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APOSTILA DO FACILITADOR
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
IDEALIZADOR E MENTOR
O PONTO DE PARTIDA
A LINGUAGEM DO JOGO
SENTIR PARA FACILITAR
A NATUREZA SISTÊMICA DO JOGO
METODOLOGIA
ARQUÉTIPOS DO HERÓI
MAHA LILAH
História
Cono iniciar o Jogo
Quando termina o Jogo
O Tabuleiro
Nível 1
CASA 1 - JANMA, Genesis
CASA 2 - MAYA, Ilusão ou Esquecimento
CASA 3 - KRODHA, Raiva
CASA 4 - LOBH, cobiça
CASA 5 - BHU-LOKA, Plano Físico
CASA 6 - MOHA, Apego
CASA 7 - MADA, Vaidade/Orgulho
CASA 8 - MATSARYA, Avareza
CASA 9 - KAMA LOKA, Plano Sensual/Desejo
Nível 2
CASA 10 - SHUDDHI, Purificação
CASA 11 - GANDHARVAS, Diversões
CASA 12 - IRSHA, inveja
CASA 13 - ANTARIKSHA, Nulidade
CASA 14 - BHUVA-LOKA, Plano Astral
CASA 15 - NAGA-LOKA, Plano da Fantasia
CASA 16 - DVESHA, Ciúme
CASA 17 - DAYA, Compaixão
CASA 18 - HARSHA-LOKA, Plano da Alegria
Nível 3
CASA 19 - KARMA-LOKA, Plano do Karma
CASA 20 - DAAN, Caridade
CASA 21 - SAMAN PAAP, Expiação
CASA 22 - DHARMA-LOKA, Plano do Dharma
CASA 23 - SWARGA-LOKA, Plano Celestial
CASA 24 - KU-SANG-LOKA, Más Companhias
CASA 25 - SU-SANG-LOKA, Boas Companhias
CASA 26 - DUKH, Dor ou Sofrimento
CASA 27 - PARMARTH, Serviço Desinteressado
Nível 4
CASA 28 - SUDHARMA, Religiosidade Correta
CASA 29 - ADHARMA, Irreligiosidade
CASA 30 - UTTAM GATI, Boas Tendências
CASA 31 - YAKSHA-LOKA, Plano da Santidade
CASA 32 - MAHA-OR MAHAR-LOKA, Plano do Equilíbrio
CASA 33 - GANDHA-LOKA, Plano da Fragrância
CASA 34 - RASA-LOKA, Plano do Gosto
CASA 35 - NARKA-LOKA, Purgatório
CASA 36 - SWATCH, Claridade de Consciência
Nível 5
CASA 37 - JÑANA ou GYAN, Consciência da Verdade/Discernimento
CASA 38 - PRANA-LOKA, Plano da Energia Vital
CASA 39 - APANA-LOKA, Plano da Eliminção
CASA 40 - VYANA-LOKA, Plano da Circulação
CASA 41 - JANA-LOKA, Plano Humano
CASA 42 - AGNIH-LOKA, Plano do Fogo
CASA 43 - MANUSHYA-JANMA, Nascimento do Ser Humano
CASA 44 - AVIDYA, Ignorância
CASA 45 - SUVIDYA, Conhecimento Correto
CASA 46 - VIVEK, Consciência
Nível 6
CASA 47 - SARASWATI, Plano da Neutralidade
CASA 48 - YAMUNA, Plano Solar
CASA 49 - GANGA, Plano Lunar
CASA 50 - TAPAH-LOKA, Plano da Austeridade
CASA 51 - PRITHVI, Mãe Terra
CASA 52 - HIMSA-LOKA, Plano da Violência
CASA 53 - JALA-LOKA, Plano Líquico
CASA 54 - BHAKTI-LOKA, Devoção Espiritual
CASA 55 - AHAMKARA, Egocentrismo
Nível 7
CASA 56 - OMKARA, Vibrações Primordiais
CASA 57 - VAYO-LOKA, Plano do Vento/Ar
CASA 58 - TEJA-LOKA, Plano da Luz
CASA 59 - SATYA-LOKA, Plano da Realidade ou da Verdade
CASA 60 - SUBUDDHI, Intelecto Positivo
CASA 61 - DURBUDDHI, Intelecto Negativo
CASA 62 - SUKHA, Felicidade
CASA 63 - TAMAS, Obscuridade
CASA 64 - PRAKRITI-LOKA, Mundo Fenomênico
Nível 8
CASA 65 - URANTA-LOKA, Plano do Espaço Interior
CASA 66 - ANANDA-LOKA, Plano do Júbilo
CASA 67 - RUDRA-LOKA, Plano do Bem-Cósmico
CASA 68 - VAIKUNTHA-LOKA, Plano da Consciência Cósmica
CASA 69 - BRAHMA-LOKA, Plano do Absoluto
CASA 70 - SATGUNA, Natureza Verdadeira
CASA 71 - RAJGUNA, Atividade
CASA 72 - TAMOGUNA, Inércia
INTRODUÇÃO
Olá! Seja muito bem vindo ao curso de formação de facilitadores do JOGO DA VIDA. Você está
prestes a iniciar uma jornada de autoconhecimento e isso nos deixa muito felizes, afinal
proporcionar esse conhecimento que é capaz de abrir caminhos internos para a autorrealização é o
nosso propósito, é o que nos motiva a levantar da cama todos os dias pela manhã.
Entendemos que, para ser um bom facilitador, um bom guia ou mentor, em qualquer tipo de
trabalho, é preciso ter, além do conhecimento teórico, o conhecimento empírico ou vivencial. Por
isso, ao iniciar esta formação, você é convidado a participar do Jogo, antes de mais nada, como um
jogador.
Quando falamos em desvelar da consciência, isso significa iluminar os cantos escuros da psique de
forma que possamos nos aproximar da natureza essencial da alma. Por isso, não estamos falando de
um jogo qualquer, mas sim de uma experiência que se propõe a promover uma reconexão profunda
com o propósito maior da vida. E se você está agora lendo este texto é porque, de certa forma, foi
tocado pelo impulso de facilitar esse processo de autodescoberta, em si mesmo e nos outros. Sendo
assim, a sua intenção está alinhada com a intenção do Jogo e, em algum nível, o seu propósito e o
propósito do Jogo se encontram. Isso não é por acaso. Nada é por acaso. Se você busca encontrar
uma nova, inusitada e eficiente maneira de ajudar as pessoas a se conhecerem e se libertarem das
suas limitações autoimpostas, você está no lugar certo.
Para ser um bom facilitador do JOGO DA VIDA, você precisa, antes de mais nada, ser um jogador
consciente, ou seja, precisa estar constantemente buscando se conhecer, se observando e se
atualizando, compreendendo que o processo evolutivo é contínuo. A perfeição não é um
pré-requisito para um bom facilitador, até porque ela não existe (pelo menos nesta dimensão da
existência, onde a dualidade é uma lei). O processo de autoconhecimento e desvelar da consciência
é infinito e o aperfeiçoamento é eterno. Porém, o facilitador do Jogo precisa ter avançado nesse
processo pelo menos até o ponto de poder evitar projetar de seus próprios conflitos e mazelas no
outro, caso contrário, pode não facilitar, mas dificultar o processo. De qualquer maneira, mesmo
carregando suas próprias imperfeições, o facilitador comprometido com a Verdade, movido pelo
desejo sincero de ajudar o outro, obterá sucesso com o método.
É preciso ter em mente que, para ajudar o outro, você também precisa estar disposto a ajudar a si
mesmo. Por isso, esta formação se dá principalmente através da prática. O conhecimento teórico
apoia o conhecimento prático. Na medida em que jogar o Jogo, você estudará a si mesmo e
percorrerá o tabuleiro com suas inúmeras casas, que são quadrantes da consciência. Sua vida será o
seu laboratório de estudos.
IDEALIZADOR E MENTOR
NICKSON GABRIEL - Terapeuta especialista em jogos de autoconhecimento e criador da
metodologia de autoconhecimento “O Jogo da Vida”. Constelador, teatroterapeuta e storyteller,
atuou por mais de 4 anos como gestor de projetos educacionais na Rede Supera. Faz pontes entre a
psicologia profunda, os jogos de autoconhecimento e a espiritualidade prática. Atua como
professor, capacita psicólogos e terapeutas de diversas partes do Brasil e no exterior na aplicação
de jogos de autoconhecimento em processos terapêuticos.
O PONTO DE PARTIDA
Autoconhecimento é se conhecer. Parece tão simples, não é? Afinal, eu sou a pessoa com quem
tenho mais convívio - estou comigo mesmo o tempo todo. Sendo assim, supostamente já me
conheço o suficiente. Porém isso não é verdade. Existem diversos mecanismos que usamos para nos
manter afastados de nós mesmos.
Quando nos conhecemos de verdade? Quando conseguimos responder a pergunta que vale um
milhão: Quem sou eu? Quando podemos manifestar todas as virtudes e potencialidades que
nascem da minha essência estou sendo eu mesmo. Eu não sou o meu trabalho, o meu nome, a minha
história; isso tudo diz respeito à minha personalidade e não a minha essência. A minha verdadeira
identidade vai muito além dessas coisas e só pode ser revelada quando meu coração está aberto, ou
seja, quando posso amar de verdade.
Ter consciência do ponto de trabalho atual facilita e dinamiza o processo terapêutico, pois os
vetores da consciência se direcionam para esse ponto e ocorre uma aceleração.
A LINGUAGEM DO JOGO
O JOGO DA VIDA é um catalisador do processo terapêutico que tem o poder de fazer com que o
indivíduo se localize e na jornada, tendo uma visão clara dos aspectos da personalidade que
precisam ser transformados. Isso acontece de forma espontânea, porém precisa, através de um
elemento não muito utilizado no universo terapêutico, a sincronicidade. Este é um fenômeno ainda
pouco compreendido, pois envolve a leitura de sinais que se manifestam através dos mais diversos
elementos: sonhos, coincidências misteriosas, encontros inusitados, símbolos ou pequenos detalhes
da vida que, por distração, deixamos de perceber. A sincronicidade é a linguagem do Mistério. E o
Mistério é o campo de trabalho do JOGO DA VIDA.
Por isso, para trabalhar com este método e se tornar um bom leitor de sinais, é preciso estar
suficientemente atento, aberto e receptivo, podendo confiar nos sinais que o Mistério oferece. O
Jogo exige um certo espírito de aventura, que é uma atração pelo Mistério e um prazer em
desvendá-lo.
No mundo ocidental, onde trabalhamos principalmente com o aspecto lógico dos eventos, muitas
vezes nos sentimos retraídos e céticos a respeito de caminhos como esse. A mente lógica tende a
julgar tudo que ela não compreende e essa tendência acaba sendo um fator limitante. Se, em algum
momento do seu processo, você se sentir assim, saiba que faz parte do seu Jogo. Mas lembre-se de
que, se você chegou até aqui é porque o Mistério te chamou; Ele está tentando falar com você
através de sinais. Talvez você precise de um tempo para sintonizar e compreender o que isso quer
dizer ou talvez não venha a compreender, mas possa sentir. Quando se torna um perito nessa
linguagem e passa a confiar no Mistério, o trabalho se torna muito mais fácil, pois você se alinha
com a lei do mínimo esforço e se move a partir dos elementos que a própria vida oferece.
