Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cortesia de : https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56154854
27 de outubro de 2021
ISEL-DEM-LEM Fratura e Fadiga: Aplicação do Eurocódigo 3
1. Intodução
A fratura de componentes devido à fadiga é a causa mais comum de falha de serviço,
particularmente em poços, eixos, asas de aviões, etc., onde o stress cíclico está a ter lugar.
Com carga estática de um material dúctil, o fluxo de plástico precede a fratura final, o pescoço
do provete e a superfície fraturada revela uma estrutura fibrosa, mas com fadiga, a fenda é
iniciada de pontos de elevada concentração de tensão na superfície do componente, tais como
alterações na secção transversal, inclusões de escória, marcas de ferramentas, etc.
Depois espalha-se ou propaga-se sob a influência dos ciclos de carga até atingir uma dimensão
crítica quando se produz uma fratura rápida da secção transversal restante.
A superfície de um componente típico de fadiga falha mostra três áreas, o pequeno ponto de
iniciação e depois, espalhando-se a partir deste ponto, uma área concordante contendo linhas
paralelas entre si, denominadas por "linhas de detenção" e, finalmente, a área cristalina de
rutura onde se dá a fratura do provete.
Devido à sua importância, o assunto foi amplamente investigado durante os últimos cem anos,
mas ainda hoje existem acidentes em que a fadiga é um principal fator contribuinte.
2. Curvas S/N
Os testes de fadiga são geralmente realizados em condições de rotação - flexão e com uma
tensão média zero como obtida por meio de uma máquina Wohler.
A partir da Fig. 1, pode-se ver que a superfície superior da amostra (provete), suportada na
máquina, está em tensão, enquanto que a superfície inferior está em compressão. À medida que
a amostra gira, a superfície superior desloca-se para a inferior e, por conseguinte, cada
segmento da superfície passa continuamente de tensão para compressão produzindo uma curva
de ciclo de tensão, como pode ser mostrado na figura 1 abaixo.
A fim de compreender certos termos de uso comum, consideremos uma curva de ciclo de tensão
onde existe uma tensão média de tração positiva como pode ser obtida utilizando outros tipos
Os dados que são tirados da curva de tensão cíclica apresentada acima pode ser obtida através
das seguintes expressões:
Amplitude de Tensões:
Tensão média:
Caso o valor da tensão média não seja zero, é possível usar a expressão de “Rácio de Tensões”,
𝑅𝑠 onde é feita a relação entre a tensão máxima e a tensão mínima:
O método mais usual de apresentação de resultados dos testes feitos à fadiga de um provete é
através da criação de um gráfico que relacione a amplitude de tensões com o número de ciclos
até à falha. A reta resultante da relação entre estes dois dados dá origem à “Curva S/N”.
Através da utilização da “Curva S/N” pode ser vantajoso para expressar a relação entre 𝜎𝑎 e
𝑁𝑓 , o número de ciclos até à falha. As utilizações de várias relações empíricas foram propostas,
no entanto, a tensão aplicada não produz deformação plástica, logo a relação mais usada é:
Onde:
a = constante que varia entre os valores 8 e 15
K = constante que depende do material em estudo
A partir da “Curva S/N” a tensão limite de fadiga pode ser verificada. A tensão limite de fadiga
é o estado de tensão abaixo da tensão limite onde o material pode suportar um infinito número
de ciclos antes da falha. Amostras de metais ferrosos produzem na sua maioria curvas S/N
limites de fadiga onde podem ser verificados na figura 5 abaixo. A tensão limite de fadiga é o
estado de tensão onde uma amostra tem uma resistência à fadiga de N ciclos.
Figura 5 - Tensão limite de fadiga (a) e Resistência à fadiga (b) numa curva S/N
Tendo em conta o formato da curva S/N dos materiais não ferrosos, estes têm sempre de ser
projetados para temos de vida finitos.
Outro facto importante a assinalar é que os resultados das experiências de laboratório utilizando
a planície, peças de teste polidas não podem ser aplicadas diretamente em estruturas e
componentes sem modificação dos valores intrínsecos obtidos.
Terão de ser tomadas em consideração muitas diferenças entre a componente no seu ambiente
de trabalho e no teste laboratorial, como o acabamento superficial, tamanho, tipo de carga e
efeito das concentrações de stress. Estes fatores irão reduzir assim o valor intrínseco (isto é,
amostra simples) da resistência à fadiga:
3. Curvas P/S/N
A vida à fadiga de um dado componente é muito imprevisível, podendo dois componentes idênticos
e sujeitos a condições iguais, apresentar resultados diferentes. Esta dispersão de resultados pode ter
como origem diversos fatores tais como, o acabamento superficial, variação na distribuição das
cargas, entre outros.
