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O JOGO DA VIDA

APOSTILA DO FACILITADOR

ÍNDICE

INTRODUÇÃO
IDEALIZADOR E MENTOR
O PONTO DE PARTIDA
A LINGUAGEM DO JOGO
SENTIR PARA FACILITAR
A NATUREZA SISTÊMICA DO JOGO
METODOLOGIA
ARQUÉTIPOS DO HERÓI
MAHA LILAH
História
Cono iniciar o Jogo
Quando termina o Jogo
O Tabuleiro
Nível 1
CASA 1 - JANMA, Genesis
CASA 2 - MAYA, Ilusão ou Esquecimento
CASA 3 - KRODHA, Raiva
CASA 4 - LOBH, cobiça
CASA 5 - BHU-LOKA, Plano Físico
CASA 6 - MOHA, Apego
CASA 7 - MADA, Vaidade/Orgulho
CASA 8 - MATSARYA, Avareza
CASA 9 - KAMA LOKA, Plano Sensual/Desejo

Nível 2
CASA 10 - SHUDDHI, Purificação
CASA 11 - GANDHARVAS, Diversões
CASA 12 - IRSHA, inveja
CASA 13 - ANTARIKSHA, Nulidade
CASA 14 - BHUVA-LOKA, Plano Astral
CASA 15 - NAGA-LOKA, Plano da Fantasia
CASA 16 - DVESHA, Ciúme
CASA 17 - DAYA, Compaixão
CASA 18 - HARSHA-LOKA, Plano da Alegria

Nível 3
CASA 19 - KARMA-LOKA, Plano do Karma
CASA 20 - DAAN, Caridade
CASA 21 - SAMAN PAAP, Expiação
CASA 22 - DHARMA-LOKA, Plano do Dharma
CASA 23 - SWARGA-LOKA, Plano Celestial
CASA 24 - KU-SANG-LOKA, Más Companhias
CASA 25 - SU-SANG-LOKA, Boas Companhias
CASA 26 - DUKH, Dor ou Sofrimento
CASA 27 - PARMARTH, Serviço Desinteressado

Nível 4
CASA 28 - SUDHARMA, Religiosidade Correta
CASA 29 - ADHARMA, Irreligiosidade
CASA 30 - UTTAM GATI, Boas Tendências
CASA 31 - YAKSHA-LOKA, Plano da Santidade
CASA 32 - MAHA-OR MAHAR-LOKA, Plano do Equilíbrio
CASA 33 - GANDHA-LOKA, Plano da Fragrância
CASA 34 - RASA-LOKA, Plano do Gosto
CASA 35 - NARKA-LOKA, Purgatório
CASA 36 - SWATCH, Claridade de Consciência

Nível 5
CASA 37 - JÑANA ou GYAN, Consciência da Verdade/Discernimento
CASA 38 - PRANA-LOKA, Plano da Energia Vital
CASA 39 - APANA-LOKA, Plano da Eliminção
CASA 40 - VYANA-LOKA, Plano da Circulação
CASA 41 - JANA-LOKA, Plano Humano
CASA 42 - AGNIH-LOKA, Plano do Fogo
CASA 43 - MANUSHYA-JANMA, Nascimento do Ser Humano
CASA 44 - AVIDYA, Ignorância
CASA 45 - SUVIDYA, Conhecimento Correto
CASA 46 - VIVEK, Consciência

Nível 6
CASA 47 - SARASWATI, Plano da Neutralidade
CASA 48 - YAMUNA, Plano Solar
CASA 49 - GANGA, Plano Lunar
CASA 50 - TAPAH-LOKA, Plano da Austeridade
CASA 51 - PRITHVI, Mãe Terra
CASA 52 - HIMSA-LOKA, Plano da Violência
CASA 53 - JALA-LOKA, Plano Líquico
CASA 54 - BHAKTI-LOKA, Devoção Espiritual
CASA 55 - AHAMKARA, Egocentrismo

Nível 7
CASA 56 - OMKARA, Vibrações Primordiais
CASA 57 - VAYO-LOKA, Plano do Vento/Ar
CASA 58 - TEJA-LOKA, Plano da Luz
CASA 59 - SATYA-LOKA, Plano da Realidade ou da Verdade
CASA 60 - SUBUDDHI, Intelecto Positivo
CASA 61 - DURBUDDHI, Intelecto Negativo
CASA 62 - SUKHA, Felicidade
CASA 63 - TAMAS, Obscuridade
CASA 64 - PRAKRITI-LOKA, Mundo Fenomênico

Nível 8
CASA 65 - URANTA-LOKA, Plano do Espaço Interior
CASA 66 - ANANDA-LOKA, Plano do Júbilo
CASA 67 - RUDRA-LOKA, Plano do Bem-Cósmico
CASA 68 - VAIKUNTHA-LOKA, Plano da Consciência Cósmica
CASA 69 - BRAHMA-LOKA, Plano do Absoluto
CASA 70 - SATGUNA, Natureza Verdadeira
CASA 71 - RAJGUNA, Atividade
CASA 72 - TAMOGUNA, Inércia

INTRODUÇÃO
Olá! Seja muito bem vindo ao curso de formação de facilitadores do JOGO DA VIDA. Você está
prestes a iniciar uma jornada de autoconhecimento e isso nos deixa muito felizes, afinal
proporcionar esse conhecimento que é capaz de abrir caminhos internos para a autorrealização é o
nosso propósito, é o que nos motiva a levantar da cama todos os dias pela manhã.

Entendemos que, para ser um bom facilitador, um bom guia ou mentor, em qualquer tipo de
trabalho, é preciso ter, além do conhecimento teórico, o conhecimento empírico ou vivencial. Por
isso, ao iniciar esta formação, você é convidado a participar do Jogo, antes de mais nada, como um
jogador.

O JOGO DA VIDA é um método de autoconhecimento, uma ferramenta de transformação interior e


de desvelar da consciência que se propõe a ajudar o jogador - que é também um buscador - a
encontrar respostas para as questões da vida de forma lúdica, dinâmica e instigante. O método tem
o poder de ajudar o jogador/buscador (c​liente, paciente, amigo…) a se situar na jornada,
identificando aspectos da sua personalidade que precisam ser transformados, para que possa
remover os obstáculos que surgem no caminho, absorvendo as lições necessárias. Em última
instância, ​O JOGO DA VIDA funciona como um reflexo do percurso que a alma percorre em busca de
si mesmo.

Quando falamos em desvelar da consciência, isso significa iluminar os cantos escuros da psique de
forma que possamos nos aproximar da natureza essencial da alma. Por isso, não estamos falando de
um jogo qualquer, mas sim de uma experiência que se propõe a promover uma reconexão profunda
com o propósito maior da vida. E se você está agora lendo este texto é porque, de certa forma, foi
tocado pelo impulso de facilitar esse processo de autodescoberta, em si mesmo e nos outros. Sendo
assim, a sua intenção está alinhada com a intenção do Jogo e, em algum nível, o seu propósito e o
propósito do Jogo se encontram. Isso não é por acaso. Nada é por acaso. Se você busca encontrar
uma nova, inusitada e eficiente maneira de ajudar as pessoas a se conhecerem e se libertarem das
suas limitações autoimpostas, você está no lugar certo.

Para ser um bom facilitador do JOGO DA VIDA, você precisa, antes de mais nada, ser um jogador
consciente, ou seja, precisa estar constantemente buscando se conhecer, se observando e se
atualizando, compreendendo que o processo evolutivo é contínuo. A perfeição não é um
pré-requisito para um bom facilitador, até porque ela não existe (pelo menos nesta dimensão da
existência, onde a dualidade é uma lei). O processo de autoconhecimento e desvelar da consciência
é infinito e o aperfeiçoamento é eterno. Porém, o facilitador do Jogo precisa ter avançado nesse
processo pelo menos até o ponto de poder evitar projetar de seus próprios conflitos e mazelas no
outro, caso contrário, pode não facilitar, mas dificultar o processo. De qualquer maneira, mesmo
carregando suas próprias imperfeições, o facilitador comprometido com a Verdade, movido pelo
desejo sincero de ajudar o outro, obterá sucesso com o método.

É preciso ter em mente que, para ajudar o outro, você também precisa estar disposto a ajudar a si
mesmo. Por isso, esta formação se dá principalmente através da prática. O conhecimento teórico
apoia o conhecimento prático. Na medida em que jogar o Jogo, você estudará a si mesmo e
percorrerá o tabuleiro com suas inúmeras casas, que são quadrantes da consciência. Sua vida será o
seu laboratório de estudos.

IDEALIZADOR E MENTOR
NICKSON GABRIEL - Terapeuta especialista em jogos de autoconhecimento e criador da
metodologia de autoconhecimento “O Jogo da Vida”. Constelador, teatroterapeuta e ​storyteller​,
atuou por mais de 4 anos como gestor de projetos educacionais na Rede Supera. Faz pontes entre a
psicologia profunda, os jogos de autoconhecimento e a espiritualidade prática. Atua como
professor, capacita psicólogos e terapeutas de diversas partes do Brasil e no exterior na aplicação
de jogos de autoconhecimento em processos terapêuticos.
O PONTO DE PARTIDA
Autoconhecimento é se conhecer. Parece tão simples, não é? Afinal, eu sou a pessoa com quem
tenho mais convívio - estou comigo mesmo o tempo todo. Sendo assim, supostamente já me
conheço o suficiente. Porém isso não é verdade. Existem diversos mecanismos que usamos para nos
manter afastados de nós mesmos.

Quando nos conhecemos de verdade? Quando conseguimos responder a pergunta que vale um
milhão: ​Quem sou eu? ​Quando podemos manifestar todas as virtudes e potencialidades que
nascem da minha essência estou sendo eu mesmo. Eu não sou o meu trabalho, o meu nome, a minha
história; isso tudo diz respeito à minha personalidade e não a minha essência. A minha verdadeira
identidade vai muito além dessas coisas e só pode ser revelada quando meu coração está aberto, ou
seja, quando posso amar de verdade.

Então, se autoconhecimento é ir de encontro ao coração aberto, isso pressupõe que existe um


coração fechado, que é um coração ferido, encoberto por camadas de proteção ou mecanismos de
defesa que o impedem de amar. Por isso, o ponto de partida do jogador é perguntar-se:

Qual é a camada da vez?


O que está me impedindo de amar?
Qual é meu ponto de trabalho nesse momento?

Ter consciência do ponto de trabalho atual facilita e dinamiza o processo terapêutico, pois os
vetores da consciência se direcionam para esse ponto e ocorre uma aceleração.

A LINGUAGEM DO JOGO
O JOGO DA VIDA é um catalisador do processo terapêutico que tem o poder de fazer com que o
indivíduo se localize e na jornada, tendo uma visão clara dos aspectos da personalidade que
precisam ser transformados. Isso acontece de forma espontânea, porém precisa, através de um
elemento não muito utilizado no universo terapêutico, a ​sincronicidade​. Este é um fenômeno ainda
pouco compreendido, pois envolve a leitura de sinais que se manifestam através dos mais diversos
elementos: sonhos, coincidências misteriosas, encontros inusitados, símbolos ou pequenos detalhes
da vida que, por distração, deixamos de perceber. A sincronicidade é a ​linguagem do Mistério​. E o
Mistério é o campo de trabalho do JOGO DA VIDA.

Por isso, para trabalhar com este método e se tornar um bom leitor de sinais, é preciso estar
suficientemente atento, aberto e receptivo, podendo confiar nos sinais que o Mistério oferece. O
Jogo exige um certo espírito de aventura, que é uma atração pelo Mistério e um prazer em
desvendá-lo.

No mundo ocidental, onde trabalhamos principalmente com o aspecto lógico dos eventos, muitas
vezes nos sentimos retraídos e céticos a respeito de caminhos como esse. A mente lógica tende a
julgar tudo que ela não compreende e essa tendência acaba sendo um fator limitante. Se, em algum
momento do seu processo, você se sentir assim, saiba que faz parte do seu Jogo. Mas lembre-se de
que, se você chegou até aqui é porque o Mistério te chamou; Ele está tentando falar com você
através de sinais. Talvez você precise de um tempo para sintonizar e compreender o que isso quer
dizer ou talvez não venha a compreender, mas possa sentir. Quando se torna um perito nessa
linguagem e passa a confiar no Mistério, o trabalho se torna muito mais fácil, pois você se alinha
com a lei do mínimo esforço e se move a partir dos elementos que a própria vida oferece.

“Sincronicidade é a união de eventos internos e externos de uma maneira que


não pode ser explicada por causa e efeito e que seja significativa para o
observador. ”​ ​– ​Carl Jung

Carl Jung defende que os fenômenos sincronísticos podem ser agrupados em três categorias:

1. Coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo


externo e simultâneo que corresponde ao estado ou conteúdo psíquico (p. ex., o
escaravelho), onde não há evidência de uma conexão causal entre o estado psíquico e o
acontecimento externo e onde, considerando-se a relativização psíquica do espaço e do
tempo, tal conexão é simplesmente inconcebível.

2. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente


(mais ou menos simultâneo), que tem lugar fora do campo de percepção do observador, ou
seja, espacialmente distante, e só se pode verificar posteriormente.

3. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento futuro, portanto, distante no


tempo e ainda não presente, e que só pode ser verificado também posteriormente.

Ademais, Jung acrescenta que, "nos casos dois e três, os acontecimentos coincidentes ainda não
estão presentes no campo de percepção do observador, mas foram antecipados no tempo, na
medida em que só podem ser verificados posteriormente. Por este motivo, diz que semelhantes
acontecimentos são "sincronísticos" , o que não deve ser confundido com"sincrônicos" .

SENTIR PARA FACILITAR


Muitas vezes ficamos estagnados em um contexto de vida justamente por não conseguirmos
identificar qual é o nosso ponto de trabalho atual, ou seja, em qual casa do Jogo nos encontramos e
quais as lições inerentes a ela. Isso ocorre por diversas razões que iremos estudar no decorrer deste
curso, mas a principal causa dessa paralisia são as nossas defesas internas. Na verdade, o nosso
único e maior inimigo no Jogo, assim como na vida, somos nós mesmos.

Partimos do princípio que o jogador que busca respostas através do Jogo da Vida deseja se conhecer
e se transformar. Porém, ao iniciar o Jogo, é natural que ele se depare com resistências que o
impedem de absorver as lições do momento e avançar. Por um lado, ele deseja se mover, por outro,
prefere não sair do lugar. E é essa contradição que o mantém paralisado, pois, mesmo estando
insatisfeito em relação a determinado aspecto da sua vida, o lugar atual ainda é uma zona de
conforto. Mesmo sendo uma situação difícil, na qual ele se vê mergulhado no sofrimento, pelo
menos é um lugar conhecido, onde ele se sente seguro.

Nesse ponto entra a primeira tarefa do facilitador: ​ajudar o jogador/buscador a identificar os


mecanismos de defesa que o estão impedindo de avançar na sua jornada​. Para cumprir essa
tarefa, além do conhecimento necessário, o facilitador precisa desenvolver algumas habilidades
específicas. Antes de mais nada, é preciso ter em mente que romper o limiar do medo para iniciar
essa jornada de autoconhecimento, entrando em contato com aquilo que mais tememos e evitamos
(sentir a dor dos choques de abandono, rejeição, humilhação e exclusão) requer um tanto de
confiança e coragem. Esse é o desafio do jogador, mas também do facilitador que inicia agora sua
experiência com o Jogo.

Portanto, abra o Jogo reconhecendo e honrando essa coragem, demonstrando seu interesse e seu
sincero comprometimento em conduzir o jogador para onde ele pode chegar. Assim você estabelece
proximidade e começa a fazer uso de uma das principais habilidades do facilitador, que é uma jóia
de cura: a ​empatia​. Essa capacidade de entrar em sintonia com o sentimento do outro para poder
ajudá-lo é fundamental no processo de desvendar do Mistério que se abre ao iniciar o Jogo.

Como facilitador e condutor do processo, você precisará ​estar suficientemente receptivo para
sentir e ouvir a voz da sua intuição ​e para confiar na condução do Jogo. Este é um convite para
a grande aventura que é ouvir e seguir os comandos do seu coração​. O JOGO DA VIDA é uma
experiência interna que se dá no campo do Mistério, portanto só pode ser, de fato, compreendida
através do coração e vivida na medida em que nos permitimos entrar em contato com nossos
sentimentos. Afinal, quais são os nossos maiores monstros, os nossos dragões internos, as maiores
armadilhas e desafios que enfrentamos se não os nossos sentimentos negados?

É importante salientar que o método do JOGO DA VIDA não exclui outras abordagens
psicoterapêuticas, mas as complementa e acelera. Muitos terapêutas, psicanalistas, psicólogos,
entre outros profissionais dessa área buscam esse conhecimento para complementar e trazer uma
nova perspectiva para seus trabalhos.

A NATUREZA SISTÊMICA DO JOGO


Este curso não é apenas uma transmissão de informação ou um método para melhorar o
atendimento aos seus clientes. O JOGO DA VIDA é também um ​caminho iniciático que tem como
campo de trabalho o Mistério da vida. Durante as aulas, ocorre a ​transmissão de uma frequência
de trabalho​. Quando sintonizamos e nos conectamos a essa frequência, o Jogo se faz presente no
nosso dia a dia e passamos a perceber com mais facilidade os sinais e as sincronicidades que
surgem no caminho. Entramos em sintonia com o Mistério e começamos a ver o ​sentido oculto por
trás de tudo que acontece. ​A sintonia ocorre através do silêncio​. A abertura do Jogo envolve um
momento de introspecção que naturalmente nos leva a uma conexão mais profunda com o Campo.

Este é um trabalho sistêmico. Isso significa que, ​além do mapeamento do desafio ou ponto de
trabalho através da conversa; além da revelação através do conteúdo referente à cada casa e da
tomada de consciência dos aspectos a serem transformados através de ​insights​, o trabalho também
acontece num nível mais sutil. Após definir o desafio e sortear o arquétipo norteador principal,
rolam os dados e o Jogo começa. Então ocorre uma mobilização interna de energia que cria um
Campo sistêmico​ e o inconsciente começa a se revelar com suas tramas. Esse Campo que é criado
entre o jogador, o facilitador e o próprio Jogo ​possibilita uma comunicação que vai além da
linguagem verbal. As sincronicidades começam a atuar e ​o Jogo começa a indicar os caminhos para
a superação do desafio.

