos da face para realizar movimen-
tos básicos como sorrir ou se sentir surpresa, sendo que quando
ela relaxa a musculatura, as rugas não são mais visíveis. Nes-
te contexto, e levando em consideração apenas as informações
contidas neste enunciado, o tipo de ruga que esta mulher apre-
senta é:

a) ( ) Ruga estática.
b) ( ) Ruga dinâmica.
c) ( ) Ruga estática e dinâmica.
d) ( ) Ruga semiestática.

132
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

4 TRATAMENTOS ESTÉTICOS
No intuito de minimizar os problemas estéticos, diversas são as tecnologias
disponíveis atualmente para serem utilizadas. Entre essas diversas tecnologias,
pode-se destacar:

• Tratamentos a laser.
• Peeling químico.
• Luz pulsada.
• Carboxiterapia.
• Utilização do ácido hialurônico.
• Toxina botulínica.
• Radiofrequência.
• Drenagem linfática.

Neste contexto, vamos ampliar os nossos conhecimentos sobre alguns des-


tes tratamentos, focando o princípio da técnica e as suas possíveis aplicações.

4.1 PEELING
Entende-se por peeling toda técnica que promove a descamação da pele,
mais especificamente de regiões da epiderme e da derme. Com isso, as camadas
cutâneas afetadas pela técnica iniciam a fase de regeneração das células perdi-
das. Desta forma, uma nova pele é formada no local, por meio do processo de
renovação celular, levando a um aspecto visual mais homogêneo e melhorado da
pele. Dependendo do método utilizado, o peeling pode ser classificado em:

• Químico: neste procedimento, utiliza-se uma solução ácida sobre a pele a


ser tratada. É importante destacar que esse tipo de procedimento precisa
ser realizado de forma mais cuidadosa e metódica possível, pois compli-
cações devido ao procedimento mal executado podem acontecer. Ainda é
preciso relatar que este tipo de procedimento, mesmo sendo bem execu-
tado, há a possibilidade de complicações oriundas de outros problemas,
como hipersensibilidade aos produtos utilizados no processo. Por exem-
plo, observe o relato de caso, citado por Bisselli et al. (2018, p. 33):

Paciente feminina, 27 anos, natural de São José do Rio Preto


- SP, procedente de São Paulo - SP, médica, residente em
dermatologia, sem comorbidades, realizou peeling combinado
com solução de Jessner (SJ) e ácido retinoico (AR) 5% para
tratamento de fotoenvelhecimento leve. O procedimento foi
realizado sem intercorrências, caracterizou-se pela aplicação,

133
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

na face da paciente, de duas camadas da SJ e uma camada


homogênea de AR 5%, removidos após 5 horas com água e
sabonete. Doze horas após a retirada dos ácidos, a paciente
evoluiu com importante eritema e vesículas de conteúdo
seroso, na face, além de intenso edema, principalmente na
região palpebral. Após o diagnóstico de dermatite de contato,
introduziu-se cefalexina 2g ao dia para profilaxia de infecções
bacterianas, prednisona 0,5mg/Kg, loratadina 10mg ao dia,
aceponato de metilprednisolona tópico e água termal. Em 48
horas, houve melhora do edema e eritema e, somente após
14 dias, houve resolução completa do quadro, sem sequelas
(cicatrizes ou discromias). Dois meses após remissão do
quadro, foi realizado teste de contato com AR 0,05%, no
antebraço direito da paciente observando-se o aparecimento
de pápulas eritematosas pruriginosas após 12h da retirada
do produto, com piora do eczema após 24h. Também foi
realizado teste com a SJ e com o veículo do AR (creme não
iônico), ambos sem alterações, confirmando-se o diagnóstico
de dermatite de contato alérgica ao ácido retinóico.

O peeling químico é classificado em três tipos: superficial, médio


e profundo. O peeling superficial tem ação na epiderme e utilizam-se
como substâncias ativas os alfa-hidroxiácidos (AHAs), beta-hidroxi-
ácidos (ácido salicílico), ácido tricloroacético (TCA), resorcinol, áci-
do azelaico, solução de Jessner, dióxido de carbono (CO2) sólido e
tretinoína. É indicado para casos de acne, fotoenvelhecimento leve,
eczema hiperquerostático, queratose actínica, rugas finas e melasma.
O peeling médio tem ação na derme papilar e utiliza como substân-
cias ativas combinações de TCA com CO2, TCA com solução de Jes-
sner, TCA com ácido glicólico ou somente o TCA e resorcina. Possui
a mesma indicação que o peeling superficial, além de ser indicado em
lesões epidérmicas. O peeling profundo tem ação na derme reticular.
São utilizados como componentes ativos o TCA a 50% e o fenol (so-
lução de Baker-Gordon), entre outros. É indicado para os casos de
lesões epidérmicas, manchas, cicatrizes, discromias actínicas, rugas
moderadas, queratoses, melasmas e lentigos (VELASCO et al., 2004).