Carl Jung defende que os fenômenos sincronísticos podem ser agrupados em três categorias:
Ademais, Jung acrescenta que, "nos casos dois e três, os acontecimentos coincidentes ainda não
estão presentes no campo de percepção do observador, mas foram antecipados no tempo, na
medida em que só podem ser verificados posteriormente. Por este motivo, diz que semelhantes
acontecimentos são "sincronísticos" , o que não deve ser confundido com"sincrônicos" .
Partimos do princípio que o jogador que busca respostas através do Jogo da Vida deseja se conhecer
e se transformar. Porém, ao iniciar o Jogo, é natural que ele se depare com resistências que o
impedem de absorver as lições do momento e avançar. Por um lado, ele deseja se mover, por outro,
prefere não sair do lugar. E é essa contradição que o mantém paralisado, pois, mesmo estando
insatisfeito em relação a determinado aspecto da sua vida, o lugar atual ainda é uma zona de
conforto. Mesmo sendo uma situação difícil, na qual ele se vê mergulhado no sofrimento, pelo
menos é um lugar conhecido, onde ele se sente seguro.
Portanto, abra o Jogo reconhecendo e honrando essa coragem, demonstrando seu interesse e seu
sincero comprometimento em conduzir o jogador para onde ele pode chegar. Assim você estabelece
proximidade e começa a fazer uso de uma das principais habilidades do facilitador, que é uma jóia
de cura: a empatia. Essa capacidade de entrar em sintonia com o sentimento do outro para poder
ajudá-lo é fundamental no processo de desvendar do Mistério que se abre ao iniciar o Jogo.
Como facilitador e condutor do processo, você precisará estar suficientemente receptivo para
sentir e ouvir a voz da sua intuição e para confiar na condução do Jogo. Este é um convite para
a grande aventura que é ouvir e seguir os comandos do seu coração. O JOGO DA VIDA é uma
experiência interna que se dá no campo do Mistério, portanto só pode ser, de fato, compreendida
através do coração e vivida na medida em que nos permitimos entrar em contato com nossos
sentimentos. Afinal, quais são os nossos maiores monstros, os nossos dragões internos, as maiores
armadilhas e desafios que enfrentamos se não os nossos sentimentos negados?
É importante salientar que o método do JOGO DA VIDA não exclui outras abordagens
psicoterapêuticas, mas as complementa e acelera. Muitos terapêutas, psicanalistas, psicólogos,
entre outros profissionais dessa área buscam esse conhecimento para complementar e trazer uma
nova perspectiva para seus trabalhos.
Este é um trabalho sistêmico. Isso significa que, além do mapeamento do desafio ou ponto de
trabalho através da conversa; além da revelação através do conteúdo referente à cada casa e da
tomada de consciência dos aspectos a serem transformados através de insights, o trabalho também
acontece num nível mais sutil. Após definir o desafio e sortear o arquétipo norteador principal,
rolam os dados e o Jogo começa. Então ocorre uma mobilização interna de energia que cria um
Campo sistêmico e o inconsciente começa a se revelar com suas tramas. Esse Campo que é criado
entre o jogador, o facilitador e o próprio Jogo possibilita uma comunicação que vai além da
linguagem verbal. As sincronicidades começam a atuar e o Jogo começa a indicar os caminhos para
a superação do desafio.
Cada casa representa um quadrante da consciência. Ao parar em uma determinada casa, a energia
do Campo se move para ela. O silêncio, a entrega e a confiança no Jogo como uma manifestação da
vida, permite que a energia circule livremente nas diversas casas e níveis do tabuleiro, iluminando
aspectos sombrios da personalidade.
Por exemplo, se você cai na casa da Avareza, os sentimentos ocultos referentes a essa casa são
mobilizados e vêm à tona. O conjunto de casas reveladas pelo Jogo forma um acorde de cura que
funcionam como pontos de acupuntura na alma. Quando esses pontos são tocados no Jogo, há uma
reverberação que se estende para os dias posteriores e o trabalho continua.
Cada Jogo é único e revela uma metodologia inovadora e eficaz. O JOGO DA VIDA é um jeito
prazeroso e leve de olhar para conteúdos profundos. Por isso, ele tem o poder de acessar
quadrantes da consciência difíceis de ser acessados através de métodos convencionais.
METODOLOGIA
PRINCIPAIS FERRAMENTAS
- Maha Lilah, o "Grande Jogo": Um milenar jogo védico que ainda hoje é utilizado por rishis
(sábios) como oráculo. O tabuleiro do Maha Lilah, com suas 72 casas, é a base que
utilizamos para mapear a jornada do buscador. Mais adiante nesta apostila você encontrará
a história do Jogo.
- A Jornada do Herói, de Joseph Campbell: Assim como Jung, Joseph Campbell observou um
padrão comum em todas as histórias, contos e mitos de diversos povos. Conhecido também
como Monomito, ele observou esse padrão dividindo em 12 etapas. Trata-se de todas as
etapas envolvidas no processo de sair de um estágio de consciência para um estágio de
consciência superior.
- 12 Arquétipos de Jung: A partir da análise dos símbolos e mitos presentes em diferentes
culturas, Jung estabeleceu os 12 arquétipos da personalidade. Estes são espécies de moldes
ou padrões de comportamento, que definem formas específicas de ser. São também
símbolos e imagens culturais que estão registrados no inconsciente coletivo. Jung define os
12 arquétipos como “uma tendência inata para gerar imagens com intensa carga emocional
que expressam a primazia relacional da vida humana”. Uma espécie de impressão digital de
toda a humanidade que permanece submersa no inconsciente de todos. Estas acabam
definindo as características particulares de cada um de nós.
ARQUÉTIPOS DO HERÓI
1 - O INOCENTE
NÍVEIS
Nível Um: Aceitação incondicional do ambiente e das autoridades; crença de que o mundo,
tal como ele está sendo percebido, é tudo o que existe; dependência.
Nível Três: Retorno ao Paraíso, desta vez como um inocente sábio; confiança e otimismo
sem negação da verdade, ingenuidade ou dependência.
2 - O ORFÃO
NÍVEIS
Nível Dois: Aceitação da necessidade de receber ajuda; estar disposto a ser ajudado e
resgatado pelos outros.
Nível Três: Substituição da confiança nas autoridades por uma interdependência com
outras pessoas que se ajudam mutuamente e se associam para lutar contra a autoridade
estabelecida; desenvolvimento de expectativas realistas.
3 - O GUERREIRO
Sombrio:
Desumanidade, inescrupulosa e obsessiva necessidade de vencer, uso do poder para
conquistar, para encarar qualquer diferença como se fosse uma ameaça.
Chamamento:
Confrontar-se com um grande desafio ou obstáculo.
Nível Um:
Lutar por si mesmo ou pelos outros para vencer ou predominar (tudo é válido).
Nível Dois:
Lutar, baseado em princípios, por si mesmo ou pelos outros; atuação limitada pelas regras
de uma luta ou competição justas; intenções altruístas.
Nível Três:
Peremptoriedade; lutar ou competir pelo que realmente importa; pouca ou nenhuma
necessidade de uso da violência; preferência por soluções em que as duas partes saem
ganhando; conflitos discutidos honestamente; maior diálogo e honestidade.
4 - O CARIDOSO
NÍVEIS
Nível Dois: Aprender a cuidar de si mesmo para que os cuidados dispensados às outras
pessoas sejam algo que nos deixa enriquecidos e não mutilados; aprender a ser “duro” no
amor; dar poder às outras pessoas - em vez de fazer coisas por elas.
Nível Três: Disposição para cuidar e para assumir responsabilidade pelo bem- estar de
pessoas (e talvez, também, por animais e pelo planeta) que não sejam nossos parentes ou
amigos; construção da comunidade.
5 - O EXPLORADOR
NÍVEIS
NÍVEIS
Sombrio:
Autodestrutividade (incluindo o uso abusivo de álcool e drogas, o suicídio) e/ou a
destruição de outras pessoas (incluindo assassinato, estupro, difamação).
Chamamento:
Experiência de dor, sofrimento, tragédia e perda.
Nível Um:
Confusão, luta contra o significado da morte, da perda e da dor.
Nível Dois:
Aceitação da mortalidade, da perda e da impotência relativa.
Nível Três:
Capacidade de optar por abrir mão de tudo aquilo que não contribua mais para os seus
valores, para a sua vida e para o seu desenvolvimento e o das outras pessoas.
7 - O AMANTE
Sombrio:
Ciúme, inveja, fixação obsessiva no objeto ou pessoa amada, necessidade compulsiva de
fazer sexo, complexo de Don Juan, promiscuidade, obsessão por sexo e pornografia ou
(inversamente) puritanismo.
Chamamento:
Paixão cega, sedução, desejo ardente, fascinação (por uma pessoa, uma ideia, uma causa, um
trabalho).
Nível Um:
Buscar a felicidade e aquilo que ama.
Nível Dois:
Formar vínculos e estabelecer compromissos com quem ou aquilo que ama.
Nível Três:
Radical autoaceitação, dando origem ao Self e ligando o pessoal ao transpessoal, o individual
ao coletivo.
8 - O CRIADOR
NÍVEIS
Nível Dois: Permitir a si mesmo saber o que realmente quer ter, fazer ou criar.
9 - O GOVERNANTE
NÍVEIS
Nível Um: Assumir a responsabilidade pelo estado da sua vida; procurar curar as feridas ou
áreas de impotência que se refletem na carência da vida exterior; preocupação com sua
própria vida e a de sua família.
Nível Dois:
Desenvolvimento de habilidades e criação de estruturas para a manifestação de seus
próprios sonhos no mundo real, conforme ele é; a pessoa se preocupa com o bem do grupo
ou da comunidade a qual pertence.
Nível Três:
Utilização plena de todos os seus recursos, tanto internos quanto externos; preocupação
com o bem-estar da sociedade ou do planeta.
10 - O MAGO
NÍVEIS
Nível Dois: Inspiração para agir com base nas suas visões e torná-las reais; transformação
dos sonhos em realidade.
Nível Três: Uso consciente do conhecimento de que cada coisa está ligada a todas as outras;
desenvolvimento da arte de transformar realidades físicas através da prévia modificação
das realidades mentais, emocionais e espirituais.
11 - O SÁBIO
12 - O BOBO
NÍVEIS
Nível Um: A vida é um jogo para ser jogado pelo prazer de fazê-lo (bobo).
Nível Dois: Esperteza usada para fraudar os outros, para sair de encrencas, para dizer a
verdade sem ser castigado por isso (trapaceiro).
Nível Três: A vida é vivida plenamente no presente; ela é festejada pelo seu valor
intrínseco, um dia de cada vez (bobo sábio ou bufão).
MAHA LILAH
História do Jogo
O Maha Lilah é um Jogo antigo de autoconhecimento, cuja história remonta a milhares de anos. Nem
o autor nem o momento da criação deste jogo são conhecidos. Na antiguidade, em muitas culturas
do mundo, o nome do autor não era considerado significativo porque ele apenas expressava a
vontade do Criador.
O Jogo representa a jornada do jogador, que é ilustrada por virtudes (escadas) e vícios (serpentes).
