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PESQUISA SOBRE A SUGESTÃO DA MENTE

JORGE CARLOS COSTA.

INTRODUÇÃO
O conhecimento do modo por que funciona a sugestão e os melhores métodos para
torna-la eficaz, são meios de influenciar nossa mente interior
satisfatoriamente. Por meio de sugestões, podemos capacitar nosso subconsciente para o
trabalho, assim como enfatizar motivações e a necessidade de nos livrarmos de
mossas importunas, reflexos, compulsões e velhos hábitos.
O conhecimento do emprego da sugestão pode ser muito util a um programa para
uma vida melhor, proporcionando mudanças benéficas em nosso carater, além de
outras. Até modificações fisiológicas em nosso corpo poderemos obter pela
sugestão pois, sem dúvida, o subconsciente controla todo o mecanismo do corpo e
pode ser influenciado para alterar suas funções. Todos somos de certo modo
sugestionáveis, alguns mais que outros.
Confunde-se, as vezes, sugestibilidade com credulidade, coisas muito
diferentes. Crédula é a pessoa que se deixa engodar com facilidade, que aceita, sem
analisa-las, idéias de outrem. Já a sugestão pode ser definida como um processo
de comunicação que resulta na assimilação convicta de uma idéia sem fundamento
lógico. É util a sugestibilidade; a credulidade nos traz desvantagem em
benefício de outrem.

A FÔRÇA DA SUGESTÃO
A sugestão pode ser utilizada para disciplinar-nos e controlar-nos, mas pode
também ser usada para assumir o controle e dominar outras pessoas que não
conheçam as leis da mente. Em seus aspectos negativos, é um dos mais destruidores
padrões de reação da mente, causando miséria, fracasso, sofrimento, doença e
desastre. Desde a infância que a maioria de nós tem recebido sugestões
negativas. Não sabendo como impedi-las, aceitamo-las inconscientemente. A menos que,
quando adulto, utilizemos auto-sugestões construtivas, as impressões feitas no
passado podem causar padrões de comportamento que serão responsáveis pelo
fracasso em nossa vida pessoal e social. Se olharmos para trás, podemos facilmente
recordar como nossos pais, amigos, parentes, professores e companheiros
contribuiram para uma campanha de sugestões negativas. Se estudarmos as coisas que
nos foram ditas, descobriremos que muitas sugestões negativas vieram sob a
forma de propaganda. O objetivo da maior parte do que se disse, foi para
controlar-nos ou instilar medo. Esse processo de heterosugestão executa-se em cada
casa, escritório, fábrica e clube. Descobriremos que muitas dessas sugestões tem
o propósito de fazer-nos sentir, pensar e agir como os outros querem e da
maneira que lhes seja mais vantajosa.

CONTROLANDO POR SUGESTÃO O SUBCONSCIENTE


O homem controla por sugestão as operações do seu próprio subconsciente,
ainda que a sugestão esteja em direta contradição com sua própria crença objetiva.
E isso é verdade mesmo que a sugestão seja contrária a razão, a experiência
ou a evidência dos sentidos. Se resultados tão drásticos podem produzir-se
quando em oposição aos mais poderosos instintos da natureza humana (os da
sobrevivência) quanto mais facil não será produzir resultados de igual modo
espantosos, quando se opera construtivamente, em harmonia com esses instintos, ou seja,
na linha de menor resistência.
Para bem compreendermos os fenômenos da sugestão, é preciso saber que há em
nós dois indivíduos completamente distintos um do outro. Ambos são
inteligentes, mas enquanto um é consciente o outro é inconsciente. É a razão pela qual a
sua existência, geralmente, passa despercebida. Se compararmos o ser consciente
ao ser inconsciente, constatamos que, enquanto o consciente é frequentemente
dotado de uma memória falha, o inconsciente é, ao contrário, provido de uma
memória maravilhosa, impecavel, que guarda, sem o sabermos, os menores
acontecimentos, e os mais insignificantes fatos da nossa vida. E, como é ele quem
preside o funcionamento de todos os nossos órgãos, por intermédio do cérebro, dá-se
um fato, que decerto parecerá paradoxal: se ele julgar que sentimos esta ou
aquela impressão, de fato sentiremos esta ou aquela impressão; ou julgar que um
órgão funciona bem ou mal, de fato o órgão funcionará bem ou mal. O
Subconsciente não preside somente as funções do nosso organismo, preside tambem o
acabamento de todas as nossas ações, quaisquer que sejam elas. A ele é que chamamos
imaginação, e é quem, ao contrário do que se admite nos faz agir, mesmo
contra a nossa vontade, principalmente quando há antagonismo entre essas duas
forças (VONTADE e IMAGINAÇÃO).
Todos nós somos sugestionáveis, em intensidade variavel. Logo, nosso
subconsciente pode positivamente ser influenciado pela sugestão. É mais facil mudar os
pontos de vista e as idéias do consciente do que do subconsciente, mas a
sugestão pode ser de grande valia para influenciar nossa mente interior a também
aceitar as idéias novas que trazemos conscientemente.