• Físico: neste procedimento, que é considerado seguro, indolor e pouco in-


vasivo, ocorre o lixamento da pele, sendo que na maioria dos casos não há
a utilização de produtos químicos. Essa técnica é indicada para problemas
estéticos que estão restritos às camadas mais superficiais da pele, como ci-

134
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

catrizes, hiperpigmentações e rugas superficiais. Existem diversos métodos


de peeling físico disponíveis no mercado, que podem ser utilizados isolados
ou em associação, de acordo com o nível do problema estético. Os peelings
físicos mais comuns são, segundo Borges e Scorza (2016):
o Peeling de cristal: é realizado por um equipamento de microdermoabrasão
que utiliza cristais de hidróxido de alumínio associado à sucção da pele.
o Peeling de diamante: é realizado por um equipamento que possui uma
caneta com ponta de diamante, que ao ser deslizado promove a desca-
mação mecânica da pele.
o Peeling ultrassônico: é realizado por um equipamento que possui uma
ponta que vibra emitindo ondas ultrassônicas, que ao entrar em contato
com a pele, promove esfoliação cutânea.

• Biológico ou enzimático: neste procedimento, utiliza-se uma pasta con-


tendo enzimas que destroem a camada mais superficial da pele.

Devido a sua toxicidade e contraindicações, o fenol deve ser


aplicado cuidadosamente segundo a técnica recomendada, e o pa-
ciente deve ser monitorado para se obter a máxima eficácia do pee-
ling e também minimizar os efeitos sistêmicos. Neste contexto, para
saber mais sobre peeling utilizando fenol, recomendamos a leitura
do artigo Rejuvenescimento da pele por peeling químico: enfoque
no peeling de fenol, dos autores Maria Valéria Robles Velasco, Ma-
ria Elizette Ribeiro, Valcenir Bedin, Fernanda Rumi Okubo e Deni-
se Steiner. Para isso, acesse o link: https://www.scielo.br/pdf/abd/
v79n1/19999.pdf.

De acordo com Borges e Scorza (2016), os resultados finais do procedimento


de peeling estão intimamente ligados a fatores como:

• Pré-disposição genética do indivíduo e tendência a apresentar reações


alérgicas.
• Qualidade dos produtos químicos utilizados durante o procedimento.
• Habilidade do profissional que executou o procedimento.
• Seguimento pelo indivíduo das orientações dadas pelo profissional sobre
os cuidados necessários da área tratada após a realização do peeling.

135
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Atividades de estudo:

1) O peeling físico é considerado o lixamento da pele de forma mecâ-


nica, sem a utilização de produtos químicos e pode ser utilizado
para tratar problemas estéticos como cicatrizes, hiperpigmenta-
ções e rugas superficiais. Neste contexto, sobre os tipos de pee-
ling físicos disponíveis no mercado, associe os itens, utilizando o
código a seguir.

I- Peeling de cristal
II- Peeling de diamante
III- Peeling ultrassônico

( ) Possui uma caneta com ponta de diamante.


( ) Possui uma ponta que emite ondas ultrassônicas.
( ) Utiliza cristais de hidróxido de alumínio.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) I – II – III.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) II – III – I.
d) ( ) II – I – III.

4.2 BOTOX
O botox, também conhecido como injeção de toxina botulínica é um proce-
dimento estético considerado seguro e bem tolerado pelo corpo humano, sendo
muito utilizado para reduzir rugas e linhas de expressão na face, especialmente
na região dos olhos e testa. A substância toxina botulínica é uma neurotoxina de
composição proteica e é produzida por uma bactéria anaeróbica da espécie Clos-
tridium botulinum, sendo que a toxina botulínica do tipo A é a mais utilizada para
fins estéticos. Pequenas doses desta substância, injetadas no rosto, ao entrar em
contato com as terminações nervosas de uma musculatura específica humana,
faz com que esta não possa mais se contrair, promovendo assim o seu relaxa-
mento. Porém, este relaxamento muscular não é duradouro e este efeito dura em
média seis meses.

136
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

FIGURA 9 – ESQUEMA MOSTRANDO BACTÉRIAS DA ESPÉCIE CLOSTRIDIUM


BOTULINUM (REINO: MONERA, FILO: FIRMICUTES, CLASSE: CLOSTRIDIA,
ORDEM: CLOSTRIDIALES, FAMÍLIA: CLOSTRIDIACEAE, GÊNERO: CLOSTRIDIUM)

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Clostridium_botulinum>. Acesso em: 20 out. 2020.

Curiosidade!