Cada casa representa um quadrante da consciência. Ao parar em uma determinada casa, a energia
do Campo se move para ela. O silêncio, a entrega e a confiança no Jogo como uma manifestação da
vida, permite que a energia circule livremente nas diversas casas e níveis do tabuleiro, iluminando
aspectos sombrios da personalidade.

Por exemplo, se você cai na casa da Avareza, os sentimentos ocultos referentes a essa casa são
mobilizados e vêm à tona. O conjunto de casas reveladas pelo Jogo forma um ​acorde de cura​ que
funcionam como pontos de acupuntura na alma. Quando esses pontos são tocados no Jogo, há uma
reverberação que se estende para os dias posteriores e o trabalho continua.

Cada Jogo é único e revela uma metodologia inovadora e eficaz. O JOGO DA VIDA é um jeito
prazeroso e leve de olhar para conteúdos profundos. Por isso, ele ​tem o poder de acessar
quadrantes da consciência difíceis de ser acessados através de métodos convencionais.

METODOLOGIA

PRINCIPAIS FERRAMENTAS

- Maha Lilah​, o "Grande Jogo": Um milenar jogo védico que ainda hoje é utilizado por ​rishis
(sábios) como oráculo. O tabuleiro do Maha Lilah, com suas 72 casas, é a base que
utilizamos para mapear a jornada do buscador. Mais adiante nesta apostila você encontrará
a história do Jogo.

- A Jornada do Herói​, de Joseph Campbell: Assim como Jung, Joseph Campbell observou um
padrão comum em todas as histórias, contos e mitos de diversos povos. Conhecido também
como Monomito, ele observou esse padrão dividindo em 12 etapas. Trata-se de todas as
etapas envolvidas no processo de sair de um estágio de consciência para um estágio de
consciência superior.
- 12 Arquétipos de Jung​: A partir da análise dos símbolos e mitos presentes em diferentes
culturas, Jung estabeleceu os 12 arquétipos da personalidade. Estes são espécies de moldes
ou padrões de comportamento, que definem formas específicas de ser. São também
símbolos e imagens culturais que estão registrados no inconsciente coletivo. Jung define os
12 arquétipos como ​“uma tendência inata para gerar imagens com intensa carga emocional
que expressam a primazia relacional da vida humana”.​ Uma espécie de impressão digital de
toda a humanidade que permanece submersa no inconsciente de todos. Estas acabam
definindo as características particulares de cada um de nós.

ARQUÉTIPOS DO HERÓI

1 - O INOCENTE

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação


Permanecer em Abandono Verdade, Problema: à tarefa:
segurança Otimismo, Negá-lo Fidelidade,
Lealdade ou procurar discernimento
socorro

NÍVEIS

Sombrio: ​Negação, culpa, repressão, conformidade, otimismo irracional e propensão para


correr riscos.

Chamamento: ​Segurança, ambiente protegido; desejo de ser protegido e de experimentar


amor e aceitação incondicionais.

Nível Um: ​Aceitação incondicional do ambiente e das autoridades; crença de que o mundo,
tal como ele está sendo percebido, é tudo o que existe; dependência.

Nível Dois: ​Experiência da “perda da inocência” - desilusão, desapontamento - mas


retenção da fé e da benevolência durante as adversidades.

Nível Três: ​Retorno ao Paraíso, desta vez como um inocente sábio; confiança e otimismo
sem negação da verdade, ingenuidade ou dependência.
2 - O ORFÃO

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Recuperar a Exploração, Interdependência, Problema: Processar
segurança tornar-se vítima Empatia, Realismo Impotência, plenamente a dor
desejo de ser e a desilusão e
salvo, estar aberto para
complacência receber ajuda
cínica dos outros.

NÍVEIS

Sombrio: ​Cinismo, empedernimento, masoquismo ou sadismo; usar o papel de vítima para


manipular o ambiente.

Chamamento: ​Abandono, traição e autotraição, desilusão, discriminação, vitimização.

Nível Um: ​Aprendendo a reconhecer uma promessa verdadeira, abandono, vitimização,


impotência e perda de confiança nas pessoas e instituições através das quais a autoridade é
exercida.

Nível Dois: ​Aceitação da necessidade de receber ajuda; estar disposto a ser ajudado e
resgatado pelos outros.

Nível Três: ​Substituição da confiança nas autoridades por uma interdependência com
outras pessoas que se ajudam mutuamente e se associam para lutar contra a autoridade
estabelecida; desenvolvimento de expectativas realistas.

3 - O GUERREIRO

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Vencer, fazer as Fraqueza, Coragem, Problema: Excesso de
coisas à sua impotência, Disciplina, Matá-lo, arrogância, lutar
própria maneira; inépcia Habilidade derrotá-lo ou pelo que é
definir uma convertê-lo realmente
disputa importante
NÍVEIS

Sombrio:
Desumanidade, inescrupulosa e obsessiva necessidade de vencer, uso do poder para
conquistar, para encarar qualquer diferença como se fosse uma ameaça.

Chamamento:
Confrontar-se com um grande desafio ou obstáculo.

Nível Um:
Lutar por si mesmo ou pelos outros para vencer ou predominar (tudo é válido).

Nível Dois:
Lutar, baseado em princípios, por si mesmo ou pelos outros; atuação limitada pelas regras
de uma luta ou competição justas; intenções altruístas.

Nível Três:
Peremptoriedade; lutar ou competir pelo que realmente importa; pouca ou nenhuma
necessidade de uso da violência; preferência por soluções em que as duas partes saem
ganhando; conflitos discutidos honestamente; maior diálogo e honestidade.

4 - O CARIDOSO

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Ajudar os outros; Egoísmo, Compaixão, Problema: Dar sem mutilar
atuar sobre o ingratidão Generosidade Tomar conta dele a si mesmo ou
mundo através ou daqueles a aos outros
do amor e do quem ele
sacrifício prejudica

NÍVEIS

Sombrio: ​Mártir sofredor; devora o pai ou a mãe; manipula os outros através de um


sentimento de culpa; comportamento de capacitação que ajuda ou contribui para o vício, a
irresponsabilidade ou o narcisismo da outra pessoa.

Chamamento: ​Responsabilidades que implicam a dispensa de cuidados à outras pessoas;


reconhecimento da carência ou dependência de uma outra pessoa (ou da sua própria).
Nível Um: ​Conflito entre suas próprias necessidades e as necessidades dos outros;
tendência para sacrificar suas próprias necessidades em favor do que os outros precisam ou
querem que você faça; resgate.

Nível Dois: ​Aprender a cuidar de si mesmo para que os cuidados dispensados às outras
pessoas sejam algo que nos deixa enriquecidos e não mutilados; aprender a ser “duro” no
amor; dar poder às outras pessoas - em vez de fazer coisas por elas.

Nível Três: ​Disposição para cuidar e para assumir responsabilidade pelo bem- estar de
pessoas (e talvez, também, por animais e pelo planeta) que não sejam nossos parentes ou
amigos; construção da comunidade.

5 - O EXPLORADOR

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Procurar uma Conformismo, Autonomia, Problema: Ser fiel a uma
vida melhor ou ficar num beco Ambição Deixá-lo para verdade superior
um modo mais sem saída trás, escapar, ir ou mais
aperfeiçoado de embora profunda
fazer as coisas

NÍVEIS

Sombrio: ​Ambição excessiva, perfeccionismo, orgulho, incapacidade para assumir


compromissos, propensão para entregar-se a vícios.

Chamamento: ​Alienação, insatisfação, sensação de vazio; surgimento de oportunidades.

Nível Um: ​Exploração, perambulação, experimentação, estudo, tentativa de fazer coisas


novas.

Nível Dois: ​Ambição, galgar a escada do sucesso, aperfeiçoar-se ao máximo.

Nível Três: ​Busca espiritual, transformação.


6 - O DESTRUIDOR

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Crescimento, Estagnação ou Humildade, Problema: Aprender a
Metamorfose aniquilação; Resignação Ser destruído por renunciar,
morte sem ele ou destruí-lo modificar-se,
renascimento aceitar a
mortalidade

NÍVEIS

Sombrio:
Autodestrutividade (incluindo o uso abusivo de álcool e drogas, o suicídio) e/ou a
destruição de outras pessoas (incluindo assassinato, estupro, difamação).

Chamamento:
Experiência de dor, sofrimento, tragédia e perda.

Nível Um:
Confusão, luta contra o significado da morte, da perda e da dor.

Nível Dois:
Aceitação da mortalidade, da perda e da impotência relativa.

Nível Três:
Capacidade de optar por abrir mão de tudo aquilo que não contribua mais para os seus
valores, para a sua vida e para o seu desenvolvimento e o das outras pessoas.

7 - O AMANTE

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Felicidade, Perda do amor, Compromisso, Problema: Buscar a
uniformidade, separação Paixão, Êxtase Amá-lo felicidade,
unidade comprometer-se
com aquilo que
ama
NÍVEIS

Sombrio:
Ciúme, inveja, fixação obsessiva no objeto ou pessoa amada, necessidade compulsiva de
fazer sexo, complexo de Don Juan, promiscuidade, obsessão por sexo e pornografia ou
(inversamente) puritanismo.

Chamamento:
Paixão cega, sedução, desejo ardente, fascinação (por uma pessoa, uma ideia, uma causa, um
trabalho).

Nível Um:
Buscar a felicidade e aquilo que ama.

Nível Dois:
Formar vínculos e estabelecer compromissos com quem ou aquilo que ama.

Nível Três:
Radical autoaceitação, dando origem ao Self e ligando o pessoal ao transpessoal, o individual
ao coletivo.

8 - O CRIADOR

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Identidade. Inautenticidade, Criatividade, Problema: Autocriação,
Criação de uma deformação, falta Identidade, Aceitar que isto é Autoaceitação
vida, de uma de imaginação Individualidade, um componente
atividade Vocação do Self, parte do
profissional ou qual foi criado
de uma nova pelo próprio
realidade de indivíduo; estar
qualquer espécie disposto a criar
uma outra
realidade

NÍVEIS

Sombrio: ​Criação de circunstâncias negativas e de oportunidades limitadas; obsessão por


criar, dedicação excessiva ao trabalho.
Chamamento: ​Devaneios, fantasias, imagens ou lampejos de inspiração.

Nível Um: ​Abertura para a recepção de visões, imagens, palpites e inspirações.

Nível Dois: ​Permitir a si mesmo saber o que realmente quer ter, fazer ou criar.

Nível Três: ​Experiências com a criação daquilo que imagina - permitindo


que seus sonhos se transformem em realidade.

9 - O GOVERNANTE

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Ordem. Caos, perda do Soberania, Problema: Assumir total
Um reino controle Responsabilidade, Encontrar responsabilidade
próspero e Competência, maneiras de pela própria vida;
harmonioso Controle utilizá-lo de encontrar
(vida) forma maneiras de
construtiva expressar no
mundo o seu Self
mais profundo

NÍVEIS

Sombrio: ​Comportamentos dominadores, rígidos, tirânicos e manipulativos; o temível


tirano.

Chamamento: ​Falta de recursos, de harmonia, de apoio ou de ordem na sua vida.

Nível Um: ​Assumir a responsabilidade pelo estado da sua vida; procurar curar as feridas ou
áreas de impotência que se refletem na carência da vida exterior; preocupação com sua
própria vida e a de sua família.

Nível Dois:
Desenvolvimento de habilidades e criação de estruturas para a manifestação de seus
próprios sonhos no mundo real, conforme ele é; a pessoa se preocupa com o bem do grupo
ou da comunidade a qual pertence.

Nível Três:
Utilização plena de todos os seus recursos, tanto internos quanto externos; preocupação
com o bem-estar da sociedade ou do planeta.
10 - O MAGO

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Transformação Magia Negra Poder Pessoal Problema: Sintonia do Self
da realidade para (transformação Transformá-lo ou com o Cosmos
melhor num sentido curá-lo
negativo)

NÍVEIS

​Sombrio: ​Feiticeiro maligno ou bruxa malvada; ocorrências negativas sincrônicas, atraindo


negatividade para si mesmo ou outras pessoas; transformando situações positivas em
situações negativas.

Chamamento: ​Doença física ou emocional ou experiências extra-sensoriais ou sincrônicas.

Nível Um: ​Experimentar a cura ou optar por vivenciar experiências extra-sensoriais ou


sincrônicas.

Nível Dois: ​Inspiração para agir com base nas suas visões e torná-las reais; transformação
dos sonhos em realidade.

Nível Três: ​Uso consciente do conhecimento de que cada coisa está ligada a todas as outras;
desenvolvimento da arte de transformar realidades físicas através da prévia modificação
das realidades mentais, emocionais e espirituais.

11 - O SÁBIO

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Verdade, Impostura, Ceticismo, Problema: Alcançar o
entendimento fraude, ilusão Sabedoria, Estudá-lo, conhecimento, a
Desprendimento, compreendê-lo sabedoria e a
Desapego ou transcendê-lo iluminação
NÍVEIS

Sombrio: ​Isolamento, ausência de sentimentos; “torre de marfim” (ficar acima do mundo);


atitudes e comportamentos críticos, superiores e pomposos.

Chamamento: ​Confusão, dúvidas, profundo desejo de encontrar a verdade.

Nível Um: ​Busca da verdade ou da objetividade.

Nível Dois: ​Ceticismo, consciência da multiplicidade e da complexidade da verdade; toda a


verdade é vista como relativa; aceitação da subjetividade como parte da condição humana.

Nível Três: ​Experiência da verdade definitiva; sabedoria.

12 - O BOBO

Meta: Medo: Dádiva: Dragão/ Reação à tarefa:


Divertimento, Tédio, apatia Alegria, Problema: Confiar no
Fruição, Prazer, Liberdade, Brincar com ele processo; gozar a
Vivacidade Liberação ou pregar-lhe jornada pelo seu
peças prazer intrínseco

NÍVEIS

Sombrio: ​Auto-indulgência, preguiça, gula, irresponsabilidade.

Chamamento: ​Enfado, tédio, desejo de gozar a vida mais intensamente.

Nível Um: ​A vida é um jogo para ser jogado pelo prazer de fazê-lo (bobo).

Nível Dois: ​Esperteza usada para fraudar os outros, para sair de encrencas, para dizer a
verdade sem ser castigado por isso (trapaceiro).

Nível Três: ​A vida é vivida plenamente no presente; ela é festejada pelo seu valor
intrínseco, um dia de cada vez (bobo sábio ou bufão).
MAHA LILAH

História do Jogo

O Maha Lilah é um Jogo antigo de autoconhecimento, cuja história remonta a milhares de anos. Nem
o autor nem o momento da criação deste jogo são conhecidos. Na antiguidade, em muitas culturas
do mundo, o nome do autor não era considerado significativo porque ele apenas expressava a
vontade do Criador.

O Jogo representa a jornada do jogador, que é ilustrada por virtudes (escadas) e vícios (serpentes).
Conhecendo seus estados internos e libertando-se da escravidão das paixões, os jogadores passam
de níveis mais baixos de consciência para níveis mais altos a fim de alcançar ​moksha​, a liberação
final, através da fusão com a Consciência cósmica.

Cerca de 50 opções de tabuleiros de jogos estão espalhadas pelos museus do mundo. A maioria
deles foi encontrada em regiões da Índia, Nepal e Tibete. O Jogo tem pelo menos 2.000 anos e
aparece como instrumento de autoconhecimento​ ​em inúmeras tradições religiosas e escolas
filosóficas. Existem versões jainistas, hinduístas, sufistas. Há também evidências da existência de
versões budistas.

De acordo com a cultura, o Jogo ganhou um nome diferente. Aqui estão alguns exemplos:

Gyan Chauper (Jogo da Sabedoria)


Jnana bazi/Gyan bazi (Jogo do Paraíso e do Inferno)
Leela (Passatempo)
Vaikunthapaali
Thayam
Parama Pada Sopanam (Passos para o Mais Alto)
Kismet, Moksha Patam (Escadaria da Salvação)
Shatranj Al Arifin, Nagapasa
Snakes & Ladders

O Jogo, na versão que estamos estudando aqui, se manifesta através de um tabuleiro com 72 CASAS.
O tabuleiro contém 10 ESPADAS que representam as principais virtudes ou qualidades da alma e 10
SERPENTES que representam aspectos de sombra interior. O tabuleiro é dividido em 8 níveis ou
linhas, com 9 casas cada. São 7 níveis correspondentes aos 7 ​chakras​ e o último nível que
corresponde ao plano divino.

Quando o jogador pára numa casa onde há o punho de uma espada, este é levado a visitar a casa
onde está a ponta da espada. Quando ele pára em uma casa onde há a cabeça de uma serpente, ele é
chamado a descer até a casa onde está a ponta do rabo dela. Esse movimento representa os altos e
baixos inerentes ao processo evolutivo.
Dentre as variadas versões do ​Maha Lilah​ que se manifestaram no Oriente, nos propomos a
trabalhar e honrar a versão resgata pelo sábio ​Harish Johari​, um cientista indiano, especialista nas
escrituras do hinduísmo, filósofo, artista, mestre da astrologia védica, numerólogo, escultor, poeta,
músico e escritor. Graças ao seu trabalho de restauração de textos perdidos, o Maha Lilah tornou-se
um Jogo compreensível e agradável para nós.

Preparação para o Atendimento

- Uma preparação é necessária para a condução de um bom Jogo. Em primeiro lugar, é


importante que, antes de um atendimento, você não esteja correndo, saindo de uma
atividade estressante, de uma discussão ou se envolvendo com qualquer coisa que cause
desarmonia no seu sistema interno. Para facilitar o Jogo, é preciso estar ​tranquilo​ e
presente​.

- Alguns minutos de ​silêncio ​são fundamentais para a preparação do Campo do Jogo e para
que haja uma sintonização com a pessoa ou o grupo que será atendido.