TIPOS DE SUGESTÃO
As sugestões podem ser diretas ou indiretas. Pode-se sugerir por meio de
insinuação ou ordem. Se nos disserem de modo positivo, que temos de fazer alguma
coisa, é uma ordem. Será insinuação, se usarem a expressão: “Voce pode fazer
isto?”. Quase ninguem gosta de ser mandado. Portanto, aceitamos melhor a
insinuação que a ordem. Entretanto, tudo depende da pessoa, pois há quem atende
melhor a ordem. É provavel que exista neste caso necessidade inconsciente de ser
dominado.

O PODER DA SUGESTÃO ESTÁ NA CRENÇA


A eficácia da sugestão depende em grande parte da crença e da fé. A dúvida
bloqueia os resultados e nega a sugestão. Devemos pensar positivamente e estar
certos de que virá o resultado que esperamos. Se dizemos: “Vou tentar”,
estaremos admitindo dúvida em relação aquilo que pretendemos efetuar. O que esperamos
é o fracasso, e ele virá. Nossa atitude deve ser a de quem quer fazer alguma
coisa e não tenta-la somente. Para sermos mais explícitos, devemos aceitar a
sugestão feita a nós mesmos, como se fosse verdadeira. Naturalmente, devemos
dar a nós mesmos sugestões reais. Mas se pensarmos que não funcionarão, elas
realmente não funcionarão. Se acharmos que elas vão agir, efetivamente agirão. Se
aceitarmos as sugestões como se fossem um fato consumado, elas se consumarão.

A CURA PELA SUGESTÃO


Toda doença, quase sem exceção, pode ceder a sugestão, por mais ousada e
inverossimil que possa parecer a afirmação. Não digo, cede sempre, digo pode
ceder, o que é diferente, pois depende da atitude de cada individuo. A sugestão é
um instrumento com o qual brincamos inconscientemente toda a nossa vida. Mas é
instrumento perigoso, pode ferir, e mesmo matar, se o manejarmos
imprudentemente. Ao contrário, salva quando sabemos emprega-la de maneira consciente. Com a
sugestão pode-se determinar mudanças no funcionamento dos órgão e das
glândulas. A circulação do sangue pode ser atingida e a cura de uma ferida apressada.
Por sugestão o sangramento que se segue a extração de um dente pode ser
controlado, etc.

