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Ph a form iche atiotak e da avaliacao Pedro Demo Yves de La Taille Jussara Hoffmann Scanned with CamScanner Copyright © by Editora Mediacao 2001, Coordenagio Editorial Jussara Hoffmann Revisiode Texto Rosa Suzana Ferreira Luciana Cunha Vieira Editoragao Eletrénica Luciana Cunha Vieira Grafica Evangraf Da8ig Demo, Pedro Grandes pensadores em educagio: 0 desafio da aprendizagem, da formagiio moral e da avaliagio/ Pedro Demo, Yves de La Taille e Jussara Hoffmann, -- Porto Alegre: Mediagio, 2001. 120p. 1, Educagiio 2. Aprendizagem - Educacio 3. Disciplina - Educagiio 4. Etica - Educagio 5. Avaliagiio - Educagao I. La Taille, Yves de IL, Hoffmann, Jussara II. Titulo CDU 37.013 37.26 3 Catalogagao: AglaéC. Oliva CRB 10/814 Faca seu pedido diretamente a: Editora Mediagio Av. Independencia, 9 44 CEP 9035-072 - py Porto Alegre - RS gone/ Fax: (61) 3311-7177 3511. 4699 ‘mediacao.com br ite: www, email: mediacao@zaz.com br Scanned with CamScanner Avaliar para promover: compromisso deste século Jussara Hoffmann - O século XXI afigura-se, em nosso pais, como um tempo de grande preocupagio das instituigdes educacionais com a for- magao de professores em servico. Nunca foram tantos os re- cursos disponiveis ¢ to numerosos os programas anunciados. A questao da qualificacdo dos professores é uma proble- matica séria a ser enfrentada quando se pensa no futuro da escolaridade basica de nossas criancas e jovens. A maioria dos professores que atuam na Educagao Infantil e no Ensino Fundamental, séries iniciais, ainda néo possuem formagaio em nivel superior e faltam professores qualificados para as disciplinas das séries finais e do Ensino Médio. Coma desvalo- rizagao da carreira de professor, o ingresso nas licenciaturas tornou-se uma tiltima opgao pelos jovens. A universidade pu- blica oferece pouquissimas vagas, formando anualmente um pequeno ntimero de professores; as universidades particula- res enfrentam grande dificuldade em manter seus cursos pela escassa procura e alto custo. Os cursos de formagao para 0 magistério tornam-se, entao, menos seletivos no ingresso e menos exigentes em carga hordria, curriculo, solicitagéo de leituras, avaliagéo, para adequar-se as caracteristicas dos alu- Nos, em sua grande maioria, trabalhadores ou ja professores. Scanned with CamScanner nsadores em Educagde ramente outra slieraativa? quando se ra a escola, sendo as institui- oes piiblicas Picinuada ‘em servigo, uma vez que muitos pela formagao cory nas escolas ainda despreparados para professores ing e escolar. Por outro lado, novos tempos eee in ‘novas competéncias em educacao. E necessario es opener uae nde imperam problemas de violencia € de indisciplina, que cae angangase ovens oriundos de familias desestruturadas e, principalmente, céticas quanto a0 propagado “futuro pro- tibsor” que a escola Ihes poderia garantir. i Muitas professores expressam desejo e necessidade de maior preparo para enfrentar essa realidade, revelando ansie- dade, através de suas perguntas ou em discursos inflamados, por no dar conta das necessidades dos alunos, pela preocu- pagdo em assumir uma desmesurada responsabilidade fren- fe a eles, sem os conhecimentos necessdrios para isso, sem reconhecimento e apoio dos administradores ou a participa- «ao das familias. a Por outro lado, hd, também, uma grande resisténcia em relagio a quaisquer mudancas em educacdo por varios ou- tros professores. No que se refere & avaliacéo, principalmente, predomina o conservadorismo. Em primeiro lugar, porque reproduzem 0 modelo de avaliagéo classificatéria ainda vir gente em grande parte dos seus cursos de formagao. Em se- gundo lugar, porque tais préticas lhe garantem o poder deci- s6rio, sem questionamentos acerca dos argumentos sobre 0s quais fundam suas decis6es - professores de todos os graus € cursos arbitram, muitas vezes, resultados numéricos ou con ceituais para 0 desempenho de alunos a partir de parame- tros nem sempre declarados ou explicitos. Como, entao, desencadear-se sesso de mudan¢a, reflexa truco, quand ntos des- 100 Grandes Per Nao ha verdadei | entender o significado essencial de uma proposta pedagégi Jussara Hoffmann 101 © dilema das mudangas em educagio _ O dilema das mudangas em educago envolve o grande dilema da aprendizagem: nao se pode ensinar ao professor 0 que ele precisa aprender. As aprendizagens significativas sio construgdes préprias do sujeito, enquanto processo reflexivo, de descoberta pessoal, de reconstrusao de significado. Ele pode até sentir a necessidade de mudanga, mas se nao ca nessa direco, ndo saberé como construi-la. Nao basta al- guém lhe que deve fazer diferente se ele ndo pensar diferente sobre o que faz. £ muito dificil aventurar-se ao desconhecido. O professor precisa abandonar