- É importante estar limpo, bem vestido, ou seja, ​apresentável ​para um atendimento


profissional.

- O ​ambiente​ também precisa estar harmonizado. A maneira como você prepara o ambiente
reflete completamente no Jogo. E isso é importante também no atendimento online, pois é
uma questão energética que pode ser percebida à distância.

- Deixe o ​tabuleiro ​colocado no local onde será feito o atendimento, juntamente com as
cartas dos 12 arquétipos​.

- O Jogo poderá ser jogado em uma ​mesa ou no chão​, o que vai depender do quão
confortável você se sente para isso e também do perfil do jogador. Se o atendimento for no
chão, ofereça uma almofada ou uma cadeira de meditação para o seu cliente. O tabuleiro
deverá ser colocado de frente para o jogador de forma que ele possa ler os nomes das casas.

- Na medida do possível, use ​incensos​ ou ​óleos essenciais​ de limpeza e harmonização que


ajudam a trazer tranquilidade e clareza mental. Lavanda, alecrim, cipreste e sálvia são
aromas que proporcionam isso.

- Se fizer sentido, você pode preparar um altar com uma ou mais imagens que te ajudem a
estabelecer conexão com o grande Mistério. Faça isso somente se houver um comando
interno, pois o ideal é deixar o ​ambiente​ o
​ mais neutro​ ​possível​. Uma ​vela e flores
sempre são bem-vindos.

- Deixe disponível um recipiente com ​água fresca​ e ​lenços de papel​.


- Pode ser muito bom usar ​música instrumental leve​, serena, que ajude a trazer conexão e
elevação energética, desde que isso não gere interferência na concentração necessária para
o Jogo. Pergunte ao jogador como ele se sente com a música e, se ele achar melhor,
mantenha o silêncio.

- Tenha em mãos a ​ficha do jogador​ e o​ tabuleiro de rascunho​.

Como Iniciar o Jogo

- Inicie a sessão convidando o jogador a sentar-se confortavelmente, com a coluna ereta e


olhos fechados, para fazer uma prática de ​silêncio​ que poderá durar de ​3 minutos​.

- Depois desse período, instrua a prática de um exercício de respiração:

CICLO DE RESPIRAÇÃO 4 / 4 / 6 /2

Inspiração Retenção Exalação Retenção


(com o ar nos pulmões) (Sem o ar nos pulmões)

4 segundos 4 segundos 3 segundos 2 segundos

- Conduza esse exercício por 3 ciclos e pratique junto com o jogador por mais 3 ciclos. Para
finalizar esse período, é útil usar um sino tibetano ou então um aplicativo que simule o som
de um sino.

- Toque o sino e convide o jogador a preencher a ​ficha do jogador​.

- Inspire o jogador a refletir sobre o que ele está buscando no Jogo. A ideia é fazer com que a
pessoa entre em contato com suas ​insatisfações e desafios​ atuais, podendo assim
identificar qual é o seu ​ponto de trabalho​. Faça isso levando ela a refletir sobre qual área
da vida tem sido mais desafiadora no momento. O que tem sido motivo para ela perder o
sono, a paciência e a vitalidade, quer seja no trabalho, na vida financeira, nos
relacionamentos, na família, entre os amigos ou na vida espiritual. Não permita que a
conversa se estenda muito nesse momento. Seja objetivo. A resposta deverá ser direta,
específica e objetiva. Ao perceber que a pessoa está desviando do ponto, traga-a para a
presença. Isso pode ser percebido através da energia que se manifesta enquanto ela fala.
- Após o desafio ter sido definido, o ​sorteio do arquétipo​ pode ser feito. Tendo em mãos as
cartas dos 12 arquétipos​, convide o jogador a concentrar-se no seu desafio para então
escolher uma das cartas.

- Apresente a ​imagem do arquétipo​ escolhido para o jogador e o convide a sentir e


expressar o que ele sente em relação a ela. Esse arquétipo será o​ guia do jogador durante
a jornada​ do Jogo, por isso o que a pessoa sente a respeito dele é muito importante.

- Depois disso, ​fale um pouco sobre o simbolismo do arquétipo​, procurando transmitir


sua essência. Você poderá consultar seu material de estudo para isso, porém o mais
adequado seria já ter incorporado o conhecimento, pois o fato de você, durante o
atendimento, consultar o conteúdo do curso pode acabar quebrando a energia do Campo.

- Um ​objeto pessoal​ ​do jogador​ (que contenha sua energia)poderá ser usado no tabuleiro
durante a jornada através das diversas casas do Jogo. Porém, se o atendimento não for
presencial, você poderá usar um objeto genérico, como uma pedra, uma estátua pequena ou
qualquer coisa que represente a pessoa. Ao colocar esse objeto no tabuleiro, focalize o
jogador trazendo-o para a sua consciência e para o Campo do Jogo.

- Agora o​ dado já pode ser jogado​. O jogo começa na ​casa 6, Moha, o apego​.

- Se sentir que é importante, antes de iniciar o Jogo, você poderá falar um pouco sobre a
história do Jogo, como ele funciona e sua ​cosmogênese​. Isso não é necessário, mas pode ser
útil como forma de ampliar a consciência do jogador a respeito do propósito do Jogo. Mas,
caso não queira fazer isso, permita que o Jogo inicie assim mesmo.

Quando Termina o Jogo

- Não jogamos o Maha Lilah com a intenção de chegar à última casa do Jogo, mas com a
intenção de receber a revelação da verdade. O compromisso do Jogo é com a verdade, seja
ela qual for. O objetivo portanto é fotografar o que não está alinhado com ela, agradando ou
não o jogador. O papel do facilitador não é satisfazer a vontade do cliente, mas sim guiá-lo
numa jornada de autoconhecimento.

- Sendo assim, a busca não é pela iluminação, mas sim pelo ​insight​ que leva o jogador a
compreender o que o Jogo ou a vida têm a dizer em relação ao seu ponto de trabalho no
momento. Normalmente esse ​insight​ chega dentro de 4 jogadas, quando se forma um
"acorde de cura" e o jogador compreende o que precisa ser compreendido. Cada casa
funciona como um ponto de acupuntura que, durante algum tempo, fica irradiando energia
e estimulando a transformação.
- Dependendo do caso, pode ser necessário jogar mais uma ou duas vezes, formando acordes
maiores. Nesse caso, fique atento pois há grande chance do jogador não estar conseguindo
enxergar o que o jogo quer mostrar.

- A sessão normalmente dura 2 horas, mas isso também pode variar de acordo com cada
pessoa e cada facilitador.

- Quando sentir que o Jogo já disse o que precisava dizer, ​finalize o atendimento fazendo
mais alguns minutos em silêncio​. Se desejar, agradeça internamente ao grande Mistério
pelos ​insights​ recebidos e pela oportunidade de ser um canal de autoconhecimento e cura;
ore para que a pessoa siga seu caminho com maior clareza e possa encontrar a cura para o
seu desafio.

O TABULEIRO

Nível 1 - MULADHARA CHAKRA


FUNDAMENTOS DO SER
Elemento: Terra

Este chakra se relaciona com os aspectos materiais da vida, a sobrevivência e as necessidades básicas.
Ele representa a raiz do edifício da consciência, pois é onde repousa a energia Kundalini, a força vital
que, quando acordada, ascende aos chakras superiores, promovendo o despertar da consciência em
seus diversos níveis. Conhecido também como chakra básico, esta é a sede das matrizes do ego e da
energia sexual.

CASA 1 - JANMA, Genesis


Esta casa contém o propósito maior do Jogo. E para compreendermos esse propósito,
precisamos estudar um aspecto fundamental da Consciência divina: o prazer de criar. A
criação nasce do prazer e é por isso que ela é tão vasta, abundante e infinita. O prazer é o
motor da criação.

A Genesis nos fala sobre como o Jogo foi criado. Em algum momento, o Criador, que é a
própria Consciência amorosa, foi tomado pelo desejo de se expressar e expandir a si mesmo
através da criação. Então, para que o amor pudesse expandir, era necessário esquecer de si
mesmo para que, ao retornar a si (lembrando da sua origem) se tornasse um​ amor
consciente​. Assim foi criado o grande Mistério, pois esta seria a única maneira de
experienciar a criação sem antes conhecê-la. A Consciência, que é pura luz, cria um princípio
que é também uma lei deste plano: a ​dualidade​. Inicia-se um jogo de luz e sombra.
A sombra tem uma função no Jogo. É através dela que a Consciência experiencia a própria
luz. Imagine por um instante um lugar onde só existe luz, o que você veria? Nada. A
Consciência se expande através do jogo da vida. E nós somos os protagonistas deste Jogo.
Carregamos dentro de nós a própria essência do Criador, a centelha divina, que é o Amor.
Nosso propósito é expandir o amor através do despertar das nossas virtudes e dos nossos
dons e talentos. É por isso que dizemos que a vida é uma escola de amor consciente.

CASA 2 - MAYA, Ilusão ou Esquecimento


Maya, a ilusão, é uma lei deste plano: sem ela não haveria Jogo. A ilusão se manifesta
prioritariamente como esquecimento e separação, o que normalmente se traduz em
sofrimento. Ao tomar a forma de um corpo humano para viver a experiência da
individualidade, a alma esquece da sua origem, da sua essência amorosa e, a partir desse
esquecimento, acredita ser separada do todo e carente de amor.

Toda criança deseja ser amada. E não somente amada, mas amada exclusivamente. Porém
essa necessidade nunca será suprida já que não existe amor exclusivo. A natureza do amor é
a inclusão. Quando experienciamos o amor, quer seja por uma pessoa, por uma criança, por
um animal, a nossa capacidade de amar naturalmente se expande. Portanto não existe amor
exclusivo e inevitavelmente a criança terá suas expectativas frustradas. Mesmo as crianças
mais adoradas e mimadas têm, em algum momento, a sensação de que não foram
suficientemente amadas. Isso faz parte do jogo da vida. A frustração do desamor, nos leva
diretamente para a próxima casa do Jogo.

CASA 3 - KRODHA, Raiva


As antigas escrituras do hinduísmo trazem uma visão muito assertiva sobre ​krodha. ​Elas
nos lembram que a raiva só existe se houver desejo. Sem desejo não há raiva. Por trás da
raiva sempre há um desejo frustrado.

Quando a criança não é atendida no seu desejo de amor exclusivo, ela se sente insegura e
acaba buscando uma maneira de se proteger e de restaurar o sistema ferido pelo desamor.
A raiva surge como uma defesa natural, instantânea e automática. Esta é a primeira
alternativa que o sistema da criança encontra para tapar o buraco gerado pela carência
afetiva.

A raiva funciona também como um anestésico para a dor. E juntamente com ela, vem a
culpa, que funciona como uma infecção na psique. Nos culpamos porque, ao mesmo tempo
em que amamos nossos pais, nós também sentimos raiva deles. Além disso, quando a
criança não é amada, ela entende que existe algo de errado com ela e sente culpa. E essa
culpa gera o auto-ódio que, mais tarde, normalmente se manifesta como autopunição e
autodestrutividade. Outro fator agravante para a culpa é a cultura: sentir raiva dos pais é
culturalmente abominável. Mesmo sendo natural, a raiva é condenada pela nossa sociedade.
Krodha​ também se relaciona com o fogo e é a casa dos pactos de vingança. Quando sente
raiva, a criança inconscientemente bloqueia o fluxo do amor e, como um mecanismo de
proteção, deseja se vingar: "​Eu não recebi o que eu queria, então não vou dar o que tenho
para dar​". Então, a partir dos pactos de vingança, surgem as máscaras. A raiva é uma
distorção do atributo divino do poder e pode se disfarçar de autossuficiência e indiferença,
assim como pode se manifestar na sua forma mais óbvia: a agressividade. Quando a energia
da raiva é domanda e reconvertida, ela se manifesta como poder de ação e realização. Quem
tem essa energia estabilizada, sabe impor limites saudáveis nas relações sem manifestar
agressividade.

CASA 4 - LOBH, cobiça


Um bom símbolo para representar a cobiça é uma cuia sem fundo, a qual nada preenche. A
cobiça original é o desejo de ser amado exclusivamente. Essa é a origem da carência e do
desejo. Porém, como vimos, esse desejo não pode ser atendido e isso gera raiva e culpa.
Quando a criança não recebe o amor que deseja, ela entende que existe algo de errado com
ela e, além da culpa, ela começa a sentir-se inadequada e a deseja se tornar outra pessoa.
Ela entende que, se for perfeita, receberá o amor que necessita. A partir daí, ela cria um eu
idealizado, ou seja, uma versão ideal de si mesma que servirá para agradar aos pais e
consequentemente ao mundo.

O eu idealizado se transforma em um tirano cruel que exige da criança nada mais nada
menos do que a perfeição. Então ela coloca toda sua energia vital no desejo de tornar-se
perfeita. É aqui que nasce a obstinação, que é prima da cobiça.

Para a criança, ser amada pelos pais é tudo. Os pais são o seu mundo e não ser amada por
eles representa a morte. Com isso, para proteger-se, ela fica obstinada em tornar-se esse eu
idealizado para agradá-los e garantir sua sobrevivência. O problema é que essa perfeição
não existe e a criança fica submetida à tirania do eu idealizado, que está sempre apontando
defeitos e gerando mais sentimentos e inadequação, insuficiência e inferioridade. Esses
sentimentos agravam a obstinação que, por sua vez, provoca mais raiva e mais cobiça.
Cria-se um círculo vicioso autoperpetuante.

Para interromper esse círculo é preciso cortar o mal pela raíz. A cobiça só pode ser
dissolvida quando entramos em contato com a real necessidade que está por trás dela. Ela é
uma desconexão com aquilo que realmente necessitamos, ou seja, com aquilo que, de fato,
poderá nos nutrir e suprir a carência. Portanto, a cobiça é uma distração que nos leva a
buscar por coisas, pessoas e experiências que não nos preenchem e apenas nos afastam
daquilo que realmente importa.

Mas, para irmos na direção do que importa e nos preenche, é preciso ter coragem de olhar
para a ferida do desamor.
CASA 5 - BHU-LOKA, Plano Físico
Bhu-loka é a sede do ​chakra básico​, portanto incorpora seus atributos. Esta é a sede da
energia sexual e de suas distorções. A luxúria nasce aqui, porém, se faz presente em todo o
Jogo, já que a sexualidade está na base da estrutura da personalidade. Quando a energia
sexual, que deveria servir ao amor, é distorcida e passa a servir ao ódio, surge a luxúria.
Atuamos na luxúria quando usamos a nossa energia sexual para dominar e obter poder
sobre o outro. Estando desconectados do amor e do prazer original, o êxtase divino,
acabamos nos deixando seduzir pela luxúria e seus pratos fáceis e saborosos. É quando a
energia sexual casa com o sofrimento.

A luxúria é mãe da voracidade, das compulsões e da preguiça. Muitas vezes, ela se manifesta
através de um prazer que sentimos ao imaginar determinadas situações fantasiosas, não
somente no que diz respeito ao sexo. Por exemplo, você sente prazer imaginando ser uma
pessoa muito bem sucedida, famosa e adorada por todos. Essa fantasia traz um prazer, mas
você não usa a sua energia para, de fato, realizá-la. O que você faz é se distrair e desvitalizar
com essa imaginação. Mas quando essa energia é trabalhada e canalizada de forma positiva,
você se torna um realizador. A luxúria, quando purificada e reconvertida, se transforma em
devoção. E a devoção (casa 54, bhakti-loka) é o caminho mais rápido para a iluminação
espiritual (casa 68, Consciência Cósmica).

CASA 6 - MOHA, Apego


É aqui que o Jogo começa. Esta casa fala sobre apegos e condicionamentos. Nossa história,
nosso nome, nossas conquistas, bens materiais, crenças e ideias a respeito de quem somos…
Tudo isso faz parte de uma falsa identidade, a qual estamos muito apegados e identificados,
mas nada disso é a realidade final.

O propósito maior do Jogo é irmos além dele mesmo, ou seja, é desapegar da própria
identidade que usamos para jogar. Porém, para desapegar, precisamos ter o que entregar.
Faz parte do jogo construir uma estrutura de ego forte para, mais adiante, poder
desconstruí-la.

Esta casa também tem a ver com o propósito de vida, que é a forma única como o amor se
manifesta através de nós. Cada um tem sua personalidade, sua identidade, e toca seu
instrumento do seu próprio jeito. Essa singularidade é divina, porém, ainda não é a nossa
verdadeira identidade. E somente abrindo mão da falsa identidade podemos conhecer a
identidade real.

CASA 7 - MADA, Vaidade/Orgulho


O orgulho é um general, um guardião que está a serviço da falsa identidade.
A ferida original do ser humano diz respeito à inferioridade e à inadequação e o orgulho
nasce para compensar esses sentimentos. Assim como a raiva, o orgulho também é uma
tentativa de compensação. Quando nos sentimos inferiores aos outros e temos medo de que
isso seja verdade, acionamos outro mecanismo: a vaidade. Usamos esse mecanismo para
criar uma autoimagem, uma máscara de superioridade.

O orgulho é difícil de ser desferido, pois ele protege a si mesmo. Como ser orgulhoso é
sinônimo de ser inferior, o orgulho se esconde de si mesmo. Por isso, pode ser bastante
desafiador lidar com essa estrutura, mas o Jogo é muito bom para desmascarar o orgulho e a
vaidade.

O jogador orgulhoso normalmente demonstra estar resistente ao que o Jogo revela. Ele não
quer deixar transparecer suas fraquezas e fragilidades, mas quando chega nesta casa,
imediatamente o orgulho é desarmado. O Jogo naturalmente derruba essa estrutura.

Ao parar nesta casa, o jogador está sendo convidado a estudar um pouco mais sobre as suas
máscaras. E o facilitador precisa olhar para os sentimentos que estão por trás delas e não
para o orgulho em si. O foco é enxergar a ferida e não o sintoma. A armadilha do facilitador
aqui é identificar-se com o orgulho do outro e não fazer empatia com a sua dor. Nesta casa, o
trabalho é dar a mão para o jogador para que ele consiga se fragilizar e, de fato, receber
ajuda.