Por forma a ultrapassar esta imprevisibilidade, devem ser testados diversos componentes idênticos,
com aplicação de tensões diferentes e de seguida realizar uma estimativa da vida a uma dada tensão,
para uma dada probabilidade. De notar que a curva cuja probabilidade de falha é de 50% (p=0,5),
é largamente utilizada na literatura para definir a curva S/N de um determinado material. Caso uma
menor probabilidade de falha seja requerida então, o valor de limite de fadiga terá que ser reduzido.
Figura 7 - Curvas P/S/N com indicação de probabilidade de falha oara uma tensão específica
Se o ensaio de fadiga for realizado em condições tais que a tensão média seja de tração então,
para que a amostra falhe no mesmo número de ciclos que uma amostra semelhante testada sob
condições de tensão média zero, a amplitude de tensão no primeiro caso terá de ser reduzida.
O facto de uma tensão média de tração crescente baixar o limite de fadiga ou resistência é
importante, e as curvas de S/N devem conter informações relativas às condições de ensaio.
Onde:
𝜎𝑁 = Tensão de fadiga para “N” ciclos de tensão média zero
𝜎𝑎 = Tensão de fadiga para “N” ciclos sob condições de tensão média 𝜎𝑚
𝜎𝑇𝑆 = Tensão de rotura do material
𝜎𝑦 = Tensão de cedência do material
As equações acima podem ser mostradas em forma gráfica, na figura 9 e na prática real
constatou-se que a maioria dos resultados dos testes se enquadram no envelope formado pela
curva parabólica de Geber e pela linha reta de Goodman. No entanto, porque a utilização de
Soderberg dá uma margem adicional de segurança, esta é a equação do exemplo 11.2 da secção
preferida.
obter mais informações sobre a utilização de estes diagramas é recomendado que outros textos
sejam consultados.
O efeito de uma tensão média compressiva sobre a vida de um componente não é tão bem
documentado ou entendido como o de uma tensão de tração média, mas em geral a maioria dos
materiais faz não se tornar pior e pode mesmo mostrar um melhor desempenho sob uma
compressiva de tensão média. Nos cálculos é habitual, portanto, tomar a tensão média como
zero sob estes condições.
Kf é sempre inferior ao factor de concentração de tensão teórico estático acima referido porque
sob a parte compressiva de um ciclo de fadiga por tracção-compressão, uma fissura por fadiga
é pouco provável de crescer. Também a proporção de Kf /Kt diminui à medida que Kt, aumenta,
entalhes acentuados tendo menos efeito sobre a vida à fadiga do que seria de esperar. A medida
em que a concentração de stress o efeito sob condições de fadiga aproxima-se do que, para
condições estáticas, é dado pelo desengorduramento fator de sensibilidade q, sendo este sempre
menor que 1 e a relação entre eles pode ser expressa por:
Ao lidar com um material dúctil, é habitual aplicar o fator Kf apenas ao fator flutuante ou
componente alternada da tensão aplicada.
5. Dano Cumulativo
Foram feitas várias tentativas para prever a força à fadiga para tensões de valor diferenciado
utilizando curvas S/N para condições de valores médios de tensão. Alguns métodos existentes
são de alto grau de complexidade. No entanto, o mais conhecido e simples é a Lei de Miner.
Miner postulou que, quando um componente ao sofrer fadiga, ocorreria uma acumulação de
dano interno. Afirmou também que a magnitude dos danos acumulados seria diretamente
proporcional ao número de ciclos, para um determinado valor de tensão. A razão n/N é
denominada “razão de ciclo” e Miner propôs que a falha ocorreria quando a soma das razões
de ciclo atingisse a unidade, sendo por isso representado por:
6. Tensões Cíclicas
Enquanto muitos componentes tais como eixos de eixo, etc., têm de resistir a um quase infinito
número de inversões de tensão durante a sua vida útil, as amplitudes de tensão são
relativamente pequenas e normalmente não excedem o limite elástico. Na outra banda, há um
número crescente de estruturas, tais como cabines de aviões e recipientes de pressão, onde o
intervalo entre ciclos de tensão é grande e onde as tensões aplicadas são muito elevadas, de tal
forma que pode ocorrer deformação plástica. Nestas últimas condições, embora o período de
tempo possa ser longo, o número de ciclos até à falha será pequeno e, nos últimos anos, o
interesse tem vindo a crescer nesta "fadiga de baixo ciclo".
Se, durante os testes de fadiga nestas condições de ciclo de tensão elevada, a tensão e a
deformação forem continuamente monitorizado, um ciclo de histerese desenvolve o
característico de cada ciclo.
A figura 11.13 mostra loops típicos sob condições de amplitude de tensão constante, cada loop
ser deslocado para a direita por uma questão de clareza. Observar-se-á que a cada ciclo, devido
ao endurecimento do trabalho, a largura do laço é reduzida, eventualmente o laço estreitando-
se para uma linha recta em condições de el total como deformação de tic.