IMAGÍSTICA VISUAL: A CHAVE PARA A AUTO-SUGESTÃO


A chave para a auto-sugestão é a visualização enquanto o corpo e a mente
estão relaxados.
Visualizar é permitir ao subconsciente aceitar a imagem para armazenamento.
Relaxar é expor o subconsciente mais sensivelmente a essa mensagem. No estado
de relaxamento, a mente é receptiva e mesmo ávida de todas as imagens
construtivas e positivas que se possa enviar. Não há nada místico ou misterioso sobre
isso. É um modo de viver normal e bem sucedido. Essa é uma das razões por que
as pessoas saudaveis, que em seus momentos de relaxamento pensam em sua saude,
se tornam mais sadias. E é a razão por que as pessoas que contemplam a sua
pobreza se tornam mais pobres. É tambem a razão por que as pessoas indolentes que
contemplam obstáculos e limitações se atolam cada vez mais, etc. Por isso é
importante compreender o grande alcance do poder da sugestão e aprender a
usa-lo melhor. Se não temos esse conhecimento, trabalharemos debaixo da
incredulidade. Ser incrédulo significa trazer a tona tudo o que imaginamos e acreditamos
que seja fracasso. A imagística visual é uma forma de sugestão. É somente
visual, sem o emprego de palavras ou pensamentos. O método consiste na formação de
uma imagem visual em nossa mente, como queremos. Faz-se isto com os olhos
fechados. Um bom momento para a prática desta técnica é imediatamente antes do
sono da noite e logo depois que a gente desperta pela manhã. Em outras palavras,
é quando nos encontramos sonolentos. O método se baseia no fato de que o
subconsciente tem forte tendência para veicular qualquer imagem visual
frequentemente repetida. A repetição é o segredo. Para alcançar o efeito desejado,
devemos visualizar o fato muitas vezes. É bom variar as imagens, tendo sempre em
vista o mesmo resultado.
Tempo é necessário para que uma sugestão seja absorvida e levada avante pela
mente interior.
A sugestão verbal, quando utilizada, terá mais fôrça se a ligarem a imagem
visual. Apenas pensando, podemos obter sugestão, mas é sempre bom pô-la em
palavras, falando alto se possivel.

COMO APLICAR A AUTO-SUGESTÃO


É comum querermos dar a nós mesmos sugestões; a isto se chama auto-sugestão.
Hetero-sugestão é a que é dada por outra pessoa. A hetero-sugestão dá melhores
resultados e em certos casos, acharemos melhor que alguém nos faça
verbalmente a sugestão. Mas quando formos nos auto-sugestionar é sempre bom observarmos
certas regrinhas. Por exemplo: é muito bom que escrevamos, com detalhes,
exatamente o que queremos realizar. Depois, em uma ou duas frases, fazemos uma
síntese, enunciando apenas o resultado final. Devemos entao repeti-la a nós mesmos
muitas vezes. Depois de repetir, devemos procurar distrair-nos para que o
subconsciente absorva e leve avante a sugestão sem interferência do consciente.
Já Emile Coué sustentava que a sugestão global, não específica era mais
eficiente que a detalhada. Ele achava que apenas o resultado final devia ser
sugerido, e não insinuada ao subconsciente como faze-lo. Este, o subconsciente,
estaria mais apto a decidir quanto aos detalhes e meios a serem empregados. Coué
imaginou uma fórmula geral que alcançou um vasto campo. Consiste na repetição
diária e frequente da seguinte frase:
“TODOS OS DIAS, SOB TODOS OS PONTOS DE VISTA, EU VOU CADA VEZ MELHOR”.
A repetição é um dos principais segredos para se obter resultado da sugestão,
que deve ser repetida tanto quanto possivel. Temos prova disso com os
anúncios/propaganda, que nada mais são que sugestões.
Quando pela primeira vez, se ouve a fórmula de Emile Coué, a gente sente,
mais é vontade de rir, porque a achamos um tanto infantil ou ridícula, se, neste
sentido, a julgarmos, pelos resultados que é capaz de oferecer e que,
diariamente, oferece. Não obstante, encerra, na sua simplicidade, seis palavras de uma
importância enorme: “SOB TODOS OS PONTOS DE VISTA”. Que quer isso dizer? Isso
quer dizer tudo, absolutamente tudo, todas as coisas em que se pensa, mesmo
aquelas em que não se pensa, porque se não pensarmos conscientemente nelas,
nosso subconsciente se encarrega de pensar por nós. É, portanto, uma fórmula
geral, pois se refere a tudo e, sendo geral, encerra em si todas as fórmulas
particulares que cada um acredita necessárias a si próprio. Não queremos dizer que
com ela podemos conseguir tudo. NÃO. Mas podemos conseguir tudo o que é
possivel, e o campo para isso, é muito vasto.
Quando fizermos conscientemente uma sugestão, devemos faze-la muito
naturalmente, muito simplesmente, com convicção e, sobretudo, sem nenhum esfôrço. Se a
sugestão inconsciente, é muitas vezes má, e se realiza tão facilmente, é
porque é feita sem esfôrço. Se algumas pessoas não obtém resultados satisfatórios
com a sugestão, é porque não tem confiança ou porque fazem esforços, que é o
caso mais frequente. Para se fazer uma boa sugestão, é absolutamente necessário
não fazer nenhum esfôrço. Este envolve o emprego da vontade enquanto esta deve
ser necessariamente posta de lado. É a imaginação, exclusivamente, que se
deve recorrer. É essencial também que pronunciemos as palavras bem depressa para
que não haja o menor intervalo por onde possa penetrar a idéia contrária,
entre duas vezes que as pronunciamos.
Quando se está repetindo uma sugestão, não tem importância alguma o que o
Consciente esteja pensando no momento. Se a fórmula é repetida mecanicamente, com
os lábios, em voz alta, de modo que o ouvido escute as palavras pronunciadas,
estas, por ele, penetram, no subconsciente que depois de registra-las, opera
de acordo com o sentido das mesmas. Se recomendamos que se faça a sugestão
nessas condições, é porque são justamente essas as circunstâncias em que a gente
se coloca, conscientemente, para fazer a sugestão nociva, a qual a pessoa
executa como mestre, sem jamais ter tomado lições. E por que essa sugestão nociva
é tão bem sucedida? É porque a fazemos maquinalmente, sem nenhum esforço, sem
tratarmos de nos concentrar.