O orgulhoso/vaidoso normalmente usa uma máscara de autossuficiente, aquele que dá


conta de tudo sozinho. Ele não se mistura. Ele pode estar rodeado de pessoas, mas não se
envolve, não se abre. Portanto, a solidão é um dos sintomas que pode ser identificados nesta
casa.

Quando temos consciência do nosso próprio valor, não somos orgulhosos, somos humildes.
Nossa mente não fica vagando em busca de alternativas para agradar mais aos outros ou
para parecer melhor do que eles. Não desperdiçamos energia pensando sobre o que as
pessoas vão pensar de nós ou sobre como seremos reconhecidos. Nós sabemos o nosso
lugar no mundo e assumimos esse lugar sem medo.

A falsa humildade (orgulho disfarçado de humildade) pode se manifestar como uma


dificuldade em assumir seu lugar e reconhecer seu próprio valor. Muitas vezes, preferimos
não assumir nosso poder para não termos que lidar com as responsabilidades e
desconfortos que isso podem causar.

Apesar de estar sediada no ​chakra​ básico, a vaidade vai até o sexto ​chakra.​ Mesmo aqueles
seres que estão na antessala da iluminação e que conquistaram poderes espirituais e estão
podendo amar e navegar nos planos mais elevados da consciência, podem ser derrubados
pelo orgulho e pela vaidade.
CASA 8 - MATSARYA, Avareza
Esta é uma das casas que mais acessamos no Jogo. A avareza se relaciona com a ideia da
falta e normalmente aquilo que nos falta se relaciona com o nosso ponto de trabalho, que é o
desafio que trazemos para o Jogo.

Se algo nos falta é porque nos falta dar algo. Se estou dando o que vim para dar; se estou
entregando o que está no meu programa para ser entregue, nada me falta. O estado de
bem-aventurança, de prazer, se dá através do fluxo do dar-receber. O principal ensinamento
desta casa é: dar e receber são faces da mesma moeda, são uma coisa só. É dando que se
recebe. Quem dá de verdade, naturalmente recebe.

Aqui é onde mora o medo da escassez. Fomos educados numa cultura de medo da falta. Se
não trabalharmos muito, não teremos nossas necessidades atendidas. Passamos a vida
inteira ralando para acumular bens materiais porque temos medo que nos falte alguma
coisa.

No caminho desta casa, muitas vezes está a Ira (casa 3), pois a avareza se relaciona com os
pactos de vingança: "Eu não recebi o que queria, então não vou dar o que tenho para dar".
Por isso, tantas vezes queremos nos mover em direção à realização do propósito e da
prosperidade, mas não conseguimos avançar. Porque a prosperidade e o propósito só
podem ser colocados em movimento quando finalmente damos o que temos para dar. E se
existem pactos de vingança, nos deparamos com resistências que, muitas vezes, não
conseguimos compreender. Não entendemos porque, ao nos movermos na direção do que
queremos, algo nos deixa paralisados.

A Avareza pode servir como um instrumento de aferição. Ao perceber resistências quando


nos movemos na direção de algo que desejamos realizar, isso é uma pista de que,
provavelmente, estamos no caminho certo. Através dos movimentos da resistência,
identificamos o caminho a seguir. Em outras palavras, a forma como a Avareza se manifesta
em nós, dá pistas sobre o que precisamos fazer.

Porém, a Avareza muitas vezes nos cega, porque, se continuarmos sem saber o que temos
para dar, não precisamos nos responsabilizar e fazer o que precisa ser feito. Essa é uma
estratégia que a avareza usa para continuar não entregando o que precisa entregar. E, por
trás dessa estratégia, sempre há raiva e vingança.

O medo também está nos cômodos desta casa. Existe uma falta de confiança no fluxo da
vida. Não acreditamos que a vida vai suprir todas as nossas necessidades. Acreditamos que,
se dermos o que temos, isso vai nos faltar mais tarde. Normalmente quando paramos nesta
casa, o Jogo está nos levando a olhar de frente para o medo com o objetivo de construir a
coragem necessária para fazer o que precisa ser feito.

Esta casa quer nos lembrar que, na verdade, não existe falta neste mundo. O medo da
escassez é uma ilusão, um desperdício de energia e um mecanismo de construção da
realidade, ou seja, o medo acaba gerando a escassez.

Portanto, ao parar nesta casa, o jogador precisa investigar o que ele tem para dar, mas se
nega a oferecer. Uma nuance da avareza é quando damos muitas coisas menos o nosso
principal tesouro.

CASA 9 - KAMA LOKA, Plano Sensual/Desejo


As escrituras védicas dizem que todo sofrimento nasce dos desejos. O desejo é uma
desconexão com tudo aquilo que já tenho e com as minhas necessidades reais.

A vida está constantemente nos dando tudo que precisamos. Mas, muitas vezes, o que
precisamos chega de maneiras inesperadas, que não gostamos ou que não estamos prontos
para aceitar. Eventos desagradáveis, decepções, fracassos, perdas… Tudo isso chega para
nos ensinar alguma coisa e precisamos estar prontos para receber. Se temos essa
compreensão, estamos sempre gratos por tudo que a vida nos dá.

O desejo é o oposto da gratidão. Ele sempre olha para fora, para o lado da falta, e isso gera
compulsão, voracidade, consumismo, competição e uma série de outras distorções. Esta é
também a casa da gula que também funciona como um mecanismo de amortecimento da
dor.

A chave para atravessar o desafio desta casa é conectar-se com aquilo que verdadeiramente
nos preenche e nutre. E isso já está disponível, dentro de nós.

Nível 2 - SWADHISTHANA CHAKRA


REINO DA FANTASIA / PLANO ASTRAL
ELEMENTO ÁGUA

Este é o chakra dos relacionamentos, da procriação, da família, da sexualidade, dos órgãos genitais, da
língua (sensualidade), do movimento e da criatividade. É o campo da imaginação, das ideias, dos
sonhos.

CASA 10 - SHUDDHI, Purificação


Aqui está a espada da Purificação que nos leva diretamente para a casa da confiança. A
purificação é o que promove a transição do medo para a confiança. E ela acontece de forma
natural. A própria vida proporciona os eventos que ativam nossas feridas de forma que
possamos purificá-las.

Esta não é uma casa agradável de estar. A Purificação pode ser bastante desconfortável. Ela
funciona como um processo de desintoxicação e exige mudança de hábitos e padrões. É
como se algo estivesse morrendo dentro de nós e, se estamos identificados com isso,
inevitavelmente sofreremos a dor do apego.

Encarar a Purificação conscientemente, como uma desintoxicação necessária e benéfica, faz


com que o processo se torne mais fácil. É preciso estar consciente de que tudo isso é para
bem. Sem essa consciência, podemos ser tragados pelo medo e pelo desespero, o que
atrapalha e atrasa o processo.

Shuddhi ​normalmente se manifesta como uma crise, uma perda, uma doença… É algo que
nos chacoalhe e nos coloca em movimento. É como uma pedra que cai numa água parada.
Existe uma estagnação, uma paralisia, então a vida traz esses elementos de choque para
podermos ter coragem de sair de onde estamos, que provavelmente é uma zona de conforto,
onde já há possibilidade de crescimento. A natureza do Jogo é crescimento e expansão e a
Purificação é um instrumento do Jogo.

A paralisação é um estado de dormência dos nossos talentos; é quando o poder pessoal está
apagado. Portanto não existe energia. O jogador que pára nesta casa, pode estar se sentindo
desvitalizado, desanimado, deprimido. E normalmente está fazendo uso de amortecedores
da consciência para não sentir a dor que está por trás da paralisia.

Por isso, um dos cômodos da casa da Purificação é a ​tapasya​, a austeridade. É um


instrumento que pode acelerar e facilitar o processo. Vamos supor que o jogador use a
comida para amortecer seus sentimentos. Ele acaba comendo demais e isso faz com que ele
não encontre energia para se mover. Neste caso, a tapasya seria deixar de consumir aquela
coisa que mais gera voracidade. Talvez parar de comer açúcar por algum tempo; talvez
acordar mais cedo, usar menos o celular ou até mesmo finalizar um projeto que está
guardado na gaveta. Para o "workaholic", a austeridade poderia ser trabalhar menos e se
permitir relaxar mais. Para cada jogador, o trabalho é diferente.

CASA 11 - GANDHARVAS, Diversões


Gandharvas​, de acordo com os Vedas, são seres celestiais dotados de primor artístico e
criativo. Eles são os músicos celestiais, responsáveis por alegrar as divindades. Nesta casa,
cabe o estudo do arquétipo do Louco, o Bobo, pois existe aqui um espírito brincalhão.

Nesta posição do Jogo, o jogador tem a oportunidade de conectar-se com a força da alegria.
Esta casa representa um atalho, uma maneira de flexibilizar e simplificar as coisas. Uma das
qualidades do ​Maha Lilah​ é justamente esta: tratar do autoconhecimento de uma forma
mais leve, mais agradável, lembrando que tudo é apenas um jogo e que nós somos
jogadores.

Este é um chamado para um resgate da espontaneidade, da criança interior. Os ​Gandharvas


estão cantando: "Não leve tudo tão a sério! Saia do controle!" Muitas vezes, tudo o que
precisamos para sair do sofrimento é dar um sim para o prazer. Aqui abre-se um campo
para a realização da confiança - a confiança do inocente. Também podemos dizer que esta
casa nos lembra sobre a necessidade da autocompaixão.

Aqui, as estruturas que nos impedem de manifestar as nossas virtudes e o eu superior se


tornam evidentes. Começamos a tomar consciência da dureza, do controle, da tirania
interna, da autoexigência e da culpa que não nos autoriza a experienciar essa energia. Esta
casa traz uma flexibilidade, um colorido; ela vem malhabilizar nossas couraças, armaduras e
estruturas rígidas.

Estando tomada pelo tirano interno, ao acessar as Diversões, a pessoa pode entrar ainda
mais na culpa, se criticando por não conseguir ser mais leve. Esta casa é uma tomada de
consciência do eu idealizado e da constante culpa que não nos permite sentir prazer. Ela
evoca a necessidade de encontrarmos soluções leves e criativas para os problemas.

CASA 12 - IRSHA, inveja


Aqui mora uma serpente que nos leva para a casa 8, a Avareza. A Inveja nos leva a não dar o
que temos para dar porque, ao invés disso, perdemos tempo querendo dar/ser outra coisa.
É como um limoeiro querer dar maçãs. Se o limão olha para a maçã e deseja ser uma
macieira, ele acaba não dando limões.

A Inveja é uma matriz difícil de ser percebida, quanto mais reconhecida pelo buscador. Ela
se relaciona a uma ferida de inadequação, a um sentimento de incapacidade, de impotência
e inferioridade. Quando alguém - através do seu brilho, do seu sucesso, da sua força ou da
sua beleza - toca nessa ferida, a inveja solta o seu veneno, que é o desejo que o outro não
brilhe.

O invejoso inconscientemente deseja colocar o outro para baixo, de forma que ele possa se
sentir menos inferior. Existe um prazer em ver o outro cair.

A Inveja é uma matriz muito disfarçada. Disfarçamos inclusive para nós mesmos, pois é
difícil de lidar com a consciência desse desejo maldoso dentro de nós. Muitos disfarçam a
inveja com uma falsa admiração. Quando admiro, eu desejo ver o outro brilhar. A Inveja é
bem diferente e age de maneira sorrateira e astuta. Muitas vezes, o invejoso elogia o
invejado, mas logo depois aponta um defeito: “Fulano é muito legal, mas tem esse
problema”. O invejoso normalmente abre um sorriso amarelo ao ouvir a boa notícia do
invejado.
A energia da Inveja vem sempre com uma carga forte de rejeição. Por isso, muitas vezes,
acionamos um mecanismo inconsciente de proteção que é esconder o nosso brilho para não
causar inveja no outro. A pessoa invejosa pode ser um familiar, um amigo, ou seja, alguém
com quem nos importamos e por quem desejamos ser aceitos. Mas, se estivermos menos
identificados com a nossa própria ferida de inferioridade, não seremos afetados pela inveja
do outro, porque não dependemos da sua aceitação. Nesse caso, podemos inclusive ajudá-lo
espelhando suas qualidades positivas, ensinando e demonstrando que existe um caminho a
ser percorrido para chegar onde estamos e que ele também pode brilhar. Se não nos
permitimos brilhar por causa da inveja do outro, perdemos inclusive essa oportunidade de
ajudá-lo.

Quando amadurecemos e nos libertamos da vaidade, podemos brilhar sem gerar inveja. A
vaidade e o orgulho são irmãs da inveja. Elas atuam juntas. Quando construímos algo com
base na vaidade, acabamos sempre atraindo a inveja, pois inconscientemente comunicamos
que somos especiais, que somos melhores que os outros, e isso alimenta essa energia. Mas,
se estivermos íntegros, cientes do nosso real valor, a inveja não nos atinge. Porém, é
importante estar sempre atentos porque a inveja, principalmente aquela inconsciente, lança
uma carga forte de ódio que pode gerar destruição.

O chamado desta casa é conectar-se com a sua própria força, que está na sua essência, que é
a expressão genuína do seu valor. A chave é parar de se comparar e olhar para dentro para
encontrar o autovalor; descobrir o que você tem para dar. Não estando conscientes do nosso
valor, nos comparamos com os outros e acabamos desejando ser algo diferente do que
somos. Não adianta querer ser um limoeiro se você é uma jaqueira. Uma jaca nunca dará
uma boa limonada.

CASA 13 - ANTARIKSHA, Nulidade


É dito que a nulidade é um limbo. Não estamos nem no céu, nem na terra. Nem acima, nem
abaixo. ​Antariksha​ é traduzida como o intelecto negativo, mas se manifesta também como
paralisação e retraimento. Neste ponto da jornada, existe uma falta de energia vital que nos
leva a uma estagnação e uma paralisação diante do que precisa ser feito.

Portanto, esta casa se relaciona com a preguiça, que é uma matriz bem pouco compreendida
e difícil de trabalhar. A nossa cultura condena a preguiça, pois é uma cultura do fazer
compulsivo. Entende-se a preguiça como um desvio de caráter. Julgamos o preguiçoso
acreditando que ele está fazendo “corpo mole” para tirar vantagem das situações. Porém,
até mesmo aquela pessoa superativa, o "workaholic", pode estar atuando na preguiça,
porque o fazer compulsivo é, na verdade, uma fuga. A pessoa faz muitas coisas justamente
para não fazer aquilo que precisa ser feito. Portanto, o facilitador que está acompanhando o
jogador nesta casa, precisa se libertar dos julgamentos morais a respeito desse sintoma e
acordar a compaixão, compreendendo que por trás da preguiça existe muita dor e
sentimentos congelados. Ao mesmo tempo, é preciso ficar atento, pois pode existir uma
tendência de atuar na máscara da vítima, da submissão, já que o preguiçoso normalmente
está desvitalizado.

A raiva reprimida é a principal causa da paralisação. É muito comum, quando nos


esforçamos para sair da zona de conforto, sentirmos raiva, pois o congelamento acontece
justamente porque não queremos entrar em contato com a raiva. Acabamos nos afastando
do objeto que provoca a raiva pois não queremos lidar com esse sentimento. Porém, não é
possível fugir para sempre disso. Em algum momento, inevitavelmente, a raiva acaba
transbordando na forma da agressividade e da autodestrutividade. É como uma represa que
tem suas barreiras derrubadas: a água chega com muita violência. Quando isso ocorre, o
custo é muito alto. Você paga com a sua saúde, sua paz, sua prosperidade e sua satisfação
pessoal.

O ensinamento desta casa é portanto aprender a liberar a energia da raiva de forma que ela
não cause tanta destruição. Isso significa aprender a canalizá-la para a construção de algo
positivo como, por exemplo, a arte, o trabalho, o esporte e as lutas marciais.

Aqui também somos convidados a olhar para os amortecedores que usamos para não sentir
a raiva. Quando tomamos consciência disso e nos dispomos a fazer essa energia circular, a
própria vida nos proporciona as oportunidades certas. A catarse como ferramenta
terapêutica pode ser uma boa maneira de liberar essa energia represada no sistema.

CASA 14 - BHUVA-LOKA, Plano Astral


Essa casa sintetiza o conhecimento relacionado ao segundo ​chakra,​ que é o centro do
elemento água, do feminino, da flexibilidade, da criatividade e da sexualidade.

Normalmente, a pessoa que chega nessa casa traz um desafio ligado à esfera dos
relacionamentos. Pode haver uma dificuldade de se abrir para o outro, de se entregar, de se
fundir, de aprofundar na intimidade ou de abrir espaço para Eros. Podemos trazer para essa
casa o estudo do arquétipo do amante que nos fala justamente sobre a arte da entrega e da
dança entre masculino e feminino.

Por estar relacionada à sexualdiade, esta é uma casa especialmente complexa, pois é nessa
esfera que estão as marcas da repressão, a vergonha, a castração, a dificuldade de
expressão, a luxúria, a gula... Pode haver muita energia estagnada e se torna delicado
aprofundar nisso tudo. Neste caso, o papel do facilitador deve simplesmente deixar que os
conteúdos aflorem de forma natural, sem forçar.

Se você é terapeuta e trabalha com o processo da análise, será possível compreender qual é
a mensagem da casa para o jogador. Mas, caso não seja possível compreender, confie no
poder do campo sistêmico do Jogo. Confie que o trabalho está acontecendo
independentemente de você. Relaxe e simplesmente deixe acontecer.

Como a energia sexual é a própria energia criativa, a pessoa chega nesta casa também pode
estar com uma questão relacionada à criatividade. Talvez algo, um projeto, uma obra
artística ou um empreendimento, precise se manifestar através dela.

CASA 15 - NAGA-LOKA, Plano da Fantasia


A fantasia pode ser observada de dois ângulos, um positivo e outro negativo. O positivo é a
conexão com a imaginação e com o brilho da criatividade; o negativo é o autoengano e a
ilusão.