praticas seguras e conhecidas, arriscan- do-se a perder seu status de competéncia, seu controle sobre a situagdo, a confianga em suas decisdes. Sao complexos os novos rumos em educagio. Ao analisar as dificuldades de educadores italianos em efetivar uma nova proposta para escolas infantis, na regido de Reggio Emilia, Itélia, Malaguzzi oferece um retrato bastante sério do compro- misso que tiveram de enfrentar: Os professores devem aprender a interpretar processos continuos, em vez de esperar para avaliar resultados. Do mesmo modo, seu pape! como educadores deve incluir o entendimento das criangas como produtoras, e nao como consumidoras. Devem aprender a nada ensinar &s criangas, fexceto 0 que podem aprender por si mesmas. E, além di devem estar conscientes das percepcdes que elas fo sobre 0s adultos e suas agbes. A fim de ingressar em relacio- namentos com as criangas que sejam ao mesmo tempo Pro- ltivos, amistosos e excitantes, os professores devem es conscientes do risco de expressar julgamentos muito rapi- Gamente. Devem ingressar na estrutura de tempo das crian- esses emergem apenas no curso da atividade ue surgem dessa atividade. Dever per- ‘criangas é tanto necessério quanto pré- «as, cujos intr ou das negociacbes q ceber que escutar a5, Scanned with CamScanner 102 Grandes Pensadores em Educagdo saber que as atividades devem ser to numero- te Deve be i arses Pefiditos de inteligéncia quando as criangas recebem uma aan yariedade de opcodes a partir das quais escolher. Além ares os professores devem estar conscientes de que a préti- disse, Free teran ds belvs ou dos valores quc ro pode es vem parlalment Peo esfoge ind mas, de uma forma muito mais rica, da discussio an colegas, pais e especialistas...( Malaguzzi in Edwards, Gandini & Forman, 1999:83) sa tarefa no é pequena, diz. Malaguzzi, e nao se da por treinamento, mas por professores engajados em observar e pesqusar sobre a aprendizagem dos alunos em novas experién- Pee educativas, Ao mesmo tempo, somente engajamento nio pasta, é preciso que o professor conhesa teorias de aprendizagem, estude » desenvolvimento infantil e tenha os conhecimentos pertinentes as virias reas de estudo ¢ disciplinas. ‘Todos os principios anteriormente apontados - 0 que deve © professor saber, segundo Malaguzzi, também dizem res- peito a educagao dos professores e aos responséveis por pro- gramas de formagio. Seu papel na educacdo de educadores deve incluir o entendimento dos professores como produtores de conhecimento e nao consumidores. O professor precisa estar aberto as mudancas, 0 que na maioria das vezes ndo acontece, para construir novos significados e ajustd-los a0 seu contexto. E isso exige tempo de discussao e descobertas. ‘Nao se pode esperar que “acredite” numa determinada concepsio até que lhe atribua sentido, ou que faca diferente do que sempre considerou o melhor jeito de fazer, porque alguém assim o sugere. Mudangas exigem “trocas de pele” Pergunte aos professores de uma escola: vocés acreditam jue a sua prética precisa mudar? Em que ela precisa mudar? si Jussara Hoffmann 103 Se a maioria responder que nao, ou nao se definir sobre 0 qué, sera preciso dispor de muito tempo e preparo para essa mobilizagio. As crencas dos professores tendem a estabele- cer os limites possiveis de se direcionarem as discussoes. Entretanto, a maioria dos érgios ofi das inst pela obediéncia a regimentos, normas e determinagdes da administragio, da supervisto, e nao pelo espirito do engaja- mento. Nao conseguem as mudangas desejadas, porque a aspiracdo eo entendimento de poucos nio consegue enfrentar © receio, a resisténcia, o conformismo de muitos. Mudar em educagio, mudar em avaliagdo, exige “trocas de pele”, pois envolve concepgées e posturas de vida, eisso é penoso. Quan- do se coloca 0 educador diante de novas teorias, novas metodologias, ele é levado a responder: minha histéria, minha experiéncia, os conhecimentos que construf até hoje sero considerados tao valiosos quanto sempre o foram? O que mais me seré pedido que “desaprenda”? Quanto tempo e esforco me custard a adaptacao? A coragem em deixar para tras uma parte de si, em trilhar caminhos desconhecidos, sem roteiros definidos, nio depen- de do convencimento dos outros ou de promessas de que seré melhor assim para 0s alunos, mas da profunda compreensao dos principios que regem tais mudancas, da devogio a uma causa maior, que valha tanto esforgo. (..) como procurards por algo que nem ao menos sabes 0 que & Como determinarés que algo que nao conheces € 0 objeto de tua busca? Colocando de outra forma, mesmo que esbar- res nisso, como saberds que 0 que encontraste & aquilo que nao conhecias? (Platio, 1956:128) Desenvolvendo atividades de est4gio em creches assisten- ciais, por anos seguidos, nés, supervisoras e estagirias, nao