A SUGESTÃO E SEUS PRINCÍPIOS


Se pretendemos conseguir algum melhoramento em alguma determinada área da
vida, é preciso que tenhamos um conhecimento minucioso dos princípios básicos da
sugestão. É importante também sabermos que durante o tempo em que estamos
escrevendo e reescrevendo uma sugestão, estamos convencendo o subconsciente do que
desejamos e, uma vez, de quando em quando, isto é o suficiente para a
consecução da melhoria desejada.
Eis os princípios básicos:

1) LEI DO MOTIVADOR EMOCIONAL POSITIVO - As emoções são os principais


motivadores dos homens. Todos os hábitos, todas as configurações de comportamento
recebem seu ímpeto da emoção. O segredo do sucesso e da felicidade na vida está
em ser capaz de dirigir e até certo ponto controlar as emoções. Por isso se
desejamos melhorar determinado aspecto de nossa vida, modificar um hábito, ou
sobrepujar um embaraço, precisamos encontrar o motivador emocional que será mais
forte do que a emoção, que atualmente nos domine. O próprio fato de que
desejamos efetuar uma modificação em tal área, implica em que o atual fator
emocional dominante é uma força negativa em nossa vida.
2) LEI DA AUTO-APROVAÇÃO - Todos nós em vários graus, preocupamo-nos com o
que os outros pensam a nosso respeito. Desejamos que eles nos aprovem. Isto
começa na infância, quando queremos a aprovação de nossos pais. E continua através
da vida. Contudo existe algo mais importante que a aprovação por parte dos
outros: é aprovar-nos a nós mesmos. Para ter paz de espírito e equilíbrio
emocional, precisamos da aprovação própria. Esse princípio é importante porque uma
sugestão não será eficaz, se for contrária a uma profunda convicção moral. Por
exemplo, internamente, podemos estar abrigando a crença de que o dinheiro é
basicamente um mal. Antes que uma sugestão relativamente ao sucesso financeiro,
possa trazer resultados, é preciso que nos reeduquemos internamente quanto ao
dinheiro.

3) LEI DO EFEITO INVERSO - Todas as vezes em que tentamos fazer uma


modificação em nossa vida por meio de um esfôrço consciente, não teremos êxito. Na
verdade, estaremos fortalecendo o hábito ou idéia que desejamos modificar. Por
exemplo, quanto mais tentamos dormir durante a noite, mais ficamos acordados.
Quanto mais tentamos lembrar de uma coisa tanto menos provavel será que
lembremos. Quanto mais tentamos remover uma idéia da mente, mais arraigada ela se
torna, etc. Portanto, a vontade não deve intervir quando estivermos utilizando a
sugestão; porque, se ela não estiver de acordo com a imaginação, não somente não
se consegue o que se quer, mas ainda se obtém exatamente o contrário.