O botulismo alimentar ocorre pela ingestão de toxinas pré-for-


madas pelo Clostridium botulinum, consideradas as mais potentes
dentre as toxinas conhecidas. Caracteriza-se como uma doença de
extrema gravidade, de evolução aguda, provoca distúrbios digesti-
vos e neurológicos, em consequência à ingestão de diversos tipos
de alimentos. As conservas caseiras estão entre os alimentos que
oferecem maior risco à população consumidora. Os produtos de ori-
gem animal são frequentemente associados aos surtos da doença,
destacando-se os embutidos, tais como salsichas, salames, presun-
tos e patês. Derivados do leite e enlatados, bem como produtos fer-
mentados são passíveis de provocar a intoxicação. As outras formas
naturais da doença são botulismo por feridas e botulismo infantil, nor-
malmente associado ao consumo de mel contendo esporos do Clos-
tridium botulinum (CERESER et al., 2008, p. 280).

Apesar de bem tolerado pelo corpo humano, efeitos indesejados mais co-
muns podem acontecer, como dores e edemas no local da aplicação. Mais rara-
mente, complicações relacionadas ao efeito da toxina botulínica podem ser obser-

137
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

vadas. A aplicação de toxina botulínica é contraindicada para grávidas, mulheres


amamentando, pacientes com alergia à formulação e também pessoas com doen-
ças crônicas.

FIGURA 10 – MÉDICO APLICANDO INJEÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Botulinum_toxin#/media/File:Dr_Braun_Per-
forms_a_Botox_Injection_(4035273577).jpg>. Acesso em: 20 out. 2020.

A injeção de toxina botulínica tipo A continua sendo o principal


procedimento cosmético não cirúrgico do mundo, com uma alta taxa
de eficácia e satisfação do paciente. O uso de toxina botulínica evo-
luiu da face superior para abranger também a face inferior, pescoço e
face média (SUNDARAM et al., 2016).

138
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

A ptose palpebral é a complicação mais temida e mais importan-


te. Caracteriza-se por queda de um a dois mm na pálpebra, obscu-
recendo o arco superior da íris. Ocorre em consequência de injeção
na glabela e fronte, pela difusão da TB ou pela injeção no septo orbi-
tal, paralisando o músculo levantador da pálpebra superior. Diluições
muito altas, injeções muito próximas da borda orbital, massagens ou
intensa manipulação da área depois da aplicação e maior difusão
das preparações de TB são fatores que aumentam a possibilidade de
ocorrência essa complicação (SANTOS; MATTOS, FULCO, 2016).

ATENÇÃO!

Procedimentos ou atividades como aplicação de botox e preen-


chimento de rugas com ácidos só podem ser executados em esta-
belecimentos sob responsabilidade médica (MANUAL DE ORIENTA-
ÇÃO PARA INSTALAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE INSTITUTOS
DE BELEZA SEM RESPONSABILIDADE MÉDICA, s.d.).

Atividades de estudo:

1) A substância toxina botulínica é uma neurotoxina que age sobre


as terminações nervosas humanas promovendo o relaxamento
do músculo afetado por períodos que podem variar de quatro a
seis meses. Entre os diversos tipos de toxinas botulínicas exis-
tentes, a toxina do tipo A é a mais utilizada para fins estéticos.
Neste contexto, o grupo de seres vivos ao qual faz parte o orga-
nismo produtor de toxina botulínica é:

a) ( ) Vírus.
b) ( ) Bactéria.
c) ( ) Fungo.
d) ( ) Protozoário.

139
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

4.3 PREENCHIMENTO CUTÂNEO


Entende-se por preenchimento cutâneo ou facial qualquer técnica em que
são utilizados componentes que são injetados na pele com o objetivo de preen-
cher áreas faciais com volume normal diminuído, por exemplo, as rugas e linhas
de expressão ao redor da boca.

O preenchimento facial pode ser considerado seguro, desde que seja reali-
zado por um profissional devidamente qualificado. O componente mais utilizado
para o preenchimento facial é o ácido hialurônico (Figura 11), sendo que, após
anestesia local, uma injeção desta substância é aplicada no local do tratamento.
O ácido hialurônico é um biopolímero, naturalmente formado pelo corpo humano,
porém com o avanço da idade ocorre a diminuição da produção deste composto
pelo organismo. Estruturalmente, o ácido hialurônico é formado pelo ácido glu-
curônico e a N-acetilglicosamina.

Diversos locais do rosto, como queixo, maçãs do rosto e lábios (Figura 12)
podem ser tratados com injeção de ácido hialurônico. Resultados como aumento
no volume labial, diminuição de cicatrizes e redução de pés de galinha e de bigo-
de chinês são obtidos através da utilização desta técnica.

Como efeitos colaterais comuns desta técnica, normalmente após a aplica-


ção do produto pode-se perceber o aparecimento de inchaço e eritema no local
tratado. Gestantes, mulheres em amamentação e pessoas com alguma alergia à
formulação são contraindicadas a fazerem este procedimento.