Scanned with CamScanner Poderiamos, 8, CO gumas nao possuiam n Tar que as atendentss, com pouce ou nahn ee rama . Z lem 0 1° Grau) meras explicagses, 0 significado ae Paitin en) longo de anos de estudo, de discussé haviamos construido ao entendiam do desenvolvimento infantile ale ees Pouo do de agir “dava certo”. von to antil, e, além disso, seu mo- metendo a muitas de ae ae a a se sub- “trangiiilas”, no dizer delas. Por mais que conversissemesg sugerissemos outras formas de lidar com ascrianass, clan ako mudavam de atitudes e voltavam a agir do mesmo jeito quan- do nao estévamos 14. Com o tempo, foi ficando claro para nés que lhes faltava construir o significado maior de nossas posturas e propostas pedagégicas, que elas nao haviam per- cebido o sentido de nossas ages. Nao houve nenhuma mudanga em suas praticas? Sim, mas a partir do que descobriram pela observagio das crian- cas e nao pelos nossos “ensinamentos”. Perceberam, por & xemplo, que as criangas estavam “mais espertas” por ferem mais brinquedos & disposigao e nao ficarem tanto tempo con- finadas aos bercos. Que estavam muito mais “falantes”, por que Ihes dvamos atengio, conversévamos, cantévamos com elas... Entdo, passaram a agir nesses e noutros sentic eh i darsin no que lhes foi possivel compreender e/ou a FORT? que experimentaram fazer e observaram diferencas-- Aitisarn suas préticas no que Ihes foi significative. espe- formagao (al- Jussara Hoffmann 105 espirito de aprendizagem permanente (Os professores precisam sentir que estio engajados em mudangas que irdo fazer uma diferenca genuina na vida de milhares alunos e na prépria sociedade, por algo maior que mereca 0 seu envolvimento e 0 seu desapego as velhas e se- guras praticas. Mas esse sentido ele proprio terd de construir, 0 que exige tempo, dedicacao e estudo. ‘Assim, programas de qualificagio precisam ser planeja- dosa longo prazo pelos administradores, programas continua- dos e projetados para despertar o “espirito da aprendizagem permanente”, mais do que promover mudangas imediatas. Por vezes, 6rgaos educacionais e escolas esto mais preo- cupados em organizar eventos para gastar verbas que Ihe foram destinadas do que em atender os interesses e necessida- des do seu grupo de professores. Assim, promovem uma va- riedade de cursos, seminérios, palestras, sobre novos e “atra- tivos” temas, sem refletir de fato, sobre o significado desses ‘momentos proporcionados aos professores, sem que haja uma intencdo de continuidade, de estudos planejados no sentido da efetiva colaboragio dos participantes. Os professores assis tem a conferéncias e palestras, interpretando o que ouven a sua maneira, recebendo informagées para as quais ndo esto preparados por falta de leitura e estudo, permanecendo com chividas muito sérias. O que se percebe é a falta de reflexo desses momentos de formagdo em sua pritica do cotidiano, porque nao tém o espaco e o tempo de experimentar, discutir com os colegas novas experiéncias, ajustar os sentidos construidos. O que é mais sério, muitos professores passam por esses momentos ilesos, sem entendimento ou disposicio para experimentar. ‘Aventurar-se As mudangas exige coragem e uma tomada de consciéncia sobre o agit, a vontade de desafiar nossos pr6- prios limites e verdades, de superar tais limites, enfrentando Scanned with CamScanner 108 Grandes Pensadores em Educagao o desconhecido, mesmo que seja Pen0so. AS pessoas que j tegram um novo projeto, precisam dedicar-Ihe tempo em i wij troca de idéias, estudos e planejamento. Mudar cay, mes mnpre desconforto, o que nos leva a perceber a opera # ta ecisio do proprio professor em mudar. Ninguém ¢ cia ot do” por outro ou para atender expectativas alheing Por isso, preciso dar-se conta de que, em educagio, mais m4 que em qualquer outra profissdo, estaremos lidando com a ferentes Sujeitos, saberes, sentimentos. Na relacdo pedagégi- ca, educadores ¢ educandos estabelecem um didlogo muit intenso, onde interferem fortemente posturas de vida e sensi. bilidades. Na diversidade do cotidiano escolar, afloram as reagdes espontaneas que nao resistem a teorias ou preceitos, mas que sio vividas com toda a intensidade a cada momen- to,O professor acaba agindo, respondendo, decidindo a partir do que é e do que sente. Estamos, portanto, falando de mu- dar pessoas e de mudar relagdes. E isso exige tempo. 