4) ENUNCIADOS NEGATIVOS - Todas as vezes que um pensamento negativo é


acrescentado ao nosso esfôrço, arruinaremos completamente nossas possibilidades de
sucesso. Por exemplo: “Eu não terei medo”, “Eu não esquecerei”, “Eu não comerei
mais”. Enunciados desta espécie derrotam-se a si mesmo. Eles implantam na
mente um vácuo negativo. Não teremos medo, mas o que teremos então? Não comeremos
excessivamente, mas quanto comeremos? Não fumaremos, mas o que tomará o lugar
do fumo em nossa vida? É da maior importância que expressemos as sugestões de
modo positivo. Se possivel, não devemos usar uma negativa na formação de uma
sugestão. Outra fraqueza dos enunciados negativos é que mencionam as coisas que
queremos modificar, mas que fazem um apelo direto a nossa imaginação. Quando
declaramos: “Não terei medo”, imediatamente forma-se em nossa mente a imagem
do medo. Em resultados, o medo torna-se o fator dominante em nossas
pensamentos. Seria muito melhor se disséssemos: “Estarei calmo e confiante o tempo todo,
em todas as situações”. Quando fazemos uma afirmativa desta espécie, nossa
mente percebe a imagem que desejamos que ela veja.

5) LEI DO JULGAMENTO ANTECIPADO - No emprego da sugestão, convém dar a nós


mesmos um determinado prazo. Isto porque trabalhamos mais constantemente e
construtivamente quando temos um horário ou prazo a cumprir. Outro motivo para
introduzir o elemento de tempo é que o subconsciente não percebe o tempo no
sentido ordinário da palavra. É muito facil, por exemplo, distorcer o tempo quando
sob hipnose. Por simples sugestão os minutos podem parecer horas e as horas
podem parecer minutos. Não obstante, o subconsciente pode ser minuciosamente
preciso quanto ao tempo. Por exemplo, podemos sugerir ao subconsciente que nos
desperte as 5h30m da manhã, e ele será de mais confiança do que o melhor
despertador.

6) LEI DO DESEMPENHO DE PAPEL - Se fizermos de conta que acreditamos em


determinada coisa, ou se agirmos como se fosse alguma outra pessoa, isto terá algum
efeito definido em nossa atitude e comportamento. Todos nós possuimos o que
os psicólogos chamam de “auto-imagem”. Nossa auto-imagem é a maneira pela qual
percebemos determinado papel que desempenhamos na vida. Se nos visualizarmos
como um sucesso, desempenharemos o papel de uma pessoa de sucesso, se nos
imaginamos como um fracasso, seremos fracassados, etc.
7) LEI DA EXPOSIÇÃO CONCENTRADA REPETIDA - Quanto mais nos expomos a uma
idéia, tanto mais ela se torna parte de nossos pensamentos. Quando uma sugestão é
repetida com bastante frequência, ela se torna altamente eficaz. De fato,
quando uma idéia, verdadeira ou falsa, é repetida com frequência, geralmente
alguém passa a acreditar nela. Os resultados de uma sugestão são temporários, porém
cumulativos. Da primeira vez que propomos uma sugestão a nós ou a outra
pessoa, os efeitos duram poucas horas. Cada vez a duração será maior, até que,
finalmente, passa a ser um hábito padrão.