FIGURA 11 – ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DA


MOLÉCULA DE ÁCIDO HIALURÔNICO

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_hialur%C3%B4ni-
co#/media/Ficheiro:Hyaluronan.png>. Acesso em: 20 out. 2020.

140
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

Dois métodos são utilizados para o preenchimento facial, são


eles: aplicações temporárias e permanentes. Atendem-se às neces-
sidades cutâneas de cada caso, corrigindo as imperfeições conforme
a idade apresentada. Esse procedimento não se compara à cirurgia
plástica, pois sua realização acontece no consultório. Simples e rá-
pido, com duração média de 30 minutos. É utilizada uma pomada
anestésica antes da aplicação do ácido hialurônico. Um dos princi-
pais benefícios desse procedimento é a durabilidade, que pode ser
temporária ou permanente. Na aplicação temporária pode haver uma
duração relativamente longa variando entre um ano e meio a cinco
anos. Dependerá da região e dos cuidados do paciente. Mantém-se
a naturalidade diferenciando-se daquele aspecto reconhecido pela
cirurgia plástica (MONTEIRO, 2011 apud BERNARDES et al., 2018).

FIGURA 12 – PREENCHIMENTO LABIAL

FONTE: <https://pixabay.com/pt/illustrations/l%C3%A1bios-seringa-
-face-botox-em-spray-2122146/>. Acesso em: 20 out. 2020.

4.4 LASER
Os lasers, também conhecidos como amplificações por emissão estimulada
de radiação, são ondas eletromagnéticas que possuem diversas aplicações com
finalidade de tratamento estético relacionados à pele. Segundo Goreti (2009), o
efeito terapêutico do laser varia em função de:

141
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Comprimento de onda.
• Duração do impulso.
• Tamanho, tipo e profundidade do alvo.
• Interação entre a luz emitida pelo laser e o alvo determinado.

O laser, ao atingir o corpo humano, promove diversos efeitos, entre estes


pode-se destacar a sua ação dentro de células conhecidas como fibroblastos. O
laser estimula a proliferação dos fibroblastos e o aumento da síntese de colágeno.
Ainda de acordo com Goreti (2009), os principais alvos do laser médico são:

• Pigmento natural.
• Pigmento externo.
• Água intracelular.
• Aminoácidos e ácidos nucleicos.

Didaticamente, os lasers podem ser classificados em:

• Ablativos: são aqueles que atingem tanto a epiderme quanto a derme,


e provocam na epiderme, remoção celular e aparecimento de crostas,
vermelhidão e inchaço.
• Não ablativos: são aqueles que deixam as camadas mais superficiais
da epiderme intactas e agem sobre as regiões da pele mais profundas.

Neste contexto, Oliveira (2016, p. 13) descreve:

O laser não ablativo tem obtido resultados satisfatórios, com


menor tempo de recuperação e retorno do paciente mais rá-
pido às atividades diárias. Já o laser ablativo continua sendo
extremamente efetivo, no entanto ainda é um procedimento
dolorido e com um longo período de pós-operatório afastando
o paciente de suas atividades diárias.

Os primeiros lasers usados para o rejuvenescimento foram o


CO2 e o Erbium, com resultados surpreendentes pela grande capaci-
dade de estimular o colágeno. Por serem ablativos, o pós-operatório
é muito difícil e demorado, com complicações importantes. No intuito
de minimizar estes efeitos indesejados, lasers não ablativos com di-
ferentes comprimentos de onda foram introduzidos e apresentaram
um pós-operatório muito leve, porém com capacidade muito limitada
de promover neocolagênese. Para saber mais sobre esse assunto,
acesse o artigo Laser no rejuvenescimento facial, dos autores Valéria

142
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

Campos, Roberto A. de Mattos, Alexandre Fillippo e Luis Antonio To-


rezan. Para isso, acesse o link: http://www.surgicalcosmetic.org.br/
detalhe-artigo/9/Laser-no-rejuvenescimento-facial.

De modo geral, os lasers podem ser utilizados para aplicações estéticas, como:

• Tratamento de cicatrizes.
• Clareamento de manchas escuras, como pintas e melasma.
• Remoção de tatuagens.
• Diminuição dos efeitos do envelhecimento da pele.
• Epilação de pelos.

Atualmente, a depilação é erroneamente conhecida como toda


e qualquer forma de se retirar os pelos corporais. Há uma diferença
entre as maneiras de eliminação dos pelos indesejados do corpo. O
termo depilação designa um processo superficial de retirada dos pe-
los corporais, de forma que a raiz deste é mantida no folículo piloso
(cavidade excretora do pelo), retirando-se somente a estrutura que
se ressalta na pele, a chamada haste pilar. Já a epilação é caracte-
rizada pela retirada do pelo pela raiz, tornando o procedimento mais
duradouro (MAGALHÃES, 2013).