0 professor como sujeito das mudangas Ao partir para uma mudanga, é preciso, principalmente, perguntar aos professores : quem sao vocés? O que preter dem realizar? O que esté fora do seu alcance? Como poderiam alcangar essa meta? Muitas escolas definem-se pelo que fazem e nao pelo que acreditam ou pretendem. Num conjunto de escolas muni pais, com os quais desenvolvo um trabalho de assess percebi a grande dificuldade dos professores de definirem 2 sua escola pelas crencas ou metas. Quando Ihes fiz algumas das perguntas anteriormente apontadas, recebi imediatamen- __ te 0 “retrato” da escola, em termos funcionais, pela VOZ a ‘ ras ou das supervisoras. (“Nossa escola atende crian- ila X, muito carentes. Temos 730 al a ~ to1nos trés turnos..”) Insistindo nas pergunta fessores comecaram a manifestar seus sent Jussara Hoffmann 107 diferentes “identidades” das es- les bastante semelhan- to de reflexao Ges. E pode-se observar as Colas, mesmo préximas ou com realidad tes. O que representou um importante momen! para todos. Prepara-se o professor para as mudangas através de mo- mentos continuados de estudo e reflexao, sem pressa de de terminar-se mudancas metodoldgicas. Coordenando um pro- jeto de extensio pela universidade, hd algum tempo atrés, eixei que os professores permanecessem na “confissao” de seus temores por varias sessOes de estudo. Parecia que nao avangarfamos nunca e que 0 projeto nao seria delineado. A supervisora da escola chegou a “cobrar-me” o oferecimentos Ge textos tedricos aos professores, a exposigao de idéias. As The vagas e sem rumo, Entio, numa das sessées, uma professora trouxe a dificuldade de um aluno como um caso a ser discutido pelo grupo. E todos se puseram ipios que 1a orien- deveriam ser respeitados em avaliagio. tagio, e alguém sugeriu a leitura de um livro que ajudaria no entendimento daquela situacio. Haviamos chegado ao tem- po de reconstruirmos, em conjunto, os prinefpios da pratica va que alicersariam as questdes metodolégicas. A 0 final dessa reunido, que s6 agora ado daquele tempo de discussao — os professores se descobriram responsdveis pela aprendizagem dos alunos, sentiram a ne de de prestar atengio nas criangas, e de refletir, em conjunto, sobre o significado das agbes pedagdgicas. ‘As mudangas darao certo? Todo 0 processo de mudanga & muito penoso, no inicio, e envolve a resisténcia natural a0 desconhecido. Quando ino- vvagées sio sugeridas, numa escola, sem o efetivo envolvimento de todos ¢ a compreensio do significado do que se propde, € Scanned with CamScanner 0 108 GrondesPenaderes 6 ears Pe muitos perguntem: essa mucansa é defenssvely normal que MoT 4 certo? Os pais € 0s alunos aceitarggy gue Jf 07 rd a escola? Quanto isso cus «nao forem amplamente discutidas por ‘dos, obstaculizarao a sala das experign. i esmo que comecem. Da mes) processos. Tanto 05 “erédulos” em demasia, ” interferem no processo. jo deve significar uma batalha contra 9 velho, mas uma sadia convivéncia entre ambos. E preciso peratir nas relagdes interpessoais, lidando com os conflitos ue surgem como positives, Porque s40 Provocativos e mab. ores. Ca escolas tendem a mudangas radicais e globais, ou- trass6 eguem aquelas que jé deram sucesso em outras institui- gbes. Nao é pt | ser téo precipitado ou tao cauteloso em fducacio. Uma idéia no morre para ser substitufda por outra, simplesmente. O que acontece & que algumas certezas vao sen- do questionadas, novas hipéteses vdo se configurando e aca- ‘bam por constituir-se em outras idéias. Assim € 0 caminho do conhecimento e esse é 0 rumo das mudangas em educagio. O sistema educacional no seu viés de “transmissao cultu- ral” € por si s6 conservador, reprodutor. Luta-se muito para manter as tradig6es. Mas buscar 0 novo nao deve significar uma batalha contra o velho, negando a experiéncia ¢ 0s va- lores cultivados por uma escola e seus educadores. £ muito importante a escola olhar sempre para trés, preservando a sua hist6ria e identidade, valorizando os esforgos e os passos dados para chegar até ali, O que significa compreender 0 processo de mudanga como continuidade e nao como nega- $0 a uma histéria construfda, como comenta Malaguzzi: Sabiamos que a nova situagdo exigia continuidade, mas s 0 exigia continuidade, também muitas rupturas com © passado. As experiéncias assadas que tentavamos preservar eram o calor humano € Jussara Hoffmann 109 © auxilio reciproco, 0 senso de realizar um trabalho que re- velava - através das criangas e suas familias - motivagéo € recursos desconhecidos e uma consciéncia quanto aos valo~ res de cada projeto e cada escolha para uso no planejamento de atividades completamente diferentes. Desejivamos reco- hecer 0 direito de cada erianga de ser um protagonista e a necessidade de manter a curiosidade espontinea de cada uma delas em um nivel maximo, Tinhamos de preservar nossa decisio de aprender com as criangas, com os eventos com as familias, até o maximo de nossos limites profissio- nais, € manter uma prontidao para mudar pontos de vista, de modo a jamais termos certezas demasiadas. Esse tempo de paixdes, de adaptagao, de ajuste continuo de idéi- as, de selegdo de projetos e de tentativas(..) Contudo, a0 refletir sobre essa experiéncia, periodo em que estavamos