A criança naturalmente vive dentro de mundo fantástico, cercada de personagens e imagens


multicoloridas. Nós adultos vivemos isso através dos filmes, das histórias e da nossa própria
capacidade de imaginar. A energia que essa casa invoca é a da exploração e experimentação
de novas possibilidades e novos mundos. Ela vem para ativar potenciais realidades internas
(virtudes adormecidas ou poderes desativados) que contém chaves para a criação de novas
realidades externas. Esse aspecto da Fantasia faz parte da energia do ​Maha Lilah.​ Dela surge
a arte e a beleza; surge a inspiração que nutre a alma.

O outro aspecto desta casa é a ilusão, que se manifesta como necessidade de escapar da
realidade e de inventar histórias para convencer-se de algo, o que é um outro nome para o
autoengano. Existe uma tendência de idealizar cenários, criando ideias utópicas que não
condizem com a realidade.

Quando vista por este ângulo, ​Naga-Loka​ traz um questionamento: O que não estou
querendo enxergar? Como posso estar distorcendo a realidade para continuar não
enxergando? O que preciso ver para avançar na jornada?

A fantasia, quando não atendida, gera frustração e perda de energia. Quando estamos
colocando energia em algo que não tem a ver com a nossa essência ou propósito, essa casa
vem nos dizer que um processo de desconstrução precisa ser atravessado. Porém, não cabe
ao facilitador ser o agente desse processo dando flechadas no outro ou indicando por onde
ele deve seguir. O Jogo se encarrega disso. O papel do facilitador é apenas provocar o
questionamento.

Ao observar o significado desta casa, tendo em vista o caminho percorrido pelo jogador até
então, será possível perceber qual é o aspecto que está sendo evocado. Por exemplo, se o
jogador, antes de parar aqui, passou pela casa das Diversões, talvez o recado seja para
exaltar o aspecto lúdico da Fantasia. Mas se o jogador passou pela casa do apego, isso pode
representar o fato dele não estar aberto para enxergar outra realidade. Nesse caso, ele não
consegue ver que algo precisa mudar.
CASA 16 - DVESHA, Ciúme
Esta casa se relaciona a um certo tipo de insanidade que se manifesta como desconfiança,
paranóia ódio, apego, controle… No fundo, o ciúme é uma profunda desconexão consigo
mesmo e com o própria força. Quando não acreditamos em nós mesmos, inconscientemente
colocamos nosso próprio poder na mão do outro, fantasiando que ele pode preencher o
buraco da nossa carência afetiva. Dessa forma criamos uma relação de dependência
extremamente nociva porque, ao depositar no outro a nossa necessidade de segurança e de
amor, projetamos nele o próprio sentido da vida e, sem perceber, acreditamos que a nossa
felicidade depende dele. Essa dependência gera um enorme apego e qualquer movimento
que ameace a relação gera ciúme.

A cabeça da serpente situada nesta casa nos leva diretamente para a casa da Cobiça que,
basicamente, é a querer algo de fora para preencher um vazio interior. O medo, a
desconfiança, a paranóia fazem o jogador voltar para a base, o primeiro ​chakra.​ Pode haver
também um auto-ódio proveniente do não reconhecimento do próprio valor. A pessoa
projeta o seu valor no outro e teme ser rejeitada por ele. Ela é assombrada por um fantasma
interno que está constantemente repetindo que ela será trocada por outra pessoa. O seu
maior temor é o da traição. E, na maioria das vezes, ela acaba criando situações que
comprovam essa crença.

O ciúme pode ser vivenciado de outras maneiras não tão literais, através do controle
excessivo, do domínio, da posse e da necessidade de colocar o outro para baixo. É
importante lembrar que o ciúme pode se manifestar em qualquer tipo de relacionamento:
na família, na busca de reconhecimento dos pais, em relação aos amigos ou até mesmo ao
chefe.

O questionamento básico dessa casa é: O que, de fato, te preenche? Qual é o buraco que você
está tentando tapar? Qual é a sua necessidade real?

CASA 17 - DAYA, Compaixão


Daya​ é a maior espada do Jogo, a espada da compaixão. Ela nos leva diretamente para o
último ​chakra​. ​Daya​ também é a casa do perdão, pois ele é irmão da compaixão.

Muitas vezes, o Jogo alerta para uma necessidade de desenvolver autocompaixão, porque, se
não tenho compaixão comigo mesmo, não tenho com o outro. ​Para isso, é importante ter
coragem de expor sua fragilidade, tanto para o outro quanto para si mesmo.

A compaixão é uma energia amorosa que se move na direção da fragilidade do outro. É estar
junto com o outro na sua dor, no seu desafio. É um mergulho de profunda aceitação e
empatia. A compaixão, assim como o perdão, possibilita milagres. É um poder que nos eleva
a um nível maior de amorosidade, o amor incondicional.

Agora não é momento de usar a mente procurando destrinchar o significado que está por
trás dessa parada. O coração fala muito mais alto. Como facilitador, seu papel é estabelecer
uma conexão com o outro, procurando sentir o seu coração. Sempre lembrando que você dá
apenas o que tem para dar e não adianta ficar inventando algo para dizer.

Observe o caminho percorrido, as dores e desafios que foram revelados nesse percurso, e
faça empatia. Se torne um canal da compaixão. Lembre-se: a autocompaixão facilita a
compaixão. É preciso ter compaixão com os próprios defeitos; perdoar as próprias falhas.

Daya​ também nos fala sobre a necessidade de abrir mão do perfeccionismo, lembrando que
sempre temos escolha. O lívre arbítrio é um produto da compaixão divina. A própria criação
é uma expressão da compaixão do Criador. Nós somos seres divinos.

CASA 18 - HARSHA-LOKA, Plano da Alegria


Se você faz empatia, você compreende. Se você compreende, você perdoa. E se perdoa,
agradece. A Alegria é um resultado, um fruto da gratidão. Esta casa representa a conquista
da vitória sobre os obstáculos vividos anteriormente. Significa que o amor venceu.

Porém, também pode existir a falsa alegria, aquela que procura escapar da dor e da
profundidade dos desafios da vida. Quando a alegria é verdadeira, ela é um elixir para a
alma. Ela nos nutre e dá energia para aprofundarmos no processo de autoconhecimento e
também para acessarmos dimensões mais elevadas de consciência. Se não podemos
celebrar a vida através do contato com a natureza, da dança, da amizade e da beleza, não
encontramos energia para seguir em frente na jornada.

A Alegria é o ​dharma​ do ​Maha Lilah,​ que é um jeito lúdico de enxergar e lidar com as
questões profundas da vida.

Nível 3 - MANIPURA CHAKRA


TEATRO DO KARMA
ELEMENTO FOGO

Este chakra traz a energia de ação. Relaciona-se ao arquétipo do Guerreiro e com a energia masculina
em nós. A compreensão da dança das energias opostas ajuda muito na definição do que está sendo
trabalhado no momento. Às vezes trabalhamos mais o feminino, às vezes mais masculino.
CASA 19 - KARMA-LOKA, Plano do Karma
Karma​ significa ação, mas aqui estamos falando da ação possível de ser realizada,
independentemente dos nãos internos. Muitos compreendem o ​Karma​ como algo negativo,
uma consequência de uma escolha equivocada do passado. E pode ser lido dessa maneira,
mas o ​Karma​ vai muito além disso. Ele é a lei que rege o Jogo em equilíbrio com o ​Dharma​.

Uma maneira de compreender essa casa é como um local de parada, onde ficamos por um
tempo aprendendo uma lição específica. ​Karma​ pode ser lido como uma dívida de
aprendizado, mas também como uma dádiva, pois através dele aprendemos o que
precisamos aprender para a nossa evolução.

Na tradição hindu, existe o ​Karma Yoga​, que é o caminho da autorrealização através da ação
ou do serviço desinteressado. Essa é portanto a casa da ação correta, o que significa alinhar
o ​Karma​ (ação) com o ​Dharma​ (missão). ​Dharma​ é o caminho correto, aquele que leva à
liberação.

É importante compreender que uma ação não necessariamente envolve movimento. Existe
ação na inação e inação na ação. Nossos pensamentos e sentimentos são ações e também
geram reações.

Em resumo, a parada nesta casa, indica que algo que precisa ser feito não está sendo feito ou
que existe um desalinhamento entre o que fazemos no mundo e o nosso propósito de vida.

Reflexões: O que você precisa fazer agora? O pode ser feito no momento?

CASA 20 - DAAN, Caridade


Esta é a espada da caridade. Esta casa se relaciona ao aspecto positivo do arquétipo do
Caridoso, que representa a capacidade de se colocar à serviço do outro. Significa entregar o
que temos para entregar. Fazer o que viemos fazer aqui.

A caridade é uma ação que nasce do coração e portanto se alinha com o ​Dharma.​ Ela é a
expressão mais pura da ação correta. Através da caridade, nos elevamos para o ​chakra​ do
coração.

Ao parar nesta posição do jogo, o jogador está sendo convocado a colocar seu amor em
movimento através de uma doação compassiva e desinteressada. É preciso relacionar o
desafio ou ponto de trabalho trazido para o Jogo para entender qual é a mensagem da casa.
Medo da escassez, egoísmo, avareza, preguiça, congelamento… Muitos podem ser os
sintomas relacionados à incapacidade de se doar para o outro.
Diante dessa casa surge a questão: O que você pode fazer pelo outro sem cobrar nada em
troca? Como você pode ajudar, mas não está ajudando?

CASA 21 - SAMAN PAAP, Expiação


Esta casa fala sobre a lei espiritual de causa e efeito. Aqui, a energia do ​Karma​ se apresenta
na forma da purificação. Quando o jogador para nesta casa, significa que ele precisa tomar
consciência de que seus atos do passado estão influenciando no momento presente e então
agora ele pode decidir reparar seus erros, através de uma penitência ou austeridade, para
evitar o sofrimento.

A casa da Expiação evoca o elemento da autorresponsabilidade. Entendemos que estamos


onde nos colocamos e assim não nos deixamos ser levados pelo vitimismo. No entanto,
quando nos negamos a aprender a lição desta casa, o vitimismo aparece como um efeito
colateral. Ele é o que nos impede de aprender as lições que a vida nos traz. A
autorresponsabilidade, pelo contrário, nos empodera. Ao assumir a responsabilidade pelos
nossos atos, compreendemos que precisamos compensar de alguma maneira. Aqui, nós
ainda temos escolha e podemos evitar a dor inerente ao ​Karma​, enquanto que, na casa 35, o
Purgatório, é diferente.

A autorresponsabilidade é a chave que nos liberta do sofrimento. Mas quando não podemos
manifestar essa virtude e nos negamos a ver que existe algo a ser resgatado, atrasamos o
nosso processo evolutivo e aumentamos a conta ​karmica.​ É justamente essa resistência em
aceitar e assumir responsabilidade pelas situações difíceis da vida que gera o sofrimento. A
dor do crescimento é inevitável, mas o sofrimento é desnecessário. É você que escolhe ficar
no sofrimento na medida em que se nega a aprender as lições da vida.

CASA 22 - DHARMA-LOKA, Plano do Dharma


A espada do ​Dharma​ nos leva a dar um salto para o sétimo ​chakra​. ​Dharma​ é o caminho do
coração ou o caminho natural, no qual a essência se manifesta. Assim como o ​Dharma​ da
água é matar a sede e nutrir a terra, o ​Dharma​ do ser humano é amar.

Dharma​ também pode ser interpretado como a resposta mais natural para as situações. É
quando nos movemos na direção do fluxo da vida e, portanto, alinhados com a lei do mínimo
esforço.

Esta casa nos diz que para todo o problema existe uma solução. Sempre existe uma peça que
encaixa perfeitamente no quebra-cabeças da vida. Se estivermos em dúvida sobre qual é o
nosso ​Dharma,​ o nosso caminho natural, basta observar para onde a vida está nos levando.
A vida está sempre dando pistas que nos levam à consciência e à realização do ​Dharma.​ Ela
está sempre trazendo desafios e situações que nos colocam no caminho do coração. Quando
insistimos em negar o chamado do coração, nos opondo ao fluxo da vida, o sofrimento é
inevitável. Portanto esta casa nos convida a refletir sobre os nossos ​nãos:​ para a saúde, para
a prosperidade, para a felicidade e para a autorrealização.

Reflexão: Em qual lugar do quebra-cabeças da vida nos encaixamos naturalmente?

CASA 23 - SWARGA-LOKA, Plano Celestial


Chegamos ao plano do Criador, aquele que cria e materializa. Esta é a energia da ação e da
concretização. A cabeça da espada que toca esta casa (vindo da casa 10, a Purificação)
representa a transição do medo para a confiança.

Estando situada no ​Manipura Chakra​, o centro de força relacionado ao fogo,​ Swarga-Loka


tem uma ligação com a força da ira. Portanto, nesta casa abre-se uma investigação a respeito
dessa energia para identificar se ela está estagnada ou desequilibrada, tanto no trabalho
como nos relacionamentos, ou em outras áreas da vida.

Quando o jogador chega nesta casa, pode haver uma necessidade de centramento e de
coragem para ocupar o seu lugar no mundo. Aqui, é adequado fazer uma relação com o
arquétipo do Guerreiro, que representa a coragem de ir em direção ao alvo, enfrentando o
que for necessário.

Reflexão: Seu fogo está aceso ou apagado?

CASA 24 - KU-SANG-LOKA, Más Companhias


Esta casa nos diz que, para passar para o próximo estágio da jornada, precisamos rever as
nossas influências. É fundamental conviver com pessoas que dão força para o nosso
desenvolvimento e nos ajudam a fortalecer nossas virtudes. Quando mudamos,
normalmente as nossas companhias também mudam, pois elas são reflexo de quem somos.

Por exemplo, se desejamos nos desenvolver espiritualmente, mas convivemos com pessoas
que não se interessam por isso, naturalmente somos desestimulados. Quando uma pessoa
para de fumar cigarro, ela precisa se afastar daqueles que fumam, caso contrário é muito
difícil sustentar a mudança. Se a vítima sempre atrai o agressor, quando a pessoa deixa de
atuar no papel da vítima, o agressor também deixa de atuar ou se afasta dela.

A cabeça da serpente que mora nesta casa nos faz descer diretamente para a casa da
Vaidade, porque as Más Companhias tendem a alimentar aspectos negativos da nossa
personalidade como se fossem virtudes. Elas não estimulam o nosso crescimento, pois
preferem que fiquemos onde elas estão. As Más Companhias podem parecer ótimos amigos,
pois não apontam defeitos, já que estão mais interessadas em nos agradar ou até mesmo em
nos derrubar. O bom amigo é aquele que nos ajuda a crescer, mesmo que, para isso, seja
necessário dizer algumas verdades desagradáveis.

Quando o jogador pára nesta casa, é importante observar se ele mesmo não está sendo uma
má companhia para alguém ou se está dando sustentação para grupos ou estruturas onde
há distorções de poder que alimentam o eu idealizado, o que é danoso tanto para a pessoa
que ocupa a posição de poder como para os que estão submetidos a essa estrutura.

Muitas vezes, para nos sentirmos pertencendo, nos mantemos ligados à pessoas que não
favorecem o nosso desenvolvimento. A própria família pode representar más companhias, o
que pode ser bastante desafiador.

CASA 25 - SU-SANG-LOKA, Boas Companhias


Esta é a casa da amizade e dos aliados. Criamos amizades e vínculos verdadeiros quando
podemos ser autênticos. A amizade verdadeira é aquela que nos permite ser quem somos. É
quando podemos nos revelar para o outro, sem medo. Aqui podemos revisar um
ensinamento contido no estudo da jornada do herói: os aliados surgem no caminho quando
o herói consegue revelar suas fragilidades e encontra coragem para aceitar o chamado
interior e dar início à jornada.

As Boas Companhias são aquelas que nos apoiam para seguirmos o caminho do coração, o
Dharma​, o fluxo da vida. Elas nos dão força para fazermos o que precisa ser feito. Esta casa
também tem relação com os nossos guias e mestres, aqueles com quem podemos contar
para nos conduzir na jornada.

Uma chave para ativar a força das Boas Companhias é aprender a pedir ajuda. Aqui também
entra o poder da oração sincera. A compaixão está sempre disponível, mas é preciso abrir a
porta. Lembre-se de que você não está sozinho.

CASA 26 - DUKH, Dor ou Sofrimento


A dor é uma grande aliada no jogo da vida. Ela nos situa na jornada e garante o retorno à
nossa essência. Quanto mais nos afastamos de nós mesmos; quanto mais andamos na
direção contrária do ​Dharma,​ mais sofrimento geramos, para nós mesmos e para os outros.

Se não existisse a dor, talvez não pudéssemos estar vivos, pois não teríamos noção dos
perigos que nos cercam. Quando sentimos dor em algum ponto do corpo, isso é um alerta
sobre algo que precisa ser tratado. As dores emocionais têm essa mesma função. Elas nos
mostram o que precisa ser transformado. Porém, temos medo da dor e tentamos fugir dela,
mas isso é o que nos mantém presos ao sofrimento. Quando negamos a dor, também
deixamos de aprender as lições que ela nos oferece.
Ter coragem de entrar em contato com os sentimentos negados e sentir a dor é a chave
mestra da cura. Ao parar nesta casa, o jogador pode estar sendo convidado a iniciar um
trabalho de cura, no qual o primeiro passo é abrir mão dos amortecedores, para poder
sentir. Esta posição do Jogo não é confortável, mas faz parte do processo evolutivo da alma.

CASA 27 - PARMARTH, Serviço Desinteressado


Existe uma diferença entre o serviço desinteressado e a caridade. A caridade é uma prática
consciente, que pode ser realizada em situações específicas e o serviço desinteressado é um
jeito de ser; é quando todas as nossas ações se tornam uma oferenda ao divino.

Esta casa nos fala sobre a qualidade da entrega. É quando nos rendemos ao fluxo da vida e
nos tornamos canais do amor. Quando paramos nesta casa, estamos sendo chamados a sair
de nós mesmos para colocar o amor em movimento à serviço de algo maior. ​Parmarth
também é um meio de ​realizar o nosso propósito de vida. Se nascemos para amar, então
nascemos para servir. Quem ama, serve - quem serve, ama.