Conhecendo seus estados internos e libertando-se da escravidão das paixões, os jogadores passam
de níveis mais baixos de consciência para níveis mais altos a fim de alcançar moksha, a liberação
final, através da fusão com a Consciência cósmica.
Cerca de 50 opções de tabuleiros de jogos estão espalhadas pelos museus do mundo. A maioria
deles foi encontrada em regiões da Índia, Nepal e Tibete. O Jogo tem pelo menos 2.000 anos e
aparece como instrumento de autoconhecimento em inúmeras tradições religiosas e escolas
filosóficas. Existem versões jainistas, hinduístas, sufistas. Há também evidências da existência de
versões budistas.
De acordo com a cultura, o Jogo ganhou um nome diferente. Aqui estão alguns exemplos:
O Jogo, na versão que estamos estudando aqui, se manifesta através de um tabuleiro com 72 CASAS.
O tabuleiro contém 10 ESPADAS que representam as principais virtudes ou qualidades da alma e 10
SERPENTES que representam aspectos de sombra interior. O tabuleiro é dividido em 8 níveis ou
linhas, com 9 casas cada. São 7 níveis correspondentes aos 7 chakras e o último nível que
corresponde ao plano divino.
Quando o jogador pára numa casa onde há o punho de uma espada, este é levado a visitar a casa
onde está a ponta da espada. Quando ele pára em uma casa onde há a cabeça de uma serpente, ele é
chamado a descer até a casa onde está a ponta do rabo dela. Esse movimento representa os altos e
baixos inerentes ao processo evolutivo.
Dentre as variadas versões do Maha Lilah que se manifestaram no Oriente, nos propomos a
trabalhar e honrar a versão resgata pelo sábio Harish Johari, um cientista indiano, especialista nas
escrituras do hinduísmo, filósofo, artista, mestre da astrologia védica, numerólogo, escultor, poeta,
músico e escritor. Graças ao seu trabalho de restauração de textos perdidos, o Maha Lilah tornou-se
um Jogo compreensível e agradável para nós.
- Alguns minutos de silêncio são fundamentais para a preparação do Campo do Jogo e para
que haja uma sintonização com a pessoa ou o grupo que será atendido.
- O ambiente também precisa estar harmonizado. A maneira como você prepara o ambiente
reflete completamente no Jogo. E isso é importante também no atendimento online, pois é
uma questão energética que pode ser percebida à distância.
- Deixe o tabuleiro colocado no local onde será feito o atendimento, juntamente com as
cartas dos 12 arquétipos.
- O Jogo poderá ser jogado em uma mesa ou no chão, o que vai depender do quão
confortável você se sente para isso e também do perfil do jogador. Se o atendimento for no
chão, ofereça uma almofada ou uma cadeira de meditação para o seu cliente. O tabuleiro
deverá ser colocado de frente para o jogador de forma que ele possa ler os nomes das casas.
- Se fizer sentido, você pode preparar um altar com uma ou mais imagens que te ajudem a
estabelecer conexão com o grande Mistério. Faça isso somente se houver um comando
interno, pois o ideal é deixar o ambiente o
mais neutro possível. Uma vela e flores
sempre são bem-vindos.
CICLO DE RESPIRAÇÃO 4 / 4 / 6 /2
- Conduza esse exercício por 3 ciclos e pratique junto com o jogador por mais 3 ciclos. Para
finalizar esse período, é útil usar um sino tibetano ou então um aplicativo que simule o som
de um sino.
- Inspire o jogador a refletir sobre o que ele está buscando no Jogo. A ideia é fazer com que a
pessoa entre em contato com suas insatisfações e desafios atuais, podendo assim
identificar qual é o seu ponto de trabalho. Faça isso levando ela a refletir sobre qual área
da vida tem sido mais desafiadora no momento. O que tem sido motivo para ela perder o
sono, a paciência e a vitalidade, quer seja no trabalho, na vida financeira, nos
relacionamentos, na família, entre os amigos ou na vida espiritual. Não permita que a
conversa se estenda muito nesse momento. Seja objetivo. A resposta deverá ser direta,
específica e objetiva. Ao perceber que a pessoa está desviando do ponto, traga-a para a
presença. Isso pode ser percebido através da energia que se manifesta enquanto ela fala.
- Após o desafio ter sido definido, o sorteio do arquétipo pode ser feito. Tendo em mãos as
cartas dos 12 arquétipos, convide o jogador a concentrar-se no seu desafio para então
escolher uma das cartas.
- Um objeto pessoal do jogador (que contenha sua energia)poderá ser usado no tabuleiro
durante a jornada através das diversas casas do Jogo. Porém, se o atendimento não for
presencial, você poderá usar um objeto genérico, como uma pedra, uma estátua pequena ou
qualquer coisa que represente a pessoa. Ao colocar esse objeto no tabuleiro, focalize o
jogador trazendo-o para a sua consciência e para o Campo do Jogo.
- Agora o dado já pode ser jogado. O jogo começa na casa 6, Moha, o apego.
- Se sentir que é importante, antes de iniciar o Jogo, você poderá falar um pouco sobre a
história do Jogo, como ele funciona e sua cosmogênese. Isso não é necessário, mas pode ser
útil como forma de ampliar a consciência do jogador a respeito do propósito do Jogo. Mas,
caso não queira fazer isso, permita que o Jogo inicie assim mesmo.
- Não jogamos o Maha Lilah com a intenção de chegar à última casa do Jogo, mas com a
intenção de receber a revelação da verdade. O compromisso do Jogo é com a verdade, seja
ela qual for. O objetivo portanto é fotografar o que não está alinhado com ela, agradando ou
não o jogador. O papel do facilitador não é satisfazer a vontade do cliente, mas sim guiá-lo
numa jornada de autoconhecimento.
- Sendo assim, a busca não é pela iluminação, mas sim pelo insight que leva o jogador a
compreender o que o Jogo ou a vida têm a dizer em relação ao seu ponto de trabalho no
momento. Normalmente esse insight chega dentro de 4 jogadas, quando se forma um
"acorde de cura" e o jogador compreende o que precisa ser compreendido. Cada casa
funciona como um ponto de acupuntura que, durante algum tempo, fica irradiando energia
e estimulando a transformação.
- Dependendo do caso, pode ser necessário jogar mais uma ou duas vezes, formando acordes
maiores. Nesse caso, fique atento pois há grande chance do jogador não estar conseguindo
enxergar o que o jogo quer mostrar.
- A sessão normalmente dura 2 horas, mas isso também pode variar de acordo com cada
pessoa e cada facilitador.
- Quando sentir que o Jogo já disse o que precisava dizer, finalize o atendimento fazendo
mais alguns minutos em silêncio. Se desejar, agradeça internamente ao grande Mistério
pelos insights recebidos e pela oportunidade de ser um canal de autoconhecimento e cura;
ore para que a pessoa siga seu caminho com maior clareza e possa encontrar a cura para o
seu desafio.
O TABULEIRO
Este chakra se relaciona com os aspectos materiais da vida, a sobrevivência e as necessidades básicas.
Ele representa a raiz do edifício da consciência, pois é onde repousa a energia Kundalini, a força vital
que, quando acordada, ascende aos chakras superiores, promovendo o despertar da consciência em
seus diversos níveis. Conhecido também como chakra básico, esta é a sede das matrizes do ego e da
energia sexual.
A Genesis nos fala sobre como o Jogo foi criado. Em algum momento, o Criador, que é a
própria Consciência amorosa, foi tomado pelo desejo de se expressar e expandir a si mesmo
através da criação. Então, para que o amor pudesse expandir, era necessário esquecer de si
mesmo para que, ao retornar a si (lembrando da sua origem) se tornasse um amor
consciente. Assim foi criado o grande Mistério, pois esta seria a única maneira de
experienciar a criação sem antes conhecê-la. A Consciência, que é pura luz, cria um princípio
que é também uma lei deste plano: a dualidade. Inicia-se um jogo de luz e sombra.
A sombra tem uma função no Jogo. É através dela que a Consciência experiencia a própria
luz. Imagine por um instante um lugar onde só existe luz, o que você veria? Nada. A
Consciência se expande através do jogo da vida. E nós somos os protagonistas deste Jogo.
Carregamos dentro de nós a própria essência do Criador, a centelha divina, que é o Amor.
Nosso propósito é expandir o amor através do despertar das nossas virtudes e dos nossos
dons e talentos. É por isso que dizemos que a vida é uma escola de amor consciente.
Toda criança deseja ser amada. E não somente amada, mas amada exclusivamente. Porém
essa necessidade nunca será suprida já que não existe amor exclusivo. A natureza do amor é
a inclusão. Quando experienciamos o amor, quer seja por uma pessoa, por uma criança, por
um animal, a nossa capacidade de amar naturalmente se expande. Portanto não existe amor
exclusivo e inevitavelmente a criança terá suas expectativas frustradas. Mesmo as crianças
mais adoradas e mimadas têm, em algum momento, a sensação de que não foram
suficientemente amadas. Isso faz parte do jogo da vida. A frustração do desamor, nos leva
diretamente para a próxima casa do Jogo.
Quando a criança não é atendida no seu desejo de amor exclusivo, ela se sente insegura e
acaba buscando uma maneira de se proteger e de restaurar o sistema ferido pelo desamor.
A raiva surge como uma defesa natural, instantânea e automática. Esta é a primeira
alternativa que o sistema da criança encontra para tapar o buraco gerado pela carência
afetiva.
A raiva funciona também como um anestésico para a dor. E juntamente com ela, vem a
culpa, que funciona como uma infecção na psique. Nos culpamos porque, ao mesmo tempo
em que amamos nossos pais, nós também sentimos raiva deles. Além disso, quando a
criança não é amada, ela entende que existe algo de errado com ela e sente culpa. E essa
culpa gera o auto-ódio que, mais tarde, normalmente se manifesta como autopunição e
autodestrutividade. Outro fator agravante para a culpa é a cultura: sentir raiva dos pais é
culturalmente abominável. Mesmo sendo natural, a raiva é condenada pela nossa sociedade.
Krodha também se relaciona com o fogo e é a casa dos pactos de vingança. Quando sente
raiva, a criança inconscientemente bloqueia o fluxo do amor e, como um mecanismo de
proteção, deseja se vingar: "Eu não recebi o que eu queria, então não vou dar o que tenho
para dar". Então, a partir dos pactos de vingança, surgem as máscaras. A raiva é uma
distorção do atributo divino do poder e pode se disfarçar de autossuficiência e indiferença,
assim como pode se manifestar na sua forma mais óbvia: a agressividade. Quando a energia
da raiva é domanda e reconvertida, ela se manifesta como poder de ação e realização. Quem
tem essa energia estabilizada, sabe impor limites saudáveis nas relações sem manifestar
agressividade.
O eu idealizado se transforma em um tirano cruel que exige da criança nada mais nada
menos do que a perfeição. Então ela coloca toda sua energia vital no desejo de tornar-se
perfeita. É aqui que nasce a obstinação, que é prima da cobiça.