Vamos agora conhecer as indicações clínicas para dois tipos de lasers, se-
gundo Gianfaldoni et al. (2017):

• Laser de CO2:
o ceratoses seborreicas;
o queratoses actínicas;
o nevos epidérmicos;
o cicatrizes;
o verrugas;
o manchas (melanina);
o rejuvenescimento da pele.

143
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

• Indicações clínicas para laser Er: YAG:


o adenomas sebáceos;
o ceratose seborreica;
o cicatrizes de acne;
o nevos epidérmicos;
o rejuvenescimento.

Dentre os vários tratamentos estéticos e dermatológicos existe


a utilização do laser, que é uma fonte de calor aplicada sobre a pele.
Tem-se como objetivo conhecer as diferenças dos tipos de tratamen-
tos para o rejuvenescimento facial com a aplicação do laser. Para sa-
ber mais sobre este assunto, leia o artigo O uso do laser não ablativo
no rejuvenescimento facial, de Santos (2019). Para isso, acesse o
link: https://bit.ly/2JIzYSt.

Atividades de estudo:

1) Os lasers possuem diversas aplicações com finalidade de trata-


mento estético relacionadas à pele, como tratamento de cicatri-
zes, clareamento de pintas e melasma, remoção de tatuagens,
e diminuição dos efeitos do envelhecimento da pele. Outra apli-
cação estética, também muito frequente, utilizando laser é a epi-
lação de pelos. Neste contexto, o principal pigmento natural en-
contrado no pelo, que absorve os fótons do laser, gerando calor e
promovendo a destruição das células do bulbo piloso é:

a) ( ) Caroteno.
b) ( ) OOi-hemoglobina.
c) ( ) Melanina.
d) ( ) Desoxi-hemoglobina.

144
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

4.5 LUZ INTENSA PULSADA


Em meados dos anos 1990, surgiu um novo sistema denominado luz inten-
sa pulsada que não é um laser, mas rege-se pelos mesmos princípios (GORETI,
2009). Os principais componentes biológicos que absorvem os comprimentos de
onda liberados pela luz pulsada são os cromóforos hemoglobina e a melanina,
além da água. De modo geral, algumas das indicações para a utilização da luz
pulsada relacionadas ao tratamento estético são:

• Fotoenvelhecimento.
• Estrias.
• Epilação.
• Antiacne.
• Tratamento de lesões vasculares.
• Tratamento de lesões pigmentares.

A luz laser é monocromática e pode ser absorvida, refletida,


transmitida ou espalhada quando aplicada à pele. Para que ocorra
um efeito clínico, a luz deve ser absorvida pelo tecido. A absorção
da luz laser é determinada pelos cromóforos - as moléculas-alvo en-
contradas na pele, que têm perfis de absorção de comprimento de
onda específicos. Após a absorção da energia do laser pela pele, po-
dem ocorrer efeitos fototérmicos, fotoquímicos ou fotomecânicos. A
luz intensa pulsada é um dispositivo de lâmpada de flash sem laser.
Ao contrário dos lasers, os dispositivos de luz pulsada emitem luz
policromática (420 - 1400 nm) com durações de pulso variáveis. A
faixa mais ampla de luz pode ser absorvida por uma variedade de
cromóforos, tornando a luz pulsada menos seletiva do que os lasers
(HUSAIN; ALSTER, 2016).

4.6 MICROAGULHAMENTO
É uma técnica que utiliza microagulha para a indução de síntese de colágeno
na pele. Uma das suas utilizações é tratar cicatrizes, particularmente cicatrizes de
acne. Segundo Doddaballapur (2009, p. 110):

145
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

[....] microagulhamento é um procedimento simples, onde


a área a ser tratada é anestesiada com anestesia tópica
por 45 minutos a uma hora. Após a preparação da área,
o rolamento é feito 15 a 20 vezes nas direções horizontal,
vertical e oblíqua. Petéquias ou sangramentos pontuais que
ocorrem são facilmente controlados. Após o tratamento, a área
é molhada com compressas salinas. Todo o procedimento
dura de 15 a 20 minutos, dependendo da extensão da área
a ser tratada. Recomenda-se um mínimo de seis semanas
entre dois tratamentos, pois leva muito tempo para que o novo
colágeno natural se forme. Três a quatro tratamentos podem
ser necessários para cicatrizes moderadas de acne.

FIGURA 13 – PROCEDIMENTO DE MICROAGULHAMENTO E


SEUS EFEITOS SOBRE A SÍNTESE DO COLÁGENO

FONTE: <https://bit.ly/2JBlO5Y>; <https://bit.ly/3qtMeHr>. Acesso em: 20 out. 2020.