A espada de Parmarth nos leva diretamente para a casa 41, o Plano Humano, onde podemos
colocar nosso amor em movimento através da energia do quinto ​chakra.​

Nível 4 - ANAHATA CHAKRA


CONQUISTANDO EQUILÍBRIO
ELEMENTO AR

Nível da conexão com a essência. A partir daqui, o Jogo começa a tornar-se mais sutil e estabelece uma
ponte com o divino. Começamos a acessar a esfera da espiritualidade. O facilitador nesta fase precisa
ter em mente o caminho percorrido pelo jogador até esse ponto, pois a combinação de casas poderá
ajudar a compreender o que o Jogo deseja transmitir como caminho. Cada acorde de casas tem seu
significado e as combinações podem ser infinitas. Por isso é preciso aprender a sentir o campo e deixar
o Jogo atuar, sem ter a necessidade de dizer ou resolver alguma coisa.

CASA 28 - SUDHARMA, Religiosidade Correta


Sudharma​ refere-se à maneira particular que cada indivíduo se conecta com o ​Dharma.​ A
maneira única como o amor se manifesta através de cada um. Tem relação com os dons e
talentos, com os presentes que trazemos para entregar ao mundo.

Ao parar nesta casa, o jogador é chamado a compreender a sua própria natureza e a


observar se seus dons e talentos estão sendo devidamente colocados à serviço do seu
propósito de vida. Apesar do nome, esta casa não tem a ver com religião, mas sim com
religare​ ou religação da alma ao Espírito. E essa conexão pode ser feita através daquilo que é
mais natural na expressão individual de cada um. Um músico conecta-se através da música.
Um artista, através de sua arte. Um esportista pode estabelecer conexão íntima consigo
mesmo através das suas práticas, sua disciplina e da superação de limites. Esses são apenas
alguns exemplos, mas todos são capazes de estabelecer essa conexão com o propósito maior
da vida através dos seus dons e talentos, daquilo que genuinamente amam e fazem bem.

CASA 29 - ADHARMA, Irreligiosidade


O prefixo "a" diante da palavra ​Dharma​ remete à uma negação ao ​Dharma​. Esta casa diz
respeito aos aspectos negativos que nos impedem de realizar a nossa missão de vida.
Quando nos negamos a oferecer os presentes que trouxemos para o mundo,
inevitavelmente somos lançados ao sofrimento.

A parada nesta casa indica que pode haver uma negação da vida que se manifesta através do
auto-ódio e da autodestruição. Também pode haver sentimento de incompletude e
desconexão com algo maior; vazio existencial ou uma falta de sentido em viver são sintomas
relacionados a essa posição do Jogo.

CASA 30 - UTTAM GATI, Boas Tendências


Esta casa diz respeito à tudo que nos ajuda e nos influencia de forma positiva. São
tendências e potencialidades que nos levam a fazer o que precisa ser feito e a superar o
desafio trazido para o Jogo. O alimento que consumimos, o que costumamos ver e escutar, o
que compramos, os lugares que frequentamos, as práticas que realizamos... Tudo isso indica
quais são as nossas tendências.

Esta posição do Jogo nos chama para esse estudo com a intenção de ativar potenciais
desativados e de abandonar hábitos que não ajudam nessa ativação. Parar nesta posição do
Jogo nos diz que, para resolvermos a questão ou ponto de trabalho atual, precisamos
cultivar bons hábitos e fazer uso das nossas Boas Tendências.

CASA 31 - YAKSHA-LOKA, Plano da Santidade


Esta casa trata do aspecto da pureza espiritual. ​Yakshas​ são descritos nos Vedas como seres
de altíssimo grau evolutivo. Ao parar nesta casa, o jogador é chamado a olhar mais
profundamente para a esfera da espiritualidade, o que equivale a dizer que ele terá que
observar a maneira como se relaciona com isso que chamamos de Deus, o Espírito, o Eu
superior, ou qualquer outro nome que possamos usar.

Uma das chaves do Jogo é justamente a lembrança constante da divindade, que é a Verdade
e a essência que deu origem à criação. Essa essência é eterna, ela não morre.
O facilitador aqui tem o papel de criar o campo para essa energia se manifestar, lembrando
que ela não pode ser compreendida com a mente, mas apenas sentida com o coração. Se
formos muito mentais, insistindo em tentar fazer relações racionais com outras casas e
elementos do Jogo, não será possível estabelecer o campo adequado. A capacidade de
entregar-se aos sentimentos, a intuição, deixando o campo atuar, é fundamental. Sem isso
não é possível auxiliar o jogador nesta fase da jornada, já que as casas daqui para cima têm
justamente a função de nos tirar da mente, do racional, e adentrar no campo espiritual, que
é o próprio Mistério.

Aqui não se trata de elaborar, mas sim de conectar-se e confiar na atuação sistêmica do Jogo,
ou seja, confiar que existe uma energia circulando e atuando no Campo. Confie e verá que
naturalmente os conteúdos relacionados ao tema proposto virão à tona.

CASA 32 - MAHA-OR MAHAR-LOKA


Esta é a casa do coração. A síntese do quarto ​chakra​. É quando ocupamos nosso lugar no
mundo e podemos manifestar nossa essência através dos nossos dons e talentos. Portanto,
Maha-or-Mahar-Loka​ representa o propósito, a forma única pela qual o amor se expressa
através de nós. Ela representa também o equilíbrio: entre masculino e feminino, entre céu e
terra, entre material e espiritual. Estamos no centro do Jogo, abaixo dos três ​chakras
superiores e acima dos três ​chakras​ inferiores.

O significado desta casa é uma confirmação de que, se aprendermos tudo que temos para
aprender no caminho do Jogo, chegaremos ao ponto de equilíbrio, onde podemos
manifestar a nossa essência. Isso significa que estamos começando a alçar vôo ou pelo
menos que existe esse potencial latente. O casulo está prestes a se quebrar libertando a
borboleta da prisão da dualidade.

Assim como outras casas dos planos superiores, esta indica um arremate, um final, ou ainda
um visão de futuro. Vislumbramos alcançar o estado de equilíbrio através da resolução dos
nossos problemas e de tudo que se apresentou durante o Jogo.

CASA 33 - GANDHA-LOKA, Plano da Fragrância


Fragrância é sinônimo de essência. Esta casa evoca a conexão com isso que é o nossa
essência, a substância da qual somos feitos. O alimento que consumimos, tudo aquilo que
pensamos e sentimos, a maneira como lidamos com as nossas emoções, o nível de
compaixão que temos por todos os seres vivos... Tudo isso compõe o perfume essencial do
Ser, a fragrância única que exala da alma.

Nos primeiros ​chakras,​ essa instância não é normalmente percebida pelo sentido físico do
olfato, mas na medida em que nossa energia ascende para os ​chakras​ superiores, a
consciência se expande e passamos a percebê-la e o olfato se torna uma porta para o Divino.
Ocorre uma conexão entre o olfato e as emoções superiores.

É dito que, conforme vamos evoluindo, os odores que exalamos através do corpo se tornam
mais sutis e delicados. Na cultura hindu existem inúmeros relatos que contam como ​yogis
avançados e mestres iluminados mantêm o corpo preservado e perfumado durante muitos
dias após a morte. Existe uma relação entre o despertar espiritual e a fragrância do Ser.
Esse é um dos mistérios do Jogo, que só pode ser revelado ao jogador que se compromete
com o despertar espiritual.

Aqui, o facilitador não precisa procurar entender com a mente, até porque não é possível. O
seu papel é conectando-se com o Campo para poder sentir a fragrância, a sutileza do Jogo. É
preciso desenvolver essa habilidade de sentir o campo sutil. Quanto mais conectados com
nossa própria essência, mais facilmente nos conectamos com a essência do outro.

Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a conectar-se com sua essência mais profunda,
observando como pode ampliar seu nível energético para desenvolver essa conexão. Uma
maneira de purificar o olfato é abandonando perfumes sintéticos e tudo que exale odores
agressivos e artificiais. Aqueles que possuem conhecimento sobre óleos essenciais e
fragrâncias poderão aplicar esse conhecimento neste momento do Jogo. Escolha um óleo,
acenda um incenso, transmita e receba através do olfato. Estimule ​Gandha​ e traga essa
experiência para o Jogo.

CASA 34 - RASA-LOKA, Plano do Gosto


Na medida em que vamos ascendendo aos ​chakras​ superiores, os órgãos dos sentidos se
tornam mais puros e nossa capacidade sensitiva é ampliada. Assim como começamos a
sentir as notas do perfume essencial do Ser, também podemos saborear a beleza da vida de
forma mais profunda. ​Rasa-Loka​ tem a ver com essa experiência e com o prazer que ela
proporciona.

Esta casa fala sobre o refinamento perceptivo. O jogador que visita este plano, está sendo
convidado a desenvolver um senso mais refinado de gosto, o que envolve não somente
sabores, mas sons, palavras, conversas, arte, poesia, imaginação e compreensão de
significado. Para isso, é preciso se abrir para degustar e apreciar a beleza da vida num nível
mais profundo, incluindo perceber e apreciar as emoções e sentimentos mais elevados.

No quarto ​chakra,​ o sentido do paladar é purificado e passamos a nos interessar mais pela
essência daquilo que consumimos. Os alimentos processados, condimentados e
desvitalizados deixam de nos agradar e naturalmente são extintos da nossa dieta diária. Não
há necessidade de fazer esforço para abandoná-los.
Para o jogador que apresenta maus hábitos relacionados à alimentação, gula e compulsões
de todos os tipos, parar nesta casa indica que, para avançar na sua jornada evolutiva, será
necessário desenvolver esse refinamento de gosto, de forma que possa encontrar prazer nas
sutilezas da vida.

CASA 35 - NARKA-LOKA, Purgatório


Alguns descrevem ​Narka​ como um demônio sádico, mas, na verdade, ele é um agente do
Karma​. Ele chega para ensinar o que precisa ser aprendido. Esta casa é o rabo da serpente
que vem da casa 52, o Plano da Violência, pois quando infringimos dor aos outros através de
ações violentas, inevitavelmente descemos ao Purgatório.

Aqui existe uma qualidade de consciência relacionada à autorresponsabilidade e à aceitação


que é desenvolvida somente neste nível do Jogo. No quarto ​chakra,​ o ​yogi​ tem consciência
de que, nessa vida, tudo tem um preço. A partir dessa visão, ele sabe o que precisa ser vivido
e aprendido. O jogador paga suas contas reconhecendo que gerou uma dívida. Dessa forma,
ele aceita aprender através de experiências desagradáveis.

Essa também é uma qualidade de experimentação. Porque, viver o ​Karma​ de forma


consciente, compreendendo onde e quando plantamos a semente do que estamos vivendo, é
completamente diferente de experienciá-lo de forma inconsciente, sem ter ideia de onde ele
veio. Essa qualidade facilita a travessia do desafio, porque, muito do peso que sofremos
diante das situações difíceis da vida é por que não compreendemos o motivo pelo qual
estamos passando por aquilo.

Os desafios que atravessamos nos ajudam a desenvolver determinadas qualidades,


habilidades e até mesmo virtudes. No fundo, esses desafios são presentes. Nesta casa, a
situação é diferente: sofremos as consequências diretas das ações negativas do passado. É
como sentir dor por ter dado um soco na parede. A dor ensina que não podemos mais agir
dessa maneira. Mas, se não entendemos que a dor surgiu dessa ação, continuamos brigando
com a parede, e ainda por cima, colocamos a culpa nela.

CASA 36 - SWATCH, Claridade de Consciência


Clareza além da razão. Nitidez e transparência espiritual - aquilo que é. Normalmente, antes
de chegar aqui, a pessoa teve um ​insigth​ que é confirmado nesta casa.

Neste ponto do Jogo, o jogador colhe os frutos da purificação dos ​karmas​ feita
anteriormente. Ele já se libertou das dúvidas, aprendeu as lições e pagou as dívidas e agora
pode ver tudo com clareza. ​Swatch​ é qualidade da consciência na qual não oferecemos
resistência à passagem da luz. Nos movemos de acordo com o fluxo da vida e estamos
prontos para experienciar o quinto ​chakra.​
Nível 5 - VISUDDHA CHAKRA
O HOMEM SE TORNA ELE MESMO
ELENTO ÉTER

Este é o chakra da comunicação e da sabedoria. É o trono de Sri Saraswati, a deusa das artes e do
conhecimento.Tendo chegado até aqui, o jogador deseja compartilhar o que aprendeu. Por ser
localizado na garganta, Visuddha Chakra representa a purificação da fala: o jogador se torna livre da
mentira e da comunicação violência.

CASA 37 - JÑANA ou GYAN, Consciência da Verdade/Discernimento


Esta é a casa do autoconhecimento. Ela remete à essência do Jogo cujo nome original era
Gyan Chaupad​ (jogo de autoconhecimento).

Aqui está a espada que nos leva diretamente à casa 66, o Plano da Bem-aventurança. Mesmo
ainda não tendo integrado todos os aspectos da personalidade, o jogador que chega nesta
casa sabe onde está. Mesmo que essa compreensão ainda não esteja completamente
integrada, ao parar aqui, o jogador ascende para níveis mais elevados.

Neste ponto, o buscador está menos ligado à expectativa das pessoas e mais conectado à
própria essência. ​Ele desenvolveu a habilidade de discernir entre o verdadeiro e o falso,
entre o eterno e o transitório e por isso já tem condições de sustentar o êxtase da
bem-aventurança que é a experiência do real, aquilo que é, sempre foi e sempre será.

Na tradição hindu, existe ​Jñana Yoga​ que é uma das quatro sendas da autorrealização, ou
seja, um dos caminhos que levam à liberação. No contexto do Maha Lilah, ​Jñana​ representa
uma tomada de consciência da Verdade que transporta o jogador para o vislumbre do
êxtase divino, mas não um caminho para a Consciência Cósmica.

CASA 38 - PRANA-LOKA, Plano da Energia Vital


O ​Prana​ é a substância que sustenta a vida material; é a força vital. Ele está no ar e, no corpo,
reside na região que vai das narinas até os pulmões, mas mantém todos os elementos do
corpo e controla suas funções.

Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a observar como está sua vitalidade e a cultivar
hábitos que aumentem o seu nível energético. Estar em contato com a natureza,
alimentar-se de forma ​satvica​ (com alimentos vivos, orgânicos, ricos em nutrientes),
cultivar o silêncio e conectar-se com a própria respiração.

O facilitador aqui pode sugerir uma prática simples de ​pranayama​ (exercício respiratório).
Convide o jogador a colocar-se numa posição adequada, confortável, mas mantendo a
coluna ereta. A técnica sugerida é a respiração controlada em 4 tempos (4 - 4 - 6 - 2) que
consiste em: 4 segundos ​inspirando​, 4 segundos ​retendo​ o ar nos pulmões, 6 segundos
exalando​ e 2 segundos ​retendo​ a respiração com os pulmões vazios. A prática pode ser
feita por apenas alguns ciclos, o que será o suficiente para elevar o ​prana​ no sistema.

CASA 39 - APANA-LOKA, Plano da Eliminção


Relaciona-se com as vísceras, os intestinos e o baixo ventre. É por onde ocorre a eliminação
dos resíduos do corpo e, portanto, quando o jogador para nesta casa, pode estar havendo
uma retenção. O sistema pode não estar eliminando corretamente. Isso envolve urina, fezes,
ejaculação, mucos, gases… A retenção destes resíduos faz com que o organismo fique
intoxicado. Isso indica que algo precisa ser colocado para fora, mas não somente no nível
físico e sim no nível psicoemocional. Pode haver uma raiva reprimida, lágrimas não
derramadas, palavras não ditas, sentimentos negados… A pergunta aqui é: O que está
retido, contido ou retraído no seu sistema? O que precisa ser eliminado? Muitas vezes uma
desintoxicação no nível físico ajuda a liberar toxinas em outros níveis mais sutis.

É muito comum que buscadores espirituais escolham cultivar a pureza através da


abstinência sexual, preservando sua energia de forma que ela seja direcionada para o
despertar espiritual. Porém, se o praticante não estiver suficientemente maduro, ou seja, se
a prática for produto de uma repressão, isso poderá gerar um aprisionamento. Neste caso,
talvez o Jogo esteja pedindo por uma liberação da energia contida, o que envolve abrir mão
da rigidez, do isolamento, em prol de um relaxamento e de uma liberação de espaço para
novas energias circularem.

Um detox do sistema gastrointestinal pode ser uma boa ideia para o jogador que chega
nesta casa. Jejum intermitente, exercícios físicos e abstinência de informações (redes
sociais, notícias, livros, vídeos…) são também boas práticas nessa fase do Jogo.

CASA 40 - VYANA-LOKA, Plano da Circulação


Neste ponto do Jogo, o chamado é pelo movimento. Vyana é o vento vital responsável pela
circulação do ar dos pulmões pelo sistema físico. Essa energia é responsável pela
distribuição do oxigênio na corrente sanguínea, processo que possibilita a regeneração
celular e o rejuvenescimento.

São diversos os aspectos do movimento que se relacionam com esta casa: atividade física,
mudança e limpeza de casa, desapego de coisas velhas que estão guardadas, viagens, novos
projetos e relacionamentos e até mesmo o uso de uma quantia em dinheiro acumulada. Esta
casa indica que pode haver uma paralisação energética, porém, diferente da casa 13
(Nulidade), aqui, o jogador provavelmente já está pronto para colocar em movimento o que
precisa ser movimentado, pois já percorreu um longo caminho de purificação até chegar
neste ponto do Jogo.

Vyana-Loka,​ assim como todas as casas situadas nos planos superiores, traz um efeito
sistêmico, o que indica que, ao parar aqui, inicia-se uma ativação energética em todos os
níveis - físico, emocional, mental e espiritual. Ao reconhecer a paralisação, a consciência
naturalmente trabalha para ativar a energia parada.