progredindo sem claros pontos de referéncia, deveriamos também recordar nossos excessos, a incongruidade de nos- sas expectativas e as deficiéncias de nossos processos eriti- 0s. (Malaguzzi in Edwards, Gandini & Forman, 1999:62-63) Quando se pretende manter um projeto em desenvolvi- & preciso escutar todos os pontos de vista, dos que " contra e a favor, trabalhando nas relagées inter- ppessoais. Quem pode ter certeza dos resultados de uma nova proposta, se ela é nova? E 0 que nos leva a experimentar novos caminhos? Quando estava me preparando para fazer 0 Ca- minho de Santiago, caminhando varios kilémetros todos os dias, um médico disse-me que, amanha exigéncia da camninhada, s6 a propria “exigéncia” me prepararia. E foi que aconteceu. S6 com 0 passar de muitos dias no caminho, a dor nas pernas e no corpo diminuiu, apesar do preparo anterior. (© desconforto de uma situagio nova s6 diminui quando acnfrentamos, adaptando-nos as exigéncias, gradativamente, ajustando nossos passos, criando e recriando estratégias dife- renciadas de agio e sentindo a satisfagao de alcangar os resul- tados esperados. Scanned with CamScanner 110 Grandes Pensadores€™ Educasao trolado,todaamudansa envolveretrocesso, porque Por outro lado, Ot Ninguém muda de residéncia ou de saios ¢ OFF desconfortos da adaptacao. Muitas ar Prem uma casa nova é 0S MOveis antigos vo lugar...Mas, em geral, se muda wre nao quer dizer que N4O Passemos por envolve er cidade, sem passa* Pe coisas nao funcior 40, parece estar claro & maioria dosedveadores,queomodelo vigentendo atendemaisa cer tdade educacional. Mas esse é um modelo vi ceed eat conhecido, “contidvel”. Milhares e milhares de es- rinse universidades fundam suas préticas avaliativas nes- ses modelos, educando e formando, ha muitos anos, profissio- o mercado de trabalho. Essa é uma verdade irrefu- nais para tavel. Em contraponto, esse modelo é um modelo instrucionista ¢ de julgamento, que ndo forma para a autonomia, que responsive pela exclusao social. Milhares e milhares de crian- qas e jovens ndo tém suas neces i nhecidas e respeitadas, sendo excluidos da escola que é deles por di Também milhares e milhares de estudantes, através de diferentes manifestagdes, revelam, hoje, sua insatisfag&o com as escolas ¢ universidades, sua indigna- io com o autoritarismo e arbitrariedade dos professores, reclamando por seu direito de expressar suas idéias e opinides, por mais tempo para aprender, por mais respeito aos seus Interesses. Assim como muitos “certificados” recebidos por estudantes, ao final de seus cursos, ndo correspondem a uma efetiva competéncia em suas dreas de formacdo, causando descrédito quanto a avaliaggo de sua aprendizagem. Essas sio outras verdades irrefutaveis. Mas como confiar que no- ‘as propostas déem conta dessa problemtica? pas a embora com sérios limites, desperta Prod rane do que o desconhecido. Dessa forma, a0 “*rmos &s mudangas, algo muito maior deve mobilizar Jussara Hoffmann 11 © professor, algo que para ele tenha sentido, que o leve a en- frentar as dificuldades naturais de novas experiéncias, res- peitando o tempo necessério ao seu esforgo de reconstrugao. Os descobridores de caminhos Mudangas nao se constroem com planos definidos e segu- ros elaborados em gabinetes ou érgaos oficiais, mas como oportunidades a pessoas comprometidas e apaixonadas de mostrar que é possivel. Existem sempre professores inovadores em cada escola. Muitas vezes nao existe forma de serem ouvidos, porque suas vozes so abafadas por conservadores ou planejadores. De qualquer forma, muitos deles agem como “transportadores de sementes”. Pelo seu engajamento e crencas, atuam como criadores de redes internas, promovendo a cooperacao e a comunicagdo entre pessoas, criando grupos informais que acabam por promover mudancas profundas nas instituicdes. Em avaliagao, tenho acompanhado muitas histérias que com- provam que “uma andorinha faz 0 verao”: um professor engajado pode mudar uma escola, uma escola pode influen- ciar uma rede, um municipio pode influenciar um estado, um pais. ‘Um processo de mudanca nao segue um caminho definido ¢ tranqiiilo, pois esse caminho precisa ser construido justa- mente pelo novo que acarreta os desacertos, as inseguran- gas. Quem coordena um novo projeto ndo pode esperar que 0s professores elejam ou compreendam os rumos num pri- meiro momento, a partir de explicagdes teéricas, justificativas legais, sugestdes de metodologias diferentes, mas deve suscitar a reflexao acerca de suas experiéncias educativas, a oportu- nidade de ouvir os outros, abrindo-se a novas perspectivas. Tentar, errar, retomar séo palavras de ordem em processos inovadores. Scanned with CamScanner 112 Grandes Pensadores em Educagaéo Ei preciso criar espacos para ouvir 0 grupo de pessoas en. volvidas, sem