A partir deste gráfico, é possível obter uma expressão para a amplitude de extensão, Δ𝜀𝑝,
também conhecida por Lei de Coffin-Manson, apresentada abaixo:
O valor de b varia entre 0,5 e 0,6 para a maioria dos metais, enquanto a constante K, está
relacionada com a ductilidade do metal.
A relação entre Δ𝜀𝑝 e 𝑁𝑓 é dada pela equação da Lei de Coffin-Manson, mas uma relação entre
Δ𝜀𝑒 e 𝑁𝑓 poderá ser obtida através duma modificação da mesma, conhecida como Lei de
Basquin, abaixo representada como:
7. Propagação de Fissura
Durante o processo de seleção de um material sob condições de fadiga é aconselhável escolher
um que mostre uma tensão limite de fadiga maior em vez de um que mostre uma resistência
mecânica maior. De um modo geral, as ligas de aço têm uma tensão limite de fadiga que é
cerca de 0.5 da sua tensão de rutura, assim através da seleção de um material com uma elevada
resistência mecânica as tensões de trabalho podem ser aumentadas.
No seguimento do acima exposto, qualquer processo que aumente a resistência à tração deverá
aumentar a fadiga limite e um método possível para o conseguir com aços é a realização de
tratamentos térmicos.
Figura 20 - Efeito dos processos químicos que introduzem tensões superficiais na resistência à fadiga de um aço
O método mecânico mais popular para melhorar os limites de fadiga é o shot peening, sendo a
superfície do material sujeita a bombardeamento por pequenos pellets ou shot de material.
Desta forma, são induzidas tensões residuais compressivas, mas apenas a uma profundidade
limitada, cerca de 0,25 mm. Outros métodos mecânicos envolvem a melhoria das propriedades
de fadiga em torno de furos, empurrando bolas que são ligeiramente sobredimensionadas - um
processo chamado "ballising," e a utilização de bolas ou de um rolo para trabalhar a frio ombros
em rolos - um processo chamado "rolling".
A dada altura, normalmente quando a fenda encontra um limite de grão. A fase I é substituída
pela fase II de crescimento em que a fenda é normal até à tensão de tração principal máxima.
Esta fase é favorecida por uma tensão média de tração e condições de tensão cíclica elevada.
O exame atento da superfície fraturada mostra que, sobre a parte associada à Fase II, existe um
grande número de linhas finas chamadas "estrias", sendo cada linha produzida por um ciclo de
fadiga e medindo a distância entre um certo número de estrias a taxa de crescimento da fenda
por fadiga pode ser calculada.
Quando a base da fissura por fadiga atinge um comprimento crítico tal que a energia para um
maior crescimento pode ser obtida a partir da energia elástica do metal circundante, verifica-se
uma falha catastrófica. Esta área de fratura final é mais áspera do que a área de crescimento da
fadiga e em aço macio é frequentemente cristalina na aparência. Por vezes, pode apresentar
provas de deformação plástica antes de ocorrer a separação final.
9. Mecânica da Fratura
A análise de tensões na fase projeto garante que, em serviço normal (ideais), poucos
componentes irão falhar devido à carga a que estão submetidos. Contudo, mecanismos como
corrosão ou fadiga podem levar a que, em algumas situações, ocorra a fratura catastrófica do
componente. Esta situação leva a que seja de elevada importância estudar a forma como os
materiais fraturam, a esta área chama-se Mecânica de Fratura, à capacidade do material resistir
à fratura chamamos Tenacidade.
Onde:
Onde:
O Gc trata-se de uma propriedade do material que é dada para uma tensão crítica. No entanto
as expressões são análogas caso se pretenda calcular G para qualquer tensão.
Por ser um critério energético o modelo de Griffith é um pouco inflexível, não permitindo
analisar o estado de tensão em redor da fissura, o que levou Irwin a desenvolver um critério de
forças que considera esforços biaxiais. Deste critério podemos obter o parâmetro K que indica
o fator intensidade de tensão, sendo este fator apenas função da carga aplicada e do
comprimento da fenda (o fator K pode vir acompanhado dos sufixos I, II, III, dependendo do
modo de falha a que está associado).
Para contemplar fissuras de variadas formas pode ser acrescentado à expressão um fator Q-
Em analogia com o que acontecia com Griffith é também possível estabelecer um J crítico
correspondente à libertação de energia crítica.
“J” pode ser dado pelo declive de reta utilizando qualquer combinação de comprimento de
fenda e deslocamento, podendo ser representado em função do deslocamento como indicado
abaixo.
Tabela 2 - Espessura admissível em função da temperatura, da classe do aço, da sua tenacidade (KV) e do
nível de tensão.