É possível estimular a circulação energética através da mente. Estando nesta casa, o


facilitador pode convidar o jogador a realizar um exercício de observação das diversas áreas
da vida para ver se existe alguma estagnação, quer seja no corpo, na mente, no trabalho e
nas relações.

Um bom exercício de visualização pode ajudar a movimentar a energia estagnada:

1 - ​Feche os olhos e visualize​ uma energia concentrada no topo de sua cabeça.

2 - Com um comando mental, mande a energia para baixo, bem devagar, descendo
pelo seu corpo até atingir os seus pés.

3 - Concentre a energia nos seus pés.

4 - Com outro comando mental, mande a energia de volta para o topo da cabeça.

5 - Repita novamente de cima para baixo e de volta para a cabeça. ​Visualize ​a


energia subindo e descendo cada vez mais rápido, tão rápido quanto conseguir.

6 - Quando atingir a ​mais alta velocidade nesse movimento, comece a reduzir


gradativamente a ​intensidade​ até voltar ao estado inicial.

7 - Permaneça em silêncio, com os olhos fechados, por pelo menos um minuto.

CASA 41 - JANA-LOKA, Plano Humano


Esta é a casa central do quinto ​chakra,​ o trono de Saraswati, a deusa do conhecimento e das
artes. Situada na altura da garganta, ​Jana-Loka​ se relaciona com a língua e com o poder da
comunicação adequada. Existe uma ligação entre a língua e a sexualidade. É dito que, ao
dominar a língua, domina-se o sexo; e ao dominar o sexo, domina-se a vida. Dominar no
sentido de conhecer e governar a si mesmo.
Muitas vezes, o jogador que visita esta casa pode ter dificuldade em se expressar a partir da
sua essência, portanto existe um desalinhamento entre sua expressão no mundo e o seu
propósito de vida. Pode haver então uma necessidade de alinhar a sua comunicação com a
verdade interior.

Jana-Loka​ evoca o arquétipo do Sábio, quando o herói estabiliza o conhecimento e este se


transforma em sabedoria. Ao parar nesta casa, o jogador pode estar sendo convidado a
colocar em prática o conhecimento adquirido de forma que a teoria se transforme em
​ e sabedoria e o
prática e a sabedoria pode possa florescer. Ou talvez já exista um ​quantum d
jogador esteja sendo chamado a compartilhar o seu conhecimento com o mundo.

O quinto ​chakra​ é o centro por meio do qual fluem os grandes ensinamentos espirituais,
portanto o jogador que chega nesta casa do Jogo pode carregar o dom do sacerdócio. Existe
um potencial para tornar-se um professor espiritual, um canal de ensinamentos.
Frequentemente o jogador é levado a esta casa através da flecha do Serviço Desinteressado
(casa 27), o que reforça a capacidade de aliar o seu conhecimento à compaixão.

O ​yogi​ que eleva sua energia até este ​chakra​ acorda poderes auditivos. Ele se torna capaz de
escutar os sons sutis que estão além dos órgãos de sentido físicos. Ele se torna consciente
dos sons internos do corpo, do movimento dos ventos passando pelas veias e dos líquidos
atravessando os órgãos.

CASA 42 - AGNIH-LOKA, Plano do Fogo


Esta casa se relaciona com a energia vital e com o sol, a fonte da criação. O fogo representa o
próprio espírito e também o poder de transmutação. Ele pode construir, mas também pode
destruir. Através do fogo os antigos apegos são dissolvidos e o novo ganha espaço. Portanto,
existe também uma relação desta casa com o final dos ciclos, as pequenas mortes e a
dissolução da matéria.

O facilitador poderá sugerir que, neste ponto do Jogo, uma vela seja acesa para que, no calor
e na luz do fogo, os aspectos que precisam ser transformados venham à consciência e sejam
transmutados.

Agnih-Loka​ também se relaciona com a energia da Ira (casa 3) e com o terceiro ​chakra​ que
representa o poder pessoal. Então, muitas vezes, essa casa chega para trazer um
alinhamento nessas áreas.

CASA 43 - MANUSHYA-JANMA, Nascimento do Ser Humano


O verdadeiro homem ou o verdadeiro ser humano está além da necessidade de agradar e de
ser reconhecido. Está além do dogma, da casta e do nível social. Tornar-se um ser humano
de verdade é tornar-se senhor de si mesmo. É quando a criança interior amadurece e se
torna adulta. Não é porque temos um corpo crescido que nos tornamos adultos emocional e
espiritualmente. Infelizmente, a maioria dos seres ainda não se tornaram humanos, pois não
ativaram as potencialidades que os definem como tal. A empatia, a compaixão e o amor são
alguns desses poderes humanos ainda adormecidos.

O ser humano adulto se libertou das birras infantis que se manifestam através das
máscaras, dos jogos de sedução, do vitimismo, da competição, da necessidade de amor
exclusivo... O homem maduro aceita a vida como ela é e sabe o que precisa ser feito. Ele não
se perde em dúvidas e questionamentos desnecessários, mas simplesmente faz sem esperar
nada em troca.

A essência dessa casa é a maturidade de poder ocupar o seu lugar no mundo, sem culpa,
sem medo, com a consciência do seu papel no mundo, alinhado com o ​Dharma​ e os aspectos
apresentados pelo Jogo até aqui.

CASA 44 - AVIDYA, Ignorância


O esquecimento da natureza ilusória da matéria leva o jogador a apegar-se à estados
emocionais e ao que é percebido pelos cinco sentidos. ​Avidya​ é uma serpente que leva
diretamente à casa 9, a casa dos desejos e apegos.

Quando o Jogo nos leva para esta casa, significa que algo ainda precisa ser melhor
compreendido. Uma luz precisa ser colocada sobre algum aspecto sombrio da
personalidade. Em outras palavras, podemos dizer que existe um autoengano. Neste caso, é
preciso estar aberto para a possibilidade de estarmos errados nas nossas crenças e
verdades absolutas. Muitas vezes, ​Avidya​ se manifesta como arrogância e sentimento de
superioridade.

CASA 45 - SUVIDYA, Conhecimento Correto


Esta casa representa o poder da sabedoria internalizada, enraizada. Ela tem a função de
confirmar questões que surgiram anteriormente no Jogo e de encerrar entendimentos.

Aqui, o jogador precisa alinhar pensamento, palavra e ação, pois o conhecimento só se


transforma em sabedoria através da ação ou da experiência.

A espada de ​Suvidya​ nos leva diretamente ao Plano do Bem Cósmico (casa 47). É quando o
conhecimento deixa de ser emprestado e é integrado ao nosso sistema.
Nível 6 - AJÑA CHAKRA
TEMPO DE PENITÊNCIA

Aqui o jogador já amadureceu o suficiente para assumir de fato sua responsabilidade em relação à
purificação dos seus karmas. Ele já está pronto para pagar o preço e fazer as austeridades necessárias,
cumprindo os desígnios do karma. Quando a energia vital atinge o Ajña chakra, o terceiro olho, o
centro da visão espiritual, o yogi está mais próximo do estado de unidade. Ele deixa de simplesmente
reagir aos eventos da vida e de fugir do sofrimento, pois já pode enxergar além da dualidade. Nesse
estágio, ele já possui poderes espirituais. Neste estágio, o jogador enxerga tudo como oportunidade e
nada como problema.

CASA 46 - VIVEK, Consciência


Ao chegar nesta casa, o jogador está tendo a chance de estabelecer uma conexão mais
profunda com o eu superior, o seu mestre espiritual interno. Aqui, ​maya​ perde sua força e o
buscador da verdade tem a chance de distinguir entre o real e o ilusório. Ele deixa de se
encantar com o os jogos da ilusão e pode ir além do que os sentidos percebem. Existe uma
percepção da influência da consciência coletiva nos processos individuais. ​Vivek​ é uma
flecha que nos leva diretamente para ​Sukh,​ a felicidade (casa 62). Ela abre caminhos para
uma ampliação de percepção ou, em outras palavras, uma expansão de consciência.

Neste ponto, o facilitador pode indicar algum exercício que ajude o jogador a estabelecer
uma conexão mais profunda com o Eu superior ou pelo menos uma ampliação de percepção
a respeito do eu inferior. Existe uma prática muito simples mas poderosa, chamada
"Meditação das Três Vozes", que consiste em um diálogo entre o ego consciente, o eu
superior​ ​e o eu inferior.

O​ ​ego consciente​ ​é o observador interno. É aquela porção interna que é capaz de fazer
relação de causa e efeito. Ele é quem analisa as situações e percebe o movimento do eu
inferior, podendo distinguir a ação correta da ação incorreta. A meditação começa com um
pedido sincero do ego consciente para que seja estabelecida uma conexão com o eu
superior, de forma que ele seja um farol, um guia na jornada de autodescoberta. O jogador
pode mentalizar o desafio ou o ponto de trabalho trazido para o Jogo, pedindo para que o eu
superior traga o discernimento necessário para a resolução do problema. Esse pedido tem
um tremendo poder quando nasce do desejo sincero de liberação. Quando o ego consciente
reconhece a atuação do eu inferior, isso já é uma forma de expansão da consciência e
reconexão com o Eu superior.
CASA 47 - SARASWATI, Plano da Neutralidade
Esta casa fala sobre a integração entre os princípios masculino e feminino que leva ao
equilíbrio da neutralidade. As energias feminina e masculina (Yin e Yang na cultura chinesa)
estão presentes em todos, tanto homens como mulheres, portanto, não há relação com a
questão do gênero, mas sim com a integração, a união fundamental das forças geradoras da
vida. Outra forma de ver a energia desta casa é como uma energia de perdão, pois é ele que
proporciona a união. É preciso compreender que masulino e feminino são forças
complementares que se encontram para construir e gerar vida.

O conceito budista do Caminho do Meio pode ser aplicado nesta casa. Não deixar-se levar
por impulsos extremos e opostos, ou seja, pelas polaridades. O equilíbrio só pode ser
alcançado através da equanimidade, que é a capacidade de manter-se o mesmo diante das
situações da vida, tanto na tristeza como na euforia. É poder observar os altos e baixos sem
se identificar, compreendendo a natureza ilusória do Jogo.

A mente que atingiu o estado de equanimidade se assemelha a um rio de águas mansas e


límpidas que suavemente flui em direção ao mar, sem se agitar e produzir ondas. Porém,
mesmo quando existem ondas, elas são vistas como efeitos transitórios - basta observar.

Neste lugar, o jogador é chamado a observar o que ainda não está equilibrado no seu
sistema. Em qual aspecto da vida a energia feminina está sendo negligenciada? Como a
energia masculina está sendo distorcida? Essas são algumas das perguntas que podem ser
feitas nesta altura do Jogo.

CASA 48 - YAMUNA, Plano Solar


Esta casa representa a energia masculina, que também pode ser traduzida como força de
realização, e empreendedorismo. É a energia do pai que provê e dá limites; é o calor do fogo,
o lado direito do corpo, a corrente elétrica positiva que passa pelo canal conhecido como
Pingala.

Quando o jogador para nesta casa, isso indica que é preciso investigar como a energia
masculina está se manifestando na sua vida - em equilíbrio com a energia feminina ou
distorcida?

Quando distorcida, a energia masculina se manifesta como agressividade, violência, abuso


de poder, falta de gentileza e de paciência. A falta da energia masculina pode se manifestar
como dificuldade de colocar limites, de ocupar seu lugar no mundo e de realizar metas.

CASA 49 - GANGA, Plano Lunar


Esta casa representa a energia feminina, que também pode ser traduzida como acolhimento,
flexibilidade, receptividade, empatia, compaixão, aceitação, paciência e amorosidade. É
quando podemos compreender e aceitar o tempo das coisas. ​Ganga​ está relacionada
também à purificação. É também a energia da mãe, que gesta, nutre e protege; é o frio, o
fluir das águas; o lado direito do corpo. É a corrente elétrica negativa que passa pelo canal
conhecido como ​Ida.

Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a refletir sobre como essa energia está se
manifestando na sua vida - se está em equilíbrio com a energia masculina ou se está
distorcida. Quando distorcida, a energia feminina se manifesta como vitimismo, submissão,
manipulação e falta de potência para realização. Ou, pelo contrário, quando a energia
feminina está enfraquecida e a masculina muito fortalecida, pode haver intolerância, dureza
e descuido.

Muitas vezes, em nome de uma luta pelo feminino, as mulheres acabam suprimindo sua
própria energia feminina e manifestando um masculino distorcido, que se apresenta como
intolerância e ódio. Isso, ao invés de harmonizar as polaridades gerando união entre
homens e mulheres, acaba reforçando o masculino distorcido nos homens e causando ainda
mais separação.

Infelizmente, a maioria dos homens está em desequilíbrio no que diz respeito à energia
feminina. Isso ocorre porque, assim como as mulheres, eles também estão submetidos a
uma sociedade patriarcal, na qual não podem chorar, nem demonstrar suas fragilidades. O
nível de exigência que a sociedade impõe ao homem é extremamente cruel e não colabora
com a harmonização entre as energias masculina e feminina.

CASA 50 - TAPAH-LOKA, Plano da Austeridade


Esta é a sede do sexto ​chakra​. Aqui, a austeridade se relacionada mais especificamente com
o elemento ar: respiração, meditação e elevação da consciência. É um chamado para o
sacrifício que proporciona a liberação.

Nesta posição do Jogo, a austeridade não vem com tanto esforço ou com o senso de
obrigação; Existe uma disposição natural para isso. A austeridade neste nível é vista como
algo positivo e muito necessário para a ascensão no Jogo. Neste plano, a austeridade é fruto
de uma maturidade espiritual. O ​yogi ​que chega até aqui tem consciência de onde está e de
onde pode chegar e está pronto para realizar as práticas e sacrifícios necessários, pois sabe
que isso o levará para planos superiores.

Essa casa convida o jogador a estabelecer uma prática de austeridade que poderá
efetivamente ajudá-lo a resolver a questão ou ponto de trabalho trazido para o Jogo.
CASA 51 - PRITHVI, Mãe Terra
Esta é a energia da Mãe benevolente e nutridora para a qual todos são iguais; a Mãe que não
faz distinção entre seus filhos. Ela entrega seus nutrientes, sua energia e vitalidade para
todos, sem preferência ou exceção.

Prithvi​ representa o próprio palco do tabuleiro do ​Maha Lilah​. É uma energia que chega
para trazer reflexão a respeito da relação com o Jogo - com a própria vida. Ao visitar esta
casa, o jogador deve ser incentivado a questionar-se sobre como está fazendo valer a sua
experiência na Terra: estou fugindo do sofrimento ou estou realmente jogando o Jogo?

Aqui está a cauda da serpente de ​Tamoguna​, que simboliza a inércia, a inconsciência e a


escuridão. Ela é a última casa do tabuleiro, que fica além da iluminação espiritual (casa 68)
e, portanto, é um aspecto superior, que pode ser comparado à energia de Shiva, o destruidor
do universo. Simboliza o fim de um ciclo e o início de outro. A serpente de ​Tamoguna
convida o Jogador a renascer para recomeçar a experiência e, a partir de uma nova
perspectiva, poder valorizar o Jogo.

A principal mensagem desta casa é: cultive a gratidão. Não brigue com a matéria e com suas
leis. Aceite o Jogo como ele é e alinhe-se com o fluxo da vida. Valorize a natureza, a água, o
alimento e tudo que a Mãe Terra proporciona.

CASA 52 - HIMSA-LOKA, Plano da Violência


Esta é uma casa perigosa, uma armadilha do sexto ​chakra.​ O buscador que chegou neste
nível já sabe que tudo é ​maya​ e nada é, de fato, real. Esse entendimento, apesar de correto,
pode levá-lo a cometer o equívoco de agir com imprudência ou violência, negligenciando a
lei do ​karma.​ Não tendo passado pela Devoção Espiritual (casa 54), o jogador ainda não se
tornou um amante da vida e, por isso, corre o risco de cair nessa armadilha.

Grandes líderes religiosos, que se intitulam enviados de Deus para a salvação da


humanidade, acabam sendo responsáveis por grandes guerras e atentados terroristas. Eles
visitam ​Himsa-Loka,​ pois acreditam que estão acima de tudo e todos - acima do próprio
Amor divino.

Compreendendo a natureza transitória da matéria, alguns mestres e ​yogis​ acabam


maltratando seus seguidores e o próprio corpo. Porém, estando encarnados, eles ainda
estão sujeitos às leis do Jogo e ao ciclo de mortes e renascimentos.

O jogador que visita esta casa é obrigado a descer de volta ao quarto ​chakra​ para
experienciar o Purgatório.
CASA 53 - JALA-LOKA, Plano Líquico
Jala​ é água em sânscrito. A terra sem a água não é fértil e portanto não pode cumprir sua
missão.

Quando o jogador chega aqui, o facilitador pode oferecer a ele um copo de água como forma
de ativar a energia própria da casa e incentivar o relaxamento. É também uma forma de
esfriar o sistema e de abrir espaço para a energia do campo atuar. O jogador está sendo
convidado a conectar-se com as emoções e deixar a energia circular.

Esta casa se relaciona com a purificação. ​Jala​ vem justamente para limpar a sujeira feita na
casa anterior, o Plano da Violência. Este lugar no Jogo atenta para a necessidade de cultivar
algumas qualidades fundamentais para a evolução da consciência: adaptabilidade, fluidez,
entrega, maleabilidade e desapego. É preciso deixar o rio levar o que precisa ser levado.

CASA 54 - BHAKTI-LOKA, Devoção Espiritual


Esta é a principal espada do Jogo, a casa da devoção espiritual, o caminho do coração. É dito
que ​Bhakti​ é o caminho mais rápido para ​moksha​, a liberação final. Neste caminho não há
uma receita, uma fórmula estabelecida, pois se trata de um relacionamento íntimo entre o
bhakta​ (amante) e o ser amado.

Bhakti​ é um jeito de viver a vida e não um conjunto de técnicas e práticas espirituais. O


devoto simplesmente confia e se entrega à guiança divina. É como uma criança que pega na
mão do pai e vai, mesmo sem saber para onde está sendo levado. Somente o amor permite
essa total confiança.

