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DA DESNECESSIDADE DO PAGAMENTO DE CUSTAS

O procedimento de execução de um título executivo judicial


consiste em mera fase procedimental, ocorrida após a fase cognitiva, nos mesmos autos,
objetivando a rápida satisfação do credor, não mais se exigindo, notadamente, um novo
processo autônomo de execução para obtenção do bem da vida.

Logicamente, portanto, não há que se falar em cobrança de


despesas processuais no cumprimento de sentença, pois não se instaura um novo
processo a justificar o seu recolhimento.

De certo, a finalidade da cobrança das custas é de,


indubitavelmente, desonerar o Estado com a realização de atos forenses. No caso do
cumprimento de sentença, todavia, não há que se falar em formação, propulsão ou
terminação de um novo processo, mas tão-somente uma mera fase do processo de
conhecimento, iniciada, inclusive, por mera petição incidental nos mesmos autos,
inexistindo, pois, fato gerador capaz de fazer incidir a cabrança da taxa.

É cediço que as custas processuais têm natureza de taxa/tributo.


Desta forma, para que haja sua incidência, faz-se necessária previsão legal autorizando
ou determinando tal cobrança, que, no caso do cumprimento de sentença, inexiste.
Registra-se que o art. 145, inciso II da Constituição Federal de
1988 dispõe que a cobrança da taxa só será devida pelo serviço público prestado. Assim,
já que foram cobradas custas processuais quando do ajuizamento da ação,
desnecessária, portanto, a cobrança de novas custas apenas para o ato de cumprimento
de sentença.
 

Nesse sentido, transcrevemos os seguintes julgados:

 
“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
COBRANÇA
DE CUSTAS PROCESSUAIS EM FASE DE CUMPRIMENT
O DE SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE. 1. INSTRUÇÃO
NORMATIVA DA CORREGEDORIA-GERAL DE JUSTIÇA
Nº 03, DE 08 DE ABRIL DE 2015. EXPRESSA
DETERMINAÇÃO QUANTO À INEXIGIBILIDADE
DE CUSTAS INICIAIS
NA FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
INEXISTÊNCIA DE PROCESSO AUTÔNOMO.REFORMA
PROMOVIDA PELA LEI 11.232/05. MERA FASE DENTRO
DO MESMO PROCEDIMENTO. 2. NATUREZA
TRIBUTÁRIA DAS CUSTAS PROCESSUAIS.
PRECEDENTES DO STF. NECESSIDADE DE
OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL
(ART. 150, I, CF). AUSÊNCIA DE LEI PREVENDO A
COBRANÇA
DE CUSTAS PROCESSUAIS NA FASE DE CUMPRIMENTO 
DE SENTENÇA. DECISÃO REFORMADA. 3. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.1. "I. Não é exigível o
recolhimento de custas iniciais
na fase de cumprimento de sentença (art. 475-J, do CPC)
segundo a sistemática introduzida pela Lei 11.232/2005;
Parágrafo Único. Também não incidirão custas de execução na
hipótese de cumprimento voluntário de sentença." (Instrução
Normativa nº 3º da Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná, de 08/04/2015) 2. "É da
jurisprudência do Tribunal que as custas e os emolumentos
judiciais ou extrajudiciais tem caráter tributário de taxa. (...)
Uma vez que o caso trata de taxas, devem observar-se as
limitações constitucionais ao poder de tributar." (STF - ADI
3694, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno,
julgado em 20/09/2006, DJ 06-11- 2006 PP-00030 EMENT
VOL- 02254-01 PP-00182 RTJ VOL- 00201-03 PP-00942
RDDT n. 136, 2007, p. 221).3. Recurso conhecido e provido.”
(TJPR - 12ª C.Cível - AI - 1305275-4 - Curitiba - Rel.: Ivanise
Maria Tratz Martins - Unânime - - J. 11.09.2015)
 
“INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA - AGRAVO DE INSTRUMENTO -
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - EXIGÊNCIA DE
CUSTAS INICIAIS - IMPOSSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA
DE NOVO PROCESSO QUE AS JUSTIFIQUEM - FASE
PROCESSUAL - PROCESSO CIVIL SINCRÉTICO -
TUTELA JURISDICIONAL QUE SÓ SE COMPLETA COM
A ENTREGA DO BEM DA VIDA DISCUTIDO - NOVA
SISTEMÁTICA PROCESSUAL EXTINGUIU A HIPÓTESE
DE INCIDÊNCIA DAS CUSTAS INICIAIS DA
PROPOSITURA DA EXECUÇÃO, AINDA QUE NÃO
CUMPRIDA A OBRIGAÇÃO ESPONTANEAMENTE NO
PRAZO DO ART. 475-J DO CPC - MANUTENÇÃO APENAS
DAS CUSTAS PARA EVENTUAIS DILIGÊNCIAS QUE SE
MOSTREM NECESSÁRIAS - UNIFICAÇÃO DO
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL NO SENTIDO DE
QUE "NÃO É EXIGÍVEL O RECOLHIMENTO DE CUSTAS
INICIAIS NA FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
(ART. 475-J, DO CPC), SEGUNDO A SISTEMÁTICA
INTRODUZIDA PELA LEI Nº 11.232/2005" - INCIDENTE
CONHECIDO E ACOLHIDO, COM EDIÇÃO DA SÚMULA
Nº 59." 1. Com a implementação da sistemática do processo
civil sincrético também para as condenações em obrigação de
pagar (Lei 11.232/2005) a tutela jurisdicional considera- se
perfectibilizada somente com a entrega do valor a quem de
direito, e não somente com o reconhecimento do direito pela
sentença, como era no passado. 2. O cumprimento de sentença
passou a ser fase do processo e não processo autônomo, não
mais justificando a exigência de custas iniciais, mesmo após o
não cumprimento voluntário pelo devedor."(TJPR, 6ª C. Cível,
AI 544.409-1, Rel. Des. Prestes Mattar, DJe 11/05/2009).”
(TJPR, IP 1140195902, Seção Cível, Rel.: Prestes Mattar, Data
do Julgamento 18.07.2014, Data da Publicação: 18.07.2014)
 
Outrossim, com as reformas trazidas pela Lei nº 11.232/2005, o
cumprimento de sentença passou a ser uma fase do processo e não um processo
autônomo, razão pela qual não mais se justifica a exigência do pagamento das custas
iniciais, mesmo após o não cumprimento voluntário (da obrigação) pelo devedor.
 

Assim, deixa a Exequente de juntar o comprovante do


pagamento das custas, haja vista a inexigibilidade do pagamento das mesmas em sede
de cumprimento de sentença, bem como, em razão da inexistência de norma jurídica
que assim o determine.

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