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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA
PROFESSORA: KILMARA RODRIGUES DOS SANTOS
COMPONENTE CURRICULAR: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

RESUMO CRÍTICO
TÍTULO DA OBRA: CONVITE À FILOSOFIA
TEMA: A LÓGICA
AUTOR(ES): MARILENA CHAUI
PÁGINAS: 225 À 260

Estudante: WALLISSON COSTA FERREIRA


Tema: A LÓGICA
Palavras chave: LÓGICA, FILOSOFIA, PROPOSIÇÃO, MATEMÁTICA
Capítulo:
Assunto / Discussão / Subtítulos
O uso das palavras lógica e lógico tiveram origem na Filosofia grega e vem da palavra logos que
significa linguagem-discurso e pensamento-conhecimento. Desta forma, a lógica surgiu a partir da
indagação dos filósofos gregos se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e
critérios para seu uso e funcionamento.
O início do surgimento da lógica se deu a partir das opiniões e posições opostas de dois filósofos
gregos sobre a origem, transformação e desaparecimento dos seres. São eles: Heráclito de Éfeso e a do
filósofo Parmênides de Eléia. Para Heráclito, o mundo, era um fluxo perpétuo onde nada permanece
idêntico a si mesmo, mas tudo se transforma no seu contrário. Logo, o logos seria a mudança e a
contradição. Já Parmênides, afirmava que o fluxo dos contrários, é uma aparência, mera opinião que
formamos porque confundimos a realidade com as nossas sensações, percepções e lembranças. O logos é o
ser como pensamento e linguagem verdadeiros e, portanto, a verdade é a afirmação da permanência contra
a mudança, da identidade contra a contradição dos opostos.
Mais tarde surgiu a ideia de Platão que se dividia entre a opinião de Heráclito e de Parmênides. Ele
considerou que Heráclito tinha quando afirmava que o mundo está sujeito a mudanças contínuas e a
oposições internas. No entanto, seguindo as ideias de Parmênides, ele afirmava que esse mundo é uma
aparência, e que o mundo verdadeiro é o das essências imutáveis sem contradições nem oposições, sem
transformação, onde nenhum ser passa para o seu contraditório. Assim, ele criou a dialética, um método de
pensamento e linguagem que parte de alguma coisa que deve ser separada ou dividida em dois ou duas
partes contrárias ou opostas, de modo que se conheça sua contradição e se possa determinar qual dos
contrários é verdadeiro e qual é falso. Partindo de sensações, imagens, opiniões contraditórias sobre
alguma coisa, a dialética vai separando os opostos em pares, mostrando que um dos termos é aparência e
ilusão e o outro, verdadeiro ou essência.
Posteriormente, Aristóteles também elaborou sua ideia, indo contra a ideia de Platão. Ele afirmava
que era desnecessário separar realidade e aparência em dois mundos diferentes, e que há um único mundo
no qual existem essências e aparências. Há seres cuja essência é mudar e há seres cuja essência é imutável.
Ele também considerava que a dialética não seria um procedimento seguro para o pensamento e a
linguagem da Filosofia e da ciência, uma vez que se tem como ponto de partida, simples opiniões
contrárias dos debatedores, e a escolha de uma opinião contra outra não garante chegar à essência da coisa
investigada. Substituindo a dialética por um conjunto de procedimentos de demonstração e prova,
Aristóteles criou a lógica propriamente dita, que ele chamava de analítica.
Para Aristóteles, a lógica não era uma ciência teorética, nem prática ou produtiva, mas um
instrumento para as ciências. Suas principais características são: ela é instrumental, ou seja, é o
instrumento do pensamento para pensar corretamente e verificar a correção do que está sendo pensado;
formal, uma vez que não se ocupa com os conteúdos pensados ou com os objetos referidos pelo
pensamento, mas apenas com a forma pura e geral dos pensamentos, expressa através da linguagem; é
propedêutica, pois, é o que devemos conhecer antes de iniciar uma investigação científica ou filosófica,
pois somente ela pode indicar os procedimentos (métodos, raciocínios, demonstrações) que devemos