RECAPITULANDO PONTOS IMPORTANTES


Os pontos importantes que deveremos ter sempre em mente é que a sugestão que
contém um motivo fica sobrecarregada. Portanto, o exame dos motivos pelos
quais uma sugestão deve ser levada avante será um incentivo para que a mente
interior execute o que desejamos. Devemos lembrar também, ao expressarmos
sugestões, que o subconsciente toma tudo literalmente (“ao pé da letra”). Logo, nada de
expressões ambíguas. É importante também, não sobrecarregarmos o
subconsciente com muitas sugestões diferentes ao mesmo tempo. A sugestão deve ser dada de
modo positivo sem que seja uma ordem. É melhor sermos positivos que
dubitativo. É mais enfático. A mente interior deve saber que estamos falando sério.
Praticando auto-sugestão de manhã e de noite, destruiremos o mal que
porventura nós tenhamos feito, durante as horas de vigília, por meio de sugestão
inconsciente e nociva. Por isso, devemos considerar a sugestão, como um meio de
alimento moral, tão necessário, ou mais, do que o alimento físico de que nos
servimos diariamente, muitas vezes até sem apetite, com o pretexto de que, para
viver, é preciso comer bem. O indivíduo bem sucedido é aquele que aprendeu a
controlar a sugestão de modo que atende, em grande parte, somente aquilo que é
bom para ele e rejeita o que é nocivo.

AUTO-SUGESTÃO
Foi estudando a hipnose que Émile Coué chegou a preciosas conclusões sobre a
influência recíproca entre a imaginação, controlada pelo inconsciente, e a
vontade, controlada pelo consciente. Formulou a este respeito quatro leis
explicando de maneira simples o que se passa em nossa mente apavorada pelos fantasmas
do subconsciente. E terminou elaborando uma eficiente técnica de controle
mental pela auto-sugestão, convencido de que, vivemos criando para nós mesmos
situações aparentemente intransponíveis; “Quem não experimentou esta impotência
da vontade, quando somos impelidos a agir contra o que nos parece justo e bom?
Quem não sentiu na própria carne a tirania dos maus hábitos e o poder do medo
na imaginação?”
Depois de vinte anos de experiências diárias, Coué transformou em fórmulas as
complexas relações imaginação-vontade:

1- <Quando a vontade e a imaginação estão em luta, é sempre a imaginação a


vencedora, sem exceção alguma>.

2- <No conflito entre a vontade e a imaginação, a fôrça da imaginação está na


razão direta do quadrado da vontade>: Quando uma idéia sugere algo ao nosso
espírito, quanto mais nos desesperamos com a sugestão desencadeada, mais ela
será ativada. Em termos práticos: quanto mais nos esforçamos para nos libertar
de traços negativos da nossa personalidade, mais sentimos que eles se impõem.
Quanto mais a pessoa tímida luta para não se ruborizar, mais facilmente se
ruboriza. Quanto mais o insone se esforça por dormir, mais difícil se torna
conciliar o sono. E tarefas simples se transformam em impossíveis; hábitos
inicialmente superficiais terminam por nos escravizar.
Charles Baudouin, discípulo de Coué, chama a esta segunda lei de “Lei do
esforço convertido”. Seu enunciado engloba também a lei anterior: “Quando uma
idéia deflagra uma sugestão, enquanto esta idéia domina o espírito, todos os
esforços que possa fazer o indivíduo contra a sugestão deflagrada, não servirão
senão para fortalecê-la”.
Baudouin vê nesta lei o ponto mais alto das descobertas de Coué:
“O fato de não levá-la em conta, de forçar a vontade em vez de educar a
imaginaçáo, de usar esfôrço em vez de pensamento positivo, é responsável por muito
fracasso no auto-domínio”.
John Duckworth, da Clínica de Oxford para Distúrbios Nervosos, tenta
esclarecer os mecanismos psíquicos em que se fundamenta a lei do esforço convertido:
“Como isso se explica psicologicamente? A meu ver, desta forma: quando a gente
faz algo em estado de ansiedade ou nervosismo, o pensamento se torna
agudamente consciente e dirigido em torno do medo de errar, transformando-se na emoção
do medo. Esta emoção pode ser subconsciente ou mesmo consciente. De qualquer
forma, surge um efeito de sugestão de direção oposta ao que queremos, com
resultados evidentemente negativos”.
O esforço feito converte-se em força contra nós.

