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EGRÉGIO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVIL DA COMARCA DE TAUBATÉ – SP

GABRIEL FERREIRA SANTOS, brasileiro,


menor impúbere representado por sua genitora Greice Ferreira dos Santos,
brasileira, solteira, operadora de caixa, portadora do RG nº XXXXXXXXX-X
– SSP/SP, inscrita no CPF/MF sob nº XXXXXXX-XX, email:
greice.santos78@hitmail.com residentes e domiciliados na Rua Flores da
Cunha nº XX, bairro Vila das Flores, Taubaté – SP, por meio do seu
Advogado, infra assinado, ajuizar

AÇÃO DE ALIMENTOS AVOENGOS C/C PEDIDO DE TUTELA DE


URGÊNCIA

Em face de Romário dos Santos, brasileiro, separado,


desempregado, portador do RG nº XXXXXXXX – X – SSP/SP, inscrito
no CPF/MF sob nº XXXXXXXXX – XX, email:
romariodsantos@hitmail.com, residente e domiciliado na Rua
Alvarenga Peixoto nº XX, bairro Raimundo Borges, Taubaté – SP, pelos
motivos e fatos que passa a expor.

DOS FATOS

O infante Gabriel Santos, nasceu no dia 21 de fevereiro de 2012 e é filho de Romário


dos Santos e de Greice Ferreira, e seus avós paternos são Manoel dos Santos Filho e Maria de Lourdes
da Silva Santos, conforme comprova a cópia da Certidão de Nascimento.
O Sr. Romário e a Sra. Greice tiveram um relacionamento amoroso e depois de certo
tempo a Sra. Greice entrou em gestação e posteriormente deu à luz ao ora autor.
No dia 17 de agosto de 2013, o Gabriel propôs Ação de Alimentos em face de seu
genitor, Romário dos Santos, perante a Vara de Família e Sucessões desta Comarca, sendo que na
sentença a MM. Juíza deferiu o pedido de alimentos na quantia correspondente a 40% do salário
mínimo nacional vigente na época do pagamento a ser efetuado todo dia 15 de cada mês mediante
depósito em conta bancária.

Ocorre que o Sr. Romário, pai do menor, não cumpre com o seu dever de pai e
alimentante, já sofreu diversas ações de execução de alimentos, oportunidade que faz acordo, mas não
honra. Atualmente está desempregado, como forma de evitar o pagamento de pensão alimentícia
descontada em folha de pagamento. Todavia, trabalha junto com seus genitores.

Como a Sra. Greice não possui plenas condições financeiras para arcar com todos os
gastos que uma criança necessita, e os avós paternos possuem totais condições de contribuir para o
crescimento, ao menos com um pouco de saúde e dignidade, pois ambos trabalham no comércio local,
são proprietário da Loja 100%, residem no condomínio Por do Sol, na Rua Amarelo Canário nº 100,
Vila São José, nesta cidade de Taubaté, em uma casa própria de 300m² de área construída, além do
imóvel ter piscina, sauna, quadra de tênis, squash entre outros atrativos para os outros netos do casal se
divertirem, bem como toda a família.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Vem por este instrumento solicitar acesso à justiça gratuita pois apesar da autora estar
empregada, como operadora de caixa, demonstra por meio de planilha de gastos e respectivos
comprovantes, a sua hipossuficiência para arcar sozinha com todos os gastos com seu filho, de 09
(nove) anos.

A inviabilidade de pagamento das custas judicias sem comprometer a subsistência da Autora,


tem amparo na redação do Art. 99 Código de Processo Civil de 2015, bem como a garantia fundamental
constitucional social, balizado pelo Art. 5º, LXXIV da Constituição Federal.

DO DIREITO

Existindo o esgotamento das tentativas de obtenção da prestação alimentícia do genitor, a


legislação brasileira dispõe quanto a obrigação alimentar avoenga:

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos,


e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos
em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver
em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer
os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos,
todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada
ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

Evidente, portanto, que havendo a demonstração inequívoca da incapacidade do genitor em


adimplir a verba alimentar, bem como da genitora prover o integral sustento da filha, os ascendentes devem
responder com os alimentos necessários à criança.

No caso em tela se faz mencionar a Súmula 596 do STJ, a qual reconhece a reponsabilidade dos
avós em prestar alimentos aos seus ascendentes, obrigação de caráter complementar e subsidiário, devida apenas
e tão somente se demonstrada a impossibilidade de assunção do encargo alimentar pelos genitores. E diante da
inviabilidade do recebimento do pensionamento destinado à autora, especialmente porque o genitor demonstra
total desinteresse em cumprir as suas obrigações como Pai e da sentença já proferida desde 2013, verificando a
aplicabilidade das regras dos arts. 1.696 e 1.698 do Código de Civil.