Muitas vezes nos perdemos na mente e esquecemos que não estamos sozinhos. Esquecemos
que Deus é o nosso melhor amigo. ​Bhakti,​ quando verdadeira, é fonte de um profundo
preenchimento interior; é quando o buraco da carência é suprido pelo amor.

Ao visitarmos esta casa, temos a chance de dar um grande salto para o plano da Consciência
Cósmica, a iluminação espiritual. Aqui, o jogador é convidado a refletir sobre como está o
seu coração em relação ao divino: Onde o seu coração se fecha? Como está a comunhão com
Deus? Como está a sua confiança na guiança superior?
Nível 7 - SAHASRARA CHAKRA
PLANO DA REALIDADE

CASA 55 - AHAMKARA, Egocentrismo​ >> CASA 3, KRODHA, Ira


Aham​ é o eu e​ kara​ é a forma, portanto, ​Ahamkara​ é traduzido como "a forma do eu", mas
também pode ser traduzido como o ego. Quando o centro das atividades do jogador se torna
ele mesmo, o eu, ​ahamkara​ se transforma em egocentrismo. É quando o ego fica preso na
ideia de eu e de meu.

Esta casa abre o conhecimento relacionado ao sétimo ​chakra,​ que é um centro de


transcendência espiritual. Isso indica que, mesmo nesse estágio, o jogador ainda corre o
risco de iludir-se e descender para planos inferiores. ​Ahamkara ​representa a segunda
maior serpente do Jogo. Ao cairmos nesta casa, somos vertiginosamente transportados para
o início do Jogo, na casa 3, a Ira. Dessa forma, voltamos a ter que lidar com aspectos bastante
primitivos da personalidade.

O ​yogi​ que acessou esse nível já conquistou os 7 ​siddhis​ (poderes espirituais) e é justamente
nesse grande poder que mora o perigo, pois ele tende a confundir-se com Deus e acaba
agindo de maneira excessivamente autocentrada, esquecendo de valores como humildade,
respeito, consideração e amor pelos que estão ao seu redor.

Estando próximo da casa da iluminação, o ego teme a luz. Afinal, atingir a consciência
cósmica é como aniquilar o ego identificado com antigos padrões e crenças a respeito de si
mesmo e do mundo. A iluminação representa a morte do ego e, assim como tudo que vive
quer continuar vivo, ele tenta sobreviver se agarrando a antigas identificações. A resistência
à luz aumenta cada vez mais na medida em que o jogador se aproxima da consciência
cósmica.

CASA 56 - OMKARA, Vibrações Primordiais


Om​ é o som primordial, a forma sonora que deu origem à própria vida. ​Omkara​ é a forma
mais sutil de energia, é pura vibração. Ao recitar a sílaba ​Om,​ o jogador tem a oportunidade
de resgatar a presença e de sintonizar-se com o Superior. Para isso, o facilitador poderá
convidá-lo a realizar essa simples mas poderosa prática por alguns minutos.

CASA 57 - VAYO-LOKA, Plano do Vento/Ar


O ar, por não possuir forma, traz consigo o aspecto da transcendência. A terra traz a forma e
a densidade, o fogo traz o calor e a luz, a água traz a maleabilidade e o ar traz justamente a
dissolução e o movimento. ​Vayo ​não é o vento ou ar encontrado no plano físico terreno, mas
sim a essência do elemento ar. Ele representa o movimento presente dentro e fora do corpo.
O ar é essencial à vida e todas as células possuem um espaço vazio para o ar.

Esta casa também se relaciona com a consciência maior que, por sua vez, tem supremacia
sobre a matéria. Ao alcançar esse estágio, o jogador se torna mais leve e ganha uma maior
liberdade de ação. O Jogo está chamando para uma fluidez, uma leveza, que só é possível
quando se atinge um certo grau de desapego da forma. Aqui existe a qualidade da vacuidade
ou do esvaziamento e o buscador se aproxima cada vez mais do silêncio interior.

O facilitador aqui poderá ascender um incenso justamente para incentivar que essas
qualidades de ​Vayo​ sejam trazidas para o Campo sistêmico do Jogo.

CASA 58 - TEJA-LOKA, Plano da Luz


Teja​ é a luz que representa o início da criação. O mundo fenomênico só existe em ​Teja, a​ luz
primordial no qual ele se materializa. A realidade é um holograma, um grande jogo de luz e
sombra. O ​yogi​ que atinge esse estágio de consciência se torna pura luz. Por onde passa, ele
ilumina e aquece, assim como o fogo.

Ao chegar nesta casa, o jogador deverá observar as casas já visitadas anteriormente, para
então poder compreender o significado ou a mensagem contida nesta jogada.

A luz chega trazendo a clareza necessária para resolver a questão ou o problema trazido
pelo jogador para o Jogo.

CASA 59 - SATYA-LOKA, Plano da Realidade ou da Verdade


A Verdade de ​Satya-loka​ é aquela que transcende todas as crenças e a percepção a respeito
da realidade. É a Verdade perene e irrefutável da vida. No estudo das matrizes do eu
inferior, a última matriz é a mentira. Ela é que sustenta a ilusão do Jogo.

A mentira se manifesta na ideia da separação e no esquecimento da nossa verdadeira


identidade. Quando nascemos neste plano, nós esquecemos de quem somos e passamos a
acreditar ser um nome, uma personalidade, uma história. Nós somos o amor, mas nos
esquecemos e nos tornamos carentes. Essa é a principal mentira. Todas as defesas e todas as
distorções nascem dela. Quando o ego está no trono, a mentira está ao seu lado.

Ao chegar nesta casa, o jogador é convidado a confrontar-se com a mentira em todos os seus
aspectos, incluindo a mentira a respeito da sua própria identidade. Para que haja espaço
para ​Satya​, é necessário reconhecer a ignorância. Então, ao confrontar com a mentira e ter a
experiência da Verdade, o jogador alcança harmonia e equilíbrio com as forças do cosmos, e
não há obstruções para o fluxo de energia. Porém, aqui ainda existe o perigo de queda. Duas
serpentes (intelecto negativo e obscuridade) ainda podem ser visitadas no caminho para a
Consciência Cósmica.

O trabalho com a matriz da mentira não é um trabalho qualquer. Se você acha que está
isento dela, isso é uma grande mentira. Há muitas mentiras que contamos para nós mesmos.
Até os últimos estágios do Jogo estamos sujeitos ao autoengano.

Um aspecto interessante a ser percebido é o tamanho das serpentes presentes no sétimo


chakra.​ Isso indica que, quanto mais alto o jogador chega, maior pode ser sua queda.

CASA 60 - SUBUDDHI, Intelecto Positivo


Esta é a casa da perfeita consciência não dual ou da “compreensão correta”. Também é
possível compreender ​Subuddhi​ como “positividade”, mas não aquela superficial, que nega a
existência da negatividade, mas sim aquela que conhece o lado negativo, mas não opta por
ele.

A positividade de ​Subuddhi​ diz respeito à capacidade de perceber a divindade em todos os


fenômenos. Até o sétimo ​chakra.​ O intelecto discrimina, distingue e avalia as experiências,
porém sempre voltado para fora. Neste nível, essas habilidades estão voltadas para dentro,
para a análise da realidade interior.

O intelecto positivo pode ser alcançado através do caminho do ​Dharma​, representado pela
flecha da casa 22.

CASA 61 - DURBUDDHI, Intelecto Negativo


Mesmo já tendo alcançado a compreensão correta da realidade, se o jogador, por alguma
razão, duvida da presença divina em todas as experiências e fenômenos, ele é capturado
pela serpente da negatividade e arrastado para a Nulidade. Ele terá que revisitar algumas
casas do segundo e do terceiro ​chakra ​para poder realinhar-se com o ​Dharma​ (casa 22) e
retomar o intelecto positivo. Antes disso, ele ainda tem a chance de dar saltos de consciência
através da Compaixão (casa 17) ou da Claridade (casa 20).

Buddhi​ tem seus dois lados: quando guiado pelo ​Dharma,​ o senso de propósito maior, é uma
grande ferramenta para a liberação; porém, quando contaminado pela dúvida e pela falta de
sentido, se torna um vórtice descendente que suga a energia psíquica de volta para o plano
da fantasia (segundo ​chakra​). Ao fazer escolhas baseado no intelecto negativo, o jogador
perde as oportunidades que a vida oferece de alcançar a liberação. E ao negar o que a vida
oferece, ele nega a divindade que se manifesta através dela. Enquanto o jogador não aceitar
o que negou, ele segue paralisado na falta propósito da Nulidade, sem chance de liberação.
CASA 62 - SUKHA, Felicidade
Felicidade é um estado de profunda aceitação daquilo que é. A vida é a grande mestra, ela
nos oferece exatamente o que precisamos para alcançar a meta final do Jogo. Aceitar com
gratidão tudo que a vida oferece, quer sejam dificuldades, desafios ou grandes bênçãos é
uma chave para manter-se em ​Sukha.​

O jogador que chega nessa casa, alcançou um grau elevado de estabilidade emocional e,
consequentemente, de equanimidade mental que possibilita a sustentação do estado de
contentamento. Existe um equilíbrio nas químicas do corpo que possibilita uma radiante
vitalidade e uma constante satisfação. ​Sukha​ não se apresenta como euforia, mas como
plenitude, uma alegria pacífica. Lembrando que a felicidade é um fruto de uma jornada cheia
de escolhas, de muito trabalho, que envolve também passar por locais difíceis, de tristeza e
choro.

Esse estado pode ser atingido através da Consciência (casa 46). Tendo percorrido a jornada
do sexto ​chakra​ sem cair na armadilha da Violência (casa 52), o buscador está pronto para
dar um salto. Porém, nesse ponto da jornada existe uma possível armadilha. Se o jogador se
distrai com a experiência da felicidade e negligencia seus ​karmas​, acreditando que não
precisa fazer mais nada, ele pode ser engolido pela serpente de Tamas, a obscuridade (casa
63) e retornar para Maya, a ilusão (casa 2).

Na medida em que o jogador mantém o equilíbrio ao se aproximar da meta final, podendo


discernir entre ​Dharma​ e ​Adharma​ e aceitar tudo que a vida oferece, sem rejeitar nada, o
estado de felicidade permanece.

CASA 63 - TAMAS, Obscuridade


Tamas​ significa “escuro” ou escuridão. É um estado de ausência de luz. Luz é conhecimento,
escuridão é ignorância. ​Tamas​ tem outro significado literal que é "serpente” e não é à toa
que aqui mora a maior serpente do Jogo, que derruba o jogador das alturas do plano da
realidade para cair em ​Maya​, a ilusão (casa 2). O autoengano de acreditar estar liberado dos
seus ​karmas​, após ter desfrutado do estado de felicidade, pode levar o jogador à inércia e
assim sua energia é distorcida e direcionada para baixo.

Tamas​ representa um estado de sono, uma distração que o leva a acreditar que já alcançou a
meta final. Apesar de ter tido a experiência do ​samadhi,​ ainda existem ​karmas.​ E a tentativa
de negligenciar a lei do ​Karma​ gera mais ​Karma.​ Agora o jogador terá que lidar com isso.
Nível 8 - SAHASHARA CHAKRA
OS PRÓPRIOS DEUSES

CASA 64 - PRAKRITI-LOKA, Mundo Fenomênico


Prakriti é​ o mundo dos fenômenos, composto por terra, água, fogo, ar e éter. Mente,
intelecto e ego também fazem parte deste plano. ​Prakriti​ representa a origem, o modelo ou
matriz primordial, a partir da qual tudo é criado. Ela contém em si o elemento essencial da
criação.

Quando o processo de manifestação se completa, surge o ser individual e, a partir daí,


ocorre um processo inverso: o ser deseja retornar à Fonte criadora. Depois de atravessar os
sete planos da existência, o jogador ganhou experiência suficiente e detém uma nova visão.
Ele é capaz de enxergar o que está por trás do mundo da forma e dos objetos dos sentidos.

O convite ao chegar nesta casa é para enxergar a vida além dos sentidos e do jogo de
mahamaya,​ a grande ilusão cósmica.

CASA 65 - URANTA-LOKA, Plano do Espaço Interior


Tendo passado pelo sétimo ​chakra​ e compreendido a natureza de ​Prakriti​, o buscador que
chega neste nível de consciência está muito próximo da autorrealização, a meta final do
Jogo. Nesse lugar, ele experiencia uma fusão de si mesmo com a Fonte de todos os
fenômenos - aqui não há mais dualidade, portanto não há manifestação física.

Ur​ significa "aquele que sente" e ​antah​ significa "fim". É um estado de consciência que
transcende as sensações e sentimentos; não há bem ou mal, vício ou virtude, tudo é Um. A
criação e a dissolução do universo pode ser percebida dentro de uma só respiração.

Uranta se relaciona com a experiência da vacuidade, que revela a natureza "transparente"


do Ser.

CASA 66 - ANANDA-LOKA, Plano do Júbilo


Ananda​ é a principal característica da consciência: a bem-aventurança, o êxtase ou deleite
divino, a alegria sem causa. Essas são palavras que tentam explicar um estado inexplicável,
já que não é possível compreender essa casa sem experimentá-la. ​Ananda-Loka​ é a
expressão pura do coração. Não é um sentimento, mas a expressão de todos os sentimentos.

Aqui está a ponta da espada da casa 37, ​Jñana,​ o Conhecimento Verdadeiro. Quando o
​ ue é
jogador compreende o Jogo e lembra da sua verdadeira identidade, ele atinge ​Ananda, q
um estágio de iluminação.
CASA 67 - RUDRA-LOKA, Plano do Bem-Cósmico (princípio da destruição)
Rudra​ é uma manifestação furiosa de Shiva que, apesar dessa imagem "negativa",
representa o bem cósmico. O bem maior está acima dos julgamentos morais, pois serve ao
propósito maior da vida. A desconstrução do mundo fenomênico faz parte dos ciclos da vida
e ela acontece através da energia de ​Rudra​. A energia de ​Rudra​ desconstrói o velho para
abrir espaço para o novo. Por isso, nesta casa, a destruição é uma ação correta, uma bênção.

Suvidya,​ o Conhecimento Correto​ ​nos leva a dar um salto para esta casa.

CASA 68 - VAIKUNTHA-LOKA, Plano da Consciência Cósmica (princípio da


preservação)
Na visão do ​Maha Lilah,​ Vishnu é o Ser supremo, a Origem da criação. ​Vaikuntha-Loka é​ a
morada sagrada, o trono do Senhor Vishnu. É nesta casa que o Jogo se encerra, pois ela
representa o retorno ao ​Self,​ a autorrealização, que é a meta maior do Jogo.

Neste ponto, o jogador pode escolher entre permanecer no Jogo, brincando de


esconde-esconde consigo mesmo, ou ficar além de ​mahamaya​ para sempre. Ele pode ainda
escolher renascer no Jogo para ensinar aos outros jogadores o caminho de volta para a
morada sagrada.

CASA 69 - BRAHMA-LOKA, Plano do Absoluto (princípio da criação)


A partir desta casa em diante, caminhamos pela consciência dos arquitetos do Jogo. É como
se estivéssemos olhando o Jogo de fora. ​Brahma​ é o princípio da criação, a energia que gera
a vida.

Em toda criação existe um propósito. Nesse estágio, ocorre uma reflexão a respeito do
propósito da vida e da relação entre esse propósito e a questão trazida para o jogo, pois
qualquer ação que não se liga ao propósito maior é ​Adharma​ e se relaciona com a natureza
dos desejos.

Aqui, o jogador tem a oportunidade de enxergar o valor do Jogo e escolher esquecer tudo
para poder renascer e ter mais uma chance de chegar à casa 68, a autorrealização. E a única
maneira de fazer isso é chegando na casa 72, que representa a morte ou a inconsciência.

CASA 70 - SATGUNA, Natureza Verdadeira


Sat​ significa Verdade. Quando ocorre a liberação, a Verdade é sinônimo de Consciência
Cósmica. Porém, quando ainda atrelada ao ​karma​, ela está sujeita aos três ​gunas o ​ u
atributos da matéria: ​tamas​, ​rajas​ e ​satva​. Tudo que é manifestado no plano material
contém esses três atributos.
Esta casa se relaciona mais especificamente à ​satva guna​, o aspecto da matéria que evoca o
equilíbrio, à pureza e à harmonia. Uma pessoa ​sattvica​ é uma pessoa calma, paciente,
altruísta, lúcida, moderada, modesta, não prolifera maus pensamentos, não ofende, não
insulta; seus pensamentos, palavras e atitudes coincidem. Portanto, esta casa nos conecta a
essas qualidades, nos fazendo refletir se estamos tendo uma vida ​satvica.​

CASA 71 - RAJGUNA, Atividade


Esta casa se relaciona à ​rajas guna​, o aspecto da matéria que evoca a atividade. É uma força
que cria desejos para obter o que não tem e, ao mesmo tempo, cria o medo de perder o que
tem. Pessoas ​rajasicas​ são extrovertidas, inquietas, consumistas, egoístas, egocêntricas,
vaidosas e sedentas de poder.

CASA 72 - TAMOGUNA, Inércia >> CASA 51, PRTHVI, Plano Terrestre


Esta casa se relaciona a ​tamas guna,​ a inércia, a obscuridade ou o esquecimento. É a última
casa do Jogo, porém representa o começo de uma nova fase. Ela surge na forma de uma
serpente que leva o jogador de volta para a o Plano Terrestre.

Quando escolhemos experienciar a vida material através de um corpo, nós concordamos


com as regras do Jogo. Nós escolhemos entrar nele através da ignorância, do esquecimento e
da escuridão. Quando passamos da casa 68 sem parar nela, nós acessamos os planos
superiores, porém, ainda não extraímos e absorvemos o que a experiência do Jogo tem a nos
oferecer.

Nesta casa, somos chamados a compreender o real valor da vida, assim como o valor da
própria ilusão de ​mahamaya.​ Se escolhemos jogar o Jogo é porque existe um propósito
maior, então eu agradeço até mesmo à ignorância.

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