4.7 CRIOLIPÓLISE
Entende-se por criolipólise um tratamento não invasivo cujo objetivo é a des-
truição de gordura localizada (Figura 14). Para isso, o tecido adiposo da pele é
resfriado com temperaturas médias de -10 graus Celsius e, com isso, os adipóci-
tos sofrem lise celular através de um processo conhecido como apoptose. Braz et
al. (2017, p. 340) afirmam:

Este congelamento leva à cristalização dos lipídios encontra-


dos dentro do citoplasma dos adipócitos, causando a inviabi-
lidade dessas células, resultando em uma paniculite localiza-
da, ou seja, uma inflamação no tecido adiposo, e a apoptose
(morte) das células, ocasionado por um processo de digestão
controlada, onde os macrófagos serão responsáveis pela di-
gestão e remoção de células lesadas, sem provocar alteração
do microambiente celular.

146
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

FIGURA 14 – PROCEDIMENTO DE CRIOLIPÓLISE E


SEUS EFEITOS SOBRE OS ADIPÓCITOS

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/Cryolipolysis_
-_A_depiction_of_cryolipolysis_procedure.jpg>. Acesso em: 20 out. 2020.

Um estudo realizado com 251 pacientes submetidos à criolipólise, sendo 38


homens e 213 mulheres, mostrou que as áreas tratadas apresentaram a seguinte
distribuição: abdômen anterior – terço inferior (45,30%), flancos (18,77%), face late-
ral da coxa ou “culote” (7,74%), face interna da coxa (6,33%), braços (4,69%), área
infraglútea ou “bananinha” (4,22%), joelhos (3,75%), abdômen lateral (3,52%), acú-
mulo ao redor de área de uso de sutiã (3,52%), mamária (0,70%), anterior da coxa
(0,46%), ilíaca (0,46%), prega axilar (0,23%) e glúteo (0,23%). Ainda neste estudo,
os autores concluíram que 88% dos pacientes ficaram satisfeitos ou muito satisfei-
tos com o resultado. Quase todos os casos necessitaram de duas ou mais sessões
para atingir esse grau de satisfação (ALMEIDA et al., 2015).

Para ampliar os seus conhecimentos sobre criolipólise, sugeri-


mos a leitura do artigo Criolipólise e sua eficácia no tratamento da
gordura localizada: revisão bibliográfica. Para isso, acesse ao link:
http://www.visaouniversitaria.com.br/ojs/index.php/home/article/
view/58/52.

Apesar dos resultados satisfatórios realizados pelo tratamento de criolipólise,


o profissional que está realizando o procedimento precisa ficar muito atento, pois
complicações podem acontecer. Uma dessas complicações é a queimadura da

147
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

pele. Para evitar isso, durante o processo de criolipólise usa-se uma membrana
anticongelante. Para evitar rompimentos, o tempo de uso dessa membrana anti-
congelante indicado pelo fabricante deve ser seriamente respeitado.

Para saber mais sobre a membrana anticongelante e suas in-


dicações, sugerimos a leitura do artigo Criolipólise: a importância da
membrana anticongelante na prevenção de queimaduras, dos auto-
res Andréa Neres Limonta, Vivian da Silva Ribeiro, João Paulo Cor-
reia Gomes e Carla Aparecida Pedriali Moraes. Para isso, acesse o
link: http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/wp-content/
uploads/2017/06/10-InterfacEHS_artigorevisado.pdf.

5 DERMOCOSMÉTICOS
De acordo com a definição de cosméticos pela Anvisa, encontrado na RDC
211 de 2005:

Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, são


preparações constituídas por substâncias naturais ou sinté-
ticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano,
pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos,
dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objeti-
vo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua
aparência e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou
mantê-los em bom estado (ANVISA, 2005, p. 1).

Entende-se por dermocosméticos, produtos que possuem em sua composi-


ção, substâncias ativas que agem nas camadas mais profundas da derme da pele
e possuem o objetivo de não apenas deixar a pele mais bonita, como também ser-
ve como um tratamento dermatológico. Neste contexto, é preciso salientar que os
dermocosméticos são produtos com funções muito mais complexas que apenas a
limpeza e hidratação do corpo.

Os dermocosméticos podem ser sintetizados de diversas formas e podem conter


diversos componentes químicos, que podem ser agrupados nas seguintes classes:

• Princípio ativo: são aqueles compostos que agem ativamente sobre o


problema estético.

148
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

• Aditivo: são compostos que agem de forma complementar, contribuindo


para gerar essências, cor ou durabilidade ao produto.
• Excipiente: são os compostos responsáveis por auxiliar carrear o com-
posto ativo para dentro da pele. São esses componentes que, mistu-
rados, geram a estrutura semissólida ou líquida vista pelo consumidor,
como gel, óleo, creme, emulsão etc.