Entende-se então que seja feita a manutenção da obrigação alimentar avoenga fixada na
sentença, em obediência aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade e em atendimento ao
binômio necessidade-possibilidade, em conformidade com a manifestação apresentada pela douta
Procuradoria Geral de Justiça. (TJSP; Apelação Cível 1000638-32.2019.8.26.0040; Relator (a):
César Peixoto; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Foro de Américo Brasiliense - 1ª
Vara; Data do Julgamento: 19/11/2021; Data de Registro: 19/11/2021)

Para a fixação dos alimentos é necessário que seja avaliado o binômio existente entre as
partes, sendo este, a necessidade em receber a prestação alimentícia e a possibilidade da parte contrária
em custear os valores pretendidos, assim dispõe o artigo 1.694, § 1º do Código Civil.

Aqui os requeridos possuem condições capazes de suportar a responsabilidade imputado


ao genitor, em caráter subsidiário, visto que, são empresários na cidade de Taubaté.

Além do mais, o padrão de vida social dos requeridos vai além dos padrões de vida de
um cidadão comum nos tempos atuais, uma vez que, sua residência está estabelecida num condomínio
de alto padrão na cidade, sendo este, Condomínio Por do Sol.

Por fim, a residência, uma casa com 300m2 de área construída, possuindo piscina,
sauna, quadra de tênis, squash entre outros, demonstra de forma clara que os requeridos possuem
condições financeiras mais do que suficiente para prover ao autor, NETO dos réus, condições mínimas
de substência.
Deste modo, requer que os requeridos na posição de avós do autor, cumpram com a sua
obrigação e façam a devida prestação alimentícia no importe de 2 salários mínimos nacionais.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Conforme já referido, a verba alimentar postulada no presente feito destina-se ao auxílio


no sustento de Gabriel, que não está recebendo nenhum valor a título de pensão alimentícia do seu
genitor, em que pese processo de execução em andamento.

Assim, necessária a fixação de alimentos provisórios em favor da criança, que já se


encontra com o sustento muito prejudicado pela inadimplência do genitor.

Tal pedido é amparado pelo art. 4º da Lei n.º 5.478/68, que dispõe:

Art. 4º - Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos


provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não necessita.

Além disso, o Código de Processo Civil autoriza a concessão de tutela de urgência


quando há “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”:

Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Os documentos acostados pela requerente comprovam de forma inequívoca as suas


alegações, pois demonstram a ausência de ajuda financeira paterna, impossibilidade de sustento
integral da criança pela genitora e, ainda, as possibilidades financeiras do avô paterno.

Ademais, no que se refere ao segundo requisito, inexistem dúvidas de que a demora na


prestação jurisdicional ocasionará gravame potencial à criança, visto que não está recebendo nenhum
auxílio paterno para o seu sustento, não possuindo a genitora condições de assegurar todas as
necessidades da filha.

Comprovados, portanto, os requisitos do “fumus boni iuris” e do “periculum in mora “,


justificando o deferimento da medida ora pretendida.
DOS PEDIDOS

1- A concessão do benefício da gratuidade da justiça à autora, nos termos do art. 98 do


Código de Processo Civil;

2- Sejam fixados alimentos provisórios no valor mensal de dois salários mínimos, a


serem descontados diretamente da sua folha de pagamento;

3- A designação de audiência de conciliação, nos termos do artigo 334 do Código de


Processo Civil;

4- Caso não seja obtida a auto composição ou manifestado desinteresse por ambas as
partes na realização do ato, a concessão do prazo de quinze dias para o requerido apresentar
contestação, sob pena de ser considerado revel e presumidas verdadeiras as alegações de fato
formuladas pelo autor, nos termos dos artigos 335 e 344 do Código de Processo Civil;

5- A TOTAL PROCEDÊNCIA dos pedidos formulados, fixando a pensão alimentícia


a ser paga pelo requerido ao Autor, no valor de dois salário mínimos, mediante desconto na folha de
pagamento e depósito na conta corrente n.º __;

6- A intimação do Ministério Público, nos termos do art. 178, II, do CPC, para que
apresente as manifestações que julgar pertinentes;

7- A condenação do requerido ao pagamento dos ônus sucumbenciais e honorários


advocatícios.

8- Não há interesse por parte do Autor em realizar audiência de conciliação.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial documental, oral e outros que se fizerem necessários.

Dá a causa o valor de R$ 26.400,00.

Termos em que, aguarda deferimento.

Taubaté, 26 de novembro de 2021


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Sandro – OAB/SP Nº

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