empregar para cada modalidade de conhecimento; normativa, pois, fornece princípios, leis, regras e
normas que todo pensamento deve seguir se quiser ser verdadeiro; possui uma doutrina da prova que
estabelece as condições e os fundamentos necessários de todas as demonstrações. Dada uma hipótese,
permite verificar as consequências necessárias que dela decorrem; dada uma conclusão, permite verificar
se é verdadeira ou falsa; e por fim, é geral e temporal, na qual as formas do pensamento, seus princípios e
suas leis não dependem do tempo e do lugar, nem das pessoas e circunstâncias, mas são universais,
necessárias e imutáveis como a própria razão.
A lógica tem como objeto a proposição, que exprime, através da linguagem, os juízos formulados
pelo pensamento. A proposição é a atribuição de um predicado a um sujeito: S é P. O encadeamento dos
juízos constitui o raciocínio e este se exprime logicamente através da conexão de proposições; essa
conexão chama-se silogismo. A lógica estuda os elementos que constituem uma proposição (as
categorias), os tipos de proposições e de silogismos e os princípios necessários a que toda proposição e
todo silogismo devem obedecer para serem verdadeiros (princípio da identidade, da não-contradição e do
terceiro excluído).
Aristóteles distingue dois grandes tipos de silogismos: os dialéticos e os científicos. Os primeiros
são aqueles cujas premissas se referem ao que é apenas possível ou provável, ao que pode ser de uma
maneira ou de uma maneira contrária e oposta, ao que pode acontecer ou deixar de acontecer. Suas
premissas são hipotéticas e por isso sua conclusão também é hipotética. O silogismo científico é aquele
que se refere ao universal e necessário, ao que é de uma maneira e não pode deixar de ser tal como é, ao
que acontece sempre e sempre da mesma maneira. Suas premissas e conclusões não podem ser negadas ou
refutadas.
O silogismo científico possui três premissas, ou seja, verdades indemonstráveis, evidentes e
causais. São de três tipos: axiomas, como, por exemplo, os três princípios lógicos ou afirmações do tipo
“O todo é maior do que as partes”; postulados, isto é, os pressupostos de que se vale uma ciência para
iniciar o estudo de seus objetos. Por exemplo, o espaço plano, na geometria; o movimento e o repouso, na
física; e definições (que, para Aristóteles, são as premissas mais importantes de uma ciência) do gênero
que é o objeto da ciência investigada. A definição deve dizer o que a coisa estudada é, como é, por que é,
sob quais condições é (a definição deve dar o que, o como, o porquê e o se da coisa investigada, que é o
sujeito da proposição).
Após Aristóteles, surgiu a lógica estoica. Os estoicos afirmavam que só existem corpos (mesmo a
alma era corporal, sendo um sopro sutil e invisível, o pneuma). Afirmavam também que há certas coisas
que não existem propriamente, mas subsistem por meio de outras, sendo incorporais. Por afirmarem que
somente os corpos existem, os estoicos afirmavam, como consequência, que os juízos e as proposições só
poderiam referir-se ao particular ou ao singular, uma vez que os universais não têm existência, ou seja,
não existem corpos universais, mas apenas singulares. As coisas singulares se imprimem em nós por meio
da percepção ou da representação; sobre elas formulamos os juízos e os exprimimos em proposições
verdadeiras ou falsas, cabendo à lógica duas tarefas: determinar os critérios pelos quais uma proposição
pode ser considerada verdadeira ou falsa e estabelecer as condições para o encadeamento verdadeiro de
proposições, isto é, o raciocínio como ligação entre proposições singulares.
Uma outra inovação importante trazida pelos estoicos refere-se à proposição. Esta não é, como era
para Aristóteles, a atribuição de um predicado ao sujeito (S é P), mas é um acontecimento expresso por
palavras: o predicado é um verbo que indica algo que acontece ou aconteceu com o sujeito: “Pedro morre”