Os radicais livres são um dos principais fatores que causam o en-


velhecimento cutâneo, tornando o processo de envelhecimento acele-
rado, e assim gradativamente causam a perda de colágeno e elastina.
Visto que é de suma importância o combate à formação desses radi-
cais livres, a utilização de potentes antioxidantes de uso tópico e oral,
o ácido ascórbico, popularmente conhecido como vitamina C, é uma
das vitaminas mais potentes no combate ao envelhecimento cutâneo,
pois trabalha diretamente na neutralização de radicais e na conserva-
ção de vitaminas necessárias para pele (VIEIRA; SOUZA, 2019).

De acordo com a função a qual o dermocosmético for destinado na pele,


princípios ativos específicos podem ser incluídos na formulação, como os citados:

• Antioxidantes, como flavonoides, Q10, extratos vegetais, entre outros.


• Peptídeos, como a leucina.
• Vitaminas, como a vitamina A e a vitamina C.
• Antissépticos, que combatem proliferação de bactérias.
• Anti-inflamatórios.
• Compostos cicatrizantes.
• Compostos calmantes para a pele.
• Regeneradores de epiderme.
• Regeneradores de derme.

Amplie seus conhecimentos sobre dermocosméticos. Para isso,


sugerimos a leitura do livro Noções básicas em dermocosmética, da
autora Simone Pires Matos, publicado no ano de 2015, pela editora
Érica, COntendo 96 páginas.

149
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

Uma das funções dos dermocosméticos é o clareamento de manchas. Se-


gundo revisão bibliográfica realizada por Silva e Fernandes (2019), existem apro-
ximadamente 25 diferentes mecanismos atualizados de diferentes ativos dermo-
cosméticos atuantes no processo de clareamento de manchas na pele. A atuação
desses ativos pode ser desde a inibição (redução) da enzima tirosinase, que é
considerada a principal enzima envolvida no processo de melanogênese, até in-
terferência no transporte de melanina para a epiderme.

A nanotecnologia em cosmético é uma evolução que veio para


potencializar os produtos manipulados, tornando-os mais eficazes,
melhorando a penetração, fixando o produto na pele por mais tempo,
mantendo hidratada e protegida por mais tempo. Para saber mais
sobre esse assunto, sugerimos leitura do artigo Nanotecnologia em
cosméticos e dermocosméticos, dos autores Mariana Pacifico Gar-
vil, Delaine Euripedes Arantes e Cimara Araujo Gouveia. Para isso,
acesse ao link: http://adsunix.unitri.edu.br/erac/index.php/e-rac/arti-
cle/view/156/218.

6 PROTEÇÃO DA PELE CONTRA RAIOS


ULTRAVIOLETAS E OS CUIDADOS E
PROCEDIMENTOS CORRETOS PARA
O BRONZEAMENTO NATURAL E
ARTIFICIAL
A pele humana está constantemente exposta a fatores externos que podem
causar danos a sua estrutura. Entre esses fatores, pode-se destacar os raios ul-
travioletas UVA e UVB provenientes principalmente da luz solar, que podem cau-
sar danos ao material genético das células. Para a proteção da pele humana, um
dos mecanismos é através da utilização de filtros solares. Por definição, por filtro
solar entende-se todo produto tópico que ao ser passado na pele protege contra
os raios ultravioletas.

150
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

Para saber mais sobre os protetores solares e seus tipos, su-


gerimos a leitura do artigo intitulado Protetores solares, dos autores
Juliana Flor, Marian Rosaly Davolos e Marcos Antonio Correa. Para
isso, acesse o link: https://bit.ly/2JttVSd.

Já é bem relatado na literatura, os benefícios do uso frequente de filtros so-


lares. Entre esses benefícios, pode-se destacar a prevenção de queimaduras, de
fotoenvelhecimento e também a diminuição de incidências de câncer de pele. Os
resultados obtidos a partir do levantamento bibliográfico realizado por Tofetti e Oli-
veira (2006) indicam a necessidade do uso do filtro solar na prevenção do foto-
envelhecimento e câncer da pele ocasionado pela exposição às radiações sem a
devida proteção. Segundo esses autores, é preciso que as autoridades sanitárias
e os governos se mobilizem e deem a devida importância, não só para o trata-
mento, mas para a prevenção e esclarecimento da população em geral.

De acordo com o seu mecanismo de ação, os filtros solares podem ser clas-
sificados em orgânicos e inorgânicos, a saber:

• Inorgânico ou físico:
o são formados por compostos metálicos, como o óxido de zinco e o dióxi-
do de titânio e possui a função de refletir a luz ultravioleta;
o causam menos processos alérgicos, pois não são absorvidos pela pele e
sim formam uma barreira mecânica contra a luz solar.