pressa de chegar a solugbes. E preciso dar veg jos mais jovens, A comunidade que vé a escola de fora, aos professores que vém de outrasinsttuigdes, 20s alunos de todas as idades. f preciso buscar a diversidade de pensamento, ag invés de afasté-la, sistematicamente, com medo das discussdeg itecerem. seo nvolvidos em diélogo, os professores podem refletir so- bre suas concepgées e posturas, na busca de convergéncia de significado do seu grupo de trabalho. E comum ouvir-se dos administradores, dos diretores,a restricao do tempo necessérig ‘a um processo dessa natureza. Esse é um dos grandes entraves as inovacoes. Nenhuma empresa ou organizacao mantém sua eficiéncia sem reunides sistematicas de suas equipes, do gru- po todo. Em escolas e universidades, entretanto, as reunides sio consideradas perda de tempo e, em algumas, os professo- res comparecem quando querem. A indisponibilidade de ho- rérios dos professores das séries mais avangadas, que traba- Iham em varias escolas, é justificativa comum para sua au- séncia costumeira a essas reunides. No entanto, eles precisa- riam muito participar e discutir, pois a sua formagao peda- gogica em cursos de licenciatura é bastante superficial. ‘Outra significati tagdo para a inovacdo é a desatua- lizagao do professor. Profissionais de todas as éreas mantém- se atualizados em seus estudos e mercado de trabalho. Muitos professores, no entanto, limitam seus estudos ao seu curso de formagio, mesmo criticando-os em termos de qualidade. Professores da Educagio Infantil, do Ensino Fundamental e Médio, em sua grande maioria, no possuem 0 habito da leitura e do estudo continuado. E comum assistir-se a reunides de estudos onde esquemas e rest- mos de obras so apresentados, com a justificativa de falta de tempo dos professores, ou da sua dificuldade em adquirir livros. Além disso, escolas e instituigdes, em geral, nao inves- tem em bibliotecas para professores ou salas de estudos. E como compromisso, “passar’ res da escola. © que é impossiv terpreta” 0 que ouve e vive em tai 5 poder recrié-los em suas escolas, parfle ee ue ue espaco de tempo adequado para eso. — aperfeigoamento individual permanente do edu 6 um compromisso deste para coma sociedadee de ig go educacional para com ele Fle é 0 maior dos aprendizes, Porque o objeto de sua profssio é aprender sabres aprendi, zagem. Nao se pode pretender formar estudantes Liters, pensadores,crticos e questionadores, quando os professores nao 0 sfo Ninguém pode ensinar ao professor que ele precisa aprender acerca de novas concepgdes do ensino em sua drea e/ou disciplina, teorias de conhecimento, experiéncias edt. cativas em desenvolvimento, Pode-se, entretanto, favorecer 0 cenério para essa descoberta, ciando-se espacos mobiliza- dores em tempo e possi el, porque esse supervisor “in- 86 estaré consolidada pela leitura e reflexao de cada um. De nada valerd reunir professores quando a discussdo ndo tiver por objeto da relagdo entre eles o saber pedagégico, ou seja, nao estiver fundamentada em argumentos teéricos que sub- sidiem a reflexdo sobre a pritica, porque tais reunides ndo serdo produtivas e acarretarao sentimentos de desconforto diante das incertezas. E esse é um compromissoa ser assumido individualmente e coletivamente. - Todas as escolas e secretarias de educacéo onde percebi, até hoje, um grande entusiasmo e envolvimento dos professo- res com estudos em andamento sobre avaliacio, inclufam, em suas propostas de formacio, programas de leitura. Isso Scanned with CamScanner 114 Grandes Pensadores em Educagao termos do seu engajamento, faz uma grande diferensa em 5 porque Thos é dada a oportunidade de reconstruirem sabe- pe ie tornarem-se autores e protagonistas de novas : “Re ymudangas percebidas nessas escolas foram significativas icagao do corpo docente. Muito mais tes pela qual seine a preoeupagio com metodologias diferentes, obser- Vourse um olhar diferente sobre a aprendizagem dos alunos, 2 partir da tomada de consciéncia dos professores sobre a hecessidade de serem, permanentemente, aprendizes. Percebo, também, a grande importancia de momentos de relatos de experiéncias entre os professores de uma escola, ¢ rios de trabalhos ou projetos desenvolvi- 10 das escolas, que buscam o envol- vimento do corpo docente em agdes como essas, comprovam que o professor precisa tornar-se um protagonista das mu- dangas, lendo, relatando, escrevendo sobre o que pensa e 0 que faz. Pequenos passos so mais importantes do que grandes epretensiosas metas, bem como o apoio permanente aos “des- cobridores de caminhos”. A enorme resisténcia as inovagdes em avaliagio Oentusiasmo inicial de um grupo tendea esmorecer quan- do surgem as dificuldades, as “incongruéncias”, a falta de recursos e os ndo-saberes. Quando se elencam metas muito pretensiosas, os