3- <Quando a vontade e a imaginação estão de acordo, uma não se ajusta à


outra, mas se multiplica pela outra>: Isto é, quando a vontade e a imaginação
entram em conflito, gastamos energias de ambos os lados; quando ambas concordam,
uma reforça, multiplica positivamente a outra. E os resultados serão
surpreendentes. Nesta terceira lei reside, portanto, a chave para a liberação
construtiva de grande soma de energia mental normalmente desperdiçada, ou mesmo usada
contra nós. Quando harmonizamos a vontade e a imaginação, multiplicamos o poder
de ambos e nos sentimos transportados, impelidos poderosamente para uma vida
realizadora. Imagine o que é agir livre de medos, inibições, falta de
confiança. Pois este é o fruto da harmonia entre imaginação e vontade. É que em toda
atividade humana entram sentimentos positivos como a consciência do dever, a fé,
o amor, a autoconfiança, e negativos como o medo, o bloqueio, a descrença.
Educando a imaginação, a principal projetora de sombras sobre nossa maneira de
agir, nos tornamos produtivos: não gastamos energia inutilmente tentando
superar os sentimentos negativos. E temos assim a imaginação a nosso favor.

4- <A imaginação pode ser governada>: Por quem? Pela vontade mesmo, responde
Coué. Mas uma vontade bem treinada por técnicas de auto-sugestão. Para ele,
este é o método mais simples, eficiente e econômico de influirmos sobre o nosso
próprio subconsciente.

A técnica de Coué é teoricamente tão simples que só os sucessos práticos


demonstram sua validade. Trata-se apenas de repetir vinte vezes à noite e pela
manhã a seguinte frase: “Todos os dias, sob todos os pontos de vista, vou cada
vez melhor”. A frase deve ser dita com os olhos fechados e de forma que possamos
ouvir nossas próprias palavras, como quem reza uma ladainha. O momento mais
adequado para o exercício é quando estamos entre o sono e a vigilia, pouco
antes de adormecer ou pouco depois de acordar. A mente fica sensível a mensagens
sugestivas que, gravadas mais facilmente no subconsciente, passam a operar
melhorias sob todos os pontos de vista.
Não há mágica no número vinte ressalta Coué. Mera convenção. Para facilitar a
contagem e evitar distrações, ele recomenda o uso de um cordão com vinte nós.
Como as palavras sob todos os pontos de vista incluem tudo, torna-se inútil
fazer sugestões específicas. O importante é reforçar positivamente a vontade em
geral. “A pessoa”, acrescenta Coué, “deve seguir este método durante toda a
vida, uma vez que ele é não apenas curativo, mas preventivo”.
Sofrimentos físicos e morais podem também ser curado pela auto-sugestão.
Basta procurar um lugar tranquilo e, com os olhos fechados, passar a mão sobre o
local dolorido - ou pela fronte se a dor for moral - repetindo durante certo
tempo as palavras “isto passa...isto passa ...” Segundo Coué, com a prática, a
dor cessa quase instantaneamente.
Importante: o processo da auto-sugestão não dispensa tratamento médico ou
psicoterapêutico. Não adianta curar os sintomas, se nem sabemos da causa
permanente do transtôrno.
A dor deve ser levada a sério pelos que empregam este método. Ela é um aviso
que o corpo envia ao cérebro no sentido de que algo não vai bem. Tratando
corretamente as causas, a auto-sugestão apressará a cura e, só então, diminuirão
as dores. Por outro lado, diante de uma forma muito intensa e na
impossibilidade de obter tratamento médico imediato a auto-sugestão poderá reduzir a dor a
limites mais suportáveis.
A correção de uma falha de personalidade ou um mau hábito há muito tempo
arraigados exige longa persistência nos exercícios.
Quando bem aplicado, é indiscutível a eficiência desde método tão simples,
pois ele se baseia num fato irrefutável: a sugestão produz efeitos reais sobre a
mente e o organismo. Sem notar, vivemos usando auto-sugestão, só que em nosso
prejuízo. Colocamos mil idéias negativas no subconsciente: não podemos fazer
isso ou aquilo, não conseguimos romper com tal hábitos.
Se a auto-sugestão é inevitável, por que não usá-la em nosso benefício?
Toda idéia que passa por nossa mente tem influência (grande ou pequena) em
nossa maneira de pensar e agir. Não só frases repetidas de manhã e à noite atuam
sugestivamente. Isso também acontece com as que dizemos no decorrer de todo o
dia, para os outros ou para nós mesmos.
Prova deste fenômeno, a hétero-sugestão (sugestão de alguém para outro) tem
sido empregada com sucesso na correção dos maus hábitos infantis, como roer
unhas, chupar o dedo, ranger os dentes, urinar na cama, medo da escuridão. Os
pais devem agir da seguinte maneira: logo que a criança adormece, aproximar-se a
uma distância de 50 centímetros a 1 metro de sua cabeça e repetir quinze ou
vinte vezes - de forma audível mas suave para não despertá-la - uma frase curta
escolhida com cuidado. É preferível que não contenha a palavra “não”. Após
dizer o nome da criança, explicar brevemente porque ela deve corrigir o mau
hábito. Repetir durante dez dias, ou mais, se necessário.
No decorrer do dia, não chame a atenção da criança para o defeito em causa,
pois pode despertar um negativismo inibitório. Forçada durante o dia a não
fazer o que está acostumada, ela, à noite, poderá resistir às ordens positivas da
hétero-sugestão.
Mas lembre-se: tudo isso não dispensa a necessidade de se procurar as reais
causas dos maus hábitos, que podem se originar em problemas de relacionamento,
carência afetiva etc.
É mais eficiente dirigir a sugestão para a causa dos sintomas. Há, por
exemplo, uma frase que atinge diretamente a necessidade de afeição, fonte da maior
parte das pertubações emocionais das crianças: “Papai e mamãe gostam muito,
muito, de voce”. Esta frase fará bem aos próprios pais, às vezes
inconscientemente inseguros do seu amor pela criança.
Para obter melhor resultados, você mesmo deverá descobrir, por conta própria
e através da prática, os pequenos detalhes que aperfeiçoam o método de Coué. É
impossível prevê-los minuciosamente, mesmo porque os efeitos variam de pessoa
para pessoa.
Tenha em mente as seguintes observações de ordem geral:

<Dê tempo ao tempo>: Você quer por exemplo, erradicar um velho mau hábito de
sua personalidade. Primeiro: não fique ansioso por resultados imediatos.
Lembre-se da segunda lei: na pressa de ver os resultados, você força a vontade e,
com a idéia de esfôrço, a sugestão vira-se contra você agravando o defeito.
Paciência, persistência, e os frutos virão naturalmente.
<Junte ação à sugestão>: Para consolidar os resultados já obtidos, desenvolva
ação de refôrço. Você conseguiu, por exemplo, melhorar sua memória pela
auto-sugestão. O progresso obtido só se tornará permanente se você continuar os
exercícios. Caso contrário, poderá perder terreno.

<Alterne sugestões detalhadas com resumidas>: Foi verificado


experimentalmente que, de vez em quando, convém fazer ao subconsciente sugestões mais
detalhadas, como se estivéssemos explicando as frases mais resumidas. No momento de
adormecer ou acordar é mais indicado usar as sugestões resumidas, dentro da
fórmula preconizada por Coué. Durante o dia, deixe o corpo bem relaxado, procure
um lugar sereno e vá detalhando pontos específicos da sua auto-sugestão.

<Evite o emprego da palavra “não”>: Coloque ênfase nas qualidades positivas.


Reforçadas em sua mente, elas, por si, eliminarão o defeito. Por exemplo, em
vez de sugerir “não devo irritar-me”, diga simplesmente “vou permanecer calmo e
tranquilo”.

<Não tente convencer-se contra as evidências>: O subconsciente não aceita


idéias que o consciente tem como falsas. Assim, se você está sentido alguma dor,
é inútil repetir; “Não estou sentindo dor alguma”. Diga: “Está passando, está
passando...”, ou “Sinto-me cada vez melhor...” Não faça referência à dor, isso
chama atenção sobre ela.

<Não desanime com eventuais retrocessos>. Muitos desanimam ao perceber certa


regressão depois do gratificante progresso inicil. Na verdade, tudo que é vivo
passa por fases cíclicas de crescimento e estagnação. Se você prestar bem
atenção verá que, mesmo retrocedendo, está bem acima do ponto de partida.

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