• Orgânico:
o são formados por compostos com grupos funcionais que absorvem a ra-
diação ultravioleta e, em seguida, esta energia volta para o ambiente;
o aumentam as probabilidades de surgimento de alergias, pois são absor-
vidos pela pele;
o exemplos de compostos: Salicilatos, Para-aminobenzoico, Cinamatos,
Benzimidazóis.

151
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

FIGURA 15 – QUEIMADURA DA PELE COM FORMAÇÃO DE


BOLHAS, APÓS INTENSA EXPOSIÇÃO SOLAR

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Sunscreen#/media/Fi-
le:Sunburn_blisters.jpg>. Acesso em: 20 out. 2020.

A unidade normalmente utilizada para medir a efetividade de um protetor solar


contra os raios ultravioletas é o fator de proteção solar, cuja sigla é FPS. De forma
geral, quanto maior o FPS, maior o grau de proteção do protetor solar para a pele.
Entre as recomendações para uma fotoexposição saudável, enfatiza-se o uso de
filtro solar com fator de proteção (FPS) de, pelo menos, 15, que proporciona forte
proteção contra o desenvolvimento de câncer da pele (CASTILHO et al., 2010).

Segundo Souza (2004 apud CABRAL et al., 2011), há uma associação do


tipo de pele com o tempo em que o indivíduo pode ficar exposto ao sol, sem sofrer
danos à pele. Por exemplo, pessoas de pele clara, de pele morena clara, de pele
morena e de pele negra podem ficar expostas ao sol utilizando protetor solar FPS
15 por 2h30min; 3h45min; 5h; e 6h15min; respectivamente.

O Fator de Proteção Solar (FPS) é o principal dado para quan-


tificação da eficácia fotoprotetora de um filtro solar, sendo universal-
mente aceito. Apesar de ser considerado o método referência para
quantificação da eficácia fotoprotetora de produtos tópicos, existem
controvérsias na literatura acerca do método para determinação do
FPS e sobre as implicações das reais condições de uso na proteção
atingida na prática pelos usuários. Para saber mais sobre esse as-
sunto, sugerimos a leitura do artigo Fator de proteção solar: significa-
do e controvérsias, dos autores Sergio SchalkaI e Vitor Manoel Silva
dos Reis. Para isso, acesse o link: https://bit.ly/3quasBh.

152
Capítulo 3 DERMATOLOGIA ESTÉTICA

Atividades de estudo:

1) Para a proteção da pele humana aos raios solares, um dos meca-


nismos é através da utilização de filtros solares. Neste contexto,
imagine a seguinte situação hipotética: quatro pessoas passaram
filtro solar com fator de protetor solar número 15, sendo que uma
possuía a pele clara, a segunda pessoa possuía a pele morena
clara, a terceira pessoa possuía a pele morena escura e a quarta
pessoa possuía a pele negra. Destas quatro pessoas da situação
hipotética, o indivíduo que está menos protegido contra os raios
solares é:

a) ( ) A pessoa de pele clara.


b) ( ) A pessoa de pele morena clara.
c) ( ) A pessoa de pele morena escura.
d) ( ) A pessoa de pele negra.

7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A cada dia que passa, nota-se que as pessoas se preocupam mais e mais
com a sua aparência. Talvez pela necessidade de elevar a autoestima ou pela
influência da mídia e das revistas de beleza, ou pelo próprio medo de envelhe-
cer, muitas pessoas buscam tratamentos que solucionem imperfeições estéticas.
Independentemente do motivo pela busca, abriu-se aí uma possibilidade de ne-
gócio, que é o famoso mercado da estética, que movimenta bilhões de dólares
anualmente. Neste contexto, profissionais voltados a esta área, como os esteticis-
tas, precisam estar sempre bem qualificados e antenados com as novidades do
mercado estético.

Em primeiro lugar, todo esteticista precisa estar consciente de suas atribui-


ções e até aonde vai este limite, uma vez que muitos procedimentos estéticos
só podem ser executados sob responsabilidade médica. Esse conhecimento é
fundamental para evitar possíveis complicações de saúde ao paciente. Neste
mercado, a reputação do profissional tem alto peso e pode delimitar o fracasso
ou o sucesso de uma carreira. Sendo assim, todo esteticista deve realizar suas
atribuições na maior competência possível, sempre buscando o resultado mais
eficaz, mas sem deixar de considerar que cada paciente é único, possuindo assim

153
Anatomia e Fisiologia da Pele e dermatologia

particularidades e gostos específicos. Além disso, o esteticista precisa ter consci-


ência de que a qualificação educacional sobre novos procedimentos estéticos se
faz necessário continuamente para não ficar defasado em relação a um mercado
que cresce a todo instante e que sempre tem novidades.

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