Animos tendem a esmorecer, porque elas exi- gem muito tempo e ndo se percebe, entio, que se esteja alcan- sando resultados que valham a pena o esforco. Assim, prin- cipalmente em avaliagdo, é importante comegar por peque- nas tentativas, como umm leque de opcdes aos professores, di- vulgando-se permanentemente os éxitos e as dificuldades enfrentadas para o coletivo da escola, O cendrio para essa troca e reflexdo 6 um espaco a ser erado, concebido como essencial a 2ermanente”. Os primeiros Jussora Hoffmann 115 passos de uma mudanga devem ser dados na construgdo de principios ¢ nao na definicio de estratégias. E o principio essencial é o da formacao continuada - do espirito de apren- dizagem permanente, Pedro Demo (2000) reiine estudos de varios autores que chamam a atensdo para centralidade do papel do professor em processos de mudanga e a relevancia do seu papel de pesquisadores. Cita Cohn e Kottkamp (1993) que véem uma das raz6es da resisténcia 0 fato de que o professor fica sem= pre de fora. A maioria das propostas cita 0 papel central do professor na melhoria do sistema, mas continuam sendo es- critas por espé 'as de fora olhando para dentro. Demo (2000:46) conclu: Parece que o tempo de culpar os professores esta do em favor do reconhecimento de sua centralidade. continuas de mé formacio inicial e péssima valorizagio socioeconémica nio podem idas como vildes, mas ‘como fator central da qualidade da escola. Também preci- sam de oportunidade para que possam realizar a tarefa de- cisiva de tomar seus alunos capazes de fazer e, sobretudo, fazer-se oportunidade. A luta maior, portanto, 6a de manter o entusi de um grupo que, frente as reacdes de rejeiga tendem a esmorecer. E preciso que cada em estudos sobre avaliagao se esforce para manter o entusias- mo dos professores. Primeiro, investindo nas relagées inter- pessoais éticas, de convivio e abertura as incertezas, endo do conluio e do fechamento, do apoio irrestrito a qualquer deci- porque a experincia dos que jé estao trilhando os caminhos servem de enorme apoio para os que nelas se iniciam. Scanned with CamScanner 116 Grandes Pensadoresem Educordo ‘A mairia das escolas nO CONSEBUE PFOMOVEr mudan sifieativas em avaliagdo porque Seus professores ages sig ‘ia a regimentos, sem agem movidos por obediéncia a reg » Sem compreender 9 Tpifcado do que esto fazendo. Mudam “fazeres” sem com preender 0s principios que lhes s40 subjacentes. Esses “faze. Pe aparentemente diferentes” resvalam quase sempre pars d vala das praticas avaliativas classificat6rias e tradicignaie quando aparecem as exigéncias burocraticas, quando se avolumam os compromissos profissionais. Nao basta, assim, que os professores se sintam engajados no processo. Cad ‘i construir sua propria pratica e esta encerrard uma m idade de nuances. Ao longo do pro- cesso indo surgir diividas, dificuldades, necessidades de ajus- tes, que exigirdo de cada um muitas reflexdes e estudos, bem como o acompanhamento individual, por parte dos supervi- sores, orientadores, e apoio do grupo, através das reunides para estudo de casos, de programas de qualificagio. Escolas que vém desenvolvendo estudos sérios de reformulagdo da pratica avaliativa e revelam avancos, estdo envolvidas com esse processo ha mais de dez anos. Mudangas em avaliasao exigem tempo e persisténcia, E essencial criar-se espacos de interagio, de discussio, para despertar-se 0 desejo da participagiio. Dos encontros, das reunibes G estudo, devem resultar decisbes comparti- is ne pelo conjunto de professores responsdveis. jus do que cobrar, preciso oferecer oportunidade 20s pro- Praag aff fornarem protagonistas ao invés de ouvintes impridores das decisées. Os caminhos da mudan; iagdo na q isa em avaliagao nao devem ser ae por caminhantes sol . Para trilhar esses cami- cba As Preparo e apoio. As experiéncias dos que jé caminho sio essenciais para nos decidirmos a iniciar e para saber por ge Por onde seguir, : rigncia seja difer onde seguir, mesmo que cada expe Jussora Hoffmann 117 Um proceso interativo Se tragarmos uma linha diviséria entre a educagio do sé culo XX e do século XXI, com certeza, nessa linha estara es. crita a palavra interagdo. No século que passou, imperaram a individualidade e a competicao nas escolas e universida- des. Na transicao entre os dois séculos, entretanto, parece aflorar a problematica da excluséo social, da discriminacao, da elitizagao. A quem pertencem a escola e a universidade “que se dizem piblicas”? ‘© compromisso com a educagio para todos, neste novo século, leva o professor a repensar no “todos” e no carter de diversidade que tal direito acarreta. E preciso aprender a educar na e para a diversidade. O que nos leva & questio da interagao. Enquanto 0 modelo instrucionista e classificatério se detém no individual e