(e não “Pedro é mortal”); “É dia, está claro” (e não “O dia é claro”); “João adoece” (e não “João é
doente”).
Para eles existem cinco tipos de ligações entre as proposições, formando cinco tipos de raciocínios:
raciocínio hipotético, que exprime uma relação entre um antecedente e um consequente, do tipo Se
então… Por exemplo: “Se há fumaça, então há fogo; há fumaça, portanto, há fogo”; raciocínio
conjuntivo, que simplesmente justapõe os acontecimentos. Por exemplo: “É dia, está claro”; ou “É dia e
está claro”; raciocínio disjuntivo, que separa os enunciados, de modo que somente um deles seja
verdadeiro. Por exemplo: “Ou é dia ou é noite”; raciocínio causal, que exprime a causa do acontecimento.
Por exemplo: “Visto que está claro, portanto, é dia” e raciocínio relativo, que exprime o mais (ou maior) e
o menos (ou menor). Por exemplo: “Está menos escuro quando é mais dia”.
Durante a Idade Média, os filósofos se dividiram em duas grandes correntes: os aristotélicos, como
santo Tomás de Aquino, e os chamados terministas, que adotaram a lógica estóica, como foi o caso de
Guilherme de Ockham. Os primeiros são considerados racionalistas, enquanto os segundos são
considerados empiristas, já que só admitem a existência e a experiência de coisas singulares de que temos
sensação ou percepção, e porque só aceitam a conexão de proposições cuja conclusão exprima fatos ou
acontecimentos presentes. A lógica contemporânea irá buscar nos estoicos a ideia de relação, contrapondo-
a à atribuição aristotélica, que estabelece a inclusão do predicado no sujeito.
No século XVII, desenvolveu-se a relação entre lógica e matemática pelo filósofo inglês Hobbes,
tendo a geometria como modelo. Hobbes considerava o raciocínio um cálculo, isto é, quando
raciocinamos, simplesmente somamos, subtraímos, multiplicamos ou dividimos ideias, cabendo à lógica
estabelecer as regras universais desse cálculo.
No entanto, entre o século XVII e o século XX, houve uma outra posição filosófica que,
procurando superar as diferenças entre Platão e Aristóteles, de um lado, e recusando a identificação entre
lógica e matemática, de outro lado, reuniu, mais uma vez, lógica e dialética. Trata-se da filosofia
hegeliana, no século XIX. Hegel afirmava que a dialética seria a única maneira pela qual podemos
alcançar a realidade e a verdade como movimento interno da contradição. A contradição dialética nos
revela um sujeito que surge, se manifesta e se transforma graças à contradição de seus predicados. Em
lugar de a contradição ser o que destrói o sujeito (como julgavam todos os filósofos), ela é o que
movimenta e transforma o sujeito, fazendo-o síntese ativa de todos os predicados postos e negados por ele.

Conclusão
Conclui-se que o estudo da lógica foi sendo construído ao longo dos séculos, de acordo com as percepções
de cada filósofo sobre o mundo e os seres. Assim, ela busca lidar com raciocínios e argumentos que
permitem a realização de reflexões filosóficas, seja elas no campo da teoria do conhecimento, da ética, da
filosofia política ou da estética.

Análise Crítica:
A unidade 5 do livro Convite a Filosofia de Marilena Chauí, discorre sobre a lógica de modo que a leitura
dos capítulos nos leva a uma reflexão sobre o seu surgimento e desenvolvimento. Sabe-se que o homem
sempre foi fascinado pelo pensar e pelas regras deste pensar, por isso, sempre buscou entender as leis do
pensamento, as inferências válidas e os raciocínios correto. A partir disso, surgiu a lógica. Então, é de
grande relevância conhecer mais sobre a lógica, uma vez que a mesma foi considerada um portal de acesso
ao estudo da filosofia e das ciências. Assim, conhecer um pouco de lógica pode ser muito valioso, já que
as ciências foram construídas usando procedimentos lógicos e o método científico pode ser visto como
lógica aplicada.

PATOS, 04 DE AGOSTO DE 2021.

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