Para a criança, ser amada pelos pais é tudo. Os pais são o seu mundo e não ser amada por
eles representa a morte. Com isso, para proteger-se, ela fica obstinada em tornar-se esse eu
idealizado para agradá-los e garantir sua sobrevivência. O problema é que essa perfeição
não existe e a criança fica submetida à tirania do eu idealizado, que está sempre apontando
defeitos e gerando mais sentimentos e inadequação, insuficiência e inferioridade. Esses
sentimentos agravam a obstinação que, por sua vez, provoca mais raiva e mais cobiça.
Cria-se um círculo vicioso autoperpetuante.
Para interromper esse círculo é preciso cortar o mal pela raíz. A cobiça só pode ser
dissolvida quando entramos em contato com a real necessidade que está por trás dela. Ela é
uma desconexão com aquilo que realmente necessitamos, ou seja, com aquilo que, de fato,
poderá nos nutrir e suprir a carência. Portanto, a cobiça é uma distração que nos leva a
buscar por coisas, pessoas e experiências que não nos preenchem e apenas nos afastam
daquilo que realmente importa.
Mas, para irmos na direção do que importa e nos preenche, é preciso ter coragem de olhar
para a ferida do desamor.
CASA 5 - BHU-LOKA, Plano Físico
Bhu-loka é a sede do chakra básico, portanto incorpora seus atributos. Esta é a sede da
energia sexual e de suas distorções. A luxúria nasce aqui, porém, se faz presente em todo o
Jogo, já que a sexualidade está na base da estrutura da personalidade. Quando a energia
sexual, que deveria servir ao amor, é distorcida e passa a servir ao ódio, surge a luxúria.
Atuamos na luxúria quando usamos a nossa energia sexual para dominar e obter poder
sobre o outro. Estando desconectados do amor e do prazer original, o êxtase divino,
acabamos nos deixando seduzir pela luxúria e seus pratos fáceis e saborosos. É quando a
energia sexual casa com o sofrimento.
A luxúria é mãe da voracidade, das compulsões e da preguiça. Muitas vezes, ela se manifesta
através de um prazer que sentimos ao imaginar determinadas situações fantasiosas, não
somente no que diz respeito ao sexo. Por exemplo, você sente prazer imaginando ser uma
pessoa muito bem sucedida, famosa e adorada por todos. Essa fantasia traz um prazer, mas
você não usa a sua energia para, de fato, realizá-la. O que você faz é se distrair e desvitalizar
com essa imaginação. Mas quando essa energia é trabalhada e canalizada de forma positiva,
você se torna um realizador. A luxúria, quando purificada e reconvertida, se transforma em
devoção. E a devoção (casa 54, bhakti-loka) é o caminho mais rápido para a iluminação
espiritual (casa 68, Consciência Cósmica).
O propósito maior do Jogo é irmos além dele mesmo, ou seja, é desapegar da própria
identidade que usamos para jogar. Porém, para desapegar, precisamos ter o que entregar.
Faz parte do jogo construir uma estrutura de ego forte para, mais adiante, poder
desconstruí-la.
Esta casa também tem a ver com o propósito de vida, que é a forma única como o amor se
manifesta através de nós. Cada um tem sua personalidade, sua identidade, e toca seu
instrumento do seu próprio jeito. Essa singularidade é divina, porém, ainda não é a nossa
verdadeira identidade. E somente abrindo mão da falsa identidade podemos conhecer a
identidade real.
O orgulho é difícil de ser desferido, pois ele protege a si mesmo. Como ser orgulhoso é
sinônimo de ser inferior, o orgulho se esconde de si mesmo. Por isso, pode ser bastante
desafiador lidar com essa estrutura, mas o Jogo é muito bom para desmascarar o orgulho e a
vaidade.
O jogador orgulhoso normalmente demonstra estar resistente ao que o Jogo revela. Ele não
quer deixar transparecer suas fraquezas e fragilidades, mas quando chega nesta casa,
imediatamente o orgulho é desarmado. O Jogo naturalmente derruba essa estrutura.
Ao parar nesta casa, o jogador está sendo convidado a estudar um pouco mais sobre as suas
máscaras. E o facilitador precisa olhar para os sentimentos que estão por trás delas e não
para o orgulho em si. O foco é enxergar a ferida e não o sintoma. A armadilha do facilitador
aqui é identificar-se com o orgulho do outro e não fazer empatia com a sua dor. Nesta casa, o
trabalho é dar a mão para o jogador para que ele consiga se fragilizar e, de fato, receber
ajuda.
Quando temos consciência do nosso próprio valor, não somos orgulhosos, somos humildes.
Nossa mente não fica vagando em busca de alternativas para agradar mais aos outros ou
para parecer melhor do que eles. Não desperdiçamos energia pensando sobre o que as
pessoas vão pensar de nós ou sobre como seremos reconhecidos. Nós sabemos o nosso
lugar no mundo e assumimos esse lugar sem medo.
Apesar de estar sediada no chakra básico, a vaidade vai até o sexto chakra. Mesmo aqueles
seres que estão na antessala da iluminação e que conquistaram poderes espirituais e estão
podendo amar e navegar nos planos mais elevados da consciência, podem ser derrubados
pelo orgulho e pela vaidade.
CASA 8 - MATSARYA, Avareza
Esta é uma das casas que mais acessamos no Jogo. A avareza se relaciona com a ideia da
falta e normalmente aquilo que nos falta se relaciona com o nosso ponto de trabalho, que é o
desafio que trazemos para o Jogo.
Se algo nos falta é porque nos falta dar algo. Se estou dando o que vim para dar; se estou
entregando o que está no meu programa para ser entregue, nada me falta. O estado de
bem-aventurança, de prazer, se dá através do fluxo do dar-receber. O principal ensinamento
desta casa é: dar e receber são faces da mesma moeda, são uma coisa só. É dando que se
recebe. Quem dá de verdade, naturalmente recebe.
Aqui é onde mora o medo da escassez. Fomos educados numa cultura de medo da falta. Se
não trabalharmos muito, não teremos nossas necessidades atendidas. Passamos a vida
inteira ralando para acumular bens materiais porque temos medo que nos falte alguma
coisa.
No caminho desta casa, muitas vezes está a Ira (casa 3), pois a avareza se relaciona com os
pactos de vingança: "Eu não recebi o que queria, então não vou dar o que tenho para dar".
Por isso, tantas vezes queremos nos mover em direção à realização do propósito e da
prosperidade, mas não conseguimos avançar. Porque a prosperidade e o propósito só
podem ser colocados em movimento quando finalmente damos o que temos para dar. E se
existem pactos de vingança, nos deparamos com resistências que, muitas vezes, não
conseguimos compreender. Não entendemos porque, ao nos movermos na direção do que
queremos, algo nos deixa paralisados.
Porém, a Avareza muitas vezes nos cega, porque, se continuarmos sem saber o que temos
para dar, não precisamos nos responsabilizar e fazer o que precisa ser feito. Essa é uma
estratégia que a avareza usa para continuar não entregando o que precisa entregar. E, por
trás dessa estratégia, sempre há raiva e vingança.
O medo também está nos cômodos desta casa. Existe uma falta de confiança no fluxo da
vida. Não acreditamos que a vida vai suprir todas as nossas necessidades. Acreditamos que,
se dermos o que temos, isso vai nos faltar mais tarde. Normalmente quando paramos nesta
casa, o Jogo está nos levando a olhar de frente para o medo com o objetivo de construir a
coragem necessária para fazer o que precisa ser feito.
Esta casa quer nos lembrar que, na verdade, não existe falta neste mundo. O medo da
escassez é uma ilusão, um desperdício de energia e um mecanismo de construção da
realidade, ou seja, o medo acaba gerando a escassez.
Portanto, ao parar nesta casa, o jogador precisa investigar o que ele tem para dar, mas se
nega a oferecer. Uma nuance da avareza é quando damos muitas coisas menos o nosso
principal tesouro.
A vida está constantemente nos dando tudo que precisamos. Mas, muitas vezes, o que
precisamos chega de maneiras inesperadas, que não gostamos ou que não estamos prontos
para aceitar. Eventos desagradáveis, decepções, fracassos, perdas… Tudo isso chega para
nos ensinar alguma coisa e precisamos estar prontos para receber. Se temos essa
compreensão, estamos sempre gratos por tudo que a vida nos dá.
O desejo é o oposto da gratidão. Ele sempre olha para fora, para o lado da falta, e isso gera
compulsão, voracidade, consumismo, competição e uma série de outras distorções. Esta é
também a casa da gula que também funciona como um mecanismo de amortecimento da
dor.
A chave para atravessar o desafio desta casa é conectar-se com aquilo que verdadeiramente
nos preenche e nutre. E isso já está disponível, dentro de nós.
Este é o chakra dos relacionamentos, da procriação, da família, da sexualidade, dos órgãos genitais, da
língua (sensualidade), do movimento e da criatividade. É o campo da imaginação, das ideias, dos
sonhos.
Esta não é uma casa agradável de estar. A Purificação pode ser bastante desconfortável. Ela
funciona como um processo de desintoxicação e exige mudança de hábitos e padrões. É
como se algo estivesse morrendo dentro de nós e, se estamos identificados com isso,
inevitavelmente sofreremos a dor do apego.
Shuddhi normalmente se manifesta como uma crise, uma perda, uma doença… É algo que
nos chacoalhe e nos coloca em movimento. É como uma pedra que cai numa água parada.
Existe uma estagnação, uma paralisia, então a vida traz esses elementos de choque para
podermos ter coragem de sair de onde estamos, que provavelmente é uma zona de conforto,
onde já há possibilidade de crescimento. A natureza do Jogo é crescimento e expansão e a
Purificação é um instrumento do Jogo.
A paralisação é um estado de dormência dos nossos talentos; é quando o poder pessoal está
apagado. Portanto não existe energia. O jogador que pára nesta casa, pode estar se sentindo
desvitalizado, desanimado, deprimido. E normalmente está fazendo uso de amortecedores
da consciência para não sentir a dor que está por trás da paralisia.
Nesta posição do Jogo, o jogador tem a oportunidade de conectar-se com a força da alegria.
Esta casa representa um atalho, uma maneira de flexibilizar e simplificar as coisas. Uma das
qualidades do Maha Lilah é justamente esta: tratar do autoconhecimento de uma forma
mais leve, mais agradável, lembrando que tudo é apenas um jogo e que nós somos
jogadores.
Estando tomada pelo tirano interno, ao acessar as Diversões, a pessoa pode entrar ainda
mais na culpa, se criticando por não conseguir ser mais leve. Esta casa é uma tomada de
consciência do eu idealizado e da constante culpa que não nos permite sentir prazer. Ela
evoca a necessidade de encontrarmos soluções leves e criativas para os problemas.
A Inveja é uma matriz difícil de ser percebida, quanto mais reconhecida pelo buscador. Ela
se relaciona a uma ferida de inadequação, a um sentimento de incapacidade, de impotência
e inferioridade. Quando alguém - através do seu brilho, do seu sucesso, da sua força ou da
sua beleza - toca nessa ferida, a inveja solta o seu veneno, que é o desejo que o outro não
brilhe.
O invejoso inconscientemente deseja colocar o outro para baixo, de forma que ele possa se
sentir menos inferior. Existe um prazer em ver o outro cair.