nos padres comparativos, orespeito A diversidade nos provoca a construir uma escola onde se valorizem as diferencas e a aprendizagem pelo convivio, pela troca de idéias, pela interagao social. Faco essas consideracées para refletir sobre o cardter interativo na formagao dos professores. Cursos de magisté- rio e licenciaturas permanecem instrucionistas e cla: cat6rios. As escolas e universidades nao levam a sério.o espaco para estudo e para troca de idéias pelo conj professores. Como ultrapassar, entdo, o modelo vigente? Hi varios anos, coordeno programas de formagao de pro- fessores em avaliacao. Neles, retino educadores de varios ni- veis de ensino e com experiéncias profissionais ¢ formagbes diversas. Meu maior objetivo é0 de formé-los leitores, aprendi- zes, autores de projetos de mudangas em suas instituigdes. Esse objetivo 6, na maioria das vezes, alcangado, principal- mente, pela convivéncia entre educadores de diferentes rea- lidades educacionais, pela diversidade do grupo e pelo tem- PO que possuem de conversar, trocar idéias, buscar solugSes em conjunto. Faz parte desses encontros o compromisso com Scanned with CamScanner a 118 Grondes Pensadores em Educaso a i juais, a elaboragac leituras, a producto de cate s gabertbaaag'a por projetos de aco. As IITs para que cada professor tir de dindmicas O°8mpromisso individual e contrib ‘roposta ao grupo. O mais inte. Sere panes ep Teen ressante € 0 quant tir do programa no seu desenrolar. En- o que os leva a Crm nitido o constrangimento dos profes- contro por encmnlizam as leturas programadas ou elaboram, Sores due ean como muitos comentam a enorme dificulda- de de ler e de escrever. = ‘O surpreendente,entretanto, que esse compromisso com os outros colegas e a oportunidade sempre preservada de falar e expor suas proprias iéias mobilizam 0s professores a rer glarem no estudo com muita seriedade, resultando na Staberagao de textos e projetos sérios e competentes. que os mobiliza, na verdade, 6 0 processo interaivo que se efetiva nesses momentos. Por um lado, a aprendizagem em. grupo, ouvindo sobre diferentes realidades educacionais, so- Ere novas experiéncias e entraves ao proceso; além disso, a interagio com novos saberes, a possibilidade de optar por suas propras leituras a partir de uma gama de livros sugeridos em Gada tema, e a oportunidade de discutirem com outros cole- gas 0 que leram, Um processo de discussio, portanto, que nao se encerra apenas na critica, ou em experiéncias pessoais, em opinides, mas que avanca coletivamente, a partir de novos es- tudos, permitindo a cada professor reconstruir idéias indivi- ajustar seus estudos & realidade onde trabalha. Observo, sempre, uma grande surpresa dos professores ue participa desses programas, com ofato dese perceberem leitores e escritores, e, mais do que isso, de gostarem “muito” de ter lido e de terem produzido seus préprios textos. O que chama a atencao para a falta de tempo e de estimulo dos professores, nas escolas, nesse sentido. ___ Uma das professoras ressaltou stia descoberta com as ‘mesas redondas” do curso. Percebeu que a sua escola, em- cipante assuma © Jussora Hoffmann 119 bora adotando mesas redondas para os al Médio, continuava com uma sala de aula eee ea nada tinha a ver com o processo interativo experimentedo por ela no programa. Ela percebeu que precisava oportunizar 0s proprios colegas momentos interativos para que perce- essem essa possibilidade com 0s seus alunos. ( desafio das mudancas em avaliacio, principalmente, envolve 0 engajamento individual do professor. O professor, ao avaliar, interpreta 0 que vé do aluno, o que observa, com base em suas concepsées individuais. Nenhuma avaliagho neutra, mas sempre subjetiva, atrelada aos conhecimentos, & emogao de quem avalia, porque é interpretacio. Da mesma forma, a intervencdo pedagégica ocorre, muitas vezes, atra- vés de aces intuitivas, espontaneas, que refletem 0 que 0 professor sabe e sente em cada situagao. £ preciso promover tum trabalho interativo de formacio de professores, desen- volver experiéncias construidas coletivamente, em pequenos 1passos, e onde se efetivem o compromisso individual de estu- do de cada professor e a oportunidade de falar e ser ouvido em suas concepsées e tentativas. Referéncias Bibliograficas ARROYO, Miguel. Oficio de mestre. imagens e auto-imagens. Petropolis, RJ: Editora Vozes, 2000. BOCHNIAK, Regina. Questionar 0 conhecimento na escola: inaridade na escola. Sao Paulo: Loyola, 1992. CHARLOT, Bernard. Da relagao com o saber: elementos para ‘uma teoria, Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. DEMO, Pedro. Conhecer & aprender: sabedoria dos desafios. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. EDWARDS, E;GANDINILL; & FORMAN.G. 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