A Inveja é uma matriz muito disfarçada. Disfarçamos inclusive para nós mesmos, pois é
difícil de lidar com a consciência desse desejo maldoso dentro de nós. Muitos disfarçam a
inveja com uma falsa admiração. Quando admiro, eu desejo ver o outro brilhar. A Inveja é
bem diferente e age de maneira sorrateira e astuta. Muitas vezes, o invejoso elogia o
invejado, mas logo depois aponta um defeito: “Fulano é muito legal, mas tem esse
problema”. O invejoso normalmente abre um sorriso amarelo ao ouvir a boa notícia do
invejado.
A energia da Inveja vem sempre com uma carga forte de rejeição. Por isso, muitas vezes,
acionamos um mecanismo inconsciente de proteção que é esconder o nosso brilho para não
causar inveja no outro. A pessoa invejosa pode ser um familiar, um amigo, ou seja, alguém
com quem nos importamos e por quem desejamos ser aceitos. Mas, se estivermos menos
identificados com a nossa própria ferida de inferioridade, não seremos afetados pela inveja
do outro, porque não dependemos da sua aceitação. Nesse caso, podemos inclusive ajudá-lo
espelhando suas qualidades positivas, ensinando e demonstrando que existe um caminho a
ser percorrido para chegar onde estamos e que ele também pode brilhar. Se não nos
permitimos brilhar por causa da inveja do outro, perdemos inclusive essa oportunidade de
ajudá-lo.
Quando amadurecemos e nos libertamos da vaidade, podemos brilhar sem gerar inveja. A
vaidade e o orgulho são irmãs da inveja. Elas atuam juntas. Quando construímos algo com
base na vaidade, acabamos sempre atraindo a inveja, pois inconscientemente comunicamos
que somos especiais, que somos melhores que os outros, e isso alimenta essa energia. Mas,
se estivermos íntegros, cientes do nosso real valor, a inveja não nos atinge. Porém, é
importante estar sempre atentos porque a inveja, principalmente aquela inconsciente, lança
uma carga forte de ódio que pode gerar destruição.
O chamado desta casa é conectar-se com a sua própria força, que está na sua essência, que é
a expressão genuína do seu valor. A chave é parar de se comparar e olhar para dentro para
encontrar o autovalor; descobrir o que você tem para dar. Não estando conscientes do nosso
valor, nos comparamos com os outros e acabamos desejando ser algo diferente do que
somos. Não adianta querer ser um limoeiro se você é uma jaqueira. Uma jaca nunca dará
uma boa limonada.
Portanto, esta casa se relaciona com a preguiça, que é uma matriz bem pouco compreendida
e difícil de trabalhar. A nossa cultura condena a preguiça, pois é uma cultura do fazer
compulsivo. Entende-se a preguiça como um desvio de caráter. Julgamos o preguiçoso
acreditando que ele está fazendo “corpo mole” para tirar vantagem das situações. Porém,
até mesmo aquela pessoa superativa, o "workaholic", pode estar atuando na preguiça,
porque o fazer compulsivo é, na verdade, uma fuga. A pessoa faz muitas coisas justamente
para não fazer aquilo que precisa ser feito. Portanto, o facilitador que está acompanhando o
jogador nesta casa, precisa se libertar dos julgamentos morais a respeito desse sintoma e
acordar a compaixão, compreendendo que por trás da preguiça existe muita dor e
sentimentos congelados. Ao mesmo tempo, é preciso ficar atento, pois pode existir uma
tendência de atuar na máscara da vítima, da submissão, já que o preguiçoso normalmente
está desvitalizado.
O ensinamento desta casa é portanto aprender a liberar a energia da raiva de forma que ela
não cause tanta destruição. Isso significa aprender a canalizá-la para a construção de algo
positivo como, por exemplo, a arte, o trabalho, o esporte e as lutas marciais.
Aqui também somos convidados a olhar para os amortecedores que usamos para não sentir
a raiva. Quando tomamos consciência disso e nos dispomos a fazer essa energia circular, a
própria vida nos proporciona as oportunidades certas. A catarse como ferramenta
terapêutica pode ser uma boa maneira de liberar essa energia represada no sistema.
Normalmente, a pessoa que chega nessa casa traz um desafio ligado à esfera dos
relacionamentos. Pode haver uma dificuldade de se abrir para o outro, de se entregar, de se
fundir, de aprofundar na intimidade ou de abrir espaço para Eros. Podemos trazer para essa
casa o estudo do arquétipo do amante que nos fala justamente sobre a arte da entrega e da
dança entre masculino e feminino.
Por estar relacionada à sexualdiade, esta é uma casa especialmente complexa, pois é nessa
esfera que estão as marcas da repressão, a vergonha, a castração, a dificuldade de
expressão, a luxúria, a gula... Pode haver muita energia estagnada e se torna delicado
aprofundar nisso tudo. Neste caso, o papel do facilitador deve simplesmente deixar que os
conteúdos aflorem de forma natural, sem forçar.
Se você é terapeuta e trabalha com o processo da análise, será possível compreender qual é
a mensagem da casa para o jogador. Mas, caso não seja possível compreender, confie no
poder do campo sistêmico do Jogo. Confie que o trabalho está acontecendo
independentemente de você. Relaxe e simplesmente deixe acontecer.
Como a energia sexual é a própria energia criativa, a pessoa chega nesta casa também pode
estar com uma questão relacionada à criatividade. Talvez algo, um projeto, uma obra
artística ou um empreendimento, precise se manifestar através dela.
O outro aspecto desta casa é a ilusão, que se manifesta como necessidade de escapar da
realidade e de inventar histórias para convencer-se de algo, o que é um outro nome para o
autoengano. Existe uma tendência de idealizar cenários, criando ideias utópicas que não
condizem com a realidade.
Quando vista por este ângulo, Naga-Loka traz um questionamento: O que não estou
querendo enxergar? Como posso estar distorcendo a realidade para continuar não
enxergando? O que preciso ver para avançar na jornada?
A fantasia, quando não atendida, gera frustração e perda de energia. Quando estamos
colocando energia em algo que não tem a ver com a nossa essência ou propósito, essa casa
vem nos dizer que um processo de desconstrução precisa ser atravessado. Porém, não cabe
ao facilitador ser o agente desse processo dando flechadas no outro ou indicando por onde
ele deve seguir. O Jogo se encarrega disso. O papel do facilitador é apenas provocar o
questionamento.
Ao observar o significado desta casa, tendo em vista o caminho percorrido pelo jogador até
então, será possível perceber qual é o aspecto que está sendo evocado. Por exemplo, se o
jogador, antes de parar aqui, passou pela casa das Diversões, talvez o recado seja para
exaltar o aspecto lúdico da Fantasia. Mas se o jogador passou pela casa do apego, isso pode
representar o fato dele não estar aberto para enxergar outra realidade. Nesse caso, ele não
consegue ver que algo precisa mudar.
CASA 16 - DVESHA, Ciúme
Esta casa se relaciona a um certo tipo de insanidade que se manifesta como desconfiança,
paranóia ódio, apego, controle… No fundo, o ciúme é uma profunda desconexão consigo
mesmo e com o própria força. Quando não acreditamos em nós mesmos, inconscientemente
colocamos nosso próprio poder na mão do outro, fantasiando que ele pode preencher o
buraco da nossa carência afetiva. Dessa forma criamos uma relação de dependência
extremamente nociva porque, ao depositar no outro a nossa necessidade de segurança e de
amor, projetamos nele o próprio sentido da vida e, sem perceber, acreditamos que a nossa
felicidade depende dele. Essa dependência gera um enorme apego e qualquer movimento
que ameace a relação gera ciúme.
A cabeça da serpente situada nesta casa nos leva diretamente para a casa da Cobiça que,
basicamente, é a querer algo de fora para preencher um vazio interior. O medo, a
desconfiança, a paranóia fazem o jogador voltar para a base, o primeiro chakra. Pode haver
também um auto-ódio proveniente do não reconhecimento do próprio valor. A pessoa
projeta o seu valor no outro e teme ser rejeitada por ele. Ela é assombrada por um fantasma
interno que está constantemente repetindo que ela será trocada por outra pessoa. O seu
maior temor é o da traição. E, na maioria das vezes, ela acaba criando situações que
comprovam essa crença.
O ciúme pode ser vivenciado de outras maneiras não tão literais, através do controle
excessivo, do domínio, da posse e da necessidade de colocar o outro para baixo. É
importante lembrar que o ciúme pode se manifestar em qualquer tipo de relacionamento:
na família, na busca de reconhecimento dos pais, em relação aos amigos ou até mesmo ao
chefe.
O questionamento básico dessa casa é: O que, de fato, te preenche? Qual é o buraco que você
está tentando tapar? Qual é a sua necessidade real?
Muitas vezes, o Jogo alerta para uma necessidade de desenvolver autocompaixão, porque, se
não tenho compaixão comigo mesmo, não tenho com o outro. Para isso, é importante ter
coragem de expor sua fragilidade, tanto para o outro quanto para si mesmo.
A compaixão é uma energia amorosa que se move na direção da fragilidade do outro. É estar
junto com o outro na sua dor, no seu desafio. É um mergulho de profunda aceitação e
empatia. A compaixão, assim como o perdão, possibilita milagres. É um poder que nos eleva
a um nível maior de amorosidade, o amor incondicional.
Agora não é momento de usar a mente procurando destrinchar o significado que está por
trás dessa parada. O coração fala muito mais alto. Como facilitador, seu papel é estabelecer
uma conexão com o outro, procurando sentir o seu coração. Sempre lembrando que você dá
apenas o que tem para dar e não adianta ficar inventando algo para dizer.
Observe o caminho percorrido, as dores e desafios que foram revelados nesse percurso, e
faça empatia. Se torne um canal da compaixão. Lembre-se: a autocompaixão facilita a
compaixão. É preciso ter compaixão com os próprios defeitos; perdoar as próprias falhas.
Daya também nos fala sobre a necessidade de abrir mão do perfeccionismo, lembrando que
sempre temos escolha. O lívre arbítrio é um produto da compaixão divina. A própria criação
é uma expressão da compaixão do Criador. Nós somos seres divinos.
Porém, também pode existir a falsa alegria, aquela que procura escapar da dor e da
profundidade dos desafios da vida. Quando a alegria é verdadeira, ela é um elixir para a
alma. Ela nos nutre e dá energia para aprofundarmos no processo de autoconhecimento e
também para acessarmos dimensões mais elevadas de consciência. Se não podemos
celebrar a vida através do contato com a natureza, da dança, da amizade e da beleza, não
encontramos energia para seguir em frente na jornada.
A Alegria é o dharma do Maha Lilah, que é um jeito lúdico de enxergar e lidar com as
questões profundas da vida.
Este chakra traz a energia de ação. Relaciona-se ao arquétipo do Guerreiro e com a energia masculina
em nós. A compreensão da dança das energias opostas ajuda muito na definição do que está sendo
trabalhado no momento. Às vezes trabalhamos mais o feminino, às vezes mais masculino.
CASA 19 - KARMA-LOKA, Plano do Karma
Karma significa ação, mas aqui estamos falando da ação possível de ser realizada,
independentemente dos nãos internos. Muitos compreendem o Karma como algo negativo,
uma consequência de uma escolha equivocada do passado. E pode ser lido dessa maneira,
mas o Karma vai muito além disso. Ele é a lei que rege o Jogo em equilíbrio com o Dharma.
Uma maneira de compreender essa casa é como um local de parada, onde ficamos por um
tempo aprendendo uma lição específica. Karma pode ser lido como uma dívida de
aprendizado, mas também como uma dádiva, pois através dele aprendemos o que
precisamos aprender para a nossa evolução.
Na tradição hindu, existe o Karma Yoga, que é o caminho da autorrealização através da ação
ou do serviço desinteressado. Essa é portanto a casa da ação correta, o que significa alinhar
o Karma (ação) com o Dharma (missão). Dharma é o caminho correto, aquele que leva à
liberação.
É importante compreender que uma ação não necessariamente envolve movimento. Existe
ação na inação e inação na ação. Nossos pensamentos e sentimentos são ações e também
geram reações.
Em resumo, a parada nesta casa, indica que algo que precisa ser feito não está sendo feito ou
que existe um desalinhamento entre o que fazemos no mundo e o nosso propósito de vida.
Reflexões: O que você precisa fazer agora? O pode ser feito no momento?
A caridade é uma ação que nasce do coração e portanto se alinha com o Dharma. Ela é a
expressão mais pura da ação correta. Através da caridade, nos elevamos para o chakra do
coração.
Ao parar nesta posição do jogo, o jogador está sendo convocado a colocar seu amor em
movimento através de uma doação compassiva e desinteressada. É preciso relacionar o
desafio ou ponto de trabalho trazido para o Jogo para entender qual é a mensagem da casa.
Medo da escassez, egoísmo, avareza, preguiça, congelamento… Muitos podem ser os
sintomas relacionados à incapacidade de se doar para o outro.
Diante dessa casa surge a questão: O que você pode fazer pelo outro sem cobrar nada em
troca? Como você pode ajudar, mas não está ajudando?
A autorresponsabilidade é a chave que nos liberta do sofrimento. Mas quando não podemos
manifestar essa virtude e nos negamos a ver que existe algo a ser resgatado, atrasamos o
nosso processo evolutivo e aumentamos a conta karmica. É justamente essa resistência em
aceitar e assumir responsabilidade pelas situações difíceis da vida que gera o sofrimento. A
dor do crescimento é inevitável, mas o sofrimento é desnecessário. É você que escolhe ficar
no sofrimento na medida em que se nega a aprender as lições da vida.
Dharma também pode ser interpretado como a resposta mais natural para as situações. É
quando nos movemos na direção do fluxo da vida e, portanto, alinhados com a lei do mínimo
esforço.
Esta casa nos diz que para todo o problema existe uma solução. Sempre existe uma peça que
encaixa perfeitamente no quebra-cabeças da vida. Se estivermos em dúvida sobre qual é o
nosso Dharma, o nosso caminho natural, basta observar para onde a vida está nos levando.
A vida está sempre dando pistas que nos levam à consciência e à realização do Dharma. Ela
está sempre trazendo desafios e situações que nos colocam no caminho do coração. Quando
insistimos em negar o chamado do coração, nos opondo ao fluxo da vida, o sofrimento é
inevitável. Portanto esta casa nos convida a refletir sobre os nossos nãos: para a saúde, para
a prosperidade, para a felicidade e para a autorrealização.
Quando o jogador chega nesta casa, pode haver uma necessidade de centramento e de
coragem para ocupar o seu lugar no mundo. Aqui, é adequado fazer uma relação com o
arquétipo do Guerreiro, que representa a coragem de ir em direção ao alvo, enfrentando o
que for necessário.
Por exemplo, se desejamos nos desenvolver espiritualmente, mas convivemos com pessoas
que não se interessam por isso, naturalmente somos desestimulados. Quando uma pessoa
para de fumar cigarro, ela precisa se afastar daqueles que fumam, caso contrário é muito
difícil sustentar a mudança. Se a vítima sempre atrai o agressor, quando a pessoa deixa de
atuar no papel da vítima, o agressor também deixa de atuar ou se afasta dela.
A cabeça da serpente que mora nesta casa nos faz descer diretamente para a casa da
Vaidade, porque as Más Companhias tendem a alimentar aspectos negativos da nossa
personalidade como se fossem virtudes. Elas não estimulam o nosso crescimento, pois
preferem que fiquemos onde elas estão. As Más Companhias podem parecer ótimos amigos,
pois não apontam defeitos, já que estão mais interessadas em nos agradar ou até mesmo em
nos derrubar. O bom amigo é aquele que nos ajuda a crescer, mesmo que, para isso, seja
necessário dizer algumas verdades desagradáveis.
Quando o jogador pára nesta casa, é importante observar se ele mesmo não está sendo uma
má companhia para alguém ou se está dando sustentação para grupos ou estruturas onde
há distorções de poder que alimentam o eu idealizado, o que é danoso tanto para a pessoa
que ocupa a posição de poder como para os que estão submetidos a essa estrutura.
Muitas vezes, para nos sentirmos pertencendo, nos mantemos ligados à pessoas que não
favorecem o nosso desenvolvimento. A própria família pode representar más companhias, o
que pode ser bastante desafiador.
As Boas Companhias são aquelas que nos apoiam para seguirmos o caminho do coração, o
Dharma, o fluxo da vida. Elas nos dão força para fazermos o que precisa ser feito. Esta casa
também tem relação com os nossos guias e mestres, aqueles com quem podemos contar
para nos conduzir na jornada.
Uma chave para ativar a força das Boas Companhias é aprender a pedir ajuda. Aqui também
entra o poder da oração sincera. A compaixão está sempre disponível, mas é preciso abrir a
porta. Lembre-se de que você não está sozinho.
Se não existisse a dor, talvez não pudéssemos estar vivos, pois não teríamos noção dos
perigos que nos cercam. Quando sentimos dor em algum ponto do corpo, isso é um alerta
sobre algo que precisa ser tratado. As dores emocionais têm essa mesma função. Elas nos
mostram o que precisa ser transformado. Porém, temos medo da dor e tentamos fugir dela,
mas isso é o que nos mantém presos ao sofrimento. Quando negamos a dor, também
deixamos de aprender as lições que ela nos oferece.
Ter coragem de entrar em contato com os sentimentos negados e sentir a dor é a chave
mestra da cura. Ao parar nesta casa, o jogador pode estar sendo convidado a iniciar um
trabalho de cura, no qual o primeiro passo é abrir mão dos amortecedores, para poder
sentir. Esta posição do Jogo não é confortável, mas faz parte do processo evolutivo da alma.
Esta casa nos fala sobre a qualidade da entrega. É quando nos rendemos ao fluxo da vida e
nos tornamos canais do amor. Quando paramos nesta casa, estamos sendo chamados a sair
de nós mesmos para colocar o amor em movimento à serviço de algo maior. Parmarth
também é um meio de realizar o nosso propósito de vida. Se nascemos para amar, então
nascemos para servir. Quem ama, serve - quem serve, ama.
A espada de Parmarth nos leva diretamente para a casa 41, o Plano Humano, onde podemos
colocar nosso amor em movimento através da energia do quinto chakra.
Nível da conexão com a essência. A partir daqui, o Jogo começa a tornar-se mais sutil e estabelece uma
ponte com o divino. Começamos a acessar a esfera da espiritualidade. O facilitador nesta fase precisa
ter em mente o caminho percorrido pelo jogador até esse ponto, pois a combinação de casas poderá
ajudar a compreender o que o Jogo deseja transmitir como caminho. Cada acorde de casas tem seu
significado e as combinações podem ser infinitas. Por isso é preciso aprender a sentir o campo e deixar
o Jogo atuar, sem ter a necessidade de dizer ou resolver alguma coisa.
A parada nesta casa indica que pode haver uma negação da vida que se manifesta através do
auto-ódio e da autodestruição. Também pode haver sentimento de incompletude e
desconexão com algo maior; vazio existencial ou uma falta de sentido em viver são sintomas
relacionados a essa posição do Jogo.
Esta posição do Jogo nos chama para esse estudo com a intenção de ativar potenciais
desativados e de abandonar hábitos que não ajudam nessa ativação. Parar nesta posição do
Jogo nos diz que, para resolvermos a questão ou ponto de trabalho atual, precisamos
cultivar bons hábitos e fazer uso das nossas Boas Tendências.
Uma das chaves do Jogo é justamente a lembrança constante da divindade, que é a Verdade
e a essência que deu origem à criação. Essa essência é eterna, ela não morre.
O facilitador aqui tem o papel de criar o campo para essa energia se manifestar, lembrando
que ela não pode ser compreendida com a mente, mas apenas sentida com o coração. Se
formos muito mentais, insistindo em tentar fazer relações racionais com outras casas e
elementos do Jogo, não será possível estabelecer o campo adequado. A capacidade de
entregar-se aos sentimentos, a intuição, deixando o campo atuar, é fundamental. Sem isso
não é possível auxiliar o jogador nesta fase da jornada, já que as casas daqui para cima têm
justamente a função de nos tirar da mente, do racional, e adentrar no campo espiritual, que
é o próprio Mistério.
Aqui não se trata de elaborar, mas sim de conectar-se e confiar na atuação sistêmica do Jogo,
ou seja, confiar que existe uma energia circulando e atuando no Campo. Confie e verá que
naturalmente os conteúdos relacionados ao tema proposto virão à tona.
O significado desta casa é uma confirmação de que, se aprendermos tudo que temos para
aprender no caminho do Jogo, chegaremos ao ponto de equilíbrio, onde podemos
manifestar a nossa essência. Isso significa que estamos começando a alçar vôo ou pelo
menos que existe esse potencial latente. O casulo está prestes a se quebrar libertando a
borboleta da prisão da dualidade.
Assim como outras casas dos planos superiores, esta indica um arremate, um final, ou ainda
um visão de futuro. Vislumbramos alcançar o estado de equilíbrio através da resolução dos
nossos problemas e de tudo que se apresentou durante o Jogo.
Nos primeiros chakras, essa instância não é normalmente percebida pelo sentido físico do
olfato, mas na medida em que nossa energia ascende para os chakras superiores, a
consciência se expande e passamos a percebê-la e o olfato se torna uma porta para o Divino.
Ocorre uma conexão entre o olfato e as emoções superiores.
É dito que, conforme vamos evoluindo, os odores que exalamos através do corpo se tornam
mais sutis e delicados. Na cultura hindu existem inúmeros relatos que contam como yogis
avançados e mestres iluminados mantêm o corpo preservado e perfumado durante muitos
dias após a morte. Existe uma relação entre o despertar espiritual e a fragrância do Ser.
Esse é um dos mistérios do Jogo, que só pode ser revelado ao jogador que se compromete
com o despertar espiritual.
Aqui, o facilitador não precisa procurar entender com a mente, até porque não é possível. O
seu papel é conectando-se com o Campo para poder sentir a fragrância, a sutileza do Jogo. É
preciso desenvolver essa habilidade de sentir o campo sutil. Quanto mais conectados com
nossa própria essência, mais facilmente nos conectamos com a essência do outro.
Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a conectar-se com sua essência mais profunda,
observando como pode ampliar seu nível energético para desenvolver essa conexão. Uma
maneira de purificar o olfato é abandonando perfumes sintéticos e tudo que exale odores
agressivos e artificiais. Aqueles que possuem conhecimento sobre óleos essenciais e
fragrâncias poderão aplicar esse conhecimento neste momento do Jogo. Escolha um óleo,
acenda um incenso, transmita e receba através do olfato. Estimule Gandha e traga essa
experiência para o Jogo.
Esta casa fala sobre o refinamento perceptivo. O jogador que visita este plano, está sendo
convidado a desenvolver um senso mais refinado de gosto, o que envolve não somente
sabores, mas sons, palavras, conversas, arte, poesia, imaginação e compreensão de
significado. Para isso, é preciso se abrir para degustar e apreciar a beleza da vida num nível
mais profundo, incluindo perceber e apreciar as emoções e sentimentos mais elevados.
No quarto chakra, o sentido do paladar é purificado e passamos a nos interessar mais pela
essência daquilo que consumimos. Os alimentos processados, condimentados e
desvitalizados deixam de nos agradar e naturalmente são extintos da nossa dieta diária. Não
há necessidade de fazer esforço para abandoná-los.
Para o jogador que apresenta maus hábitos relacionados à alimentação, gula e compulsões
de todos os tipos, parar nesta casa indica que, para avançar na sua jornada evolutiva, será
necessário desenvolver esse refinamento de gosto, de forma que possa encontrar prazer nas
sutilezas da vida.
Neste ponto do Jogo, o jogador colhe os frutos da purificação dos karmas feita
anteriormente. Ele já se libertou das dúvidas, aprendeu as lições e pagou as dívidas e agora
pode ver tudo com clareza. Swatch é qualidade da consciência na qual não oferecemos
resistência à passagem da luz. Nos movemos de acordo com o fluxo da vida e estamos
prontos para experienciar o quinto chakra.
Nível 5 - VISUDDHA CHAKRA
O HOMEM SE TORNA ELE MESMO
ELENTO ÉTER
Este é o chakra da comunicação e da sabedoria. É o trono de Sri Saraswati, a deusa das artes e do
conhecimento.Tendo chegado até aqui, o jogador deseja compartilhar o que aprendeu. Por ser
localizado na garganta, Visuddha Chakra representa a purificação da fala: o jogador se torna livre da
mentira e da comunicação violência.
Aqui está a espada que nos leva diretamente à casa 66, o Plano da Bem-aventurança. Mesmo
ainda não tendo integrado todos os aspectos da personalidade, o jogador que chega nesta
casa sabe onde está. Mesmo que essa compreensão ainda não esteja completamente
integrada, ao parar aqui, o jogador ascende para níveis mais elevados.
Neste ponto, o buscador está menos ligado à expectativa das pessoas e mais conectado à
própria essência. Ele desenvolveu a habilidade de discernir entre o verdadeiro e o falso,
entre o eterno e o transitório e por isso já tem condições de sustentar o êxtase da
bem-aventurança que é a experiência do real, aquilo que é, sempre foi e sempre será.
Na tradição hindu, existe Jñana Yoga que é uma das quatro sendas da autorrealização, ou
seja, um dos caminhos que levam à liberação. No contexto do Maha Lilah, Jñana representa
uma tomada de consciência da Verdade que transporta o jogador para o vislumbre do
êxtase divino, mas não um caminho para a Consciência Cósmica.
Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a observar como está sua vitalidade e a cultivar
hábitos que aumentem o seu nível energético. Estar em contato com a natureza,
alimentar-se de forma satvica (com alimentos vivos, orgânicos, ricos em nutrientes),
cultivar o silêncio e conectar-se com a própria respiração.
O facilitador aqui pode sugerir uma prática simples de pranayama (exercício respiratório).
Convide o jogador a colocar-se numa posição adequada, confortável, mas mantendo a
coluna ereta. A técnica sugerida é a respiração controlada em 4 tempos (4 - 4 - 6 - 2) que
consiste em: 4 segundos inspirando, 4 segundos retendo o ar nos pulmões, 6 segundos
exalando e 2 segundos retendo a respiração com os pulmões vazios. A prática pode ser
feita por apenas alguns ciclos, o que será o suficiente para elevar o prana no sistema.
Um detox do sistema gastrointestinal pode ser uma boa ideia para o jogador que chega
nesta casa. Jejum intermitente, exercícios físicos e abstinência de informações (redes
sociais, notícias, livros, vídeos…) são também boas práticas nessa fase do Jogo.
São diversos os aspectos do movimento que se relacionam com esta casa: atividade física,
mudança e limpeza de casa, desapego de coisas velhas que estão guardadas, viagens, novos
projetos e relacionamentos e até mesmo o uso de uma quantia em dinheiro acumulada. Esta
casa indica que pode haver uma paralisação energética, porém, diferente da casa 13
(Nulidade), aqui, o jogador provavelmente já está pronto para colocar em movimento o que
precisa ser movimentado, pois já percorreu um longo caminho de purificação até chegar
neste ponto do Jogo.
Vyana-Loka, assim como todas as casas situadas nos planos superiores, traz um efeito
sistêmico, o que indica que, ao parar aqui, inicia-se uma ativação energética em todos os
níveis - físico, emocional, mental e espiritual. Ao reconhecer a paralisação, a consciência
naturalmente trabalha para ativar a energia parada.
2 - Com um comando mental, mande a energia para baixo, bem devagar, descendo
pelo seu corpo até atingir os seus pés.
4 - Com outro comando mental, mande a energia de volta para o topo da cabeça.
O quinto chakra é o centro por meio do qual fluem os grandes ensinamentos espirituais,
portanto o jogador que chega nesta casa do Jogo pode carregar o dom do sacerdócio. Existe
um potencial para tornar-se um professor espiritual, um canal de ensinamentos.
Frequentemente o jogador é levado a esta casa através da flecha do Serviço Desinteressado
(casa 27), o que reforça a capacidade de aliar o seu conhecimento à compaixão.
O yogi que eleva sua energia até este chakra acorda poderes auditivos. Ele se torna capaz de
escutar os sons sutis que estão além dos órgãos de sentido físicos. Ele se torna consciente
dos sons internos do corpo, do movimento dos ventos passando pelas veias e dos líquidos
atravessando os órgãos.
O facilitador poderá sugerir que, neste ponto do Jogo, uma vela seja acesa para que, no calor
e na luz do fogo, os aspectos que precisam ser transformados venham à consciência e sejam
transmutados.
Agnih-Loka também se relaciona com a energia da Ira (casa 3) e com o terceiro chakra que
representa o poder pessoal. Então, muitas vezes, essa casa chega para trazer um
alinhamento nessas áreas.
O ser humano adulto se libertou das birras infantis que se manifestam através das
máscaras, dos jogos de sedução, do vitimismo, da competição, da necessidade de amor
exclusivo... O homem maduro aceita a vida como ela é e sabe o que precisa ser feito. Ele não
se perde em dúvidas e questionamentos desnecessários, mas simplesmente faz sem esperar
nada em troca.
A essência dessa casa é a maturidade de poder ocupar o seu lugar no mundo, sem culpa,
sem medo, com a consciência do seu papel no mundo, alinhado com o Dharma e os aspectos
apresentados pelo Jogo até aqui.
Quando o Jogo nos leva para esta casa, significa que algo ainda precisa ser melhor
compreendido. Uma luz precisa ser colocada sobre algum aspecto sombrio da
personalidade. Em outras palavras, podemos dizer que existe um autoengano. Neste caso, é
preciso estar aberto para a possibilidade de estarmos errados nas nossas crenças e
verdades absolutas. Muitas vezes, Avidya se manifesta como arrogância e sentimento de
superioridade.
A espada de Suvidya nos leva diretamente ao Plano do Bem Cósmico (casa 47). É quando o
conhecimento deixa de ser emprestado e é integrado ao nosso sistema.
Nível 6 - AJÑA CHAKRA
TEMPO DE PENITÊNCIA
Aqui o jogador já amadureceu o suficiente para assumir de fato sua responsabilidade em relação à
purificação dos seus karmas. Ele já está pronto para pagar o preço e fazer as austeridades necessárias,
cumprindo os desígnios do karma. Quando a energia vital atinge o Ajña chakra, o terceiro olho, o
centro da visão espiritual, o yogi está mais próximo do estado de unidade. Ele deixa de simplesmente
reagir aos eventos da vida e de fugir do sofrimento, pois já pode enxergar além da dualidade. Nesse
estágio, ele já possui poderes espirituais. Neste estágio, o jogador enxerga tudo como oportunidade e
nada como problema.
Neste ponto, o facilitador pode indicar algum exercício que ajude o jogador a estabelecer
uma conexão mais profunda com o Eu superior ou pelo menos uma ampliação de percepção
a respeito do eu inferior. Existe uma prática muito simples mas poderosa, chamada
"Meditação das Três Vozes", que consiste em um diálogo entre o ego consciente, o eu
superior e o eu inferior.
O ego consciente é o observador interno. É aquela porção interna que é capaz de fazer
relação de causa e efeito. Ele é quem analisa as situações e percebe o movimento do eu
inferior, podendo distinguir a ação correta da ação incorreta. A meditação começa com um
pedido sincero do ego consciente para que seja estabelecida uma conexão com o eu
superior, de forma que ele seja um farol, um guia na jornada de autodescoberta. O jogador
pode mentalizar o desafio ou o ponto de trabalho trazido para o Jogo, pedindo para que o eu
superior traga o discernimento necessário para a resolução do problema. Esse pedido tem
um tremendo poder quando nasce do desejo sincero de liberação. Quando o ego consciente
reconhece a atuação do eu inferior, isso já é uma forma de expansão da consciência e
reconexão com o Eu superior.
CASA 47 - SARASWATI, Plano da Neutralidade
Esta casa fala sobre a integração entre os princípios masculino e feminino que leva ao
equilíbrio da neutralidade. As energias feminina e masculina (Yin e Yang na cultura chinesa)
estão presentes em todos, tanto homens como mulheres, portanto, não há relação com a
questão do gênero, mas sim com a integração, a união fundamental das forças geradoras da
vida. Outra forma de ver a energia desta casa é como uma energia de perdão, pois é ele que
proporciona a união. É preciso compreender que masulino e feminino são forças
complementares que se encontram para construir e gerar vida.
O conceito budista do Caminho do Meio pode ser aplicado nesta casa. Não deixar-se levar
por impulsos extremos e opostos, ou seja, pelas polaridades. O equilíbrio só pode ser
alcançado através da equanimidade, que é a capacidade de manter-se o mesmo diante das
situações da vida, tanto na tristeza como na euforia. É poder observar os altos e baixos sem
se identificar, compreendendo a natureza ilusória do Jogo.
Neste lugar, o jogador é chamado a observar o que ainda não está equilibrado no seu
sistema. Em qual aspecto da vida a energia feminina está sendo negligenciada? Como a
energia masculina está sendo distorcida? Essas são algumas das perguntas que podem ser
feitas nesta altura do Jogo.
Quando o jogador para nesta casa, isso indica que é preciso investigar como a energia
masculina está se manifestando na sua vida - em equilíbrio com a energia feminina ou
distorcida?
Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a refletir sobre como essa energia está se
manifestando na sua vida - se está em equilíbrio com a energia masculina ou se está
distorcida. Quando distorcida, a energia feminina se manifesta como vitimismo, submissão,
manipulação e falta de potência para realização. Ou, pelo contrário, quando a energia
feminina está enfraquecida e a masculina muito fortalecida, pode haver intolerância, dureza
e descuido.
Muitas vezes, em nome de uma luta pelo feminino, as mulheres acabam suprimindo sua
própria energia feminina e manifestando um masculino distorcido, que se apresenta como
intolerância e ódio. Isso, ao invés de harmonizar as polaridades gerando união entre
homens e mulheres, acaba reforçando o masculino distorcido nos homens e causando ainda
mais separação.
Infelizmente, a maioria dos homens está em desequilíbrio no que diz respeito à energia
feminina. Isso ocorre porque, assim como as mulheres, eles também estão submetidos a
uma sociedade patriarcal, na qual não podem chorar, nem demonstrar suas fragilidades. O
nível de exigência que a sociedade impõe ao homem é extremamente cruel e não colabora
com a harmonização entre as energias masculina e feminina.
Nesta posição do Jogo, a austeridade não vem com tanto esforço ou com o senso de
obrigação; Existe uma disposição natural para isso. A austeridade neste nível é vista como
algo positivo e muito necessário para a ascensão no Jogo. Neste plano, a austeridade é fruto
de uma maturidade espiritual. O yogi que chega até aqui tem consciência de onde está e de
onde pode chegar e está pronto para realizar as práticas e sacrifícios necessários, pois sabe
que isso o levará para planos superiores.
Essa casa convida o jogador a estabelecer uma prática de austeridade que poderá
efetivamente ajudá-lo a resolver a questão ou ponto de trabalho trazido para o Jogo.
CASA 51 - PRITHVI, Mãe Terra
Esta é a energia da Mãe benevolente e nutridora para a qual todos são iguais; a Mãe que não
faz distinção entre seus filhos. Ela entrega seus nutrientes, sua energia e vitalidade para
todos, sem preferência ou exceção.
Prithvi representa o próprio palco do tabuleiro do Maha Lilah. É uma energia que chega
para trazer reflexão a respeito da relação com o Jogo - com a própria vida. Ao visitar esta
casa, o jogador deve ser incentivado a questionar-se sobre como está fazendo valer a sua
experiência na Terra: estou fugindo do sofrimento ou estou realmente jogando o Jogo?
A principal mensagem desta casa é: cultive a gratidão. Não brigue com a matéria e com suas
leis. Aceite o Jogo como ele é e alinhe-se com o fluxo da vida. Valorize a natureza, a água, o
alimento e tudo que a Mãe Terra proporciona.
O jogador que visita esta casa é obrigado a descer de volta ao quarto chakra para
experienciar o Purgatório.
CASA 53 - JALA-LOKA, Plano Líquico
Jala é água em sânscrito. A terra sem a água não é fértil e portanto não pode cumprir sua
missão.
Quando o jogador chega aqui, o facilitador pode oferecer a ele um copo de água como forma
de ativar a energia própria da casa e incentivar o relaxamento. É também uma forma de
esfriar o sistema e de abrir espaço para a energia do campo atuar. O jogador está sendo
convidado a conectar-se com as emoções e deixar a energia circular.
Esta casa se relaciona com a purificação. Jala vem justamente para limpar a sujeira feita na
casa anterior, o Plano da Violência. Este lugar no Jogo atenta para a necessidade de cultivar
algumas qualidades fundamentais para a evolução da consciência: adaptabilidade, fluidez,
entrega, maleabilidade e desapego. É preciso deixar o rio levar o que precisa ser levado.
Muitas vezes nos perdemos na mente e esquecemos que não estamos sozinhos. Esquecemos
que Deus é o nosso melhor amigo. Bhakti, quando verdadeira, é fonte de um profundo
preenchimento interior; é quando o buraco da carência é suprido pelo amor.
Ao visitarmos esta casa, temos a chance de dar um grande salto para o plano da Consciência
Cósmica, a iluminação espiritual. Aqui, o jogador é convidado a refletir sobre como está o
seu coração em relação ao divino: Onde o seu coração se fecha? Como está a comunhão com
Deus? Como está a sua confiança na guiança superior?
Nível 7 - SAHASRARA CHAKRA
PLANO DA REALIDADE
O yogi que acessou esse nível já conquistou os 7 siddhis (poderes espirituais) e é justamente
nesse grande poder que mora o perigo, pois ele tende a confundir-se com Deus e acaba
agindo de maneira excessivamente autocentrada, esquecendo de valores como humildade,
respeito, consideração e amor pelos que estão ao seu redor.
Estando próximo da casa da iluminação, o ego teme a luz. Afinal, atingir a consciência
cósmica é como aniquilar o ego identificado com antigos padrões e crenças a respeito de si
mesmo e do mundo. A iluminação representa a morte do ego e, assim como tudo que vive
quer continuar vivo, ele tenta sobreviver se agarrando a antigas identificações. A resistência
à luz aumenta cada vez mais na medida em que o jogador se aproxima da consciência
cósmica.
Esta casa também se relaciona com a consciência maior que, por sua vez, tem supremacia
sobre a matéria. Ao alcançar esse estágio, o jogador se torna mais leve e ganha uma maior
liberdade de ação. O Jogo está chamando para uma fluidez, uma leveza, que só é possível
quando se atinge um certo grau de desapego da forma. Aqui existe a qualidade da vacuidade
ou do esvaziamento e o buscador se aproxima cada vez mais do silêncio interior.
O facilitador aqui poderá ascender um incenso justamente para incentivar que essas
qualidades de Vayo sejam trazidas para o Campo sistêmico do Jogo.
Ao chegar nesta casa, o jogador deverá observar as casas já visitadas anteriormente, para
então poder compreender o significado ou a mensagem contida nesta jogada.
A luz chega trazendo a clareza necessária para resolver a questão ou o problema trazido
pelo jogador para o Jogo.
Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a confrontar-se com a mentira em todos os seus
aspectos, incluindo a mentira a respeito da sua própria identidade. Para que haja espaço
para Satya, é necessário reconhecer a ignorância. Então, ao confrontar com a mentira e ter a
experiência da Verdade, o jogador alcança harmonia e equilíbrio com as forças do cosmos, e
não há obstruções para o fluxo de energia. Porém, aqui ainda existe o perigo de queda. Duas
serpentes (intelecto negativo e obscuridade) ainda podem ser visitadas no caminho para a
Consciência Cósmica.
O trabalho com a matriz da mentira não é um trabalho qualquer. Se você acha que está
isento dela, isso é uma grande mentira. Há muitas mentiras que contamos para nós mesmos.
Até os últimos estágios do Jogo estamos sujeitos ao autoengano.
O intelecto positivo pode ser alcançado através do caminho do Dharma, representado pela
flecha da casa 22.
Buddhi tem seus dois lados: quando guiado pelo Dharma, o senso de propósito maior, é uma
grande ferramenta para a liberação; porém, quando contaminado pela dúvida e pela falta de
sentido, se torna um vórtice descendente que suga a energia psíquica de volta para o plano
da fantasia (segundo chakra). Ao fazer escolhas baseado no intelecto negativo, o jogador
perde as oportunidades que a vida oferece de alcançar a liberação. E ao negar o que a vida
oferece, ele nega a divindade que se manifesta através dela. Enquanto o jogador não aceitar
o que negou, ele segue paralisado na falta propósito da Nulidade, sem chance de liberação.
CASA 62 - SUKHA, Felicidade
Felicidade é um estado de profunda aceitação daquilo que é. A vida é a grande mestra, ela
nos oferece exatamente o que precisamos para alcançar a meta final do Jogo. Aceitar com
gratidão tudo que a vida oferece, quer sejam dificuldades, desafios ou grandes bênçãos é
uma chave para manter-se em Sukha.
O jogador que chega nessa casa, alcançou um grau elevado de estabilidade emocional e,
consequentemente, de equanimidade mental que possibilita a sustentação do estado de
contentamento. Existe um equilíbrio nas químicas do corpo que possibilita uma radiante
vitalidade e uma constante satisfação. Sukha não se apresenta como euforia, mas como
plenitude, uma alegria pacífica. Lembrando que a felicidade é um fruto de uma jornada cheia
de escolhas, de muito trabalho, que envolve também passar por locais difíceis, de tristeza e
choro.
Esse estado pode ser atingido através da Consciência (casa 46). Tendo percorrido a jornada
do sexto chakra sem cair na armadilha da Violência (casa 52), o buscador está pronto para
dar um salto. Porém, nesse ponto da jornada existe uma possível armadilha. Se o jogador se
distrai com a experiência da felicidade e negligencia seus karmas, acreditando que não
precisa fazer mais nada, ele pode ser engolido pela serpente de Tamas, a obscuridade (casa
63) e retornar para Maya, a ilusão (casa 2).
Tamas representa um estado de sono, uma distração que o leva a acreditar que já alcançou a
meta final. Apesar de ter tido a experiência do samadhi, ainda existem karmas. E a tentativa
de negligenciar a lei do Karma gera mais Karma. Agora o jogador terá que lidar com isso.
Nível 8 - SAHASHARA CHAKRA
OS PRÓPRIOS DEUSES
O convite ao chegar nesta casa é para enxergar a vida além dos sentidos e do jogo de
mahamaya, a grande ilusão cósmica.
Ur significa "aquele que sente" e antah significa "fim". É um estado de consciência que
transcende as sensações e sentimentos; não há bem ou mal, vício ou virtude, tudo é Um. A
criação e a dissolução do universo pode ser percebida dentro de uma só respiração.
Aqui está a ponta da espada da casa 37, Jñana, o Conhecimento Verdadeiro. Quando o
ue é
jogador compreende o Jogo e lembra da sua verdadeira identidade, ele atinge Ananda, q
um estágio de iluminação.
CASA 67 - RUDRA-LOKA, Plano do Bem-Cósmico (princípio da destruição)
Rudra é uma manifestação furiosa de Shiva que, apesar dessa imagem "negativa",
representa o bem cósmico. O bem maior está acima dos julgamentos morais, pois serve ao
propósito maior da vida. A desconstrução do mundo fenomênico faz parte dos ciclos da vida
e ela acontece através da energia de Rudra. A energia de Rudra desconstrói o velho para
abrir espaço para o novo. Por isso, nesta casa, a destruição é uma ação correta, uma bênção.
Suvidya, o Conhecimento Correto nos leva a dar um salto para esta casa.
Em toda criação existe um propósito. Nesse estágio, ocorre uma reflexão a respeito do
propósito da vida e da relação entre esse propósito e a questão trazida para o jogo, pois
qualquer ação que não se liga ao propósito maior é Adharma e se relaciona com a natureza
dos desejos.
Aqui, o jogador tem a oportunidade de enxergar o valor do Jogo e escolher esquecer tudo
para poder renascer e ter mais uma chance de chegar à casa 68, a autorrealização. E a única
maneira de fazer isso é chegando na casa 72, que representa a morte ou a inconsciência.
Nesta casa, somos chamados a compreender o real valor da vida, assim como o valor da
própria ilusão de mahamaya. Se escolhemos jogar o Jogo é porque existe um propósito
maior, então eu agradeço até mesmo à ignorância.